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1 DIREITO DIGITAL INTERNACIONAL 1 Sumário FACULESTE ............................................................................................ 2 1. INTRODUÇÃO ................................................................................ 3 2. BREVE CONCEITO SOBRE DIREITO INTERNACIONAL ............. 4 2.1. Direito Internacional Público e Direito Internacional Privado .......... 4 2.2. Princípios Gerais do Direito Internacional ....................................... 5 3. SOCIEDADE DIGITAL .................................................................... 6 4. OS DESAFIOS DA TOLERÂNCIA CULTURAL E JURÍDICA EM UM MUNDO SEM FRONTEIRAS ............................................................................. 8 5. O FENÔMENO DE UMA ORDEM PÚBLICA INTERNACIONAL NA INTERNET 12 6. COMO RESOLVER AS QUESTÕES DE CONFLITOS DE LEI NA INTERNET 17 7. CYBER RIGHTS ........................................................................... 19 8. CONCLUSÃO ............................................................................... 22 REFERÊNCIAS ..................................................................................... 24 2 FACULESTE A história do Instituto FACULESTE, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a FACULESTE, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A FACUMINAS tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 1. INTRODUÇÃO De tempos em tempos, a sociedade sofre transformações que, por um lado, trazem avanços e desenvolvimento, por outro geram novas responsabilidades, problemas e sacrifícios. Vivemos atualmente o que é compreendido como sendo a Revolução Digital, que inseriu a tecnologia no cotidiano das pessoas, modificando a forma como progridem e interagem com o mundo a sua volta, manifestando novos hábitos e valores (SYDOW, 2013, p. 19- 21). Com o surgimento da Internet, os indivíduos passaram a comunicar-se cada vez mais de forma virtual, aumentando seu tempo sozinho diante de uma tela. A mundialização e popularização da informática somada à conexão em rede derrubaram barreiras geográficas permitindo ao usuário visitar locais muito além do local onde se encontre. O impacto das transformações tecnológicas associado ao crescimento do fenômeno da globalização e da mundialização, tem de ser contextualizado dentro dos princípios do Direito Internacional Privado, na medida em que o mesmo deve encontrar soluções para os conflitos de leis no espaço e no tempo, que tiveram seu crescimento acelerado devido aos choques culturais, políticos, sociais e econômicos, estreitados pela proximidade que a internet trouxe na formação de uma aldeia global de usuários interconectados. Analisaremos os caminhos viáveis para dar tratamento mais adequado para estas novas questões visando harmonização e uniformização, bem como identificando se haveria um conjunto de direitos fundamentais deste novo cidadão desta Sociedade Digital que deve ser protegido independente de sua nacionalidade, de seu domicílio ou mesmo da origem de sua conexão da internet. 4 2. BREVE CONCEITO SOBRE DIREITO INTERNACIONAL É um conjunto de normas definido pela humanidade através de seus representantes, que auxilia na regulação das relações externas e na boa convivência entre as nações. Ele pode ser um direito objetivo, no qual compreende os princípios de justiça que governam as relações entre povos ou positivo, caracterizado por ser concretamente aplicado a partir de acordos entre os sujeitos. 2.1. Direito Internacional Público e Direito Internacional Privado O direito internacional trata destas relações e deste âmbito normativo, que pode ser positivado ou costumeiro (costumes). Denomina-se Direito internacional público quando tratar das relações jurídicas (direitos e deveres) entre Estados, ao passo que o Direito internacional privado trata da aplicação de leis civis, comerciais ou penais de um Estado sobre particulares (pessoas físicas ou jurídicas) de outro Estado. Há duas correntes doutrinárias concentradas em determinar as diferenças entre as duas disciplinas. A primeira corrente dá ênfase à natureza da norma ao conceber o Direito Público como ramo do Direito onde as normas jurídicas são de natureza pública, em outras palavras, cogentes, sendo o Direito Privado o ramo do Direito onde as normas são permissivas, ou seja, não cogentes. Uma segunda corrente, que é a predominante, privilegia a natureza da pessoa envolvida na relação jurídica, ou seja, baseia-se nas partes que compõem a relação jurídica, construindo um Direito Público como aquele que regula situações jurídicas figurando em uma parte o Estado, tornando o Direito Privado 5 aquele que regulamenta situações jurídicas onde o Estado não seja parte ou então equiparado a um particular. 