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Questões étnicas na diversidade escolar_ negro e a educação

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21/02/2024, 17:01 Questões étnicas na diversidade escolar: negro e a educação
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00296/index.html# 1/47
Questões étnicas na diversidade escolar: negro e a educação
Prof. Alex Andrade Costa
Prof.ª Nathália Serenado, Prof. Rodrigo Rainha
Descrição
A trajetória da inserção da população negra na educação formal, os
limites e barreiras à ascensão dos negros no Brasil, os usos do conceito
de raça na escola, o racismo na educação formal, a legislação
educacional antirracista no Brasil, raça, classe e gênero em perspectiva
interseccional na educação.
Propósito
Refletir sobre os avanços e retrocessos em torno do acesso da
população negra à educação formal durante a escravidão e no pós-
abolição.
Objetivos
Módulo 1
A história do negro na educação brasileira
Identificar as ações políticas e sociais que limitaram o acesso de
negros escravizados e libertos à educação formal no Brasil.
Módulo 2
Políticas a�rmativas e os movimentos negros
21/02/2024, 17:01 Questões étnicas na diversidade escolar: negro e a educação
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00296/index.html# 2/47
Reconhecer o caráter histórico das políticas afirmativas instituídas no
Brasil e o protagonismo dos movimentos negros.
Módulo 3
Racismo e Escola
Analisar os debates sobre as desigualdades raciais no contexto
escolar.
Introdução
“Por que falar do negro na escola? A escola não tem só negros,
tem brancos, tem pessoas de todas as cores. Aliás, no Brasil a
gente é misturado, não tem lógica pensar em preconceito.”
Você acredita nisso? Então, este conteúdo é para você.
A partir daqui você será provocado, vai duvidar que isso possa
ser real; mas era, é, e precisamos de todos para vencer essa triste
história.
Bons estudos!
1 - A história do negro na educação brasileira

21/02/2024, 17:01 Questões étnicas na diversidade escolar: negro e a educação
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00296/index.html# 3/47
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as ações políticas e sociais que
limitaram o acesso de negros escravizados e libertos à educação formal no Brasil.
Brasil colonial
A escola
No Brasil, a escola (como instituição e, seu produto, a escolarização)
sempre foi um espaço privilegiado para grupos sociais bem definidos.
Criada em 1540 pelo padre Inácio de Loyola ‒ posteriormente tornado
santo ‒, a Companhia de Jesus foi uma resposta da Igreja Católica à
Reforma Protestante visando a defesa e a propagação da fé que,
segundo a ordem, abarcaria a catequese e a escolarização.
Inácio de Loyola.
Segundo Inácio de Loyola, o estudo das letras não teria outro sentido,
senão o de aproximar a alma do seu criador.
Foi sob os auspícios de Dom João III, rei de Portugal, que a missão
chefiada pelo padre Manoel da Nóbrega desembarcou em Salvador
acompanhando a expedição do recém-nomeado governador-geral Tomé
de Sousa.
Auspícios
Proteção, favor, recomendação. Apoio financeiro, material, técnico
etc., para que se realize uma obra ou evento; patrocínio.
Na Bahia, os jesuítas criaram um colégio que se tornaria o centro
intelectual da Colônia por mais de 200 anos.
Ainda na segunda metade do século XVI, os jesuítas se espalharam por
outras partes da América portuguesa, estabelecendo colégios em
Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo, além de residências em Ilhéus,
Porto Seguro e em Vitória do Espírito Santo.
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Colégio dos Jesuítas.
Os jesuítas se especializaram num modelo de ensino baseado na
incorporação de símbolos e rituais da cultura local de cada povo. Além
disso, dedicavam-se à tradução e elaboração de gramáticas específicas
de cada língua local, servindo de recurso didático.
Atenção!
Em 1697, o jesuíta Pedro Dias, quando ainda estava na Bahia, escreveu o
livro A Arte da Língua de Angola, que serviria como recurso para o ensino
dos jesuítas e, ao mesmo tempo, uma tentativa de unificação dos
falares bantu. Antes dele, o jesuíta angolano Manuel de Lima escreveu,
em 1580, os livros Catecismo na Língua dos Ardas e Doutrina Cristã,
traduzidos pelo padre jesuíta Baltazar Fernandes para a língua africana.
Tudo isso serviria como recurso para o ensino dos africanos que
ingressassem no Brasil. No contexto em que a entrada do povo
escravizado ainda era incipiente (entre 1582 e 1690, foi estimado que
29.538 africanos tenham desembarcado na Bahia), a pretensão dos
jesuítas parecia ter alguma viabilidade.
A ação dos jesuítas tinha como público-alvo as populações indígenas.
Em relação à população negra, a escolarização e a catequização se
limitavam aos escravizados das propriedades jesuíticas, uma vez que,
aos demais, o acesso à educação era extremamente difícil, como
lembra o padre Serafim Leite, historiador da Companhia de Jesus:
Os escravos negros não eram
livres para buscarem a
instrução média e superior, e
claro está que os senhores
não os compravam para os
mandar aos estudos e fazer
deles bacharéis ou
sacerdotes.
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(LEITE, 1938-1950:144)
Dessa forma, não havendo um impedimento legal para que a população
negra escravizada tivesse acesso à educação formal, na prática era algo
quase inacessível, considerando a brutalidade do regime escravista e as
condições com que eles eram tratados e vistos pela sociedade em geral
como mão de obra para os serviços braçais que dispensavam o uso do
intelecto. Soma-se a isso as ideias correntes na época sobre a
incapacidade dos negros para aprender e a inaptidão para as ciências e
as letras.
Execução de punição por flagelo, por Jean-Baptiste Debret.
Não foi preciso uma lei impedindo o acesso de dos negros escravizados
aos bancos escolares. Bastava não haver um mecanismo legal que
estimulasse e criasse tal oportunidade, ou seja, o não dito através do
silêncio das leis gritava e era bem compreendido por todos.
No entanto, alguns negros conseguiam acesso à educação formal e
aprendiam a ler e a escrever nas propriedades onde trabalhavam. Isso
acontecia, às vezes, pela necessidade do serviço que eles
desempenhavam, por livre iniciativa dos proprietários, que contratavam
os professores régios para ensinar aos seus filhos e, naquele ambiente,
o negro passava a ter contato com o mundo da escrita e da leitura, ainda
que de forma precária.
