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Disciplina | 
Introdução ao Judaísmo: cultura e religião 
www.cenes.com.br | 1 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA 
JUDAÍSMO 
 
 
Judaísmo | 
Sumário 
www.cenes.com.br | 2 
Sumário 
Sumário ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 2 
1 Introdução ao Judaísmo: cultura e religião -------------------------------------------------- 5 
2 Origens Históricas do Judaísmo ----------------------------------------------------------------- 6 
2.1 Os Pilares da Fé ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 7 
2.2 Os Fundamentos da Fé Judaica ------------------------------------------------------------------------------- 9 
2.3 Livros Sagrados ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 9 
2.4 Os Festivais na Tradição Judaica ---------------------------------------------------------------------------- 10 
3 Deus e o Messias ------------------------------------------------------------------------------------ 11 
3.1 Definição de Deus ---------------------------------------------------------------------------------------------- 12 
4 Uma religião que valoriza muito a família e a comunidade ---------------------------- 12 
5 Uma religião e suas subdivisões práticas ---------------------------------------------------- 12 
5.1 Judeus Renovados e Judaísmo Humanístico ------------------------------------------------------------ 13 
5.2 Judeus Reformados -------------------------------------------------------------------------------------------- 14 
6 Simbolismo Judaico -------------------------------------------------------------------------------- 14 
6.1 O Maguen David ------------------------------------------------------------------------------------------------ 14 
6.2 A Menorá --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 16 
6.3 Muro das Lamentações --------------------------------------------------------------------------------------- 17 
6.3.1 Restos do Templo de Salomão ----------------------------------------------------------------------------------------- 18 
6.4 A Mezuzá ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 19 
7 Breve História de Israel --------------------------------------------------------------------------- 20 
7.1 Os Primórdios ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 21 
7.2 A Conquista da Terra ------------------------------------------------------------------------------------------- 25 
7.3 A Monarquia em Israel ---------------------------------------------------------------------------------------- 25 
7.4 Os Dois Reinos e a derrocada -------------------------------------------------------------------------------- 26 
7.5 O Pós-Exílio (539 a.C. ss) -------------------------------------------------------------------------------------- 27 
7.5.1 Período Persa (539 até 333 a.C.) -------------------------------------------------------------------------------------- 28 
7.5.2 Período Grego (333 até 64 a.C.) --------------------------------------------------------------------------------------- 29 
7.5.3 O Período Romano (64 a.C até 135 d.C.) ---------------------------------------------------------------------------- 29 
8 A Religião Judaica ---------------------------------------------------------------------------------- 30 
8.1 Elementos Gerais do Judaísmo ------------------------------------------------------------------------------ 30 
8.2 As Escrituras (Bíblia – Antigo Testamento) -------------------------------------------------------------- 31 
8.3 Mishná/Talmude e outros escritos ------------------------------------------------------------------------ 31 
Judaísmo | 
Sumário 
www.cenes.com.br | 3 
8.4 Deus ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 32 
8.5 Messianismo ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 32 
8.6 Personagens ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 33 
8.7 Crença -------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 33 
8.8 Fases da Vida ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 33 
9 A Cabala e o Misticismo Judaico --------------------------------------------------------------- 35 
9.1 Ein Sof (Infinito) ------------------------------------------------------------------------------------------------- 36 
9.2 Árvore da Vida --------------------------------------------------------------------------------------------------- 37 
9.3 O mundo oculto e revelado ---------------------------------------------------------------------------------- 38 
9.4 Tikkun Olam (Reparação do Mundo) ---------------------------------------------------------------------- 38 
10 Instituições Religiosas no Século I ---------------------------------------------------------- 39 
10.1 O templo ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 39 
10.2 A sinagoga -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 41 
10.3 A reunião ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 41 
10.4 Os edifícios ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 42 
10.5 As festas ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 42 
10.6 Festas Grandes -------------------------------------------------------------------------------------------------- 43 
10.7 Festas Menores -------------------------------------------------------------------------------------------------- 44 
11 A Sociedade Judaica ---------------------------------------------------------------------------- 45 
11.1 O Sumo Sacerdote ---------------------------------------------------------------------------------------------- 45 
11.2 Os sacerdotes ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 46 
11.3 Os Levitas --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 46 
11.4 O povo ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 47 
11.4.1 Anciãos ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 47 
11.4.2 Classe média ------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 47 
11.4.3 O povão ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 47 
11.4.4 Os miseráveis ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 48 
11.4.5 Os escribas -------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 48 
11.4.6 A mulher ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 49 
11.4.7 Os filhos ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 49 
11.5 O Matrimônio ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 50 
11.6 Os Grupos religiosos e políticos ----------------------------------------------------------------------------- 51 
11.6.1 Os saduceus -------------------------------------------------------------------------------------------------------------52 
11.6.2 Os Zelotes --------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 52 
11.6.3 Os Fariseus -------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 52 
11.6.4 Os Essênios -------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 53 
11.6.5 Os Herodianos ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 53 
11.6.6 Os Batistas --------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 54 
Judaísmo | 
Sumário 
www.cenes.com.br | 4 
11.6.7 Os samaritanos --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 54 
12 O Judaísmo Moderno --------------------------------------------------------------------------- 54 
13 Referências Bibliográficas --------------------------------------------------------------------- 55 
 
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Judaísmo | 
Introdução ao Judaísmo: cultura e religião 
www.cenes.com.br | 5 
1 Introdução ao Judaísmo: cultura e religião 
Sobre os aspectos históricos, veremos no decorrer da disciplina, que o Judaísmo, 
a primeira religião monoteísta, tem suas origens nos povos semitas da Mesopotâmia 
e na figura de Abraão como fundador. A religião ganha impulso com Moisés liderando 
os hebreus no êxodo do Egito e estabelecendo a Aliança no Monte Sinai, onde Deus 
revela os Dez Mandamentos e a Torá como lei divina. 
Dentre os pontos mais importantes do Judaísmo, destacam-se o monoteísmo, a 
aliança entre Deus e o povo judeu, a Torá como palavra divina, a observância das leis 
e tradições, e a expectativa da vinda do Messias. Além disso, a diáspora e a resiliência 
do povo judeu diante das adversidades históricas são aspectos fundamentais da 
identidade judaica. 
Após a conquista de Canaã, os reinos de Israel e Judá são estabelecidos, com reis 
notáveis como Saul, Davi e Salomão. O Primeiro Templo de Jerusalém é construído 
durante o reinado de Salomão. Mais tarde, os judeus enfrentam o exílio na Babilônia, 
mas eventualmente retornam a Jerusalém e constroem o Segundo Templo sob 
domínio persa. 
A cultura grega se infiltra no Judaísmo após a conquista de Alexandre, o Grande, 
levando à revolta dos Macabeus contra a dominação selêucida. Posteriormente, o 
domínio romano chega à Judeia, e o Cristianismo surge como uma seita judaica 
centrada em Jesus de Nazaré. 
Com a destruição do Segundo Templo, o Judaísmo Rabínico se desenvolve, 
dando origem à Mishná e ao Talmude como textos centrais da tradição judaica. O 
misticismo judaico e a Cabala também surgem nesse período, com a obra Zohar 
representando um marco importante. 
O Judaísmo é uma das religiões mais antigas e influentes do mundo, moldando 
significativamente a história, a cultura e as tradições de diversos povos. A riqueza e a 
complexidade dessa tradição milenar merecem um exame cuidadoso e aprofundado, 
embora este capítulo introdutório não tenha a pretensão de esgotar o assunto. Aqui, 
abordaremos aspectos fundamentais do Judaísmo, desde suas origens e crenças 
centrais até a importância de seus textos sagrados e práticas religiosas. 
Para aqueles interessados em aprofundar-se no estudo do Judaísmo em língua 
portuguesa, alguns livros se destacam como referências. São eles: 
▪ "Uma História de Deus" de Karen Armstrong - uma abordagem abrangente 
Judaísmo | 
Origens Históricas do Judaísmo 
www.cenes.com.br | 6 
do monoteísmo e das religiões abraâmicas, incluindo o Judaísmo. 
▪ "O Judaísmo" de Jacob Neusner - uma visão geral das crenças, práticas e 
instituições que moldam a tradição judaica. 
▪ "A Cabala" de Gershom Scholem - uma exploração aprofundada do 
misticismo judaico e da tradição cabalística. 
▪ "Os Judeus e Suas Mentiras" de Martinho Lutero - uma análise crítica das 
relações entre judeus e cristãos na Europa medieval. 
▪ "Dicionário Judaico de Lendas e Tradições" de Alan Unterman - um 
compêndio de histórias, mitos e folclore do universo judaico. 
Esta disciplina abordará o conteúdo em caráter introdutório, sem a ousadia de 
esgotar este vasto campo de estudo que é a história, filosofia e cultura do judaísmo. 
Visa fornecer um ponto de partida para a compreensão do Judaísmo e suas nuances. 
No entanto, vale ressaltar que a riqueza dessa tradição religiosa e cultural está além 
do escopo deste capítulo, convidando os leitores a explorar e aprofundar-se em seus 
aspectos por meio de estudos mais detalhados e especializados. 
Sempre que possível, o referencial bibliográfico utilizado fará uso da literatura 
em língua portuguesa, porém, devido a amplitude do tema, foram utilizadas 
referências em língua inglesa ou espanhola. 
 