2.2. Princípios Gerais do Direito Internacional Os princípios gerais principais do direito internacional são: Igualdade soberana: Esse princípio presume que todos os Estados são iguais em face da lei. “Ele certifica o respeito entre os países, seja qual for seu porte, cultura, números de habitantes ou regime de governo”. (VARELLA, 2012 p.26) Autonomia: Princípio que estabelece que o Estado tenha autonomia para se governar de acordo com seu próprio interesse. Não ingerência nos assuntos dos outros Estados: Princípio estritamente ligado com o princípio da Autonomia, neste princípio é estabelecido a não intervenção de um Estado em outro. Respeito aos direitos humanos: Princípio que significa que todos os estados devem proteger os direitos humanos. Esse princípio tem grande importância pois é um pressuposto do direito internacional para o reconhecimento de Estados. Cooperação internacional: Esse princípio estabelece que os Estados devem atuar concomitantes na busca de propósitos comuns. 6 3. SOCIEDADE DIGITAL Segundo Albert Einstein “os problemas que enfrentamos não podem ser solucionados pelo mesmo tipo de pensamento que os criou”. Neste sentido, seria possível afirmar que desde 1990, com o advento da world wide web (www), invento este trazido por Tim Bernes Lee, estaríamos vivenciando o nascedouro de uma Ordem Pública Global Digital, que existe e se manifesta através da Internet. Nas palavras de Dolinger, “vivemos uma verdadeira sociedade universal de indivíduos” (Dolinger, 2010). Por certo, os avanços tecnológicos fizeram com que esta realidade alcançasse um nível de transformação inimaginável, levando a globalização para dentro dos lares de muitas famílias, onde basta uma conexão de internet para se sentir realmente um cidadão do mundo, capaz de ir e vir independente do controle das autoridades. Este fluxo de pessoas, de bens, de informações, de riquezas, por esta infovia digital tem despertado atenção, não apenas no sentido da necessidade de se aplicar limites e controles, mas quando há algumtipo de conflito, em como se alcançar uma resolução eficaz. Por esta dimensão originariamente internacional que a internet possui, por certo, fez crescer de importância os estudos do Direito Internacional, tanto no aspecto público, como no privado. Afinal, a abordagem multilateralista de Savigny tem uma aplicação extremamente pragmática em um contexto cada vez mais complexo em que cada um dos polos da relação está sujeito a normas distintas, seja por aplicação de regras de conexão lex fori ou lex causae. Com isso, há que se indagar: será que a Sociedade Digital caminha em direção à criação de uma Ordem Pública Internacional através da Internet? Como tratar as situações de obrigações ou mesmo de ilícitos ocorridos através de meios eletrônicos que envolvam múltiplos países ou ordenamentos jurídicos? 7 Considerando todas as possibilidades que a Internet nos trouxe, bem como mais recentemente, as próprias redes sociais, não há como garantir o devido processo legal e o próprio exercício e proteção dos direitos dos indivíduos sem que se aceite e compreenda que vivemos um mundo plano, sem fronteiras físicas. Devemos aprofundar nossa análise nos principais institutos do Direito Internacional Privado, com especial ênfase ao método de detecção do “centro de gravidade” sobre o qual deve orbitar uma questão jurídica multinacional e multicultural digital e então identificar como aplicar os elementos de conexão para que a relação mais significativa possa ser tratada não pelas fontes tradicionais, mas por uma nova fonte, a ser cunhada, surgida de algo totalmente novo, cuja proposta seria uma verdadeira Constituição da Internet, a prevalecer sobre as demais Constituições Nacionais, acima de Tratados e Convenções, acima do Direito Estrangeiro, algo que sobre ela nada mais pudesse pairar. Por certo, um projeto desta monta tão ambicioso teria algumas barreiras a enfrentar, entre elas: a questão cultural. As diversas culturas a que as relações jurídicas estão submetidas são alimento mas também entrave a construção de um arcabouço jurídico mais uniforme. Além desta, outra barreira seria a tendência natural da proteção nacionalista, por questões de soberania, onde o impacto político é mais determinante do que a definição do melhor direito para a solução da causa em tela. Nas palavras do jornalista norte-americano Thomas Friedmann, o mundo é plano. E se o Direito nunca é fruto da criação exclusiva de um Estado, vide a Lex Mercatoria, ou seja, a produção normativa, de regras de condutas que regem indivíduos ou mesmo mercado pode se desenvolver de maneira autônoma e independente das autoridades, o que inclusive é o principal impulsionador do direito do comércio internacional, baseado justamente nesta liberdade, é possível que haja um conjunto de fontes específicas que possam ser reunidas para moldar uma espécie de Lex Digitalis, ou seja, um conjunto de princípios ou valores que originariam as regras que seriam aplicadas a estes cidadãos da internet. 