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eBook - Interpretação de Exames Provas de Função Renal

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1 
 
 
 
 
 
 A principal função renal é manter o equilíbrio 
hidroeletrolítico e de solutos orgânicos. O rim normal 
realiza essa função em uma ampla variedade de 
flutuações de sódio, água e solutos. Essa tarefa é 
realizada pela filtração contínua de sangue com alterações 
na secreção e reabsorção desse líquido filtrado. O rim 
recebe 20% do débito cardíaco, filtrando aproximadamente 
1.600 L/dia de sangue e produzindo 180 litros de fluido 
chamado ultrafiltrado. Por meio de processos ativos de 
reabsorção de certos componentes e secreção de outros, 
a composição desse ultrafiltrado é alterada em 1,5 L de 
urina excretada em 1 dia em média. 
 
Cada rim consiste em aproximadamente 1 milhão de 
néfrons funcionando, consistindo em um glomérulo 
conectado a uma série de túbulos. Os túbulos consistem 
em diferentes segmentos: o túbulo contorcido proximal, a 
alça de Henle, o túbulo distal e o ducto coletor. 
 
Cada néfron funciona independentemente e contribui para 
a urina final, embora todos estejam sob controle e 
coordenação similares. Se um segmento de um néfron for 
destruído, esse néfron na sua extensão completa não é 
mais funcional. 
 
 
 
 
 
 
O glomérulo é uma massa esférica de capilares 
circundados por uma membrana, a cápsula de Bowman. O 
glomérulo produz o ultrafiltrado, que é então modificado 
pelos próximos segmentos do néfron. A produção de 
ultrafiltrado é principalmente passiva e conta com a 
pressão de perfusão gerada pelo coração e suprida pela 
artéria renal. 
 
Os túbulos reabsorvem a maioria dos componentes que 
compõem o ultrafiltrado. Grande parte desse processo é 
ativa e requer gasto considerável de energia na forma de 
trifosfato de adenosina (ATP). O túbulo é uma estrutura 
única; diferenças na permeabilidade entre os vários 
segmentos e as respostas hormonais permitem que o 
túbulo produza a urina final, que pode variar amplamente 
em concentração de eletrólitos, osmolalidade, pH e 
volume. Finalmente, essa urina é afunilada nos túbulos 
coletores comuns e na pelve renal. Esta última estreita-se 
em um único ureter por rim, e cada ureter leva urina para 
dentro da bexiga, onde ela se acumula antes de ser 
eliminada. 
 
O rim possui capacidade quase limitada de regular a 
homeostase de água. A possibilidade de formar grande 
gradiente de concentração entre a sua medula interna e o 
córtex externo permite ao rim excretar urina como um 
diluído de 50 mOsm ou um concentrado de 1.200 mOsm. 
Dada uma carga de soluto fixada diariamente de 
aproximadamente 600 mOsm, o rim só pode se livrar de 
500 mL de urina concentrada ou até 12 L de urina diluída. 
A excreção de água é regulada pela vasopressina 
(hormônio antidiurético [ADH]), um pequeno hormônio 
peptídico secretado pela hipófise posterior. 
 
O excesso de água corporal relativa, indicado por queda 
na osmolalidade, leva ao encerramento imediato de toda a 
secreção de vasopressina. De maneira similar, uma 
pequena elevação na osmolalidade causa marcante 
secreção de vasopressina e retenção de água. Contudo, 
para se conservar sódio, torna-se necessário, algumas 
vezes, alterar o controle homeostático da água para 
compensar o volume. 
 
 
 
INTERPRETAÇÃO DE EXAMES 
PROVAS DE FUNÇÃO RENAL 
Prof. José Aroldo Filho 
goncalvesfilho@nutmed.com.br 
 
2 
 
 
 
 
 
O volume urinário mínimo capaz de eliminar quantidade 
relativamente fixa de 600 mOsm de soluto corresponde a 
500 mL, supondo-se que o rim seja capaz de atingir a 
concentração máxima. O volume urinário inferior a 500 
mL/dia é denominado oligúria, de maneira que é 
impossível, nesse caso, eliminar toda a excreção diária. 
 
