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21/02/2024, 16:54 Conceitos de infância
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00266/index.html# 1/33
Conceitos de
infância
Prof. Leandro Henrique de Jesus Tavares
Descrição
Apresentação dos conceitos sobre a infância e sua construção prática a
partir do século XIX.
Propósito
Reconhecer a evolução histórica dos conceitos de infância para
identificar a criança atual como um ser competente, ativo e sujeito de
direitos.
Objetivos
Módulo 1
Concepção de infância nos séculos XIX e XX
Identificar as concepções existentes sobre a infância nos séculos XIX
e XX.
Módulo 2
Concepção contemporânea de infância
Reconhecer o conceito contemporâneo de infância como resultado
de um processo histórico e legislativo.
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Você já parou para pensar em como as crianças eram vistas
socialmente?
Historicamente, percebemos diversos olhares sobre a infância que
nos permitem identificar os conceitos construídos sobre a criança
ao longo de nossa história. No entanto, para compreendê-los, não
podemos perder de vista as relações sociais e a cultura nas quais a
criança está inserida. Por isso, é importante fazer um percurso
histórico sobre o atendimento à criança, de acordo com as
concepções históricas, sociais e políticas de cada época, que
influenciaram no modo de percebê-las, bem como na legislação
voltada para elas. Para começar a nossa reflexão, leia o poema As
cem linguagens da criança, de Loris Malaguzzi, cujo teor versa pela
complexidade das crianças, de seu pensamento, de como elas se
expressam por meio de múltiplas linguagens e de como
ressignificam os saberes produzindo cultura e conhecimento. Feita
a leitura, vamos compreender como a criança era considerada ao
longo dos séculos XIX e XX.
A criança é feita de cem.
A criança tem cem mãos, cem pensamentos, cem modos de
pensar,
de jogar e de falar.
Cem, sempre cem modos de escutar as maravilhas de amar.
Cem alegrias para cantar e compreender.
Cem mundos para descobrir. Cem mundos para inventar.
Cem mundos para sonhar.
A criança tem cem linguagens (e depois, cem, cem, cem),
mas roubaram-lhe noventa e nove.
A escola e a cultura separam-lhe a cabeça do corpo.
Dizem-lhe: de pensar sem as mãos, de fazer sem a cabeça, de
escutar e de não falar,
De compreender sem alegrias, de amar e maravilhar-se só na
Páscoa e no Natal.
Dizem-lhe: de descobrir o mundo que já existe e, de cem,
roubaram-lhe noventa e nove.
Dizem-lhe: que o jogo e o trabalho, a realidade e a fantasia, a
ciência e a imaginação,
O céu e a terra, a razão e o sonho, são coisas que não estão juntas.
Dizem-lhe: que as cem não existem. A criança diz: ao contrário,
as cem existem.
MALAGUZZI, L. As cem linguagens da criança. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1999.
Introdução
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1 - Concepção de infância nos séculos XIX e XX
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as concepções existentes sobre a
infância nos séculos XIX e XX.
A infância ao longo do século XIX
Quem cuidava das crianças no século XIX?
As classes mais abastadas mantinham em suas estruturas familiares
mulheres, escravizadas e alforriadas, que assumiam a função de tutela
das crianças. Eram amas de leite, cantavam as cantigas de roda,
envolviam-se com o cotidiano dessas crianças. As mães ensinavam
bons modos e habilidades às meninas, como tocar piano, falar línguas,
ser uma anfitriã que soubesse organizar a casa de seu futuro marido,
preparando-as para um bom casamento. Isso mesmo: a formação das
meninas visava ao casamento.
A redenção de Cam (Modesto Brocos - 1895).
A classe média urbana reproduzia um misto das linhas da influência da
modernidade europeia (crianças mais “funcionais”, criadas para atender
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à sociedade) com traços da família patriarcal, com empregadas –
mucamas ou assalariadas. As mães poderiam até cuidar dos próprios
filhos, mas isso acontecia em classes menos favorecidas, nas quais os
maridos conseguiam reproduzir o ideal burguês com suas esposas se
dedicando ao lar e à criação dos filhos. Os meninos entravam nesse
modelo social. Deveriam se exercitar, aprender números e letras para
assumirem a condição que sua família permitisse. Deveriam aprender o
ofício de seus pais ou profissões que lhes concedessem um papel
superior. Os filhos dos menos favorecidos eram integrados ao mercado
de trabalho muito cedo e as filhas assumiam a condição de cuidar dos
irmãos menores para que a mãe pudesse trabalhar.
Curiosidade
Nesse período, surgiu a roda dos expostos (ou roda dos enjeitados),
criada pela Santa Casa de Misericórdia como um instrumento que
recolhia as crianças rejeitadas. Ao atingirem uma idade em que já
tinham força para se preparar e trabalhar, os meninos eram enviados
para casas de custódia. As meninas se mantinham por mais tempo, pois
a Santa Casa buscava benfeitores que pudessem ceder-lhes um dote,
permitindo que essas moças conseguissem um casamento. A roda dos
expostos era uma representação social importante, icônica; ela não é
uma política pública, mas uma ação dos grupos sociais que inserem as
crianças de alguma forma.
Outra peça importante da relação com as crianças eram as figuras das
criadeiras, mulheres que passaram a tomar conta das crianças
enquanto suas mães trabalhavam. Essas mulheres, que eram
remuneradas por isso, reuniam em suas casas e terrenos algumas
dezenas de crianças, onde eram alimentadas e aprendiam as primeiras
letras (VELLOSO, 2009).
