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HERNIA INGUINO ESCROTAL BILATERAL EM EQUINO DA RACA MANGALARGA MINERIO

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LARISSA FERREIRA RAFAEL DA SILVA 
THORR MARTINEZ PEREIRA VINAGRE 
VICTORIA SILVA SANTOS 
 
 
 
 
 
 
HÉRNIA INGUINO-ESCROTAL BILATERAL EM 
EQUINO DA RAÇA MANGALARGA MINEIRO: 
RELATO DE CASO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SANTOS, DEZEMBRO DE 2023 
 
2 
 
 
 
LARISSA FERREIRA RAFAEL DA SILVA 
THORR MARTINEZ PEREIRA VINAGRE 
VICTORIA SILVA SANTOS 
 
 
 
 
HÉRNIA INGUINO-ESCROTAL BILATERAL EM 
EQUINO DA RAÇA MANGALARGA MINEIRO: 
RELATO DE CASO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SANTOS, DEZEMBRO DE 2023 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
ao Curso de Medicina Veterinária da Universidade 
São Judas Tadeu como requisito parcial à obtenção 
do título de Médico Veterinário. 
Orientadora: Juliana Placido Guimarães Rosa 
 
Unimonte. 
3 
 
HÉRNIA INGUINO-ESCROTAL BILATERAL EM EQUINO DA 
RAÇA MANGALARGA MINEIRO 
Larissa Ferreira Rafael Da Silva¹, Thorr Martinez Pereira 
Vinagre², Victoria Silva Santos³ 
 
RESUMO 
 
Durante o processo de migração testicular, diversos são os processos 
essenciais a serem garantidos, como o auxílio dos órgãos da cavidade 
abdominal que promovem a entrada dos testículos para a bolsa escrotal recém-
formada. Devido ao grande comprimento intestinal da espécie, existe uma pré-
disposição ao encarceramento em aberturas, como por exemplo, as hérnias 
inguinais advindas do deslocamento da porção final do jejuno ou do íleo, que se 
estendem até a bolsa escrotal. A palpação direta, transretal e a ultrassonografia 
da bolsa testicular confirmam o diagnóstico. Este trabalho tem como objetivo 
relatar um caso de hérnia inguino-escrotal em equino da raça mangalarga 
marchador, maior raça nacional de equinos, avaliando seu diagnóstico e 
tratamento. Um equino da raça mangalarga marchador, com 6 anos de idade, 
não castrado, pesando 350kg, foi admitido na Unidade Didática Clínica 
Hospitalar (UDCH) da Universidade de São Paulo, Campus Fernando Costa 
apresentando aumento de volume testicular (bilateral) que após o diagnóstico de 
hérnia inguino-escrotal bilateral foi encaminhado à cirurgia de herniorrafia 
escrotal associada a orquiectómia e enteroanastomose. No pós-operatório, o 
animal apresentou Paralisia de nervo radial em membro toráxico direito e dez 
dias após o procedimento houve a abertura dos pontos abdominais e inguinais 
do animal. Embora o período tenha sido conturbado, após 52 dias do 
procedimento cirúrgico, o animal recebeu alta. 
 
 
Palavras-Chave: Herniorrafia. Orquiectómia. Enteroanastomose. Cirurgia. Pós-
operatório 
 
4 
 
BILATERAL INGUINO SCROTAL HERNIA IN AN EQUINE OF THE 
MANGALRGA MINEIRO BREED 
ABSTRACT 
 
During the testicular migration process, there are several essential processes to 
be guaranteed, such as the help of the organs in the abdominal cavity that 
promote the entry of the testicles into the newly formed scrotum. Due to the large 
intestinal length of the species, there is a predisposition to entrapment in 
openings, such as inguinal hernias resulting from the displacement of the final 
portion of the jejunum or ileum, which extends to the scrotum. Direct, transrectal 
palpation and ultrasound of the testicular sac confirm the diagnosis. This work 
aims to report a case of inguinal-scrotal hernia in a Mangalarga Marchador horse, 
the largest national breed of horse, evaluating its diagnosis and treatment. A 6-
year-old, non-castrated, manga-larga marching horse, weighing 350kg, was 
admitted to the Hospital Clinical Didactic Unit (UDCH) of the University of São 
Paulo, Fernando Costa Campus, presenting an increase in testicular volume 
(bilateral) that after the diagnosis of bilateral inguinoscrotal hernia was referred 
to scrotal herniorrhaphy surgery associated with orchiectomy and 
enteroanastomosis. Postoperatively, the animal presented radial nerve palsy in 
the left thoracic limb and ten days after the procedure, the animal's abdominal 
and inguinal points were opened. Although the period was turbulent, 52 days after 
the surgical procedure, the animal was discharged. 
 
