Buscar

DIREITO DIGITAL INTERNACIONAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
DIREITO DIGITAL INTERNACIONAL 
1 
 
 
 
Sumário 
FACULESTE ............................................................................................ 2 
1. INTRODUÇÃO ................................................................................ 3 
2. BREVE CONCEITO SOBRE DIREITO INTERNACIONAL ............. 4 
2.1. Direito Internacional Público e Direito Internacional Privado .......... 4 
2.2. Princípios Gerais do Direito Internacional ....................................... 5 
3. SOCIEDADE DIGITAL .................................................................... 6 
4. OS DESAFIOS DA TOLERÂNCIA CULTURAL E JURÍDICA EM UM 
MUNDO SEM FRONTEIRAS ............................................................................. 8 
5. O FENÔMENO DE UMA ORDEM PÚBLICA INTERNACIONAL NA 
INTERNET 12 
6. COMO RESOLVER AS QUESTÕES DE CONFLITOS DE LEI NA 
INTERNET 17 
7. CYBER RIGHTS ........................................................................... 19 
8. CONCLUSÃO ............................................................................... 22 
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 24 
 
 
2 
 
 
 
FACULESTE 
 
A história do Instituto FACULESTE, inicia com a realização do sonho de 
um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para 
cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a FACULESTE, 
como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A FACUMINAS tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas 
de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
De tempos em tempos, a sociedade sofre transformações que, por um 
lado, trazem avanços e desenvolvimento, por outro geram novas 
responsabilidades, problemas e sacrifícios. Vivemos atualmente o que é 
compreendido como sendo a Revolução Digital, que inseriu a tecnologia no 
cotidiano das pessoas, modificando a forma como progridem e interagem com o 
mundo a sua volta, manifestando novos hábitos e valores (SYDOW, 2013, p. 19-
21). 
Com o surgimento da Internet, os indivíduos passaram a comunicar-se 
cada vez mais de forma virtual, aumentando seu tempo sozinho diante de uma 
tela. A mundialização e popularização da informática somada à conexão em rede 
derrubaram barreiras geográficas permitindo ao usuário visitar locais muito além 
do local onde se encontre. 
O impacto das transformações tecnológicas associado ao crescimento do 
fenômeno da globalização e da mundialização, tem de ser contextualizado 
dentro dos princípios do Direito Internacional Privado, na medida em que o 
mesmo deve encontrar soluções para os conflitos de leis no espaço e no tempo, 
que tiveram seu crescimento acelerado devido aos choques culturais, políticos, 
sociais e econômicos, estreitados pela proximidade que a internet trouxe na 
formação de uma aldeia global de usuários interconectados. 
Analisaremos os caminhos viáveis para dar tratamento mais adequado 
para estas novas questões visando harmonização e uniformização, bem como 
identificando se haveria um conjunto de direitos fundamentais deste novo 
cidadão desta Sociedade Digital que deve ser protegido independente de sua 
nacionalidade, de seu domicílio ou mesmo da origem de sua conexão da internet. 
 
 
 
 
4 
 
 
 
2. BREVE CONCEITO SOBRE DIREITO 
INTERNACIONAL 
 
É um conjunto de normas definido pela humanidade através de seus 
representantes, que auxilia na regulação das relações externas e na boa 
convivência entre as nações. Ele pode ser um direito objetivo, no qual 
compreende os princípios de justiça que governam as relações entre povos ou 
positivo, caracterizado por ser concretamente aplicado a partir de acordos entre 
os sujeitos. 
 
2.1. Direito Internacional Público e Direito Internacional 
Privado 
 
O direito internacional trata destas relações e deste âmbito normativo, que 
pode ser positivado ou costumeiro (costumes). Denomina-se Direito 
internacional público quando tratar das relações jurídicas (direitos e deveres) 
entre Estados, ao passo que o Direito internacional privado trata da aplicação de 
leis civis, comerciais ou penais de um Estado sobre particulares (pessoas físicas 
ou jurídicas) de outro Estado. 
Há duas correntes doutrinárias concentradas em determinar as diferenças 
entre as duas disciplinas. A primeira corrente dá ênfase à natureza da norma ao 
conceber o Direito Público como ramo do Direito onde as normas jurídicas são 
de natureza pública, em outras palavras, cogentes, sendo o Direito Privado o 
ramo do Direito onde as normas são permissivas, ou seja, não cogentes. Uma 
segunda corrente, que é a predominante, privilegia a natureza da pessoa 
envolvida na relação jurídica, ou seja, baseia-se nas partes que compõem a 
relação jurídica, construindo um Direito Público como aquele que regula 
situações jurídicas figurando em uma parte o Estado, tornando o Direito Privado 
5 
 
 
aquele que regulamenta situações jurídicas onde o Estado não seja parte ou 
então equiparado a um particular. 
2.2. Princípios Gerais do Direito Internacional 
 
Os princípios gerais principais do direito internacional são: 
 Igualdade soberana: Esse princípio presume que todos os Estados são 
iguais em face da lei. “Ele certifica o respeito entre os países, seja qual 
for seu porte, cultura, números de habitantes ou regime de governo”. 
(VARELLA, 2012 p.26) 
 
 Autonomia: Princípio que estabelece que o Estado tenha autonomia 
para se governar de acordo com seu próprio interesse. 
 
 Não ingerência nos assuntos dos outros Estados: Princípio 
estritamente ligado com o princípio da Autonomia, neste princípio é 
estabelecido a não intervenção de um Estado em outro. 
 
 Respeito aos direitos humanos: Princípio que significa que todos os 
estados devem proteger os direitos humanos. Esse princípio tem grande 
importância pois é um pressuposto do direito internacional para o 
reconhecimento de Estados. 
 
