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Disciplina | 
Introdução ao Judaísmo 
www.cenes.com.br | 1 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA 
INTRODUÇÃO A RELIGIÕES COMPARADAS 
 
Introdução a Religiões Comparadas | 
Sumário 
www.cenes.com.br | 2 
Sumário 
Sumário ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 2 
1 Introdução ao Judaísmo --------------------------------------------------------------------------- 6 
2 Conhecendo a História do Povo Judeu --------------------------------------------------------- 6 
2.1 O Judeu e as Escrituras ----------------------------------------------------------------------------------------- 7 
2.2 O Shabat ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 8 
2.3 A Estrela de David: Seu Principal Símbolo ---------------------------------------------------------------- 8 
2.4 Hebreus, Israelitas, Judeus e Israelenses ------------------------------------------------------------------ 9 
2.5 O Calendário Judaico ------------------------------------------------------------------------------------------- 9 
2.6 Correntes no Judaísmo --------------------------------------------------------------------------------------- 10 
2.6.1 Judaísmo Messiânico -------------------------------------------------------------------------------------------------- 10 
2.7 Literatura Hebraica -------------------------------------------------------------------------------------------- 11 
2.8 Antiguidade e diáspora -------------------------------------------------------------------------------------- 12 
2.9 Monoteísmo ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 12 
2.10 Revelação -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 13 
2.11 Conceitos de vida e morte ---------------------------------------------------------------------------------- 13 
2.11.1 Ressurreição e a vida além-morte ------------------------------------------------------------------------------ 14 
2.12 Cabala ------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 14 
2.13 A Lei e o Judeu-------------------------------------------------------------------------------------------------- 15 
2.14 Sinagoga --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 15 
2.15 Cherem ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 16 
2.16 Cultura ------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 16 
2.17 Vestimentas ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 16 
2.18 Rituais ------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 17 
2.19 Comidas ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 17 
2.20 Festas Judaicas ------------------------------------------------------------------------------------------------- 17 
2.21 Língua hebraica ------------------------------------------------------------------------------------------------ 18 
2.22 Os concertos de Deus com Abrão ------------------------------------------------------------------------- 19 
2.23 O concerto de Deus com Isaque --------------------------------------------------------------------------- 19 
2.24 O concerto de Deus com Jacó ------------------------------------------------------------------------------ 20 
2.25 O concerto de Deus com Davi ------------------------------------------------------------------------------ 20 
2.25.1 Jesus Cristo em relação a este concerto ----------------------------------------------------------------------- 21 
2.26 Israel no Plano Divino para a Salvação ------------------------------------------------------------------- 21 
Introdução a Religiões Comparadas | 
Sumário 
www.cenes.com.br | 3 
3 Atributos exclusivos de Deus Jeová ---------------------------------------------------------- 23 
3.1 Jeová - Jehovah -, em Êxodo 6.3 (Versão do Rei James, de 1611). -------------------------------- 27 
4 O Nascimento do Cristianismo----------------------------------------------------------------- 28 
4.1 A religião cristã no Estado Romano ----------------------------------------------------------------------- 28 
4.2 A interseção entre a religião Cristã, o Império Romano e o Judaísmo -------------------------- 29 
4.3 O desenvolvimento do Cristianismo ---------------------------------------------------------------------- 31 
4.4 Religião e sociedade após o fim do Império Romano ------------------------------------------------ 33 
4.5 A Patrística e a Escolástica ---------------------------------------------------------------------------------- 34 
5 Alcorão, livro sagrado do Islamismo --------------------------------------------------------- 35 
5.1 Oração dos mulçumanos ------------------------------------------------------------------------------------ 35 
5.2 Muçulmanos Xiitas -------------------------------------------------------------------------------------------- 36 
5.3 Muçulmanos Sunitas ----------------------------------------------------------------------------------------- 37 
5.4 Ensinos, Crenças e Práticas ---------------------------------------------------------------------------------- 37 
5.5 O Livro Sagrado – Alcorão ----------------------------------------------------------------------------------- 38 
5.6 Os Cinco Pilares ------------------------------------------------------------------------------------------------ 39 
5.7 Fundamentos Doutrinários Ensinados pelo Alcorão ------------------------------------------------- 41 
5.7.1 Deus ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 41 
5.7.2 Espírito Santo ------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 42 
5.7.3 Humanidade ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 43 
5.7.4 Pecado -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 44 
5.7.5 Salvação ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 44 
5.7.6 A Descrição do Inferno no Islamismo ------------------------------------------------------------------------------ 45 
5.7.7 A Descrição do Paraíso ------------------------------------------------------------------------------------------------ 47 
6 Hinduísmo ------------------------------------------------------------------------------------------- 49 
6.1 História do Hinduísmo --------------------------------------------------------------------------------------- 50 
6.2 Prática de Fé do Hinduísmo --------------------------------------------------------------------------------- 50 
6.3 Ensinos do Hinduísmo ---------------------------------------------------------------------------------------- 51 
6.4 Deus --------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 51 
6.5 Jesus Cristo ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 53 
6.6 Espírito Santo --------------------------------------------------------------------------------------------------- 55 
6.7 A Criação --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 57 
6.8 Carma, Reencarnação e Salvação ------------------------------------------------------------------------- 59 
7 Budismo --------------------------------------------------------------------------------------------- 60 
7.1Ensinos ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 61 
7.2 Os ensinamentos, a filosofia e os princípios ------------------------------------------------------------ 62 
Introdução a Religiões Comparadas | 
Sumário 
www.cenes.com.br | 4 
8 Confucionismo ------------------------------------------------------------------------------------- 64 
8.1 Confucionismo - Filosofia ou Religião? ------------------------------------------------------------------- 64 
8.2 Crenças e Práticas Confucionistas ------------------------------------------------------------------------- 65 
8.2.1 Deus ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 65 
8.2.2 Adoração dos Ancestrais ---------------------------------------------------------------------------------------------- 66 
8.2.3 Piedade Filial ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 67 
8.2.4 Geomancia --------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 67 
8.3 Sucessores de Confúcio -------------------------------------------------------------------------------------- 67 
8.4 Processo da Deificação de Confúcio ---------------------------------------------------------------------- 67 
8.5 Os Cinco Clássicos --------------------------------------------------------------------------------------------- 68 
8.6 A vida além da morte ----------------------------------------------------------------------------------------- 68 
8.7 Confúcio continua vivo --------------------------------------------------------------------------------------- 69 
8.8 Refutações apoiadas nas verdades bíblicas ------------------------------------------------------------ 69 
8.8.1 Quanto a natureza humana ------------------------------------------------------------------------------------------ 69 
8.9 Deidades adoradas no Confucionismo ------------------------------------------------------------------- 70 
8.9.1 Atributos divinos no Confucionismo ------------------------------------------------------------------------------- 71 
9 Espiritismo ------------------------------------------------------------------------------------------ 71 
9.1 Segundo a Doutrina espírita -------------------------------------------------------------------------------- 71 
9.2 Origens do Espiritismo --------------------------------------------------------------------------------------- 71 
9.3 As Doutrinas Espíritas e a Bíblia --------------------------------------------------------------------------- 73 
9.4 Comunicação com os Mortos ------------------------------------------------------------------------------- 73 
9.5 Reencarnação--------------------------------------------------------------------------------------------------- 73 
9.6 O que dizer das Curas do Espiritismo? ------------------------------------------------------------------- 74 
9.7 Allan Kardec era racista -------------------------------------------------------------------------------------- 74 
9.8 O Espiritismo prega a Destruição do Cristianismo ---------------------------------------------------- 74 
9.9 O Espiritismo Nega a Existência dos Demônios -------------------------------------------------------- 75 
9.10 O Espiritismo Nega que a Morte e Cristo Sirva para Expiar Pecados ----------------------------- 76 
9.11 O Espiritismo Nega a Ressurreição do Corpo ----------------------------------------------------------- 76 
9.12 O Espiritismo não crê que Jesus Ressuscitou ----------------------------------------------------------- 77 
9.13 O Espiritismo Nega a Existência de Céu ------------------------------------------------------------------ 77 
9.14 O Espiritismo Nega a Existência do Inferno ------------------------------------------------------------- 80 
10 Teosofia ------------------------------------------------------------------------------------------- 82 
10.1 Princípios e ensinos do teosofismo ----------------------------------------------------------------------- 83 
10.2 A respeito de Deus -------------------------------------------------------------------------------------------- 83 
10.3 A Reencarnação ------------------------------------------------------------------------------------------------ 85 
Introdução a Religiões Comparadas | 
Sumário 
www.cenes.com.br | 5 
10.4 A Segurança da Bíblia ----------------------------------------------------------------------------------------- 86 
10.5 A Raça Humana ------------------------------------------------------------------------------------------------ 87 
10.6 Cristo -------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 88 
11 Religiões Afro-Brasileiras -------------------------------------------------------------------- 89 
11.1 Candomblé e suas Origens ---------------------------------------------------------------------------------- 89 
11.2 Quem São os Orixás ------------------------------------------------------------------------------------------- 90 
11.2.1 Os Orixás e o Sincretismo ----------------------------------------------------------------------------------------- 90 
11.2.2 Dias, Orixá, Sincretismo ------------------------------------------------------------------------------------------- 90 
11.3 A Bíblia Condena o Sincretismo ---------------------------------------------------------------------------- 91 
11.4 Cerimônia em homenagem aos Orixás ------------------------------------------------------------------ 92 
11.5 Candomblé de Caboclo --------------------------------------------------------------------------------------- 92 
11.6 O Relacionamento com as divindades ------------------------------------------------------------------- 93 
11.7 O Que diz a Bíblia ---------------------------------------------------------------------------------------------- 93 
11.8 Umbanda -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 94 
11.8.1 Modalidade de trabalho------------------------------------------------------------------------------------------- 94 
11.8.2 Cultos e Rituais ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 95 
11.8.3 Surgimento no Brasil ----------------------------------------------------------------------------------------------- 95 
11.8.4 Ramificações da Umbanda --------------------------------------------------------------------------------------- 96 
11.8.5 Hierarquia na Umbanda ------------------------------------------------------------------------------------------- 97 
11.8.6 Umbanda é a Negação do Cristianismo ------------------------------------------------------------------------ 99 
11.8.7 Quimbanda (macumba) ------------------------------------------------------------------------------------------- 99 
12 Referências ------------------------------------------------------------------------------------- 101 
 