2 Origens Históricas do Judaísmo 
O Judaísmo, considerado a mais antiga das quatro religiões monoteístas do 
mundo, possui uma rica história e um legado cultural que moldaram o 
desenvolvimento de outras tradições religiosas (Armstrong, 1993). Com uma 
população estimada entre 12 e 15 milhões de seguidores, a comunidade judaica 
poderia ser significativamente maior se não fosse pelo Holocausto, que dizimou 
grande parte da população judaica na Europa durante a primeira metade do século 
XX (Bauer, 2001). 
A distribuição geográfica dos judeus atualmente concentra-se principalmente em 
Israel e nos Estados Unidos, embora ainda exista uma importante comunidade na 
Europa, com a França abrigando a maior população judaica no continente 
(DellaPergola, 2020). O Judaísmo não é uma religião missionária e não busca 
ativamente converter pessoas; no entanto, aqueles que decidem abraçar a fé devem 
cumprir os preceitos da Torá, incluindo práticas como a circuncisão masculina 
(Neusner, 1995). 
Judaísmo | 
Origens Históricas do Judaísmo 
www.cenes.com.br | 7 
A formação do Judaísmo como uma religião estruturada teve início com a 
ascensão dos reis Saúl, Davi e Salomão, que estabeleceram a influência dos judeus e 
construíram o primeiro Templo em Jerusalém (Finkelstein e Silberman, 2001). No 
entanto, por volta de 920 a.C., o Reino de Israel se dissolveu, e a população judaica 
começou a se fragmentar em diferentes grupos, marcando a chamada Era dos Profetas 
(Bright, 2000). A destruição do Templo e o assassinato da liderança israelita em cerca 
de 600 a.C. representam outro momento crucial na história do Judaísmo (Lemaire, 
2001). 
A Diáspora Judaica, um fenômeno histórico e sociocultural, teve início após a 
destruição do Primeiro Templo em Jerusalém em 586 a.C. pelo rei Nabucodonosor II 
da Babilônia. O exílio babilônico, como é conhecido, levou muitos judeus à Babilônia, 
onde foram mantidos cativos por aproximadamente 50 anos (Armstrong, 1994; 
Finkelstein & Silberman, 2007). 
Após a conquista do Império Babilônico pelos persas, sob o reinado de Ciro, o 
Grande, em 539 a.C., os judeus exilados receberam permissão para retornar a 
Jerusalém e reconstruir o Templo. Entretanto, nem todos os judeus decidiram retornar, 
e muitos deles permaneceram na Babilônia, estabelecendo comunidades judaicas e 
formando a primeira Diáspora (Neusner, 2011). 
Essa Diáspora marcou o início da dispersão do povo judeu pelo mundo, onde 
desenvolveram sua identidade cultural e religiosa distante de Israel. A vida dessas 
comunidades judaicas era moldada pelo estudo da Torá e pela observância das leis e 
tradições judaicas, mesmo estando longe de sua terra natal (Armstrong, 1994). 
Ao longo dos séculos, outras diásporas ocorreram devido a eventos históricos, 
como a destruição do Segundo Templo em 70 d.C. pelas mãos do Império Romano e 
a subsequente dispersão dos judeus por toda a Europa e o Norte da África.Esses 
eventos moldaram a história e a cultura judaicas, e as comunidades da Diáspora 
continuam a contribuir para a rica tapeçaria do Judaísmo até os dias de hoje (Neusner, 
2011). 
 
2.1 Os Pilares da Fé 
O judaísmo é uma religião monoteísta, que se fundamenta na crença em um 
único Deus, todo-poderoso, criador do universo e de tudo o que nele há (Armstrong, 
1994; Neusner, 2011). Os judeus acreditam que Deus estabeleceu uma relação especial 
com seu povo, concretizada no pacto feito com Moisés no Monte Sinai, cerca de 3,5 
Judaísmo | 
Origens Históricas do Judaísmo 
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mil anos atrás (Finkelstein & Silberman, 2007; Cohn-Sherbok, 2012). 
O local de culto dos judeus é a sinagoga, onde se reúnem para orações, estudos 
e eventos comunitários (Armstrong, 1994). O líder religioso de uma comunidade 
judaica é chamado de rabino, que se diferencia de líderes de outros credos religiosos 
por não ser um sacerdote e não possuir um status religioso especial. O rabino atua 
como mestre e orientador espiritual da comunidade, sendo responsável pela 
condução das cerimônias e pela educação religiosa (Neusner, 2011). 
O dia sagrado para os judeus é o sábado, ou Shabat, que começa com o pôr do 
sol na sexta-feira e termina com o pôr do sol no sábado (Armstrong, 1994; Neusner, 
2011). Durante esse dia, judeus ortodoxos tradicionais abstêm-se de atividades que 
possam ser consideradas trabalho, como dirigir, cozinhar, acender fogo e utilizar 
aparelhos eletrônicos. Essas proibições têm como base o princípio do repouso e da 
dedicação ao culto e à família (Cohn-Sherbok, 2012). 
Baseado em sua principal fonte escrita, a Bíblia Hebraica, também conhecida 
como Tanakh. Através de suas passagens, é possível identificar alguns dos pilares da 
fé judaica. 
O primeiro pilar é a crença em um Deus único e indivisível. O livro de 
Deuteronômio (6:4) afirma: "Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor". Essa 
passagem é conhecida como o Shema Yisrael e é uma das mais importantes orações 
do judaísmo. 
O segundo pilar é a crença na eleição do povo judeu como escolhido por Deus. 
Em Êxodo (19:5-6), Deus afirma: "Agora, se ouvirdes a minha voz e guardardes a minha 
aliança, sereis para mim um reino sacerdotal e uma nação santa". Isso significa que os 
judeus foram escolhidos por Deus para cumprir um propósito especial no mundo. 
O terceiro pilar é a crença na importância da lei e dos mandamentos. O livro de 
Deuteronômio (6:17) afirma: "Guardarás os mandamentos do Senhor teu Deus, e os 
seus estatutos, que te ordeno hoje, para teu bem". Para os judeus, seguir as leis e 
mandamentos de Deus é essencial para a vida de fé. 
O quarto pilar é a crença na vinda do Messias e na redenção final da 
humanidade. O livro de Isaías (11:1-5) descreve a figura do Messias como um líder 
justo e compassivo que trará paz e justiça ao mundo. 
Esses pilares da fé judaica são fundamentais para a compreensão do judaísmo e 
são reafirmados em diversas passagens da Bíblia Hebraica. 
Judaísmo | 
Origens Históricas do Judaísmo 
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2.2 Os Fundamentos da Fé Judaica 
A essência de ser judeu pode ser definida como a participação em uma 
comunidade judaica e a vivência de acordo com as tradições e leis judaicas (Silva, 
2009). O judaísmo é um modo de vida intrinsecamente relacionado a um sistema de 
fé e convicções religiosas, que surgiu em Israel há cerca de 4 mil anos (Barbosa, 2013). 
Tanto o cristianismo quanto o islamismo derivam, em certo grau, do judaísmo 
(Maimônides, 2005). 
Diferentemente de algumas religiões, o judaísmo não estabelece doutrinas ou 
credos fixos, mas segue a Torá, interpretada como a orientação divina por meio das 
escrituras (Barbosa, 2013). Nesse contexto, os judeus vivem sob um pacto com Deus, 
que, segundo eles, tem como objetivo o benefício de todo o mundo (Silva, 2009). 
O grande estudioso do judaísmo Hillel, que viveu entre 70 a.C. e 10 d.C., resumiu 
o significado da religião ao afirmar: "Não faça a seu próximo aquilo que não gostaria 
que fosse feito a você. Esse é o centro da lei judaica, o resto são meras observações" 
(Maimônides, 2005). Essa máxima reflete a importância atribuída aos princípios éticos 
e à responsabilidade moral no judaísmo. 
Os judeus acreditam que os seres humanos foram criados à semelhança de Deus 
(Maimônides, 2005). Obedecer à "lei" representa cumprir a vontade divina e 
demonstrar respeito e amor por Deus (Silva, 2009). Por essa razão, os judeus religiosos 
seguem certas práticas espirituais sem necessitar de justificativas extra-religiosas para 
obedecer às regras (Barbosa, 2013). 
Um exemplo disso é a obediência às leis gastronômicas do costume judaico, 
conhecidas como kashrut, que estabelecem regras sobre os alimentos permitidos e 
proibidos (Goldschmidt, 2012). Todos os judeus mantêm uma forte ligação com Israel, 
considerada a terra prometida por Deus a Abraão, e com a cidade sagrada de 
Jerusalém (Neusner, 2008). 
 
2.3 Livros Sagrados 
O judaísmo é uma das religiões mais antigas do mundo e suas tradições e crenças 
são fundamentadas em textos sagrados e símbolos que expressam a identidade e os 
valores desse povo. Ao longo dos séculos, o judaísmo gerou uma vasta produção de 
textos e comentários, tornando-se uma rica fonte de conhecimento e de reflexão 
Judaísmo | 
Origens Históricas do Judaísmo 
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sobre a espiritualidade e a história dos judeus. Neste contexto, é importante analisar 
a relação dos judeus com seus textos sagrados, como a Torá e o Talmud, bem como 
o simbolismo da Estrela de Davi, a fim de compreender o significado e o impacto 
desses elementos na identidade e nas práticas judaicas. 
A Torá, também conhecida como a Bíblia Hebraica, é chamada pelos cristãos de 
Velho Testamento e engloba especialmente os cinco primeiros livros da Bíblia, cuja 
autoria é atribuída a Moisés, formando o chamado Pentateuco (Heschel, 2013). Em 
cada sinagoga, pelo menos uma cópia da Torá, escrita em hebraico, é mantida sob a 
forma de pergaminho (Neusner, 2006). 
O Talmud, por sua vez, é um compêndio da lei e de comentários sobre a Torá, 
aplicando seus princípios a situações contemporâneas e a diversas circunstâncias 
(Steinsaltz, 2018). Esse texto é resultado de séculos de estudo e interpretação por 
parte de rabinos e estudiosos do judaísmo (Finkelstein, 2001). 
A Estrela de Davi é um símbolo amplamente reconhecido do judaísmo, 
representando a identidade e a tradição judaica (Grunwald, 2010). Muitas pessoas se 
consideram judias sem necessariamente participar das práticas religiosas ou aceitar os 
fundamentos do judaísmo. Essa identificação pode ocorrer simplesmente por se 
reconhecerem como parte do povo judeu e por seguirem costumes gerais de um 
estilo de vida judaico (Kaplan, 2010). 
 