Outras vezes, a aprendizagem se dava por inciativa do próprio
escravizado, em contato com outras pessoas livres que lhes ensinava
rudimentos da leitura e da escrita. De todo modo, o que havia era uma
política que negava o acesso do cativo à educação através da completa
ausência de referência a essa situação na legislação da época.
Muitos africanos trazidos como escravos já falavam português e, em
alguns casos, sabiam ler e escrever. Da mesma forma, a maioria dos
negros muçulmanos que foram trazidos para o Brasil sabiam ler e
escrever em árabe e passaram não só a ensinar a língua para outros
escravos nascidos aqui, como também encontraram formas de aprender
o português.
Professores régios
Com a expulsão dos jesuítas do Brasil em 1759, no âmbito das
Reformas Ilustradas promovidas pelo Marquês de Pombal, houve
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uma grande lacuna no processo de escolarização da Colônia, uma
vez que as escolas estavam praticamente restritas às dos jesuítas.
Naquele mesmo ano, Pombal criou o cargo de professores régios,
nomeados pela Coroa para suprir esse espaço.
Saiba mais
Em 1469, os portugueses invadiram a região do golfo da Guiné. A partir
daí, estenderam seus domínios por um amplo território da África
Ocidental e Oriental. Esse domínio favoreceu a implantação da políticade catequização a partir de ordens religiosas católicas, como os
franciscanos e os jesuítas, que procuravam ensinar os modos de vida
europeus, como a língua, a cultura e a religião.
Veja a seguir um anúncio divulgando aulas de português, publicado em
1821:
Diário do Rio de Janeiro (RJ) / Ano 1821/Edição 0900021.
Pense sobre as seguintes questões:
Re�exão
O que esse anúncio significava na época? Para quem ele era
direcionado? Como uma pessoa negra poderia ter acesso a esse
conhecimento naquele tempo?
Brasil império
A escolarização do negro após a
Independência do Brasil
Após a Independência do Brasil (1822), a situação da escolarização para
a população negra pouco mudou. A Constituição de 1824, que vigorou
por mais de 150 anos, indicava que a instrução primária era gratuita
para todos os cidadãos.
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Independência ou morte, Pedro Américo, 1888.
O que parecia ser uma posição igualitária e progressista era o
endurecimento, a partir da carta magna, de um impeditivo para a
população escravizada e para os africanos de maneira especial
acessarem a educação escolar, uma vez que não eram reconhecidos
como detentores dos direitos de cidadão.
Atenção!
Os negros escravizados eram considerados instrumentum vocali, não
eram humanos, eram instrumentos, não poderiam ser considerados
pessoas e, consequentemente, sujeitos de direitos. Assim sendo, não
tinham direitos de integridade física, à liberdade ou a qualquer outro
direito civil básico (ALVES, 2005).
A primeira lei voltada para o setor educacional do país e que tratou
sobre educação pública, foi a Lei 15 de outubro de 1827. No entanto, ela
se omitia à educação escolar da população negra. Esta lei ficou em
vigência por mais de cem anos, até 1946.
Ao longo de todo o período do Brasil Império, a proposta de ensino
visava a construção de uma comunidade imaginada a partir do modelo
eurocêntrico de ensino, que desprezava as demais formas de
conhecimento, privilegiando tanto o acesso à escola quanto a
representatividade dos conteúdos às classes mais abastadas de
maioria branca.
Além do mais, o alcance da escolarização continuou bastante limitado
por questões estruturais. Num país com ampla maioria da população
vivendo em áreas rurais e com grandes distâncias a serem percorridas,
as poucas escolas e os poucos professores eram insuficientes. Esses
aspectos são importantes para que entendamos as limitações de
acesso das populações pobres, majoritariamente formadas por negros
livres e libertos.
Comunidade Imaginada
Comunidade Imaginada é um conceito criado pelo historiador e
cientista político Benedict Anderson (1936-2015) que define o
descolamento do ensino da comunidade, apresentando uma
realidade nacional que deve ser amada, que é europeia e
hegemônica culturalmente.
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Se as distâncias geográficas e o caráter elitista do
modelo educacional em voga já limitavam o acesso à
educação formal, outros fatores como o tipo de
trabalho destinado à grande parcela da população
negra, livre ou escrava, complicava ainda mais.
O trabalho braçal, fosse nas áreas rurais ou nos centros urbanos, era
quase que totalmente exercido por essa parcela da população, numa
rotina extenuante que, por si só, era um forte impeditivo de acesso à
educação formal. Isso não se restringe aos adultos. Meninos e meninas
recém-saídos da infância já serviam como domésticos, trabalhadores
rurais ou em qualquer serviço de rua.
Concurso de composição entre escolares no
dia de Santo Alexis
A aquarela do pintor francês Jean-Baptiste Debret, com data provável de
1839, foi uma fina crítica social à escravidão e a seu legado no Brasil.
Intitulada de Concurso de composição entre escolares no dia de Santo
Alexis, o tema principal que nomeia a pintura ocupa o fundo da tela,
onde se veem crianças brancas com papéis nas mãos apresentando-os
a transeuntes.
Em primeiro plano, Debret mostra uma criança negra, descalça e
maltrapilha que, com uma outra escrava adulta (que tem nas mãos
alguns livros), segue uma menina da elite, provavelmente em direção à
escola.
A pintura é uma denúncia do fosso que separava, num mesmo
ambiente, crianças em situações sociais distintas.
Concurso de composição entre escolares no dia de Santo Alexis.
O princípio lento e resistente da escolarização
dos homens negros
A seguir veremos a evolução da lei através dos anos:
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https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00296/index.html# 9/47
 O Ato Adicional à Constituição, de agosto de 1834,
determinava que as Províncias passariam a ser as
responsáveis por organizar, definir e prover o ensino
primário em suas respectivas localidades.
 Esse ato contribuiu ainda mais para a
desestruturação da educação formal no país, uma
vez que muitas províncias não estavam preparadas
financeiramente nem tecnicamente para isso.
 Especialmente aquelas mais afastadas da Corte,
como as províncias do Norte (que incluía o atual
Nordeste), aumentando o fosso e limitando o
acesso pela população negra.