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Introdução a Religiões Comparadas | 
Introdução ao Judaísmo 
www.cenes.com.br | 6 
1 Introdução ao Judaísmo 
O termo “judaísmo” veio ao português pelo termo grego Ιουδαϊσμός (transl. 
Iudaïsmós), que, por sua vez, designava algo ou alguém relacionado ao topônimo Judá 
- em grego Ιούδα (transl. Iúda), e em hebraico (transl. Yehudá), é uma das três 
principais religiões abraâmicas, definida como a “religião, filosofia e modo de vida” do 
povo judeu. As leis básicas e princípios do Judaísmo derivam da Torá - Pentateuco, os 
cinco primeiros livros da Bíblia. O mais importante ensinamento do Judaísmo é o de 
que existe um só Deus, incorpóreo e eterno,que quer que todos os povos façam o 
justo e o misericordioso. Todos os seres humanos são criados na imagem de Deus e 
merecem ser tratado com dignidade e respeito. 
Originário da Bíblia Hebraica (também conhecida como Tanakh) e explorado em 
textos posteriores, como o Talmud, é considerado pelos judeus religiosos como a 
expressão do relacionamento e da aliança desenvolvida entre Deus com os Filhos de 
Israel. De acordo com o judaísmo rabínico tradicional, Deus revelou as suas leis e 
mandamentos a Moisés no Monte Sinai, na forma de uma Torá escrita e oral. Esta foi 
historicamente desafiada pelo caraítas, ummovimentoquefloresceu no período 
medieval, que mantém vários milhares de seguidores atualmente e que afirma que 
apenas a Torá escrita foi revelada. Nos tempos modernos, alguns movimentos liberais, 
tais como o judaísmo humanista, podem ser considerados nãoteístas. 
O judaísmo afirma uma continuidade histórica que abrange mais de 3.000 anos. 
É uma das mais antigas religiões monoteístas e a mais antiga das três grandes religiões 
abraâmicas que sobrevive até os dias atuais. Os judeus são um grupo etnoreligioso e 
incluem aqueles que nasceram judeus e foram convertidos ao judaísmo. 
Em 2010, a população judaica mundial foi estimada em 13,4 milhões, ou 
aproximadamente 0,2% da população mundial total. Cerca de 42% de todos os judeus 
residem em Israel e cerca de 42% residem nos Estados Unidos e Canadá, com a maioria 
dos vivos restantes na Europa. O maior movimento religioso judaico é o judaísmo 
ortodoxo (judaísmo haredi e o judaísmo ortodoxo moderno), o judaísmo conservador 
e o judaísmo reformista. A principal fonte de diferença entre esses grupos é a sua 
abordagem em relação à lei judaica. 
 
2 Conhecendo a História do Povo Judeu 
A Bíblia é a referência para entendermos a história deste povo. De acordo com 
Introdução a Religiões Comparadas | 
Conhecendo a História do Povo Judeu 
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as Escrituras Sagradas, por volta de 1800 a.C, Abraão recebeu uma sinal de Deus para 
abandonar o politeísmo e para viver em Canaã (atual Palestina). Isaque, filho de 
Abraão, tem um filho chamado Jacó. Este luta, num certo dia, com um anjo de Deus e 
tem seu nome mudado para Israel. 
Os doze filhos de Jacó dão origem as doze tribos que formavam o povo judeu. 
Por volta de 1700 a.C. o povo judeu migra para o Egito, porém são escravizados pelos 
faraós por aproximadamente 400 anos. A libertação do povo judeu ocorre por volta 
de 1300 a.C. A fuga do Egito foi comandada por Moisés, que recebe as tábuas dos 
Dez Mandamentos no monte Sinai. Durante 40 anos ficam peregrinando pelo deserto, 
até receber um sinal de Deus para voltarem para a terra prometida, Canaã. 
Jerusalém é transformada num centro religioso pelo rei Davi. Após o reinado de 
Salomão, filho de Davi, as tribos dividem-se em dois reinos: Reino de Israel e Reino de 
Judá. Neste momento de separação, Deus promete a vinda do Messias que iria juntar 
o povo de Israel e restaurar o poder de Deus sobre o mundo. 
Em 721 a.C começa a diáspora judaica com a invasão Babilônica. O imperador da 
Babilônia, após invadir o reino de Israel, destrói o templo de Jerusalém e deporta 
grande parte da população judaica. 
No século I, os romanos invadem a Palestina e destroem o templo de Jerusalém. 
No século seguinte, destroem a cidade de Jerusalém, provocando a segunda diáspora 
judaica. Após estes episódios, os judeus espalham-se pelo mundo, mantendo a cultura 
e a religião. Em 1948, o povo judeu retoma o caráter de unidade após a criação do 
estado de Israel. 
 
2.1 O Judeu e as Escrituras 
O texto religioso judeu mais importante é a Bíblia Hebraica (que os cristãos 
chamam o “Antigo Testamento”), que compreende os livros da Torá, os Profetas e os 
Hagiógrafos (chamados também de Escrituras). 
Depois da destruição do Templo de Jerusalém pelos romanos, no ano 70 da Era 
Cristã, os eruditos religiosos judeus da Terra Santa compilaram os seis volumes da 
Mishná para registrar e preservar a regra da legislação religiosa judia, seus preceitos 
e costumes. Durante os cinco séculos seguintes, a Mishná foi suplementada pela 
Guemará, registro de comentários, discussões e debates aportados de eruditos 
rabínicos de Israel e Babilônia. Juntos, esses dois textos compreendem o Talmud, que 
Introdução a Religiões Comparadas | 
Conhecendo a História do Povo Judeu 
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continua sendo uma fonte viva de estudo, pensamento e comentário religioso. 
 
2.2 O Shabat 
Shabath (do hebraico shabāt; shabos ou shabes na pronúncia asquenazita, 
“descanso/inatividade”), também grafado como sabá (português brasileiro) ou sabat 
(português europeu), é o nome dado ao dia de descanso semanal no judaísmo, 
simbolizando o sétimo dia em Gênesis, após os seis dias de Criação. As origens do 
Shabat se encontram no Decálogo: “Pois Deus criou o mundo em seis dias e 
descansou no sétimo. E Deus abençoou o dia do Shabat e santificou-o” (Êx 20.11). 
O Shabath é, portanto, uma afirmação da Criação Divina: nesse dia interrompe-
se o trabalho, pois assim fez o Criador. O dia de descanso conscientiza o homem de 
que ele não domina o mundo, e de que ele depende do poder supremo de Deus. 
Recebe no Decálogo uma segunda explicação: “Lembrem-se que eram escravos no 
Egito e o Eterno os libertou; por isso Ele lhes ordenou observarem o dia do Shabat” 
(Dt 5.15). O Shabat é assim uma celebração da liberdade. 
 
2.3 A Estrela de David: Seu Principal Símbolo 
A Estrela de David, a estrela de seis pontas, é considerada o símbolo judaico por 
excelência. Dada sua presença constante nos lares judeus e nas sinagogas, costuma-
se atribuir a ela um caráter especificamente judaico. 
A Estrela de David consiste de dois triângulos superpostos em direções opostas. 
Os vértices do primeiro triângulo representam os três pilares da fé: Deus, Homem e 
Povo. O segundotriângulo corresponde aos três grandes momentos da história: 
Criação (passado), Revelação (passado que prossegue no presente) e Redenção 
(futuro). O primeiro triângulo simboliza a fé judaica; o segundo – a história judaica. 
Juntos constituem a essência dos seus ideais. 
Estrela de Davi (em português brasileiro) ou Estrela de David (em português 
europeu) (em hebraico: dwId ygEm, transl. Magen David), conhecida também como 
escudo supremo de Davi (David), é um símbolo em forma de estrela formada por dois 
triângulos sobrepostos, iguais, tendo um a ponta para cima e outro para baixo, 
utilizado pelo judaísmo e por seus adeptos, além de outras doutrinas como Santo 
Daime. Outro nome dado a este símbolo é “Selo de Salomão”. A palavra magen 
significa escudo, broquel, defesa, governante, homem armado, escamas. O 
Introdução a Religiões Comparadas | 
Conhecendo a História do Povo Judeu 
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substantivo magen, refere-se a um objeto que proporciona cobertura e proteção ao 
corpo durante um combate. 
 
2.4 Hebreus, Israelitas, Judeus e Israelenses 
a) Hebreus são os primeiros judeus, os primeiros habitantes da terra de Israel, 
aqueles que usaram pela primeira vez a língua hebraica. O termo tem um 
sentido mais étnico e tribal do que religioso; 
b) Quanto a israelitas e judeus, fazia-se uma distinção no período entre os 
séculos X e VIII antes da Era Comum, quando dez tribos estabeleceram-se 
no norte da Terra Santa (Reino de Israel) e duas no sul (Reino de Judá). 
Hoje, porém, os dois termos são sinônimos. Judeus, por definição, são 
aqueles que aderem ao Judaísmo como religião. E “israelita” é um termo 
usado simplesmente por quem não gosta de ser chamado de judeu. 
Popularmente, os três termos (hebreus, judeus e israelitas) são usados 
indiferentemente. E mesmo entre os eruditos, a distinção não é uniforme. 
c) Israelense, por outro lado, é um termo que designa um cidadão do Estado 
de Israel, não tem nenhuma conotação religiosa ou étnica. 
 