2.4 Os Festivais na Tradição Judaica 
O judaísmo, uma das mais antigas tradições religiosas do mundo, possui uma 
série de festivais e celebrações que marcam a vida espiritual e cultural de seus 
seguidores. Essas celebrações refletem a história, a fé e a identidade judaica, sendo o 
Chanuká um dos exemplos mais conhecidos e comemorados. Essa festividade, 
também chamada de Festival das Luzes, é uma ocasião de alegria e união familiar, na 
qual são preparados pratos tradicionais e as crianças recebem presentes. Neste 
contexto, é relevante explorar o significado e as tradições associadas ao Chanuká, bem 
como destacar outros festivais importantes da cultura judaica. 
O Chanuká celebra a vitória dos Macabeus contra os Selêucidas e a recuperação 
do Templo de Jerusalém, no século II a.C. (Schwartzman, 2011). O festival é 
comemorado ao longo de oito dias, durante os quais as famílias judias acendem velas 
no candelabro especial chamado chanukiyá. A festa é interpretada atualmente como 
um símbolo da sobrevivência do povo judeu (Cohn-Sherbok, 2004). Um prato típico 
Judaísmo | 
Deus e o Messias 
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preparado para o Chanuká são as panquecas de batata, ou latkes, que são fritas em 
óleo, lembrando o milagre do óleo no Templo (Waskow, 2010). Em países cristãos 
onde o Natal é a festa mais importante no fim de ano, o Chanuká tornou-se uma 
espécie de equivalente judaico, sendo comum presentear as crianças nessa época. 
Outros festivais importantes da cultura judaica incluem o Pessach, que celebra a 
libertação dos israelitas da escravidão no Egito (Heschel, 2013); o Shavuot, que 
comemora a entrega da Torá a Moisés no Monte Sinai (Bleich, 2006); e o Sucot, uma 
festa de ação de graças pela colheita e pela proteção divina durante o êxodo do povo 
judeu (Levine, 2005). 
 
3 Deus e o Messias 
O judaísmo, sendo uma religião monoteísta, e sua concepção de Deus e do 
Messias são aspectos centrais dessa tradição. A crença na existência de um único Deus, 
criador do universo e responsável por sua manutenção, é fundamental para a 
compreensão do judaísmo. Além disso, os judeus acreditam na figura do Messias, um 
enviado especial de Deus, que trará consigo uma era de paz. Neste contexto, é 
importante analisar a relação entre os judeus, Deus e o Messias, bem como abordar 
os aspectos que caracterizam essas crenças. 
 
Os judeus acreditam na existência de somente um Deus, que sempre existiu e 
sempre existirá (Maimônides, 2011). Deus, segundo o judaísmo, não pode ser visto ou 
tocado, mas pode ser conhecido através do louvor, dos estudos e da prática da fé 
(Cohn-Sherbok, 2004). Deus escolheu os judeus como povo especialmente designado 
para servir de exemplo ao restante da humanidade. 
A Torá, dada por Deus aos judeus, funciona como um guia para a obediência e 
uma vida santa que Ele deseja para o seu povo (Schwartzman, 2011). No contexto do 
judaísmo, a figura do Messias é entendida como uma pessoa especialmente ungida 
por Deus, enviada para cumprir uma missão divina (Neusner, 2016). A chegada do 
Messias trará consigo uma era de paz, marcando um período de transformação e 
redenção para toda a humanidade (Levenson, 2012). 
 
Judaísmo | 
Uma religião que valoriza muito a família e a comunidade 
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3.1 Definição de Deus 
Nessa tradição religiosa, a figura de Deus é entendida de forma específica, com 
princípios e características próprias. Este texto apresenta algumas das principais 
crenças judaicas em relação a Deus, tais como a unidade divina, a transcendência, a 
onipresença, a onipotência e a justiça divina, entre outras. Além disso, destaca-se a 
ideia de que Deus é um ser acessível e pessoal, que se importa com cada indivíduo 
em particular. 
De acordo com a tradição judaica, a figura de Deus é central em sua religião e 
crenças. Como destacado no texto, Deus é visto como um ser transcendental, que 
criou o universo sem ajuda e é onipotente e onipresente. Além disso, é um Deus justo, 
mas também misericordioso, e não tem um corpo, sendo visto como um ser atemporal 
e único. A questão da acessibilidade divina e da relação entre Deus e o indivíduo 
também é importante na crença judaica, com a ideia de que Deus é um ser pessoal 
que se importa com cada pessoa individualmente. 
 
4 Uma religião que valoriza muito a família e a comunidade 
O judaísmo é uma religião que valoriza muito a família e a comunidade. Os judeus 
se consideram parte de uma comunidade global com laços estreitos com outros 
judeus. Grande parte da fé judaica é baseada nos ensinamentos recebidos no lar e nas 
atividades em família. Os ensinamentos transmitidos de geração em geração incluem 
rituais como a cerimônia de circuncisão, que acontece no oitavo dia de vida de um 
bebê do sexo masculino, seguindo as instruções que Deus deu a Abraão há quatro mil 
anos atrás (GENESIS 17:12). Esses rituais visam reforçar a identidade e a coesão da 
comunidade. 
Outro exemplo da importância da família na fé judaica é a celebração da refeição 
do Sabat, que é realizada em família e marca o início do sábado, o dia sagrado da 
semana judaica. Durante a refeição, a família canta hinos e recita orações, lembrando 
a criação do mundo e a libertação do povo judeu do Egito (SHULCHAN ARUCH, 242). 
 
5 Uma religião e suas subdivisões práticas 
O judaísmo é uma religião com muitas subdivisões baseadas em práticas 
religiosas e origens étnicas. Há dois grupos principais de judeus: os Askenazi, 
Judaísmo | 
Uma religião e suas subdivisões práticas 
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originários da Europa Central, e os sefarditas, com raízes na Espanha e no Oriente 
Médio. Além disso, existem as divisões baseadas em práticas religiosas, como os 
judeus ortodoxos, ultra-ortodoxos e conservadores. 
Os judeus ortodoxos acreditam que a Torá e o Talmud foram revelados 
diretamente por Deus ao povo israelita, tornando-os a palavra de Deus e a autoridade 
máxima para estabelecer as diretrizes e tradições do judaísmo. Esse grupo é o maior 
em muitos países, exceto nos Estados Unidos (SCHOLEM, 2018). 
Os judeus ultra-ortodoxos, também conhecidos como Haredi, seguem as leis 
religiosas estritamente e vivem em comunidades separadas com seus próprios 
costumes. Esse grupo está crescendo rapidamente e, em muitos casos, vivem isolados 
do mundo exterior (BEN-SHLOMO, 2017). 
Já os judeus conservadores, também conhecidos como Masorti, ocupam um 
lugar intermediário entre os judeus ortodoxos e reformados. Eles mantêm as tradições 
e práticas religiosas, mas também fazem adaptações às necessidades modernas 
(SCHOENFELD, 2016). 
 
5.1 Judeus Renovados e Judaísmo Humanístico 
O judaísmo renovado ou reformado é um movimento que surgiu no início do 
século 19, na Alemanha, como uma resposta aos desafios da modernidade (Biale, 
2017). Os judeus renovados ou reformados adaptaram sua fé e seus costumes à vida 
moderna e incorporaram as descobertas que estudiosos contemporâneos fizeram 
sobre os primeiros judeus (Biale, 2017). 
Diferentemente dos judeus ortodoxos e ultraortodoxos, os renovados não 
consideram a Torá e o Talmud como a palavra real de Deus, mas como escrituras de 
seres humanos inspirados por Deus. Para os renovados, a tradição judaica deve ser 
reinterpretada em função dos valores modernos de igualdade, justiça e tolerância 
(Biale, 2017). 
Além disso, o judaísmo humanístico, uma vertente dentro do judaísmo renovado, 
defende que a religião deve ser uma fonte de inspiração para a busca do bem-estar 
humano e da felicidade individual e coletiva (Diner, 2004). Nessa perspectiva, a ênfase 
é colocada no valor da experiência pessoal e na responsabilidade individual, em 
detrimento da obediência a regras e dogmas (Diner, 2004). 
 
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5.2 Judeus Reformados 
Os judeus reformados, um dos grupos mais numerosos do judaísmo nos Estados 
Unidos, têm como característica fundamental a adaptação da fé e dos costumes à vida 
moderna, reinterpretando textos como a torá e o Talmud (Cohn-Sherbok, 2004). Dessa 
forma, a justiça social tornou-se um princípio importante para os reformados, que 
frequentemente lideram movimentos ativistas políticos (Kaplan, 2010). 
Apesar disso, há elementos imutáveis no judaísmo que são conservados pelos 
reformados (Bleich, 2006). A prática de sentar homens e mulheres juntos na sinagoga 
é um exemplo de mudança realizada pelos reformados em relação aos judeus 
ortodoxos (Dan, 2007). Nos Estados Unidos, existe um movimento de resgate das 
práticas tradicionais de adoração a Deus dentro do judaísmo reformado (Neusner, 
2006). 
Já a corrente reconstrucionista e o judaísmo humanístico são movimentos 
modernos americanos que rejeitam elementos sobrenaturais presentes em outras 
correntes do judaísmo (Matt, 2006). O judaísmo humanístico, por exemplo, enfatiza o 
aspecto ético do judaísmo e não acredita em Deus como uma entidade sobrenatural 
(Levenson, 2012). 
 
