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1 Os distúrbios reumáticos são habitualmente crônicos e não têm nenhuma cura conhecida, porém podem se manifestar na forma de episódios agudos de duração curta ou intermitente. Os distúrbios artríticos crônicos estão associados a períodos alternados de remissão sem sintomas e crises com agravamento dos sintomas, que ocorrem sem nenhuma causa identificável. Os fatores de risco incluem lesão articular repetitiva suscetibilidade genética e fatores ambientais, sobretudo tabagismo. O sexo é um fator, visto que as mulheres são mais suscetíveis do que os homens à maioria das doenças reumáticas; a relação entre mulheres e homens varia de 3:1 para a Artrite Reumatóide (AR) até 9:1 para o Lúpus (LES) e a Síndrome de Sjögren (SS). Somente na gota é que ocorre claro predomínio dos homens sobre as mulheres. Recentemente, uma análise de transcriptomas das concentrações de RNA mostrou que as mulheres saudáveis exibem um “perfil pró-inflamatório”, sobretudo para o desenvolvimento de AR. A Nutrição tem um vínculo importante relacionado ao processo inflamatório, dividido em duas fases: (1) Presença, em concentrações adequadas, de fatores que favoreçam a liberação e a formação de leucotrienos anti-inflamatórios tipo B2, B3 e menor concentração de leucotrienos pró-inflamatórios tipo B4. PRODUÇÃO DE MEDIADORES DE LIPÍDEOS BIOATIVOS A PARTIR DE AGPI ÔMEGA-3 E ÔMEGA-6 ÁCIDO EICOSAPENTAENOICO EPA (20:5, ômega-3) Tromboxano A3: Vasoconstritor fraco e agregador fraco das plaquetas Prostaciclina PGI3: Vasodilatador e antiagregante plaquetário fraco Leucotrieno B5: Indutor fraco da inflamação e agente quimiotático fraco Resolvinas da série E (RvE1 e 2): promovem a resolução da inflamação ÁCIDO ARAQUIDÔNICO (20:4, ômega-6) Tromboxano A2: Vasoconstritor e potente agregante plaquetário Prostaciclina E2: Vasodilatador e antiagregante plaquetário Leucotrieno B4: Indutor da inflamação e potente indutor da quimiotaxia e adesão dos leucócitos ÁCIDO DI-HOMO-GAMA-LINOLÊNICO DGLA (20:3, ômega-6) Tromboxano A1: Anti-inflamatório e redutor da dor Prostaglandina E1: Vasodilatador, inibe a função dos monócitos e neutrófilos, antiagregante plaquetário Leucotrieno B3: Efeitos pró-inflamatórios muito fracos Ácido docosa-hexaenoico DHA (22:6, ômega-3) Resolvinas da série D (RvD 1 a 6): promovem a resolução da inflamação, analgésicos, reduzem o recrutamento e a ativação dos leucócitos, diminuem a produção de IL-1 e TNF Protectina 1 (PD1) e Maresina 1 (MaR1): promovem a resolução da inflamação Prof. José Aroldo Filho goncalvesfilho@nutmed.com.br NUTRIÇÃO NA REUMATOLOGIA mailto:goncalvesfilho@nutmed.com.br 2 (2) Em toda resposta inflamatória existe a liberação de radicais livres, como uma forma final do ciclo químico do processo inflamatório, como por exemplo, a via da mieloperoxidase, com ação de neutrófilos controlando o processo infeccioso. Em processos inespecíficos e sem infiltração de agentes infecciosos, como nas doenças autoimunes, o estresse oxidativo poderia promover degeneração crônica da articulação. DIETA ANTI-INFLAMATÓRIA E USO DE POLI- INSATURADOS COMO AGENTES MODULADORES Uma dieta com teor adequado de proteínas e energia, rica em vitaminas, minerais e ácidos graxos poli- insaturados (AGPI) ômega-3 pode promover um efeito protetor benéfico contra a lesão tecidual e a supressão da atividade inflamatória. A dieta anti-inflamatória, uma dieta que se assemelha à dieta Mediterrânea, tem sido útil para o tratamento de doenças inflamatórias, como AR. Embora essa dieta não seja planejada para a perda de massa corporal, os indivíduos que a seguem frequentemente perdem massa corporal. A dieta anti-inflamatória atua por meio de redução da expressão dos genes envolvidos no processo inflamatório, como IL-1, IL-6 e TNF-α. A mudança dos hábitos dietéticos para uma dieta mediterrânea diminui o estado inflamatório em indivíduos saudáveis bem como em pacientes com obesidade, doença cardiovascular e doença de Crohn. 3 1. USO DE ÔMEGA 3 (ALA) Linum usitatissimum Nome popular: linhaça ou semente do linho Parte usada: semente Padronização/Marcador: ácido alfa-linolênico Derivado de droga vegetal: semente, óleo da semente Indicações/Ações terapêuticas: Considerada um alimento funcional, a linhaça possui propriedades anticancerígenas, antioxidantes e anti-inflamatórias. Dose Diária: 1 colher de semente triturada duas vezes ao dia ou 500mg de óleo de linhaça, uma a três vezes ao dia junto às refeições, como fonte de W3-ALA. Para tratamento de doenças reumatológicas, a modulação ocorre em doses superiores a 5g de óleo/dia. Via de Administração: Oral 2. USO DE ÔMEGA 3 (EPA E DHA) A suplementação de ácidos graxos poliinsaturados ômega 3 influencia o equilíbrio das respostas imunes por influenciar a síntese de citocinas e mediadores inflamatórios. Os LCPUFAs W3 são importantes componentes estruturais das membranas celulares,contribuindo para a sua fluidez e permeabilidade, a atividade de enzimas ligadas e dos receptores, a transdução de sinal e a regulação da expressão dos genes. O EPA pode ser transformado em eicosanoides (prostaglandinas, prostaciclinas, tromboxanos, leucotrienos e prostanoides), que participam na regulação da pressão arterial, da função renal, coagulação sanguínea, reações inflamatórias e imunológicas, entre outras funções em tecidos. A ingestão de suplementação de EPA isolado até 1,8 g/dia também não suscita preocupações de segurança para a população adulta e a de DHA isolado até 1 g/dia é segura para a população em geral. 4 3. USO DE ÔMEGA 6-GLA A. Oenothera biennis Nome popular: prímula Parte usada: semente Padronização/Marcador: ácido gama-linolênico Derivado de droga vegetal: óleo essencial Indicações/Ações terapêuticas: anti-inflamatório Dose Diária: 500mg, três vezes ao dia junto às refeições. Via de Administração: Oral O óleo de prímula fornece o W6-GLA, o qual pode ser convertido diretamente ao precursor de eicosanóides, o di- homo-GLA. O óleo de prímula é extraído à frio. O fator de correção é em 10% do peso da cápsula (500mg de óleo = 50mg de W6-GLA). B. Borrago officinalis Nome popular: borragem Parte usada: semente Padronização/Marcador: ácido gama-linolênico Derivado de droga vegetal: óleo essencial Indicações/Ações terapêuticas: aliviar os sintomas da tensão pré-menstrual (TPM), anti-inflamatório Dose Diária: 500mg, duas vezes ao dia junto às refeições. O fator de correção é em 25% do peso da cápsula (500mg de óleo = 125mg de W6-GLA). Via de Administração: Oral FARMACOTERAPIA Muitos dos fármacos utilizados no tratamento das doenças reumáticas proporcionam alívio da dor e da inflamação, com a esperança de controlar os sintomas e retardar o progresso da doença, em lugar de proporcionar cura. OSTEOARTRITE Doença com envolvimento global da articulação (osso subcondral, ligamentos, cápsula articular, membrana sinovial e músculos periarticulares). O desfecho clínico e patológico de uma variedade de eventos biológicos e mecânicos levam à falência estrutural e funcional das articulações sinoviais. A doença é causada por fatores mecânicos locais aberrantes atuando no contexto de uma suscetibilidade genética. Os fatores de risco que aumentam a vulnerabilidade à doença são envelhecimento, sexo feminino e possíveis deficiências nutricionais. Estes fatores em indivíduo geneticamente suscetível (herança poligênica, mas ainda não bem esclarecida) associado a fatores de risco locais, tal como desvios de eixo articular, fraqueza muscular ou alterações estruturais intra-articulares, como lesões meniscais, facilitam a progressão da doença. As eventuais injúrias do dia-a-dia pelas atividades de lazerou trabalho e a obesidade aumentaram as possibilidades reais de incidência e progressão da doença. Dor articular é o sintoma maior da osteoartrite e está associado ao uso da articulação envolvida. Nos estágios iniciais é aliviada pelo repouso e na evolução da doença ocorre mesmo no repouso. A persistência da dor, mesmo em repouso leva à alteração de função e incapacidades progressivas que, associados à depressão e distúrbios do sono pela presença de dor, são aspectos adicionais para piora da incapacidade. O tratamento da osteoartite é multidisciplinar e envolve a participação de educadores, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e médicos (em geral reumatologistas, generalistas, geriatras e ortopedistas). Os objetivos do tratamento são: reduzir a dor, manter a função, melhorar a qualidade de vida, prevenir ou retardar a progressão para o dano estrutural articular e retardar ou evitar a artroplastia. 