2.5 O Calendário Judaico 
Baseados na Torá a maiorparte das ramificações judaicas segue o calendário 
lunar. O calendário judaico rabínico é contado desde 3761 a.C. O Ano Novo judaico, 
chamado Rosh Hashaná (em hebraico significa, literalmente “cabeça do ano”) é o 
nome dado ao ano-novo no judaísmo), acontece no primeiro ou no segundo dia do 
mês hebreu de Tishrei, que pode cair em setembro ou outubro. 
Os anos comuns, com doze meses, podem ter 353, 354 e 355 dias, enquanto os 
bissextos, de treze meses, 383, 384 ou 385 dias. O calendário judaico começa a ser 
contado em 7 de outubro de 3760 a.C.que para os judeus foi a data da criação do 
mundo. 
Diversas festividades são baseados neste calendário: pode-se dar ênfase às 
festividades de Rosh Hashaná, Pessach, Shavuót, Yom Kipur e Sucót. As diversas 
comunidades também seguem datas festivas ou de jejum e oração conforme suas 
tradições. Com a criação do Estado de Israel diversas datas comemorativas de cunho 
nacional foram incorporadas às festividades da maioria das comunidades judaicas. 
Introdução a Religiões Comparadas | 
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Calendário judaico ou hebraico é o nome do calendário utilizado dentro do 
judaísmo. Atualmente os judeus ortodoxos o utilizam no cotidiano para a 
determinação das datas de aniversário, falecimento, casamento entre outras, 
enquanto a maior parte dos judeus o utilizam somente para fixar as festividades, os 
serviços religiosos e outros eventos da comunidade. O calendário hebraico é um 
calendário do tipo lunissolar cujos meses são baseados nos ciclos da Lua, enquanto o 
ano é adaptado regularmente de acordo com o ciclo solar. Por isso ele é composto 
alternadamente por anos de 12 ou 13 meses 
 
2.6 Correntes no Judaísmo 
Existem três correntes judaicas principais: ortodoxa, reformista e conservadora. 
O judaísmo ortodoxo baseia-se na imutabilidade da Halachá, a lei judaica, uma 
lei que é divina em origem e conteúdo. 
O judaísmo reformista fundamenta-se na mudança; seu próprio nome implica 
um judaísmo em desenvolvimento. 
O judaísmo conservador procura ser um meio termo entre os dois: Halachá como 
ponto de partida, com uma dose de flexibilidade que permita sua aplicação no mundo 
contemporâneo. 
 
 
 
2.6.1 Judaísmo Messiânico 
O judaísmo messiânico mantém e guarda todos os mandamentos e tradições, 
Introdução a Religiões Comparadas | 
Conhecendo a História do Povo Judeu 
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base e sustentáculo da cultura e religião judaica. Acreditam que o messias Y’shua, filho 
de Iossef e Miriam, judeu, que foi circuncidado no oitavo dia, nascido como previram 
as Escrituras em Beth-Lehem (Belém; criado em Nazareth é o messias prometido por 
Deus, o príncipe da paz e salvador de todo Israel, como também dos goyim (gentios). 
Obedecem a Torá, o Tanach e o Brit Chadascha (Novo Testamento). São, porém 
desvinculados da lei oral e escrita rabínica). 
Na Inglaterra, o movimento conhecido como Hebreu-Cristianismo iniciou-se com 
o princípio básico de reunir cristãos de origem judaica, tendo em vista o propósito de 
conscientizá-los de sua identidade judaica e reavivá- la. Nos Estados Unidos, uma 
organização similar foi fundada em 1915 [...] O moderno Judaísmo Messiânico, 
finalmente “estabelecido” a partir da década de 1960, intitula-se como um movimento 
originalmente judaico, fundado por membros judeus e para judeus, embora não seja 
reconhecido como tal [...] Estes grupos messiânicos são apoiados por igrejas 
evangélicas que atualmente tem promovido uma aceitação das tradições judaicas 
como o uso de músicas e orações em hebraico, adoção de festas religiosas judaicas, 
itens como kipá e tefilin [...] O governo de Israel não reconhece os assim 
autodenominados “judeus messiânicos” como judeus para efeitos de aliá (imigração 
de judeus a Israel), uma vez que a Lei do Retorno considera aptos à Aliá filhos ou netos 
de judeus que não sigam crenças e costumes estranhos ao judaísmo, como é o caso 
do cristianismo. 
 
2.7 Literatura Hebraica 
Iniciada com os escritos bíblicos que, ao longo da história, permaneceria como 
sua fonte fundamental de inspiração, a literatura hebraica é uma das mais antigas da 
humanidade. Outro de seus traços característicos é a dispersão no espaço, devido à 
diáspora judaica. 
Os grandes documentos da literatura hebraica são o Antigo Testamento e os 
Apócrifos. Partes dos Pseudoepígrafos e os Peregrinos do Mar Morto, se produziram 
antes da conquista da Judéia do Imperador Tito. A literatura dos judeus se 
desenvolveu basicamente em língua hebraica, ainda que também se produziram obras 
em grego, arameu e árabe. No século II da era cristã começou o período talmúdico, 
que durou até o século VI. Nesta época se recopilou, editou e interpretou o Talmud, 
um trabalho enciclopédico anônimo da religião e da guerra civil. Também formam 
parte da literatura hebraica, a recopilação de halakah, Midrasa (parte do Talmud) e o 
material haggadic. No século IV se finalizou a tradução do Pentateuco e do Profeta. 
Introdução a Religiões Comparadas | 
Conhecendo a História do Povo Judeu 
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Nos séculos VI e VII se desenvolveu o Masorá na Palestina. Na Babilônia, depois do 
século VI, os gaonim produziram várias obras literárias de interesse para a literatura 
hebraica 
 
2.8 Antiguidade e diáspora 
O Antigo Testamento constitui um conjunto de livros sagrados escritos 
aproximadamente do século XII ao século I a.C. Dentro dessa faixa de tempo, cabe 
distinguir dois períodos: antes e depois de 587 a.C., ano em que se iniciou o regresso 
do povo judaico de seu exílio na Babilônia. Como um conjunto de livros, foram 
compilados e canonizados ao longo de vários séculos. Esses livros foram escritos em 
hebraico e incluem a história, leis, profecias e poesia do povo hebreu. 
A poesia bíblica primitiva baseava-se no princípio do paralelismo, que consistia 
na repetição, nas duas metades do verso, do mesmo conteúdo ou de conteúdos inter-
relacionados: “Os seus pés levam para a Morte, e os seus passos dirigem-se para o Xeol.” 
(Pv 5.5). Dos escritos do segundo período, não foram todos que chegaram a formar 
parte do cânon bíblico, já que foram excluídos numerosos textos de caráter profano 
ou que não se ajustavam à ortodoxia. Muitos foram encontrados entre os manuscritos 
do mar Morto, que enriqueceram o conjunto da literatura hebraica antiga. 
Para os judeus, o Antigo Testamento é uma coleção sagrada de livros conhecida 
como a Torah, que é considerada a Palavra de Deus revelada ao povo judeu. A Torah 
inclui os cinco primeiros livros da Bíblia, conhecidos como o Pentateuco, e é o texto 
central da tradição judaica. Além disso, o Antigo Testamento inclui outros livros 
históricos, poéticos e proféticos que complementam a Torah e fornecem mais 
informações sobre a história, cultura e religião dos judeus antigos. Para os judeus, o 
Antigo Testamento é um registro sagrado da aliança entre Deus e seu povo, e é uma 
fonte de orientação espiritual e moral. 
 
2.9 Monoteísmo 
O princípio básico do judaísmo é a unicidade absoluta de YHWH como Deus e 
criador, onipotente, onisciente, onipresente, que influencia todo o universo, mas que 
não pode ser limitado de forma alguma. A afirmação da crença no monoteísmo 
manifesta-se na profissão de fé judaica conhecida como Shemá. Assim qualquer 
tentativa de politeísmo é fortemente rechaçada pelo judaísmo, assim como é proibido 
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seguir ou oferecer prece a outro que não seja YHWH. 
O monoteísmo (do grego: μόνος, transl. mónos, “único”, e θεός, transl. théos, 
“deus”: único deus) é a crença na existência de apenas um só Deus. Diferente do 
politeísmo que conceitua a natureza de vários deuses, como também diferencia-se do 
henoteísmo por ser este a crença preferencial em um deus reconhecido entre muitos. 
[...] O henoteísmo envolve a devoçãoa um deus único, ao mesmo tempo em que 
aceita a existência de outros deuses [...] O panenteísmo é uma forma de monoteísmo 
monista, que sustenta que Deus é todo da existência. O universo é parte de Deus [...] 
O monoteísmo trinitário é a doutrina cristã da crença em um Deus que é três 
diferentes pessoas; Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. 
 
2.10 Revelação 
O judaísmo defende uma relação especial entre Deus e o povo judeu, manifesta 
através de uma revelação contínua de geração a geração. O judaísmo crê que a Torá 
é a revelação eterna dada por Deus aos judeus. Os judeus rabinitas e caraítas também 
aceitam que homens através da história judaica foram inspirados pela profecia, sendo 
que muitas das quais estão explícitas nos Neviim e nos Kethuvim. O conjunto destas 
três partes formam as Escrituras Hebraicas conhecidas como Tanakh. 
A profecia dentro do judaísmo não tem o caráter exclusivamente adivinhatório 
como assume em outras religiões, mas manifestava-se na mensagem da Divindade 
para com seu povo e o mundo, que poderia assumir o sentido de advertência, 
julgamento ou revelação quanto à Vontade da Divindade. Esta profecia tem um lugar 
especial desde o princípio do mosaísmo, seguindo pelas diversas escolas de profetas 
posteriores (que serviam como conselheiros dos reis) e tendo seu auge com a época 
dos dois reinos. Oficialmente se reconhece que a época dos profetas encerra-se na 
época do exílio babilônico e do retorno a Judá. No entanto o judaísmo reconheceu 
diversos profetas durante a época do Segundo Templo, e durante o posterior período 
rabínico. 
 