A maior parte da carga de solutos consiste em excreções 
nitrogenadas oriundas principalmente dos produtos finais 
do metabolismo das proteínas. A ureia predomina em 
quantidades que dependem do conteúdo de proteína da 
dieta. 
 
 O ácido úrico, a creatinina (Cr) e a amônia estão 
presentes em pequenas quantidades. Caso esses 
produtos normais de excreção não sejam eliminados de 
maneira apropriada, eles reúnem-se em quantidades 
anormais no sangue, uma condição denominada azotemia. 
A capacidade de o rim eliminar adequadamente os 
produtos de excreção nitrogenados é definida como função 
renal. Portanto, insuficiência renal é a incapacidade de 
eliminar a carga diária de excreções. 
 
O rim também produz o hormônio eritropoetina (EPO), um 
determinante fundamental da atividade eritroide na medula 
óssea. A deficiência de EPO é a principal causa de anemia 
grave presente na doença renal crônica. 
 
A manutenção da homeostase de cálcio-fósforo envolve as 
interações complexas de paratormônio (PTH); calcitonina; 
vitamina D ativa; e três órgãos efetores: o intestino, o rim e 
os ossos. O papel do rim inclui a produção da forma ativa 
de vitamina D — 1,25- dihidroxicolecalciferol (1,25-
[OH]2D3) — assim como a eliminação de cálcio e fósforo. 
A vitamina D ativa promove absorção eficiente de cálcio 
pelo intestino e é uma das substâncias necessárias para o 
remodelamento e a manutenção óssea. 
 
A vitamina D ativa também suprime a produção de PTH, 
que é responsável pela mobilização de cálcio do osso. 
 
Em pacientes com doenças renais, os sinais e sintomas 
podem ser inespecíficos ou ausentes até que a doença 
torne-se grave, ou ambos. Os resultados podem ser locais 
(p. ex., refletindo inflamação ou massa renal), resultantes 
de efeitos sistêmicos da insuficiência renal, ou afetam a 
micção (p. ex., alterações da própria urina ou da sua 
produção). 
 
Avaliação da função renal 
A função renal é avaliada utilizando valor calculado a partir 
de fórmulas baseadas em exames sanguíneos e urinários. 
 
 
FGR 
O ritmo de filtração glomerular, o volume de sangue filtrado 
através do rim por minuto, é a melhor medida da função 
renal; ele é expresso em mL/minuto. Como o RFG normal 
aumenta com o tamanho corpóreo, utiliza-se geralmente 
um fator de correção para a área de superfície corpórea. 
Esta correção é necessária para comparar o RFG de um 
paciente com o normal e para definir diferentes estágios de 
doença renal crônica. Sendo a superfície corpórea normal 
de 1,73 m2, o fator de correção é 1,73/superfície corpórea 
do paciente; os resultados ajustados do RFG são, então, 
expressos em mL/min/1,73 m2. 
O RFG normal de adultos jovens e sadios é de cerca de 
120 a 130 mL/min/1,73 m2 e diminui com a idade para 
cerca de 75 mL/min/1,73 m2 aos 70 anos de idade. Define-
se doença renal crônica quando o RFG < 60 mL/min/1,73 
m2 por > 3 meses. O padrão para a medição da RFG é a 
 
3 
 
depuração de inulina. A inulina não é absorvida nem 
secretada pelos túbulos renais e, portanto, é o marcador 
ideal para a avaliação da função renal. Entretanto, sua 
dosagem é incômoda e, portanto, é principalmente 
utilizada em contextos de pesquisa. 
 