8 Neste momento, que o Direito Comparado por certo desempenharia função primordial para que pudesse haver o desenvolvimento deste Direito Internacional Digital uniformizado. Pois seria na análise do contraste sobre a aplicação dos diversos valores como o da privacidade, da proteção de dados, do acesso a informação, da liberdade de expressão na internet que se poderia apontar as convergências e tratar as divergências para celebrar então esta legislação realmente da Internet. Ou seja, o que se propõe não é a elaboração de uma lei nacional que se aplique ao meio digital com aplicação dos métodos de conexão, como aconteceu com a lei do Marco Civil da Internet, que quis assumir para si a prerrogativa de Constituição da Internet, e prever aplicação com abrangência inclusive em território estrangeiro. Mas a efetividade disso na prática é bem reduzida a não ser que se pudesse evoluir o modelo para permitir levar os casos para um Tribunal Internacional na própria Internet. 4. OS DESAFIOS DA TOLERÂNCIA CULTURAL E JURÍDICA EM UM MUNDO SEM FRONTEIRAS Conforme lição de Norberto Bobbio, quando se fala em tolerância, há que se observar dois aspectos: o primeiro, a necessidade de convivência de crenças (que está relacionado ao discurso sobre maneiras de ver o mundo, diferenças de opinião, da verdade de cada um); o segundo a convivências das minorias (sejam elas étnicas, linguísticas, raciais, de escolha sexual, políticas), neste sentido, muito mais delicado, posto que põe em evidência maior o preconceito ou a discriminação por motivos físicos ou sociais. O debate sobre a necessidade de se criar uma arquitetura ética, que permite justamente aceitar as diferenças, estimular a tolerância e combater o discurso de ódio na internet, vem tomando uma dimensão cada vez maior devido ao aumento dos episódios envolvendo discriminação e cyberbullying em especial nas mídias sociais. Um dos grandes articuladores para o desenvolvimento de um conjunto de princípios que devam ser seguidos por todos os desenvolvedores de 9 aplicações digitais, e, portanto, previstos em seus Termos de Uso de Serviços e Políticas de Privacidade é o Electronic Frontier Foundation (EFF). Segundo informações extraídas da sua própria página na internet, a EFF é uma organização internacional sem fins lucrativos que lidera a defesa das liberdades civis no mundo digital. Fundada em 1990, a EFF tem como foco a privacidade do usuário, a liberdade de expressão e a inovação, por meio de estratégias perante o Poder Judiciário, análise política, ativismo de base e desenvolvimento tecnológico. Sendo assim, a atuação da EFF visa assegurar que os direitos e liberdades sejam reforçados e protegidos na medida em que o uso da tecnologia cresce. E o diálogo com a Sociedade Civil e também com as Autoridades Públicas tem sido o centro das atenções em diversos países. Como construir políticas públicas para aumentar a inclusão digital mas ao mesmo tempo garantir a proteção de direitos humanos na internet? E isso não depende apenas da vontade de um único Estado. Este debate com as lideranças em torno dos direitos digitais dos usuários da internet tem permitido desenvolver projetos como o chamado “Internet & Jurisdição”, que tem como um dos principais eixos de pesquisa justamente a análise sobre como fica a questão da jurisdição na Internet. Este projeto visa investigar e produzir materiais de pesquisa sobre Direito Internacional Privado aplicável ao ambiente da Internet e como ficam as regras de conexão determinadoras de que lei deve ser aplicada aos casos transfronteiriços, como definir a jurisdição dos tribunais (estadual ou federal) ou ainda quando contém elementos estrangeiros que exijam execução de sentença em outro Estado (ou medidas a serem tomadas por autoridades estrangeiras, ainda que em sede investigatória ou cautelar). O ponto principal da abordagem do projeto envolve a definição sobre qual sistema legal deve prevalecer em algo tão trivial como um contrato eletrônico relacionado ao uso de um serviço da Internet. Atualmente, quando um usuário decide baixar um aplicativo, como o Uber, ele aceita a aplicação das normas dos Países Baixos, por exemplo. 10 Termos de Uso do Uber 6. Lei vigente; Arbitragem. Salvo disposição em contrário nos presentes Termos, os mesmos serão exclusivamente regidos e interpretados nos termos das leis dos Países Baixos, excluindo as suas normas sobre conflito de leis. A Convenção de Viena sobre a Venda Internacional de Mercadorias (Convention on the International Sale of Goods, CISG) de 1980 não se aplica. Qualquer litígio, conflito ou controvérsia decorrente ou de forma geral relacionada, por qualquer motivo, com os Serviços ou os presentes Termos, incluindo aqueles que digam respeito à sua validade, interpretação ou aplicabilidade(qualquer “Litígio”), será obrigatoriamente submetido, em primeiro lugar, a procedimentos de mediação, nos termos das Regulamento de Mediação da Câmara de Comércio Internacional (“Regulamento de Mediação CCI”). Se tal Litígio não estiver resolvido no prazo de sessenta (60) dias após a apresentação de um pedido de