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REALIDADE BRASILEIRA BIOMAS DO BRASIL 6. BIOMAS BRASILEIROS: USO RACIONAL, CONSERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO Em cada bioma terrestre, destaca-se na paisagem um tipo de formação vegetal principal, que está adaptado às condições do clima e ao solo, entre outros fatores. Existem também biomas nos oceanos, rios e lagos. O conceito de bioma diferencia-se de “formação vegetal” por incluir a fauna e os fatores abióticos1 para identificar as unidades espaciais. Um único bioma chega a abranger áreas com dimensões superiores a um milhão de quilômetros quadrados que apresentam certa uniformidade de ambiente. Com relação às características climáticas, nessa escala, considera-se o macroclima, associado a tipos de cima que abrangem extensas áreas, que no caso, do território brasileiro, correspondem a macroclimas como o equatorial tropical ou subtropical. O IBGE identifica seis biomas no território brasileiro, distribuídos da seguinte maneira: Fonte: IBGE 1 Fatores Abióticos: elementos naturais não biológicos ou “sem vida”, como o clima, relevo, os minerais que compõem as rochas e o solo, etc. Esses fatores, no entanto, são essenciais para a existência de qualquer forma de vida. 2Bioma: Termo que designa grandes ecossistemas de aspecto mais ou menos homogêneo e com condições climáticas semelhantes. São os ecossistemas BIOMAS CONTINENTAIS (BRASIL) ÁREA (Km²) ÁREA TOTAL Amazônia 4.196.943 49,29% Cerrado 2.036.448 23,92% Mata Atlântica 1.110.182 13,04% Caatinga 844.453 9,92% Pampa 176.496 2,07% Pantanal 150.355 1,76% Área total Brasil 8.514.877 O Brasil é considerado um dos 12 países com megadiversidade, ou seja, possui em seu território proporção relativamente grande da biodiversidade global. Fato esse que advém não só da grande extensão territorial do país, como da sua localização na zona tropical, com grandes áreas de floresta tropical úmida, bioma2 que abriga proporção extremamente grande do total de espécies que ocorrem no planeta. A história da flora brasileira resultou numa grande diversidade de associações ou distribuição espacial das associações vegetais. Há diferentes critérios de classificação da vegetação brasileira e sua distribuição. Cada autor seleciona, conforme o seu enfoque, critérios que podem ser fisionômicos, ecológicos, bioclimáticos, etc. Durante os últimos dois anos, o território nacional tem tido cada vez mais suas áreas naturais desmatadas. A extinção de espécies da fauna e flora brasileiras e a exploração ilimitada de recursos naturais esgotáveis causam danos irreparáveis, que visam apenas o crescimento econômico. De forma genérica existem no Brasil, a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, a Mata de Araucária ou Mata dos Pinheiros, a Mata dos Cocais e as Matas Ciliares constituem as formações florestais arbóreas. Entre as formações maiores e mais complexos, como os mares, oceanos e florestas tropicais, as responsáveis pela unidade global de todos os seres vivos da Terra. O Brasil apresenta vários tipos diferentes de biomas: O Pantanal, a Floresta Amazônica, etc. REALIDADE BRASILEIRA arbustivas destacam-se a Caatinga, o Cerrado e os Campos. Aparecem ainda em nosso território o Complexo do Pantanal e a Vegetação Litorânea. DEGRADAÇÃO NA AMAZÔNIA O desmatamento Amazônia teve início no século XVIII, durante a colonização portuguesa, com o objetivo de produzir mercadorias destinadas ao mercado externo, tais como cacau, canela, cravo, algodão, arroz. No final do século XIX, a ocupação da Amazônia foi influenciada pela industrialização: a vulcanização da borracha ajudou a abastecer e desenvolver a indústria automobilística na Europa e nos Estados Unidos. Trabalhadores de outras regiões do Brasil e do mundo foram atraídos para lá em busca de trabalho na extração e beneficiamento da borracha. Nas décadas de 1920 e 1930, a concorrência da borracha asiática levou à decadência a produção de borracha na Amazônia. Durante a Segunda Guerra Mundial um outro surto de produção ocorreu na região, o fim da guerra fez a demanda cair. Cartaz da