 Nesse contexto da descentralização, várias
províncias agiram, efetivamente, no sentido de
segregar o acesso de escravizados e libertos à
escola: Minas Gerais foi a pioneira, ainda no ano de
1835, determinando que somente as pessoas livres
poderiam frequentar as escolas públicas.
 Seguem, com o mesmo teor, as províncias de Goiás
(1835) e Espírito Santo (1835).
 O decreto do Rio Grande do Norte (1836) repetia o
mesmo tipo de impedimento sobre a admissão de
alunos que não fossem livres, porém destacava que
as professoras poderiam receber negras
escravizadas, com a ressalva de que fosse apenas
para ensinar as prendas domésticas.
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Resistência
Tavares Bastos
Crítico da escravidão, Tavares Bastos associava a presença do regime
no Brasil à ignorância da população livre. Dizia ele:
O que haveis de oferecer a
esses entes degradados que
vão surgir da senzala para a
liberdade? O batismo da
 Embora o decreto confirmasse a ideia em vigor na
época, a de inaptidão dos negros para as letras e
predisposição para os trabalhos braçais, não deixa
de ser um acanhado avanço que, mesmo assim,
pouco durou.
 Em 1837, a permissão para aprender prendas
domésticas foi revogada. Outras províncias
continuaram a criar seus estatutos de ensino com o
mesmo perfil impeditivo aos escravos e, quase
sempre, aos libertos também.
 A discussão sobre a importância do acesso à
educação para a população escrava e liberta só
voltou à cena em meados da década de 1860, com
as discussões em torno da construção da Lei do
Ventre Livre. Um dos principais responsáveis por
provocar esse debate foi Aureliano Cândido Tavares
Bastos.
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instrução. O que reservais
para suster as forças
produtoras esmorecidas pela
emancipação? O ensino, esse
agente invisível que,
centuplicando a energia do
braço humano, é sem dúvida
a mais poderosa das
máquinas de trabalho.
(BASTOS, 1996, p. 254)
Ele via a educação como a chave de mudança para a população que, em
breve, livrar-se-ia da escravidão. Os debates em torno da Lei do Ventre
Livre giravam sobre o que fazer com os ingênuos. Na perspectiva
antiescravista e emancipadora de Tavares Bastos, a população saída do
cativeiro deveria passar pela educação formal, oferecida pelo Estado,
como forma de estar apta para a vida em sociedade.
O jogo político em torno da construção da lei, noentanto, não foi
favorável e seus resultados, pífios. A classe de proprietários escravistas,
dos maiores aos menores, ainda se agarrava aos fiapos da escravidão
para defender a diferenciação social.
Foi no contexto de uma já acentuada crise do escravismo da década de
1870 que muitas províncias, talvez influenciadas por esse debate de
Tavares Bastos, aprovaram a criação dos primeiros cursos noturnos, o
que é visto como a primeira tentativa, ainda que bastante tímida ‒ pois,
em muitos lugares, continuou valendo a interdição para escravos ‒ de
possibilitar o acesso do trabalhador, majoritariamente negro, na
educação formal. Somente em 1878, um decreto permitiu a matrícula de
negros libertos maiores de quatorze anos nos cursos noturnos.
Re�exão
Veja a seguir o trecho de um documento do ano de 1872, que apresenta
algumas informações sobre o plano de ensino da Escola Noturna de
Adultos:
21/02/2024, 17:01 Questões étnicas na diversidade escolar: negro e a educação
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00296/index.html# 12/47
Relatório do ano de 1872 apresentado à Assembleia Geral em aditamento ao 8 de maio de 1872.
Reflita sobre a frustração de ser impedido de adquirir esses
conhecimentos que, apesar de básicos, eram negados às pessoas
simplesmente por causa da cor de sua pele.
Principais reformas educacionais e seus
impactos na educação de escravos, libertos e
pessoas negras livres
Veja algumas reformas educacionais de relevância:
A Reforma Leôncio Carvalho (1879)
Advogado, professor e político brasileiro que defendia a educação de
adultos, os cursos noturnos e inserção de negros nas escolas. Derrubou
o veto sobre a frequência dos negros escravizados nas escolas públicas,
levando alguns a frequentarem escolas profissionais e, a partir daí,
multiplicar o que aprendiam com outros negros em espaços informais,
às vezes na própria senzala.
A Reforma Rivadávia Correia (1911)
Ministro da Justiça e dos Negócios Interiores, criou o vestibular em
1911. Foi um ponto de inflexão nos pequenos avanços da reforma
anterior, pois implantou a realização de exames admissionais e a
cobrança de taxas nas escolas, limitando o acesso da maior parcela da
população à educação formal.
O fim da escravidão legou àquela população recém-saída do cativeiro e,
por consequência, aos seus descendentes, um ocultamento.
Incorporada no conjunto da sociedade brasileira, teve suas
necessidades específicas limitadas e seus direitos sociais silenciados,
sendo posta à margem da jovem República.
Políticos e senhores de escravos, em sua maioria,
sempre se posicionaram contrários ao acesso de
escravizados e libertos à educação formal. Para eles
era inimaginável ver seu escravo ou um ex-escravo
21/02/2024, 17:01 Questões étnicas na diversidade escolar: negro e a educação
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00296/index.html# 13/47
(liberto) dividindo os mesmos espaços físicos (escola)
e simbólicos (conhecimento) com seus filhos.
A alforria conquistada pelo negro, na maioria das vezes, não era sinal
para a mudança de tratamento. Ser liberto ainda era ser considerado de
segunda classe, o que levava muitos senhores a conservarem o
tratamento hierarquizado que consistia, entre outras coisas, em ter
privilégios sobre o acesso a determinados espaços.
Como veremos a seguir, foi com a insistente e longa luta dos
movimentos negros que essa população conseguiu avanços mais
significativos no campo educacional brasileiro.
Qual a necessidade de políticas
a�rmativas na Educação?
Com base na história o professor Daniel Pinha – professor de História
do Brasil – discute como a herança escravagista gera uma necessidade
de reflexão sobre a educação no Brasil hoje.

21/02/2024, 17:01 Questões étnicas na diversidade escolar: negro e a educação
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00296/index.html# 14/47
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A educação colonial era estruturada de forma lenta, e não pode se
pensar como um modelo instituído. Considerando a legislação
vigente no Brasil durante o período Colonial, é correto afirmar:
A
Não havia impedimento legal para escravizados
serem alfabetizados, mas a alfabetização era
extremamente restrita devido às suas condições de
vida.