mediação ao abrigo de tal Regulamento de Mediação CCI, esse Litígio pode ser reencaminhado e deve ser exclusiva e finalmente resolvido por arbitragem nos termos do Regulamento de Mediação da Câmara de Comércio Internacional (“Regras de Mediação CCI”). Excluem-se as disposições em matéria de Arbitragem de Emergência dos Regulamentos da CCI. O Litígio será resolvido por um (1) árbitro a ser designado nos termos do Regulamento da CCI. O local da mediação e da arbitragem será em Amsterdã, Países Baixos, sem prejuízo de quaisquer direitos que o Utilizador possa ter ao abrigo do art. 18 do “Regulamento de Bruxelas I bis” (OJ UE 2012 L351/1) e/ou do art. 6:236n do Código Civil holandês. A língua dos procedimentos de mediação e/ou arbitragem será o inglês, a menos que o Utilizador não domine o inglês, em cujo caso 11 os procedimentos de mediação e/ou arbitragem serão conduzidos em inglês e na língua materna do Utilizador. A existência e o conteúdo dos procedimentos de mediação e arbitragem, incluindo documentos e relatórios apresentados pelas partes, correspondência de e para a Câmara de Comércio Internacional, correspondência do mediador, e correspondência, ordens ou concessões emitidas pelo único árbitro devem manter-se estritamente confidenciais e não devem ser divulgadas a qualquer terceiro sem o consentimento expresso, por escrito, da outra parte, a menos que: (i) a divulgação ao terceiro seja necessária, na medida do razoável, no âmbito da realização dos procedimentos de mediação ou arbitragem; e (ii) o terceiro aceite, incondicionalmente, por escrito, estar vinculado pela obrigação de confidencialidade estipulada no presente documento. 7. Outras Disposições. Reclamações de violação de Direitos de Autor. As reclamações relativas a violação de Direitos de Autor devem ser enviadas para o agente designado da Uber. Queira visitar a página web da Uber em[www.uber.com/legal] para consultar o endereço designado e obter outras informações. Avisos. A Uber poderá proceder a notificações através de um aviso geral publicado nos Serviços, ou por correio eletrônico para o endereço de correio eletrônico indicado na Conta do Utilizador, ou por comunicação escrita enviada para o endereço indicado na mesma. O Utilizador poderá notificar a Uber por comunicação escrita enviada para o endereço da Uber em Vijzelstraat 68, 1017 HL, Amsterdã, Países Baixos. 12 Para uma situação tão corriqueira como esta, mas que acaba envolvendo consumidor final, já fica a discussão sobre como se desenhar um conjunto de proteções que devam ser uniformes e aplicadas sempre, quando o serviço for oferecido na Internet. Para evitar que a pessoa física, nitidamente a parte mais fraca nesta relação, fique sujeita a uma regra unilateral que ela não tenha a menor possiblidade de escolha ou decisão. Ou mais que isso, que todo um Estado, ou vários Estados, fiquem sujeitos a vontade de uma única empresa privada ofertante daquele serviço tão desejado, a despeito do conjunto de proteções que o seu direito nacional tenha reservado. 5. O FENÔMENO DE UMA ORDEM PÚBLICA INTERNACIONAL NA INTERNET Por certo, devemos a Josephus Jitta, que desenvolveu a doutrina de Savigny, a noção de uma comunidade jurídica internacional do gênero humano, ou seja, uma verdadeira “sociedade internacional”. Nada mais atual para os tempos de hoje, na era dos aplicativos, da mobilidade e da globalização. A noção de Ordem Pública está intimamente ligada a um fator limitador da vontade das partes. No Direito Internacional Privado a Ordem Pública impede a aplicação de leis estrangeiras, o reconhecimento de atos realizados no exterior e a execução de sentenças proferidas por tribunais de outros países. A Ordem Pública seria composta por um conjunto de valores imperativos que se encontram permeados no ordenamento jurídico, preponderantes no exercício da jurisdição. Logo, se queremos que a Internet realmente possa exercer um poder maior na solução dos conflitos gerados a partir da mesma, apenas com a prerrogativa de Ordem Pública isso lhe seria alcançado. Ademais, devemos observar que há ainda dois métodos que podem ser aplicados na análise para aplicação do Direito Internacional Privado nesta dimensão e alcance: o universalista e o particularista. Conforme ensina Dolinger, o método universalista procura soluções internacionais a serem definidas 13 através de Convenções e Tratados, enquanto que o método particularista busca a aplicação do direito positivo interno sobre as relações privadas no plano internacional, para o qual analisa como principal fonte a legislação de cada país e determina qual deve ser aplicada. Com esta explicação inicial, podemos dizer, que caminhamos até aqui com todo o desenvolvimento da Economia Digital e dos negócios e relações através da Internet aplicando muito mais o método particularista e que para que possamos evoluir, dar um grande salto na proteção dos Cyber Rights devemos passar a adotar a abordagem do método universalista que