Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DOENÇAS DO ESTÔMAGO Prof. Cristina Fajardo Diestel 1 Localização Parte superior da cavidade abdominal, abaixo do fígado e do diafragma e acima do cólon transverso. Ocupa uma grande parte do epigástrio e quase todo hipocôndrio esquerdo. 2 3 4 • TAMANHO MÉDIO: 25 cm no maior diâmetro, 12 cm de largura, 8 cm no sentido ântero-posterior. • CAMADAS HISTOLÓGICAS: mucosa (glândulas gástricas), submucosa, muscular e serosa. • CAPACIDADE GÁSTRICA MÉDIA: 1300 ml (1000 – 1500 mL ). Glândula Oxíntica 5 INERVAÇÃO INTRÍNSECA – PLEXO DE MEISSNER E AUERBACH EXTRÍNSECA VAGO – INERVAÇÃO PARASSIMÁTICA – Aumenta a motilidade e o tônus (estimulação tônica do estômago e peristaltismo antral) 6 ESTÔMAGO - Fundo e corpo: porção secretora de ácido e pepsina – Antro endócrino e motor • Áreas Funcionais 7 ESTÔMAGO - Motilidade • Mistura do quimo com as secreções gástricas – até a formação do quimo – semi- líquido • Ondas constrictivas peristálticas – se originam porção superior do estômago (1 a cada 15-20s) • Retropulsão – a abertura do piloro é pequena e grande parte do alimento é ejetada de volta na direção do corpo 8 9 ESTÔMAGO - Motilidade • Fatores Hormonais que reduzem o esvaziamento: – CCK (Colecistoquinina) – Secretina – Peptídeo inibidor gástrico (GIP) – liberado pelo intestino na presença de gordura e carboidrato no quimo – Gastrina – estimula o peristaltismo antral e o fechamento do esfíncter pilórico 10 ESTÔMAGO - Motilidade • Sinais do duodeno que inibem as contrações propulsivas do antro e aumentam o tônus do esfíncter pilórico: – Alimento chega ao duodeno – reflexos nervosos para estômago – retardo de esvaziamento – Grau de acidez do quimo duodenal (pH<3,5-4) – Produtos de degradação de proteína e gordura – Grau de osmalidade do quimo (hiper ou hipotônico) 11 Fatores que influenciam a velocidade de esvaziamento gástrico (1-4 horas) Volume do conteúdo gástrico pH (baixo – reduz secreção HCl) Composição química (Glicídios – efeito discreto, Proteínas – efeito intermediário, Lipídios – diminui velocidade de esvaziamento) Osmolaridade (meio hipertônico mais lento) Temperatura (Calor – diminui velocidade de esvaziamento, Frio – aumenta velocidade de esvaziamento) Controle hormonal (CCK, Secretina, GIP, VIP – diminui velocidade de esvaziamento, Gastrina – aumenta velocidade de esvaziamento) Outros: Dor – diminui a velocidade de esvaziamento. 12 célula parietal ou oxíntica – produz ácido clorídrico e fator intrínseco célula principal ou zimogênica – produz pepsinogênio (enz.) célula mucosa – produz muco células endócrinas – secretam enteroglucagon (horm.), serotonina (neurotrans.) e outros hormônios células mucosas, célula G (produtoras de gastrina), célula D (produtora de somatostatina) células secretoras de muco. Glândula Oxíntica Glândula Pilórica ESTÔMAGO - Secreção 13 Secreção gástrica Corpo glândulas oxínticasAntro glândulas pilóricas 14 Fase intestinal 10% da secreção e é mediada pelos produtos finais da digestão protéica 15 ESTÔMAGO • Camada de Muco Pepsinogênio (pH 1-3) Ácido Bicarbonato/Muco (pH7) Cél Cél Mucosa Cél Parietal Zimogênica ou principal 16 17 Gastrite • Inflamação da mucosa gástrica • Termo confuso diferentes significados para o leigo, para o clínico, endoscopista ou patologista • Leigo – uso o termo como sintomas mal caracterizados • Endoscopista – usa o termo para descrever hiperemia de mucosa/enantema de mucosa que podem ter outras causas • Exame histológico – pode evidenciar alterações microscópicas sem alterações macroscópicas para o endoscopista 