6 Simbolismo Judaico 
6.1 O Maguen David 
O simbolismo judaico é uma das formas mais expressivas de comunicaçãoda 
cultura judaica, composto por diversos elementos simbólicos que representam a 
história e as crenças dessa religião. Dentre os símbolos mais conhecidos e utilizados, 
destaca-se o Maguen David, também conhecido como Estrela de Davi. 
O Maguen David é composto por dois triângulos equiláteros sobrepostos, 
representando a união entre os aspectos divino e humano, celestial e terrestre, que 
são complementares e inseparáveis na visão judaica (Grunwald, 2010). Essa estrela é 
um símbolo sagrado para os judeus, e pode ser encontrado em diversos objetos 
litúrgicos, como sinagogas, livros de orações e talitot. 
A história do Maguen David remonta a mais de mil anos atrás, sendo utilizado 
em sinagogas e outras construções judaicas no Oriente Médio e na Europa (Neusner, 
2016). No entanto, foi apenas no final do século 19 que essa estrela se tornou um 
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símbolo oficial do judaísmo, especialmente após ser adotado como parte da bandeira 
do Estado de Israel em 1948 (Waskow, 2010). 
O Maguen David representa não apenas a conexão entre o divino e o humano, 
mas também a união do povo judeu como um todo. A estrela é um símbolo de 
proteção, referenciando a tradição judaica de pedir a proteção divina para o povo 
judeu (Levine, 2005). Além disso, o Maguen David pode ser interpretado como um 
símbolo de esperança, lembrando que os judeus sempre mantiveram sua fé e 
perseverança, mesmo em tempos difíceis (Grunwald, 2010). 
O Maguen David é um símbolo importante e presente na cultura judaica, 
representando a história e as crenças do povo judeu. Através desse símbolo, é possível 
entender as conexões entre o divino e o humano, bem como a união e a perseverança 
do povo judeu ao longo da história. 
 
Estrela de Davi, criada por uma seita judaica do século XII. Está na bandeira de 
Israel. 
 
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6.2 A Menorá 
 
Menorá é um candelabro ou candeeiro, em hebraico, com sete braços, usado no 
Tabernáculo (Ex 25,31-40; Ex 37,17-24). A passagem bíblica que fala da menorá pode 
ser encontrada em Êxodo 25:31-40, onde Deus instrui Moisés a construir uma lâmpada 
de ouro com sete braços para ser colocada no Tabernáculo, o local sagrado onde o 
povo judeu adorava a Deus durante o êxodo do Egito. 
O estudo da Menorá é vasto e complexo, e tem sido objeto de investigação e 
interpretação por séculos. De acordo com Schorsch (2013), a Menorá é o único objeto 
que faz parte do sistema de símbolos judaicos que aparece tanto na Torá quanto na 
Cabala. Ela representa um dos maiores símbolos da cultura judaica e tem sido utilizada 
de diversas formas ao longo da história do povo judeu. Como descrito por Gaster 
(1901), a Menorá é um dos mais antigos símbolos do judaísmo e tem sido utilizada 
em diversos contextos ao longo da história judaica, desde o antigo Templo de 
Jerusalém até as sinagogas modernas. 
A Menorá é composta por sete hastes, simbolizando os sete dias da criação do 
mundo, e cada haste representa uma virtude divina, como sabedoria, compreensão, 
conhecimento, misericórdia, justiça, bondade e santidade (Sassoon, 2017). Segundo 
Scholem (2011), a Menorá é vista como um símbolo de iluminação espiritual, uma vez 
que é iluminada por um fogo sagrado que representa a presença divina. 
A interpretação da Menorá é ampla e variada, e tem sido objeto de estudo de 
diversas áreas, desde a história e a arqueologia até a literatura e a arte. Conforme 
aponta Goldstein (2014), a Menorá tem sido utilizada como símbolo em diversas obras 
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de arte, desde a antiguidade até os dias de hoje, e tem sido representada de diversas 
formas, desde pinturas até esculturas e objetos de decoração. 
Em resumo, a Menorá é um símbolo central da cultura e da história judaica, que 
representa as virtudes divinas e a iluminação espiritual. Ela tem sido utilizada de 
diversas formas ao longo da história judaica e tem sido objeto de interpretação e 
estudo em diversas áreas, desde a religião até a arte. 
 
6.3 Muro das Lamentações 
O Muro das Lamentações, também conhecido como Kotel, é um local sagrado 
para o judaísmo e é um dos principais símbolos da religião judaica. Localizado na 
cidade velha de Jerusalém, o muro é uma das poucas estruturas remanescentes do 
Templo de Jerusalém, que foi destruído pelos romanos em 70 EC. O Muro das 
Lamentações é reverenciado como o local mais próximo do Santo dos Santos, o lugar 
mais sagrado do templo, onde se acreditava que a presença de Deus habitava. 
Segundo a tradição judaica, o Muro das Lamentações é considerado um lugar de 
oração poderoso, onde as preces são atendidas com mais facilidade. Os judeus de 
todo o mundo vêm ao Kotel para rezar, escrever pedidos em papéis e colocá-los entre 
as pedras do muro, e lamentar a destruição do templo. O local é um símbolo da 
conexão dos judeus com sua história e sua fé, bem como um símbolo de resistência e 
resiliência. 
De acordo com Grunwald (2010), a importância do Muro das Lamentações como 
um símbolo da religião judaica reside no fato de que ele é um lugar sagrado de grande 
significado histórico e religioso. O autor destaca que o muro é um lembrete da 
destruição do Templo de Jerusalém e do exílio dos judeus, mas também representa a 
esperança de um futuro melhor e da reconstrução do templo. 
Além disso, Heschel (2013) destaca a importância do Muro das Lamentações 
como um símbolo de unidade do povo judeu. O autor ressalta que o Kotel é um lugar 
onde judeus de todas as origens e vertentes religiosas se reúnem para orar e lamentar, 
independentemente de suas diferenças. O autor destaca que a unidade em torno do 
Muro das Lamentações é um exemplo da capacidade do povo judeu de superar suas 
diferenças e se unir em torno de sua fé e história comuns. 
Em suma, o Muro das Lamentações é um dos símbolos mais importantes da 
religião judaica, representando a conexão dos judeus com sua história e fé, a 
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esperança de um futuro melhor e a unidade do povo judeu. Através da oração, 
lamento e celebração, o Kotel continua a desempenhar um papel significativo na vida 
religiosa e cultural dos judeus em todo o mundo. 
 
 
Judeus ortodoxos, rezando no Muro das Lamentações. 
 
6.3.1 Restos do Templo de Salomão 
O verso bíblico de 2 Samuel 7 não trata especificamente dos restos do Templo 
de Salomão, mas sim do próprio templo em si. Nesse capítulo, Deus faz uma promessa 
a Davi de que sua descendência iria construir um templo para Ele em Jerusalém e que 
a dinastia de Davi seria estabelecida para sempre. O capítulo detalha a conversa entre 
Deus e Davi, que expressa seu desejo de construir o templo e Deus explica que será 
seu filho, Salomão, quem o construirá. 
Os restos do Templo de Salomão são um assunto que se refere à arqueologia 
bíblica e história antiga. Segundo a tradição judaica, o Templo de Salomão foi 
construído por volta do século X a.C. e destruído em 586 a.C. pelos babilônios. No 
entanto, há controvérsias sobre a exatidão dessas datas e sobre a localização exata do 
templo. Ainda assim, muitos judeus consideram o Templo de Salomão um símbolo 
importante da fé e da história judaica. 
 
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6.4 A Mezuzá 
A mezuzá é um dos símbolos mais importantes da cultura e religião judaicas. 
Trata-se de um pequeno recipiente em forma de cilindro que contém um pergaminho 
com passagens da Torá, especialmente a do Shemá Israel (Deuteronômio 6:4-9), que 
é considerada uma das mais importantes orações judaicas. A mezuzá é afixada na 
parte superior direita da porta de entrada das casas e é vista como uma proteção 
contra o mal e um lembrete constante da presença de Deus na vida diária. 
Segundo a tradição judaica, a mezuzá simboliza a fidelidade dos judeus à sua 
religião e às leis divinas.A ação de afixar a mezuzá na porta de entrada da casa 
simboliza a consagração do lar à religião e a disposição de seguir as leis e 
mandamentos de Deus. O ritual da mezuzá é realizado em todas as casas judaicas, 
independentemente de serem ortodoxas, conservadoras ou reformistas. 
A mezuzá tem um importante significado histórico e espiritual para o povo judeu. 
De acordo com o historiador judeu Flávio Josefo, a tradição de afixar pergaminhos na 
porta de entrada de casas teve origem no tempo dos profetas, que aconselhavam os 
judeus a lembrarem-se das palavras de Deus sempre que entrassem em suas casas. 
Além disso, a mezuzá é vista como um símbolo de resistência contra as perseguições 
religiosas sofridas pelos judeus ao longo da história. 
A importância da mezuzá é tão grande que, segundo a tradição judaica, a 
afixação do objeto em uma casa torna aquele lugar sagrado, sendo que algumas 
orações só podem ser realizadas em um ambiente que tenha uma mezuzá. Há também 
uma cerimônia especial para afixação da mezuzá em uma nova casa, que envolve a 
benção do objeto e a recitação de orações. 
Diversos autores já se dedicaram ao estudo da mezuzá e seu simbolismo dentro 
da religião judaica. Em seu livro "A cabalá e o poder das palavras", o rabino Yehuda 
Berg explica que a mezuzá é um símbolo do pacto entre Deus e o povo judeu, que se 
compromete a seguir as leis divinas. Já a historiadora Karen Armstrong, em seu livro 
"Jerusalém: uma biografia", aborda a importância histórica da mezuzá para o povo 
judeu e como a tradição de afixar pergaminhos na porta de entrada das casas se 
transformou em um símbolo da identidade judaica. 
Em suma, a mezuzá é um símbolo fundamental da religião e cultura judaicas, 
representando a fidelidade dos judeus às leis divinas, a resistência contra a 
perseguição religiosa e a presença constante de Deus na vida diária. Sua importância 
é tão grande que a afixação do objeto em uma casa torna aquele lugar sagrado, sendo 
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Breve História de Israel 
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que o ritual de afixação da mezuzá é realizado em todas as casas judaicas. 
 