se mostra mais apropriado e provavelmente possa ser mais eficiente considerando todas as peculiaridades do ambiente da Internet. O caso mencionado anteriormente sobre o uso do aplicativo Uber traz a discussão sobre a aplicação da lei estrangeira dentro de um território ao invés da lex fori. O que deve prevalecer nestes casos de relações estabelecidas pela Internet, em que é muito comum cada uma das partes estar em um local, sujeita a regras de um ordenamento jurídico distinto? Em se tratando do Uber a lei aplicável será a dos Países Baixos ou a Brasileira, afinal? Há justamente uma discussão atual sobre a importância de se promover um Tratado Internacional sobre a proteção do consumidor, principalmente com o crescimento das relações via digital, pela internet, e tendo em vista que o entendimento deveria ser o de sempre prevalecer a regra que seja mais benéfica ao usuário do serviço (consumidor), seja se a do país (local de origem) onde este estiver ou a do país de origem do prestador do serviço (transportador) ou terceira aplicável ao caso (Tratado ou outra lei prevista por contrato). Em que pese que no tocante a aplicação de Tratado Internacional, merece destacar, que tanto a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro faz previsão desta possibilidade, como o art. 7.º do Código de Defesa do Consumidor, como o art. 3.º. da Lei do Marco Civil da Internet. Mas em todos os casos, ainda assim, deveria prevalecer sempre o que for mais benéfico ao consumidor no caso concreto. Mas será que é isso que está ocorrendo atualmente na Internet? Dificilmente. 14 A Internet está sendo regida por regras contratuais determinadas por empresas privadas. Em muitos casos, estes contratos sim estão construindo verdadeira fonte de uniformização do direito tendo em vista que os serviços são ofertados para diversos países. Pierre Mayer trata em seu artigo Choix d’articles trata justamente sobre a atualidade e a importância do problema da aplicação da lei estrangeira. Mas será que a velocidade com que as coisas ocorrem no ambiente digital, este dito “tempo real” da internet permitiria, de fato que fosse possível aplicar o método de análise tradicional, onde precisa haver toda uma verificação através do Judiciário local, onde o Magistrado avalia se irá aplicar a Lei Estrangeira ou a Lei do Foro? Ou seria mais fácil que sempre que um caso tivesse se originado na Internet pudesse ser aplicado um conjunto de regras e princípio de Ordem PúblicaDigital? Pois a verificação no caso a caso sobre a aplicação direta ou indireta da lei estrangeira, onde, caso a mesma não fira a Constituição daquele Estado, nem tampouco do seu Estado originário, ou seja, após a análise do controle intrínseco e do controle extrínseco, então, só assim, é aplicado o Direito Estrangeiro. Por outro lado, na hipótese de não aplicação do Direito Estrangeiro, não havendo qualquer aproveitamento deste, então aplica-se alexfori, parece ser um método pouco eficaz para o cenário atual digital, que exige respostas rápidas e capacidade de executividade imediata a um baixo custo para a parte credora do direito (tanto em termos de tempo como em termos de recursos financeiros, sob pena de se estar provocando uma marginalização do acesso à Justiça às avessas, visto que o usuário já desiste antes mesmo de buscar seu direito por entender que não terá chance de lograr êxito, ou não poder esperar por isso, ou não ter como patrocinar a causa). Ademais, dentro Direito Internacional privado, o princípio da Ordem Pública é o principal a ser invocado no sentido de impedir ou limitar a aplicação de leis estrangeiras, o reconhecimento de atos realizados no exterior e a execução de sentenças proferidas por tribunais de outros países. Isso tem relação com o fato de que cada Estado delimita a competência de seu ordenamento jurídico que está relacionado intimamente com o conceito de soberania. 15 Além disso, deve-se destacar também a prevalência da aplicação do método de tratamento de conflito de leis clássico: onde se aplica a lei do foro ou a lei do local de execução de uma obrigação, com regras de conflito bilaterais (lei de direito público) e regras de conflitos unilaterais (decisões legislativas) e traz a discussão sobre o caráter secundário ou subsidiário da lei estrangeira. Bem, novamente, verifica-se a necessidade de se desenvolver algo novo, melhor adaptável para o cenário da Internet, que possa aproveitar o que já funciona no contexto internacional mas elevar a categoria desta norma da Internet a um nível supraconstitucional, para que seja aplicável independente da discricionariedade de cada magistrado de origem em cada país. Apenas assim este modelo receberia a funcionalidade de máximo desempenho só alcançado quando há normas de aplicação imediata, sem que haja discussão de competência de ordenamento jurídico. Haveria uma grande economia de tempo ao não haver necessidade de debate sobre qual lei deva ser aplicada, pois haveria uma