5 6 TERAPIA CLÍNICA NUTRICIONAL Controle do Peso e Adiposidade O excesso de peso coloca uma carga adicional sobre as articulações submetidas à descarga de peso. Estudos epidemiológicos têm mostrado que a obesidade e as lesões são os dois maiores fatores de risco para a OA. O risco de OA do joelho aumenta com o aumento do IMC. Controlar a obesidade pode reduzir o impacto da OA, tanto para prevenção da doença quanto para melhora dos sintomas. Uma dieta bem equilibrada, que seja consistente com as diretrizes dietéticas estabelecidas e que promova a aquisição e manutenção de um peso corporal desejável, é uma parte importante do tratamento nutricional clínico para a OA. Dieta Anti-inflamatória Princípios gerais: Objetiva a variedade, com uma grande quantidade de alimentos frescos, um mínimo de alimentos processados e fast foods e abundância de frutas e legumes. Inclui uma grande quantidade de frutas e legumes, exceto cebolas e batatas, que contêm o alcaloide solanina. Restrição de ácidos graxos saturados e ausência de ácidos graxos trans. Restrição de ácidos graxos ω-6, como óleos vegetais e gordura animal. Rica em ácidos graxos poli-insaturados ω- 3, como os encontrados no azeite de oliva, linhaça, nozes, sementes de abóbora e peixes gordos oleosos de água fria como salmão, sardinha, cavala e arenque. Outros óleos saudáveis incluem os de uva, nozes e canola. Restrição de carboidratos refinados, como sacarose, massas, pão branco e arroz branco. Favorece a ingestão de grãos integrais, como arroz e trigo bulgur. Inclui fontes de proteína magra, como frango e peixe. Restrição de ovos, carne vermelha, manteiga e outros produtos lácteos integrais. Restrição de alimentos refinados e processados. Inclui especiarias como gengibre, curry, açafrão e alecrim, que se acredita que tenham efeitos anti- inflamatórios. Inclui boas fontes de fitonutrientes: frutas e vegetais de todas as cores, especialmente frutos silvestres, tomate, laranja e frutas amarelas e vegetais folhosos verde- escuros; vegetais crucíferos (repolho, brócolis, couve de bruxelas); alimentos de soja, chá (especialmente branco, verde ou oolong), chocolate amargo comum com moderação. Além disso, o peso deve ser mantido dentro de parâmetros saudáveis e devem ser incluídos exercícios. Vitaminas e Minerais Aponta-se que os danos cumulativos aos tecidos mediados pelas espécies reativas de oxigênio são o caminho que leva a muitas das alterações degenerativas observadas com o envelhecimento. No entanto, grandes doses de antioxidantes dietéticos – incluindo a vitamina C, tocoferóis (vitamina E), β-caroteno e selênio – não mostraram nenhum benefício no manejo da OA sintomática. Muitos pacientes com OA consomem níveis deficientes de cálcio e vitamina D. Está sendo estudado o papel dos baixos níveis séricos de vitamina D na progressão da OA. A melhora na ingestão, atingindo no mínimo a ingestão diária recomendada, é importante. A entrevista e o aconselhamento nutricional abrangente devem incluir a determinação das fontes aceitáveis de todos os nutrientes para o paciente com OA, bem como a suplementação da dieta para alcançar os níveis recomendados, com atenção especial à vitamina B6, à vitamina D, à vitamina K, ao folato e ao magnésio. Terapias Alternativas 7 Doses terapêuticas: sulfato de glicosamina ................................. 500 mg sulfato de condroitina .................................. 400 mg Posologia: duas a três vezes ao dia. Propuseram-se diversas terapias alternativas para controlar a dor na OA, incluindo tratamentos tópicos, terapias manipulativas e acupuntura. Os capsaicinoides, derivados da pimenta, têm um receptor de ácido graxo que estimula e então bloqueia as fibras de dor de pequeno calibre, esgotando-lhes o neurotransmissor substância P, que se acredita ser o principal quimiorreceptor dos impulsos dolorosos periféricos. A capsaicina, aplicada com nitroglicerina para reduzir a queimação local, pode reduzir a dor em pacientes com OA. Certos campos eletromagnéticos pulsados também podem afetar o crescimento do osso e cartilagem, com potencial uso na OA; o uso de ímãs estáticos pode fornecer alívio temporário da dor em determinadas circunstâncias. De acordo com a Arthritis Foundation (AF), a S- adenosil- L-metionina (SAM-e) também se mostrou promissora na redução da dor e melhora da mobilidade em indivíduos com OA, em doses de 600 a 1.200 mg/dia; entretanto, não deve ser utilizada sem a supervisão de um médico. Uma metanálise conclui que a acupuntura é benéfica em pacientes com OA. Outras terapias alternativas utilizadas para ajudar a diminuir a necessidade de medicação são o sulfato de glucosamina, sulfato de condroitina, óleos e ervas. Outras modalidades incluem a diacereína, insaponificáveis de soja e abacate, e ácido hialurônico; estes apresentam um efeito sintomático e baixa toxicidade, mas os efeitos globais são pequenos. Os defensores dessas modalidades alternativas citam relatos de declínio progressivo e gradual na dor e sensibilidade articular, maior mobilidade, melhora sustentada após a retirada do fármaco e ausência de toxicidade associada ao uso em curto prazo desses agentes. Glucosamina e Condroitina O sulfato de condroitina e sódio (sulfato de condroitina) e o cloridrato de glucosamina (glucosamina) estão envolvidos na produção de cartilagem, mas seu mecanismo de eliminação da dor não foi identificado. Estudos limitados sugerem que o sulfato de glucosamina administrado por vias oral, intravenosa, intramuscular ou intra-articular pode produzir uma redução gradual e progressiva na dor e sensibilidade articular, bem como uma melhora na amplitude de movimento e velocidade de caminhada. A glucosamina tem produzido benefícios consistentes, incluindo uma melhora de mais de 50% no escore de sintomas em pacientes com OA. Em alguns casos, a glucosamina pode ser igual ou superior ao ibuprofeno. Juntos, a glucosamina e a condroitina estão em terceiro lugar entre os produtos nutricionais mais vendidos nos Estados Unidos. O National Institutes of Health (NIH) realizou o estudo Glucosamine/Chondroitin Arthritis Intervention Trial (GAIT), o primeiro ensaio clínico multicêntrico em larga escala dos Estados Unidos que testou os efeitos desses suplementos na OA de joelho. Uma dose de 1.500 mg de glucosamina (500 mg, três vezes ao dia) com 1.200 mg de condroitina (400 mg, três vezes ao dia) resultou em alívio estatisticamente significativo da dor em um pequeno subconjunto de participantes que tinham dor moderada a grave, mas não naqueles que apresentavam dor leve. Em comparação com 54% dos que receberam placebo, 79% dos que tomaram glucosamina e condroitina relataram uma redução de 20% ou mais na dor. Por causa do pequeno tamanho da amostra, estes resultadossão considerados preliminares. Embora não seja eficaz para todos os indivíduos com lesões, a dose segura de sulfato de glucosamina e condroitina é de 1.500 mg/dia e 1.200 mg/dia em doses divididas, respectivamente. O estudo GAIT e outros trabalhos não encontraram nenhuma alteração na tolerância à glicose. Uma metanálise que examinou mais de 3.000 seres humanos não encontrou efeitos adversos da administração de glucosamina por via oral em parâmetros de sangue, urina ou fezes e nem efeitos colaterais graves ou fatais. Em contraste, a condroitina é quimicamente similar aos anticoagulantes comumente utilizados e pode causar sangramento excessivo se utilizada em combinação com anticoagulantes. A condroitina também pode provocar uma reação em indivíduos com alergia a marisco. Uma pesquisa analisou a ação da glicosamina e condroitina isoladas e dadas em conjunto, sobre o osso subcondral humano. A condroitina demonstrou um efeito direto ao limitar a produção de OPG (osteoprotegerina) e RANKL (ligante do receptor do ativador do fator nuclear Kappa B), dois dos fatores mais importantes envolvidos no processo de remodelação óssea. A glicosamina reduziu significativamente a atividade de reabsorção óssea. A combinação de condroitina e glicosamina resultou em uma acentuada redução na atividade de reabsorção óssea. Metilsufonilmetano (MSM) É a forma oral do dimetilsulfóxido (DMSO). Utilizado em doenças reumáticas, terapia antioxidante e anti- envelhecimento. Alto poder analgésico. 8 Pode ser utilizado em GEL por via oral a 50%, ou em doses de 500mg duas a três vezes ao dia (MÁXIMO DE 1500mg). Acredita-se que o MSM alivia a dor por diversos mecanismos de ação. Pode inibir a transmissão de impulsos da dor ao longo das fibras nervosas do tipo C, aumentar o fluxo do sangue, e reduzir os espasmos musculares. Colágeno tipo II (UCII) UC-II® é um colágeno do tipo II, não-desnaturado, derivado da cartilagem de frango. É fabricado através de um processo de produção patenteado, não-enzimático, à baixas temperaturas, o que garante a obtenção de um colágeno puro, sem alteração molecular, com atividade biológica inalterada. UC-II® é o único produto deste tipo disponível em doses convenientes de 40 mg, uma vez ao dia. Publicado em pesquisa clínica que mostra que UC-II® é mais do que duas vezes eficaz do que glucosamina + condroitina na promoção conjunta de conforto, mobilidade e flexibilidade das articulações. Estudo randomizado e duplo-cego avalia a eficácia e segurança da suplementação com colágeno tipo II não- desnaturado no tratamento da osteoartrite dos joelhos. O tratamento com UC-II® é mais eficaz na redução dos parâmetros relacionados à osteoartrite quando comparado à glucosamina+ condroitina; Os parâmetros "dor na caminhada em superfície plana", "dificuldade em andar sobre superfície plana", "realizar tarefas domésticas pesadas" e “subir escadas” reduziram significativamente nos pacientes suplementados com UC-II® ; Ambos os grupos de tratamento apresentaram redução dos parâmetros da escala VAS (“dores ao subir e descer escadas”, “dores noturnas” e “dores no descanso”). A suplementação com UC-II® foi mais eficaz na redução das dores nos pacientes, apresentando 40% de decréscimo nos parâmetros analisados versus 15% da glucosamina + condroitina; A suplementação com UC-II ® diminuiu significativamente a dor nas articulações, o desconforto e a imobilidade comparada ao início do estudo e superou os resultados da combinação de condroitina + glucosamina; Os possíveis efeitos adversos relatados pela suplementação com UC-II® foram constipação e dores de cabeça. Para o grupo suplementado com glucosamina + condroitina foram relatados inchaço, dores no estômago, erupções, retenção hídrica, urticária e dores de cabeça. Dose usual = 40mg/dia (fracionar em