7 Breve História de Israel 
Com base nos referenciais bibliográficos teóricos apresentados, o Judaísmo é 
uma religião importante e influente na cultura ocidental e mundial. Segundo Coogan 
(2007), o judaísmo é a origem das duas grandes religiões, o Cristianismo e o Islamismo. 
No entanto, falar de Judaísmo é um assunto amplo e é necessário esclarecer que, 
apesar de serem usados como sinônimos, os termos Judeus, Hebreus e Israelitas têm 
diferenças específicas. Os Hebreus são considerados os antepassados de Israel, e 
segundo alguns estudiosos, eram escravos sem pátria, vivendo em terras estranhas 
durante o êxodo. Os Israelitas são todos os habitantes de Israel quando este já é um 
país. Já os Judeus são membros da tribo de Judá, que era apenas uma parte ou 
província de Israel (NEUSNER, 2006). 
Dessa forma, compreender o Judaísmo e seus aspectos essenciais e introdutórios 
é fundamental para entender sua influência na cultura ocidental e mundial, bem como 
as raízes das outras grandes religiões que se originaram a partir dele. 
O período histórico do reino de Israel é tema de diversos estudos e análises na 
história e arqueologia bíblica. Segundo Finkelstein (2006), a arqueologia tem 
contribuído para o entendimento da formação e desagregação do reino de Israel, 
especialmente no que se refere aos reinados de Davi e Salomão. O autor argumenta 
que as evidências arqueológicas apontam para uma possível união política entre as 
tribos de Judá e Israel, o que teria dado origem a um reino unificado com capital em 
Jerusalém. 
Já no que se refere ao luxo desordenado do reinado de Salomão, Schwarcz (2011) 
destaca que essa narrativa bíblica deve ser compreendida dentro do contexto literário 
e teológico em que foi produzida. Segundo a autora, o exagero atribuído a Salomão 
seria uma forma de criticar a postura de líderes da época que se desviavam dos 
preceitos religiosos e morais judaicos. 
A divisão do reino em dois estados após a morte de Salomão é abordada por 
diversos estudiosos, como Bright (2005) e Coogan (2007). Eles apontam para a 
insatisfação das tribos do norte com a centralização do poder em Jerusalém e os altos 
impostos cobrados pelo rei Roboão. A partir daí, o reino se dividiu em Judá, ao sul, e 
Israel, ao norte, com governantes distintos e frequentes conflitos. 
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Portanto, é possível compreender a breve vida do reino de Israel através de 
diferentes perspectivas históricas e teológicas, que consideram desde a arqueologia 
até a análise literária da narrativa bíblica. 
O estudo da história de Israel é fundamental para compreender o surgimento e 
desenvolvimento do Judaísmo, que ainda hoje se baseia nesses eventos históricos. 
Como mencionado anteriormente, a história de Israel começa com a unificação dos 
pequenos grupos que formavam a região em um único estado, por volta de 1030 a.C., 
sob a liderança de Saul e a consolidação do estado por Davi. No entanto, o luxo 
desordenado de Salomão levou o estado a se desagregar, culminando na divisão em 
Reino do Norte e Reino do Sul, com a invasão assíria em 722 a.C. levando à queda do 
Reino do Norte e consequentemente, o fim de Israel. 
A partir de então, Judá torna-se o local onde ainda vivem os povos da aliança 
que antigamente formava Israel. A Judeia, ou Judá, era apenas uma província, ou 
estado de Israel. Portanto, em termos de religião, Judeus, Israelitas e Hebreus são 
sinônimos, embora os termos não sejam exatamente iguais. 
 
 
Para compreender melhor a história de Israel e sua relação com a religião judaica, é 
possível consultar diversas obras, como "Breve História de Israel" de Michael Brenner. 
Além disso, a Bíblia Hebraica é uma importante fonte de referência para compreender 
os eventos históricos que deram origem ao Judaísmo. 
 
7.1 Os Primórdios 
Ao contrário do que muitos pensam, a história de Israel não está relacionada com 
as origens do mundo, nem mesmo com as civilizações mais antigas. Conforme 
apontado por Ballancin (1987), a história de Israel começa com Abraão, 
aproximadamente em 1.900 a.C., um arameu errante que residia em Ur, na Caldéia. 
Abraão representa um fenômeno migratório de pastores seminômades que viviam 
nesta época. Eles viviam em tribos de, talvez, 30 a 50 pessoas, com seus rebanhos de 
ovinos e caprinos. 
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No entanto, é importante ressaltar que a história de Israel tem suas raízes em 
contextos culturais e religiosos anteriores, como os cultos cananeus, que influenciaram 
a religião dos hebreus, conforme aponta Finkelstein (2013). Além disso, a formação 
do povo de Israel está relacionada com o contexto histórico e político do antigo 
Oriente Próximo, com a presença de grandes impérios como o egípcio e o assírio, 
como menciona Coogan (2007). 
Portanto, a história de Israel não pode ser entendida de forma isolada, mas sim 
em um contexto mais amplo que envolve as influências culturais e religiosas 
anteriores, bem como o cenário político e histórico do antigo Oriente Próximo. 
Ao analisar a história do povo de Israel, é possível observar a influência da sua 
condição de pastores seminômades em sua religiosidade. Conforme mencionado por 
Galbiatti e Aletti (1991), eles atravessavam fronteiras em busca de pastagens sem se 
preocupar com os povos locais já estabelecidos. Dessa forma, eles desenvolveram 
características próprias, que foram moldando sua religiosidade ao longo do tempo. 
Enquanto outros povos possuíam santuários onde adoravam seus deuses 
periodicamente, os pastores seminômades carregavam seus deuses consigo em suas 
migrações e erguiam altares em locais onde se estabeleciam. Dessa forma, já não 
precisavam recorrer aos santuários dos povos estabelecidos. Essa prática acaboulevando ao monoteísmo, pois era difícil levar diversos deuses durante as migrações. 
Assim, os pastores seminômades passaram a adorar um único deus que os 
acompanhava em suas jornadas. Esse deus não tinha uma morada fixa, mas era 
adorado em qualquer lugar. 
Essa base da primeira religião monoteísta foi sendo moldada ao longo dos 
séculos e foi ganhando mais estrutura com a liderança de figuras como Abraão, Isaac, 
Jacó e Moisés, culminando na religião judaica. Como mencionado por Ballancin (1987), 
Abraão representa um fenômeno migratório de pastores seminômades, que viviam na 
região por volta de 1.900 a.C. Dessa forma, a religiosidade desse povo foi sendo 
moldada por suas experiências migratórias e pelas necessidades que surgiam ao longo 
do caminho. 
Portanto, é possível entender a religião judaica como resultado da condição de 
pastores seminômades e migrantes do povo de Israel. Essa história é fundamental 
para compreender a base do monoteísmo e da religiosidade judaica, que ainda hoje 
é uma das principais religiões do mundo. 
A partir da leitura da Bíblia, é possível observar que a história de Israel se inicia 
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com a migração de pastores seminômades liderados por Abraão, por volta de 1.900 
a.C. (BALLANCIN, 1987, p.5ss). Ao longo de suas constantes migrações, esses grupos 
atravessavam fronteiras e adquiriam características próprias que demarcavam sua 
religiosidade. Enquanto os outros povos tinham seus santuários, os pastores 
seminômades levavam seus deuses consigo em suas migrações, o que acabou 
levando-os do politeísmo para o monoteísmo (GALBIATTI; ALETTI, 1991, p.51ss). 
Esse embrião da religião judaica, que adorava um único Deus sem santuário fixo, 
acompanhou os migrantes até Canaã (hoje Israel), onde estabeleceram-se 
periodicamente e erguiam um altar para adorar sua divindade. Uma parte desses 
grupos foi até o Egito, onde foi escravizada pelo faraó, que usava a religião como 
artifício para controlar os escravos (BALANCIN et all, 1987, p.5). 
Após séculos de escravidão, alguns líderes como Moisés, Aarão, Míriam e Josué 
iniciaram uma conscientização popular e uma reação contra a ideologia real do faraó. 
Depois de um longo período de lutas, fracassos e sofrimentos, o povo conseguiu se 
libertar da escravidão egípcia por volta de 1250 a.C. (Ex 12-14). A partir daí, inicia-se 
uma nova fase na história de Israel, com sua jornada em busca da terra prometida. 
Dessa forma, é possível perceber que a história de Israel se desenvolveu a partir 
de movimentos migratórios de pastores seminômades e da luta contra a escravidão 
no Egito. Esses eventos foram fundamentais para a formação da identidade e 
religiosidade judaica, que ainda hoje são influentes em diversos aspectos culturais e 
religiosos. 
O povo livre foi viver no deserto. Agora sem pátria, mas sem opressores. Neste 
período começa a se formar a consciência de um Deus único, Javé5 (Ex 3). Foi assim 
que os escravos libertos tomaram a consciência: “Os deuses servem aos interesses de 
faraó. Javé é o Deus dos escravos. Enquanto os deuses servem para legitimar a 
escravidão, Javé é o Deus da liberdade” (GALBIATI; ALETTI, 1991, p.76). 
Após a libertação da escravidão do Egito, o povo hebreu se reuniu e estabeleceu 
uma aliança com o Deus Único, a quem chamaram de Javé. Essa aliança foi reforçada 
por meio da celebração anual da Páscoa, que comemorava a passagem do Mar 
Vermelho e a libertação do povo hebreu. Essa celebração se tornou uma tradição 
importante e um ponto fundamental na religião judaica, que também deu início à 
escrita da Bíblia. 
Alguns versículos bíblicos que falam sobre a libertação do povo de Israel da 
escravidão no Egito e a aliança feita com Deus: 
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"Eu sou o Senhor, e vos tirarei de debaixo das cargas dos egípcios, e vos livrarei 
da sua servidão, e vos resgatarei com braço estendido e com grandes juízos." (Êxodo 
6:6) 
"E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O Senhor Deus de 
vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me enviou a vós; 
este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração." 
(Êxodo 3:15) 
"Então Moisés disse ao povo: Lembrai-vos deste dia, em que saístes do Egito, da 
casa da servidão; pois com mão forte o Senhor vos tirou daqui; portanto, não comereis 
pão levedado." (Êxodo 13:3) 
"E chamou Moisés a todo o Israel, e disse-lhes: Vós tendes visto tudo o que o 
Senhor fez diante dos vossos olhos, na terra do Egito, a Faraó, e a todos os seus servos, 
e a toda a sua terra." (Deuteronômio 29:2) 
"E Moisés escreveu todas as palavras do Senhor, e levantando-se pela manhã, 
edificou um altar ao pé do monte, e doze colunas, segundo as doze tribos de Israel." 
(Êxodo 24:4) 
A história da formação da religião judaica e da Bíblia é complexa e tem sido 
estudada por diversos pesquisadores. Segundo alguns estudiosos, a figura de Javé, 
como Deus único, foi se consolidando ao longo do tempo e pode ter sido influenciada 
por outras religiões da época, como a egípcia e a mesopotâmica (COOGAN, 2007). 
No entanto, é inegável que a libertação do povo escravo no Egito foi um fator 
decisivo para a consolidação da religião judaica. Como aponta o estudioso Alberto 
Monteiro de Barros (2011), a experiência da libertação e a Aliança com Deus se 
tornaram fundamentos da religião, que se desenvolveu a partir daí. 
Além disso, a memória da libertação e da Aliança com Deus foi mantida viva 
através de celebrações litúrgicas, como a Páscoa, que até hoje é uma das principais 
festas judaicas (MARTINS, 2008). 
Portanto, a fundação da religião judaica está intrinsecamente ligada à experiência 
da libertação do povo escravo no Egito e à descoberta de um Deus único que não é 
manipulado pelos reis, mas é o Deus dos escravos e da liberdade. Esses eventos e 
crenças foram mantidos vivos através da celebração litúrgica da Páscoa e da Aliança 
com Deus. 
 