18 Gastrite Definição de casos em que coexiste lesão celular, processo regenerativo e infiltração inflamatória, acrescido de presença de folículos linfóides na mucosa gástrica. Gastrite Infecção pelo Helicobacter Pylori 19 20 GASTRITE AGUDA SUPURATIVA / FLEGMONOSA HELYCOBACTER PYLORI HEMORRÁGICA / EROSIVA - Rara - Inflamação bacteriana muscular da mucosa e submucosa do estômago após sepse/doença sistêmica - Dx clínico raro – dor, N/V purulentos Hemorrágica / Erosiva (Gastropatia) • Expressão usada para definir condições erosivas agudas acompanhadas de hemorragia e necrose na mucosa, sem evidencia de inflamação ou com inflamação discreta. Processo de surgimento rápido e abrupto • Agentes etiológicos: – Álcool – Aspirina – Corticóides – AINEs – Radiação – Choque, trauma, sepse, pós-operatório de grandes cirurgias 21 Sintomas: • Náuseas, hiporexia, vômitos eventuais, às vezes hemorragia digestiva (hematêmese ou melena). As manifestações são moderadas, tornando-se mais severas se houver hemorragia. Diagnóstico • História clínica: antecedentes de ingestão medicamentosa/estresse orgânico • Endoscopia • Tratamento: medicamentoso + redução do agressor • Evoluir dieta líquida a branda, conforme tolerância 22 Hemorrágica / Erosiva (Gastropatia) Gastrite Aguda por H. pylori • Causada pela priminfecção por H. Pylori • Pode passar desapercebida ou causar dor ou mal estar epigástrico, pirose, N/V, flatulência, sialorréia, halitose, cefaleia e astenia que permanecem por 1-2 semanas • Infecção aguda produção de ácido por fator bacteriano inibidor da secreção ácida ou a liberação de fatores do hospedeiro IL-1 • Se não diagnosticada e tratada evolui para gastrite crônica 23 24 Gastrite Crônica Inflamação crônica, difusa ou parcial da mucosa gástrica. Sem dúvida muito mais prevalentes Classificação • Gastrite crônica superficial: limitada a superfície da mucosa, com as glândulas fúndicas normais. • Gastrite crônica atrófica: comprometimento de todo epitélio glandular, que se encontrava diminuído de espessura e com grau variável de atrofia das glândulas fúndicas. • Atrofia gástrica: desaparecimento total das glândulas fúndicas 25 Secreção gástrica Corpo glândulas oxínticasAntro glândulas pilóricas Gastrite Crônica • Mais comuns e mais prevalentes • Principal agente etiológico Helicobacter Pylori – comum gastrite crônica superficial leve, mas pode ser intensa e grave • Pode causar, com o tempo, atrofia glandular, metaplasia intestinal, displasia e neoplasia • Sintomas: Dispepsia, náuseas, vômitos, dor epigástrica prandial ou pós-prandial, pirose. Obs: Em geral, assintomática. 26 Agente Agressor Principal: • Helicobacter Pylori – Bactéria gram negativa, espiralada, com flagelos. – Coloniza a mucosa gástrica, penetrando no muco gástrico e sobrevivendo à ação do HCl – Tem grande adesão – Produção bacteriana de enzimas (mucinase e urease) e citocinas, permite a sobrevivência no meio ácido. Gastrite Crônica 27 28 Agente Agressor Principal: Helicobacter Pylori Urease: quebra a uréia em amônia, permitindo a sobrevivência em meio ácido. Gastrite Crônica 28 Helicobacter Pylori – Tem ação sobre a secreção da mucosa antral e oxíntica – aumento a quantidade de gastrina – Diminui a defesa mucosa e agride o epitélio levando a inflamação e lesão – Induz a produção de IL-8 e TNF pelo epitélio e polimorfonucleares inflamação (enzimas proteolíticas e radicais livres) lesão tecidual. 29 Gastrite Crônica 30 Helicobacter Pylori Mucinase – degrada o muco Catalase, fosfolipase A2, N-metil-histamina, hemaglutininas (ligação às células), lipoproteínas. Algumas cepas + patogênicas (Cag A e Vac A) produzem mais citotoxinas e mais enzimas. 