B
Por decreto de Dom João III, escravizados eram
legalmente proibidos de serem alfabetizados.
C
21/02/2024, 17:01 Questões étnicas na diversidade escolar: negro e a educação
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00296/index.html# 15/47
Parabéns! A alternativa A está correta.
A legislação em vigor não proibia que negros escravizados fossem
alfabetizados, até porque a administração da vida dos escravos era
privativa dos senhores, com pouca intervenção da Coroa. No
entanto, devido à brutalidade do regime escravista e ao fato de que
eles eram vistos apenas como força de trabalho, o acesso à
alfabetização era algo raro.
Questão 2
Conforme estudado, a Constituição de 1824 determinava que a
instrução primária era gratuita para todos os cidadãos. Foi no
século XIX que surgiram as primeiras leis visando organizar a
educação do país recém-independente. Sobre isso, podemos
afirmar que
Os jesuítas dedicavam-se à instrução de indígenas e
negros escravizados de origem africana em
colégios criados para ambos os grupos.
D
Havia permissão para a alfabetização de negros
escravizados, desde que as aulas fossem
ministradas pelos professores régios.
E
Era estimulado o ensino dos negros nas aulas régia
para serem trabalhadores melhores.
A
o Ato Adicional à Constituição determinava que as
Províncias seriam as responsáveis pela organização
da educação. Isso fez com que em muitos lugares,
negros libertos passassem a frequentar as escolas,
ainda que em classes separadas das dos brancos.
B
durante as discussões para a criação da Lei do
Ventre Livre, Tavares Bastos, forte crítico da
escravidão, conseguiu que fosse aprovada a sua
proposta de acesso dos libertos à escolarização,
aumentando de forma exponencial o número de
alfabetizados no Brasil.
C
o modelo de país que se constituiu a partir da
Independência estimulava a discriminação,
reservando à população negra a aprendizagem de
serviços manuais, negando aos escravizados e
libertos o ingresso em escolas, como aponta, entre
21/02/2024, 17:01 Questões étnicas na diversidade escolar: negro e a educação
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00296/index.html# 16/47
Parabéns! A alternativa C está correta.
A negação do acesso de escravos e libertos às escolas representa
práticas discriminatórias e um reforço ao estereótipo de certa
aptidão inata dos negros às atividades manuais. Esse discurso se
materializou tanto na reforma criada pela Província do Rio Grande
do Norte, em 1835, quanto, mais de quarenta anos depois, na
proposta de Leôncio de Carvalho, em 1878.
2 - Políticas a�rmativas e os movimentos negros
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer o caráter histórico das políticas
a�rmativas instituídas no Brasil e o protagonismo dos movimentos negros.
Brasil república
A escolha do protagonismo
outras, a proposta de reforma educacional de
Leôncio Carvalho (1879).
D
somente com a implantação da República a
situação da população negra mudou. Ainda em seu
início, em 1911, a Reforma Rivadávia Correia
ampliou o acesso da maior parcela da população,
negros e pobres, à educação formal.
E
a construção social da legislação optou pela
omissão de casos específicos.
21/02/2024, 17:01 Questões étnicas na diversidade escolar: negro e a educação
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00296/index.html# 17/47
Até o momento, o desenvolvimento deste estudo nos deu a mesma e
tradicional impressão trazida da escola: quem conta a história dos
homens negros é o outro, são padres, historiadores, políticos...
A voz afrodescendente esteve distante: não que não existisse, contudo
era silenciada, esbranquiçada, como pudemos vercom os Rebouças ou
Machado de Assis. Ainda que tenhamos apresentado homens negros
que se valeram das oportunidades e espaços para se manifestar, seus
discursos ‒ mesmo o abolicionista ‒ não se posicionaram como uma
luta pessoal, mas como uma luta pelos outros.
Com a República, a ampliação das possibilidades de acesso permitiu a
formação de movimentos singulares, que nos deram a oportunidade de
conhecer essa história através do lugar correto de fala, ou seja, dos
grupos que ali viveram!
Vamos conhecer um pouco mais sobre isso?
Devemos lembrar que a Constituição de 1891 foi
particularmente cruel com esta população, uma vez
que criou mecanismos de controle social fortemente
direcionados para o comportamento e as tradições
dessas comunidades. Ou se vivia como os brancos,
como determinava a civilização, ou estariam excluídos.
Redescobrindo e rediscutindo as
africanidades
Partindo de um depoimento no Jornal Alfinete, já na República, o
professor Ricardo Fernandes discute a herança ancestral presente em
nossa história.
Movimento Negro
O Movimento Negro sofreu um duro golpe durante a ditadura Vargas. Ao
dissolver os partidos políticos existentes e proibir a criação de novos, o
decreto de dezembro de 1937, baixado pelo presidente Getúlio Vargas,
impactou negativamente no ainda incipiente acesso de negros ao
ensino oficial ao proibir atividades de grupos como as do Movimento
Negro, visto como perigoso pelo regime.

21/02/2024, 17:01 Questões étnicas na diversidade escolar: negro e a educação
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00296/index.html# 18/47
Grupo tirado em frente à sede da Delegação da F. N. B. [Frente Negra Brasileira].
Abdias Nascimento
Em 1944, Abdias do Nascimento, militante e intelectual negro, criou no
Rio de Janeiro o Teatro Experimental do Negro, que buscava promover
os valores da cultura negra e o combate ao preconceito racial,
mascarado pelo ideal de democracia racial.
Abdias do Nascimento.
Esse foi o primeiro movimento a defender a criação de uma legislação
antirracista e a denunciar escolas que não aceitavam alunos negros e
livros infantis e didáticos que alimentavam o preconceito racial em seus
textos e imagens.
Esse foi o primeiro movimento a defender a criação de uma legislação
antirracista e a denunciar escolas que não aceitavam alunos negros e
livros infantis e didáticos que alimentavam o preconceito racial em seus
textos e imagens.
O grupo ainda teve profunda participação na elaboração de um
manifesto com reivindicações dos movimentos negros para serem
incorporadas na Constituição de 1946.