campanha durente o governo de Getúlio Dornelles Vargas, de 1943. A política desenvolvimentista implantada na Amazônia nas décadas de 1970 e 1980 também provocou a degradação e o acirramento dos conflitos socioambientais em toda a região, pois o governo reduziu os investimentos voltados aos pequenos garimpos e agricultores, bem como aos povos extrativistas, em benefício do grande capital de exploração mineral e agroindustrial. O avanço da fronteira agrícola brasileira tem provocado profundos impactos ambientais na Amazônia, principalmente associados ao desmatamento. Nos últimos anos o debate ganhou notoriedade no cenário internacional e nacional. CAUSAS DO DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA Disponível em: <mangabay.com>. Acesso em: 05 abr. 2011. A pecuária, a utilização das queimadas como forma de atender ao avanço da agricultura e o desmatamento para atender às demandas por madeira são as principais causas da destruição da floresta, que também sofre devastação em razão da atividade mineradora. DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA LEGAL (1º SEMESTRE) A porção sul / sudeste da Amazônia é a área mais atingida, como pode ser observado na imagem a seguir, sendo, por isso, denominada “arco do desmatamento“. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o desmatamento acelerou na década de 1990, e a REALIDADE BRASILEIRA devastação da Amazônia já atingiu uma área maior que a França. ARCO DO DESMATAMENTO O chamado Arco do Desmatamento é uma região em que a grande diversidade de ocupação e de atividade vem acarretando intenso processo de queimadas e desflorestamentos. As finalidades são a extração de madeira, a abertura de área para a pecuária ou para a agricultur (soja) etc. Trata-se de um grande cinturão que contorna a floresta, principalmente no limite com o Cerrado. Também conhecido como Arco do Fogo ou, mais recentemente, como Arco de Povoamento Adensado, estende-se desde a desembocadura do Rio Amazonas até o oeste do Maranhão, leste e sudeste do Pará, Tocantins, Mato Grosso e Rondônia. Fonte: THÉRY, Hervé; MELLO, Neli A. Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do território. São Paulo: Edusp, 2005.p.70. PARA ALÉM DO ARCO DO FOGO A constatação de que a natureza da expansão das atividades agropecuárias desenvolvidas na Amazônia, aí incluído o crescimento da área de pastagens, obedece, atualmente, a uma lógica diversa daquela que ocorreu na abertura da fronteira, tendendo claramente à intensificação do processo produtivo tanto na pecuária quanto na agricultura, principalmente no cerrado mato- grossense, permite afirmar que a designação “Arco do Fogo”, ou “Arco do Desmatamento”, ou “Arco de Terras Degradadas” é ultrapassada ou constitui uma maneira reducionista de captar a realidade do uso da terra na região amazônica, onde é justo neste arco que ocorrem as inovações. Tal designação parece estar fortemente ancorada na intepretação de satélite captada à distância, isto é, do alto, sem o embasamento necessário e imprescindível dos processos históricos que moldaram as formas de ocupação e uso do território amazônico, ao longo do tempo. BECKER, Bertha Koiffmann. Amazônia: geopolítica na virada no III milênio. Rio de Janeiro: Garamond, 2009. VIGILÂNCIA NA AMAZÔNIA O Sistema de Vigilância da Amazônia ou SIVAM é um projeto elaborado pelos órgãos de defesa do Brasil, com a finalidade de monitorar o espaço aéreo da Amazônia. Conta com uma parte civil, o Sistema de Proteção da Amazônia, ou SIPAM. Este projeto vinha a atender um antigo anseio das forças armadas que desejavam garantir a presença das forças armadas brasileira na Amazônia,com a finalidade de fazer frente a manifestações de líderes internacionais contra os direitos do povo brasileiro sobre esta região. Os sucessivos projetos de internacionalização da Amazônia fortaleceram esta percepção de ameaça sobre a soberania territorial da Amazônia Brasileira. Para fazer frente a este tipo de ameaça, as Forças Armadas, juntamente com pesquisadores civis da região Amazônica propuseram a construção de uma ampla infraestrutura de apoio à