30 Gastrite Crônica Helicobacter Pylori – Transmissão por via oral (fecal-oral), água e alimentos contaminados – Países subdesenvolvidos: principal contaminação na infância (60% antes dos 5 anos), devido à falta de saneamento básico, más condições de higiene, com prevalência de 80% nas populações adultas acima dos 65 anos. – Países desenvolvidos: contaminação na fase adulta (é rara antes dos 20 anos), com prevalência de 60% em maiores de 65 anos. 31 Gastrite Crônica • Diagnóstico: – História clínica– Endoscopia – Histopatológico • Prognóstico: – Irreversível, podendo permanecer estacionária como gastrite crônica superficial ou evoluir para o tipo atrófico. – Atrofia gástrica + anemia perniciosa: considerada lesão predisponente ao câncer gástrico. 32 Gastrite Crônica • Mucosa pode recuperar-se ou sofrer um processo adaptativo de reparo • Atrofia – perda da estrutura glandular • Sugere-se que o refluxo biliar, uma dieta rica em sal, o uso de AINEs e o tabagismo poderiam acelerar este processo • Prevalência e severidade da atrofia aumentam com a idade 33 Gastrite Crônica Gastrite Atrófica / Auto-imune • Anticorpos anticélulas parietais e antifator intrínseco • Acomete o corpo e o fundo gástricos • Atrofia das glândula gástricas no corpo e no fundo, ocorrendo substituição por mucosa tipo intestinal • Mucosa antral normal e até hiperplásica • Hipergastrinemia tumores carcinóides 34 • Hipocloridria • Diminuição da produção de fator intrínseco • Diminuição da absorção de vitamina B12 anemia perniciosa (macrocítica) em alguns • Diminuição da absorção do ferro ? • Supercrescimento bacteriano devido a falta de destruição bacteriana devido ao pH • Suscetibilidade dos indivíduos a infecções entéricas por bactérias, vírus ou parasitas 35 Gastrite Atrófica / Auto-imune • Aumento do risco de câncer gástrico de 3 a 5 vezes • Sintomas da gastrite em si, quase nenhum, podem advir sintomas neurológicos/hematológicos da anemia perniciosa e diarreia pelo supercrescimento bacteriano • Diagnóstico: EDA + Biópsia • Tratamento: reposição de vitamina B12 parenteral 200mg/mês por toda vida • Controle Endoscópico prevenção do câncer gástrico precoce. Gastrite Atrófica/Auto-imune 36 37 37 Diagnóstico do H. pylori Histologia (biópsia de corpo e antro) Teste de urease Teste no C14 (respiratório) ou C13 Sorologia Pesquisa de antígenos fecais de H pylori Gastrite Crônica 37 • Acomete 10 a 15% da população mundial • Definição: secreção de continuidade que atinge a camada muscular da mucosa, expondo-a ao suco gástrico. • Acomete o estômago e o duodeno • Incidência de úlcera duodenal > úlcera gástrica • Doença com forte componente infeccioso – Helicobacter pilory Úlcera Péptica 38 Úlcera Péptica • Úlcera gástrica • Úlcera duodenal 39 Patogênese Fatores genéticos tornam os indivíduos mais susceptíveis: deficiência na barreira mucosa, da camada de muco Agentes agressores: Tabagismo, AINES e H. Pylori Úlcera péptica. Úlcera Péptica 40 Agentes Agressores: • AINES: – Drogas amplamente utilizadas pela população mundial ( 30 milhões), principalmente idosos. – Atua inibindo a ciclooxigenase que vai culminar com a diminuição da síntese das prostraglandinas. – Podem ser não seletivos (inibem a COX 1 e 2) ou seletivos (apenas COX 2). – COX 1 – presente em todos os tecidos. No tecido gástrico tem participação fundamental na produção da barreira de muco e conseqüentemente na proteção da mucosa gástrica. Também tem papel na fisiologia vascular e renal. Úlcera Péptica 