Keywords: Herniorrhaphy. Orchiectomy. Enteroanastomosis. Surgery. 
Postoperative 
 
INTRODUÇÃO 
 
 Os equinos ocupam um rebanho extenso e diversificado em todo território 
brasileiro, com 5,7 milhões de animais espalhados por todo território participando 
na vida do ser humano em atividades rurais, criação, esporte e lazer tendo 
grande importância econômica e social. (SILVA, 2017) 
5 
 
 Dentre as afecções que mais ocorrem rotineiramente na clínica de 
equinos, os quadros de abdome agudo são os mais frequentemente atendidos, 
indo de quadros mais simples aos mais severos, podendo levar o animal a óbito. 
As causas podem ser as mais diversas como problemas gástricos, mudanças 
alimentares, alimentação de baixa qualidade, aerofagia, características físicas 
(idade, sexo e raça), parasitas dentre outras (GONÇALVEZ et al., 2002 & DIAS 
et al., 2013) 
 A hérnia inguino-escrotal faz parte de um dos quadros que se encaixam 
em doença abdominal nos equinos, sendo comum na espécie, podendo ser 
classificada como hereditária ou causada por esforço, principalmente durante a 
cobertura (THOMASSIAN, 2005) e até mesmo classificadas como diretas e 
indiretas, onde as diretas constituem no estrangulamento de alças através da 
túnica vaginal parietal ocupando o subcutâneo e as indiretas apenas com a 
presença das alças na túnica vaginal (REED et al, 2004). 
Os sinais clínicos da hérnia inguino-escrotal adquirida consistem em uma cólica 
aguda com aumento do escroto, podendo ser unilateral ou bilateral (MUNROE, 
2011) segundo François et al (2023) o prognóstico depende da viabilidade das 
alças acometidas e segundo Reed et al (2004) a taxa de sobrevivência é superior 
a 75% dos animais em 6 meses. 
 O diagnóstico segue o padrão para a síndrome cólica, deve ser feito 
avaliando o estado geral do animal, que pode apresentar alterações em 
frequência cardíaca e respiratória, coloração mucosas, testículos com aumento 
de tamanho uni ou bilateral, rigidez e com baixa temperatura, a análise de líquido 
peritonial pode apresentar alterações dependendo da viabilidade das alças 
acometidas. É possível ainda realizar uma apalpação retal a perceber as alças 
de intestino delgado se direcionando ao escroto e ultrassonografia que pode 
sugerir a presença de conteúdo na bolsa escrotal. (AMARAL & FROES, 2014) 
 O tratamento depende do quadro clínico do animal, podendo ser feito por 
redução manual por manipulação da bolsa escrotal com aplicação de bandagens 
de suporte que também pode ser realizada através de apalpação retal, mas não 
é tão recomendada devido ao risco de laceração. O tratamento cirúrgico mais 
6 
 
recomendado nos casos agudos, com redução do conteúdo herniário e 
fechamento do anel (MUNROE, 2011). 
 
 
 
RELATO DE CASO 
 
Foi encaminhado no dia 25 de dezembro de 2020 a Unidade Didática 
Clínica Hospitalar (UDCH) da Universidade de São Paulo, campus Fernando 
Costa um equino, macho, 6 anos, não castrado, raça Mangalarga Mineiro, 
pelagem castanha, pesando 350kg que foi atendido por uma veterinária em sua 
propriedade no dia anterior que o encaminhou ao hospital com suspeita de hérnia 
inguino escrotal. 
No exame físico apresentou seus dois testículos edemaciados com dor a 
apalpação, taquicardia com frequência cardíaca em 48 batimentos por minuto, 
normopneico com frequência respiratória em 16 movimentos por minuto, 
mucosas levemente congestas, motilidade intestinal ausente, temperatura retal 
em 37,8º C, sem pulso digital nos membros. Seus exames laboratoriais de 
amostras sanguíneas apresentaram proteína em 7,2 g/dL, lactato 5,2 mmol/L, 
pH em 7,0. 
A suspeita principal era de hérnias inguino escrotal com encarceramento 
devido ao estado geral do animal e a amostra de lactato alta, por isso o animal 
foi encaminhado a cirurgia onde seria confirmada o diagnóstico e iniciar o devido 
tratamento.Antes de encaminhá-lo ao centro cirúrgico realizou-se prévia tricotomia na 
região do abdome e o animal foi levado a sala de indução onde foi iniciada pela 
equipe de anestesia a medicação pré-anestésica e indução do paciente, usado 
xilazina a 1,1mg/kg por via Intravenosa e após 5 minutos para a indução foi 
realizado cetamina a 2mg/kg também por via intravenosa. Durante o 
procedimento o animal foi mantido em plano anestesista com isoflurano com 
CAM de 1,3%. 
7 
 