Depuração de creatinina 
A creatinina é produzida em uma taxa constante pelo 
metabolismo tubular e é filtrada livremente pelos 
glomérulos e também é secretada pelos túbulos renais. 
Como a creatinina é secretada, a depuração de creatinina 
(CrCl) superestima a taxa de filtração glomerular (RFG) em 
cerca de 10 a 20% em pessoas com função renal normal e 
em até 50% em pacientes com insuficiência renal 
avançada; assim, o uso de CrCl para estimar RFG em 
insuficiência renal crônica não é encorajado. 
Utilizando uma amostra de urina colhida durante certo 
tempo (geralmente 24 horas), o CrCl pode ser calculado 
como 
 
onde UCr é creatinina na urina em mg/mL, UVol é o 
volume de urina em mL/min de coleta (1440 minutos para 
uma coleta completa de 24 horas) e PCr é creatinina 
plasmática em mg/mL. 
Estimativa da depuração de creatinina 
Como a própria creatinina sérica é inadequada para a 
avaliação da função renal, diversas fórmulas foram 
propostas para estimar o CrCl utilizando a creatinina sérica 
e outros fatores. 
A fórmula de Cockcroft-Gault pode ser utilizada para 
estimar o CrCl. Ela usa a idade, peso corpóreo magro e o 
nível sérico de creatinina. Baseia-se na premissade que a 
produção diária de creatinina é de 28 mg/kg/dia com uma 
diminuição de 0,2 mg/ano de idade. 
Depuração da creatinina estimada pela equação de 
Cockcroft-Gault (unidades SI): 
Homens: 
Ccr (mL/min) = {[140 – idade (anos)] x peso (kg)} / [(Cr 
plasma (mg/dL) x 72)] 
 
Mulheres: multiplica-se o resultado por 0,85. 
 
A quantidade de creatinina depende da massa muscular, o 
clearence deve ser corrigido pela superfície corporal. 
Valor Normal: 80 – 120mL/min/1,73m2. 
 
 
A fórmula de estudo modificação da dieta em doença renal 
(MDRD) (atualmente, fórmula de 4 fatores) também pode 
ser usada, embora exija uma calculadora ou computador: 
A formula Chronic Kidney Disease Epidemiology 
Collaboration (CKD-EPI) fornece uma sensibilidade mais 
baixa, mas maior especificidade para detectar uma taxa de 
filtração glomerular inferior a 60 mL/min por 1,73 m2, e 
pode ser mais útil para avaliar pacientes com função renal 
normal ou quase normal. Como ocorre com as equações 
de Cockcroft-Gault e MDRD, ela também se baseia no 
nível de creatinina sérica. 
 
Exames de sangue 
Os exames de sangue são úteis para avaliação das 
doenças renais. 
Os valores de creatinina sérica> 1,3 mg/dL (> 114 
micromol/L) em homens e > 1 mg/dL (> 90 micromol/L) em 
mulheres geralmente são normais. A creatinina sérica 
depende da geração de creatinina, assim como da 
excreção renal de creatinina. Como o turnover de 
creatinina aumenta na presença de grandes massas 
musculares, as pessoas musculosas apresentam níveis 
mais elevados de creatinina sérica e os idosos e 
desnutridos apresentam níveis inferiores. 
 
4 
 
A creatinina sérica também pode estar aumentada nas 
seguintes condições: 
• Uso de inibidores da ECA e bloqueadores de 
receptores de angiotensina II 
• Consumo de grandes quantidades de carne. 
• Uso de alguns fármacos (cimetidina, trimetoprima, 
cefoxetina, flucitosina) 
 
 
 
 
 
 
 
 
A relação ureia/creatinina é usada para distinguir a uremia 
pré-renal da pós-renal (obstrutiva); um valor > 15 é 
considerado anormal e pode ocorrer em uremia pré-renal e 
pós-renal. Entretanto, o nível de ureia é afetado pela 
ingestão de proteínas e por diversos processos não renais 
(p. ex., trauma, infecção, sangramento gastrintestinal], uso 
de corticoides) e, apesar de sugestivo, geralmente não é 
conclusivo como evidência de disfunção renal. 
 