Em se tratando do Estado, quais foram as ações com foco no cuidado
das crianças ao longo do século XIX? Veja a seguir sua trajetória
cronológica no período colonial:
 1530 a 1822
Existia a tutela do Estado e influência do modelo
europeu no atendimento à criança, com uma
evidente diferença no trato entre brancas e negras,
uma vez que estas eram incorporadas ao trabalho
desde os 5 anos e aos 12 eram consideradas
adultas. As crianças sofriam castigos corporais e
havia elevado índice de mortalidade infantil.
 1824
De acordo com Aragão e Kreutz (2010, p. 27), o
Brasil escravocrata e monocultor – que cedia
espaço para a urbanização, com a abertura de
portos e a reorganização administrativa – sofria
fortes pressões dos ideais liberais europeus, que
d f di i t ã l i l
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Em relação à repercussão do surgimento do jardim de infância no Brasil,
Oliveira declara o seguinte:
No final do século XIX, é trazido ao
Brasil, através das influências
americana e europeia, o jardim de
infância, que também foi alvo de
muitas discussões entre os políticos
da época. Alguns o criticavam
defendiam a instrução populacional em massa.
Assim, em 1824, a Constituição estabeleceu, no
artigo 179, a gratuidade da instrução primária para
todos os cidadãos.
 1827
Uma lei determinou a criação de uma escola de
primeiras letras em cada cidade, que não chegou a
ser cumprida.
 1861
Houve a criação do Instituto de Menores, para onde
passaram a ser encaminhadas as crianças
infratoras ou abandonadas e, em seguida, as não
infratoras também. Isso causou um problema, uma
vez que o objetivo da educação ficou perdido. A
criança das classes menos favorecidas era tratada
como criminosa.
 1875
Nesse ano, foi criado o Jardim de Crianças do
Colégio Menezes Vieira, localizado no Rio de
Janeiro. Essa foi uma das primeiras instituições
brasileiras a atender crianças de 0 a 6 anos. Dois
anos mais tarde, a cidade de São Paulo passou a
ter os seus primeiros jardins de infância,
pertencentes à esfera privada (REIS; CUNHA, 2010).
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porque consideravam-no mais um
local de mera guarda das crianças.
Os Jardins de Infância eram
considerados prejudiciais porque
tiravam a criança do convívio
familiar precocemente. Outros os
defendiam por acreditarem que
trariam benefícios ao
desenvolvimento da criança, já se
vislumbrando um aspecto
pedagógico influenciado pelo
Movimento das Escolas Novas.
(OLIVEIRA, 2011, p.101)
Agora observe a trajetória cronológica, desta vez, no período do Brasil
República:
 1889 a 1930
Como o índice de mortalidade infantil era alto nesse
período e não diminuía, foi criado o Movimento
Higienista, visando um melhor atendimento à
criança para que ela sobrevivesse às epidemias e
aos maus-tratos. Desse modo, surgiram as
primeiras leis para os menores.
 1932
Surge o Manifesto dos pioneiros, defendendo uma
revolução educacional, com a criação da escola
não religiosa, gratuita e obrigatória, função do
Estado. Uma escola única, para meninos e meninas,
com um ensino ativo.
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Movimento Higienista
No fim do século XIX e início do XX, surgia uma nova mentalidade que se
propunha a cuidar da população, educando e ensinando novos hábitos. (...)
Convencionou-se chamá-la “movimento higienista”. Muitos “higienistas”
tomavam como referência a ideia que preconizava ser a falta de saúde e
educação do povo responsável por nosso atraso em relação à Europa (GÓIS
JUNIOR, 2002).
Manifesto dos pioneiros
O Manifesto da Escola Nova foi um documento elaborado por 26
educadores, em 1932, com o objetivo de oferecer diretrizes para a política
educacional. Veja um trecho desse manifesto:
“Na hierarquia dos problemas nacionais, nenhum sobreleva em importância e
gravidade o da educação. Nem mesmo os de caráter econômico lhe podem disputar a
primazia nos planos de reconstrução nacional. Pois, se a evolução orgânica do
sistema cultural de um país depende de suas condições econômicas, é impossível
desenvolver as forças econômicas ou de produção, sem o preparo intensivo das
forças culturais e o desenvolvimento das aptidões à invenção e à iniciativa que são os
fatores fundamentais do acréscimo de riqueza de uma sociedade”.
Creches
Apesar do tímido processo de expansão das escolas e creches, tanto por
parte dos sistemas de educação como pelos órgãos de assistência ou
saúde, a legislação trabalhista que determinava a criação desses
estabelecimentos tornou-se sem efeito, pois não atendia a todas as
necessidades.
A partir desse breve descritivo histórico sobre o tratamento dispensado
às crianças ao longo do século XIX, podemos perceber que, em geral, a
infância foi considerada sem importância e a criança era objetificada,
ou seja, apontada como um ser que deveria ser protegido ou punido,
seguindo a lógica do tratamento diferenciado, de acordo com classe
social ou raça.
E quanto ao conceito de infância, a partir desse histórico,
você consegue de�ni-lo?