2.11 Conceitos de vida e morte 
O entendimento dos conceitos de corpo, alma e espírito no judaísmo varia 
conforme as épocas e as diversas seitas judaicas. O Tanach não faz uma distinção 
teológica destes, usando o termo que geralmente é traduzido como alma (néfesh) 
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para se referir à vida e o termo geralmente traduzido como espírito (ruakh) para se 
referir a fôlego. Deste modo, as interpretações dos diversos grupos são muitas vezes 
conflitantes, e muitos estudiosos preferem não discorrer sobre o tema. 
 
2.11.1 Ressurreição e a vida além-morte 
O Tanach, excetuando alguns pontos poéticos e controversos, jamais faz 
referência a uma vida além da morte, nem a um céu ou inferno, pelo que os saduceus 
posteriormente rejeitavam estas doutrinas. Porém após o exílio em Babilônia, os 
judeus assimilaram as doutrinas da imortalidade da alma, da ressurreição e do juízo 
final, e constituíam em importante ensino por parte dos fariseus. 
Nas atuais correntes do judaísmo, as afirmações sobre o que acontece após a 
morte são postulados e não afirmações, e varia- se a interpretação dada ao que ocorre 
na morte e se existe ou não ressurreição. A maioria das correntes crê em uma 
ressurreição no mundo vindouro (Olam Habá), incluindo os caraítas, enquanto outra 
parcela do judaísmo crê na reencarnação, e o sentido do que seja ressurreição ou 
reencarnação varia de acordo com a ramificação. 
Tanakh ou Tanach é um acrônimo utilizado dentro do judaísmo para denominar 
seu conjunto principal de livros sagrados, sendo o mais próximo do que se pode 
chamar de uma Bíblia judaica. O conteúdo do Tanakh é equivalente ao Antigo 
Testamento cristão, porém com outra divisão. De acordo com a tradição judaica, o 
Tanakh consiste de vinte e quatro livros. A palavra é formada pelas sílabas iniciais das 
três porções que a constituem, a saber: hriT – Torá = O mais importante dos livros do 
judaísmo, 5 livros conhecidos como Pentateuco ou Chumash – Neviim = 8 livros 
conhecidos como Profetas; – Ketuvim = 11 livros conhecidos como “Escritos”. 
 
2.12 Cabala 
Cabala (também Kabbalah, Qabbala, cabbala, cabbalah, kabala, kabalah, kabbala). 
Kabbalah é uma palavra de origem hebraica que significa recepção. Cabala é o nome 
dado ao conhecimento místico esotérico de algumas correntes do judaísmo, que 
defende interpretação do universo, de Deus e das escrituras através de suas naturezas 
divinas. 
A Kabbalah — corpo de sabedoria espiritual mais antigo — contém as chaves, 
que permaneceram ocultas durante um longo tempo, para os segredos do universo, 
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bem como as chaves para os mistérios do coração e da alma humana. Os 
ensinamentos cabalísticos explicam as complexidades do universo material e imaterial, 
bem como a natureza física e metafísica de toda a humanidade. A Kabbalah mostra 
em detalhes como navegar por este vasto campo, a fim de eliminar toda forma de 
caos, dor e sofrimento. 
 
2.13 A Lei e o Judeu 
A lei judaica ortodoxa considera judeu todo aquele que nasceu de mãe judia ou 
se converteu de acordo com essa mesma lei, segundo o judaísmo rabínico. Algumas 
ramificações como o Reformismo e o Reconstrucionismo aceitam também a linhagem 
patrilinear, desde que o filho tenha sido criado e educado em meio judaico. 
Um judeu que deixe de praticar o judaísmo e se transforme num judeu não-
praticante continua a ser considerado judeu. Um judeu que não aceite os princípios 
de fé judaicos e se torne agnóstico ou ateu também continua a ser considerado judeu. 
No entanto, se um judeu se converte a uma outra religião, ou ainda, que se afirme 
“judeu messiânico” (ramificação que defende Jesus como o messias para os judeus) 
geralmente é visto como que perdido o lugar como membro da comunidade judaica 
tradicional e transforma-se num apóstata. Esta pessoa, caso pretenda retornar ao 
judaísmo, não precisa se converter, de acordo com a maior parte das autoridades em 
lei judaica, mas abjurar das antigas práticas relativas às outras fés. 
As pessoas que desejam se converter ao judaísmo devem aderir aos princípios e 
tradições judaicas. Os homens têm de passar pelo ritual do brit milá (circuncisão). 
Qualquer converso tem de passar ainda pelo ritual da mikvá ou banho ritual. Os judeus 
ortodoxos reconhecem apenas conversões feitas por seus tribunais rabínicos, seja em 
Israel ou em outros locais. As comunidades reformistas e liberais também exigem a 
adesão aos princípios e tradições judaicos, o brit milá e a mikvá, de acordo com os 
critérios estipulados em cada movimento. 
 
2.14 Sinagoga 
A sinagoga é o local das reuniões religiosas da comunidade judaica, hábito 
adquirido após a conquista de Judá pela Babilônia e a destruição do Templo de 
Jerusalém. Com a inexistência de um local de culto, cada comunidade desenvolveu 
seu local de reuniões, que após a construção do Segundo Templo tornou-se os 
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centros de vida comunitária das comunidades da Diáspora. Na estrutura da sinagoga 
destaca-se o rabino, líder espiritual dentro da comunidade judaica e o chazan (cantor 
litúrgico). 
 
2.15 Cherem 
O Chérem é a mais alta censura eclesiástica na comunidade judaica. É a exclusão 
total da pessoa da comunidade judaica. Exceto em casos raros que tiveram lugar entre 
os judeus ultraortodoxos, o chérem deixou de se praticar depois do Iluminismo, 
quando as comunidades judaicas locais perderam a autonomia de que dispunham 
anteriormente e os judeus foram integrados nas nações gentias em que viviam. 
Cherém é o mais alto grau de punição dentro do judaísmo: a pessoa é totalmente 
excluída da comunidade judaica. Um dos motivos que podem levar à exclusão da 
comunidade judaica é a intermediação de negócios (ser avalista) com o uso do poder 
rabinical, o tráfico de drogas por membros da comunidade, uso de drogas ou 
profanação de objetos sagrados judaicos. 
 
2.16 Cultura 
Cultura judaica é o nome dado ao conjunto de tradições passadas de geração à 
geração pelo Judaísmo oriundas dos tratos religiosos , do local em que a com unidade 
judaica foi radicada e da era em que a comunidadejudaica viveu. 
Cultura judaica lida com os d i v e r s o s aspectos culturais das comunidades 
judaicas, oriundos da prática do judaísmo, de sua integração aos diversos povos e 
culturas no mundo, assim como assimilação dos costumes destes. Entre os principais 
aspectos da cultura judaica podemos enfatizar os idiomas, as vestimentas e a 
alimentação (Cashrut). 
 
2.17 Vestimentas 
Solidéu, símbolo distintivo usado principalmente pelos judeus rabínicos como 
temor a Deus. O judaísmo possui algumas tradições religiosas e culturais em relação 
à vestimentas, dentre as quais podemos destacar: 
a) Kipá são os chapéus ou toucas utilizado pelos judeus tanto como símbolo 
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da religião como símbolo de “temor a Deus”; 
b) Tzitzit é o nome dado à franjas do talit, que servem como meio de 
lembrança dos mandamentos de Deus. 
 
As regras para vestimentas no judaísmo variam de acordo com a comunidade 
judaica, como por exemplo, no uso do kipá (os caraítas não o usam) ou do tzitzit, pelos 
judeus ortodoxos. Entre as vestimentas existem ainda costumes sefaradi (judeus da 
Península Ibérica) e asquenazitas (judeus da Europa Central e Europa Oriental). 
 
2.18 Rituais 
Entre os rituais, podemos citar a circuncisão dos meninos (aos 8 dias de vida) e o 
Bar Mitzvah que representa a iniciação na vida adulta para os meninos e a Bat Mitzvah 
para as meninas (aos 12 anos de idade). Os homens judeus usam a kippá, pequena 
touca, que representa o respeito a Deus no momento das orações. Nas sinagogas, 
existe uma arca, que representa a ligação entre Deus e o Povo Judeu. Nesta arca são 
guardados os pergaminhos sagrados da Torá. 
 
2.19 Comidas 
Casher significa apto ou apropriado e o alimento inapropriado é chamado de 
treifá. Dentro do judaísmo há diversos preceitos baseados na Torá e na Halachá que 
estabelecem as regras para que um alimento possa ser considerado casher e servir 
para consumo. 
A alimentação dos judeus era baseada em couves, vinhos, especiarias, molhos, 
cerveja e muito importante, o pão. Vestiam-se a rigor para a hora das refeições e 
comiam com rapidez. Os judeus não comem carne de porco, cavalo, camelo, coelho, 
caranguejo, lagosta e camarão. Na verdade, à exceção de peixes com escamas, 
nenhum fruto do mar é permitido. Há também a proibição de misturar leite e carne. 
Devendo haver um espaço de seis horas entre os alimentos de uma origem. 
 