 
5 
 
 
 
 
Exame de urina 
Exame de urina completa inclui: 
• Inspeção visual quanto à cor, à aparência e ao odor. 
• Medida de pH, densidade, teor de proteínas, glicose, 
eritrócitos, nitritos e esterase de leucócitos por meio 
de reagentes químicos em tiras. 
• Exame microscópico quanto à presença de cilindros, 
cristais e células (sedimento urinário). 
• A bilirrubina e o urobilinogênio, apesar de 
padronizados em muitos testes de tiras reagentes, 
não têm mais significado na avaliação das doenças 
renais ou hepáticas. 
Cor é o atributo mais óbvio da urina, e a observação da 
cor é uma parte integrante da urinálise (ver tabela Causas 
das alterações na cor da urina). A cor da urina pode 
sugerir causas possíveis e auxiliar a utilização de testes 
adicionais diretos. 
 
 
 
6 
 
 
 
Odor, geralmente notado sem intenção durante a inspeção 
visual, transmite informações úteis em ocasiões raras de 
doenças herdadas do metabolismo de aminoácidos 
quando a urina tem um cheiro distinto. 
O pH normal varia de 5,0 a 6,0 (variação de 4,5 a 8,0). 
Recomenda-se a medida do pH com eletrodos de vidro 
quando forem necessários valores precisos para tomada 
de decisões, como quando se diagnostica acidose tubular 
renal; nesses casos, deve-se acrescentar à amostra de 
urina uma camada de óleo mineral para prevenir a perda 
de dióxido de carbono. O retardo no processamento da 
amostra pode elevar o pH devido à liberação de amônia 
pela quebra de ureia pelas bactérias. A infecção por 
germes produtores de urease pode elevar de modo 
significativo o pH. 
A densidade fornece uma medida aproximada da 
concentração urinária (osmolalidade). Os valores normais 
situam-se entre 1.001 e 1.035; os valores podem ser mais 
baixos em pessoas mais velhas ou em pacientes com 
insuficiência renal, que são menos capazes de concentrar 
a urina. Mede-se por hidrômetro ou refratômetro ou 
estima-se por meio de reagente em tira. A precisão da tira 
reagente é controversa, mas o resultado pode ser 
suficiente para pacientes com cálculos e que são 
aconselhados a autocontrolar a concentração urinária para 
manter a urina diluída. A densidade medida pela tira 
reagente pode estar falsamente elevada quando o pH da 
urina for < 6 ou baixa quando o pH for > 7. As dosagens 
por hidrômetro ou refratômetro podem estar elevadas em 
razão de níveis altos de moléculas grandes presentes na 
urina (p. ex., radiocontrastes, albumina, glicose, 
carbenicilina). 
 
 
Proteína, detectada por reagentes em tiras reflete 
principalmente a concentração de albumina urinária, 
classificada como negativa (< 10 mg/dL), traços (15 a 30 
mg/dL), ou 1+ (30 a 100 mg/dL) até 4+ (> 500 mg/dL). A 
microalbuminúria, um importante marcador de 
complicações renais em pacientes com diabetes, não é 
 
7 
 
detectada por tiras comuns, mas dispõe-se de tiras 
específicas para microalbuminúria. Proteínas de cadeia 
leve (p. ex., devido a micloma múltiplo) também não são 
detectadas. O significado da proteinúria depende da 
excreção total de proteínas, em vez da concentração de 
proteínas estimada pelas tiras reagentes; deste modo, ao 
detectar proteinúria nas tiras reagentes, deve-se realizar 
medidas quantitativas de proteínas urinárias. Urina diluída 
pode causar resultados falso-negativos. Resultados falso-
positivos podem surgir devido a qualquer um dos 
seguintes itens: 
1. pH alto (> 9) 
2. Presença de células 
3. Meios de contraste radiopacos 
4. Urina concentrada 
 
 
Outros exames de urina 
- O QUE MUDOU NA AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO 
RENAL? 
 