41 Agentes Agressores: • AINES: – COX 2 – seus níveis aumentam em situações patológicas, relacionada ao processo inflamatório e nos mecanismos da dor. – Possuem capacidade de causar lesão tópica da mucosa, mas esta lesão é menos importante, menos grave e tem caráter secundário (10% do efeito lesivo). – Principal efeito decorre de sua ação sistêmica. Úlcera Péptica 42 43 Efeitos sistêmicos do AINES Inibe a síntese de prostaglandina endógena Diminuição do muco epitelial, da secreção de bicarbonato, fluxo sanguíneo da mucosa, proliferação epitelial e resistência da mucosa à lesão 44 Agentes Agressores: • Helicobacter Pylori – Infecção presente em 80% das úlceras gástricas e 98% das úlceras duodenais. – Úlcera duodenal – metaplasia gástrica devido à acidez e colonização pelo H. pylori • H. Pylori aumento da acidez ( gastrina e células parietais) e bicarbonato a nível duodenal Úlcera Péptica 45 Agentes Agressores: • Tabagismo – Risco 2 vezes > quando comparado a não fumantes – Cicatrização + lenta das úlceras pépticas em tabagistas e > recidiva – Redução dos níveis de prostraglandinas produzidas pelo estômago – Redução da produção de HCO3 pancreático – Habitualmente, não atua como agente causal isoladamente Úlcera Péptica 46 47 Agentes Agressores: Álcool Usado em baixas concentrações é um modesto estimulante das secreções ácidas Quantidades moderadas/altas é inibidor da secreção ácida H. pylori produz a enzima ADH (álcool desidrogenase) que oxida o etanol em acetaldeído catabólito altamente tóxico e potencialmente capaz de lesar o epitélio gástrico Úlcera Péptica 48 MITO Úlcera nervosa Unicamente - não existe Úlcera Péptica 49 ESTRESSE • Coexistir e favorecer a redução das defesas • Associado a outros fatores Quadro Clínico • Dor epigástrica rítmica e periódica, em queimação, tipo “fome”. • Úlcera duodenal: a dor melhora com a alimentação. • Úlcera gástrica: a dor piora com a alimentação. • Dor noturna • Períodos de acalmia, recidivas e remissões. • Hemorragia: hematêmese e melena, anemia aguda, choque hipovolêmico • Perfuração: dor abdominal difusa com irritação peritoneal franca, abdômen em tábua. • Obstrução: síndrome de estenose pilórica, perda ponderal Úlcera Péptica 50 Diagnóstico • Endoscopia Digestiva Alta • Classificação de Sakita: – A (atividade) – H (healing) – S (Scar) • Mandatória no controle da UG. Na UD, controle por EDA é opcional. • Dosagem da gastrina e teste de secretina: suspeita de Zollinger-Ellison (níveis>1000 pg/ml). Úlcera Péptica 51 Tratamento • Inibidores de Bomba de Prótons – 4 semanas para úlcera duodenal – 6-8 semanas para úlcera gástrica • Erradicação do H. Pylori – Esquema tríplice: omeprazol, claritromicina, amoxacilina (14 dias) – Esquema quádruplo: ranitidina-bismuto + omeprazol + metronidazol + tetraciclina (14 dias) Úlcera Péptica 52 53 54 Dispepsia Funcional • Classificação Roma IV: dor e/ou desconforto na região central do abdômen, após afastar-se dispepsia orgânica. • Início: há 6 meses, sendo presentes nos últimos 3 meses • Sintomas dispépticos: dor, plenitude pós-prandial, saciedade precoce, náuseas, vômitos, distensão abdominal. 