 Cooperação internacional: Esse princípio estabelece que os Estados 
devem atuar concomitantes na busca de propósitos comuns. 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
3. SOCIEDADE DIGITAL 
 
Segundo Albert Einstein “os problemas que enfrentamos não podem ser 
solucionados pelo mesmo tipo de pensamento que os criou”. Neste sentido, seria 
possível afirmar que desde 1990, com o advento da world wide web (www), 
invento este trazido por Tim Bernes Lee, estaríamos vivenciando o nascedouro 
de uma Ordem Pública Global Digital, que existe e se manifesta através da 
Internet. 
Nas palavras de Dolinger, “vivemos uma verdadeira sociedade universal 
de indivíduos” (Dolinger, 2010). Por certo, os avanços tecnológicos fizeram com 
que esta realidade alcançasse um nível de transformação inimaginável, levando 
a globalização para dentro dos lares de muitas famílias, onde basta uma conexão 
de internet para se sentir realmente um cidadão do mundo, capaz de ir e vir 
independente do controle das autoridades. 
Este fluxo de pessoas, de bens, de informações, de riquezas, por esta 
infovia digital tem despertado atenção, não apenas no sentido da necessidade 
de se aplicar limites e controles, mas quando há algumtipo de conflito, em como 
se alcançar uma resolução eficaz. 
Por esta dimensão originariamente internacional que a internet possui, por 
certo, fez crescer de importância os estudos do Direito Internacional, tanto no 
aspecto público, como no privado. Afinal, a abordagem multilateralista de 
Savigny tem uma aplicação extremamente pragmática em um contexto cada vez 
mais complexo em que cada um dos polos da relação está sujeito a normas 
distintas, seja por aplicação de regras de conexão lex fori ou lex causae. 
Com isso, há que se indagar: será que a Sociedade Digital caminha em 
direção à criação de uma Ordem Pública Internacional através da Internet? 
Como tratar as situações de obrigações ou mesmo de ilícitos ocorridos através 
de meios eletrônicos que envolvam múltiplos países ou ordenamentos jurídicos? 
7 
 
 
Considerando todas as possibilidades que a Internet nos trouxe, bem 
como mais recentemente, as próprias redes sociais, não há como garantir o 
devido processo legal e o próprio exercício e proteção dos direitos dos indivíduos 
sem que se aceite e compreenda que vivemos um mundo plano, sem fronteiras 
físicas. 
Devemos aprofundar nossa análise nos principais institutos do Direito 
Internacional Privado, com especial ênfase ao método de detecção do “centro 
de gravidade” sobre o qual deve orbitar uma questão jurídica multinacional e 
multicultural digital e então identificar como aplicar os elementos de conexão 
para que a relação mais significativa possa ser tratada não pelas fontes 
tradicionais, mas por uma nova fonte, a ser cunhada, surgida de algo totalmente 
novo, cuja proposta seria uma verdadeira Constituição da Internet, a prevalecer 
sobre as demais Constituições Nacionais, acima de Tratados e Convenções, 
acima do Direito Estrangeiro, algo que sobre ela nada mais pudesse pairar. 
Por certo, um projeto desta monta tão ambicioso teria algumas barreiras 
a enfrentar, entre elas: a questão cultural. As diversas culturas a que as relações 
jurídicas estão submetidas são alimento mas também entrave a construção de 
um arcabouço jurídico mais uniforme. 
Além desta, outra barreira seria a tendência natural da proteção 
nacionalista, por questões de soberania, onde o impacto político é mais 
determinante do que a definição do melhor direito para a solução da causa em 
tela. 
Nas palavras do jornalista norte-americano Thomas Friedmann, o mundo 
é plano. E se o Direito nunca é fruto da criação exclusiva de um Estado, vide a 
Lex Mercatoria, ou seja, a produção normativa, de regras de condutas que regem 
indivíduos ou mesmo mercado pode se desenvolver de maneira autônoma e 
independente das autoridades, o que inclusive é o principal impulsionador do 
direito do comércio internacional, baseado justamente nesta liberdade, é 
possível que haja um conjunto de fontes específicas que possam ser reunidas 
para moldar uma espécie de Lex Digitalis, ou seja, um conjunto de princípios ou 
valores que originariam as regras que seriam aplicadas a estes cidadãos da 
internet. 
8 
 
 
Neste momento, que o Direito Comparado por certo desempenharia 
função primordial para que pudesse haver o desenvolvimento deste Direito 
Internacional Digital uniformizado. Pois seria na análise do contraste sobre a 
aplicação dos diversos valores como o da privacidade, da proteção de dados, do 
acesso a informação, da liberdade de expressão na internet que se poderia 
apontar as convergências e tratar as divergências para celebrar então esta 
legislação realmente da Internet. 
Ou seja, o que se propõe não é a elaboração de uma lei nacional que se 
aplique ao meio digital com aplicação dos métodos de conexão, como aconteceu 
com a lei do Marco Civil da Internet, que quis assumir para si a prerrogativa de 
Constituição da Internet, e prever aplicação com abrangência inclusive em 
território estrangeiro. Mas a efetividade disso na prática é bem reduzida a não 
ser que se pudesse evoluir o modelo para permitir levar os casos para um 
Tribunal Internacional na própria Internet. 
 