 Primeiras décadas do século XX
Uma parcela do movimento operário, em virtude da
maior participação das mulheres no trabalho,
reivindicava um local onde as mães pudessem
deixar as crianças enquanto trabalhavam. Logo, os
empresários construíam creches próximo às
fábricas, embora tal ação não constituísse bondade
ou descaso.
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Como você pode perceber, durante muito tempo não se pensou sobre o
que é a infância. As decisões que eram tomadas com o objetivo de
tutelar e cuidar das crianças, não eram estabelecidas baseadas em um
conceito definido sobre a criança. No máximo, havia uma classificação
a partir de debates sobre até quando se é uma criança. Essa discussão
é antiga e tem como base a Teoria das Idades, de Agostinho de Hipona
(354-430), que destaca duas fases da infância, veja:
Momentos de fragilidade das crianças que inspira cuidados e é
de responsabilidade sempre da mãe.
As crianças passam a ter outros locais de atuação-treinar para
batalhas (espartanos), aprender a falar e a dominar a palavra
(romanos), ir para a Igreja e conter suas paixões (III Concílio de
Toledo).
Mesmo para renascentistas (século XVI), iluministas (séculos XVII e
XVIII) e cientificistas (séculos XVIII e XIX), as crianças tinham
classificações e, ao longo do tempo, as percepções de cuidado foram
alteradas sem nunca se discutir efetivamente o que era chamado de
infância. Parecia algo tão óbvio, tão presente, que qualquer debate
conceitual perdia para a observação direta: infância é esse momento de
amadurecimento do ser.
0 a 6 anos 
7 e 8 anos 
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A infância ao longo do século XX
O século XX é tratado como o século da infância e esse fenômeno
ocorreu por muitos elementos. Nunca tinham ficado tão claras as
diferenças sociais sobre como as sociedades pensam e se relacionam
com as crianças. Etnógrafos perceberam que as crianças e os relatos de
como lidar com elas eram diferentes. Vejamos como exemplo o relato
de Heloisa Schurmann:
Heloisa Schurmann
Graduada Professora de Inglês pela New York University com
especialização na área de Pedagogia, Heloísa Schurmann educou os quatro
filhos nas duas expedições de volta ao mundo da Família Schurmann.
Desenvolveu o Programa Pedagógico da expedição Magalhães Global
Adventure, intitulado “Educação na Aventura”, que foi acompanhado por
mais de 2 milhões de alunos no Brasil e nos Estados Unidos. Além de
palestrante, é responsável pelo núcleo de dramaturgia da produtora e pelo
conteúdo digital da Família Schurmann.
Em certa ocasião, ao visitar
algumas ilhas da Polinésia, percebi
que as crianças de lá pareciam estar
sempre felizes, elas corriam e
brincavam sem a supervisão de um
adulto. Então, perguntei a algumas
pessoas se eles não tinham receio
de que as crianças se
machucassem, uma vez que na
maioria das vezes estavam
sozinhas. Foi então que aprendi uma
lição inesquecível: para eles, uma
criança deveria ser criança, crescer,
brincar, aprender como a
comunidade funcionava e como
poderia ser um local de felicidade.
Dessa forma, a criança pouco a
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pouco se sentiria responsável por si
e pelos que as acompanhavam.
(SCHURMANN)
Perceba que esse relato se distancia da forma como as crianças eram
tratadas ao longo do século XIX, quando eram constantemente
supervisionadas. Ao contrário disso, nas ilhas da Polinésia, as crianças
cresciam livres e se desenvolviam na medida em que interagiam com a
sua comunidade. Não há aqui a intenção de taxar como certa ou errada
essas diferentes formas de se perceber e lidar com a infância, no
entanto, essa diferenciação nos faz refletir sobre o papel social da
criança nas comunidades. Pensando nesse contexto, no século XX
surgiram diversos movimentos científicos, cada um com o seu enfoque
particular, mas que tinham como objetivo conceituar e classificar a
infância, veja:
Psicologia
Pensando nas fases do desenvolvimento infantil, buscava
analisar os estímulos e condicionamentos que poderiam ser
desenvolvidos nos seres humanos.
Medicina
Buscava estudar o desenvolvimento dos corpos, definindo como
deviam ser os cuidados com as crianças, estudando cérebros,
medula, hormônios entre outros aspectos.
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Pedagogia
Desenvolveu teorias sobre a absorção de conhecimentos, sobre
as trocas e interações do sujeito.
A ciência moderna tentava constituir uma versão singular sobre as
formas de pensar e lidar com a criança, com o objetivo de garantir o
melhor desenvolvimento infantil. Nesse cenário, o mundo passou a
perceber e discutir a importância de cuidar de nossas crianças ainda
que ninguém soubessemuito bem o que era isso.
Como exemplo de ações desenvolvidas com esse objetivo, destacamos
os órgãos internacionais que foram criados com a finalidade de discutir
sobre os cuidados necessários às crianças:
Fala sobre limitar o trabalho infantil em dois dos seus itens.
Com o fim da Primeira Guerra Mundial e a questão dos órfãos,
foi o primeiro documento internacional a abordar sobre a
proteção das crianças.
Após a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a ONU foi
pressionada a constituir um caminho de proteção e defesa
internacional das crianças. O Brasil só adotou essas medidas a
partir da Constituição de 1988.