Para o procedimento, o animal foi colocado sob a mesa em decúbito 
dorsal, iniciamos a anti-sepsia do escroto e abdome pensado na possibilidade 
de uma laparoscopia, utilizando clorexidina degermante e clorexidina alcoólico. 
O procedimento foi iniciado com a incisão de pele elíptica na região inguinal, 
seguindo com a tesoura metzembaum curva, já sendo possível visualizar a alça 
presente no local (Figura 1), estando com aparência extremamente congesta e 
repleta, mostrando o motivo do encarceramento. Devido a repleção da alça 
presentes no local e seu estado de integridade foi necessário realizar a abertura 
do abdome para laparoscopia a fim de detectar a extensão de danos na alça, 
retirando-as do saco herniário para realizar a castração do animal e fechamento 
do anel inguinal. Ao iniciar esses procedimentos e expormos as alças para fora 
da cavidade, visualizamos uma porção de cerca de 4 metros de intestino 
delgado, especificamente de jejuno, com estrangulamento e comprometimento 
circulatório devido ao encarceramento (Figura 2) optando então pela 
enterectomia e anastomose da região afetada. 
 
 
Figura 1 – Alça congesta exposta após incisão inguinal; 
 
Para realizar a enterectomia foi realizado a ordenha do intestino a fim de 
remover o conteúdo presente, isolarmos a porção que seria seccionada com uma 
pinça intestinal Doyen e cortando com o bisturi, para a anastomose utilizou-se a 
técnica término-terminal unindo as duas extremidades com sutura de Lembert 
8 
 
Modificado. Enquanto a secção era realizada, uma segunda equipe realiza a 
castração pela técnica aberta e fechamento do anel herniário. 
 
Figura 2 – Porção de jejuno retirada devido comprometimento tecidual. 
 
No fim da cirurgia, com um total de 7 horas de duração o cavalo foi 
colocado de volta a sala de indução com um capacete protetor ligado a uma 
corda para auxiliar seu retorno, a mesma corda também é colocada na cauda do 
animal com o mesmo intuito. Após 10 horas aguardando-o retornar do plano 
anestésico, levantou-se o animal e notou-se que ele apresentou claudicação de 
grau IV em membro torácico direito que, após avaliação, foi visto que os sintomas 
eram decorrentes de uma paralisia de nervo radial. 
 O cavalo foi encaminhado ao tronco de contenção onde teve seus 
membros colocados no gelo como prevenção para laminite e no membro que 
apresentou a paralisia foi feito uma tala de apoio (Figura 3), também começamos 
uma infusão de lidocaína a 50mcg/kg/min e infusão de ringer lactato para 
hidratação a 2L/h pelo qual permaneceu por 30 horas. O paciente apresentou 
em suas primeiras horas de recuperação refluxo gástrico de cerca de 5L/h , TPC 
em 2-3 segundos, mucosas hipercoradas, motilidade intestinal baixa, 
hematócrito em 58%. Exame físico foi repetido a cada 1 hora nas primeiras 24 
9 
 