4. OS DESAFIOS DA TOLERÂNCIA CULTURAL E 
JURÍDICA EM UM MUNDO SEM FRONTEIRAS 
 
Conforme lição de Norberto Bobbio, quando se fala em tolerância, há que 
se observar dois aspectos: o primeiro, a necessidade de convivência de crenças 
(que está relacionado ao discurso sobre maneiras de ver o mundo, diferenças 
de opinião, da verdade de cada um); o segundo a convivências das minorias 
(sejam elas étnicas, linguísticas, raciais, de escolha sexual, políticas), neste 
sentido, muito mais delicado, posto que põe em evidência maior o preconceito 
ou a discriminação por motivos físicos ou sociais. 
O debate sobre a necessidade de se criar uma arquitetura ética, que 
permite justamente aceitar as diferenças, estimular a tolerância e combater o 
discurso de ódio na internet, vem tomando uma dimensão cada vez maior devido 
ao aumento dos episódios envolvendo discriminação e cyberbullying em especial 
nas mídias sociais. Um dos grandes articuladores para o desenvolvimento de um 
conjunto de princípios que devam ser seguidos por todos os desenvolvedores de 
9 
 
 
aplicações digitais, e, portanto, previstos em seus Termos de Uso de Serviços e 
Políticas de Privacidade é o Electronic Frontier Foundation (EFF). 
Segundo informações extraídas da sua própria página na internet, a EFF 
é uma organização internacional sem fins lucrativos que lidera a defesa das 
liberdades civis no mundo digital. Fundada em 1990, a EFF tem como foco a 
privacidade do usuário, a liberdade de expressão e a inovação, por meio de 
estratégias perante o Poder Judiciário, análise política, ativismo de base e 
desenvolvimento tecnológico. 
Sendo assim, a atuação da EFF visa assegurar que os direitos e 
liberdades sejam reforçados e protegidos na medida em que o uso da tecnologia 
cresce. E o diálogo com a Sociedade Civil e também com as Autoridades 
Públicas tem sido o centro das atenções em diversos países. Como construir 
políticas públicas para aumentar a inclusão digital mas ao mesmo tempo garantir 
a proteção de direitos humanos na internet? E isso não depende apenas da 
vontade de um único Estado. 
Este debate com as lideranças em torno dos direitos digitais dos usuários 
da internet tem permitido desenvolver projetos como o chamado “Internet & 
Jurisdição”, que tem como um dos principais eixos de pesquisa justamente a 
análise sobre como fica a questão da jurisdição na Internet. 
Este projeto visa investigar e produzir materiais de pesquisa sobre Direito 
Internacional Privado aplicável ao ambiente da Internet e como ficam as regras 
de conexão determinadoras de que lei deve ser aplicada aos casos 
transfronteiriços, como definir a jurisdição dos tribunais (estadual ou federal) ou 
ainda quando contém elementos estrangeiros que exijam execução de sentença 
em outro Estado (ou medidas a serem tomadas por autoridades estrangeiras, 
ainda que em sede investigatória ou cautelar). 
O ponto principal da abordagem do projeto envolve a definição sobre qual 
sistema legal deve prevalecer em algo tão trivial como um contrato eletrônico 
relacionado ao uso de um serviço da Internet. Atualmente, quando um usuário 
decide baixar um aplicativo, como o Uber, ele aceita a aplicação das normas dos 
Países Baixos, por exemplo. 
10 
 
 
 
 Termos de Uso do Uber 
 
6. Lei vigente; Arbitragem. Salvo disposição em contrário 
nos presentes Termos, os mesmos serão exclusivamente 
regidos e interpretados nos termos das leis dos Países 
Baixos, excluindo as suas normas sobre conflito de leis. A 
Convenção de Viena sobre a Venda Internacional de 
Mercadorias (Convention on the International Sale of Goods, 
CISG) de 1980 não se aplica. Qualquer litígio, conflito ou 
controvérsia decorrente ou de forma geral relacionada, por 
qualquer motivo, com os Serviços ou os presentes Termos, 
incluindo aqueles que digam respeito à sua validade, 
interpretação ou aplicabilidade(qualquer “Litígio”), será 
obrigatoriamente submetido, em primeiro lugar, a 
procedimentos de mediação, nos termos das Regulamento 
de Mediação da Câmara de Comércio Internacional 
(“Regulamento de Mediação CCI”). Se tal Litígio não estiver 
resolvido no prazo de sessenta (60) dias após a 
apresentação de um pedido de mediação ao abrigo de tal 
Regulamento de Mediação CCI, esse Litígio pode ser 
reencaminhado e deve ser exclusiva e finalmente resolvido 
por arbitragem nos termos do Regulamento de Mediação da 
Câmara de Comércio Internacional (“Regras de Mediação 
CCI”). Excluem-se as disposições em matéria de Arbitragem 
de Emergência dos Regulamentos da CCI. O Litígio será 
resolvido por um (1) árbitro a ser designado nos termos do 
Regulamento da CCI. O local da mediação e da arbitragem 
será em Amsterdã, Países Baixos, sem prejuízo de 
quaisquer direitos que o Utilizador possa ter ao abrigo do art. 
18 do “Regulamento de Bruxelas I bis” (OJ UE 2012 L351/1) 
e/ou do art. 6:236n do Código Civil holandês. A língua dos 
procedimentos de mediação e/ou arbitragem será o inglês, 
a menos que o Utilizador não domine o inglês, em cujo caso 
11 
 