vigilância aérea e comunicação na região amazônica. Como parte do projeto SIVAM foi construída a infraestrutura necessária para suportar a fixação de enormes antenas de radar, sistemas de comunicação, bem como de modernas aparelhagens eletrônicas. Também faz parte desta infraestrutura a integração com o satélite brasileiro de sensoriamento remoto, que permite fiscalizar o desmatamento na Amazônia. ESQUEMA TERRITORIAL DO SIVAM DESTRUIÇÃO NO CERRADO Até meados do século XX, o Cerrado foi considerado uma área improdutiva. Porém, a partir da década de 1970, estudos feitos pela Embrapa permitiram o desenvolvimento de um processo de adubação química denominada REALIDADE BRASILEIRA calagem. Essa técnica permitiu a correção dos solos do Cerrado e tornou viável a produção agrícola na região. A partir disso, verificou-se a intensificação dos desmatamentos para dar lugar às novas áreas destinadas à agropecuária. Desse modo, as queimadas, as atividades agrícolas, o garimpo e a construção de rodovias e de cidades, intensificadas com a transferência da capital federal para o Distrito Federal, foram responsáveis pela grande devastação vivenciada por esse ecossistema, que foi reduzido dos 2 milhões de km² originais para menos de 800 mil km² atuais. As figuras a seguir retratam justamente a grande discrepância existente entre a área original do Cerrado e os remanescentes identificados em 2002. A boa adaptação da soja a esse bioma e a consequente expansão desses cultivos têm sido responsáveis pelo avanço da degradação. Fonte: IBGE. DEGRADAÇÃO NO PANTANAL A agropecuária, o garimpo e a construção de rodovias e de hidrovias são responsáveis pela enorme degradação do Pantanal. Além disso, essa área sofre também com os impactos ambientais das regiões situadas em seu entorno, uma vez que o Pantanal é drenado pelos rios que percorrem a área conhecida como “planalto central brasileiro” (partes mais elevadas adjacentes que compreendem trechos dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, principalmente), região bastante impactada pela expansão da fronteira agrícola do país. DEGRADAÇÃO NA CAATINGA A Caatinga possui hoje metade da cobertura vegetal original. Esse ecossistema tem sido atingido pela agricultura irrigada e pelo pastoreio, que contribuem para o processo de desertificação. A destruição da Caatinga já atingiu 27% de sua área, cerca de 201 768 km2, para dar espaço à agricultura e à agropecuária. DEGRADAÇÃO NA MATA ATLÂNTICA A área originalmente ocupada pela Mata Atlântica coincide com a área de maior adensamento populacional no território brasileiro, como consequência, esse é o ecossistema mais degradado e ameaçado do país. A industrialização, a grande urbanização, a agricultura REALIDADE BRASILEIRA comercial, a criação de gado e a exploração da madeira são as atividades econômicas que mais impactaram essa região. Atualmente, a Mata Atlântica possui apenas 5% de sua cobertura original, está, portanto, praticamente extinta em várias das regiões anteriormente ocupadas. As figuras a seguir mostram a devastação sofrida pela Mata Atlântica ao longo do processo de ocupação do território. ÁREA DE DISTRIBUIÇÃO ORIGINAL DA MATA ATLÂNTICA REMANESCENTES DA MATA ATLÂNTICA O QUE É A MATA ATLÂNTICA? O primeiro nome dado pelos portugueses à extensa muralha verde que separava o mar das terras interiores foi Mata Atlântica. Hoje esse é um nome genérico com que popularmente é conhecida uma grande variedade de matas tropicais úmidas que ocorrem de forma azonal nas regiões costeiras do Brasil, acompanhando a distribuição da umidade trazida pelos ventos alísios de sudeste. O mecanismo de distribuição da umidade da Massa Polar Atlântica é o responsável pelam exuberância e diversidade dessas florestas. Os ventos carregados de umidade são barrados por diversos acidentes orográficos na zona costeira, descarregando grandes volumes de água. As regiões de maior pluviosidade do Brasil encontram-se em sua região Sudeste. A floresta atlântica é fisionomicamente semelhante às matas amazônicas. São igualmente densas, com árvores altas em setores mais baixos do relevo, apesar