jurisdição da Internet, com a Constituição a ser aplicada da mesma sobre os seus cidadãos digitais. Apesar desta ideia parecer muito boa ela se aproxima de uma conceituação utópica. Isto porque toda a história do direito nos mostra que até então a competência de um ordenamento jurídico está diretamente relacionada a um domínio espacial e que o mesmo ocorre quando há necessidade de se verificar qual será a aplicação de uma regra. Tanto é que um dos princípios adotados pelo Direito Internacional Privado é justamente o da proximidade, que está relacionado com a localização das pessoas em relação à lei do foro (quanto mais perto maior a aplicabilidade da ordem pública e a rejeição da lei estrangeira). Resolver o conflito de leis no espaço é um dos maiores desafios da Sociedade Digital, globalizada, universalizada, conectada e aterritorial. Além disso, também deve ser resolvida a relação de poder entre o Estado e o seu Nacional, visto que há um forte elo de concepção política a uma pessoa a um ordenamento jurídico. 16 Portanto, como visto, o critério espacial é muito forte e abrange todas as regras que indiquem expressamente o seu domínio de aplicação em seu espaço e aplica, em princípio, pelo menos no território do estado que editou a lei. Como cabe ao Juiz decidir o que seja contrário à Ordem Pública, cabendo ao legislador apenas dar-lhe uma direção, caberá ao final ao direito internacional privado do foro a tarefa de incorporar o conteúdo da disposição legal quer seja em caráter excepcional ou mediante solicitação e de certo modo abstrair da designação característica do método clássico do conflito de leis. Mas se a Internet assumir uma Jurisdição própria, passar a ter a prerrogativa de Ordem Pública Internacional Digital, então, não haveria discussão sobre aplicação de direito estrangeiro versus lex fori. O tema sobre conflito de competência na Internet tem se mostrado extremamente relevante e vem crescendo ao longo dos anos. Em nível nacional, as discussões ficam em torno se a competência é da Justiça Estadual ou da Federal, em casos que vão de Racismo até Infração de Direito Marcário. Já em nível Internacional, o enfrentamento maior envolve questões relacionadas à qual lei deve prevalecer. Também tem havido muita discussão sobre tributos, a quem cabe a legitimidade de cobrar pelo recolhimento dos impostos. No tocante especificamente ao conflito de competência para os casos de racismo praticado na Internet, há o entendimento do STF de que se a ofensa for pessoal, ou seja, dirigida a uma pessoa identificável ou identificada, a competência é da Justiça Estadual, mesmo que o crime tenha ocorrido através da Internet. No entanto, se a mesma for praticada em caráter genérico, devido ao fato do Brasil ser signatário da “Convenção Internacional Sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial”, e também da “Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância” e da “Convenção Interamericana contra Toda Forma de Discriminação e Intolerância”, a competência restaria da Justiça Federal. Mas para tanto, o Ministério Público Federal vem prolatando entendimento de que só ocorreria a atração para Justiça Federal se estivesse presente outro requisito constitucional adicional que seria o da conduta com resultado no exterior ou 17 praticada no exterior – o que não ocorre quando se trata de rede social fechada e com participação de particulares identificáveis. Apenas com este exemplo, considerando tudo que já evoluímos sobre a proteção de Direitos Humanos, vê-se que em um caso concreto, a vítima fica a mercê de toda uma discussão procedimental, incidental ao direito principal, por não se conseguir chegar a um consenso apenas sobre a competência jurisdicional dentro de um único país, no caso do Brasil. 6. COMO RESOLVER AS QUESTÕES DE CONFLITOS DE LEI NA INTERNET Seria o Direito Internacional Privado a melhor fórmula jurídica para a solução de conflitos de leis na Internet? O Direito Internacional Privado seria constituído por um conjunto de regras colisionais que visam solucionar conflitos entre normas atemporais e interespaciais (internacionais ou internas). Em princípio, seu papel, não seria o de formular a regra que vai reger o caso, mas sim indicar dentre as normas qual deverá prevalecer. Sendo assim, são fontes do Direito Internacional Privado: a lei, a doutrina, jurisprudência, os Tratados e Convenções Internacionais. Conforme as lições de Dolinger, os elementos relacionados ao fato tais como o sujeito (capacidade), determinado local onde está situado, onde será a sede da relação jurídica, objeto (imóvel ou móvel), ato jurídico (localização do ato). A Justiça Internacional, tem sido confrontada com demandas, transnacionais e multiterritoriais, que compreendem o ciberespaço, envolvendo violação ao direito de personalidade (como a honra, imagem e privacidade), direitos de propriedade intelectual e delitos criminais. Situação esta que desperta a necessidade de proteção do