2.20 Festas Judaicas 
Yom Tov ou festival é um dia, ou vários dias observados pelos Judeus como uma 
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comemoração sagrada ou secular de um importante evento da História Judaica. Em 
Hebraico, os feriados e os festivais judaicos, dependendo da sua natureza, são 
chamados de yom tov (“dia bom”), chag (“festival”) ou taanit (“jejum”). 
As origens das várias festas judaicas geralmente encontra- se nas mitzvot 
(mandamentos bíblicos), decreto rabínico, ou na moderna história de Israel. Eis alguns 
deles: 1 Rosh Hashanah — O Ano Novo Judaico; 2 Aseret Yemei Teshuva — Dez Dias 
de Arrependimento; 3 Yom Kippur — Dia do Perdão; 4 Sucot; 5 Shemini Atzeret e 
Simchat Torá; 6 Chanucá — Festival das Luzes; 7 Dez de Tevet; 8 Tu Bishvat - Novo 
Ano das Árvores; 9 Purim — Festival das Sortes; 10 Novo Ano dos Reis; 11 Pessach — 
Páscoa; 12 Sefirah — Contagem do Omer; 13 Lag Ba’Omer; 14 Novas Festas Nacionais 
Israelitas/Judaicas; 14.1 Yom HaShoá — Dia da Memória do Holocausto; 14.2 Yom 
Hazikaron — Dia da Memória dos Soldados; 14.3 Yom HaAtzmaut — Dia da 
Independência de Israel; 14.4 Yom Yerushalaim — Dia de Jerusalém; 15 Shavuot — 
Festa das Semanas — Yom HaBikurim; 16 Dezessete de Tamuz; 17 As Três Semanas e 
os Nove Dias; 18 Tisha BeAv — Nove de Av; 19 Dízimo de Animais; 20 Rosh Chodesh 
— o Novo Mês; 21 Shabbat — O Sábado. 
 
2.21 Língua hebraica 
O hebraico (também chamado Lashon haKodesh (“A Língua Sagrada”) ) é o 
principal idioma utilizado no judaísmo utilizado como língua litúrgica durante séculos. 
Foi revivido como um idioma de uso corrente no século XIX e utilizado atualmente 
como idioma oficial no Estado de Israel. No entanto diversas comunidades judaicas 
utilizam outros idiomas cuja origem em sua maioria surgem da mistura do hebraico 
com idiomas locais. 
O hebraico é uma língua semítica pertencente à família das línguas afro-asiáticas. 
A Bíblia original, a Torá, que os judeus ortodoxos consideram ter sido escrita na época 
de Moisés, cerca de 3.300 anos atrás, foi redigida no hebraico dito “clássico”. Embora 
hoje em dia seja uma escrita foneticamente impronunciável, devido à inexistência de 
vogais no alfabeto hebraico clássico, os judeus têm- na sempre chamado de Lashon 
haKodesh (“A Língua Sagrada”) já que muitos acreditam ter sido escolhida para 
transmitir a mensagem de Deus à humanidade. Por volta da primeira destruição de 
Jerusalém pelos babilônios em 586 a.C., o hebraico clássico foi substituído no uso 
diário pelo aramaico, tornando-se primariamente uma língua franca regional, tanto 
usada na liturgia, no estudo do Mishná (parte do Talmude) como também no 
comércio. O hebraico renasceu como língua falada durante o final do século XIX e 
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começo do século XX como o hebraico moderno, adotando alguns elementos dos 
idiomas árabe, ladino, iídiche, e outras línguas que acompanharam a Diáspora Judaica 
como língua falada pela maioria dos habitantes do Estado de Israel, do qual é a língua 
oficial primária. 
 
2.22 Os concertos de Deus com Abrão 
Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa 
de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-
te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te 
abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as 
famílias da terra (Gn 12.1-3). 
A chamada de Abrão (posteriormente chamado Abraão, Gn 17.5), conforme a 
narrativa de Gênesis 12 dá início a um novo capítulo na revelação do Antigo 
Testamento sobre o propósito divino de redimir e salvar a raça humana. A intenção 
de Deus era que houvesse um homem que o conhecesse e o servisse e guardasse os 
seus caminhos (Gn 18.19). Dessa família surgiria uma nação escolhida, de pessoas que 
se separassem das práticas ímpias doutras nações, para fazerem a vontade de Deus. 
Dessa nação viria Jesus Cristo, o Salvador do mundo, o prometido descendente da 
mulher (Gn 3.15; Gn 3.8, 16, 18). 
Como vimos já acima, Deus, ao estabelecer comunhão com Abraão, mediante o 
concerto (cap. 15 de Gênesis), fez-lhe claramente várias promessas: Deus como escudo 
e recompensa de Abraão (Gn 15.1), descendência numerosa (Gn 15.5) e a terra de 
Canaã como sua herança (Gn 15.7; 15.6; 17.8; 12.1-3). 
 
2.23 O concerto de Deus com Isaque 
Deus procurou estabelecer o concerto abraâmico com cada geração seguinte, a 
partir de Isaque, filho de Abraão (Gn 17.21). Noutras palavras, não bastava que Isaque 
tivesse por pai a Abraão; ele, também, precisava aceitar pela fé as promessas de Deus. 
Somente então é que Deus diria: “Eu sou contigo, e abençoar-te-ei, e multiplicarei a 
tua semente” (Gn 26.24). 
Durante os vinte primeiros anos do seu casamento, Isaque e Rebeca não tiveram 
filhos (Gn 25.20,26). 
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Rebeca permaneceu estéril até que Isaque orou ao Senhor, pedindo que sua 
esposa concebesse (Gn 25.21). Esse fato demonstra que o cumprimento do concerto 
não se dá por meios naturais, mas somente pela ação graciosa de Deus, em resposta 
à oração e busca da sua face (Gn 25.21). 
Contudo, Isaque também tinha de ser obediente para continuar a receber as 
bênçãos do concerto.Quando uma fome assolou a terra de Canaã, por exemplo, Deus 
proibiu Isaque de descer ao Egito, e o mandou ficar onde estava. Se obedecesse a 
Deus, teria a promessa divina: “... confirmarei o juramento que tenho jurado a Abraão, 
teu pai” (Gn 26.3; 26.5). 
 
2.24 O concerto de Deus com Jacó 
Isaque e Rebeca tinham dois filhos: Esaú e Jacó. Era de se esperar que as bênçãos 
do concerto fossem transferidas ao primogênito, isto é, Esaú. Deus, porém, revelou a 
Rebeca que seu gêmeo mais velho serviria ao mais novo, e o próprio Esaú veio a 
desprezar a sua primogenitura (Gn 25.31). Além disso, ele ignorou os padrões justos 
dos seus pais, ao casar-se com duas mulheres que não seguiam ao Deus verdadeiro. 
Em suma: Esaú não demonstrou qualquer interesse pelas bênçãos do concerto de 
Deus. Daí, Jacó, que realmente aspirava às bênçãos espirituais futuras, recebeu as 
promessas no lugar de Esaú (Gn 28.13-15). 
Como no caso de Abraão e de Isaque, o concerto com Jacó requeria “a 
obediência da fé” (Rm 1.5) para a sua perenidade. Durante boa parte da sua vida, esse 
patriarca serviu-se da sua própria habilidade e destreza para sobreviver e progredir. 
Mas foi somente quando Jacó, finalmente, obedeceu ao mandamento e à vontade do 
Senhor (Gn 31.13), no sentido de sair de Harã e voltar à terra prometida de Canaã e, 
mais expressamente, de ir a Betel (Gn 35.1-7), que Deus renovou com ele as promessas 
do concerto feito com Abraão (Gn 35.9-13). 
 
2.25 O concerto de Deus com Davi 
... A tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será 
firme para sempre (2Sm 7.16). 
Embora a palavra “concerto” não ocorra literalmente em 2Sm 7, é evidente que 
Deus estava estabelecendo um concerto com Davi. Em Sl 89.3, 4, por exemplo, Deus 
diz: “Fiz um concerto com o meu escolhido; jurei ao meu servo Davi: a tua 
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descendência estabelecerei para sempre e edificarei o teu trono de geração em 
geração” (ver também Sl 89.34-36). A promessa de que o trono do povo de Deus seria 
estabelecido para sempre através da descendência de Davi é exatamente a mesma 
que Deus fez a Davi em 2Sm 7. Além disso, posteriormente em 2Samuel, o próprio 
Davi faz referência ao “concerto eterno” que Deus fez com ele (2Sm 23.5), sem dúvida 
aludindo a 2Sm 7. 
 
2.25.1 Jesus Cristo em relação a este concerto 
Havia, porém, um aspecto do concerto de Deus com Davi que era incondicional 
— que o reino de Davi seria por fim estabelecido para sempre.A culminância da 
Promessa de Deus era que da linhagem de Davi viria um descendente que seria o Rei 
messiânico e eterno. Este Rei Dominaria sobre os fiéis em Israel e sobre todas as 
nações (cf. Is 9.6, 7; 11.1, 10;Mq 5.2, 4). Sairia da cidade de Belém (Mq 5.2, 4), e seu 
governo se estenderia até os confins da terra (Zc 9.10). 
Ele seria chamado: “O SENHOR, Justiça Nossa” (Jr 23.5, 6) e consumaria a 
redenção do pecado (Zc 13.1). O cumprimento da promessa davídica teve início com 
o nascimento de Jesus Cristo, anunciado pelo anjo Gabriel a Maria, uma piedosa 
descendente da família de Davi (Lc 1.30-33; cf. At 2.29-35). 
Essa promessa foi um desdobramento do concerto feito em Gn 3.15, que predisse 
a derrota de Satanás através de um descendente de Eva (Gn 3.15); foi um 
prosseguimento do concerto feito com Abraão e seus. 
O cumprimento dessa promessa abrangia a ressurreição de Cristo dentre os 
mortos e sua exaltação à destra de Deus no céu (At 2.29-33), de onde Ele agora 
governa como Rei dos reis e Senhor dos senhores. A primeira missão de Cristo como 
o Senhor exaltado foi o derramamento do Espírito Santo sobre o seu povo (At 1.8; 2.4, 
33). 
O régio governo de Cristo caracteriza-se por um chamamento, dirigido a todas 
as pessoas, no sentido de largarem o pecado e o mundo perverso, aceitarem Cristo 
como Senhor e Salvador e receberem o Espírito Santo (At 2.32-40). 
 