duas doses de 20mg). APOIO FITOTERÁPICO Garra-do-Diabo (Harpagophytum procumbens) Planta trepadeira africana da família Pedaliaceae Uso tradicional: alívio de dores articulares e anti- inflamatória em casos de bursite, artrite e tendinite Rica em óleos essenciais (ftalida n-butildileno), ácido ferrúlico, cumarinas e fitoesteróis. Atividades: Anti-inflamatória; Antirreumática; Analgésica; Hipotensora; Laxativa. Efeitos adversos: desconforto gastrointestinal, diarréia, dor epigástrica e interações com medicações antiarrítmicas. Formas farmacêuticas mais utilizadas: Extrato seco; Infuso; Tintura; Extrato fluido; Decocto. Padronização e doses posológicas usuais: Extrato seco padronizado (mínimo 3% de harpagozídeo): 100 – 200mg 3x/dia; Extrato seco (3:1): 2-3g (dividir em 3 tomadas); Tintura (1:5): 0,5-1,0mL, 3x/dia; Extrato fluido (1:1): 10-30 gotas, 3x/dia; Infusão (4,5g em 300mL): 3 xícaras/dia. Precauções: Contraindicado em pacientes com úlceras digestivas, cólon irritável e litíase biliar; Contraindicado em gestantes e nutrizes; Uso em cautela em pacientes em tratamento com antiarrítmicos ou glicosídeos cardiotônicos; Uso descontinuado antes de procedimentos cirúrgicos ou dentários (14 dias); Interage com AAS, AINEs, antiarrítimicos, anticoagulantes, varfarina e cardiotônicos. Extrato insaponificado de abacate e soja (Piascledine®) O extrato insaponificado de abacate e soja, além de inibir a metaloproteinases 3-13 e prostaglandinas E-2, promove o reparo da cartilagem atuando nos osteoblastos subcondrais. Foi realizada revisão sistemática que incluiu quatro ensaios clínicos randomizados (três usaram 300 mg/dia e um utilizou 600 mg/dia). O extrato insaponificado de abacate e soja, além de inibir a metaloproteinases 3-13 e prostaglandinas E-2, promove o reparo da cartilagem atuando nos osteoblastos subcondrais. Foi realizada revisão sistemática que incluiu quatro ensaios clínicos randomizados (três usaram 300 mg/dia e um utilizou 600 mg/dia). 9 ARTRITE REUMATÓIDE A artrite reumatóide pode acometer qualquer articulação, porém os alvos mais comuns são as articulações pequenas de extremidades, como mãos e pés. O envolvimento é simétrico e bilateral. As queixas mais freqüentes incluem dor, inflexibilidade e inchaço. O inchaço é causado pelo acúmulo de líquidos na membrana que reveste as articulações, com inflamação dos tecidos ao redor. Ocorre mais freqüentemente nas mulheres que nos homens, com inicio principalmente após os 35 anos de idade e possui manifestações sistêmicas. Os medicamentos de uso comum são os AINEs, salicilatos, imunossupressores, agentes de remissão, esteróides e antimaláricos. O envolvimento articular pode gerar várias consequências: - acometimento de articulações de pés e mãos, gerando limitação da habilidade de fazer compras, preparo e consumo de alimentos; - comprometimento temporomandibular que pode impactar a habilidade de mastigar e deglutir; - manifestações extra-articulares como aumento da taxa metabólica, xerostomia, disfagia, anorexia, alterações em mucosa GI. Devem-se observar as mudanças de ingestão dietética, o peso corrente e a história de mudança de peso. Comprometimento articular O comprometimento articular é uma poliartrite simétrica e aditiva, que envolve principalmente as articulações periféricas, com períodos de exacerbações e remissões, porém, torna-se, na maioria das vezes, crônico e deformante. Embora possa comprometer todas as articulações, as mais frequentemente acometidas são as pequenas articulações das mãos e pés, joelhos, tornozelos cotovelos e ombros. Caracteristicamente, o paciente apresenta rigidez matinal prolongada, acima de uma hora, que pode ser uma das manifestações iniciais da doença. As articulações se apresentam edemaciadas, comdor à movimentação e à palpação, com discreto aumento de temperatura, geralmente, sem eritema. Comprometimento extra-articular Os nódulos reumatóides são encontrados em 20% a 30% dos pacientes, com localização preferencial em superfícies extensoras dos braços e cotovelos Podem ser encontrados em qualquer parte do corpo, inclusive em alguns órgãos internos, como o pulmão e olho. 10 DIAGNÓSTICO Não existe nenhum exame laboratorial específico para o diagnóstico da AR. O diagnóstico é estabelecido, de acordo com a avaliação clínica, laboratorial e radiográfica. Critérios de classificação do Colégio Americano de Reumatologia, de 1987: A presença de pelo menos quatro dos sete critérios, abaixo relacionados, tem sensibilidade de 91% e especificidade de 89%. 1. Rigidez matinal (> 6 semanas) Rigidez matinal nas articulações das mãos com duração de pelo menos uma hora. 2. Artrite de três ou mais regiões articulares (> 6 semanas) Pelo menos três regiões articulares com edema ou derrame articular observado por médico. As 14 regiões são: IFP, MCF, punhos, cotovelos, joelhos, tornozelos, MTF (D e E). 3. Artrite em articulações das mãos (> 6 semanas) Pelo menos uma região com edema ou derrame em punhos, MCF ou IFP. 4. Artrite simétrica (> 6 semanas) Acometimento simultâneo das mesmas regiões (como definido em 2) em ambos os lados. 11 Acometimento bilateral de MCF, IFP ou MTF é aceitável mesmo sem absoluta simetria. 5. Nódulo reumatóide Nódulos subcutâneos, sobre saliências ósseas ou superfícies extensoras ou em regiões justarticulares, observados pelo médico. 6. Fator reumatóide sérico Encontro de quantidades anormais de fator reumatóide sérico, por qualquer método cujo resultado seja positivo em menos de 5% dos indivíduos normais. 7. Alterações radiográficas Alterações radiográficas típicas da AR incluem erosões ou descalcificações ósseas nas articulações acometida ou mais marcadamente nas áreas adjacentes a estas. TRATAMENTO Os objetivos do tratamento da artrite reumatóide são o de diminuir a dor, melhorar ou preservar a função articular e principalmente o de impedir a progressão da lesão articular. Infelizmente, até o momento poucas drogas têm mostrado ser efetiva neste sentido. Na falta de medicação que seja capaz de estacionar a evolução, devemos procurar pelo menos diminuir a velocidade da evolução da doença, ou seja, retardar a progressão da lesão articular. TERAPIA CLÍNICA NUTRICIONAL O processo e modelo de cuidados nutricionais constituem um guia para a implementação do tratamento nutricional clínico em pacientes com AR. É essencial realizar uma avaliação nutricional abrangente nos pacientes com AR, com uma revisão dos sistemas para determinar os efeitos sistêmicos do processo de doença. O exame físico fornece os sinais e sintomas diagnósticos das deficiências de nutrientes. O peso atual e a história da mudança de peso ao longo do tempo são as ferramentas de avaliação menos dispendiosas, menos invasivas e mais confiáveis a serem utilizadas. As alterações no peso são uma medida importante da gravidade da AR. A progressão característica da desnutrição na AR é atribuída ao excesso de catabolismo proteico provocado pelas citocinas inflamatórias e pela atrofia por desuso decorrente do comprometimento funcional. A história da dieta deve rever a dieta habitual; os efeitos da deficiência física; os tipos de alimentos consumidos; e as alterações na tolerância aos alimentos secundárias aos distúrbios orais, esofágicos e intestinais. Também é necessário avaliar os efeitos da doença na aquisição e preparo dos alimentos, na capacidade de comer sem auxílio, no apetite e no consumo. Deve-se identificar o uso de dietas de eliminação ou de outras dietas com a pretensão de tratar ou curar a artrite. As manifestações articulares e extra-articulares da AR afetam o estado nutricional dos indivíduos de várias maneiras. O envolvimento articular das pequenas e grandes articulações pode limitar a capacidade de realizar atividades de vida diária (AVD) relacionadas à nutrição, incluindo comprar, preparar e ingerir os alimentos. O envolvimento da articulação temporomandibular pode afetar a capacidade de mastigar e engolir e pode exigir alterações na consistência da dieta. As manifestações extra-articulares incluem o aumento da taxa metabólica secundária ao processo inflamatório, Síndrome de Sjögren e alterações na mucosa gastrointestinal. O aumento da taxa metabólica secundário ao processo inflamatório muitas vezes leva a um aumento das necessidades de nutrientes, em face de uma ingestão diminuída de nutrientes. As alterações do paladar secundárias à xerostomia e secura da mucosa nasal; a disfagia secundária ao ressecamento da faringe e esôfago; e a anorexia secundária aos fármacos, fadiga e dor podem reduzir a ingestão dietética. As alterações na mucosa gastrointestinal afetam a ingestão, digestão e absorção de nutrientes. Os efeitos da AR e dos medicamentos usados podem ser evidentes em todo o trato gastrointestinal. Com base no perfil único do paciente, um nutricionista pode determinar a intervenção nutricional mais adequada, seguida do monitoramento e avaliação. Deve-se discutir a associação dos alimentos com os surtos de doença. Ainda não se sabe se a ingestão de alimentos pode modificar o curso da AR; esse assunto é uma questão de debate científico e interesse contínuo. A manipulação dietética, tanto modificando a composição dos alimentos quanto reduzindo o peso corporal, pode propiciar algum benefício clínico na melhora dos sintomas da AR. Alguns benefícios podem estar relacionados a uma redução da imunorreatividade aos antígenos alimentares eliminados por uma mudança na dieta. Uma parte da literatura sugere que o jejum pode ser benéfico na redução da dor no local da inflamação; contudo, o jejum nunca mostrou ser um tratamento eficaz para os sintomas da AR. Uma dieta sem glúten provoca melhora em alguns pacientes, possivelmente por causa da redução da imunorreatividade aos antígenos alimentares. Deve-se considerar o uso da dieta anti-inflamatória. O plano alimentar em estilo mediterrâneo semelhante inclui alimentos que quase todos devem ter como objetivo consumir diariamente, como quantidades moderadas de carnes magras, ácidos graxos insaturados em vez de saturados, abundância de frutas e legumes e peixe. Energia: Não foram determinadas medidas objetivas das reais necessidades energéticas para esta população. É importante lembrar que o efeito real da resposta inflamatória sobre a taxa metabólica é desconhecido e pode variar de indivíduo para indivíduo. Além disso, os níveis de atividade variam muito. Embora as medidas tradicionais possam ser usadas para avaliar as necessidades de energia, o peso deve ser monitorado e a ingestão de energia deve ser modificada conforme necessário para alcançar o peso corporal ideal ou teórico. 