 
os procedimentos de mediação e/ou arbitragem serão 
conduzidos em inglês e na língua materna do Utilizador. A 
existência e o conteúdo dos procedimentos de mediação e 
arbitragem, incluindo documentos e relatórios apresentados 
pelas partes, correspondência de e para a Câmara de 
Comércio Internacional, correspondência do mediador, e 
correspondência, ordens ou concessões emitidas pelo único 
árbitro devem manter-se estritamente confidenciais e não 
devem ser divulgadas a qualquer terceiro sem o 
consentimento expresso, por escrito, da outra parte, a 
menos que: (i) a divulgação ao terceiro seja necessária, na 
medida do razoável, no âmbito da realização dos 
procedimentos de mediação ou arbitragem; e (ii) o terceiro 
aceite, incondicionalmente, por escrito, estar vinculado pela 
obrigação de confidencialidade estipulada no presente 
documento. 
7. Outras Disposições. Reclamações de violação de Direitos 
de Autor. 
As reclamações relativas a violação de Direitos de Autor 
devem ser enviadas para o agente designado da Uber. 
Queira visitar a página web da Uber 
em[www.uber.com/legal] para consultar o endereço 
designado e obter outras informações. 
Avisos. 
A Uber poderá proceder a notificações através de um aviso 
geral publicado nos Serviços, ou por correio eletrônico para 
o endereço de correio eletrônico indicado na Conta do 
Utilizador, ou por comunicação escrita enviada para o 
endereço indicado na mesma. O Utilizador poderá notificar 
a Uber por comunicação escrita enviada para o endereço da 
Uber em Vijzelstraat 68, 1017 HL, Amsterdã, Países Baixos. 
 
12 
 
 
Para uma situação tão corriqueira como esta, mas que acaba envolvendo 
consumidor final, já fica a discussão sobre como se desenhar um conjunto de 
proteções que devam ser uniformes e aplicadas sempre, quando o serviço for 
oferecido na Internet. Para evitar que a pessoa física, nitidamente a parte mais 
fraca nesta relação, fique sujeita a uma regra unilateral que ela não tenha a 
menor possiblidade de escolha ou decisão. 
Ou mais que isso, que todo um Estado, ou vários Estados, fiquem sujeitos 
a vontade de uma única empresa privada ofertante daquele serviço tão desejado, 
a despeito do conjunto de proteções que o seu direito nacional tenha reservado. 
 
5. O FENÔMENO DE UMA ORDEM PÚBLICA 
INTERNACIONAL NA INTERNET 
 
Por certo, devemos a Josephus Jitta, que desenvolveu a doutrina de 
Savigny, a noção de uma comunidade jurídica internacional do gênero humano, 
ou seja, uma verdadeira “sociedade internacional”. Nada mais atual para os 
tempos de hoje, na era dos aplicativos, da mobilidade e da globalização. 
A noção de Ordem Pública está intimamente ligada a um fator limitador 
da vontade das partes. No Direito Internacional Privado a Ordem Pública impede 
a aplicação de leis estrangeiras, o reconhecimento de atos realizados no exterior 
e a execução de sentenças proferidas por tribunais de outros países. 
A Ordem Pública seria composta por um conjunto de valores imperativos 
que se encontram permeados no ordenamento jurídico, preponderantes no 
exercício da jurisdição. Logo, se queremos que a Internet realmente possa 
exercer um poder maior na solução dos conflitos gerados a partir da mesma, 
apenas com a prerrogativa de Ordem Pública isso lhe seria alcançado. 
Ademais, devemos observar que há ainda dois métodos que podem ser 
aplicados na análise para aplicação do Direito Internacional Privado nesta 
dimensão e alcance: o universalista e o particularista. Conforme ensina Dolinger, 
o método universalista procura soluções internacionais a serem definidas 
13 
 
 
através de Convenções e Tratados, enquanto que o método particularista busca 
a aplicação do direito positivo interno sobre as relações privadas no plano 
internacional, para o qual analisa como principal fonte a legislação de cada país 
e determina qual deve ser aplicada. 
Com esta explicação inicial, podemos dizer, que caminhamos até aqui 
com todo o desenvolvimento da Economia Digital e dos negócios e relações 
através da Internet aplicando muito mais o método particularista e que para que 
possamos evoluir, dar um grande salto na proteção dos Cyber Rights devemos 
passar a adotar a abordagem do método universalista que se mostra mais 
apropriado e provavelmente possa ser mais eficiente considerando todas as 
peculiaridades do ambiente da Internet. 
O caso mencionado anteriormente sobre o uso do aplicativo Uber traz a 
discussão sobre a aplicação da lei estrangeira dentro de um território ao invés 
da lex fori. O que deve prevalecer nestes casos de relações estabelecidas pela 
Internet, em que é muito comum cada uma das partes estar em um local, sujeita 
a regras de um ordenamento jurídico distinto? Em se tratando do Uber a lei 
aplicável será a dos Países Baixos ou a Brasileira, afinal? 
Há justamente uma discussão atual sobre a importância de se promover 
um Tratado Internacional sobre a proteção do consumidor, principalmente com 
o crescimento das relações via digital, pela internet, e tendo em vista que o 
entendimento deveria ser o de sempre prevalecer a regra que seja mais benéfica 
ao usuário do serviço (consumidor), seja se a do país (local de origem) onde este 
estiver ou a do país de origem do prestador do serviço (transportador) ou terceira 
aplicável ao caso (Tratado ou outra lei prevista por contrato). 
Em que pese que no tocante a aplicação de Tratado Internacional, merece 
destacar, que tanto a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro faz 
previsão desta possibilidade, como o art. 7.º do Código de Defesa do 
Consumidor, como o art. 3.º. da Lei do Marco Civil da Internet. Mas em todos os 
casos, ainda assim, deveria prevalecer sempre o que for mais benéfico ao 
consumidor no caso concreto. Mas será que é isso que está ocorrendo 
atualmente na Internet? Dificilmente. 
14 
 