Sobre a Convenção de 1919, cabe dizer que ela foi fundada como parte
do Tratado de Versalhes, que pôs fim à Primeira Guerra Mundial. Já
Organização Internacional do Trabalho (OIT) tem como objetivo
promover a justiça social. Ganhadora do Prêmio Nobel da Paz em 1969,
a OIT é a única agência das Nações Unidas que tem estrutura tripartite,
Convenção de 1919 da Organização Internacional do
Trabalho 
Declaração de Genebra de 1924 
Declaração do Direito das crianças e dos adolescentes de
1954 (ONU) 
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na qual representantes de governos, de organizações de empregadores
e de trabalhadores de 183 Estados-membros participam em situação de
igualdade das diversas instâncias da Organização.
A OIT é responsável pela formulação e aplicação das normas
internacionais do trabalho (Convenções e Recomendações). As
Convenções, uma vez ratificadas por decisão soberana de um país,
passam a fazer parte de seu ordenamento jurídico.
Já acerca dos Direitos, podemos afirmar que são as vantagens,
permissões e oportunidades que cada criança ou adolescente deve ter.
A Convenção sobre os Direitos da Criança estabelece esses direitos em
54 artigos e em um conjunto de "Protocolos Facultativos" que listam
direitos adicionais.
A partir de 1980, a criança passou a ser percebida, também, em seu
âmbito social. Nesse sentido, os enfoques psicológicos, biológicos e
médicos sobre a criança começaram a dialogar com os fenômenos
sociais que englobam a infância. Essa nova percepção trouxe à tona o
problema da marginalização da infância e, na década de 1990, temas
como abuso sexual passaram a ser abordados. A partir desse
direcionamento, novas ideias sobre a infância puderam ser concluídas,
veja:

Está imersa em contextos sociais.
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
Está sujeita à sexualização.

Pode ser considerada objeto de consumo.

Estrutura relações e se constitui a partir da complexidade delas.

Faz conexões com a cultura na qual está imersa.
Perceba que as mudanças sociais e econômicas ocorridas no século XX
provocaram significativas mudanças nos modos de ver e de lidar com
as crianças. Apesar disso, manteve-se uma clara separação entre
crianças pobres e ricas, brancas e negras:
Às crianças das classes
mais elevadas, quase
sempre brancas, era
garantida a educação
desde a pré-escola, a
partir das primeiras
décadas do século XX.
Às crianças de classes
menos favorecidas, na
maioria negras,
posteriormente foi
ofertada a creche, com
caráter assistencialista
e direito da mãe que
trabalhava, não da
criança.
Ainda no século XX, surgiu a preocupação com um investimento maciço
no ensino fundamental, mas não para todos. Houve, também, uma
movimentação dos operários que passaram a reivindicar melhorias no
atendimento educacional prestado às crianças pequenas, uma vez que
as condições trabalhistas precárias às quais eram submetidos os havia
impulsionado na luta por seus direitos.
Esse cenário nos mostra como a visão que os adultos têm sobre as
crianças mudou e continua em transformação, segundo as culturas nas
quais estão imersas. Seja considerando-as seres mais ou menos
frágeis, capazes ou incapazes, dignos ou não de proteção, costuma
haver diferentes compreensões a respeito do que podem ou não fazer,
dos lugares adequados para elas, das vivências permitidas ou não, das
expectativas para seu futuro e dos seus direitos.

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Tratamento dado às crianças pelas
representações artísticas
Veja a seguir uma análise sobre o tratamento dispensado às crianças a
partir de representações artísticas.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
No século XIX, as crianças eram vistas como pessoas que
precisavam ser assistidas e tuteladas, com a necessidade de
supervisão constante. Nesse sentido, assinale a alternativa que
indica de quem era a responsabilidade de cuidar das crianças.
A
A responsabilidade de cuidar das crianças era da
família. As que eram mais abastadas mantinham
em suas estruturas mulheres, escravizadas e
alforriadas, que cuidavam das crianças. Já as
famílias de classe média urbana tentavam, na
medida do possível, reproduzir os traços da família
patriarcal: o pai era o provedor e a mãe era
responsável por cuidar dos próprios filhos.
B
A responsabilidade de cuidar das crianças era do
Estado, que disponibilizava creches e escolas para
todas as crianças, sejam elas de classes mais
pobres ou mais abastadas.
C
A responsabilidade de cuidar das crianças era da
igreja, por meio das instituições religiosas que
tinham como objetivo oferecer espaços nos quais
as famílias poderiam deixar os seus filhos para
serem educados.
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Parabéns! A alternativa A está correta.
As famílias eram as responsáveis por cuidar de suas crianças, de
acordo com o contexto social no qual se encontravam. Cada família
educava os seus filhos de acordo com as suas possibilidades
econômicas e com o objetivo de prepará-los para o papel social
estabelecido para eles. Assim, às meninas era ensinado bons
modos: piano, como ser uma boa anfitriã etc., tudo isso com o
objetivo de torná-las prontas para o casamento. Já os meninos
deveriam se exercitar, aprender números e letras, e aprender o ofício
ou profissão de seus pais.
Questão 2
Como vimos, no século XX, a ciência moderna buscou construir
uma versão singular sobre as formas de pensar e lidar com a
criança, com o objetivo de garantir o melhor desenvolvimento
infantil. Sobre isso, assinale a alternativa que apresenta o novo
paradigma que foi utilizado para se pensar a infância.
D
A responsabilidade de cuidar das crianças era do
Estado e da Igreja que, juntos, ofereciam escolas
acessíveis para todos, onde os alunos poderiam
desenvolver o seu potencial, de acordo com os
interesses de cada família.