12 Para os pacientes totalmente sedentários, os cálculos devem ser estimados com base no gasto energético em repouso e ajustados às mudanças de peso que ocorrerem ao longo do tempo. Quando a ingestão é pobre, pode ser necessária suplementação enteral ou parenteral e o apoio nutricional domiciliar é benéfico para casos crônicos. Proteína: Indivíduos bem nutridos requerem proteínas em níveis comparáveis aos da ingestão dietética de referência (DRI) para a idade e sexo. Os pacientes com AR tendem a ter uma maior proteólise em todo o corpo (independentemente da idade) pela produção de fator de hormônio do crescimento, glucagon e TNF-α. Podem ser necessários 1,5 a 2 g/kg/dia de proteína. Lipídios: As dietas com restrição de gordura (incluindo o uso de substitutos com baixo conteúdo de gordura) levam a redução nos níveisséricos de vitaminas A e E e, na verdade, estimulam a peroxidação lipídica e a produção de eicosanoides, agravando a AR. Portanto, a dieta com restrição de gordura ou livre de gordura pode ser contraproducente para pacientes suscetíveis ou acometidos pela AR. Em vez de eliminar gordura, alterar o tipo de gordura na dieta é útil e provavelmente oferece vantagens tanto para a artrite quanto para o sistema cardiovascular. A dieta anti-inflamatória, com maiores quantidades de ácidos graxos ω-3, pode reduzir a atividade inflamatória, aumentar a função física e melhorar a vitalidade de pacientes com AR. A popularidade do uso de ácidos graxos ω-3 no manejo da AR tem aumentado, devido ao seu papel nas vias inflamatórias. Alguns outros óleos de origem marinha e uma variedade de óleos vegetais (óleo de oliva e de onagra) têm ações anti-inflamatórias indiretas, provavelmente mediadas via PGE1. O óleo de peixe alivia os sintomas da AR e reduz o uso de AINE em pacientes com AR. Os efeitos benéficos geralmente ocorrem até 12 semanas após serem iniciados, mas duram até 6 semanas após a descontinuação do tratamento. Minerais, Vitaminas e Antioxidantes: Diversas vitaminas e minerais funcionam como antioxidantes e, portanto, afetam a inflamação. A vitamina E exerce essa função; juntamente com os ácidos graxos ω-3 e ω-6, pode afetar a produção de citocinas e eicosanoides, diminuindo as citocinas próinflamatórias e os mediadores lipídicos. As concentrações de oligoelementos, exceto o Zn, no líquido sinovial e plasma são alteradas na AR inflamatória. As modificações nas concentrações de oligoelementos na AR inflamatória podem resultar de alterações nas citocinas imunomoduladoras. A degradação do colágeno e a estimulação dos eicosanoides estão associadas a danos oxidativos. No entanto, não existem dados significativos para dar suporte à suplementação de rotina com vitamina C, vitamina A ou β-caroteno, a menos que os pacientes apresentem concentrações inadequadas de antioxidantes. Os pacientes com AR muitas vezes têm ingestão nutricional abaixo da recomendada para o ácido fólico, cálcio, vitamina D, vitamina E, zinco, vitamina B e selênio. Além disso, o fármaco frequentemente usado metotrexato é conhecido por diminuir os níveis séricos de folato, resultando em níveis elevados de homocisteína. Assim, nestes pacientes, deve-se incentivar a ingestão adequada de ácido fólico e vitaminas B6 e B12. A má absorção de cálcio e vitamina D e a desmineralização óssea são características de estágios avançados da doença, levando à osteoporose ou a fraturas. O uso prolongado de glicocorticoides também pode levar à osteoporose. Portanto, deve-se considerar a suplementação com cálcio e vitamina D. Na verdade, a vitamina D é um imunossupressor seletivo, e o aumento em sua ingestão pode ser benéfico. Por causa das alterações induzidas pelo fármaco nos níveis de vitaminas ou minerais específicos, mais evidências apoiam a suplementação além dos níveis mínimos para as vitaminas D e E, ácido fólico e vitaminas B6 e B12. EFEITOS DE ALÉRGENOS ALIMENTARES E AGUDIZAÇÃO OU REMISSÃO DE SINTOMAS Alergia alimentar vista em 30% dos pacientes com AR, como leite de vaca e derivados; Aminoácidos L-canavanina, presente na alfafa e soja indutor de anticorpos anti-DNA e quadro semelhante ao Lúpus; Chocolate, álcool, morango, carne de porco, tomate, salsicha e espinafre estímulo à secreção de histamina e aminas vasoativas agravantes de quadro de AR; Café (liberação de epinefrina e norepinefrina) e frutas cítricas (fenilefedrina) possíveis desencadeadores de crises. Vitamina C e zinco síntese de colágeno e uso no tratamento de AR Zinco modula a resposta imunológica de linfócitos T, cicatrização e efeitos antiinflamatórios (efeito benéfico em AR); Ácidos graxos W-3 Efeitos antiinflamatórios e atenuação de sintomas de AR. Alimentos comuns que causam mudança real na atividade de doença: milho, trigo, bacon, laranja, aveia, centeio, leite, ovos, carne bovina e café. MICROBIOTA E ARTRITE REUMATOIDE A presença de concentrações elevadas de anticorpos dirigidos contra antígenos de determinadas espécies de bactérias intestinais aponta para uma relação entre as bactérias e a artrite. Os mecanismos pelos quais a microbiota pode estar envolvida na patogenia das doenças reumáticas incluem alteração da permeabilidade epitelial e da mucosa, perda da tolerância imune aos componentes da microbiota nativa 13 e fluxo de células imunes ativadas e material antigênico para as articulações. Algumas infecções bacterianas foram relacionadas com o desenvolvimento de artrite reativa, mais amplamente documentadas a partir da infecção por Streptococcus pyogenes, uma bactéria betahemolítica do grupo A que é a causa da infecção faríngea estreptocócica. A febre reumática é uma doença sistêmica que afeta o tecido conjuntivo periarteriolar e que pode ocorrer após infecção por S. pyogenes não tratada. A febre reumática aguda é observada com mais frequência em crianças entre seis e 15 anos de idade, porém apenas 20% dos primeiros ataques ocorrem em adultos. A doença é assim designada em virtude de sua apresentação semelhante à da AR. O diagnóstico de febre reumática aguda baseia-se na presença de infecção documentada por estreptococo do grupo A. Os sintomas mais comuns consistem em artrite (na maioria dos casos unilateral, em lugar da apresentação bilateral comum na AR), cardite (inflamação do tecido cardíaco) e coreia de Sydenham (movimentos involuntários da face, das mãos e dos pés, também conhecida como “Dança-de-São-Vítor”). As complicações cardíacas podem ser em longo prazo e graves, sobretudo quando há comprometimento de valvas. O mimetismo molecular é responsável pela lesão tecidual que ocorre na febre reumática. Nesse processo, as respostas imunes do paciente são incapazes de diferenciar as estruturas de S. pyogenes de determinados tecido do hospedeiro, atacando ambos. A consequente inflamação pode persistir bem além da infecção aguda, produzindo as manifestações da febre reumática. A recidiva da febre reumática é relativamente comum na ausência de antibióticos de manutenção em baixas doses, sobretudo durante os primeiros três a cinco anos após o primeiro episódio. Na maioria das vezes, os sobreviventes da febre reumática precisam tomar penicilina, a fim de evitar uma infecção estreptocócica, que possivelmente poderia levar a outro caso de febre reumática passível de ser fatal. APOIO FITOTERÁPICO Boswellia serrata Pequena árvore decídua de Norte da África e Oriente Médio, da família Burseraceae. Uso tradicional: anti-inflamatória e antiartrítica, analgésia e hipocolesterolêmica. Rica em ácidos boswélicos, arabinose e óleos essenciais. Atividades: Antiinflamatória (Inibidor da 5-lipoxigenase); Antiartrítica; Analgésica; Melhora fluxo sanguíneo articular. Efeitos adversos: Pertubações gástricas leves. Uso não tradicional: psoríase e impotência sexual. Posologia: ESP 60% ácidos boswélicos; 400mg 3x/dia. Contraindicações: abortiva. Não recomendada da gestação e lactação. FIBROMIALGIA 14 A fibromialgia é uma das doenças reumatológicas mais frequentes, cuja característica principal é a dor musculoesquelética difusa e crônica. Além do quadro doloroso, estes pacientes costumam queixar-se de fadiga, distúrbios do sono, rigidez matinal, parestesias de extremidades, sensação subjetiva de edema e distúrbios cognitivos. É frequente a associação a outras comorbidades, que contribuem com o sofrimento e a piora da qualidade de vida destes pacientes. Dentre as comorbidades mais frequentes podemos citar a depressão, a ansiedade, a síndrome da fadiga crônica, a síndrome miofascial, a síndrome do cólon irritável e a síndrome uretralinespecífica. A fibromialgia é uma síndrome primariamente pesquisada e tratada por reumatologistas principalmente por envolver um quadro crônico de dor musculoesquelética. Frequentemente estes pacientes requerem um acompanhamento multidisciplinar com o objetivo de alcançar uma abordagem ampla e mais completa de seus sintomas e comorbidades. TERAPIA CLÍNICA NUTRICIONAL O apoio nutricional é dependente do estado nutricional do paciente. Verificar a possibilidade de alergias (FOOD DETECTIVE? IMUPRO? Dosagens de IgE e IgG) e intolerâncias alimentares (intolerância à lactose?, disbiose?). Coenzima Q10 (Ubiquinona ) É fonte de energia e participa em praticamente todos os processos metabólicos, podendo ser empregado como suplemento em patologias associadas a sintomas inespecíficos, como astenia, adinamia, apatia, fadiga, etc. Os pacientes portadores de fadiga crônica, associada à fibromialgia, por deficiência mitocondrial - denominada de miopatia mitocondrial e com predominância no sexo feminino - se beneficiam com o uso de coenzima Q10, isolada ou associada a carnitina e vitamina B 12. Empregam-se doses de 50 a 150mg/dia, junto às principais refeições, com o objetivo de imunológica e síntese de ATP. Associar : aumentar a atividade Vitamina B12 ..... 