55 Tipos de Dispepsia • Ulcerosa: dor incômoda (intensa que interfere nas atividades normais) ou queimação localizada no epigástrio. Essa dor pode ser aliviada com a ingestão de alimentos ou acontecer em jejum. • Dismotilidade ou Desconforto Pós-pradial: há predominância de sintomas como plenitude, saciedade precoce, eructações freqüentes, flatulência, distensão abdominal. Associa-se com freqüência a síndrome do intestino irritável. Dispepsia Funcional 56 Quadro Clínico: – Pacientes jovens (<45 anos) – Apresentando sintomas já relatados – Sexo feminino > sexo masculino – Sintomas diurnos – Ausência de perda ponderal – Exame físico normal: peso, estado geral, ausência de: anemia, sangramento, icterícia, disfagia. Dispepsia Funcional 57 • Etiologia indeterminada condição clínica heterogênea, com participação de vários fatores: – Distúrbios motores gastroduodenais – Hipersensibilidade sensorial gástrica – menor tolerância a distensão gástrica – Fatores psicossociais – na modulação das funções motoras e sensoriais - > frequência de sintomas em pessoas com ansiedade, depressão e hipocondria – Alterações funcionais dos SN Autônomo – Disfunções vagais – Infecção pela H. Pylori – ?? 58 Dispepsia Funcional • Maior secreção de hormônios duodenais – CCK • Hipersensibilidade duodenal a ácidos e lipídeos • Inflamação de baixo grau persistente em estômago e duodeno – maior sensibilidade à estimulação de terminais sensitivos gastroduodenais por secreção ácida gástrica, bile refluída do duodeno, lipídeos da dieta ou mediadores de reação inflamatória produzidas na mucosa – Alterações de celularidade dalâmina própria e submucosa – descritas inflamação • Fatores genéticos 59 Dispepsia Funcional Diagnóstico (de Exclusão): – Normalidade de exame físico e exames complementares – Hemograma – EPF – USG abdômen superior – EDA (> 45 anos) Dispepsia Funcional 60 Diagnóstico Diferencial: – Causas de dispepsia orgânica: úlcera péptica, gastrite, duodenite, doença biliar (litíase biliar, colecistite), pancreatite, neoplasias (gástrica, pancreática, esofágica) – Parasitoses – Lesão por AINES, antibióticos, digitálicos, álcool, ferro – DM, uremia, hipotireoidismo – Angina pectoris, IAM – Isquemia mesentérica Dispepsia Funcional 61 Abordagem terapêutica: • Antes de tudo, considerar: – Sintomas apresentam com frequência e intensidade variáveis, sendo de ocorrência intermitente em muitos pacientes – Pode haver resposta do placebo em até 60% dos pacientes – Tratamento não é uniforme individualizado conforme os sintomas dominantes 62 Dispepsia Funcional 63 Abordagem terapêutica: Medidas gerais Orientação dietética Tratamento medicamentoso 63 Dispepsia Funcional • Situações Obrigatórias de Pesquisa e Tratamento de H. Pylori: – Úlcera péptica – Linfoma MALT – Atrofia gástrica em qualquer grau – Parente de 1º grau com Câncer gástrico / Gastrectomia / Pacientes com gastrite atrófica – Dispepsia Funcional 64 Helicobacter Pylori III Consenso Brasileiro de H Pylori – Fed. Brasileira de Gastroenterologia 2013 1ª Questão no Tratamento Gastrite / Úlcera / Dispepsia Funcional Tratamento do Helicobacter Pylori • Tratamento Médico Habitual: – Esquema tríplice: omeprazol, claritromicina, amoxacilina (14 dias) – Esquema quádruplo: ranitidina-bismuto + omeprazol + metronidazol + tetraciclina (14 dias) – Obs.: existem outros esquemas de tratamento, mas, principalmente, de retratamento 65 Tratamento do Helicobacter Pylori – Problemas • Sucesso da terapia padrão é de 60-90% usando tratamento de 1ª linha • Sucesso de 70% usando tratamento de 2ª linha • Problemas principais na erradicação da bactérias: – Não adesão do paciente à terapia – Resistência à antibióticos, principalmente à claritromicina 66 1ª Questão no Tratamento Gastrite / Úlcera / Dispepsia Funcional 67 Estudaram 6697 participantes de 45 estudos randomizados controlados. 