Outros exames são úteis em circunstâncias especiais. 
A excreção de proteínas totais pode ser medida na urina 
de 24 horas ou pode ser estimada pela relação 
proteína/creatinina, a qual, em uma amostra aleatória de 
urina, correlaciona-se bem com os valores em g/1,73 m2 
área de superfície corporal de uma amostra de urina de 24 
horas (p. ex., 400 mg/dL proteínas e 100 mg/dL de 
creatinina em uma amostra aleatória equivalem a 4 g/1,73 
m2 em uma amostra de 24 h). A relação 
proteína/creatinina é menos precisa quando a excreção de 
creatinina está significativamente aumentada (p. ex., em 
atletas musculares) ou diminuída (p. ex., na caquexia). 
 
 
 
A microalbuminúria representa a excreção persistente de 
albumina entre 30 e 300 mg/dia (20 a 200 mcg/min); 
valores menores são considerados dentro da variação 
normal, e valores > 300 mg/dia (> 200 mcg/min) são 
considerados proteinúria evidente. O uso da relação 
albumina urinária/creatinina urinária é confiável e um 
método de triagem mais conveniente, pois evita a coleta 
de amostras de urina seriadas e correlaciona-se bem aos 
valores de urina de 24 horas. Um valor > 30 mg/g (> 0,03 
mg/mg) sugere microalbuminúria. A confiabilidade do teste 
é melhor quando se utiliza uma amostra coletada pela 
manhã porque exercícios vigorosos podem resultar em tira 
reagente positiva para proteína, e não ocorre produção 
incomum de creatinina (em pacientes caquéticos ou muito 
musculosos). A microalbuminúria pode ocorrer nos 
seguintes casos: 
• Diabetes melito 
• Hipertensão 
• Disfunção de aloenxerto renal 
• Pré-eclâmpsia 
• Infecção do trato urinário 
• Nefropatia crônica 
 
 
8 
 
 
 
 
Microalbuminúria é um estágio precoce da doença renal 
diabética no diabetes tipo 1 e 2; a progressão da doença 
renal é mais previsível no tipo 1 do que na doença tipo 2. A 
microalbuminúria é um fator de risco de doenças 
cardiovasculares e mortalidade cardiovascular precoce, 
independentemente da existência de diabetes ou 
hipertensão. 
 
Tiras reagentes para ácido sulfossalicílico (SSA,sulfosalicylic acid) podem ser usadas para detectar 
proteínas outras que não a albumina (p. ex., 
imunoglobulinas em mieloma múltiplo) quando os testes de 
tira reagentes são negativos; o sobrenadante de urina 
misturado com SSA fica turvo na presença de proteínas. O 
teste é semiquantitativo em uma escala de 0 (sem 
turbidez) até 4+ (precipitados floculados). As leituras estão 
falsamente elevadas na presença de meios de contraste 
radiopacos. 
A osmolalidade, o número total de partículas de soluto 
por unidade de volume [mOsm/kg (mmol/kg)], pode ser 
diretamente medida por um osmômetro. Normalmente, a 
osmolalidade é de 50 a 1.200 mOsm/kg (ou 50 a 1200 
mmol/kg). Sua dosagem é mais útil para avaliar 
hipernatremia, hiponatremia, síndrome da secreção 
inapropriada de hormônio antidiurético (SIAHD, syndrome 
of inappropriate antidiuretic hormone secretion) e diabetes 
insípido. 
Cistatina C, um inibidor da serina proteinase que é 
produzida por todas as células nucleadas e filtrada pelos 
rins, também pode ser utilizada para avaliar a função renal. 
Suas concentrações plasmáticas independem de sexo, 
 
9 
 
idade e peso corpóreo. Nem sempre se dispõe do teste, e 
os valores não estão padronizados entre os diferentes 
laboratórios. 
 