2.26 Israel no Plano Divino para a Salvação 
Não que a palavra de Deus haja faltado, porque nem todos os que são de Israel 
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são israelitas (Rm 9.6). 
Em Rm 9-11, Paulo trata da eleição de Israel no passado, da sua rejeição do 
evangelho no presente, e da sua salvação futura. Esses três capítulos foram escritos 
para responder à pergunta que os crentes judaicos faziam: como as promessas de 
Deus a Abraão e à nação de Israel poderiam permanecer válidas, quando a nação de 
Israel, como um todo, não parece ter parte no evangelho? Há três elementos distintos 
no exame que Paulo faz de Israel no plano divino da salvação. 
O primeiro (Rm 9.6-29) é um exame da eleição de Israel no passado. 
Em Romanos 9.6-13, Paulo afirma que a promessa de Deus a Israel não falhou, 
pois a promessa era só para os fiéis da nação. Visava somente o verdadeiro Israel, 
aqueles que eram fiéis à promessa (Gn 12.1-3; 17.19). Sempre há um Israel dentro de 
Israel, que tem recebido a promessa. 
Em Romanos 9.14-29, Paulo chama a nossa atenção para o fato de que Deus tem 
o direito de fazer o que Ele quer com os indivíduos e as nações. Tem o direito de 
rejeitar a Israel, se desobedecerem a Ele e o direito de usar de misericórdia para com 
os gentios, oferecendo-lhes a salvação, se Ele assim decidir. 
O segundo elemento (Rm 9.30-10.21) analisa a rejeição presente do evangelho 
por Israel. Seu erro de não voltar-se para Cristo, não se deve a um decreto 
incondicional de Deus, mas à sua própria incredulidade e desobediência (Rm 10.3). 
Finalmente, Paulo explica (Rm 11.1-36) que a rejeição de Israel é apenas parcial 
e temporária. Israel por fim aceitará a salvação divina em Cristo. O argumento dele 
contém vários passos: 
a) Deus não rejeitou o Israel verdadeiro, pois Ele permaneceu fiel ao 
“remanescente” que permanece fiel a Ele, aceitando a Cristo (11.1-6). 
b) No presente, Deus endureceu a maior parte de Israel, porque os israelitas 
não quiseram aceitar a Cristo (Rm 11.7-10; cf. 9.31-10.21). 
c) Deus transformou a transgressão de Israel (isto é, a crucificação de Cristo) 
numa oportunidade de proclamar a salvação a todo o mundo (Rm 11.11, 
12, 15). 
d) Durante esse tempo presente da incredulidade nacional de Israel, a 
salvação de indivíduos, tanto os judeus como os gentios (Rm 10.12, 13) 
depende da fé em Jesus Cristo (Rm 11.13-24). 
e) A fé em Jesus Cristo, por uma parte do Israel nacional, acontecerá no futuro 
(Rm 11.25-29). 
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Atributos exclusivos de Deus Jeová 
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f) O propósito sincero de Deus é ter misericórdia de todos, tanto dos judeus 
como dos gentios, e incluir no seu reino todas as pessoas que creem em 
Cristo (Rm 11.30-36; 10.12, 13; 11.20-24). 
 
Esse exame da condição de Israel não se refere à vida ou morte eterna de 
indivíduos após a morte. Pelo contrário, Paulo está tratando do modo como Deus lida 
com nações e povos do ponto de vista histórico, isto é, do seu direito de usar povos 
e nações conforme Ele quer. Por exemplo, sua escolha de Jacó em lugar de seu irmão 
Esaú teve como propósito fundar e usar as nações de Israel e de Edom, oriundas dos 
dois. Nada tinha que ver com seu destino eterno, isto é, quanto a sua salvação ou 
condenação como indivíduos. Uma coisa é certa: Deus tem o direito de chamar as 
pessoas e nações que Ele quiser, e determinar-lhes responsabilidades a cumprir. 
O cumprimento dessa promessa abrangia a ressurreição de Cristo dentre os 
mortos e sua exaltação à destra de Deus no céu (At 2.29-33), de onde Ele agora 
governa como Rei dos reis e Senhor dos senhores. A primeira missão de Cristo como 
o Senhor exaltado foi o derramamento do Espírito Santo sobre o seu povo (At 1.8; 2.4, 
33). 
A oportunidade de salvação está perante a nação de Israel, se ela largar sua 
incredulidade (Rm 11.23). Semelhantemente, os crentes gentios que agora sãoparte 
da igreja de Deus são advertidos de que também correm o mesmo risco de serem 
cortados da salvação (Rm 11.13-22). Eles devem sempre perseverar na fé com temor. 
A advertência aos crentes gentios em Romanos 11.20-23, pelo fato da falha de Israel, 
é tão válida hoje quanto o foi no dia em que Paulo a escreveu. 
Finalmente, as Escrituras estão repletas de promessas de uma futura restauração 
de Israel ao aceitarem o Messias. Tal restauração terá lugar ao findar-se a Grande 
Tribulação, na iminência da volta pessoal de Cristo (Is 11.10-12; 24.17-23; 49.22, 23; Jr 
31.31-34; Ez 37.12-14; Rm 11.26; Ap 12.6). 
 