2 grupos: tratamento tradicional vs. tratamento tradicional + probióticos Efeito dos probióticos: 68 Resultados • Probióticos + Tratamento tradicional com ATBs resposta do tratamento vs. Tratamento tradicional (82,31% vs. 72,08%, p<0,001) • Incidência de efeitos adversos foi 21,44% no grupo probiótico e 36,27% no grupo controle (p<0,001) • Sem modificação na adesão ao tratamento 69 70 71 1ª Questão no Tratamento Gastrite / Úlcera / Dispepsia Funcional • Probióticos infecções pelo H. pylori e nas inflamações gástricas associadas a ela. • Mecanismos: – efeito gastroprotetor, – influenciam na redução da inflamação gástrica a partir da produção de ácidos orgânicos e bacteriocinas que inibem a adesão do H. pylori no epitélio gástrico – possuem efeito anti-inflamatório, por estabilização da barreira gástrica e redução da inflamação de mucosa – Correção da disbiose pelo tratamento com ATBs • Probióticos isolados (sem o antibiótico) não resolvem a infecção por Helicobacter Pylori Wilhelm SM, Johnson JL, Kale-Pradham PB. Teating bugs with bugs: the role of probiotics as adjuntive therapy for Helicobacter Pylori erradication therapy. Ann Pharmacoother 2011, 45:960-6 Tong JL, Ran ZH, Shen J, et al. Meta-analysis: the effect of suplemmentation with probiotics on erradication rates and adverse events during Helicobacter Pylori erradication therapy. Alim Pharmacol Ther 2007, 25: 155-68 72 1ª Questão no Tratamento Gastrite / Úlcera / Dispepsia Funcional 73 Estudaram 4459 participantes de 33 estudos randomizados controlados. 2 grupos: tratamento tradicional vs. tratamento tradicional + probióticos Efeito dos probióticos: - Erradicação do H pylori - Eventos adversos - Melhores cepas isoladas • 4 cepas isoladas efetivas: – Lactobacillus acidófilos – Lactobacillus casei DN 114001 – Lactobacillus gasseri – Bifidobacterium infantis 2036 74 Probióticos na Infecção por H pylori • Qual? – Trabalhos não comparam diferentes probióticos • Por quanto tempo? – Esquemas variam iniciando 01 mês antes, sendo usados na duração do ATBs (7-14 dias) ou até 01- 02 meses após • Melhores resultados: – Pacientes resistentes a terapia com antibióticos ou que não aderem adequadamente ao tratamento 75 76 Abordagem Nutricional nas Gastrites e Úlceras Objetivos: Evitar hipersecreção cloridopéptica e favorecer a melhora das defesas gástricas reduzir a úlcera e dor Promover a cicatrização 77 • Fibras 20-30 g /dia, atuam como tampões, reduzem a concentração de ácidos biliares no estômago e o tempo de trânsito intestinal com menor distensão abdominal, diminuindo assim o desconforto e dor • Probióticos agem mais no combate ao H pylori e no controle dos sintomas colaterais associado ao uso de ATBs, além de prevenir a disbiose devido ao omeprazol – Inibidores de Bomba de Prótons usado por: • 4 semanas para úlcera duodenal • 6-8 semanas para úlcera gástrica 78 Orientações gerais nas Gastrites e Úlceras Pépticas • Evitar álcool e o fumo • Café, mesmo descafeinado, aumenta a produção de ácido gástrico, resultando em irritação das mucosas. • Evitar refrigerantes, que, a produção de ácido, são gasosos (água gaseificada também) e causam distensão gástrica e dispepsia • Respeitar tolerâncias individuais • Fracionar as refeições, mastigar bem e realizar as refeições em ambiente tranquilo. 