 
A Internet está sendo regida por regras contratuais determinadas por 
empresas privadas. Em muitos casos, estes contratos sim estão construindo 
verdadeira fonte de uniformização do direito tendo em vista que os serviços são 
ofertados para diversos países. 
Pierre Mayer trata em seu artigo Choix d’articles trata justamente sobre a 
atualidade e a importância do problema da aplicação da lei estrangeira. Mas será 
que a velocidade com que as coisas ocorrem no ambiente digital, este dito 
“tempo real” da internet permitiria, de fato que fosse possível aplicar o método 
de análise tradicional, onde precisa haver toda uma verificação através do 
Judiciário local, onde o Magistrado avalia se irá aplicar a Lei Estrangeira ou a Lei 
do Foro? Ou seria mais fácil que sempre que um caso tivesse se originado na 
Internet pudesse ser aplicado um conjunto de regras e princípio de Ordem 
PúblicaDigital? 
Pois a verificação no caso a caso sobre a aplicação direta ou indireta da 
lei estrangeira, onde, caso a mesma não fira a Constituição daquele Estado, nem 
tampouco do seu Estado originário, ou seja, após a análise do controle intrínseco 
e do controle extrínseco, então, só assim, é aplicado o Direito Estrangeiro. Por 
outro lado, na hipótese de não aplicação do Direito Estrangeiro, não havendo 
qualquer aproveitamento deste, então aplica-se alexfori, parece ser um método 
pouco eficaz para o cenário atual digital, que exige respostas rápidas e 
capacidade de executividade imediata a um baixo custo para a parte credora do 
direito (tanto em termos de tempo como em termos de recursos financeiros, sob 
pena de se estar provocando uma marginalização do acesso à Justiça às 
avessas, visto que o usuário já desiste antes mesmo de buscar seu direito por 
entender que não terá chance de lograr êxito, ou não poder esperar por isso, ou 
não ter como patrocinar a causa). 
Ademais, dentro Direito Internacional privado, o princípio da Ordem 
Pública é o principal a ser invocado no sentido de impedir ou limitar a aplicação 
de leis estrangeiras, o reconhecimento de atos realizados no exterior e a 
execução de sentenças proferidas por tribunais de outros países. Isso tem 
relação com o fato de que cada Estado delimita a competência de seu 
ordenamento jurídico que está relacionado intimamente com o conceito de 
soberania. 
15 
 
 
Além disso, deve-se destacar também a prevalência da aplicação do 
método de tratamento de conflito de leis clássico: onde se aplica a lei do foro ou 
a lei do local de execução de uma obrigação, com regras de conflito bilaterais 
(lei de direito público) e regras de conflitos unilaterais (decisões legislativas) e 
traz a discussão sobre o caráter secundário ou subsidiário da lei estrangeira. 
Bem, novamente, verifica-se a necessidade de se desenvolver algo novo, 
melhor adaptável para o cenário da Internet, que possa aproveitar o que já 
funciona no contexto internacional mas elevar a categoria desta norma da 
Internet a um nível supraconstitucional, para que seja aplicável independente da 
discricionariedade de cada magistrado de origem em cada país. 
Apenas assim este modelo receberia a funcionalidade de máximo 
desempenho só alcançado quando há normas de aplicação imediata, sem que 
haja discussão de competência de ordenamento jurídico. Haveria uma grande 
economia de tempo ao não haver necessidade de debate sobre qual lei deva ser 
aplicada, pois haveria uma jurisdição da Internet, com a Constituição a ser 
aplicada da mesma sobre os seus cidadãos digitais. 
Apesar desta ideia parecer muito boa ela se aproxima de uma 
conceituação utópica. Isto porque toda a história do direito nos mostra que até 
então a competência de um ordenamento jurídico está diretamente relacionada 
a um domínio espacial e que o mesmo ocorre quando há necessidade de se 
verificar qual será a aplicação de uma regra. 
Tanto é que um dos princípios adotados pelo Direito Internacional Privado 
é justamente o da proximidade, que está relacionado com a localização das 
pessoas em relação à lei do foro (quanto mais perto maior a aplicabilidade da 
ordem pública e a rejeição da lei estrangeira). 
Resolver o conflito de leis no espaço é um dos maiores desafios da 
Sociedade Digital, globalizada, universalizada, conectada e aterritorial. Além 
disso, também deve ser resolvida a relação de poder entre o Estado e o seu 
Nacional, visto que há um forte elo de concepção política a uma pessoa a um 
ordenamento jurídico. 
16 
 
 
Portanto, como visto, o critério espacial é muito forte e abrange todas as 
regras que indiquem expressamente o seu domínio de aplicação em seu espaço 
e aplica, em princípio, pelo menos no território do estado que editou a lei. 
Como cabe ao Juiz decidir o que seja contrário à Ordem Pública, cabendo 
ao legislador apenas dar-lhe uma direção, caberá ao final ao direito internacional 
privado do foro a tarefa de incorporar o conteúdo da disposição legal quer seja 
em caráter excepcional ou mediante solicitação e de certo modo abstrair da 
designação característica do método clássico do conflito de leis. 
Mas se a Internet assumir uma Jurisdição própria, passar a ter a 
prerrogativa de Ordem Pública Internacional Digital, então, não haveria 
discussão sobre aplicação de direito estrangeiro versus lex fori. 
O tema sobre conflito de competência na Internet tem se mostrado 
extremamente relevante e vem crescendo ao longo dos anos. Em nível nacional, 
as discussões ficam em torno se a competência é da Justiça Estadual ou da 
Federal, em casos que vão de Racismo até Infração de Direito Marcário. Já em 
nível Internacional, o enfrentamento maior envolve questões relacionadas à qual 
lei deve prevalecer. Também tem havido muita discussão sobre tributos, a quem 
cabe a legitimidade de cobrar pelo recolhimento dos impostos. 
No tocante especificamente ao conflito de competência para os casos de 
racismo praticado na Internet, há o entendimento do STF de que se a ofensa for 
pessoal, ou seja, dirigida a uma pessoa identificável ou identificada, a 
competência é da Justiça Estadual, mesmo que o crime tenha ocorrido através 
da Internet. 
No entanto, se a mesma for praticada em caráter genérico, devido ao fato 
do Brasil ser signatário da “Convenção Internacional Sobre a Eliminação de 
Todas as Formas de Discriminação Racial”, e também da “Convenção 
Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas 
de Intolerância” e da “Convenção Interamericana contra Toda Forma de 
Discriminação e Intolerância”, a competência restaria da Justiça Federal. Mas 
para tanto, o Ministério Público Federal vem prolatando entendimento de que só 
ocorreria a atração para Justiça Federal se estivesse presente outro requisito 
constitucional adicional que seria o da conduta com resultado no exterior ou 
17 
 