3 Atributos exclusivos de Deus Jeová 
1. Deus é onipresente. Ele está presente em todos os lugares a um só 
tempo. O salmista afirma que, não importa para onde formos Deus está 
ali (Sl 139.7-12; cf. Jr 23.23,24; At 17.27,28); Deus observa tudo quanto 
fazemos. 
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2. Deus é onisciente. Ele sabe todas as coisas (Sl 139.1-6; 147.5). Ele 
conhece, não somente nosso procedimento, mas também nossos 
próprios pensamentos (1Sm 16.7; 1Rs 8.39; Sl 44.21; Jr 17.9,10). Quando 
a Bíblia fala da presciência de Deus (Is 42.9; At 2.23; 1Pe 1.2), significa que 
Ele conhece com precisão a condição de todas as coisas e de todos os 
acontecimentos exequíveis, reais, possíveis, futuros, passados ou 
predestinados (1Sm 23.10-13; Jr 38.17-20). A presciência de Deus não 
subentende determinismo filosófico. Deus é plenamente soberano para 
tomar decisões e alterar seus propósitos no tempo e na história, segundo 
sua própria vontade e sabedoria. Noutras palavras, Deus não é limitado 
à sua própria presciência (Nm 14.11-20; 2Rs 20.1-7). 
3. Deus é onipotente. Ele é o Todo-poderoso e detém a autoridade total 
sobre todas as coisas e sobre todas as criaturas (Sl 147.13-18; Jr 32.17; Mt 
19.26; Lc 1.37). Isso não quer dizer, jamais, que Deus empregue todo o 
seu poder e autoridade em todos os momentos. Por exemplo, Deus tem 
poder para exterminar totalmente o pecado, mas optou por não fazer 
assim até o final da história humana (1Jo 5.19). Em muitos casos, Deus 
limita o seu poder, quando o emprega através do seu povo (2Co 12.7-
10); em casos assim, o seu poder depende do nosso grau de entrega e 
de submissão a Ele (Ef 3.20). 
4. Deus é transcendente. Ele é diferente e independente da sua criação (Êx 
24.9-18; Is 6.1-3; 40.12-26; 55.8,9). Seu ser e sua existência são 
infinitamente maiores e mais elevados do que a ordem por Ele criada (1Rs 
8.27; Is 66.1,2; At 17.24,25). Ele subsiste de modo absolutamente perfeito 
e puro, muito além daquilo que Ele criou. Ele mesmo é incriado e existe à 
parte da criação (1Tm 6.16). A transcendência de Deus não significa, 
porém, que Ele não possa estar entre o seu povo como seu Deus (Lv 
26.11,12; Ez 37.27; 43.7; 2Co 6.16). 
5. Deus é eterno. Ele é de eternidade à eternidade (Sl 90.1,2; 102.12; Is 
57.12). Nunca houve nem haverá um tempo, nem no passado nem no 
futuro, em que Deus não existisse ou que não existirá; Ele não está 
limitado pelo tempo humano (Sl 90.4; 2Pe 3.8), e é, portanto, melhor 
descrito como “EU SOU” (Êx 3.14; Jo 8.58). 
6. Deus é imutável. Ele é inalterável nos seus atributos, nas suas perfeições 
e nos seus propósitos para a raça humana (Nm 23.19; Sl 102.26-28; Is 
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41.4; Ml 3.6; Hb 1.11,12; Tg 1.17). Isso não significa, porém, que Deus 
nunca altere seus propósitos temporários ante o proceder humano. Ele 
pode, por exemplo, alterar suas decisões de castigo por causa do 
arrependimento sincero dos pecadores (Jn 3.6-10). Além disso, Ele é livre 
para atender as necessidades do ser humano e às orações do seu povo. 
Em vários casos a Bíblia fala de Deus mudando uma decisão como 
resultado das orações perseverantes dos justos (Nm 14.1-20; 2Rs 20.2-6; 
Is 38.2-6; Lc 18.1-8). 
7. Deus é perfeito e santo. Ele é absolutamente isento de pecado e 
perfeitamente justo (Lv 11.44,45; Sl 85.13; 145.17; Mt 5.48). Adão e Eva 
foram criados sem pecado (Gn 1.31), mas com a possibilidade de 
pecarem. Deus, no entanto, não pode pecar (Nm 23.19; 2Tm 2.13; Tt 1.2; 
Hb 6.18). Sua santidade inclui, também, sua dedicação à realização dos 
seus propósitos e planos. 
8. Deus é trino e uno. Ele é um só Deus (Dt 6.4; Is 45.21; 1Co 8.5,6; Ef 4.6; 
1Tm 2.5), manifesto em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo (Mt 28.19; 
2Co 13.14; 1Pe 1.2). Cada pessoa é plenamente divina, igual às duas 
outras; mas não são três deuses, e sim um só Deus (Mt 3.17; Mc 1.11). 
9. Deus é bom (Sl 25.8; 106.1; Mc 10.18). Tudo quanto Deus criou 
originalmente era bom, era uma extensão da sua própria natureza (Gn 
1.4,10,12,18,21,25,31). Ele continua sendo bom para sua criação, ao 
sustentá-la, para o bem de todas as suas criaturas (Sl 104.10-28; 145.9). 
Ele cuida até dos ímpios (Mt 5.45; At 14.17). Deus é bom, principalmente 
para os seus, que o invocam em verdade (Sl 145.18-20). 
10. Deus é amor (1Jo 4.8). Seu amor é altruísta, pois abraça o mundo 
inteiro, composto de humanidade pecadora (Jo 3.16; Rm 5.8). A 
manifestação principal desse seu amor foi a de enviar seu único Filho, 
Jesus, para morrer em lugar dos pecadores (1Jo 4.9,10). Além disso, Deus 
tem amor paternal especial àqueles que estão reconciliados com Ele por 
meio de Jesus (Jo 16.27). 
11. Deus é misericordioso e clemente (Êx 34.6; Dt 4.31; 2Cr 30.9; ‘Sl 
103.8; 145.8; Jl 2.13); Ele não extermina o ser humano conforme 
merecemos devido aos nossos pecados (Sl 103.10), mas nos outorga o 
seu perdão como dom gratuito a ser recebido pela fé em Jesus Cristo. 
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12. Deus é compassivo (2Rs 13.23; Sl 86.15; 111.4). Ser compassivo 
significa sentir tristeza pelo sofrimento doutra pessoa, com desejo de 
ajudar. Deus, por sua compaixão pela humanidade, proveu-lhe perdão e 
salvação (cf. Sl 78.38). Semelhantemente, Jesus, o Filho de Deus, 
demonstrou compaixão pelas multidões ao pregar o evangelho aos 
pobres, proclamar libertação aos cativos, dar vista aos cegos e pôr em 
liberdade os oprimidos (Lc 4.18; cf. Mt 9.36; 14.14; 15.32; 20.34; Mc 1.41; 
Mc 6.34). 
13. Deus é paciente e lento em irar-se (Êx 34.6; Nm 14.18; Rm 2.4; 
1Tm 1.16). Deus expressou esta característica pela primeira vez no jardim 
do Éden após o pecado de Adão e Eva, quando deixou de destruir a raça 
humana conforme era seu direito (Gn 2.16,17). Deus também foi paciente 
nos dias de Noé, enquanto a arca estava sendo construída (1Pe 3.20). E 
Deus continua demonstrando paciência com a raça humana pecadora; 
Ele não julga na devida ocasião, pois destruiria os pecadores, mas na sua 
paciência concede a todos a oportunidade de se arrependerem e serem 
salvos (2Pe 3.9). 
14. Deus é a verdade (Dt 32.4; Sl 31.5; Is 65.16; Jo 3.33). Jesus chamou-
se a si mesmo “a verdade” (Jo 14.6), e o Espírito é chamado o “Espírito da 
verdade” (Jo 14.17; cf. 1Jo 5.6). Porque Deus é absolutamente fidedigno 
e verdadeiro em tudo quanto diz e faz, a sua Palavra também é chamada 
a verdade (2Sm 7.28; Sl 119.43; Is 45.19; Jo 17.17). Em harmonia com este 
fato, a Bíblia deixa claro que Deus não tolera a mentira nem falsidade 
alguma (Nm 23.19; Tt 1.2; Hb 6.18). 
15. Deus é fiel (Êx 34.6; Dt 7.9; Is 49.7; Lm 3.23; Hb 10.23). Deus fará 
aquilo que Ele tem revelado na sua Palavra; Ele cumprirá tanto as suas 
promessas, quanto as suas advertências (Nm 14.32-35; 2Sm 7.28; Jó 
34.12; At 13.23,32,33; 2Tm 2.13). A fidelidade de Deus é de consolo 
inexprimível para o crente, e grande medo de condenação para todos 
aqueles que não se arrependerem nem crerem no Senhor Jesus (Hb 6.4-
8; 10.26-31). 
16. Deus é justo (Dt 32.4; 1Jo 1.9). Ser justo significa que Deus mantém 
a ordem moral do universo, é reto e sem pecadona sua maneira de tratar 
a humanidade (Ne 9.33; Dn 9.14). A decisão de Deus de castigar com a 
morte os pecadores (Rm 5.12) procede da sua justiça (Rm 6.23; cf. Gn 
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2.16,17); sua ira contra o pecado decorre do seu amor à justiça (Rm 3.5,6; 
ver Jz 10.7). Ele revela a sua ira contra todas as formas da iniquidade (Rm 
1.18), principalmente a idolatria (1Rs 14.9,15,22), a incredulidade (Sl 
78.21,22; Jn 3.36) e o tratamento injusto com o próximo (Is 10.1- 4; Am 
2.6,7). Jesus Cristo, que é chamado o “Justo” (At 7.52; 22.14; At 3.14), 
também ama a justiça e abomina o mal (Mc 3.5; Rm 1.18; Hb 1.9). Note 
que a justiça de Deus não se opõe ao seu amor. Pelo contrário, foi para 
satisfazer a sua justiça que Ele enviou Jesus a este mundo, como sua 
dádiva de amor (Jo 3.16; 1Jo 4.9,10) e como seu sacrifício pelo pecado em 
lugar do ser humano (Is 53.5,6; Rm 4.25; 1Pe 3.18), a fim de nos reconciliar 
consigo mesmo (2Co 5.18-21). A revelação final que Deus fez de si 
mesmo está em Jesus Cristo (Jo 1.18; Hb 1.1-4); noutras palavras, se 
quisermos entender completamente a pessoa de Deus, devemos olhar 
para Cristo, porque nEle habita toda a plenitude da divindade (Cl 2.9). 
 
3.1 Jeová - Jehovah -, em Êxodo 6.3 (Versão do Rei James, de 1611). 
“Jeová ou Javé é uma representação aportuguesada, com perda sintática da letra 
h (i.e., pois advém de Jehová), do hebraico, uma vocalização do Tetragrammaton 
(“Tetragrama”) (YHWH), o nome próprio do Deus de Israel na Bíblia hebraica.” (Preface 
to the New American Standard Bible) 
“O nome (YeHoVaH) aparece cerca de 7 Mil vezes no texto original das Escrituras 
Hebraicas, além das 305 ocorrências da forma (YeHoViH)”. (Brown-Driver-Briggs 
Lexicon) 
“O texto em latim mais antigo a utilizar uma vocalização semelhante a ‘Jeová’ 
data do século XIII.” (Raymund Martin, Pugio fidei, escrito por volta de 1270). 
A maioria dos acadêmicos e estudiosos acredita que ‘Jeová’ seja uma forma 
híbrida tardia (c. 1100 d.C.) derivada da combinação das letras JHVH com as vogais de 
Adonai, porém existem evidências de que ele já teria sido usado na Antiguidade Tardia 
(século V). A vocalização histórica se perdeu porque durante o judaísmo do Segundo 
Templo, entre os séculos III e II a.C., a pronúncia do Tetragrama passou a ser evitada, 
sendo substituída por ‘Adonai’, “meus Senhores”. Muitos teólogos advogam que o 
nome Jeová é uma transliteração errada da palavra Jehová (lê-se: ierrová). A Palavra 
Jehová é uma declinação na língua hebraica para Javé. 
O Pronunciamento correto e mais aceito do Nome de Deus para a língua 
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Portuguesa é Jeová ou até mesmo Jah, Javé e Aiaweh, Porém em outros idiomas este 
pronunciamento concordemente muda. 
 
4 O Nascimento do Cristianismo 
4.1 A religião cristã no Estado Romano 
A expansão do Império Romano, no ano de 146 a.C., submeteu a região em que 
se desenvolveu a sociedade grega ao seu controle, tornando-a uma província romana. 
O controle exercido por Roma não impediu que os valores gregos continuassem a se 
espalhar pela Europa, moldando diferentes campos da sociedade. O Império Romano 
se desenvolvia rapidamente, e a religião era um elemento fundamental no cotidiano 
da população, estando presente nas relações de poder nessa sociedade. 
O território do Império Romana reunia sujeitos de diferentes origens culturais, 
fruto do processo de conquista empreendido pelo Estado. A sociedade romana 
apresentava grupos sociais diversos, como patrícios, que compunham a camada 
aristocrática, plebeus e escravos. A religião romana, conforme já analisamos, era 
politeísta, apresentando enorme identificação com os deuses gregos. Em suas 
atividades religiosas, os romanos cultuavam os seus antepassados e procuravam 
estabelecer uma relação direta com os deuses e os sacerdotes; oficiais do Estado 
incumbiam-se de interpretar a vontade dos deuses e organizavam os rituais segundo 
o calendário romano. 
Durante o período republicano, diferentes transformações ocorreram no sistema 
político romano, com destaque para a conquista de direitos pelos plebeus. Os 
cônsules, eleitos anualmente, ocupavam o espaço anteriormente controlado pelo rei 
e eram os responsáveis por presidir o senado, controlar o exército e organizar os 
rituais religiosos. Os senadores, por seu turno, eram vitalícios, podendo perder o cargo 
quando praticassem alguma atitude considerada inadequada. 
No âmbito legal, por muito tempo as normas eram baseadas na tradição oral e, 
após pressão da plebe, passaram a ser escritas, dando origem à Lei das XII Tábuas. 
Essas ficavam expostas no Fórum, para que todos tivessem conhecimento delas, sejam 
plebeus ou patrícios. O direito romano, após conflitos internos que levaram a uma 
guerra civil, tornou-se mais humano, passando a defender o direito à dignidade e à 
liberdade para os cidadãos romanos. 
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O Império Romano se expandia rapidamente, dominando amplas regiões na 
Europa, África e Ásia, dominando praticamente toda a região banhada pelo Mar 
Mediterrâneo, o qual os romanos chamavam de “mare nostrum” (o nosso mar). Neste 
momento, os romanos alcançaram a região da Palestina, região do Oriente Médio 
ocupada, majoritariamente, pelo povo Judeu. Com a região dominada pelos romanos, 
surgiu uma nova religião, conhecida como Cristianismo, na região da Palestina, mais 
especificamente, na Judeia, na cidade de Jerusalém. 
Durante o governo do Imperador Tibério, Jesus de Nazaré apresentou para os 
hebreus sua pregação, em um momento em que os romanos oprimiam a população 
local. Com a morte de Jesus, seus discípulos continuaram a promover a sua doutrina 
que, inicialmente, se espalhou até a Grécia, cujo idioma foi o primeiro a ser utilizado 
na escrita do Novo Testamento. 
A história do Cristianismo está conectada com a do Império Romano, que 
dominava a região que foi o berço desta nova religião. A Palestina, durante a época 
em que viveu Jesus de Nazaré, estava sob a administração romana e oprimiu 
violentamente os cristãos sob a alegação de que não reconheciam o Imperador e 
ignoravam os deuses romanos. Este problema se acentuou durante o governo de 
Nero, em que os cristãos foram acusados de serem os responsáveis pela crise que o 
Império enfrentava. 
Conforme já analisamos, a religião oficial do Império Romano quando surgiu o 
Cristianismo era politeísta. Nesse contexto, foi preciso que os seguidores de Cristo 
estabelecessem um distanciamento entre a sua religião, de caráter monoteísta, e 
aquela praticada no Império Romano, que era politeísta. 
Ao longo deste texto analisamos o contexto de surgimento da religião cristã, que 
ocorreu em uma região dominada pelo Império Romano. O Cristianismo enfrentou 
muitos desafios desde o seu surgimento, principalmente em sua relação com o 
Império Romano, que oprimiu violentamente os seus seguidores. 
 