horas da cirurgia e laboratoriais como hematócrito e proteína foram repetidos a 
cada 4 horas para acompanhar sua evolução. 
Os medicamentos receitados para o pós-cirúrgico incluíram gentamicina 
a 6,6 mg/kg SID via intravenosa diluída em 1L de solução de ringer lactato 
durante 7 dias, flunixina meglumina a 1,1mg/kg BID via intravenosa durante 6 
dias e meia dose do mesmo por mais 5 dias, benzilpenicilina potássica a 12,5 
mg/kg QID via intravenosa diluída em 1L de solução ringer lactato durante 4 dias. 
Também foi administrado dipirona monohidratada a 25mg/kg por via intravenosa 
nos quadros de febre apresentados pelo animal e metoclopramida a 0,25 mg/kg 
como protetor gástrico, dexametasona a 0,1 mg/kg por via intravenosa e DM 
Gel® aplicado sob a pele do animal em apenas uma aplicação a fim de reduzir 
os sintomas da paralisia do membro. 
Receitados também os cuidados com a limpeza e curativo dos pontos 
cirúrgicos no abdome, que foram iniciados no dia seguinte ao procedimento, para 
ser feito com iodo tópico e da região escrotal com iodo degermante e pomada 
antimicrobiana, mantendo-o com uma cinta abdominal. 
Dois dias depois foram adicionados mais medicações a ficha do animal 
incluindo ceftiofur a 4,4 mg/kg SID via intravenosa por 15 dias, omeprazol a 
2g/animal SID por via oral junto em 10 ml do suplemento vitamínico Suprafort®. 
Por 27 dias. 
Durante suas primeiras horas de recuperação o animal ainda estava 
apático, com motilidade intestinal baixa e teve febre de 39,0º onde foi aplicado a 
primeira dose de dipirona e 39,5º na hora seguinte, necessitando uma segunda 
dosagem de dipirona. Os medicamentos foram iniciados 8h após o animal se 
levantar, quando ele se apresentou mais estável, com um intervalo de cerca de 
1 hora entre cada um deles. Também foi iniciado a terapia de eletroacupuntura 
a fim de tratar o membro paralisado e a crioterapia para tratar o mesmo membro 
e prevenir a laminite nos demais. 
10 
 
 
Figura 3 – Animal no tronco de contenção recebendo eletroacupuntura e crioterapia 
 
Após 2 dias do procedimento com a diminuição do refluxo gástrico decidiu-
se retirar a sonda do cavalo e levá-lo para uma baia iniciando assim oferta 
controlada de alimento para o animal, oferecendo a proporção de uma mão de 
feno previamente molhado ou capim verde a cada 1 hora que foi 
progressivamente aumentada conforme a adaptação e resposta do animal. 
No dia seguinte foi feito uma infusão de 10ml de cálcio e 2ml de cloreto 
de potássio diluído em soro de ringer lactato a 2L/h por via intravenosa para 
reposição eletrolítica e hidratação por 10 horas pois as fezes do animal ainda se 
apresentavam com silabas ressecadas. 
Dez dias após o procedimento foi observado que houve uma abertura dos 
pontos da derme nas regiões abdominal e inguinal do animal (Figura 4), sendo 
necessário alterar o protocolo de tratamento desses pontos. Na região 
abdominal passou-se a lavar a região com água corrente e detergente neutro, 
higienizar com gazes embebidas em iodo degermante finalizando com iodo 
tópico, pomada antibiótica e fechando com a cinta, repetindo o tratamento 3x por 
dia sendo que em uma das vezes se adicionava açúcar junto a pomada para 
auxiliar na cicatrização. Para a região inguinal manteve-se a limpeza com iodo 
degermante, aplicação de iodo tópico, pomada antibiótica e spray de prata. 
11 
 
 
Figura 4 – A: Pontos abdominais abertos; B: Pontos inguinais abertos. 
 
Novos medicamentos foram adicionados a ficha do cavalo devido seu 
estado geral, onde ele se apresentava deitado na baia por alguns períodos. Para 
isso incluiu-se fenilbutazona a 2,2 mg/kg BID por via intravenosa por 2 dias, 
passando para meia dose no 3º dia e para SID por mais 4 dias. Oxitetraciclina 
LA a 10mg/kg SID por via intravenosa diluída em solução fisiológica de 500ml 
por 7 dias. 
Outra complicação apresentada 23 dias após a cirurgia foi o edema e 
supuração, chegando a apresentar uma região de ulceração, no membro pélvico 
esquerdo do cavalo (Figura 5) e feridas no dorso causados por atrito da cinta 
abdominal. O membro foi tratado duas vezes ao dia com limpeza com água e 
sabão, lavagem com diluição de 50ml de gentamicina e aplicação de sedenho 
com iodo tópico. As feridas do dorso foram tratadas com limpeza com iodo 
degermante, pomada antibiótica e óleo ozonizado e o uso da cinta foi passado 
somente para o horário da tarde. 
A B 
12 
 
 
Figura 5 – A: Membro pélvico esquerdo edemaciado; B – Ulceração no membro pélvico esquerdo 
com supuração tecidual 
 
Com um mês após o procedimento a região dos pontos da cirurgia já seapresentaram mais cicatrizadas e o protocolo de tratamento foi alterado para 
limpeza com iodo degermante e aplicação de pomada antibiótica com óleo 
ozonizado. Nessa altura o animal já estava se alimentando normalmente com 
feno e ração. 
No dia 16/02/2021, 52 dias após o procedimento, o animal já estava com 
todas suas feridas devidamente cicatrizadas, incluindo as dos pontos cirúrgicos, 
do membro e do dorso, e com todos os seus parâmetros dentro dos padrões 
desejáveis ele foi liberado de alta para casa. 
 