de as árvores amazônicas apresentarem, em média, desenvolvimento maior. Os troncos são cobertos por grande diversidade de epífitas, um aspecto típico dessas florestas. A existência de grupos semelhantes de espécies entre a Amazônia e a Mata Atlântica sugere que essas florestas se comunicaram em alguma fase de sua história. A história desse parentesco é muito antiga e as semelhanças taxonômicas se dão entre famílias e gêneros. As florestas atlânticas guardam, apesar de séculos de destruição, a maior biodiversidade por hectare entre as florestas tropicais. Como se poderia explicar essa característica, hoje objeto central de movimentos sociais em prol da proteção dessa floresta? Ecologicamente, a distribuição azonal e em altitudes variáveis favorece a diversificação de espécies, que estão adaptadas às diferentes condições topográficas, de solo e de umidade. Além disso, durante as glaciações essas florestas mudaram de área nos ciclos climáticos secos e úmidos. Essas mudanças ou pulsações da floresta influenciaram a formação dos padrões atuais. A grande quantidade de matéria orgânica em decomposição sobre o solo dá à Mata Atlântica fertilidade suficiente para suprir toda a rica vegetação. Este fato também é notado em toda a floresta amazônica, onde um solo pobre mantém uma floresta riquíssima em espécies, gralhas à rápida reciclagem da enorme quantidade de matéria orgânica que se acumula no húmus. A reciclagem dos nutrientes é um dos aspectos mais importantes para a revivescência da floresta. As plantas arbóreas, que formam um grupo significativo, estão representadas principalmente por canelas, capuívas, paus-de-santa-rita, figueiras, jequitibás, cedros, quaresmeiras, ipês, cássias, palmeiras e embaúbas. As florestas pluviais costeiras, apesar de sua grande heterogeneidade de formações, podem ser divididas em duas grandes regiões: o trecho norte do Brasil e o trecho sul. Esses dois setores se separam por uma faixa de climas mais secos na região de REALIDADE BRASILEIRA Cabo Frio (RJ). O trecho norte dessas florestas compreende as florestas costeiras propriamente ditas e as matas dos tabuleiros que se estendiam originalmente de Natal até o baixo do rio Doce (MG-ES). No Estado da Bahia as florestas pluviais se expandiram, acompanhando as drenagens, quilômetros para o interior. CONTI, José Bueno & FURLAN, Sueli Angelo. Geoecologia – O Clima, os solos e a biota. In: Gerafia do Brasil. ROSS, Jurandyr.L.S. São Paulo: EDUSP.p.171-172. DEGRADAÇÃO NOS PAMPAS GAÚCHOS Este bioma ocupa o sudoeste do estado do Rio Grande do Sul, com o predomínio de vegetação de herbáceas. Região também conhecida como Campanha Gaúcha, alvo de disputa de militares e de interesses territoriais entre Portugal e Espanha, foi povoada somente nos fins do século XVII. Os campos e as gramíneas propiciaram o desenvolvimento da pecuária, utilizados para pastagens, em geral de gado de corte, sem grandes cuidados com sua manutenção e recuperação.Entretanto, a constituição arenosa dos solos nesse domínio, associada a climas mais secos que predominaram na região em períodos paleoclimáticos, requer atenção especial por causa de sua suscetibilidade a processos erosivos. Nas últimas décadas, o avanço da cultura da soja provocou a gradativa diminuição dessa vegetação campestre, o que acelerou o surgimento de areais no sudoeste do Rio Grande do Sul, caracterizados como manchas de areia que se formam no horizonte superficial dos solos. A arenização do sudoeste gaúcho diferencia-se da desertificação do Sertão nordestino pois não está associada à aridez crescente do clima subtropical, que mantem volumes de chuvas entre 1500 e 2000mm/ano, com chuvas bem distribuídas ao longo do ano – o semiárido nordestino ao contrário, apresenta uma redução da pluviosidade e aumento do período de estiagem. 