 
 
Cetonas são excretadas na urina em decorrência da 
cetonemia, mas o uso de tiras reagentes para dosagem de 
cetonas urinárias não é mais tão recomendado, porque 
medem apenas o ácido acetoacético e a acetona, não 
dosando o ácido beta-hidroxibutírico. Assim, é possível um 
resultado falso-negativo mesmo na ausência de uma 
causa exógena (p. ex., vitamina C, fenazopiridina, N-
acetilcisteína); a dosagem direta de cetonas séricas é mais 
precisa. A cetonúria é causada por alterações endócrinas 
e metabólicas e não reflete a disfunção renal. 
A glicose geralmente surge na urina quando os níveis 
séricos de glicose aumentam > 180 mg/dL (> 10,0 mmol/L) 
e a função renal é normal. O limite de detecção das tiras 
reagentes é de 50 mg/dL (2,8 mmol/L). Qualquer 
quantidade é anormal. Resultados falsamente baixos ou 
negativos podem surgir em qualquer um dos seguintes 
casos: 
• Ácido ascórbico 
• Cetonas 
• Ácido acetilsalicílico 
• Levodopa 
• Tetraciclina 
• pH urinário muito alto 
• Urina diluída 
 
10 
 
 
 
Detecta-se hematúria quando há lise de eritrócitos na tira 
reagente, liberando hemoglobina (Hb) e causando 
alteração de cor. A variação vai desde negativa (0) até 4+. 
Traços de sangue (3 a 5 eritrócitos/campo de grande 
aumento) são normais sob algumas circunstâncias (p. ex., 
exercícios) em algumas pessoas. Como a tira reagente 
reage com Hb, a hemoglobina livre (p. ex., em razão da 
hemólise intravascular) ou a mioglobina (p. ex., em razão 
da rabdomiólise), causam resultado positivo. Pode-se 
distinguir hemoglobinúria e mioglobinúria da hematúria 
pela ausência de eritrócitos no exame microscópico e pelo 
padrão de alteração da cor na tira reagente. Os eritrócitos 
criam um padrão pontilhado ou espiculado; a hemoglobina 
livre e a mioglobina criam uma alteração uniforme da cor. 
O iodo povidona causa resultados falso-positivos; o ácido 
ascórbico causa resultados falso-negativos. 
Os nitritos são produzidos quando as bactérias reduzem 
os nitratos urinários derivados do metabolismo de 
aminoácidos. Normalmente, não se observam nitritos e, 
quando presentes, denotam bacteriúria. O teste é positivo 
ou negativo. Podem ocorrer resultados falso-negativos em 
qualquer uma das seguintes condições: 
• Infecção por certos patógenos que não conseguem 
converter nitrato em nitrito (p. ex., Enterococcus 
faecalis, Neisseria gonorrhoeae, Mycobacterium 
tuberculosis, Pseudomonas sp) 
• Quando a urina não permaneceu tempo suficiente (< 4 
horas) na bexiga 
• Baixa excreção urinária de nitratos 
• Enzimas (de certas bactérias) que reduzem nitratos a 
nitrogênio 
• Nível alto de urobilinogênio urinário 
• Presença de ácido ascórbico 
• pH urinário < 6,0 
 
Os nitritos são usados principalmente nos testes de 
esterases leucocitárias, para controlar pacientes com 
infecções urinárias recidivantes, particularmente crianças 
com refluxo vesicoureteral e, algumas vezes, para 
confirmar o diagnóstico de (p. ex., proantocianidina), não 
complicada em mulheres em idade gestacional. 
A esterase de leucócitos é liberada pelos neutrófilos que 
sofreram lise. Sua presença na urina reflete inflamação 
aguda, mais comumente em decorrência de infecção 
bacteriana, mas, algumas vezes, devido à nefrite 
intersticial, nefrolitíase ou tuberculose renal. O limiar de 
detecção é de aproximadamente 5 leucócitos/campo de 
grande aumento, e os resultados do teste variam de 
negativo a 4+. O teste não é muito sensível para detecção 
de infecção. A contaminação da amostra de urina pela 
flora vaginal é a causa mais comum de resultado falso-
positivo. Resultados falso-negativos podem advir de: 
• Urina muito diluída 
• Glicosúria 
• Urobilinogênio 
• Uso de fenazopiridina, nitrofurantoína, rifampicina ou 
grandes quantidades de vitamina C 
 