Aquele foi o primeiro documento a tratar sobre propostas de ações
afirmativas como compensação das desigualdades derivadas da
escravidão. Ali, também, se apresentava uma pauta de reivindicações de
negros para negros na educação.
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Entende-se por ações afirmativas o conjunto de
medidas especiais voltadas a grupos discriminados e
vitimados pela exclusão social ocorrida no passado ou
no presente. As ações afirmativas são preventivas e
reparadoras no sentido de favorecer indivíduos que
historicamente são discriminados (MEC, 2020).
A proposta acabou não recebendo o apoio dos constituintes que
insistiam na defesa de que havia democracia racial no país e esse tipo
de lei provocaria divisões que, até então, segundo eles, não existiam.
A Lei 10639 e seus descaminhos
Apenas no ano de 2003 foi instituída a mais ampla legislação
antirracista no sistema educacional do Brasil, a Lei 10.639/03. A ideia
era de que o racismo precisava ser combatido a partir da escola,
curricularizando a história e a cultura da África e dos afrodescendentes.
Essa lei, no entanto, teve um longo caminho, vejamos mais sobre os
principais marcos que contribuíram para sua formação:
 1950
I Congresso do Negro Brasileiro, ainda em 1950,
promovido pelo Teatro Experimental Negro, no Rio
de Janeiro. Ali se discutiu, entre outras coisas, a
possibilidade de inclusão da História da África e
dos africanos, da luta dos negros no Brasil e da sua
participação na formação da sociedade e da cultura
brasileiras nos programas escolares.
 1961
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
de 1961 deu um passo nesse sentido ao condenar
qualquer tratamento desigual por motivo de
convicção filosófica, política ou religiosa, bem
como a quaisquer preconceitos de classe ou de
raça.
 1964
C l ilit d 1964 i t ã d
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Com o golpe militar de 1964 e a instauração da
ditadura no Brasil, o Movimento Negro teve perdas
em suas ações devido às constantes perseguições
aos seus membros.
 1970
Somente nos anos de 1970 o Movimento Negro
conseguiu se rearticular, muito influenciado pelas
conquistas então obtidas pelo Movimento Negro
nos Estados Unidos e na luta de Rosa Parks, Martin
Luther King, Malcom X e os Panteras Negras pelos
direitos civis. Os anos 1970 também foram os mais
duros no enfrentamento da ditadura no Brasil,
quando os militares chegaram a infiltrar pessoas
dentro do recém-criado MNU (Movimento Negro
Unificado) para espionar as ações. Nesse período,
os militares usaram o mito da democracia racial
como política de Estado e o ato de questionar o
racismo no país era visto como subversivo.
 1980
Quando começaram as manifestações em torno da
redemocratização, no início dos anos 1980, as
manifestações antirracistas se confundiam com o
movimento Diretas Já, apontando que a
democracia só poderia vigorar com a inclusão dos
negros de fato na sociedade.
Manifestações
Pode parecer atual, mas a fotografia abaixo é de
1981.
 1986
Na convenção nacional O negro e a Constituinte,
em 1986, foi aprovada a proposta para que a
Constituição Federal, em discussão naquele
momento, definisse a educação como meio de
combate ao racismo e à discriminação bem como
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Mais uma vez a proposta do Movimento Negro ficou de fora. Os
congressistas alegaram que se tratava de uma questão específica e que
por isso deveria ser tratada numa legislação complementar.
Porém, a Constituição Cidadã, aprovada em 1988, implementou algumas
reivindicações do Movimento Negro:
1. Reconheceu a Educação de Jovens e Adultos como direito para
quem não teve acesso à escolarização;
2. Classificou o racismo como crime inafiançável e imprescritível
(posteriormente, a lei 7716/1989 definiu os crimes resultantes
de preconceito de raça ou de cor);
3. Reconheceu a diversidade da composição da população
brasileira, indicando a necessidade de que o currículo escolar
contemplasse tal discussão;
4. Legalizou o direito de posse da terra às comunidades
quilombolas e definiu a criação da Fundação Cultural Palmares.
Mesmo com os avanços e o respaldo constitucional, na prática, as
mudanças na política educacional da década de 1990 foram pequenas.
A Lei 9.394/96 das Diretrizes e Bases da Educação Nacional, não
incorporou nenhum tratamento específico à questão racial nas escolas.
Saiba mais
Os Parâmetros Curriculares Nacionais trataram a temática racial diluída
dentro de uma grande área denominada de Pluralidade Cultural, sem
currículo específico e que deveria ser abordado de forma transversal nas
diversas disciplinas, esvaindo algumas das reivindicações mais
importantes do Movimento Negro, como a criação de uma disciplina
sobre a História da África e a incorporação das discussões raciais de
forma mais objetiva.
No mesmo período, o Movimento Negro pautava suas lutas em torno do
acesso do negro ao ensino superior, estimulando a criação de cursos
pré-vestibulares para esse público.
Lei de cotas
Outra frente encampadapelo movimento, ainda no final dos anos 1990,
foi a luta pelas cotas no ensino superior.
combate ao racismo e à discriminação, bem como
tornasse obrigatório o ensino de história das
populações negras no Brasil.
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Campus da UERJ.
A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), durante a reitoria de
Nilcea Freire, foi a primeira universidade do país a criar um sistema de
cotas em vestibulares por meio de uma lei estadual que estabelecia 50%
das vagas do processo seletivo para alunos egressos de escolas
públicas cariocas, mas foi a Universidade de Brasília (UnB) a pioneira em
criar e implantar uma política de ações afirmativas para negros em seu
vestibular de 2004.
As ações que eram tomadas de forma individualizada pelas
universidades federais e estaduais fortaleceram-se com a Lei
12.711/2012, conhecida como Lei de Cotas, a qual destina metade das
vagas das universidades, institutos e centros federais de educação para
estudantes oriundos de escolas públicas.
Sem a possibilidade de as instituições públicas absorverem a totalidade
da secular demanda da população negra por ensino superior, foi criado
um mecanismo de concessão de bolsas de estudo para
afrodescendentes em faculdades privadas: o PROUNI. A distribuição
das vagas, tanto no sistema de cotas quanto no de bolsas, leva em
conta critérios raciais e sociais.
A aprovação das cotas raciais não ocorreu sem
polêmica. A ação foi judicializada diversas vezes por
grupos políticos e entidades que questionavam a
validade e a necessidade da iniciativa, com
argumentos que retomavam premissas do mito da
democracia racial.