3 Unidades de Conservação da Natureza: As unidades de conservação ambiental são espaços geralmente formados por áreas contínuas, estabelecidas com a finalidade de preservar ou conservar a flora, fauna, Tanto a arenização quanto a desertificação estão associadas à ações antrópicas, sobretudo a retirada da vegetação nativa e o uso inadequado do solo. Além da pecuária, ganharam força nesse domínio a agricultura e a silvicultura de espécies trazidas de outros biomas, com destaque para o pínus e o eucalipto. Os bosques de espécies exóticas fornecem madeira e resina, mas também oferecem proteção ao gado contra o sol de verão e o vento frio do inverno, localmente chamado de minuano. OS BIOMAS E A CONSERVAÇÃO NO BRASIL As Unidades de Conservação (UC’s)3 são espaços territoriais com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de conservação e de limites definidos, sob regime especial de administração. As unidades de conservação integrantes do S.N.U.C (Sistema Nacional de Unidades de Conservação) dividem- se em dois grupos, com as seguintes categorias de manejo: UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL os recursos hídricos, as características geológicas e geomorfológicas, as belezas naturais, enfim, a integridade do ambiente. REALIDADE BRASILEIRA Estação Ecológica Área de Proteção Ambiental Reserva Biológica Área de Proteção Estadual Parque Nacional Área de Relevante Interesse Ecológico Parque Estadual Floresta Nacional Monumento Natural Floresta Estadual Refúgio de Vida Silvestre Reserva Extrativista ---------------------------- Reserva de Fauna ---------------------------- Reserva de Desenvolvimento Sustentável ---------------------------- Reserva Particular do Patrimônio Natural Fonte: www.ambientebrasil.com.br No Brasil existem aproximadamente 300 Uc’s que estavam sob a responsabilidade do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). A partir de 2007, as Uc’s passaram a ser administradas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, uma autarquia ligada ao MMA e ao SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente). Além das unidades sob gestão do Instituto Chico Mendes, existem ainda cerca de 600 Uc’s criadas e mantidas pelos governos estaduais. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAL Fonte: MMA (Ministério do Meio Ambiente) 2008. PERCENTUAL DE ÁREA OCUPADA POR UC’S FEDERAIS POR BIOMA Na região Amazônica existem mais de 300 áreas sob proteção legal, que somam cerca de 1.000.000 km², ou 25% da Amazônia brasileira. No Cerrado aparecem mais de 60 unidades de conservação que atingem cerca de 160 mil km², ou 8% do território do Cerrado. A Mata Atlântica é o bioma no país que conta com o maior número de áreas de conservação, são aproximadamente 800. O Pantanal é a área que apresenta o menor número de unidades de conservação, são apenas 2 áreas, o Parque Nacional do Pantanal e a Estação Ecológica Taiamã. UNIDADE DE PROTEÇÃO INTEGRAL São unidades que têm como objetivo básico a preservação da natureza, não sendo permitido a exploração dos seus recursos naturais de forma direta. As únicas atividades humanas permitidas são de cunho científico, cultural ou recreativo, assim mesmo de forma controlada. Fazem parte desse grupo: Monumentos Naturais. Refúgios de Vida Silvestre. Estações Ecológicas. Reservas Biológicas. Parques Nacionais. REALIDADE BRASILEIRA UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL São unidades cujo objetivo principal é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável. Nelas são permitidos determinados tipos de atividades e de exploração, desde que sejam utilizadas técnicas de manejo adequadas de forma a garantir a sustentabilidade dos seus recursos naturais. Compõe esse grupo: Florestas Nacionais. Reservas extrativistas. Áreas de Proteção Ambiental. Reservas Particulares do patrimônio natural. Áreas de relevantes interesses ecológicos. Reservas de fauna. Reservas de desenvolvimento sustentável. EVOLUÇÃO DAS UC’S NO BRASIL Fonte: Atlas de conservação da natureza brasileira: unidades federais. São Paulo: Metalivros, 2004.p.18. O Brasil apresenta hoje dois Hotspot4, o mais degradado é a Mata Atlântica, que está reduzida a aproximadamente 8% de sua área total, e é habitat de 1.300 espécies de mamíferos, aves, répteis e anfíbios, das quais 567 são endêmicas, como o mico-leão-dourado, e 90 estão ameaçadas de extinção. O segundo maior bioma