E
As famílias deveriam responsabilizar-se pelo
cuidado das crianças: meninos e meninas eram
educados para poder seguir a profissão do pai, ou o
cuidado da casa, a exemplo da mãe
A
A criança passou a ser compreendida em seus
aspectos biológicos.
B
A criança passou a ser percebida nos âmbitos
social e biológico.
C
A criança passou a ser percebida, também, em seu
âmbito social.
D
A criança passou a ser compreendida em seu
âmbito psicológico.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
Esse novo direcionamento permitiu que os enfoques psicológicos,
biológicos e médicos sobre a criança começassem a dialogar com
os fenômenos sociais que englobam a infância. Esse cenário
permitiu que novas ideias sobre a criança fossem construídas,
como: a criança está imersa em contextos sociais; pode ser
sexualizada; pode ser objeto de consumo; estrutura relações e se
constitui a partir da complexidade delas;faz conexões com a
cultura na qual está imersa.
2 - Concepção contemporânea de infância
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer o conceito contemporâneo de infância
como resultado de um processo histórico e legislativo.
Os Parâmetros Nacionais de
Qualidade para a Educação Infantil
(PNQEI)
Atualmente, tanto as pesquisas quanto os teóricos apresentam uma
imagem de criança e infância bem diferente da que existia, ou seja, ela é
considerada um ser competente, ativo, crítico e comunicativo, capaz de
posicionar-se sobre as situações que mais lhe afetam, de representar o
mundo e a si mesma, como coconstrutora de sua cultura lúdica, a partir
das interpretações que faz sobre os conteúdos encontrados durante as
interações sociais ocorridas em seus jogos e brincadeiras.
E
A criança passou a ser compreendida em seus
aspectos fisiológicos.
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Seguindo essa mesma linha de pensamento, os Parâmetros Nacionais
de Qualidade para a Educação Infantil (PNQEI) definiram a criança como
ser integrante da sociedade, que tem direito à dignidade e ao respeito,
bem como à autonomia e participação. Desse modo, as crianças devem
ser:
Apoiadas em suas iniciativas
espontâneas e incentivadas a
expressar sentimentos e
pensamentos, desenvolver a
imaginação, a curiosidade e a
capacidade de expressão.
(PNQEI)
Com base nesses novos preceitos, houve, então, a necessidade de se
criar espaços onde a criança pudesse se expressar livremente. Para
isso, novas leis foram criadas com o objetivo de garantir que os direitos
das crianças fossem cumpridos. É o que veremos neste momento.
Vamos lá!
Aspectos legislativos sobre a infância
Nunes (2011) afirma que o lugar da criança também na política pública
corrobora com a visão que permeia a legislação nacional da atualidade,
ou seja, que entende a criança como um sujeito histórico, protagonista e
cidadão. Sendo assim, a criança precisa ter os seus direitos garantidos
e um deles é a educação, desde o seu nascimento, em instituições que
assegurem o cuidar e o educar indissociáveis e que possibilitem seu
desenvolvimento integral, em seus múltiplos aspectos.
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Segundo Cury (2002), vivemos novos desafios no mundo
contemporâneo e a cidadania também os enfrenta à medida que deve
ser reafirmada a todo instante, sem que se esqueça da luta histórica que
garantiu seus direitos. Para ele, a educação, como um desses direitos é
uma “dimensão fundante da cidadania”, nunca perderá sua atualidade
no debate. Diz ainda que, em todo o mundo, as legislações garantem o
acesso à educação de seus cidadãos. Assim, “tal princípio é
indispensável para políticas que visam à participação de todos nos
espaços sociais e políticos e, mesmo, para inserção no mundo
profissional”. Por isso, a seguir, você encontrará um quadro legislativo
que mostra as principais leis criadas com o objetivo de garantir os
direitos da criança, dos mais básicos aos mais específicos, veja:
A Constituição Federal (CF) de 1988, conhecida como
Constituição cidadã, apresenta mudanças com relação ao
tratamento dado à educação infantil, pois a partir dela esta etapa
passa a ser vista como direito da criança, e não da mãe que
trabalha. Dos artigos 205 ao 214, apresenta um rol dedicado
apenas à Educação e alça a criança a sujeito de direito,
garantindo a educação básica e gratuita dos 4 aos 17 anos, por
força da emenda Constitucional n° 59 de 2009.
ECA – Lei 8.069/90, por sua vez, regulamentando o art. 227 da
CF, ratifica a visão da criança e do adolescente como sujeitos de
direitos fundamentais (individuais, difusos e coletivos). Ademais,
os reafirma como titulares de prioridade absoluta e de proteção
integral.
Segundo Amin (2014, p. 50), “o Estatuto da Criança e do
Adolescente resultou da articulação de três vertentes: o
movimento social, os agentes do campo jurídico e as políticas
públicas.” Em seu artigo 3º ficam expostos os direitos
fundamentais inerentes à pessoa humana, os quais a criança e o
adolescente devem ter assegurados para que seja possível seu
“desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em
condições de liberdade e dignidade” (BRASIL, 1990). Para Nunes,
(2011, p. 26), “o ECA, de 1990, é que vai fazer a revolução
Constituição Federal 1988 
ECA - Lei 8.069/90 
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conceitual e criar os mecanismos operacionais para a
implementação dos direitos da criança no Brasil”.