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7.2 A Conquista da Terra 
Quando o povo hebreu encontrou Javé, este lhe prometeu terra (Ex 3,7ss). Agora 
o povo de Israel está livre, mas vive no deserto (Ex 16ss). Javé iria dar a terra dos 
cananeus, heveus, jebuseus, etc.(BALLANCIN, et all, 1987, p.8). O povo passou 
quarenta anos no deserto e o próprio Moisés morreu antes de entrar nas terras 
prometidas (Dt 34). Depois da morte do líder Moisés, Josué conduz os escravos para 
dentro de Canaã, que era a terra prometida (Js 1ss). Mas lá havia outras tribos 
residindo, os cananeus, os heveus, os jebuseus, etc. Josué, com suas tropas teve de 
levar luta renhida até conquistar as terras. Aos poucos as terras caem nas mãos dos 
escravos libertos do Egito, isto é, dos hebreus. As terras foram, então divididas em 12 
tribos (Js 13ss) e Israel viveu, de 1210 a.C. até 1030 a. C. numa confederação de tribos, 
chama-se isto de Sistema Tribal. Neste tempo, anualmente os israelitas, ou hebreus 
celebravam a memória da páscoa, mantendo assim viva a memória de Javé, o único 
Deus, aquele que quer a liberdade do SH GALBIATI; ALETTI, 1991, p.82). 
Surge um problema: os países vizinhos têm seus reis, enquanto Israel só tem uma 
confederação de tribos. Ora, um país que tem um rei, tem também um exército. O 
sistema tribal de Israel nunca se preocupou em ter seu exército. Logo isto resultou em 
um grave problema. Os países vizinhos faziam saques às tribos de Israel, levando seus 
animais, suas colheitas, etc. Israel não tem como se proteger. Diante das ameaças de 
saque, em Israel surgem líderes carismáticos que organizam a resistência e defendem 
o povo (Jz 1ss). Mas, mesmo assim, quem tem um exército organizado sempre leva 
vantagem sobre uma confederação de tribos que só tem um exército ocasional. Foi 
assim que o Sistema Tribal em Israel começou a entrar em crise e aos poucosse 
esfacelando (1Sm 81ss). O Sistema Tribal funcionou, em Israel, de 1210 até 1030 a.C. 
 
7.3 A Monarquia em Israel 
Diante do fracasso do sistema Tribal diante das ameaças externas e também 
internas, Israel implantou uma monarquia, por volta do ano de 1030 a.C. (1Sm 9ss). O 
primeiro rei de Israel foi Saul (BALLANCIN, et all, 1987, p.14). Este governou por 
aproximadamente 20 anos. Ele caiu em desgraça (1Sm 15,1ss) e veio a falecer (1Sm 
31). Seu sucessor foi Davi (1Sm 16ss), ele se torna rei em Israel (2Sm 2). Seu reinado 
durou de 1010 até 970 a.C. Ou seja, governou por 40 anos. Ele deu a Israel uma grande 
estabilidade econômica e política. Depois de sua morte, seu filho Salomão ocupou o 
trono (1Rs 1ss). Este também governou por 40 anos. Cometeu alguns abusos graves. 
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Viveu no luxo (1Rs 10,14ss) e na licenciosidade e idolatria (1Rs 11,1-8). Com a morte 
de Salomão, o reino de Israel rompeu em dois reinos (1Rs 12). Ficando assim, a parte 
norte com o nome de Israel, ou Reino do Norte e a parte sul com o nome de Judá, ou 
Reino do Sul (GALBIATTI; ALETTI, 1991, p.109). No sul sempre teve um descendente 
de Davi no trono (davididas ou dinastia de Davi), já no norte houve uma sucessão de 
monarcas. Uns depunham aos outros, os assassinavam e se faziam reis, coroando-se 
a si mesmos (1 e 2 Rs). 
Desta forma Israel se enfraqueceu. A religião, que fazia memória da libertação 
dos escravos do Egito, agora legitimava a política dos reis. Bastava abrir a boca contra 
os desmandos do rei e o sacerdote perdia seu emprego, vindo assim ele, e sua 
família10, a perecer de fome. 
Neste período surge, em Israel uma nova classe: os profetas. Profetas, a grosso 
modo, eram pessoas leigas, que tinham uma profunda experiência do Êxodo 
(libertação do povo e da Aliança) e ao mesmo tempo sabiam das malandragens dos 
reis e poderosos. Assim, leigos que não dependiam do rei, tinham a coragem de abrir 
a boca e jogar as verdades na cara do mesmo (Am 2; 7; Is 59, etc.). 
 
7.4 Os Dois Reinos e a derrocada 
Por volta de 930 a.C. Israel rompeu em dois reinos (1Rs 12): reino do Norte, ou 
Israel e Reino do Sul, ou Judá. No Reino do Sul sempre governou um descendente de 
Davi, ou seja, um davidida. No norte houve sucessão de dinastias. Geralmente se 
tratava de generais que assassinavam o rei e se autoproclamavam reis. Logo a seguir 
outro general depunha, ou assassinava o novo rei. No Reino do Sul, com pequena 
exceção, sempre houve a sucessão dinástica. Tudo isto pode ser lido nos dois livros 
dos Reis. 
Em 722 a.C. o Império da Assíria invadiu o Reino do Norte e deportou grande 
parte de seus moradores para a Assíria e trouxe assírios para morar em Israel (2Rs 17). 
Desta mistura de raças e de religiões11 surgiram os samaritanos que tinham algumas 
características judaicas, mas também eram idólatras. Israel, como país e como reino, 
deixou de existir oficialmente (BALANCIN, et all, 1987, p.20). 
A partir de então, apenas o Reino do Sul (Judá) ainda continuava a levar em frente 
o velho projeto de Israel, memória do Êxodo, ou a religião Javista. Mas Judá era uma 
nação pequena, seu território era insignificante diante de grandes impérios que a 
rodeavam: Egito, Babilônia, etc. Além de ser insignificante, estava situada 
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geograficamente numa rota de trafego de caravanas que ligavam o Egito ao reino da 
Babilônia e de outros reinos do norte. Assim, o pequeno país de Judá começou a 
despertar a cobiça das grandes potências políticas de então. 
Em 589 a.C. a Babilônia invade Judá (2Rs 24 e 25). Depõe seu rei e nomeia outro 
rei, trocando-lhe o nome. Mais tarde invade novamente e faz com que o rei veja a 
degola de todos os seus filhos e depois cega o mesmo e o leva preso para a Babilônia, 
onde este permanece um tempo na prisão e depois vive no palácio do rei da Babilônia, 
até a morte (GALBIATI; ALETTI, 1991, p.138). 
A Babilônia leva para o Exílio, muita gente de Jerusalém: sacerdotes, militares, 
artesãos, ferreiros, etc. e deixa agricultores morando em Judá. Antes, porém, de se 
retirar, arrasou com a cidade santa. Destruiu o templo, as casas e os muros da mesma. 
Os remanescentes ficaram acéfalos, sem templo, sem líderes religiosos e sem líderes 
políticos. 
Até então, pouco daquilo que hoje é o Antigo Testamento, na Bíblia, existia como 
escrito. Tudo era Tradição Oral. A religião e os costumes eram transmitidos oralmente. 
Como a elite cultural foi exilada para a Babilônia, e lá o ambiente cultura era adverso, 
um grupo de escribas, sacerdotes e pessoas capazes começaram a escrever suas 
antigas tradições, pois temiam perder sua identidade e sua religião. Nasce, a partir de 
então, a maioria dos livros bíblicos do Antigo Testamento. Hoje, ao abrirmos o Antigo 
Testamento, folheamos livros que foram escritos no Exílio e no Pós-Exílio. Como 
afirmamos acima, antes deste período, poucos livros bíblicos existiam. Talvez algumas 
partes do livro dos Salmos, de Amós, de Oséias, de Isaías e pouca coisa mais. 
Concluindo, podemos afirmar que, quase todos os livros bíblicos que compõem 
o Antigo Testamento, foram escritos no Exílio da Babilônia e no pós-exílio, ou seja, de 
589 a.C. em diante. Sem o Exílio da babilônia, provavelmente não teríamos o Antigo 
Testamento, como o temos, hoje. 
 