 
DISCUSSÃO 
 
As hérnias inguinais podem ser tanto congênitas como adquiridas, sendo 
as congênitas mais comuns em potros e com menores complicações, já as 
adquiridas ocorrem mais comumente nos garanhões, podendo ocorrer por 
excesso de pressão intra-abdominal durante o serviço, exercícios extenuantes 
ou trauma abdominal, deslocando o intestino pelo canal inguinal formando a 
hérnia (AUER et al, 2019; WHITE, EDWARDS; 2001). 
A B 
13 
 
No animal citado nesse relato, não temos um histórico e não foi observado 
nenhuma atividade ou exercício exagerado realizado pelo animal que possamos 
nos basear como causa da hérnia gerada. 
Os sinais de dor e sinais clínicos são os mesmos apresentados nos 
quadros de abdome agudo como: olhar para os flancos, deitar e rolar, coicear o 
abdômen, cavar com as patas dianteiras, elevação de frequências cardíacas, 
respiratória, alterações de coloração de mucosas, diminuição do trânsito 
intestinal (ALLEN; TYLER, 1990). 
No caso apresentado, os parâmetros de temperatura, frequência cardíaca 
e frequência respiratória do animal não apresentavam alterações, mas a 
apalpação dos testículos mostrou incomodo exagerado, além de que foi relatado 
pela veterinária que atendeu o animal previamente na propriedade que o cavalo 
deitava e rolava e olhava para os flancos. 
No tocante aos exames laboratoriais, as concentrações de proteínas do 
plasma se alteram quando a uma grande resposta sistêmica à inflamação 
(THRALL et al, 2015). Nos equinos, as proteínas de fase aguda estão associadas 
à natureza e grau de lesão entérica utilizado como meio de mensuração para a 
evolução do quadro (DE COZAR et al, 2020). 
No estudo realizado por Costa (2019) o lactato sérico é um bom indicador 
de avançada isquemia de alças, direcionando a tratativa para o caso e 
prognóstico do animal. Enquanto Taschetto (2022) mostra em seu estudo que a 
média de lactato sérico em animais sobreviventes foram 3,43mmol/L e 2,42 
mmol/L, respectivamente e, nos animais que não resistiram foi de 4,84 e 7,13 
mmol/L. 
Nesse caso, o cavalo apresentou uma proteína de amostra sanguínea de 
7,2 g/dL, resultado dentro do valor de referência. Já o lactato indicava uma 
provável isquemia de alças, o qual poderia justificar o quadro clínico de dor que 
animal apresentava, em que o lactato da amostra sanguínea obteve um 
resultado de 5,2 Mmol/L. De acordo com o estudo feito por Taschetto (2022) o 
resultado de 5,2 Mmol/L é considerado um valor tão elevado, que poucos 
animais sobreviveriam. 
14 
 
Segundo Thomassian (2005), a hérnia inguino escrotal pode ser 
identificada através do exame de palpação na síndrome cólica, podendo ser 
auxiliado com ultrassonografia, no caso relatado a ultrassonografia foi o método 
escolhido para o diagnóstico, mas a palpação também poderia ser empregada 
até mesmo caso não houvesse a disponibilidade do aparelho ultrassonográfico. 
Keller (2015) e White et al (2001) citam que existe a possibilidade de 
redução manual da alça afetada através de redução per rectun e massagem 
externa guiada por ultrassonografia, mas se houver a preocupação com a 
viabilidade das alças pode ser feita a laparoscopia exploratória. Auer et al (2019) 
também cita a técnica, mas ressalta que pode ser utilizado nos estágios iniciais 
e possui risco de ruptura retal. 
Para o caso acima descrito, a redução manual não foi adotada pois os 
níveis de lactato sérico junto aos sinais clínicos do animal ja sugeriam uma 
alteração na viabilidade de suas alças sendo necessário à laparoscopia para 
melhor visualização de sua integridade no geral. 
Rio Tinto et al (2004) cita que nos casos em que as hérnias não estão 
encarceradas ou são tratadas precocemente é possível manter os testiculos do 
animal e realizando apenas fechamento parcial do anel inguinal externo e nos 
casos em que há encarceramento e compressão dos testículos e cordões 
espermáticos, sua viabilidade é afetada e necessita da castração. 
No caso do cavalo citado, o encarceramento ocorreu afetando a 
viabilidade dos dois testículos devido ao encarceramento bilateral, necessitando 
realizar a castração com retirada dos dois testículos. 
Segundo Eger e Johnson (1987) o total do de isoflurano administrado 
durante o período transcirúrgico influencia diretamente no tempo de recuperação 
anestésica do paciente. Para Massone (2003) o tempo de recuperação no 
período pós-anestésico está ligado a deficiências orgânicas do paciente que 
causam dificuldade na metabolização do anestésico ou a trauma cirúrgico 
intenso. 
O animal relatado apresentou um tempo cirúrgico prolongado e por isso, 
associado ao seu decúbito dorsal prejudicando sua capacidade pulmonar e de 
15 
 