100mcg Acetil-L-carnitina ..... 100mg. GOTA Distúrbio do metabolismo das purinas no qual níveis anormais de ácido úrico se acumulam no sangue (hiperuricemia). Como conseqüência, os sais de urato se formam e se acumulam nas articulações. A doença, que normalmente ocorre após os 35 anos, é caracterizada por dor artrítica que está usualmente localizada num ataque súbito de dor, principalmente nos pés que irradiam para as pernas. A gota é tratada com drogas que inibem ou eliminam a síntese de ácido úrico. A probenecida e a sulfimpirazona diminuem os elevados níveis de ácido úrico no sangue aumentando a eliminação através dos rins. O alopurinol inibe a produção de ácido úrico. Podem ser utilizados também a indometacina ou fenilbutazona. Os AINEs são favoráveis a menos que seus efeitos colaterais sejam também perturbadores. O ácido úrico é derivado do metabolismo das purinas que constituem as nucleoproteínas. Deve-se estimular o consumo de líquidos (~3L por dia) para ajudar com a excreção de ácido úrico e minimizar a possibilidade de formação de cálculos. As gorduras diminuem a excreção de urato, logo, as diretrizes recomendam dietas com pobre teor de lipídeos. Não é recomendado o uso de bebidas alcoólicas, pois o etanol aumenta a produção de ácido úrico. • A acidose láctica secundária à intoxicação alcoólica aguda pode reduzir a excreção renal de ácido úrico; • O metabolismo do etanol estimula a produção hepática de purina; • O etanol inibe a conversão do alopurinol (hipouricemiante) em seu metabólito ativo, o oxipurinol; • Baixa adesão de etilistas crônicos a dietas e tratamento de longo prazo. DIETA DE CINZAS A ingestão dietética pode influenciar a acidez ou a alcalinidade da urina. Tem sido demonstrado que o excesso de proteína na dieta (particularmente de aminoácidos contendo enxofre, tais como metionina e cisteína) e cloro, fósforo e ácidos orgânicos são as fontes principais de carga ácida na dieta. Quando essas proteínas animais, tais como carne e queijo, são consumidas concomitantemente com outros alimentos produtores de ácido e não são equilibradas com alimentos produtores de álcali, como frutas e vegetais, há um risco aumentado de acidose crônica. A acidose (que não deve ser confundida com acidemia) tem sido ligada a doenças crônicas inflamatórias relacionadas, tais como 15 urolitíase, hipertensão, resistência à insulina, função imunológica baixa e osteoporose. Alimentos Potencialmente Acídicos: Proteínas: carne, peixes, aves, mariscos, ovos, todos os tipos de queijos, manteiga de amendoim, amendoim Gorduras: bacon, noz-manteiga, nozes, sementes de abóbora, sementes de girassol, molhos de salada cremosos Carboidratos: todos os tipos de pão, incluindo farelo de milho, aveia, macarrão, farelo de arroz, centeio, trigo e especialmente glúten de trigo. Doces: sobremesas de gelatina (mistura seca com ou sem aspartame), pudim (mistura seca instantânea) Alimentos Potencialmente Básicos ou Alcalinos: Gorduras: faias secas, castanhas secas, bolota Vegetais: todos os tipos, incluindo lentilha, mas especialmente beterraba, folhas de beterraba, acelga, folhas de dente-de-leão, couve galega, alho-poró, espinafre, folhas de nabo Frutas: todos os tipos, especialmente, uva-passa, tâmara, figo, banana, damasco seco, maçã, ameixa, uva Temperos/ervas: todos os tipos, especialmente, endro fresco e temperos/ervas secos, tais como, hortelã, manjericão, coentro, curry, orégano, salsinha Doces: xarope de sorgo, açúcar (marrom), melaço, cacau (seco em pó) Bebidas: café Alimentos Neutros: Gorduras: manteiga, margarina, óleos Laticínios: leite Vegetais: milho Doces: açúcar (branco), maioria dos xaropes, mel Bebidas: água, chá QUANTIFICAÇÃO DO TEOR DE PURINAS DE DIETA Alimentos a serem omitidos – alto teor de purinas (100 – 1000mg/100g alimento) Anchovas Arenque Caldo Carne de ganso Cavala Coração Extratos de carne Levedura Mexilhões Miolos Ova Pâncreas de vitela Perdiz Recheio de carne (carne moída) Rim Sardinhas Vieira Pão doce Alimentos a serem analisados – conteúdo moderado de purinas (9 – 100mg/100g alimento) Aves Aspargos Carne Cogumelos Ervilhas secas Espinafre Feijões secos Lentilhas Marisco Alimentos liberados – conteúdo insignificante Açúcar e doces Arroz Azeitonas Bebida de cereal Bebidas carbonatadas Bolos e biscoitos Broa de milho Infusos Cereais Chocolate Condimentos Conservas Creme Ervas Frutas Gorduras Leite Manteiga Margarina Molho branco Nata Nozes Óleo Ovos Pão branco Picles Pipoca Macarrão Pudim Queijo Sal Sobremesas de coalho Gelatina Sorvete Vinagre Vegetais (exceto aspargos, cogumelos, ervilha, espinafre, feijões e lentilha) LÚPUS O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é comumente conhecido como lúpus. O LES é uma doença autoimune crônica, caracterizada pela produção de autoanticorpos dirigidos contra antígenos nucleares (anti-dsDNA, anti-SM, anti-nRNP) e citoplasmáticos, afetando vários órgãos. A causa do LES é multifatorial e envolve múltiplos genes e fatores ambientais, como infecções, hormônios e fármacos. No LES, pode ocorrer depósito de autoanticorpos circulantes (ANA) em vários tecidos, causando inflamação e produção de citocinas, como interferona (IFN) tipo 1. Os sintomas comuns consistem em fadiga extrema, articulações dolorosas ou inchadas, dor muscular, sensibilidade ao sol, febre inexplicada, exantemas cutâneos mais frequentemente na face, úlceras da boca, dedos das mãos ou dos pés pálidos ou de cor púrpura devido ao frio ou estresse. O LES caracteriza-se por períodos de remissão e recidiva e pode apresentar vários sintomas constitucionais e específicos de órgãos. A função renal é desarranjada, causando dessa forma excreção excessiva de proteínas e, com freqüência, insuficiência renal. Os corticóides alteram as necessidades de proteínas, sódio, líquido e cálcio. Antimaláricos parecem ser eficazes Peixe 1 porção (100g) de carne, peixe e ave ou 1 porção de vegetais (45g) deste grupo é permitido diariamente na fase de remissão. 16 no tratamento de lesões cutâneas de alguns indivíduos, porém possuem vários efeitos colaterais, inclusive GI. Não existem terapias dietéticas específicas, sendo ajustada de acordo com as alterações e necessidades individuais do paciente. O suporte nutricional pode ser necessário em casos crônicos. Verificar a presença de intolerância ao glúten ou elementos que podem agudizara doença auto-imune. ESCLERODERMIA A esclerodermia é uma esclerose sistêmica crônica ou endurecimento da pele e dos órgãos viscerais, caracterizada pelo depósito de tecido conjuntivo fibroso. As mulheres tendem a ser acometidas quatro vezes mais frequentemente do que os homens. Ocorre síndrome de Raynaud, com isquemia ou sensação de frio nas extremidades pequenas, causando dificuldade no preparo e consumo das refeições. Com frequência, a síndrome de Sjögren também está presente, porém observa-se variabilidade entre os pacientes. A esclerodermia é considerada uma doença reumática autoimune, com componente genético. A lesão oxidativa de radicais livres causada pelas citocinas, em que ocorre modificação das proteínas dos fibroblastos, está envolvida. Os sintomas gastrointestinais consistem em refluxo gastroesofágico, náusea, vômitos, disfagia, diarreia, constipação intestinal, incontinência fecal e supercrescimento bacteriano no intestino delgado. A doença é habitualmente, mas nem sempre, progressiva, e nenhum tratamento atual corrige a produção excessiva de colágeno; por conseguinte, o tratamento tem por objetivo aliviar os sintomas e limitar o dano. Alguns estudos sobre o uso de terapias com anti-TNF forneceram alguns resultados promissores. Cuidado dietético: Líquidos adequados; Suplementos ricos em energia e em proteínas, quando necessário para evitar ou corrigir a perda de massa corporal; Alimentos úmidos; Modificações para DRGE, se necessário A disfagia pode ser um sintoma que requer intervenções nutricionais. A má absorção de lactose, ácidos graxos e minerais pode causar problemas maiores e a suplementação pode ser necessária. SÍNDROME DE SJÖGREN A síndrome de Sjögren (SS) é uma doença inflamatória autoimune crônica que afeta as glândulas exócrinas, sobretudo as glândulas salivares e lacrimais, resultando em ressecamento da boca (xerostomia) e dos olhos (xeroftalmia). A SS pode ocorrer isoladamente (SS primária) ou pode ser secundária, em