do país está reduzido a 22% de sua área original de acordo com o Conservation International. O Cerrado abriga 4.400 espécies de plantas endêmicas e mamíferos de grande porte, como a onça-pintada e o tamanduá-bandeira. OS DOMÍNIOS DE NATUREZA NO BRASIL A paisagem é sempre uma herança. Na verdade, ela é uma herança em todo o sentido da palavra: herança de processos fisiográficos e biológicos, e patrimônio coletivo dos povos que historicamente a herdaram como território de atuação de suas comunidades [...] Mais que simples espaços territoriais, os povos herdaram paisagens e 4 O conceito de Hotspot foi concebido em 1988, pelo ecólogo inglês Norman Myers. Ele definiu os hotspots como ecossistemas que cobrem uma pequena parcela da superfície da Terra, mas abrigam uma alta porcentagem da biodiversidade global [...] Mais tarde, o conceito foi ecologias, pelas quais certamente são ou deveriam ser responsáveis. Desde os mais altos escalões do governo e da administração até o mais simples cidadão, todos têm parcela de responsabilidade permanente, no sentido da utilização não predatória dessa herança única, que é a paisagem terrestre. Para tanto, há que conhecer melhor as limitações de uso, específicas de cada tipo de espaço e paisagens [...] Diga-se, de passagem, que, a despeito de a maior parte dessas paisagens do país estar sob a complexa situação de duas organizações e opostas e interferentes – ou seja, a natureza e a dos homens -, ainda existem possibilidades razoáveis para uma caracterização dos espaços naturais, em uma tentativa mais objetiva de reconstrução espacial primária delas. De modo geral, o homem pré-histórico brasileiro pouca coisa parece ter feito como elemento perturbador da estrutura primária das paisagens naturais do país [...] Ab´Saber, Aziz N. Potencialidades paisagísticas brasileiras. São Paulo, IG-USP, 1977 (Série Geomorfologia, n.55); Domínios de Natureza no Brasil). POLÍTICAS AMBIENTAIS NO BRASIL No Brasil, para a aprovação de qualquer projeto agrícola ou industrial e obras de engenharia é obrigatório, desde 1986, o EIA (Estudo de Impacto Ambiental) para a elaboração do RIMA (Relatório de Impacto Ambiental). Desse modo, a destruição de uma nascente de rio ou a caça ilegal de animais silvestres, por exemplo, mesmo que praticadasnos limites da propriedade de um dono de fazenda, por ferirem esse direito fundamental, tornaram-se infrações graves, possíveis de punição. Apesar desse avanço, o Brasil ainda está longe de resolver os problemas ambientais gerados pelo crescimento econômico desordenado, como podemos observar nas imagens abaixo: refinado [...] Dois fatores determinam a classificação de uma área como hotspot: o número de espécies endêmicas (que existem ali e em nenhuma outra parte do planeta) e o grau de ameaça. REALIDADE BRASILEIRA Área do estádio do Castelão no ano de 1973, com destaque para as áreas verdes ao fundo. Imagem de satélite mostrando a área do entorno do estádio nos dias atuais e a redução da área verde de seu entorno. Fonte: Google Maps. A exploração de madeira das florestas, cerrados e caatingas pode ser considerada um subproduto desse intenso processo de transformação do Brasil. Em algumas cadeias produtivas, a madeira foi utilizada como recurso energético para alimentar fornos industriais, como no caso das siderúrgicas. A exploração madeireira também interessou aos circuitos econômicos da construção civil, que ergueu enormes arranha-céus nos centros urbanos espalhados pelo país. A produção de soja e a abertura de rodovias, devido ao processo de urbanização, também contribuem para essa destruição. Nunca se desmatou tanto no Brasil como nos últimos 40 anos, oito vezes mais do que todo o desflorestamento provocado no período colonial e imperial. Somente nos anos 90, foi destruída uma área da Floresta Amazônica equivalente a cinco vezes o território do estado do Rio de Janeiro. HISTÓRICO DA PRESERVAÇÃO NO BRASIL 5 Esse parque foi uma resposta do incipiente movimento preservacionista estadunidense, cuja ideia era manter praticamente intocados os ecossistemas naturais, protegendo-os do rápido