A atual LDBEN insere a educação infantil como primeira etapa
da educação básica. De acordo com seu art. 21, “a educação
escolar compõe-se de: I - educação básica, formada pela
Educação Infantil, ensino fundamental e ensino médio”. Em seu
art. 29 afirma que a EI “tem como finalidade o desenvolvimento
integral da criança de até 5 anos, em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da
família e da comunidade.” (Redação dada pela Lei nº 12.796, de
2013).
Para Nunes (2011), a EI “vem se tornando não só uma demanda
cada vez mais expressiva, um objeto explícito da política
educacional e um dever dos organismos governamentais, mas
também um claro empenho de organizações da sociedade civil.”
(NUNES, 2011, p.15). Desse modo, não se modifica apenas a
visão da criança, mas também, do papel do Estado para que a EI
seja garantida a todos, a partir dos 4 anos de idade.
A Lei n° 12.796, de 2013, regulamenta a EC 59/2009, pois
estende a obrigatoriedade do Estado em oferecer educação para
todos, dos 4 aos 17 anos. De acordo com a alteração proposta
pela Lei nº 11.700, de 2008, no inciso X do art. 4° da LDB, no
caso da EI e do ensino fundamental, a oferta de vaga deve
ocorrer em escola pública mais próxima da residência de toda
criança a partir do dia em que completar 4 anos de idade.
O Marco Legal da Primeira Infância é a Lei n° 13.257, de 8 de
março de 2016, dispõe sobre as políticas públicas para a
primeira infância e altera algumas leis, entre elas o ECA, o Código
de Processo Penal (CPP), a Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT) e a Lei n° 12.662, de 5 de junho de 2012 (que regula a
expedição e a validade nacional da Declaração de Nascido Vivo
– DNV).
Em seu artigo 1°, essa lei estabelece os princípios e as diretrizes
a serem utilizados na formulação e a implementação de
políticas públicas para a primeira infância em atenção à
especificidade e à relevância dos primeiros anos de vida no
desenvolvimento infantil e no desenvolvimento do ser humano. A
Lei de diretrizes e bases da educação nacional, Lei nº
9.394 de 1996 
Lei n° 12.796 de 2013 
Marco legal da primeira infância - Lei nº 13.257, de 2016 
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Lei n° 13.257/2016 está em consonância com os princípios e as
diretrizes expressos na legislação que esta lei altera.
Você consegue visualizar a trajetória legislativa que conferiu às crianças
a imagem contemporânea de infância no Brasil?
É possível afirmar que historicamente ocorreu uma luta intensa para que
a infância fosse prioritária e houvesse um olhar atento às suas
especificidades e às necessidades das crianças, como sua constituição
em sujeito de direitos, merecedoras de proteção. Apesar dessa evolução
de conceitos, as práticas aqui no Brasil permaneceram apontando a
família como responsável máxima pela infância, seguida pelo Estado,
garantidor daqueles cujas famílias não tivessem condição, e pelas
ações religiosas como caridade.
Fato é que a Educação, como direito social, requer a atuação do Estado
para a garantia de sua efetividade e acesso a todos. Nesse sentido,
Bobbio diz sobre os direitos sociais que:
Para sua realização prática,
ou seja, para a passagemda
declaração puramente verbal
à sua proteção efetiva, (...) é
necessária a ampliação dos
poderes do Estado.
(BOBBIO, 2004, p. 67)
Uma proposta para a solução desses percalços é a criação de
mecanismos de fiscalização que permitam monitorar se todos os
esforços para se garantir os direitos das crianças estão sendo
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realizados e alcançando os objetivos propostos. O Brasil é um dos
líderes mundiais em termos de políticas de atendimento à infância, no
entanto, é importante reconhecer que há a necessidade de que essas
políticas se tornem em ações efetivas que atendam de forma
satisfatória às crianças, foco desses direitos.
Uma nova concepção sobre a criança
Os estudos da área, realizados tanto por universidades como por
centros de pesquisa brasileiros, têm contribuído para o surgimento de
uma nova concepção das crianças e sua capacidade criadora:
A criança passou a ser vista como produtora de cultura
e sujeito de direitos, bem como um ser sócio-histórico
que atua na sociedade na qual está inserido.
Seguindo essa concepção, a Política Nacional da Educação Infantil
(2006) passou a preconizar a indissociabilidade entre o cuidar e o
educar, possibilitando outra função para as ações que são
desenvolvidas com as crianças, segundo suas especificidades.
Posteriormente, tal filosofia é incorporada pelas Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil (2010).
De acordo com Bobbio (2004), essa caracterização da criança como um
ser que merece proteção especial não surge naturalmente na sociedade,
antes, é fruto de estudos e debates que comprovam essa necessidade
de especificação. A ampliação dos direitos do ser humano ocorre de
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acordo com categorias específicas. Nesse sentido, a humanidade deixa
de ser vista de maneira genérica para ser encarada de acordo com suas
especificidades. Ou seja, são levadas em consideração características
de sua diversidade, quais sejam, a idade, o sexo ou as condições físicas,
por exemplo, que não permitem que todos sejam tratados igualmente. O
autor conclui que a mulher é diferente do homem; a criança, do adulto; o
adulto, do velho; o sadio, do doente etc.