Estatuto da igualdade racial
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Num contexto mais amplo de políticas públicas antidiscriminatórias e
reparadoras, inclui-se o Estatuto da Igualdade Racial, aprovado em 2003,
também após longa polêmica. O estatuto abarca os diversos setores da
sociedade e instrui procedimentos para atuar na diminuição das
desigualdades e na adoção de políticas afirmativas para a população
negra.
Atualmente, tem sido rotineiro o recurso, por parte da Justiça, ao
Capítulo III do Estatuto, que versa sobre o direito à liberdade de
consciência e de crença e ao livre exercício dos cultos religiosos. O
racismo mal resolvido no país tem se manifestado em crimes de
diversas formas contra participantes, religiosos ou locais de culto de
religiões de matriz africana.
Celebração do Dia da Consciência Negra, 2019. Rodrigo S. Coelho.
No campo simbólico, é preciso destacar a Marcha Zumbi contra o
racismo, pela Cidadania e a Vida, em 1995, marco do tricentenário da
morte de Zumbi dos Palmares. A marcha, devido à sua repercussão
pública, foi uma das primeiras estratégias dos movimentos negros para
deslocar o foco das atenções da data da Abolição da Escravatura, 13 de
maio, para o dia 20 de novembro, em razão do Dia Nacional da
Consciência Negra.
A temática da reparação para os descendentes dos escravizados
sempre esteve em voga, mas nunca foi unanimidade, nem mesmo
dentro do Movimento Negro no Brasil.
Sob inspiração dos debates sobre reparação que ocorrem nos Estados
Unidos desde o fim da segregação racial, alguns membros dos
movimentos negros, na década de 1990, discutiram a viabilidade de
propor ações reparatórias de cunho financeiro para a população negra.
Outros, porém, foram contrários a essa pauta, alegando que o
pagamento monetário provocaria um posterior silenciamento e
esquecimento sobre a escravidão e suas consequências, além de que,
ao contrário dos Estados Unidos que adotam a política de One-drop rule,
no Brasil haveria uma enorme dificuldade em estabelecer os critérios de
identificação de cor, devido às múltiplas formas com que as pessoas
negras se reconhecem.
Ao final, prevaleceram como estratégia as reivindicações de medidas
reparatórias de caráter social e educacional, na forma de ações
afirmativas.
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One-drop rule
O modelo americano é com base no fenótipo, ”uma gota de sangue
negro” garante os direitos de cota.
Resumindo
A trajetória nos mostrou que a atuação dos movimentos negros foi
fundamental para a construção e implementação de políticas de ações
afirmativas no Brasil, especialmente no campo educacional.
Vimos, também, que o foco na educação não foi por acaso, mas
historicamente sempre foi visto pelos movimentos negros como o
principal mecanismo que poderia favorecer a diminuição das
desigualdades econômicas e sociais entre brancos e negros no Brasil.
Você pode estar pensando:
Conforme anunciado no início do módulo, a proposta é que você possa
definir o caráter histórico. Nesse sentido, conforme aprendemos com a
história, seu discurso não é uma verdade, mas uma análise, a escolha de
documentações, a investigação de determinado ponto de vista.
A história do Brasil Republicano foi vista e revista diversas vezes, trata-
se do discurso político, do conhecimento de dinâmicas gerais. A
definição que pretendemos, que escolhemos, não é essa. Definimos
aqui investigar e entender a construção histórica do discurso do
movimento negro ao longo dos séculos XX e XXI no que tange à
educação.
Que discurso é esse, que movimentos homens e mulheres negras
organizaram e defenderam no Brasil pós-abolição? A proposta é
conhecermos os fundamentos de suas lutas e as ações tomadas ao
longo destes últimos 150 anos.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O papel das ações afirmativas no Brasil tem características
singulares. Reconhecer a diversidade cultural, o componente de
construção histórica, mas existem os que creem que ela é
desnecessária. Sobre as políticas afirmativas podemos afirmar:
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I - Getúlio Vargas, conhecido também como o pai dos pobres, foi o
responsável em atender boa parte das reivindicações do
Movimento Negro.
II - Foi a Constituição de 1988 que classificou o racismo como
crime inafiançável e imprescritível.
III - O texto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
9.394/96, quando aprovado em 1996, deixou de fora a abordagem
sobre a questão racial nas escolas, não fazendo nenhuma menção
a ela em seu texto.
Estão corretas as afirmativas::
Parabéns! A alternativa D está correta.
A política de Vargas ‒ apresentada em 1930 como revolucionária ‒
tornou-se fortemente conservadora a partir de 1937, em especial
quando o decreto de dezembro daquele ano acabou proibindo as
atividades de grupos que ameaçassem o regime, o que foi
avassalador para o Movimento Negro.
Questão 2
Conforme visto, o Movimento Negro foi o grande articulador das
propostas educacionais que visavam combater as desigualdades
raciais a partir da inclusão de temas como preconceito racial,
racismo ou conteúdos de História da África e dos afrodescendentes
dentro da escola e, ao mesmo tempo, possibilitar o acesso dos
negros à educação formal, especialmente o ensino superior, de
maneira que as desigualdades econômicas e sociais entre brancos
e negros também pudessem ser combatidas. Nesse sentido, sobre
o Movimento Negro, marque a alternativa que não corresponde ao
seu histórico:
A I e II somente.
B I e III somente.
C II e III somente.
D Apenas a I.
E Apenas a II.
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Parabéns! A alternativa A está correta.
A organização dos homens negros era anterior à República, quiçá à
própria Abolição. Com a República, esses grupos fizeram-se
presentes em associações que eram conhecidas como
associações de homens de cor. Marginalizadas, defendiam e
brigavam para a aproximação dos estatutos de igualdade dos
sujeitos no Brasil.
A
Tratava-se de um grupo com perfil heterogêneo que
se organizou em um período relativamente recente,
a partir da Marcha Zumbi contra o Racismo, na
década de 1980, atuando na defesa da população
negra e da inserção de suas reivindicações na
Constituição de 1988.
B
Possui raízes históricas que remontam ao período
do Brasil Colonial, em associações de trabalhadores
e irmandades religiosas que, além de promover
cultos religiosos e atividades de lazer, atuavam em
questões concretas, como no amparo à saúde dos
seus membros e na luta pelo acesso à educação
pública.