7.5 O Pós-Exílio (539 a.C. ss) 
O Pós-exílio, período que se inicia com o retorno dos judeus do exílio babilônico, 
se divide em três momentos: Período Persa (538 a.C. - 332 a.C.), Período Grego (332 
a.C. - 63 a.C.) e Período Romano (63 a.C. - 70 d.C.) no que concerne ao judaísmo. 
No Período Persa, a construção do Segundo Templo foi iniciada e concluída em 
515 a.C., após uma pausa de cerca de 20 anos na obra. O período também foi marcado 
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pela reconstrução da cidade de Jerusalém e pela reorganização da comunidade 
judaica. A literatura produzida neste período inclui livros como Ageu, Zacarias e 
Esdras. 
Já no Período Grego, a região passou a ser governada por Alexandre, o Grande, 
e posteriormente pelos reis selêucidas. Este período foi marcado por uma grande 
influência da cultura grega na região, inclusive no judaísmo, com a tradução da Bíblia 
Hebraica para o grego (Septuaginta). O livro de Daniel também foi produzido neste 
período. 
Por fim, no Período Romano, a Judeia passou a ser governada pelos romanos e 
o Segundo Templo foi destruído em 70 d.C. Este período foi marcado por um forte 
movimento messiânico, liderado por figuras como João Batista e Jesus de Nazaré. A 
literatura produzida neste período inclui livros como o Novo Testamento e o Talmude. 
 
7.5.1 Período Persa (539 até 333 a.C.) 
O Exílio da Babilônia durou aproximadamente 50 anos. Vai de 589 até 539 a.C. 
Em 539 o rei da Pérsia se torna dono da Palestina (Israel Judá) (BALLANCIN, et all, 
1987, p.26). Logo o rei baixa um decreto, permitindo que os judeus exilados possam 
voltar para a sua pátria (Esd e Ne). Retornando à sua terra, Jerusalém estava destruída. 
Sem casas, sem muro e sem templo. Esdras e Neemias lideram o povo na reconstrução 
da cidade, do muro e do templo (BALANCIN, et all. 1987, p.26). 
Neste período, o povo de Judá tem grande liberdade. Pode viver a sua religião, 
seus costumes sem interferência dos persas. Estes apenas exigem os tributos anuais, 
mas não há imposição cultural ou religiosa. Os judeus, agora se questionam: “Por que 
Deus permitiu que caíssemos nas mãos dos Babilônios? Certamente foi por nossas 
faltas, nosas idolatrias, nossos pecados”. Começou-se, então a depurar os pecados. 
Para acabar com a idolatria, criou-se uma ojeriza contra todos os estrangeiros. Em 
Judá havia muitas pessoas casadas com mulheres não judias. Esdras tomou medidas 
extremas. Expulsou todas as mulheres não judias com seus filhos para não deixar o 
povo santode Judá com vestígios de idolatria (Esd 9-10 e Ne 13,23ss). Isto gerou uma 
verdadeira neurose contra estrangeiros, que a partir de então são vistos como impuros 
pelos judeus. 
Neste período da volta do Exílio da Babilônia é que se assume o nome de Judeus 
como símbolo de todos os israelitas, pois agora Judá é a única parte de Israel aonde 
ainda se vive a religião javista. 
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7.5.2 Período Grego (333 até 64 a.C.) 
Em 333, ou 331 a.C. Alexandre Magno (Império Grego) conquista grande parte 
das terras ao redor do Mar Mediterrâneo. Assim Judá cai na mão do Império Grego 
(BALANCIN, et all, 1987, p.28). Alexandre, porém, morre cedo, aos 33 anos. Seu vasto 
reino é dividido entre seus generais (Diádocos = sucessores). Destes generais, dois 
interessam para Judá: Ptolomeu e Seleuco (GALBIATI; ALETTI, 1991, p.142). 
O general Ptolomeu, filho de Lagos (por isto sua dinastia é conhecida como 
Lágidas) se instalou em Alexandria, no Egito e de lá governou uma parte do antigo 
Império Grego. Judá foi dominada pelos Lágidas desde 301 a.C. até 197 a.C. Neste 
período Judá teve certa paz. Podiam praticar sua religião e viver sua vida, mas foram 
obrigados a pagar tributos anuais, 
Em 197 a.C. os descendentes de Seleuco, que se tornara rei na região da Babilõnia 
de uma parte do Império Grego, tomaram Judá dos Lágidas e aí a situação se 
complicou para os judeus. Os Selêucidas começaram a impor sua cultura e suas 
religiões aos judeus. Estes se dividiram. Alguns aceitavam esta imposição, mas outros 
preferiram morrer a assimilar a cultura e a religião dos opressores. Neste período foi 
derramado muito sangue. Um grupo de judeus se organizou e fez guerra aos 
Selêucidas. Trata-se dos Macabeus, também conhecidos como Asmoneus (1 e 2 Mc). 
Este grupo de terroristas conseguiu importantes vitórias contra os gregos. 
Praticamente conseguiram reconquistar o antigo território de Israel, como era antes 
da divisão (Reino do Norte e Reino do Sul). 
 
7.5.3 O Período Romano (64 a.C até 135 d.C.) 
Em 64 ou 63 a.C. o Império Romano destrói o que ainda restou do Império Grego 
e se torna o novo dono da palestina (Israel e Judá). Quando nasce Jesus, Israel vive 
uma situação trágica (BALANCIN, et all, 1987, p.31). A parte norte está há 722 anos 
sem independência e a parte sul, há 589 anos de submissão 9GALBIATI; ALETTI, 1991, 
p.176). 
O povo judeu esperava a vinda de um Messias (descendente de Davi) para 
reinstaurar o Reino de Israel, assim como outrora Davi o fez. O povo esta descontente 
com a situação. Anualmente pagavam imposto para o imperador romano, mas tinham 
certa liberdade de vida. Podiam praticar sua religião (SAULNIER; ROLLAND, 1983, 
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p.37ss). 
O poder romano na Palestina era exercido da seguinte maneira: em Israel nos 
tempos Jesus, havia o rei Herodes. Ele era rei local. Era vassalo de Roma. Ele cuidava 
da organização interna. Os romanos só cuidavam de receber anualmente seus 
impostos. Fora isto o rei cuidava dos assuntos internos da política. Com a morte de 
Herodes, seus filhos se dividiram o país, mas sendo Jerusalém uma região conturbada, 
Roma interveio e depôs Arquelau, filho de Herodes e colocou um procurador do 
imperador para cuidar de Judá. Nos tempos da morte de Jesus, este procurador era 
Pôncio Pilatos. Além do rei, e do procurador, existia o Sinédrio (SAULNIER; ROLLAND, 
1983, p.55). O Sinédrio era um tribunal (conselho de 70 anciãos) presidido pelo Sumo 
sacerdote (papa judeu). O Sinédrio cuidava de todos os casos internos de justiça. Para 
condenar alguém à morte precisava da assinatura dos romanos. 
O povo de Israel fez muitos levantes para buscar sua independência de Roma. 
Entre 66 e 70 d.C. houve a Guerra Judaica. Roma reagiu e massacrou os judeus. No 
ano 70 d. C. Jerusalém foi destruída, juntamente com o templo. Os judeus foram 
dispersos pelas regiões vizinha. Mas as lutas de resistência continuaram e em 135 d.C. 
Jerusalém foi lavrada, arrasada e definitivamente destruída. Proibiu-se aos judeus de 
nela entrar. Lá se criou uma pequena vila para tropas romanas, mudando-lhe o nome 
para Aelia Capitolina. 
A partir de então, Jerusalém foi povoada e dominada pelos mais diverso grupos 
étnicos. Somente em 1948 Israel é novamente recriado como estado por uma decisão 
da ONU. Os judeus, então, dispersos pelo mundo inteiro, financiaram a compra de 
terras e muitos judeus voltaram para Israel. Hoje se fala em 80% da população de 
Israel ser de judeus, 15% de muçulmanos e 5% de cristãos. 
 
8 A Religião Judaica 
8.1 Elementos Gerais do Judaísmo 
Os elementos essenciais que caracterizam o judaísmo são: Um só Deus, a Torá 
(Pentateuco) e Israel. Este Deus fez Aliança com Israel (Ex 19-24), por isto mesmo, 
Israel é o filho amado (Is 49,6). Não se quer, como nas demais religiões, transformar 
todos os povos em judeus, uma vez que o conceito “judeu” além de religioso, é 
também racial. 
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A Religião Judaica 
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“No judaísmo não se imagina que todas as pessoas venham a se tornar judias, 
mas existe a esperança de que o mundo inteiro reconheça a soberania de um único 
Deus” (COOGAN, 2007, p.16). Israel se entendia, no passado como um povo, uma 
nação, uma crença, uma cultura. Hoje, porém, há dúvidas quanto a estes conceitos. 
Existem judeus de diversas cores de pele (GAARDER, 2002,98). 
 
8.2 As Escrituras (Bíblia – Antigo Testamento) 
Para o judaísmo, as Escrituras têm papel central. Elas se dividem em: 
• A Lei (Torá) = Pentateuco ou 5 livros de Moisés 
• Os Profetas (Neviim)= Livros históricos e proféticos 
• Os Escritos ((Ketuvim) = livros sapienciais 
 
Tomando as letras iniciais de Torá, Neviim e Ketuvin se forma a palavra Tenakh, 
que se tornou a palavra hebraica para Bíblia, pois Bíblia é palavra grega. 
Para os judeus, a Torá é o miolo da Bíblia. Alguns grupos só usam a Torá. Ou seja, 
mesmo aqueles grupos que usam os demais textos, têm a Torá como a parte principal. 
O rolo da Torá é o objeto mais sagrado do judaísmo. Cada letra deve ser bem escrita 
por um escriba treinado. Desaparecendo uma letra, o rolo é inutilizado, enterrado em 
cemitério (COOGAN, 2007, p.35). 
 