79 80 Suplementos vs Deficiências • Vitamina B12: 81 82 Suplementos vs Deficiências Vitamina B12: Suplementos vs Deficiências • Vitamina B12: – Gastrite atrófica / atrofia gástrica / gastrite auto- imune suplementação IV/IM ou sublingual a critério médico – Recomendações habituais (não para correção de deficiência) • Sublingual – doses 300 a 500mcg/dia • IM – 1000mcg/mês • IDR adultos – 2,4 mcg • UL – não estabelecida, não há relatos de toxicidade – 83 • Ferro Piora da absorção (hipocloridria e microhemorragias) – IDR: 14mg – UL: 45mg/dia – Ferro quelado – biodisponibilidade de 25% - recomendação de 45mg de ferro elementar quelado 84 Suplementos vs Deficiências Atenção! • Hipocloridria e suplementos de cálcio! – Na dose habitual (20 a 40 mg/dia) o omeprazol inibe acima de 90% da secreção ácida de 24 horas na maioria dos pacientes, tornando muitos destes pacientes quase aclorídricos. 85 86 86 88 Dieta e estilo de vida podem ser gatilhos na manifestação dos sintomas Ingestão alimentar pode ter um papel na indução dos sintomas: Dismotilidade - pacientes relatam os mesmos, em média, 30 minutos após a ingestão. Ulcerosa – não relacionado • Melhor tolerância refeições pequenas, > tempo gasto na refeição e tempo de jejum reduzido e repouso após a refeição • Gordura maior ingestão relacionada com pior plenitude, dor e distensão pós-prandial – Aumento da CCK e redução de seus ligantes • Evitar condimentos irritantes (p.ex. pimenta) • Evitar líquidos gaseificados e com a refeição • Estresse e ansiedade diretamente relacionado a piora dos sintomas • Evitar bebidas alcoólicas, especialmente as mais fermentáveis , como cerveja e vinho • Exercício Físico menores índice de sintomas 89 90 91 Enzimas Digestivas 92 93 Chás Digestivos • Boldo (Peumos Boldos Molina) • Alcachofra (Cynara Scolimus) • Alecrim (Rosmarinus officinalis) • Dente de leão (Taraxacum officinale) • Camomila (Matricaria recutita ou Matricaria Camomila) 94 95 Tratamento médico: Ansiolíticos: benzodiazepínicos Antidepressivos: tricíclicos Acompanhamento psicológico Tipo ulceroso: antisecretores Inibidores de receptores H2 – ranitidina, famotidina Inibidoresde bomba de prótons – omeprazol PROBIÓTICOS Tipo dismotilidade: Procinéticos (plasil, digesan) Antifiséticos (dimeticona – luftal) Enzimas pancreáticas Dispepsia Funcional Câncer Gástrico 96 • O tipo adenocarcinoma é responsável por cerca de 95% dos casos de tumor do estômago. • O adenocarcinoma de estômago atinge, em sua maioria, homens por volta dos 60-70 anos. Cerca de 65% dos pacientes têm mais de 50 anos. • No Brasil, o câncer de estômago é o quarta tipo mais frequente entre homens e o sexto entre as mulheres. 97 Câncer Gástrico Fatores de Risco para Gástrico • Excesso de peso e obesidade • Consumo de álcool • Consumo excessivo de sal, alimentos salgados ou conservados no sal • Tabagismo • Ingestão de água proveniente de poços com alta concentração de nitrato • Doenças pré-existentes, como anemia perniciosa, lesões pré-cancerosas (como gastrite atrófica e metaplasia intestinal) e infecções pela bactéria Helicobacter pylori (H. pylori) • Combinação de tabagismo com bebidas alcoólicas ou com cirurgia anterior do estômago • Exposição ocupacional à radiação ionizante, como raios X e gama, em indústrias ou em instituições médicas • Exposição de trabalhadores rurais a uma série de compostos químicos, em especial agrotóxicos • Exposição ocupacional, na produção da borracha, a vários compostos químicos, muitos classificados como reconhecidamente cancerígenos, como benzeno, óleos minerais, produtos de alcatrão de hulha, compostos de zinco e uma série de pigmentos • Ter parentes de primeiro grau com câncer de estômago 98 Câncer Gástrico - Patologia • Adenocarcinomas – 95% - ulcerativos, polipóides, superficiais ... • Linfomas – 3% • Leiomiosarcomas – 2% • Outros: carcinóides, espinocelulares Sintomas Câncer Gástrico Perda de Peso 61,6 % Dor abdominal 51,6 % Náusea 34,3 % Anorexia 32,0 % Disfagia 26,1 % Melena 20,2% Saciedade precoce 17,5 % Dor