avanço da colonização sobre as terras virgens do oeste do país. Desde então os milhões de A Conservação da natureza faz parte da agenda da América Portuguesa desde o século XVI. Ainda que a capacidade de controle e aplicação das leis por parte da Corte fosse extremamente reduzida, Portugal era um reino que possuía um corpus legal sistematizado sobre essa matéria. Até a vinda da família real ao Brasil, em 1808, as Ordenações Manuelinas, organizadas por ordem de Dom Manuel I, foram sucessivamente adaptadas à realidade ambiental do continente, para proteger os recursos considerados de maior valor. A expressão “madeira de lei”, por exemplo, tem sua origem na lista de árvores nobres, proibidas de corte sem autorização, devido ao grande valor da madeira, como o jacarandá e a peroba. Em 1605, foi criado o Regimento Pau-Brasil, que refletia sobre a preocupação estatal em relação a preservação dos estoques de pau-brasil. Com a chegada da família real ao Rio de Janeiro, o Brasil recebeu uma série de investimentos no campo cultural e científico. Dentre eles destacam-se a criação do Real Horto, que deu origem ao Jardim Botânico, que cumpre um importante papel de educação ambiental no Brasil. Em 1876 foi apresentada a primeira proposta oficial de criação de parques nacionais no Brasil, pelo engenheiro André Rebouças, que baseou-se no modelo no Parque Yellowstone.5 Rebouças defendia a criação de um parque nacional na ilha do Bananal e um parque no Paraná, pois acreditava que no sul do Império, região alguma pode competir com a do Guaíra em belezas naturais. Apesar dos esforços, somente nos anos 30, o poder público passou a ter uma atuação mais significativa. Em 1934 foi criado o Código Nacional de Águas e o Código Florestal. De acordo com o Código Florestal, os proprietários não podiam desmatar mais que ¾ das florestas presentes em suas terras, e eram obrigados a preservar integralmente as matas galerias e as espécies consideradas raras. Em 1937 foi criado o Parque Nacional do Itatiaia, na divisa entre os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Em 1939 foram criadas duas novas áreas, o Parque Nacional da Serra dos Órgãos e o Parque Nacional de Iguaçu. hectares ocupados pelo parque passaram a ser regulados por uma legislação especial, que vetava sua ocupação e venda e os transformava em espaço público de lazer e recreação. REALIDADE BRASILEIRA Em 1965, o Código Florestal foi reformulado pelo regime militar. Nesse momento já existiam 15 parques nacionais no Brasil, muitos deles implantados em áreas do Centro- Oeste recém atingidas pela fronteira agrícola. O novo código manteve muitos dos vícios da legislação anterior, mas, pela primeira vez, as unidades de conservação foram separadas e duas grandes categorias: uso direto e uso indireto. Em 1967 o governo brasileiro criou o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), ligado a Ministério da Agricultura e em 1974 criou a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), vinculado ao Ministério do Interior. O ano de 1981 marca a criação da Política Nacional do Meio Ambiente que integrou as esferas federal, estadual e municipal em um Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA). Em 1989 foi criado o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), que englobou o SEMA e o IBDF. O ano de 1992 marca a criação do MMA (Ministério do Meio Ambiente) que foi escolhido para sediar a Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Abertura da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Rio de Janeiro 1992. NOVO CÓDIGO E VELHO DESCASO! PRODUTORES RURAIS COMEMORAM APROVAÇÃO DE NOVO CÓDIGO FLORESTAL Depois de ser aprovado por 80% dos deputados, o novo Código Florestal vai agora ser analisado pelo Senado. Os produtores rurais comemoraram a votação do projeto, que combina agronegócio com preservação ambiental. O resultado garante a produção agrícola de um setor que é responsável por 30% da economia do país. Com o novo código produtores com imóveis rurais de 20 a 400 hectares não precisam recompor área desmatada antes de 2008. Além disso, será permitido plantar