4.2 A interseção entre a religião Cristã, o Império Romano e o Judaísmo 
O surgimento do Cristianismo ocorreu em meio a um cadinho cultural, que 
contou com a contribuição dos romanos, dos judeus e dos gregos. Essas diferentes 
fontes moldaram o cristianismo, que buscou principalmente no judaísmo os seus 
pilares de sustentação, que forneceu a essa nova religião diferentes elementos para a 
sua constituição, visto que o judaísmo apresentava uma tradição bem consolidada. 
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Ao analisarmos estas contribuições, podemos elencar o monoteísmo, a fé na 
vinda de um messias e os princípios expressos nos dez mandamentos que, em 
especial, orientava a vida dos seus fiéis. Os mandamentos foram imprescindíveis para 
definir um caminhoque o fiel deveria trilhar para obter a sua salvação e viver livre do 
pecado. Outro elemento fundamental para o Cristianismo foi a incorporação dos 
ensinamentos e da tradição registrada no Antigo Testamento. Este livro, conhecido 
pelos Judeus como Torá, reúne os livros que compõem o Pentateuco, ou seja, o 
Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio que descrevem a história do povo 
judeu desde o seu surgimento como grupo familiar até a sua escravização pelos 
egípcios e a sua libertação, enfatizando as suas crenças e a sua história religiosa. O 
Antigo Testamento apontava a vinda de um messias que, para os Cristão, foi Jesus 
Cristo, cujos ensinamentos foram registrados por seus discípulos no Novo 
Testamento. 
O Império Romano, no momento em que o Cristianismo se desenvolvia, 
encontrava-se em seu momento de maior esplendor. Nesse período o Império 
Romano havia se transformado em uma república, cuja área conquistada havia 
alcançado incríveis 7 milhões de quilômetros quadrados. Na economia, a atividade 
comercial despontava como a principal e a mão-de-obra escrava, obtida nas 
conquistas territoriais, era utilizada em larga escala. 
Os cristãos foram perseguidos pelos romanos por, aproximadamente, 250 anos. 
Essa situação foi modificada apenas na primeira metade do século IV, durante o 
governo do Imperador Constantino, que concedeu a liberdade de culto aos romanos, 
por meio do Édito de Milão. O cristianismo, que já crescia entre os romanos, passou a 
não encontrar mais obstáculos para a sua prática com a medida de Constantino e, na 
segunda metade do século IV, alcançou a condição de religião oficial do Império por 
meio do Édito de Tessalônica, assinado pelo Imperador Teodósio. 
A ascensão do Cristianismo ao posto de religião oficial do Império Romano 
colaborou para o fortalecimento e a estruturação da Igreja Católica, que pôde ganhar 
musculatura a partir das relações mantidas com o Império Romano. Os cristãos 
incorporaram os modelos administrativos do Império Romano, que haviam alcançado 
uma grande maturidade ao longo da existência desse Estado. Podemos observar essa 
assertiva durante a Idade Média, quando a Igreja Católica era a instituição mais sólida 
em uma Europa cujo poder havia se fragmentado após o fim do Império Romano no 
século V. 
Ao longo deste texto discutimos o processo de ascensão do Cristianismo durante 
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o Império Romano. Durante séculos, os romanos perseguiram os cristãos que, mesmo 
neste ambiente inóspito, apresentavam um crescimento no número de convertidos à 
nova religião. Neste processo, o Império Romano concluiu que a continuidade das 
ações persecutórias não estava surtindo efeito, e autorizaram, por meio do Édito de 
Milão a liberdade religiosa e, posteriormente, com o Édito de Tessalônica, elevaram o 
Cristianismo à condição de religião oficial do Estado. 
 
4.3 O desenvolvimento do Cristianismo 
A Bíblia Cristão reúne o Velho Testamento, herdada dos Judeus, e o Novo 
Testamento, texto que reúne uma série de livros produzidos após as pregações de 
Jesus Cristo. O texto do Novo Testamento foi definido pelo Concílio de Hipona no 
século IV da era cristã, uma série de textos produzidos por diferentes autores, escritos 
originalmente em grego, e que servem de pilar para a teologia cristã. 
Ao analisarmos a vida de Cristo nos registros bíblicos, temos sua vida 
apresentada nos textos dos apóstolos João, Mateus, Lucas e Marcos. Esses textos 
dialogam com o Velho Testamento ao relatar que o nascimento e o batismo de Cristo 
foram anunciados pelos profetas do referido texto. Nos textos do Novo Testamento, 
definidos pelo Concílio de Hipona, não se encontram registros sobre, por exemplo, a 
adolescência de Cristo, sendo o maior nível de detalhamento sobre a sua vida 
dedicado aos seus três últimos anos de vida, onde, segundo a tradição cristã, ele 
anunciou a palavra de Deus, promoveu milagres e curas, arregimentando muitos 
seguidores. 
Os evangelhos são textos que foram produzidos por diferentes autores e refletem 
as características de cada um deles. Os textos são complementares, ou seja, seus 
autores procuraram estabelecer um diálogo entre eles, aprofundando os temas 
tratados, tanto em relação ao conteúdo quanto com o tratamento de questões 
espirituais. Podemos observar essa assertiva nos Evangelhos de Lucas, Mateus e 
Marcos, considerados sinóticos, que se ocuparam de apresentar a vida de Jesus Cristo 
de uma forma organizada, ordenando diferentes acontecimentos como o nascimento, 
o batismo, suas viagens pela Galileia, Judeia e os derradeiros acontecimentos em 
Jerusalém onde, segundo a tradição cristã, aconteceram a sua morte (Paixão) e 
ressurreição (Páscoa). Já o Evangelho segundo João aprofunda questões espirituais, 
que destacam a sua eternidade e divindade, além de narrar os eventos de seus últimos 
dias de vida em Jerusalém. 
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Evangelho é uma palavra de origem grega que significa “boa-nova”, “boa 
mensagem” ou “boa notícia”. Segundo a tradição cristã, o Evangelho Cristão apresenta 
que para os seres humanos trilharem o bom caminho, é preciso acreditar que foram 
perdoados em nome de Jesus e que precisam se arrepender dos seus pecados perante 
Deus e os homens. A morte de Jesus na cruz representa um sacrifício de Jesus para 
redimir os pecados da humanidade, possibilitando assim a sua salvação. 
O cristianismo se espalhou rapidamente pelo Império que, em contrapartida, 
aumentava a pressão sobre os cristãos, forçando-os a se exilar. Como resultado desta 
fuga de Jerusalém, o cristianismo se espalhou nas regiões circunvizinhas ao território 
romano, tendo no Apóstolo Paulo um dos seus principais promotores. As cartas 
escritas por Paulo (Epístolas) demonstram o rápido crescimento da adesão ao 
cristianismo, como podemos identificar nas Epístolas enviadas aos Romanos, Coríntios 
(cidade de Corinto) e Efésios (da cidade de Éfeso). Foram criados também centros de 
estudo do cristianismo em diferentes cidades, como em Alexandria (Egito), Antioquia 
(Turquia) e na atual Argélia. 
As civilizações que se desenvolveram na Antiguidade Clássica ficaram marcadas 
pelo caráter forte e centralizador dos governos que nelas se formaram. Com a 
sedentarização das sociedades humanas e a formação das primeiras cidades, os 
primeiros líderes precisaram atuar para estabelecer limites e controlar os membros 
que compunham estes agrupamentos humanos e, neste processo, a aproximação 
entre as autoridades políticas e religiosas foi importante para o fortalecimento das 
lideranças que, com o passar do tempo, as unificaram sob o mesmo manto, conforme 
podemos observar no Egito e na Mesopotâmia, onde a divinização da liderança 
política foi um importante elemento para a governabilidade nessas regiões. 
A fusão entre a liderança política e religiosa contribuiu para a criação da 
percepção entre os povos da antiguidade que poder político e o religioso caminhavam 
juntos, o que acabou por fortalecer ambas as instituições. Esse processo auxiliou o 
desenvolvimento da estrutura administrativa da Igreja Católica, que manteve, desde o 
Édito de Tessalônica no Império Romano, uma relação próxima ao Estado, em que o 
poder político e o religioso se retroalimentavam. A Igreja Católica, neste contexto, 
incorporou a organização territorial adotada pelo Império Romano para criar a sua no 
contexto eclesial, que ficou centrada na figura do Papa, o que acabou por contribuir 
para a sua capilarização em todo o território romano, resistindo mesmo ao fim do 
Império no século V. 
Analisamos, ao longo deste texto, o processo de desenvolvimento e de expansão 
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do Cristianismo no Império Romano.

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