tipo úlcera 17,1 % Edema MMII 5,9 % Diagnóstico • Endoscopia + Biopsia • Outros exames: USG, TC, etc 102 103 • Carcinomas terço distal: Gastrectomias Subtotal ou Total • Carcinomas terço médio: Gastrectomia Total • Carcinomas terço proximal: Esofagectomia distal + Gastrectomia Total, (associado a esplenectomia, sem pancreatectomia + reconstrução em Y de Roux) Tratamento Cirúrgico CIRURGIAS GASTRECTOMIA PARCIAL A BILLROTH I CIRURGIAS GASTRECTOMIA PARCIAL A BILLROTH II CIRURGIAS PROCEDIMENTO EM Y de ROUX CIRURGIAS GASTRECTOMIA TOTAL Terapia Nutricional Pré- operatória Via Acesso se for necessário TN pré-operatória: • Nutrição enteral – sonda nasoenteral / jejunostomia • Avaliar Nutrição Parenteral em pré-operatório, se não for possível nutrição enteral. 109 TERAPIA NUTRICIONAL PÓS OPERATÓRIO GASTRECTOMIA PARCIAL • Zero VO por 02-03 dias; • Progressão VO Líquida prova até Consistência Normal (2-4 dias de progressão) TERAPIA NUTRICIONAL PÓS-OPERATÓRIO GASTRECTOMIA TOTAL • Zero VO por 05 – 08 dias • Sonda nasoentérica ou jejunostomia intra-operatória, início precoce dieta • Imunomodulação 7d pós-operatório • Exame contrastado antes do início da VO • Progressão VO e desmame dieta enteral 112 Terapia Nutricional Pós-operatório Dieta Oral • Volume diminuído e fracionamento aumentado • Hipercalórica • Hiperproteica • Normolipídica, avaliar esteatorreia e uso de TCM • Normoglicídica, com restrição de carboidratos simples • Suplementação de vit. B12 – gastrectomia total • Avaliar ingestão de ferro e cálcio, especialmente jejuno compensa a absorção, mas é importante garantir a ingestão e suplementar 114 115 Síndrome de Dumping •Ocorre nos pacientes que tiveram 2/3 ou mais do estômago removido ou que o procedimento inclua uma vagotomia • Dumping precoce – 30 minutos após a refeição • Dumping tardio – 2-4 horas após a refeição COMPLICAÇÕES PÓS- OPERATÓRIAS Síndrome de Dumping Rápido lançamento do alimento no intestino atração de líquidos para luz intestinal Sinais de hipovolemia Palpitações Dist. Abd. Fraqueza cólicas Sudorese diarréia excessiva náuseas Rápido da glicemia Estímulo acentuado na produção de insulina - HIPOGLICEMIA Sintomas em 20-30 min Sintomas em 2-3h Cuidado Nutricional na Síndrome de Dumping Síndrome de Dumping Rica em proteínas (20% VET) – 1,5 a 2,0 g/kg Rica em calorias – 35 a 40 kcal/kg Normoglicídica (50%) – pobre em CHO simples (sacarose, frutose e lactose) Normolipídica (30%VET) – uso de TCM Deitar 1h após a alimentação Evitar tomar líquidos com a refeição (intervalo de 2h, ideal) Consumir refeições pequenas e frequente Avaliar o uso de fibra solúvel com a refeição como a pectina ou a goma guar • Anemia Ferropriva – pode acontecer em até 50% Baixa ingestão alimentar Menor digestão dos produtos ricos em ferro Menor secreção ácida Bypass duodenal (BII e Y de Roux) • Anemia Perniciosa Menor produção de fator intrínseco, e ácido gástrico Crescimento bacteriano excessivo (alça aferente) Profliaxia com vitamina B12(obrigatória em gastrectomia total )e ácido fólico (avaliar individualmente) • Deficiência de Cálcio Osteomalácia (usar citrato, devido a hipocloridria/aclloridria) • Caracterizada pelo crescimento bacteriano excessivo • Desconjugação dos sais biliares – formação de micelas e toxicidade •Esteatorreia • Má absorção de carboidratos – lesão da borda em escova pelos produtos tóxicos do catabolismo bacteriano TRATAMENTO NUTRICIONAL: dieta sem lactose e fermentativos, uso de TCM e vit B12 por via parenteral, além de outros ajustes individuais Síndrome da Alça Cega ou Aferente 121 122
Compartilhar