O Marco Legal pela Primeira Infância se tornou crucial para garantir ao
Brasil o alinhamento com os países que estão na vanguarda do cuidado
com suas crianças. Tal preocupação evidencia a importância que os
primeiros anos de vida têm sobre todo o desenvolvimento do ser
humano, desde o crescimento físico, a aquisição de habilidades motoras
e a aprendizagem da fala até a criação das bases para o
desenvolvimento cognitivo, social, psicológico e cultural.
Dessa forma, o trabalho com as crianças deve ser um conjunto de:
Um trabalho consciente na educação infantil.
A participação da família por meio de políticas intersetoriais.
Essa convergência entre o trabalho da educação infantil e a participação
da família poderá gerar repercussões em toda a vida da criança, além de
garantir que as suas necessidades sejam de fato atendidas. Vejamos o
que Corsaro nos diz sobre isso:
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Corsaro
Professor titular do Departmento de Sociologia da Indiana University,
Blommington, onde ocupa a cátedra Professor Robert H. Shaffer. Entre seus
interesses de pesquisa, destacam-se a Sociologia da Infância, Etnografia e
Sociologia da Educação.
As crianças são agentes sociais,
ativos e criativos, que produzem
suas próprias e exclusivas culturas
infantis enquanto, simultaneamente,
contribuem para a produção das
sociedades adultas.
(CORSARO, 2011, p.15)
Ao se posicionarem diante dos acontecimentos do mundo, as crianças
expressam sua visão da realidade que as cerca. Ou seja, de acordo com
o pensamento de Corsaro, elas agem na sociedade e contribuem para
que os adultos entendam um pouco como encaram determinados fatos
sociais. Por isso, é necessário um trabalho conjunto entre escola,
família e comunidade, pois esses três âmbitos permitirão que se
conheça um pouco mais as necessidades e realidades nas quais a
criança está inserida.
A Sociologia da Infância aparece aqui como contribuição teórica,
trazendo pesquisas que, atualmente, têm sido importantes para os
delineamentos da política nacional para a infância. Os autores dessa
Sociologia afirmam que esse é um campo recente do estudo da infância
e evidenciam a importância de que os investigadores busquem observar
as relações entre as crianças, desvelando os jeitos de ser criança. Para
a Sociologia da Infância, as crianças são atores sociais, imersas em
seus mundos; a infância, por sua vez, é entendida como uma categoria
social do tipo geracional, socialmente construída.
Para esses autores, a infância ainda é colocada numa relação de
dependência nas sociedades em relação aos adultos. Por isso, a
necessidade de olhar para as crianças com o objetivo de conhecer as
suas construções e particularidades e permitir que elas se tornem
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participantes de suas culturas, manifestando as suas interpretações e
percepções sobre os diferentes contextos nos quais estão inseridas.
Sociologia da Infância
A Sociologia da infância é um campo de estudo que passa a analisar a
criança como parte do tecido social. Assim, traz a ideia de que a educação
funciona em teias de saberes, ou seja, os grupos sociais, ao se
relacionarem, constroem regras próprias. Ao mesmo tempo se relacionam
com outros grupos são, também, influenciados por essas regras. A Infância
faz parte desta dinâmica, sendo assim, as crianças criam as suas próprias
regras, trocam e fazem micro modelos sociais, mas, ao mesmo tempo, são
marcadas pela sociedade dos adultos, suas disputas, vícios e formas de
violência.
Essa teoria está de acordo com as ideias do modelo construtivista,
proposto por Lev Vygotsky, que desenvolveu pesquisas na área de
Psicologia, enfatizando os processos de aprendizagem, sendo estes de
grande relevância para a Educação. Vygotsky enxerga a criança como
um ser competente, que deve ser colocada numa posição mais ativa
que passiva e que é capaz de construir uma interpretação própria do
mundo. Assim, ele relaciona o desenvolvimento social da criança às
ações grupais que ocorrem na sociedade, possibilitando o
desenvolvimento de estratégias coletivas por meio da interação com
outras pessoas para superar os problemas que surgem.
Alguns autores, fundamentados na teoria de Vygotsky, criticam o que foi
feito por muito tempo no campo educacional, ou seja, a fixação em
concepções de criança e infância advindas da psicologia do
desenvolvimento, pautada na herança biológica, conformando-a num
modelo universal, a-histórico, abstrato e predeterminado, que as
remetem à condição de dependência. As maiores críticas que surgem
residem no fato de muitas práticas revelarem a vontade de apagar esse
“ser criança” ativo e crítico, exigindo a renúncia de seu desejo para
prevalecer a vontade dos adultos que lidam com elas.
Você consegue notar como fica clara a necessidade de
reconhecer a competência dos discursos infantis e da
urgência em se ouvir as crianças?
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A ideia de criança como pessoa completa, competente, curiosa e
criativa, com direito a ser ouvida e atendida nas suas necessidades
específicas, surge tanto nos discursos dos profissionais envolvidos com
elas como nas pesquisas e estudos que propõem escuta e olhar
sensíveis e livres de preconceitos, que sejam capazes de ver e ouvir
crianças concretas, vivas, reais. Ou seja, os novos paradigmas
apresentam uma perspectiva diferente decriança, definindo-a como ser
competente para interagir e produzir cultura no meio em que se
encontra.