até 50% de vegetação não nativa, como eucalipto. Outra mudança é a permissão para cultivo de algumas plantações, como maçãs e cafés em topos de morros, margens dos rios e encostas. A emenda dará a União poder para definir regras gerais e aos Estados o que pode ser cultivado nas APPs (áreas de preservação permanente). O que o Brasil trabalhador espera agora é que esta demonstração de bom senso predomine até o fim da tramitação do projeto aprovado ontem. O Brasil precisa. E o produtor rural merece. Ele - que vive na terra e da terra - é o maior interessado na sua preservação. É o verdadeiro ambientalista. Esta é a opinião do Grupo Bandeirantes de Comunicação. Fonte: www.band.com.br/jornaldaband AMBIENTALISTAS DO PARANÁ DIZEM QUE NOVO CÓDIGO FLORESTAL É UM “ESCÁRNIO” Ambientalistas do Paraná criticaram hoje a aprovação do novo Código Florestal. O diretor-executivo da seção paranaense da Sociedade de Proteção da Vida Selvagem, Clóvis Borges, disse que a aprovação do projeto na Câmara foi "uma atitude de escárnio" à população brasileira. Jogaram a ciência no lixo e os interesses da própria agricultura ao desculpar, por exemplo, crimes causados no passado como o desmatamento. Borges diz, no entanto, que a aprovação do Código Florestal ajudou os ambientalistas ou conservacionistas, como ele prefere denominar, a identificar melhor os adversários. Nesta quarta-feira, antes da abertura da Semana Nacional da Mata Atlântica, em Curitiba, Renato Cunha, da coordenação geral das ONGs da Mata Atlântica, propôs um minuto de silêncio em repúdio à aprovação do novo código. Para o deputado estadual Rasca Rodrigues (PV), que esteve presente no encontro, o projetoé um retrocesso. A vaca foi para o brejo. Foi retirada da propriedade rural, que não será recuperada, e vai para a Reserva Legal. Antes, quem desmatava tinha que fazer o reflorestamento. Fonte: oglobo.globo.com/2011.05.25. REALIDADE BRASILEIRA CORREDORES ECOLÓGICOS Os Corredores Ecológicos são áreas que possuem ecossistemas florestais biologicamente prioritários e viáveis para a conservação da biodiversidade na Amazônia e na Mata Atlântica, compostos por conjuntos de unidades de conservação, terras indígenas e áreas de interstício. Sua função é a efetiva proteção da natureza, reduzindo ou prevenindo a fragmentação de florestas existentes, por meio da conexão entre diferentes modalidades de áreas protegidas e outros espaços com diferentes usos do solo. A implemetação de reservas e parques não tem garantido a sustentabilidade dos sistemas naturais, seja pela descontinuidade na manutenção de sua infra-estrutura e de seu pessoal, seja por sua concepção em ilhas, ou ainda pelo pequeno envolvimento dos atores residentes no seu interior ou no seu entorno. Integrante do Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil, o Projeto atua em dois corredores: O Corredor Central da Mata Atlântica (CCMA) e o Corredor Central da Amazônia (CCA). A implementação desses Corredores foi priorizada com o propósito de testar e abordar diferentes condições nos dois principais biomas e, com base nas lições aprendidas, preparar e apoiar a criação e a implementação de demais corredores. A participação das populações locais, comprometimento e conectividade são elementos importantes para a formação e manutenção dos corredores na Mata Atlântica e na Amazônia. Entre os principais objetivos do projeto destacamos: Reduzir a fragmentação mantendo ou restaurando a conectividade da paisagem e facilitando o fluxo genético entre as populações; Planejar a paisagem, integrando unidades de conservação, buscando conectá-las e, assim, promovendo a construção de corredores ecológicos na Mata Atlântica e a conservação daqueles já existentes na Amazônia; Demonstrar a efetiva viabilidade dos corredores ecológicos como uma ferramenta para a conservação da biodiversidade na Amazônia e Mata Atlântica; Promover a mudança de comportamento dos atores envolvidos, criar oportunidades de negócios e incentivos a atividades que promovam a conservação ambiental e o uso sustentável, agregando o viés ambiental aos projetos de desenvolvimento.