pressão arterial, teve seu tempo de recuperação tardio que lhe sujeitando a 
complicações. 
Às complicações com os pontos cirúrgicos ocorrem, segundo Freeman 
(2019) em 40% dos cavalos submetidos à laparoscopia. Pagliosa e Alves (2004) 
ainda cita que procedimentos com mais de 2 horas de duração tem o dobro de 
chances de apresentarem essas complicações. Já as paralisias de nervos, 
incluindo a de nervo radial podem ocorrer pelo tempo prolongado da cirurgia e 
mau acolchoamento e posicionamento do animal na mesa cirúrgica. (TEIXEIRA 
NETO, 2000) 
Apesar de todos os cuidados pós cirúrgicos empregados ao animal do 
caso citado acima, ele apresentou a deiscência dos pontos da derme e teve a 
paralisia do nervo radial. Ambos podem ter sido causados pelo tempo extenso 
de procedimento. 
 
CONCLUSÃO 
O relato apresenta um caso desafiador de hérnia inguinoescrotal bilateral 
em um cavalo, destacando a importância da abordagem cirúrgica e dos cuidados 
pós-operatórios. A decisão de realizar a laparoscopia foi respaldada pelos sinais 
clínicos, incluindo a elevação do lactato sérico, sugerindo isquemia das alças 
intestinais. 
A complexidade do caso é evidenciada pela necessidade de enterectomia 
devido ao estrangulamento do jejuno. O manejo anestésico, apesar de bem 
detalhado, enfrentou desafios, refletindo-se na claudicação pós-operatória e nas 
complicações nos pontos cirúrgicos, incluindo deiscência e paralisia do nervo 
radial. 
Os cuidados pós-cirúrgicos abordaram diversas complicações, como 
ulcerações, edema e supuração no membro pélvico, exigindo uma abordagem 
multifacetada, incluindo terapia de eletroacupuntura e crioterapia. A 
administração de medicamentos, como antibióticos, anti-inflamatórios e 
analgésicos, visou promover a recuperação do animal. 
16 
 
A evolução do caso destaca a importância da monitorização contínua, 
ajustes no protocolo de tratamento conforme as necessidades e uma abordagem 
integrada para lidar com as diversas complicações surgidas. O desfecho positivo 
após um mês de cuidados intensivos demonstra a eficácia da equipe em superar 
os desafios enfrentados. 
 
REFERÊNCIAS 
ALLEN, D.; TYLER, D. Pathophysiology of acute abdominal disease. The equine 
acute abdomen. Philadelphia: Lea & Febiger White, 1990. p. 65-87. 
AUER J.A.; STICK J.A.; KÜMMERLE J.M.; PRANGE. T. Equine Surgery. 5 ed., 
St Louis: Elsevier, 2019, p 550-552. 
COSTA. A. H. C. Avaliação dos níveis de glicose e lactato sérico e no líquido 
peritonial em equinos com síndrome cólica. 2019. Trabalho de conclusão de 
curso (Graduação em Medicina Veterinária) - Universidade Federal de Campina 
Grande, Patos, 2019. 
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Disponível em: <https://doi.org/10.1111/evj.13117>. Acesso em: 09 nov. 2023. 
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AGRADECIMENTOS 
Agradecemos a Professora Renata Guebara Sampaio Dória por ter autorizado o 
caso para nosso relato e a Médica Veterinária e Mestranda Brenda Valéria Dos 
Santos Oliveira, responsável pelo atendimento do paciente, pelo apoio e ajuda 
para melhor descrição do relato.

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