Nesse sentido, cabe às instituições a disponibilização de espaços de
participação nos quais as crianças, mais que ouvidas, sejam
auscultadas de modo que sua opinião seja considerada e gere efetivas
mudanças, a começar pela proposta pedagógica, que constitui um
espaço privilegiado no qual a criança deve poder se expressar acerca de
seus desejos e expectativas com relação à sua institucionalização.
Indubitavelmente, não é uma tarefa fácil e requer metodologias capazes
de captar essas vozes e transformar esses desejos em ações. Segundo
Rocha (2008, p. 47), os projetos pedagógicos deixam de ser apenas para
as crianças e passam a ser definidos a partir delas e com elas.
Diferentes visões sobre o limite de
idade infantil
Veja a seguir diferentes profissionais e as visões das suas respectivas
áreas sobre até qual idade uma pessoa é considerada criança.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
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Questão 1
No Brasil, tivemos o desenvolvimento de diversas legislações que
foram construídas com o objetivo de tornar as crianças mais ativas
na sociedade e de atender às suas reais necessidades. A seguir,
você encontrará uma lista com as principais legislações brasileiras.
Observe cada legislação e marque a que apresenta corretamente a
sua contribuição para a construção desse novo cenário.
Parabéns! A alternativa B está correta.
A Constituição de 1988 na verdade mudou a relação de tratamento
dado à educação infantil, estabelecendo como direito da criança e
não mais da mãe, a ter acesso a esse nível de educação. Já a LDB
teve como marco a inclusão da educação infantil como primeira
etapa da educação básica. Por fim, o Marco Legal estabeleceu os
princípios e diretrizes a serem utilizados na formulação e
implementação de políticas públicas para a primeira infância.
Questão 2
Ao discutirmos o conceito contemporâneo de infância, notamos
uma transformação nas imagens de criança e de infância. Sobre
isso, assinale as alternativas a seguir e marque a que apresenta a
concepção contemporânea de criança e de infância.
A
Constituição de 1988: determinou a mãe como
sujeito de direitos, podendo ter acesso a creches
onde pudesse deixar o seu filho enquanto trabalha.
B
ECA: reafirmou a criança como sujeito de direitos e
titular de prioridade absoluta e proteção integral.
C
LDB: determinou que a educação básica deve
começar pelo ensino fundamental e concluir com o
ensino médio.
D
Marco Legal da Primeira Infância: determinou que
as crianças devem ter acesso à educação nas
escolas mais próximas de suas casas.
E
ECA: teve como marco a inclusão da educação
infantil como primeira etapa da educação básica.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
De acordo com essa nova concepção, a criança precisa ser ouvida e
atendida nas suas necessidades específicas. Ela passa, então, a ser
vista como um ser competente, capaz de interagir com o seu meio
social, criando soluções a partir da sua própria interpretação da
realidade.
Considerações �nais
Você percebeu que compreender o conceito de infância é fundamental a
todo profissional que, direta ou indiretamente, colocará seus esforços
com o objetivo de formar as crianças. Quanto mais entendermos tal
conceito como constituído ao longo dos últimos séculos, melhor
teremos condições de buscar possibilidades de uma atuação mais
eficaz no processo educativo das crianças.
Ao sairmos de um conceito forjado ao longo dos séculos XIX e XX que,
por um lado, tutelava a infância sob o Estado e a Religião e, por outro,
definia a mesma exclusão social e étnica presente no ambiente adulto,
chegamos à visão contemporânea que tem como foco a garantia de
uma educação integral das crianças. Busca, assim, alcançar um
A A criança passou a ser vista como um sujeito frágil
e dependente, cujas vontades deveriam ser
renunciadas para que a vontade dos adultos fosse
sobreposta.
B
A criança passou a ser vista como um ator social à
medida que seguia as regras determinadas pelos
adultos.
C
A criança passou a ser vista como produtora de
cultura e sujeito de direitos, bem como um ser
sócio-histórico que atua na sociedade na qual está
inserido.
D
A criança passou a ser vista como um ser pensante
e capaz de absorver as regras e orientações dos
adultos de modo a reproduzi-las para seu grupo
social.
E
A criança passou a ser vista como sujeito de
direitos, mas ainda incapaz de ser produtora de
cultura na sociedade na qual está inserida.
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equilíbrio que não volte a transformar a criança em mini adulto, agora
como que sem necessidade de cuidados específicos, por já possuir
autonomia necessária a sua formação.
Podcast
Para encerrar, ouça um bate-papo sobre os conceitos de infância.

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Confira agora o que separamos especialmente para você!
Para se aprofundar no conhecimento dos pensamentos que
contribuíram para o avanço da Educação, leia a obra Manifestos dos
Pioneiros da Educação Nova (1932) e dos educadores (1959), de
Fenando Azevedo. Coleção Educadores. Fundação Joaquim Nabuco.
Recife: Massangana, 2010.
Visite o site da Organização Internacional do Trabalho – OIT.
Busque, no site da UNICEF, a versão para crianças e adolescentes da
Convenção sobre os Direitos da Criança, que traz uma linguagem mais
simples para o documento promulgado pelo Decreto nº 99.710, em
1990.
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Conheça os Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação
Infantil (PNQEI) – volume 1, publicados em 2010, que tratam do ensino
infantil das crianças na faixa etária de 0 a 6 anos.
Leia a matéria Pelo direito das crianças de zero a seis anos à Educação,
2006.
Busque e conheça as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil (2010).
Visite o portal do MEC e conheça a Política Nacional da Educação
Infantil.
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