A esterase de leucócitos é utilizada principalmente com o 
teste de nitrito para acompanhar pacientes com infecções 
urinárias recidivantes e, algumas vezes, para diagnosticar 
uma infecção do trato urinário não complicada em 
mulheres em idade gestacional. Se ambos os testes forem 
negativos, a chance de cultura positiva é pequena. 
Análise microscópica da urina 
A detecção de elementos sólidos (células, cilindros, 
cristais) necessita de análise microscópica, idealmente 
observada imediatamente após a micção e o teste de tira 
reagente. A amostra (10 a 15 mL de urina) é centrifugada 
a 1.500 a 2.500rpm durante 5 minutos. O sobrenadante é 
totalmente decantado; uma pequena quantidade de urina 
permanece com o resíduo no fundo do tubo da centrífuga. 
O resíduo é novamente misturado por agitação delicada do 
tubo, batendo-se em seu fundo. Uma única gota é 
pipetada em uma lâmina e coberta com lamínula. Para a 
análise microscópica de rotina, a coloração é opcional. A 
amostra é examinada sob luz reduzida com objetiva de 
baixa potência e sob luz intensa com objetiva de alta 
potência; a última é tipicamente utilizada para estimativas 
semiquantitativas [p. ex., 10 a 15 leucócitos/campo de alta 
potência (HPF)]. A luz polarizada é usada para identificar 
alguns cristais e lipídios na urina. O microscópio de 
contraste de fase facilita a identificação de células e 
cilindros. 
Células epiteliais (renais tubulares, transicionais, 
escamosas) surgem com frequência na urina; em sua 
maioria, são células descamativas da porção terminal da 
uretra e contaminantes da vagina. Somente a presença de 
células tubulares renais tem importância diagnóstica; 
entretanto, exceto quando encontradas em cilindros, são 
difíceis de serem distinguidas de células transicionais. 
Alguns cilindros de células tubulares renais surgem na 
urina normal, mas um grande número sugere lesão tubular 
(p. ex., necrose tubular aguda, nefrite tubulointersticial, 
nefrotoxinas, síndrome nefrótica). 
Eritrócitos< 3 por campo podem ser normais (< 5 pr 
campo de grande aumento algumas vezes é normal, p. 
ex., após exercício) e qualquer hematúria isolada deve ser 
interpretada no contexto clínico. Na análise microscópica, 
eritrócitos glomerulares são menores e dismórficos, com 
espículas, bolhas e dobraduras; eritrócitos não 
glomerulares mantêm sua forma e tamanho normais. 
Leucócitos< 5/HPF podem ser normais; coloração 
especial pode distinguir eosinófilos de neutrófilos (ver 
Outros exames de urina). Define-se piúria como a 
presença de > 5 leucócitos/campo de grande aumento no 
sedimento centrifugado. 
Lipidúria é mais característica na síndrome nefrótica; as 
células tubulares renais absorvem lipídios filtrados, que se 
parecem microscopicamente com corpúsculos ovais de 
gordura, e colesterol, que produz um padrão de cruz de 
Malta sob luz polarizada. Os lipídios e o colesterol também 
podem estar boiando livremente ou estar incorporados em 
cilindros.Cristais na urina são comuns e, em geral, não são 
clinicamente significativos. A formação de cristais depende 
dos seguintes itens: 
• Concentração urinária dos constituintes do cristal 
• pH 
• Ausência de inibidores de cristalização 
 
11 
 
• Fármacos são uma causa sub-reconhecida dos 
cristais 
 
 
 
 
 
 
Os cristais são feitos de glicoproteína de função 
desconhecida (Tamm-Horsfall), secretada pela porção 
ascendente espessa da alça de Henle. São cilíndricas e 
possuem margens regulares. Sua presença indica origem 
renal, que pode ser útil no diagnóstico. Os tipos de 
cilindros diferem quanto aos constituintes e à aparência. 
ANÁLISE LABORATORIAL 
As dosagens de eletrólitos auxiliam o diagnóstico de 
doenças específicas. O nível de sódio pode ajudar a 
diferenciar se a depleção de volume [Na urinário < 10 
mEq/L (10 mmol/L)] ou a necrose tubular aguda [Na 
urinário > 40 mEq/L (40 mmol/L)] é a causa da 
insuficiência renal aguda. A fração de excreção de Na 
(FENa) é a porcentagem de Na filtrado que é excretada. 
Ela é calculada como a relação de Na filtrado e excretado 
e definida como: 
 