indivíduo usuário assim como a avaliação da 18 extensão dos danos decorrentes da atividade cibernética ilícita (POLIDO, 2018, p. 3). “Promover a conscientização de como usar a internet de maneira livre e segura, sempre resguardando os princípios da liberdadee dos Direitos Humanos”, essa é a proposta trazida pela SaferNet, organização não- governamental que congrega cientistas da computação, professores, pesquisadores e juristas. Dados disponíveis no próprio site da associação expõem que em 12 anos, a SaferNet recebeu e processou 3.925.405 denúncias anônimas, envolvendo 701.224 páginas (URLs) distintas escritas em 9 idiomas e hospedadas em 94.155 hosts diferentes, conectados à Internet através de 56.416 números IPs distintos, atribuídos para 101 países em 5 continentes. Esta é uma referência nacional na promoção e defesa dos Direitos Humanos na Internet no Brasil e que inevitavelmente lida com questões que envolvem relações jurídicas internacionais. Considerando isso, a maioria dos conflitos de lei na Internet são resolvidos aplicando-se alguns princípios, conforme abaixo: Princípio da origem da conexão das partes Princípio do local da execução do ato ou das obrigações Princípio do endereço do IP onde está hospedado do domínio ou o servidor de dados Princípio da convenção entre as partes através de contrato (termo de uso principalmente tem sido o mais comum) Princípio da lei mais favorável ao consumidor Princípio do local de maior eficácia da executividade da sentença Mas há ainda muito que evoluir no sentido de se garantir uma melhor jurisdição na Internet. Mesmo o que já está convencionado por Tratado Internacional tem tido dificuldade de ter sua aplicação garantida em nível internacional global digital visto todas as questões já apontadas. Mesmo os casos de investigação criminal, com todos os tratados de cooperação internacional como o Mutual Legal Assistant Treaty (MLAT), do qual o Brasil é signatário, também tem sofrido obstáculos que dificultam o seu 19 desenrolar de modo a se trazer maior segurança jurídica para os cidadãos digitais. 7. CYBER RIGHTS Os Cyber Rights no entendimento de Mike Godwin, seriam um conjunto de valores, de base pluralista e supraconstitucionais, aplicáveis aos usuários da Internet, independente do seu Estado de origem. Tendo em vista que a Constituição é a lei fundamental de um ente político, a partir do momento que o Estado passa a estar inserido em um contexto de relações internacionais, este Estado passa a se ver de fora para dentro, assumindo-se como participante da integração internacional, pelo que pode ter que reconhecer alguns limites à atuação mesmo que de seus direitos fundamentais. Segundo a doutrina prevalece o entendimento de que as normas constitucionais devem ser aplicadas diretamente nas relações entre pessoas físicas e jurídicas públicas e privadas, indo além de princípios fundamentais para nortear as autoridades (metas para o legislador) e assumindo o papel de status positivus. Por isso, este mesmo status deveria alcançar uma norma que quisesse almejar uma abrangência global através da Internet. Mas toda Constituição tem por certo uma forma de ser cunhada com base em fundamentos políticos ideológicos, cujo maior desafio seria o de justamente conseguir encontrar o ponto de equilíbrio para algo desta magnitude. Mas pode-se utilizar como referência o modelo já testado e aplicado com “OMC-OMPI-WIPO-ICANN”, que apesar de não conseguir trazer mais respostas para todas as questões relacionadas as disputas comerciais e marcárias de uma economia globalizada ainda tem se mostrado bem eficiente desde TRIPS e GATT. Mas o que o futuro nos reserva? 20 Nas palavras do Prof. Jose de Oliveira Ascensão, a globalização pode se tornar uma ferramenta para cooperação ou um meio de dominação. A realidade digital trouxe um modelo ultraliberal e cujo poder tem liquidado e enfraquecido as economias nacionais. A maioria dos países não possui, organizado sob a forma legal, um corpo de princípios e normas para orientar os Tribunais sobre como regular as relações internacionais trazidas para a sua apreciação (uma metodologia legal para aplicar o Direito Internacional Privado). Imagine-se então, a proposta da criação de uma Constituição da Internet, assim irá facilitar toda esta discussão, que é infindável, quando o assunto envolve conflito de leis e jurisdição na Internet se for possível apenas aplicar um conjunto de regras próprios com força de norma constitucional. Como a Constituição é o lugar mais apropriado para formular o princípio de igualdade de tratamento entre a ordem jurídica do foro e a estrangeira, uma Constituição da Internet teria este condão de igualar a todos (aplicação do mecanismo onde a própria ordem pública internacional tornar-se-ia digital). Mas ainda precisaremos avançar muitas etapas até podermos construir uma base consensual sobre questões polêmicas com entendimentos tão divergentes como no tocante a privacidade e proteção de