 
praticada no exterior – o que não ocorre quando se trata de rede social fechada 
e com participação de particulares identificáveis. 
Apenas com este exemplo, considerando tudo que já evoluímos sobre a 
proteção de Direitos Humanos, vê-se que em um caso concreto, a vítima fica a 
mercê de toda uma discussão procedimental, incidental ao direito principal, por 
não se conseguir chegar a um consenso apenas sobre a competência 
jurisdicional dentro de um único país, no caso do Brasil. 
 
6. COMO RESOLVER AS QUESTÕES DE CONFLITOS 
DE LEI NA INTERNET 
 
Seria o Direito Internacional Privado a melhor fórmula jurídica para a 
solução de conflitos de leis na Internet? 
O Direito Internacional Privado seria constituído por um conjunto de regras 
colisionais que visam solucionar conflitos entre normas atemporais e 
interespaciais (internacionais ou internas). 
Em princípio, seu papel, não seria o de formular a regra que vai reger o 
caso, mas sim indicar dentre as normas qual deverá prevalecer. Sendo assim, 
são fontes do Direito Internacional Privado: a lei, a doutrina, jurisprudência, os 
Tratados e Convenções Internacionais. 
Conforme as lições de Dolinger, os elementos relacionados ao fato tais 
como o sujeito (capacidade), determinado local onde está situado, onde será a 
sede da relação jurídica, objeto (imóvel ou móvel), ato jurídico (localização do 
ato). 
A Justiça Internacional, tem sido confrontada com demandas, 
transnacionais e multiterritoriais, que compreendem o ciberespaço, envolvendo 
violação ao direito de personalidade (como a honra, imagem e privacidade), 
direitos de propriedade intelectual e delitos criminais. Situação esta que desperta 
a necessidade de proteção do indivíduo usuário assim como a avaliação da 
18 
 
 
extensão dos danos decorrentes da atividade cibernética ilícita (POLIDO, 2018, 
p. 3). 
“Promover a conscientização de como usar a internet de maneira livre e 
segura, sempre resguardando os princípios da liberdadee dos Direitos 
Humanos”, essa é a proposta trazida pela SaferNet, organização não-
governamental que congrega cientistas da computação, professores, 
pesquisadores e juristas. Dados disponíveis no próprio site da associação 
expõem que em 12 anos, a SaferNet recebeu e processou 3.925.405 denúncias 
anônimas, envolvendo 701.224 páginas (URLs) distintas escritas em 9 idiomas 
e hospedadas em 94.155 hosts diferentes, conectados à Internet através de 
56.416 números IPs distintos, atribuídos para 101 países em 5 continentes. Esta 
é uma referência nacional na promoção e defesa dos Direitos Humanos na 
Internet no Brasil e que inevitavelmente lida com questões que envolvem 
relações jurídicas internacionais. 
Considerando isso, a maioria dos conflitos de lei na Internet são resolvidos 
aplicando-se alguns princípios, conforme abaixo: 
 Princípio da origem da conexão das partes 
 Princípio do local da execução do ato ou das obrigações 
 Princípio do endereço do IP onde está hospedado do domínio ou o 
servidor de dados 
 Princípio da convenção entre as partes através de contrato (termo 
de uso principalmente tem sido o mais comum) 
 Princípio da lei mais favorável ao consumidor 
 Princípio do local de maior eficácia da executividade da sentença 
Mas há ainda muito que evoluir no sentido de se garantir uma melhor 
jurisdição na Internet. Mesmo o que já está convencionado por Tratado 
Internacional tem tido dificuldade de ter sua aplicação garantida em nível 
internacional global digital visto todas as questões já apontadas. 
Mesmo os casos de investigação criminal, com todos os tratados de 
cooperação internacional como o Mutual Legal Assistant Treaty (MLAT), do qual 
o Brasil é signatário, também tem sofrido obstáculos que dificultam o seu 
19 
 
 
desenrolar de modo a se trazer maior segurança jurídica para os cidadãos 
digitais. 
 