C
Foi perseguido e teve atividades suspensas durante
o período da ditadura Vargas e da Ditadura Militar a
partir de 1964, só conseguindo se reorganizar em
finais dos anos 1970.
D
Teve participação atuante na elaboração da
Constituição de 1988 e foi um dos principais
articuladores para a implantação da Lei 10.639/03 e
do Estatuto da Igualdade Racial.
E
Trata-se de um grupo homogêneo que se organizou
a partir do movimento abolicionista.
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3 - Racismo e Escola
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar os debates sobre as desigualdades raciais
no contexto escolar.
Desigualdade
Introdução
Vimos a posição dos negros na história do Brasil, no que tange à
educação, depois, buscamos a voz dos movimentos negros e suas
ações efetivas ao longo dos séculos XX e XXI. Precisamos, a partir de
agora, pensar como essas demandas se manifestam na escola hoje.
Vamos começar!
Conheça um pouco da história de homens e mulheres negros,
mostrando suas lutas, dificuldades enfrentadas por conta da cor de sua
pele e o processo de superação.
Educação e desigualdades sociais e

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raciais
A primeira questão, a raça, já foi detectada como um fator de exclusão,
identificação e luta.Mas, será que a única definição do sujeito e as
manifestações da exclusão na escola se dão somente pela percepção
de sua etnia? Claro que não.
Na escola, a difícil questão étnica vem acompanhada das
questões de gênero ‒ a violência racista é diferente no
que se refere a homens e mulheres ‒ e questões
econômicas.
Neste caldeirão é que identificaremos os locais e as vertentes desses
debates, assim como, principalmente, tentaremos entender a escola em
meio a uma sociedade marcada por conflitos.
Observe o gráfico a seguir:
Gráfico: Analfabetismo entre negros é quase três vezes maior do que entre brancos.
O gráfico aponta para uma evidente desigualdade entre pessoas
brancas e negras (pretos e pardos) que se faz materializar pelos dados
referentes ao analfabetismo no Brasil atual.
Identidades complexas
Censo de 1872
Tal situação não é nova. O Censo de 1872 foi o primeiro a ser realizado
nacionalmente, um ano após a Lei do Ventre Livre, mas ainda em plena
vigência da escravidão, e mostra uma sociedade com o marcador racial
evidenciado nas desigualdades educacionais entre as quais o
analfabetismo era a regra.
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O Brasil tinha 81,43% da sua população livre (brancos e pessoas de cor)
analfabeta. Em relação à população escrava, a exclusão era ainda maior,
uma vez que a condição de escravo praticamente o impedia de ter
acesso à escolarização: apenas 1.403 escravos sabiam ler e escrever,
em todo o Brasil.
Mapa brasileiro dividido por região.
Num recorte específico para a Bahia, os números não se alteravam tanto
em relação ao cenário nacional: no censo de 1872, 79,44% da população
livre era analfabeta. Excluindo os menores de 5 anos, o analfabetismo
alcançava 75,88%, ou seja, de cada dez pessoas, só duas sabiam ler e
escrever.
Nesse conjunto, pretos e pardos constituíam apenas 8,06%. Já os dados
de 1890, dois anos após a Abolição e com a República recém-
implantada, mostram que pretos e pardos na Bahia estavam
alfabetizados em um percentual aproximado de 14,8%, e em 1940, o
grupo alcançou 20,6%, ou seja, em 50 anos de implantação da República
o número de alfabetizados entre pretos e pardos cresceu apenas 5%.
Mapa dos estados brasileiros.
Pelo exposto até aqui, dois pontos ressaem da discussão:
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1. O primeiro é que raça é um marcador importante para se
entender o passado e o presente do Brasil.
2. O segundo, mostra que não dá para refletir sobre educação sem
considerar as desigualdades sociais e raciais.
Antes de avançar, vejamos os principais conceitos que ajudam a
interpretar as relações étnico-raciais no Brasil:

Raça

Raça, gênero e classe

Racismo
Raça
Diversos intelectuais e militantes dos movimentos negros, tanto no
Brasil quanto nos Estados Unidos, são contrários ao uso do termo raça.
Defendem que, além de não haver raças biológicas, o termo raça reifica
uma categoria política abusiva.
Outros tantos pesquisadores, porém, continuam utilizando o termo raça
como uma categoria social. Isso se deve a alguns fatores:
Rei�ca
Reifica vem do verbo reificar. O mesmo que: coisifica. (DICIO, 2020)
A existência de grupos que se identificam e são identificados a
partir de marcadores derivados da ideia de raça;
A sociedade brasileira ainda possui hierarquias e desigualdades
que correspondem a esses marcadores.
Raça, gênero e classe
De acordo com Guimarães (1999), o intelectual Thales de Azevedo, em
1955, já chamava atenção para a Interseccionalidade, raça e classe,
afirmando que, no Brasil, os pobres são pretos e os ricos são brancos.
Tal discrepância, segundo ele, era consequência do passado escravista.
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Interseccionalidade
Interseccionalidade é o estudo da sobreposição ou intersecção de
identidades sociais e sistemas relacionados de opressão,
dominação ou discriminação. (DE MORAES; DA SILVA, 2017, p. 58-
75)
Re�exão
Embora esse tipo de discurso que culpa exclusivamente o passado
pelos problemas do presente seja um equívoco por isentar as gerações
atuais da reponsabilidade pela persistência das desigualdades, não
deixa de contribuir para as reflexões sobre as mazelas da escravidão
que não se encerram no 13 de maio de 1888.
Nesse contexto, as desigualdades apresentam um peso extremamente
relevante quando se inclui a questão de gênero na análise. Conquanto a
questão da emancipação feminina esteja em pauta, ela se torna mais
viável de ser alcançada por mulheres brancas e de classe média e alta
do que por mulheres pobres, geralmente negras.
Dessa forma, raça, classe e gênero se sobrepõem numa miríade de
situações que implicam de forma concreta a vida dessas pessoas. A
escola faz parte dessa vida concreta e é impactada pelas questões
apontadas.