8.3 Mishná/Talmude e outros escritos 
As muitas Tradições Orais da Bíblia foram comentadas, discutidas e aplicadas à 
vida concreta. Este trabalho recebe o nome de Mishná (O que é ensinado). 
Representam a opinião das maiorias e das minorias. Ao serem compiladas em livros, 
recebem o nome de Talmude (Estudo). Algumas tradições rabínicas davam o mesmo 
valor ao Talmude que à Torá. Além do Talmude havia também o Targum, que era a 
tradução da Torá para o aramaico, língua falada pelos judeus depois da volta do 
Exílio1. No século XIII um rabino espanhol, Moisés de León compilou uma porção de 
escritos aramaicos (Zohar). Estes serviram de Base da Cabala. Trata-se de um 
movimento místico com uma tentativa de penetrar nos mistérios da divindade. 
Acabou num movimento esotérico que tem influência até os nosso dias. 
 
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8.4 Deus 
O Deus de Israel recebe diversos nomes. O mais comum é YHWH , ou 
se- ja, na forma aportuguesada, Javé, ou também, Jeová. Existe também a forma 
Elohim (plural de El) e El Shaddai. Mas a forma YHWH se impôs e aos poucos foi 
absorvendo as demais formas. Yahweh pode ser traduzido por “Eu sou o que sou”, ou 
ainda, “O que faz acontecer”. 
Javé é um Deus transcendente. Seu nome é totalmente santo, por isto mesmo 
não podia ser pronunciado, a não ser pelo Sumo Sacerdote, no dia do Yom Kipur. 
Aparecendo a Palavra YHWH em algum texto, o leitor devia pronunciar Adonai (meu 
senhor). Se o escriba estivesse copiando textos sagrados e aparecesse o nome santo 
Yah- weh, ele tinha de parar e lavar as mãos, para depois copiar o nome de Deus. 
O Deus de Israel não podia ser representadopor figuras como seres humanos, 
animais ou estátuas (Ex 20,4-6). Assim em Israel não se encontra representações 
artísticas de Deus. Ele não tem forma física, é invisível (COOGAN, 2007, p.26). 
O Credo judaico era: “Ouve Israel: Yahweh nosso Deus é o único Yahweh” (Dt 6,4). 
Esta frase é repetida todas as manhãs pelos judeus. É um Deus pessoal que se pre- 
ocupa com o mundo que criou. 
 
8.5 Messianismo 
Pairava, sobre Israel uma promessa de que sempre haveria um filho de Davi 
(descendente) para governar Israel (2Sm 7,9ss). Quando, porém, em 589 a.C. a 
Babilônia invadiu Jerusalém e assassinou todos os filhos do último rei e depois de o 
ter vazado os olhos deste, o levou cativo para a Babilônia, pôs fim a dinastia de Davi. 
Nasce agora a esperança messiânica de vir um novo Messias (ungido como Davi)2 
para reinar sobre Israel que estava sob o jugo estrangeiro. Este ungido esperado 
deverá ser um novo Davi ou um novo Moisés e que assim, Israel voltaria a ser um país 
livre (Is 7,13-14; Is 11,1ss e Dt 18,13ss). Mais tarde este messias assumiu características 
apocalípticas, como alguém que viria sobre as nuvens para reinar (Dn 7,13ss). No Novo 
Testamento Jesus assume o papel de Messias = Cristo (COOGAN, 2007, p.28). 
 
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8.6 Personagens 
O judaísmo não venera figuras como os santos. Mesmo assim, entre seus 
antepassados há muitos destaques: Abraão, Moisés, Davi são os mais importantes. 
Abraão é visto como o pai da fé. Moisés é o legislador. Por meio dele foi dada a Lei 
(Torá) e Davi é o primeiro rei, por isto é visto como o rei por excelência, o iniciador da 
dinastia real. Há outros personagens importantes com Esdras, Hilel, Akira, etc. Estes 
personagens desempenharam papel importante na vida do povo e da fé. 
 
8.7 Crença 
No judaísmo primitivo não existe a crença na vida eterna, ou seja, vida após a 
morte. A recompensa de Abraão e dos antigos, é ter muitas terras e muitos filhos (Gn 
12 e 15), pois acreditavam que Deus abençoava os bons com terras e nos filhos 
continuaria a vida dos pais. A crença na Vida eterna entra em Israel, talvez a partir da 
Babilônia. Já nos tempos do Novo Testamento alguns grupos acreditavam em vida 
eterna, como os fariseus. Já os saduceus não acreditavam (Mc 12,18). 
Os judeus viviam a Torá, que os rabinos resumiram em 613 leis (COOGAN, 2007, 
p.38). Deviam imitar a santidade de Deus. Sua moral consistia na observação das leis, 
no serviço divino (culto – liturgia) e em atos de caridade para com o semelhante. 
Creem que o SH tem o poder de fazer o bem e o mal. Cada indivíduo deve optar. Isto 
é o livre arbítrio. 
Uma das características do judaísmo é seu rígido sistema alimentar. Não podem 
comer alimentos comuns. O Kashrut ou Kasher (adequado) é um critério baseado na 
Torá, principalmente no Lv 11. Não comem carne de porcos, não comem peixes sem 
escamas, etc. Em certos supermercados existe o setor Kasher, isto, produtos que 
podem ser consumidos por judeus. Mesmo animais que podem ser consumidos 
devem ser abatidos dentro dos critérios judaicos. Por isto, os grandes batedouros 
exportadores de carne para Israel devem ter fiscais judaicos. Só assim os produtos 
serão declarados Kasher. 
 
8.8 Fases da Vida 
A religião judaica tem diversos ritos para as diversas fases da vida do SH 
(GAaRDER, 2002, p.112). estes ritos são realizados comunitariamente. 
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➢ Circuncisão: todo menino é circuncidado ao oitavo dia. Trata-se de um 
pequeno corte na glande do menino. É o sinal da aliança com Javé. Neste 
dia o menino recebe o nome. A menina também recebe o nome ao 
oitavo dia, em uma cerimônia na sinagoga, mas não é circuncidada. 
➢ Bar Mitzvá e Bat Mitzvá: Filho do mandamento/filha do mandamento. 
O menino ao completar 13 anos se torna Bar Mitzvá e a menina, aos 12. 
A partir de então o menino é responsável como o adulto e apreende a 
lei. A menina é instruída quanto aos costumes alimentares Kasher. 
➢ Casamento: a família é o núcleo básico do judaísmo. Por isto se valoriza 
muito o casamento. Este geralmente é realizado na sinagoga. É 
entendido como a forma privilegiada de viver a fidelidade a Deus. 
Dificilmente acontecem casamentos mistos, o que para o judaísmo é um 
problema. Permite-se o divórcio, mas esta é mais uma questão decidida 
pelo homem, que deve dar carta de divórcio à esposa e ratificado por 
um conselho de rabinos. 
➢ Sepultamento: o sepultamento deve ser realizado o mais breve 
possível. Não permitem a cremação. Têm profundo respeito pelos seus 
cemitérios, pois ali repousam os corpos até o dia da ressurreição. 
 
Além destes momentos marcantes da fase da vída, os judeus rezam três vezes ao 
dia, enfatizam muito a higiene pessoal, recitam bênçãos para quase todos os 
momentos do dia. Leem a Tora em trechos alternados aos sábados, ou seja, num ano 
devem ler toda a Torá (COOGAN, 2007, p.44). 
Seu dia celebrativo é o Sábado. No sábado não fazem nenhum trabalho, vão à 
sinagoga para o culto. Aí se transmite os costumes e a doutrina judaica. 
O calendário judaico é muito anterior ao calendário cristão. Quando o calendário 
cristão marcava 1999 o calendário judaico marcava 5759-60, pois creem que esta é a 
idade do mundo. Seu calendário é lunar e não fecha completamente com o calendário 
cristão. Por isto, em cada 19 anos eles acrescentam um mês para corrigir o calendário 
defasado. 
A seguir iremos fazer um estudo sobre o judaísmo como ele se apresentava no 
século I da nossa era. Este estudo é importante, pois é neste tempo que o judaísmo 
se desinstala de Israel e ganha o mundo. Além do deslocamento geográfico, acontece 
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A Cabala e o Misticismo Judaico 
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também uma metamorfose no judaísmo. Este se adapta aos novos tempos. 
 
9 A Cabala e o Misticismo Judaico 
A Cabala é uma tradição mística e esotérica presente em algumas correntes do 
judaísmo, que busca compreender o universo, Deus e as escrituras através de uma 
perspectiva divina e espiritual. Essa sabedoria antiga oferece conhecimentos 
profundos sobre a natureza do universo e da alma humana, e tem sido estudada e 
praticada ao longo dos séculos. Neste contexto, é importante analisar as origens e 
características da Cabala, bem como suas influências no judaísmo e na espiritualidade 
em geral, utilizando referências em língua portuguesa. 
Conforme versa alguns autores, a palavra Cabala tem origem hebraica e significa 
"recepção" (Matt, 2006). Essa tradição mística se caracteriza pela interpretação do 
universo, de Deus e das escrituras, levando em consideração suas naturezas divinas 
(Dan, 2007). A Cabala é considerada o corpo de sabedoria espiritual mais antigo e 
contém as chaves para os segredos do universo e da alma humana, que 
permaneceram ocultas por muito tempo (Scholem, 2011). 
Como uma forma de misticismo judaico, é um campo de estudo diversificado e 
complexo, com múltiplas abordagens que buscam compreender a natureza de Deus 
e da realidade por meio da experiência pessoal e espiritual. Este texto analisa a origem 
do termo "Cabala", sua conexão com o misticismo e a multiplicidade de perspectivas 
encontradas dentro desta tradição. Além disso, apresentaremos referências em língua 
portuguesa para aprofundar a compreensão deste tema. 
Cabala, um termo que deriva do verbo hebraico "le cabel" ( לבקל), significa 
literalmente "tradição" e também está relacionado ao ato de "receber" (Scholem, 
1978), conforme mencionado. Esta tradição mística judaica busca o conhecimento de 
Deus através da experiência pessoal, denominada por Tomás de Aquino como 
"cognitio dei experimentalis" (Scholem, 1978). 
A Cabala não é um único sistema com princípios básicos facilmente explicáveis, 
mas sim uma multiplicidade de abordagens que, por vezes, podem parecer 
contraditórias (Scholem, 1978, p. 94). No entanto, isso não significa que não haja

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