 
7. CYBER RIGHTS 
 
Os Cyber Rights no entendimento de Mike Godwin, seriam um conjunto 
de valores, de base pluralista e supraconstitucionais, aplicáveis aos usuários da 
Internet, independente do seu Estado de origem. 
Tendo em vista que a Constituição é a lei fundamental de um ente político, 
a partir do momento que o Estado passa a estar inserido em um contexto de 
relações internacionais, este Estado passa a se ver de fora para dentro, 
assumindo-se como participante da integração internacional, pelo que pode ter 
que reconhecer alguns limites à atuação mesmo que de seus direitos 
fundamentais. 
Segundo a doutrina prevalece o entendimento de que as normas 
constitucionais devem ser aplicadas diretamente nas relações entre pessoas 
físicas e jurídicas públicas e privadas, indo além de princípios fundamentais para 
nortear as autoridades (metas para o legislador) e assumindo o papel de status 
positivus. Por isso, este mesmo status deveria alcançar uma norma que quisesse 
almejar uma abrangência global através da Internet. 
Mas toda Constituição tem por certo uma forma de ser cunhada com base 
em fundamentos políticos ideológicos, cujo maior desafio seria o de justamente 
conseguir encontrar o ponto de equilíbrio para algo desta magnitude. 
Mas pode-se utilizar como referência o modelo já testado e aplicado com 
“OMC-OMPI-WIPO-ICANN”, que apesar de não conseguir trazer mais respostas 
para todas as questões relacionadas as disputas comerciais e marcárias de uma 
economia globalizada ainda tem se mostrado bem eficiente desde TRIPS e 
GATT. Mas o que o futuro nos reserva? 
20 
 
 
Nas palavras do Prof. Jose de Oliveira Ascensão, a globalização pode se 
tornar uma ferramenta para cooperação ou um meio de dominação. A realidade 
digital trouxe um modelo ultraliberal e cujo poder tem liquidado e enfraquecido 
as economias nacionais. 
A maioria dos países não possui, organizado sob a forma legal, um corpo 
de princípios e normas para orientar os Tribunais sobre como regular as relações 
internacionais trazidas para a sua apreciação (uma metodologia legal para 
aplicar o Direito Internacional Privado). Imagine-se então, a proposta da criação 
de uma Constituição da Internet, assim irá facilitar toda esta discussão, que é 
infindável, quando o assunto envolve conflito de leis e jurisdição na Internet se 
for possível apenas aplicar um conjunto de regras próprios com força de norma 
constitucional. 
Como a Constituição é o lugar mais apropriado para formular o princípio 
de igualdade de tratamento entre a ordem jurídica do foro e a estrangeira, uma 
Constituição da Internet teria este condão de igualar a todos (aplicação do 
mecanismo onde a própria ordem pública internacional tornar-se-ia digital). 
Mas ainda precisaremos avançar muitas etapas até podermos construir 
uma base consensual sobre questões polêmicas com entendimentos tão 
divergentes como no tocante a privacidade e proteção de dados, onde a posição 
dos EUA tem sido pelo máximo da liberdade contratual e a da Comunidade 
Europeia tem sido pelo maior protecionismo do indivíduo usuário digital de 
serviços da internet. 
Abaixo, um quadro resumo do que seria um primeiro esboço de um 
conjunto de princípios a compor a “Carta Magna da Internet”, esta constituição 
digital a proteger os direitos dos cidadãos conectados: 
26 Princípios Gerais de uma Ordem Pública Digital através da Internet 
“Lex Digitalis” 
1. Princípio da inclusão e do acesso à informação e ao conhecimento 
2. Princípio da Transparência 
3. Princípio da Proteção dos Direitos Humanos na Internet 
21 
 
 
4. Princípio do Uso ético da tecnologia 
5. Princípio da presunção da Boa-fé 
6. Princípio da Vedação ao Anonimato na Manifestação do Pensamento 
(a exceção de denúncia anônima) 
7. Princípio da Liberdade de expressão 
8. Princípio da Proteção da Privacidade dos Indivíduos 
9. Princípio a Proteção dos dados dos Indivíduos 
10. Princípio Proteção da Imagem e Reputação 
11. Princípio da Proteção do Consumidor 
12. Princípio Proteção dos Direitos Autorais, da Inovação, da Invenção e 
Criação na Sociedade do Conhecimento 
13. Princípio da Colaboração e do Compartilhamento 
14. Princípio da Livre-Iniciativa 
15. Princípio da Liberdade de Ir e Vir 
16. Princípio da Segurança da Informação (disponibilidade, autenticidade, 
integridade, confidencialidade, legalidade) 
17. Princípio da Responsabilidade por ação ou omissão 
18. Princípio da confidencialidade das comunicações telegráficas, 
telefônicas, telemáticas e eletrônicas 
19. Princípio do menor dano possível (para retirada de conteúdos do ar 
da Internet 
20. Princípio de que todo dano deve ser reparado 
21. Princípio da solução amigável e não enfrentamento 
22. Princípio do uso de meios de mediação e arbitragem 
23. Princípio da Cooperação Internacional para investigação de casos 
digitais 
22 
 
 
24. Princípio da obrigação da guarda de provas eletrônicas para 
determinação de autoria em meios digitais (logs de conexão e acesso) 
25. Princípio do acesso à Justiça célere 
26. Princípio da máxima punição para crimes digitais graves de maior 
poder ofensivo (devido a sua ocorrência de forma ardil e covarde, com alto 
impacto social) 
 