consequência de um distúrbio reumático prévio (comumente AR ou LES). Os sinais orais comuns consistem em sede, sensação de ardência na mucosa oral, inflamação da língua (glossite) e dos lábios (queilite), rachaduras nos cantos dos lábios (queilose), dificuldades na mastigação e deglutição (disfagia), cáries dentárias graves, infecçõesorais (candidíase), cáries dentárias progressivas e desconforto oral noturno. Os pacientes também podem apresentar distúrbios extraglandulares que afetam a pele, os pulmões, os rins, os nervos, o tecido conjuntivo e o sistema digestório. Embora a patogenia da SS permaneça indefinida, fatores ambientais, genéticos e hormonais parecem estar envolvidos. O manejo terapêutico da SS baseia-se no tratamento sintomático das manifestações glandulares. O tratamento sintomático apresenta efeitos benéficos sobre o ressecamento oral e ocular e evita complicações adicionais, como candidíase oral, doença periodontal e ulceração e perfuração da córnea. Cuidado dietético: Dieta balanceada com suplementação adequada de vitamina B6 ou vitaminas; restringir os alimentos e bebidas açucarados; Modificar as porções de alimentos para um menor tamanho e consistência mole para melhorar os processos de mastigação e deglutição. O W6-GLA melhora o desconforto ocular e a produção de lágrimas DISTÚRBIO DA ATM Os distúrbios da articulação temporomandibular (DATM) afetam a articulação temporomandibular que liga a mandíbula ao osso temporal. Os DATM podem ser classificados em dor miofascial, desarranjo interno da articulação ou doença articular degenerativa. Uma ou mais dessas condições podem estar presentes ao mesmo tempo, causando dor ou desconforto nos músculos ou nas articulações que controlam a função da mandíbula. Fisiopatologia: Além da lesão grave da mandíbula, há poucas evidências científica sugerindo uma causa para os DATM. Em geral, é provável que essa condição possa ser agravada por estresse físico ou mental. Cuidado dietético: Dieta balanceada com alimentos de consistência mole em pedaços pequenos para melhorar a mastigação e reduzir a dor 17 ESTRUTURA E FISIOLOGIA ÓSSEA Osso é um termo usado para indicar tanto um órgão, como o fêmur, quanto um tecido, como o tecido ósseo trabecular. Cada osso contém dois tipos principais de tecido ósseo: trabecular e cortical. Esses tecidos são submetidos à modelagem óssea durante o crescimento ósseo (ganho em altura) e remodelamento depois que o crescimento cessa. COMPOSIÇÃO DO OSSO O osso é constituído por uma matriz orgânica ou osteoide, principalmente fibras colágenas, em que os sais de cálcio e fosfato são depositados em combinação com íons hidroxila em cristais de hidroxiapatita. O colágeno tem resistência à tração tal como uma corda; combina-se à dureza da hidroxiapatita para conferir ao osso a sua grande resistência. Outros componentes da matriz óssea incluem a osteocalcina, a osteopontina e várias outras proteínas da matriz. TIPOS DE TECIDO ÓSSEO Aproximadamente 80% do esqueleto é composto por tecido ósseo compacto ou cortical. As diáfises dos ossos longos contêm principalmente osso cortical, que consiste em ósteons ou sistemas de Havers que sofrem remodelamento contínuo, mas lento; ambos contêm uma camada externa do periósteo de lamelas circunferenciais compactas e uma camada interna endosteal de tecido trabecular. Os 20% restantes do esqueleto são de tecido ósseo trabecular ou esponjoso, que estão nas extremidades nodosas dos ossos longos, na crista ilíaca da pelve, nos punhos, escápulas, vértebras e regiões ósseas que protegem a medula óssea. O osso trabecular é menos denso que o cortical, como resultado de uma estrutura aberta de espículas ósseas que se interligam, o que lembra a aparência de uma esponja; assim, o osso trabecular é também chamado de osso esponjoso. Os elaborados componentes de interligação (colunas e suportes) do tecido ósseo trabecular adicionam apoio à parte externa de osso cortical dos ossos longos e fornecem uma grande área de superfície, que é exposta à circulação de fluidos da medula óssea e ladeada por um número desproporcionalmente maior de células do tecido ósseo cortical. Portanto, o tecido ósseo trabecular é muito mais sensível aos estrogênios ou à sua falta do que o tecido ósseo cortical. A perda de tecido ósseo trabecular no final da vida é a grande responsável pela ocorrência de fraturas, especialmente na coluna vertebral. Fig. 1: Osso TIPOS DE TECIDO ÓSSEO Aproximadamente 80% do esqueleto consistem de tecido ósseo compacto ou cortical. As diáfises de ossos grandes são compostas basicamente de osso cortical. Os restantes 20% são de osso trabecular, ou osso esponjoso, existente na protuberância de ossos terminais de ossos longos. O osso esponjoso é menos denso que o tecido ósseo cortical, como resultado de uma estrutura aberta de espísculas ósseas interligadas como aparência semelhante a uma esponja. A perda de osso esponjoso ao longo da vida é o principal fator de risco para fraturas na vida adulta. CÉLULAS ÓSSEAS Duas células são responsáveis pela formação e manutenção de tecido ósseo: osteoblastos, que formam o osso e os osteoclastos, que reabsorvem o osso. Os osteoblastos contêm receptores de estrógenos. Existem também outros dois tipos de células importantes no tecido ósseo, os osteócitos e as células de revestimento do osso (osteoblastos inativos), ambos derivados dos osteoblastos. Os osteoblastos e os osteoclastos originam-se de células precursoras primitivas encontradas na medula óssea, agora conhecidas por serem estimuladas por hormônios e fatores de crescimento Prof. José Aroldo Filho goncalvesfilho@nutmed.com.br NUTRIÇÃO NA SAÚDE ÓSSEA mailto:goncalvesfilho@nutmed.com.br18 como parte de sua diferenciação para se tornarem células ósseas funcionais maduras. HOMEOSTASE DO CÁLCIO O tecido ósseo serve como um reservatório de cálcio e outros minerais que são utilizados por outros tecidos do organismo. A homeostase do cálcio é quase totalmente dependente desta fonte de cálcio quando a dieta é inadequada. O tecido ósseo é dinâmico, embora seja uma dinâmica lenta, visto que sofre modelagem no início da vida e remodelagem após o crescimento do esqueleto (altura) crescer. Embora 99% do cálcio corporal sejam encontrados nos ossos, os 1% restantes possuem papel crítico para uma grande variedade de reações indispensáveis. A concentração de cálcio no sangue e fluidos extracelulares é regulada por mecanismos complexos que equilibram a ingestão de cálcio e o cálcio nos fluidos corporais. A adaptação do mecanismo homeostático que regula a concentração do cálcio sangüíneo é obtida por meio de dois hormônios reguladores do cálcio: PTH e calcitriol (1,25 – diidroxivitamina D). MODELAGEM ÓSSEA Modelagem óssea é o termo aplicado o crescimento do esqueleto até a altura madura ser atingida. Por exemplo, durante a modelagem óssea, os ossos longos alargam-se e alonga-se por serem submetidos a alterações internas assim como a expansões externas em suas estruturas. O crescimento ocorre nas epífises (placas de crescimento que sofrem hiperproliferação) e em circunferências, onde em cada local as células sofrem divisão e contribuem para a formação de novo tecido ósseo. Tipicamente a modelagem óssea se completa em meninas por volta dos 16 a 18 anos e nos meninos por volta dos 18 aos 20 anos. REMODELAGEM ÓSSEA Após se completar o crescimento ósseo, o osso sofre contínua remodelagem em resposta a estresses sobre o esqueleto, adaptação às alterações em estilo de vida e ingestões dietéticas, manutenção da concentração de cálcio sérico e reparo de microfraturas que ocorrem com o tempo. A remodelagem óssea é um processo no qual o osso está sendo continuamente reabsorvido pela ação dos osteoclastos e reformado pela ação dos osteoblastos. Após ativação dos hormônios específicos e citocinas, os osteoclastos reabsorvem os componentes minerais orgânicos do osso pela formação de pequenas cavidades nas superfícies ósseas. Quando as fases de reabsorção e formação estão em equilíbrio, há uma mesma quantidade de tecido ósseo na conclusão da fase de formação e no início da fase de reabsorção. O benefício desse remodelamento para o esqueleto é a renovação do osso sem qualquer microfratura. No entanto, quando a ingestão de cálcio da dieta é baixa, a reabsorção osteoclástica torna-se relativamente maior do que a formação de osteoblastos por causa de uma concentração de PTH persistentemente elevada no sangue . Em seguida, removem-se grandes quantidades de tecido ósseo que, normalmente, não são completamente substituídas. O resultado é uma diminuição no conteúdo mineral ósseo (CMO) e na densidade mineral óssea. A ação do PTH em promover a atividade dos osteoclastos é combatida pelo estrogênio, que reduz a resposta dos osteoblastos ao PTH. O PTH age diretamente sobre os osteoblastos, que aumentam a produção de IL-6 e outras citocinas que, por sua vez, estimulam os osteoclastos a reabsorver osso. O estrogênio ajuda a bloquear a produção de PTH estimulada pelas citocinas. A calcitonina, um hormônio vestigial, pode inibir diretamente a atividade dos osteoclastos (reabsorção), mas o significado de seu papel fisiológico no ser humano não é claro. OSTEOCALCINA E MARCADORES ÓSSEOS A osteocalcina é uma proteína derivada dos osteoblastos. Na matriz óssea, a osteocalcina auxilia no processo de mineralização, talvez atuando na interrupção da formação de cristais e na prevenção da mineralização excessiva. A interpretação de seu nível sanguíneo é complicada pelo fato de estar envolvida tanto na formação quanto na reabsorção, que normalmente ocorrem simultaneamente em vários locais diferentes do esqueleto. Há dificuldade em usá-la como um marcador para prever o risco futuro de fraturas. Um pouco de osteocalcina é secretada pelos osteoblastos diretamente no sangue circulante, com uma relação de reciprocidade entre o metabolismo ósseo e energético. A leptina influencia a função dos osteoblastos; por sua vez, a osteocalcina influencia o metabolismo energético pela secreção e sensibilidade à insulina, aumento no gasto energético e redução da massa adiposa . Utilizam-se marcadores ósseos para pesquisa e monitoramento da eficácia da medicação sobre o turnover ósseo. A fosfatase alcalina específica óssea do plasma é um marcador de formação óssea, embora também possa ser usada a fosfatase alcalina total plasmática. Outros marcadores de reabsorção óssea incluem os telopeptídeos de ligação cruzada do colágeno do plasma, o N- telopeptídeo urinário e a fosfatase ácida tartaratorresistente do plasma. 