dados, onde a posição dos EUA tem sido pelo máximo da liberdade contratual e a da Comunidade Europeia tem sido pelo maior protecionismo do indivíduo usuário digital de serviços da internet. Abaixo, um quadro resumo do que seria um primeiro esboço de um conjunto de princípios a compor a “Carta Magna da Internet”, esta constituição digital a proteger os direitos dos cidadãos conectados: 26 Princípios Gerais de uma Ordem Pública Digital através da Internet “Lex Digitalis” 1. Princípio da inclusão e do acesso à informação e ao conhecimento 2. Princípio da Transparência 3. Princípio da Proteção dos Direitos Humanos na Internet 21 4. Princípio do Uso ético da tecnologia 5. Princípio da presunção da Boa-fé 6. Princípio da Vedação ao Anonimato na Manifestação do Pensamento (a exceção de denúncia anônima) 7. Princípio da Liberdade de expressão 8. Princípio da Proteção da Privacidade dos Indivíduos 9. Princípio a Proteção dos dados dos Indivíduos 10. Princípio Proteção da Imagem e Reputação 11. Princípio da Proteção do Consumidor 12. Princípio Proteção dos Direitos Autorais, da Inovação, da Invenção e Criação na Sociedade do Conhecimento 13. Princípio da Colaboração e do Compartilhamento 14. Princípio da Livre-Iniciativa 15. Princípio da Liberdade de Ir e Vir 16. Princípio da Segurança da Informação (disponibilidade, autenticidade, integridade, confidencialidade, legalidade) 17. Princípio da Responsabilidade por ação ou omissão 18. Princípio da confidencialidade das comunicações telegráficas, telefônicas, telemáticas e eletrônicas 19. Princípio do menor dano possível (para retirada de conteúdos do ar da Internet 20. Princípio de que todo dano deve ser reparado 21. Princípio da solução amigável e não enfrentamento 22. Princípio do uso de meios de mediação e arbitragem 23. Princípio da Cooperação Internacional para investigação de casos digitais 22 24. Princípio da obrigação da guarda de provas eletrônicas para determinação de autoria em meios digitais (logs de conexão e acesso) 25. Princípio do acesso à Justiça célere 26. Princípio da máxima punição para crimes digitais graves de maior poder ofensivo (devido a sua ocorrência de forma ardil e covarde, com alto impacto social) 8. CONCLUSÃO O Direito é formado por um conjunto de princípios, que por sua vez, representam valores que devam ser protegidos em um determinado momento da sociedade (no tempo) e em um determinado local (no espaço). O Direito Digital, por sua vez, representaria a evolução do próprio Direito, em uma Sociedade cada vez mais globalizada, sem fronteiras físicas e onde os limites geográficos ficam relativizados. Portanto, ele requer uma visão cada vez maior de aplicação dos métodos do Direito Internacional, Público e Privado, como fórmula para solução de seus conflitos, mas anseia pela possibilidade de um redesenho da estrutura técnica-legal que permita a construção de uma Constituição da Internet, que possa assim, diminuir os conflitos de jurisdição e aumentar a eficáciado próprio Direito. No tocante aos princípios gerais do Direito Digital, sempre será atual os três preceitos fundamentais do direito originados do direito romano, com forte influência da filosofia grega, que formam as bases do ideal de justiça: Iuris praecepta sunt haec: honeste vivere, o alterum non laedere, o suum cuique tribuere, que significa: os preceitos do direito são estes: viver honestamente, não lesar a outrem, dar a cada um o que é seu. O Direito Digital necessita: de celeridade e conhecimento técnico (o que se consegue criando uma Vara Especializada, assim como tem a Delegacia Especializada de Crimes Eletrônicos e uma Câmara de Julgamentos em nível Global – sem limites físicos de ordenamentos jurídicos), aplicando-se preceitos 23 de mediação e uso de auto-regulamentação através de princípios (“Lex Digitalis Global”), aplicação maior de valores que são sim um poderoso instrumento jurídico e de construção de cultura. Se somos capazes de encontrar esta base de valores comuns e universais, a história tem mostrado que sim. Deve prevalecer a proteção dos direitos humanos na internet. O Direito como um fim e não como um meio, visto que não se pode deixar uma vítima desamparada à espera da discussão sobre qual a lei aplicável ou qual a jurisdição. Na era do tempo real, a demora na aplicação do Direito pode significar a morte do próprio Direito. O Direito da Sociedade Digital, assim como o Direito Comparado é um fenômeno que não conhece fronteiras. Portanto, exige uniformização de procedimentos por parte dos Estados, isto se dá através da consagração dos princípios que informarão o sistema, que funcionarão como base de sustentação. Caberá aos princípios, uma vez consagrados, harmonizar a aplicação das regras nesta seara, sendo diretriz para nortear a conduta dos indivíduos a fim de se alcançar uma sociedade digital sustentável. 24 REFERÊNCIAS ASCENSÃO, José de Oliveira. VICENTE, Dário Moura. 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