8. CONCLUSÃO 
 
O Direito é formado por um conjunto de princípios, que por sua vez, 
representam valores que devam ser protegidos em um determinado momento 
da sociedade (no tempo) e em um determinado local (no espaço). 
O Direito Digital, por sua vez, representaria a evolução do próprio Direito, 
em uma Sociedade cada vez mais globalizada, sem fronteiras físicas e onde os 
limites geográficos ficam relativizados. Portanto, ele requer uma visão cada vez 
maior de aplicação dos métodos do Direito Internacional, Público e Privado, 
como fórmula para solução de seus conflitos, mas anseia pela possibilidade de 
um redesenho da estrutura técnica-legal que permita a construção de uma 
Constituição da Internet, que possa assim, diminuir os conflitos de jurisdição e 
aumentar a eficáciado próprio Direito. 
No tocante aos princípios gerais do Direito Digital, sempre será atual os 
três preceitos fundamentais do direito originados do direito romano, com forte 
influência da filosofia grega, que formam as bases do ideal de justiça: Iuris 
praecepta sunt haec: honeste vivere, o alterum non laedere, o suum cuique 
tribuere, que significa: os preceitos do direito são estes: viver honestamente, não 
lesar a outrem, dar a cada um o que é seu. 
O Direito Digital necessita: de celeridade e conhecimento técnico (o que 
se consegue criando uma Vara Especializada, assim como tem a Delegacia 
Especializada de Crimes Eletrônicos e uma Câmara de Julgamentos em nível 
Global – sem limites físicos de ordenamentos jurídicos), aplicando-se preceitos 
23 
 
 
de mediação e uso de auto-regulamentação através de princípios (“Lex Digitalis 
Global”), aplicação maior de valores que são sim um poderoso instrumento 
jurídico e de construção de cultura. 
Se somos capazes de encontrar esta base de valores comuns e 
universais, a história tem mostrado que sim. Deve prevalecer a proteção dos 
direitos humanos na internet. O Direito como um fim e não como um meio, visto 
que não se pode deixar uma vítima desamparada à espera da discussão sobre 
qual a lei aplicável ou qual a jurisdição. Na era do tempo real, a demora na 
aplicação do Direito pode significar a morte do próprio Direito. 
O Direito da Sociedade Digital, assim como o Direito Comparado é um 
fenômeno que não conhece fronteiras. Portanto, exige uniformização de 
procedimentos por parte dos Estados, isto se dá através da consagração dos 
princípios que informarão o sistema, que funcionarão como base de sustentação. 
Caberá aos princípios, uma vez consagrados, harmonizar a aplicação das 
regras nesta seara, sendo diretriz para nortear a conduta dos indivíduos a fim de 
se alcançar uma sociedade digital sustentável. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ASCENSÃO, José de Oliveira. VICENTE, Dário Moura. Direito da 
Propriedade Industrial - Colectânea de Textos Legislativos e Regulamentares . 
Ed. Coimbra, 2013.BARROSO, Luis Roberto. A Constituição e o conflito de 
normas no espaço. Direito Constitucional Internacional.Revista da Faculdade de 
Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. n. 4. p. 201-30. Rio de 
Janeiro, 1996. 
________.Interpretação e Aplicação da Constituição: fundamentos de 
uma dogmática constitucional transformadora. 6. ed. rev. atual e ampl. São 
Paulo: Saraiva, 2004. 
BIEGEL, Stuart. Beyond Our Control? Confronting the limits of Our Legal 
Systems in the Age of Cyberspace. MIT Press. Massachusetts. 2003. 
BOBBIO, Norberto. As razões da tolerância. A era dos direitos[L’età dei 
Diritti]. Trad. Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Campus, 1992. 
CITTADINO, Gisele.Pluralismo, Direito e justiça distributiva: elementos da 
filosofia constitucional contemporânea. 4. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. 
DÍAZ REVORIO, Francisco Javier.Valores superiores e interpretación 
constitucional. Madrid: Centro de Estudios Políticos y Constitucionales, 1997. 
DOLINGER, Jacob. Contratos e obrigações no direito internacional 
Privado. Rio de Janeiro: Renovar, 2007. 
________. Direito Internacional Privado – Parte Geral. 10. ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2011. 
________. Direito Internacional Privado – do Princípio da Proximidade ao 
Futuro da Humanidade. Direito & Amor. Rio de Janeiro: Renovar, 2009. 
 
25 
 
 
GODWIN, Mike. Cyber Rights: defending Free Speech in the Digital Age. 
The MIT Press. 2003. 
FIUZA, Ricardo Arnaldo Malheiros. Direito constitucional comparado. 4. 
ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2004. 
JEANNENEY, Jean-Noel. Quando o Google desafia a Europa em defesa 
de uma reação. ContraCapa, 2006. 
JITTA, Josephus. La Rénovation du Droit International sur la base d’ ne 
communauté juridique du genre humain, La Haye, Martinus Nijhoff, 1919. 
MAYER, Pierre.Choix d’articles. Paris: LGDJ, 2015. 
MARQUES, Claudia Lima. A insuficiente proteção do consumidor nas 
normas de Direito Internacional Privado – Da necessidade de uma Convenção 
Interamericana (CIDIP) sobre a lei aplicável a alguns contratos e relações de 
consumo. Disponível 
em:[www.oas.org/dil/esp/CIDIPVII_home_temas_cidipvii_proteccionalconsumid
or_leyaplicable_apoyo_propuestabrasil_port.pdf]. Acesso em: 14 ago. 2016. © 
edição e distribuição da EDITORA REVISTA DOS TRIBUNAIS LTDA. 
MONACO, Gustavo Ferraz de Campos.Controle de Constitucionalidade 
da Lei Estrangeira.São Paulo: Quartier Latin, 2014. 
MOURA RAMOS, Rui Manuel Gens de.Direito Internacional Privado e 
Constituição: introdução a uma análise das suas relações. Coimbra: Coimbra 
Ed., 1994. 
RICŒUR, Paul. Tolerância, intolerância, intolerável. Leituras 1: em torno 
ao político [Lectures 1: autour du politique]. Trad. Marcelo Perine. São Paulo: 
Loyola. 1995. 
WEINBERGER, David. A nova desordem digital. São Paulo: Campus, 2012.

Outros materiais