19 Fig. 2: Processo de remodelagem óssea PICO DE MASSA ÓSSEA O pico de massa óssea é atingido ao redor de 30 anos ou um pouco depois. O pico de massa óssea é maior nos homens que em mulheres devido à maior estrutura corporal. O conteúdo mineral ósseo, mas não necessariamente a densidade óssea, é tipicamente menor em mulheres. A densidade óssea também é maior em negros e hispânicos, um fator que pode estar relacionado com a massa muscular. O pico de massa óssea está relacionado à às ingestões de cálcio na dieta e à atividade física de sustentação do peso. A ingestão de cálcio parece ser um fator crítico no início do crescimento pós-menarca das garotas, assim como em alguns anos antes da menarca. A contribuição do exercício de sustentação de peso para o pico de massa óssea durante os períodos de crescimento e desenvolvimento pode ser maior que a do cálcio. O uso de anticoncepcionais orais por vários anos durante o início da maturidade também pode aumentar a massa óssea, especialmente na espinha lombar e colo do fêmur. O componente de composição corporal mais intimamente associado à massa óssea é o compartimento de gordura, apesar da massa magra (especialmente músculo) também contribuir para a massa óssea na maturidade. PERDA DE MASSA ÓSSEA Após os 40 anos, a densidade óssea começa a diminuir gradualmente em ambos os sexos, mas a perda aumenta muito em mulheres após os 50 anos ou na menopausa. Ocorre uma perda de 1 a 2% ao ano durante a década seguinte em mulheres. Os homens continuam a ter perda óssea, mas em taxa muito menor que as mulheres de mesma idade até os 70 anos, quando as taxas de perda são praticamente as mesmas, em ambos os sexos. Uma mulher que chega aos 80 anos terá uma perda óssea de até 45 a 50% de seu pico de massa óssea, e um homem de idade semelhante terá uma perda de 30% do seu pico de massa óssea. As alterações relacionadas à idade que levam à osteoporose relacionada á idade (Tipo II) em homens e mulheres não são bem compreendidas. A atividade deficiente de calcitriol no intestino delgado de mulheres idosas é um fator importante assim como os níveis diminuídos de fatores de crescimento. Algumas evidências sugerem que a perda de estrógenos na menopausa também permite um aumento na perda de cálcio urinário; esta perda continua no final da maturidade. NUTRIENTES ASSOCIADOS À SAÚDE ÓSSEA PROTEÍNA As proteínas e o cálcio são componentes importantes do pico de massa óssea, especialmente antes da puberdade. A ingestão apropriada de proteínas, com ingestão adequada de cálcio, é necessária para a saúde óssea ideal. Uma metanálise de estudos preocupados com a ingestão de proteínas e indicadores de saúde dos ossos encontrou um ligeiro efeito positivo da proteína total, proteína animal ou proteína vegetal sobre a densidademineral óssea, mas que não influenciou no risco de fratura a longo prazo; infelizmente, esta análise não considerou a ingestão de cálcio. Os efeitos negativos de uma ingestão muito alta ou muito baixa de proteína são mais acentuados com a ingestão inadequada de cálcio, especialmente em idosos. A teoria de que um consumo maior de proteína produz 20 maior carga ácida, que aumenta a excreção urinária de cálcio, não foi confirmada. A ingestão muito baixa de proteínas pode, teoricamente, afetar negativamente o turnover e o desenvolvimento ósseo. Em casos de balanço nitrogenado negativo, como em caso de fratura ou cirurgia, pode-se indicar uma maior ingestão de proteínas. CÁLCIO A ingestão de cálcio na prevenção primária da osteoporose tem recebido muita atenção. Os valores de ingestão dietética de referência (Dietary Reference Intakes [DRIs]) do Institute of Medicine para cálcio e vitamina D são fornecidos como RDA. A dose diária recomendada para o cálcio a partir da pré-adolescência (9 anos de idade) até a adolescência (até os 19 anos) aumentou para 1.300 mg/dia para ambos os sexos. As pessoas com mais de 11 anos, especialmente do sexo feminino, normalmente não ingerem a quantidade recomendada de cálcio. De acordo com o National Health and Nutrition Examination Survey (2007), as mulheres adolescentes e adultas consomem consideravelmente menos do que a dose diária recomendada atual. Os homens estão mais propensos a consumir quantidades um pouco maiores do que as mulheres, mas após os 50 anos eles também não alcançam os níveis recomendados. Esses déficits se traduzem na necessidade de uma média de 500 mg/dia adicionais para as adolescentes e mulheres adultas. Inicialmente, recomendam-se fontes alimentares para suprir as necessidades de cálcio por causa da coingestão de outros nutrientes essenciais. Nos Estados Unidos, a principal fonte de cálcio são os laticínios, que são consumidos mais por mulheres brancas do que negras. No entanto, alimentos não lácteos enriquecidos com cálcio – como leites não lácteos e outras bebidas, sucos, cereais matinais, pães e algumas bolachas – são comuns. A biodisponibilidade de cálcio nos alimentos geralmente é boa; a quantidade de cálcio na alimentação é mais importante do que sua biodisponibilidade. Entretanto, a ordem de preocupação em relação à eficiência de absorção de cálcio é: primeiro, a necessidade de cálcio do indivíduo; segundo, a quantidade consumida, porque a eficiência da absorção é inversamente proporcional à quantidade consumida; e terceiro, a ingestão de potencializadores ou inibidores da absorção. Por exemplo, a absorção a partir de alimentos ricos em ácido oxálico e fítico (determinados vegetais e legumes) é menor do que a partir de produtos lácteos. A quantidade de cálcio nos alimentos varia de acordo com a marca, o tamanho da porção e se o alimento foi enriquecido. Leia o rótulo Conteúdo Nutricional do produto para determinar a quantidade de cálcio por porção. Multiplique o valor percentual diário por 10 para determinar a quantidade de miligramas de cálcio. Por exemplo, um valor percentual diário de 20% equivale a 200 mg de cálcio. A Food and Drug Administration (FDA) regula a utilização de etiquetas no rótulo indicando alimentos que são “excelente” (>200 mg/porção) e “boa” (100-200 mg/porção) fonte de cálcio. Atingir a dose diária recomendada de cálcio com a utilização de alimentos deve ser o primeiro objetivo, mas se forem consumidas quantidades insuficientes de cálcio a partir de alimentos, devem ser ingeridos suplementos de cálcio para atingir a dose diária recomendada específica para a idade. O limite superior de segurança para a ingestão de cálcio é de 2.500 mg para todos com mais de 1 ano, exceto para jovens entre 9 e 18 anos e mulheres grávidas ou amamentando, que é de 3.000 mg/dia Potenciais Riscos Associados à Suplementação Excessiva de Cálcio: Contaminação de farinha de osso ou suplementos de dolomita com cádmio, mercúrio, arsênio ou chumbo Cálculos renais ou no trato urinário em indivíduos suscetíveis Hipercalcemia ou síndrome do leite alcalino pela ingestão extremamente alta (>4.000 mg/dia) Deficiência de cátions de ferro e outros minerais bivalentes, resultante da absorção diminuída Constipação Uma percentagem crescente da população utiliza suplementos de cálcio. Os indivíduos que precisam tomar suplementos incluem aqueles que não satisfazem a dose diária recomendada na maioria dos dias, aqueles que tomam corticosteroides, aqueles com baixa massa óssea ou osteoporose, mulheres que estão na perimenopausa ou pós-menopausa e aqueles que são intolerantes à lactose. O carbonato de cálcio é a forma mais comum de suplemento de cálcio. Deve ser ingerido com alimentos, pois um ambiente ácido melhora a sua absorção. Para aqueles com acloridria, que muitas vezes ocorre em idosos, o citrato de cálcio pode ser mais apropriado, pois não exige um meio ácido para absorção e não reduz ainda mais a acidez do estômago. A absorção da suplementação de cálcio é ideal quando ingerida em doses individuais de 500 mg ou menos. Muitas formulações incluem a vitamina D, porque a probabilidade de precisar de vitamina D é alta quando é necessária a suplementação de cálcio. A escolha de um suplemento com a designação United States Pharmacopeia aumenta a probabilidade de que a quantidade suplementar seja consistente com o rótulo e que sejam utilizadas boas práticas de fabricação. FOSFATO 21 Os sais de fosfato estão disponíveis em praticamente todos os alimentos, naturalmente ou em decorrência do processamento. Em adultos saudáveis, a excreção urinária de fósforo é aproximadamente igual à ingestão. A regulação dos níveis de fósforo no sangue é rigidamente controlada por uma interação entre a vitamina D do rim, o PTH das glândulas paratireoides e o fator de crescimento