em que UNa representa o sódio na urina; PNa, o sódio 
plasmático; PCr, a creatinina plasmática; e UCr, a 
creatinina urinária. 
Esta relação é mais confiável do que a medida de UNa 
isolada, pois os níveis de UNa entre 10 e 40 mEq/L (ou 10 
e 40 mmol/L) são inespecíficos. FENa< 1% sugere causas 
pré-renais, como depleção de volume; entretanto, a 
glomerulonefrite aguda ou certos tipos de necrose tubular 
 
12 
 
aguda (p. ex., rabdomiólise, insuficiência renal induzida por 
radiocontraste) e obstrução parcial grave podem resultar 
em FENa< 1%. Um valor > 1% sugere causas intrarrenais 
como necrose tubular aguda ou nefrite intersticial aguda. 
Outras medidas úteis incluem as seguintes: 
• Fração de excreção de bicarbonato (HCO3) para 
avaliação da acidose tubular renal 
• Níveis de cloreto (Cl) para o diagnóstico de alcalose 
metabólica 
• Hiato aniônico urinário na avaliação da acidose 
metabólica 
• Níveis de potássio para determinação da causa de 
hipopotassemia ou hiperpotassemia 
• Níveis de sódio, cálcio, magnésio, ácido úrico, oxalato, 
citrato e cistina para avaliação de cálculos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
 
 
 
 
Eosinófilos, células que se coram de vermelho brilhante 
ou branco-róseo com as colorações de Wright ou Hansel, 
mais comumente indicam um dos seguintes: 
• Nefrite intersticial aguda 
• Glomerulonefrite rapidamente progressiva 
• Prostatite aguda 
• Ateroembolismo renal 
 
Eletrólitos séricos (p. ex., sódio [Na], potássio [K], 
bicarbonato [HCO3]) podem estar alterados e o hiato 
aniônico (Na – [Cl + HCO3]) pode aumentar na lesão renal 
aguda e na doença renal crônica. Deve-se monitorar os 
eletrólitos séricos periodicamente em pacientes com 
doenças renais. 
O contagem de hemácias pode detectar anemia na 
insuficiência renal crônica ou, raramente, policitemia no 
carcinoma de células renais ou doença policística dos rins. 
A anemia geralmente é multifatorial (principalmente devido 
à deficiência de eritropoetina e, algumas vezes, agravada 
ou causada pela perda de sangue nos circuitos de diálise 
ou no trato gastrintestinal); ela pode ser microcítica ou 
normocítica. 
A renina, uma enzima proteolítica, fica armazenada nas 
células justaglomerulares dos rins. A secreção de renina é 
estimulada pela redução do volume sanguíneo e pela 
redução do fluxo renal, sendo inibida pela retenção de 
sódio e água. A renina plasmática é dosada através da 
medida da atividade de renina como a quantidade de 
angiotensina I gerada por hora. As amostras devem ser 
coletadas de pacientes bem hidratados, com repleção de 
sódio e potássio. Renina plasmática, aldosterona, cortisol 
e hormônio adrenocorticotrófico (ACTH, 
adrenocorticotropic hormone) devem ser dosados na 
avaliação de todas as seguintes condições: 
• Insuficiência adrenal 
• Hiperaldosteronismo 
• Hipertensão refratária 
 
A razão entre a aldosterona e a renina plasmática 
calculada a partir das dosagens obtidas com o paciente na 
posição ortostática é o melhor teste de rastreamento do 
hiperaldosteronismo, desde que a atividade plasmática de 
renina seja > 0,5 ng/mL/h (< 0,5 mcg/L/h) e aldosterona > 
12 a 15 ng/dL (333 a 416 pmol/L).

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