fibroblástico 23 do osso. São necessários íons de cálcio e fosfato, em uma proporção de aproximadamente 1:1 para a mineralização óssea. A ingestão excessiva de fósforo na forma de fosfato pode alterar substancialmente a relação cálcio/fosfato, especialmente se a ingestão de cálcio for baixa. O excesso de fosfato em comparação com o cálcio reduz a concentração sérica de íons cálcio, que então estimula o PTH; se esse padrão de consumo se tornar crônico, acredita-se que haja perda de massa óssea. Os refrigerantes são pobres em valor nutritivo, mas apresentam alto teor de fosfato. No entanto, estudos descobriram que o determinante é que o refrigerante substitui o leite como bebida, de modo que o efeito negativo é decorrente do menor consumo de cálcio, em vez da maior ingestão de fosfato. Alguns estudos encontraram uma correlação negativa entre a ingestão de refrigerantes e a densidade mineral óssea em mulheres, mas não em homens. Aqueles com alto risco ou com osteoporose podem precisar evitar essas bebidas, porque teoricamente é possível que haja influência . MAGNÉSIO O déficit de magnésio na dieta parece ter pouco efeito sobre o tecido ósseo, mas um relatório sugere que atingir a dose diária recomendada de magnésio melhora a densidade mineral óssea. No entanto, as dietas deficientes em magnésio provavelmente têm deficiências em outros nutrientes que são necessários para o crescimento e a manutenção do osso saudável. Não obstante, a deficiência de magnésio pode afetar a qualidade do osso, diminuir a formação óssea, evitar a formação de cristais perfeitos e ter um efeito negativo sobre o PTH. BORO O boro é usado pelos osteoblastos para a formação óssea. É necessário para converter o estrogênio em sua forma mais ativa, o 17-betaestradiol; o estrogênio está envolvido no metabolismo ósseo. No entanto, não se sabe se o boro é necessáriopara a saúde óssea ideal, nem a quantidade exigida. COBRE O cobre é necessário para a enzima que aumenta a ligação cruzada das moléculas de colágeno e elastina; pode atuar em outras enzimas das células ósseas. Por causa das mudanças induzidas nas duas proteínas da matriz pela baixa ingestão de cobre, a mineralização óssea também pode ser reduzida, especialmente em idosos. FLUORETO Os íons de flúor entram nos cristais de hidroxiapatita do osso como substitutos aos íons hidroxila. A água contendo 1 ppm de flúor não atua no osso da mesma forma que auxilia na superfície dos dentes. Dentro de limites estreitos de segurança (menos de 2 ppm), os íons de flúor têm pouco efeito no aumento da dureza do mineral ósseo. Na ingestão de 2 ppm ou mais, o flúor pode estimular a produção óssea, que fica sujeita ao aumento de microfraturas, por causa da mudança nas propriedades dos cristais de hidroxiapatita. FERRO O ferro atua como um cofator catalítico para as hidroxilações dependentes de vitamina C da prolina e lisina na maturação do colágeno. O ferro também tem outras funções nos osteoblastos e osteoclastos na fosforilação oxidativa mitocondrial, bem como em outras enzimas contendo ferro heme e não heme, similar às necessidades de outras células do corpo. MANGANÊS O manganês é necessário para a biossíntese de mucopolissacarídeos na formação da matriz óssea; também age como um cofator em reações de geração de energia. ZINCO O zinco é essencial para várias enzimas críticas nos osteoblastos, que são essenciais para a síntese de colágeno e outros produtos. Além disso, a fosfatase alcalina precisa de zinco para sua atividade nos osteoblastos. VITAMINA D O estado de vitamina D de um indivíduo depende principalmente da exposição à luz solar e, secundariamente, da ingestão dietética de vitamina D. A síntese de vitamina D pela pele exposta à luz solar varia consideravelmente, influenciada muitos fatores, incluindo o tom de pele, o uso de protetor solar, a latitude do local e a idade. A pele de idosos é menos eficiente na produção de vitamina D após exposição à luz ultravioleta (UV), porque a pele é mais fina e contém poucas células que podem sintetizar vitamina D. Além disso, os idosos que vivem em asilos e instituições similares normalmente são pouco expostos à luz solar. Aqueles que vivem em latitudes mais ao norte dos Estados Unidos e do Canadá apresentam risco maior de osteoporose, por causa da limitação na quantidade de luz UV durante os meses de inverno. Os poucos alimentos que naturalmente contêm vitamina D são as gemas de ovos, os peixes gordos – 22 como o salmão, a cavala, o bagre, o atum e a sardinha – o óleo de fígado de bacalhau e os cogumelos. O teor de vitamina D do peixe varia, assim como o conteúdo em cogumelos expostos à radiação UV. Nos Estados Unidos, o leite fluido é enriquecido com vitamina D a um nível padronizado de 400 UI por litro, enquanto outros alimentos – incluindo sucos, cereais, iogurte e margarinas – podem ser enriquecidos em quantidades variáveis. O limite superior é de 100 μg (4.000 UI) para todos com mais de 8 anos e níveis menores para as crianças mais novas. De qualquer fonte, a vitamina D deve ser hidroxilada no rim antes de se tornar o calcitriol fisiologicamente ativo. Para evitar o raquitismo, a American Academy of Pediatrics recomenda que todas as crianças que são exclusivamente amamentadas recebam suplementação com 400 UI de vitamina D. Os bebês que são amamentados com fórmula devem receber suplementação até que ingiram consistentemente 1 litro de fórmula por dia. Recomenda ainda a suplementação contínua até 1 ano de idade, quando as crianças começam a beber leite enriquecido com vitamina D . O risco de o idoso apresentar deficiência de vitamina D é maior. Esse risco deve-se à diminuição da síntese de vitamina D pela pele por causa das alterações na pele e redução da exposição à luz solar; aumento da gordura corporal; diminuição da função renal, que diminui a hidroxilação da vitamina D em sua forma ativa; e redução dos níveis de fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1, calcitonina e estrogênio, o que afeta a atividade da hidroxilase. Em geral, os idosos podem se beneficiar da suplementação diária de 10-20 mg de vitamina D (400 UI a 800 UI) para atingir níveis séricos de 25-hidroxivitamina D (calcidiol) de pelo menos 30 ng/mL (75 nmol/L). Os idosos frágeis ou institucionalizados podem precisar até 50 mcg (2.000 UI)/dia. A mobilidade, tom de pele, peso corporal e hábitos alimentares podem modificar essas recomendações. O exame de sangue mais comum para verificar o estado da vitamina D é o nível sérico de 25-hidroxivitamina D, embora também possam ser usados outros exames. VITAMINA K A vitamina K é um micronutriente essencial para a saúde óssea. Seu papel na modificação pós-translacional de diversas proteínas da matriz, incluindo a osteocalcina, está bem estabelecido. Após a reabsorção óssea, a osteocalcina é liberada e entra na corrente sanguínea. Desta forma, atua como um marcador ósseo sérico para predizer o risco de fratura. Muitos idosos têm ingestão inadequada de vitamina K, principalmente porque seu consumo de hortaliças de folhas verde-escuras é muito baixo. A maior parte do consumo de vitamina K nos Estados Unidos é proveniente de hortaliças de folhas verde escuras, com cerca de um terço oriundo de gorduras e óleos. Embora as menaquinonas, uma forma de vitamina K, sejam formadas no intestino por bactérias, a influência dessa fonte de vitamina K parece ser fraca. É importante considerar a ingestão de vitamina K em idosos que também podem estar tomando medicamentos para diluir o sangue (antagonistas da vitamina K). Em vez de esses pacientes evitarem a vitamina K de alimentos e, assim, comprometerem o seu estado ósseo, é melhor realizar consistentemente a ingestão diária de vitamina K e controlar a medicação antagonista da vitamina K. Na verdade, mostrou-se que podem ser alcançadas variações no índice internacional normalizado (INR) terapêutico de medicamentos para diluir o sangue com a suplementação de vitamina K em baixas doses e quando as flutuações são poucas. VITAMINA A (Retinol) O consumo de vitamina A geralmente é considerado benéfico para o crescimento e a manutenção óssea. O licopeno pode proteger contra o estresse oxidativo; sugerem-se mais pesquisas. A ingestão excessiva de retinol (mas não de carotenoides) pode contribuir para o risco de fraturas de quadril. Entretanto, não há compreensão completa e muitos ainda questionam o efeito da ingestão excessiva de retinol sobre o osso. Não obstante, a preocupação é que a ingestão combinada de suplementação de vitamina A e vitamina A de alimentos enriquecidos pode ser muito alta nos Estados Unidos, especialmente em mulheres brancas na pós-menopausa conscientes da saúde. A janela de consumo seguro de vitamina A é bastante estreita, mas pode ser ainda mais estreita em idosos. ÁLCOOL O consumo moderado de vinho e cerveja pode ser benéfico para os ossos em homens e mulheres na pós- menopausa. Os constituintes não alcoólicos, como o silício da cerveja, precisam de mais investigação. Em homens, a ingestão elevada de bebida alcoólica (>2 doses/dia) está associada a uma densidade mineral óssea significativamente menor. O consumo excessivo de álcool também pode ser acompanhado por uma dieta deficiente, tabagismo, falta de equilíbrio e um risco aumentado de quedas. BEBIDAS COM CAFEÍNA E REFRIGERANTES A relação entre o consumo moderado de cafeína e a osteoporose não foi claramente estabelecida. O consumo excessivo de cafeína pode ter um efeito deletério sobre a densidade mineral óssea. A ingestão de refrigerantes também
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