Racismo
A ideia de que a sociedade brasileira era formada por indivíduos
multiétnicos em que não haveria conflitos derivados da cor das pessoas,
as quais viviam numa espécie de paraíso racial nos trópicos, foi a base
do mito da democracia racial. O próprio Gilberto Freyre não conseguiu
interpretar a sociedade de sua época e perceber que as múltiplas
formas da população negra se identificar ou ser identificada as
aproximavaou distanciava do mundo da escravidão e de suas
consequências.
Exemplo
As sutilezas da língua portuguesa, ainda hoje, são exploradas no
processo formal ou informal de autoidentificação racial, muitas vezes
incluindo o sufixo inho ‒ moreninho, por exemplo, para se referir a
alguém da cor preta ‒, ou, como identificou o pesquisador Livio Sansone
(2003), utilizando-se de uma das mais de trinta formas do negro ser
identificado ou se referir à própria cor, eram tentativas de
branqueamento para driblar as manifestações concretas do racismo no
dia a dia das pessoas. Assim, o uso de identificadores de cor,
como cabo-verde, sarará, mulato, pretinho etc., a depender da situação,
pode tanto disfarçar um racismo quanto ser a tentativa de se encaixar
aos padrões de uma sociedade que enaltece a branquitude como valor e
referência.
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Para o pesquisador Silvio de Almeida (2018), há três concepções do
racismo:

Racismo individual
Se apresenta como uma atitude pessoal do indivíduo.

Racismo institucional
Que considera o racismo apenas o resultado de um mau funcionamento
das instituições.

Racismo estrutural
É parte da sociedade e está presente nos variados espaços em que
naturaliza, deslegitima ou banaliza as desigualdades de cunho racial.
Acrescenta-se a estes um quarto modelo de racismo, que integra o
cotidiano brasileiro de forma bastante ampla: o racismo
recreativo.Segundo Adilson Moreira (2019), trata-se de uma prática que
utiliza o humor para hostilizar minorias raciais. É um mecanismo de
propagação de manifestações racistas sob o argumento “É só uma
piada”.
O racismo é a manifestação do ódio para com o outro. Um ódio que
pode ser mais ou menos disfarçado.
O racismo, enfim, por ter diversas faces e, muitas vezes, ser quase
imperceptível, mina todo o tecido social e se encarna nos diversos
espaços. A escola, como parte desse conjunto, não está imune a ele. É o
que discutiremos a seguir.
Simulando situações
Acompanhe uma situação do cotidiano escolar, na qual o racismo e o
preconceito surgem disfarçados de piada e humor.

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Pobreza e violência contra negros:
“vidas negras importam!”
Violência
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), no Brasil,
sete em cada dez pessoas assassinadas são negras. Na faixa etária de
15 a 29 anos, são cinco vidas perdidas para a violência a cada duas
horas.
De 2005 a 2015, enquanto a taxa de homicídios por 100 mil habitantes
teve queda de 12% para os não negros, entre os negros houve aumento
de 18,2%.
Segundo pesquisa realizada em 2017 pela Secretaria Especial de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e pelo Senado
Federal, 56% da população brasileira concorda com a afirmação de que
“A morte violenta de um jovem negro choca menos a sociedade do que
a morte de um jovem branco”.
Atenção!
Conforme dados recentemente divulgados pelo UNICEF, de cada mil
adolescentes brasileiros, quatro vão ser assassinados antes de
completar 19 anos. Se nada for feito, serão 43 mil brasileiros entre os 12
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e os 18 anos mortos de 2015 a 2021, três vezes mais negros do que
brancos. Entre os jovens, de 15 a 29, nos próximos 23 minutos, uma vida
negra será perdida.
Esses dados revelam como o racismo está presente na sociedade e
como a população negra está mais exposta à violência. Quando tratada
pela grande mídia e pelos governos, na maioria das vezes, esconde-se o
perfil racial das vítimas de violência, ”igualando” todos sob números que
são representados na expressão abstrata de ”violência urbana”.
Da mesma forma, raramente, as notícias sobre a violência associam o
perfil racial ao problema da desigualdade de renda. Tanto a ONU quanto
os movimentos negros no Brasil têm provocado uma série de debates
nos últimos anos em relação ao que denominam de encarceramento em
massa da população negra.
Intelectuais e ativistas norte-americanos têm discutido isso já há algum
tempo, porém, mais recentemente é que tem ganhado espaço nos
debates políticos e jurídicos no Brasil, especialmente quando dados do
sistema carcerário nacional vêm à tona.
Filtragem Racial
Homens jovens afrodescendentes correm maiores riscos de serem
apreendidos na rua por ocasião da ”filtragem racial”, ou seja, a prática da
abordagem de pessoas tidas como suspeitas usando o critério racial.
Os índices apontam que a violência policial e as mortes são
alarmantemente mais altas quando homens negros se encontram com
agentes de polícia, levando-os à detenção, encarceramento e sujeitos a
penas maiores com mais frequência, incluindo prisão perpétua e pena
de morte nos locais onde são adotadas.
A filtragem é agravada quando se trata de alguém que
não tem boa aparência, geralmente um negro pobre,
comprovada pelas roupas, tipo de emprego (ou ser
desempregado), local onde mora, grau de
escolaridade.
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Mulheres e meninas negras, por sua vez, sofrem discriminações
múltiplas com base na condição socioeconômica e/ou de gênero. Em
muitos países, mulheres afrodescendentes têm acesso limitado a
educação, trabalho e segurança. Além de enfrentar os problemas dos
homens negros, elas encontram-se mais vulneráveis à violência de
gênero, ao rebaixamento intelectual e estão expostas ao feminicídio.
Embora os negros e negras sejam 54% da população brasileira, são 64%
das pessoas privadas de liberdade. Os brancos e brancas, sendo 46% da
população total, são 35% das pessoas no sistema carcerário.
O perfil racial dos privados de liberdade é uma consequência
da filtragem racial, que implica na abordagem, investigação e
indiciamento de mais pessoas negras que brancas proporcionalmente,
ou seja, o negro, pela sua cor, já passa por um processo seletivo da ”boa
aparência” durante as abordagens policiais. Mas não só: essas
abordagens normalmente são direcionadas para os bairros periféricos,
onde a maioria dos moradores são negros, ou em atividades em que
predominem esse público, como bailes funks, festas de hip-hop ou
pagode, as boates e bares dos subúrbios.
Atenção!
Os dados do IBGE para o ano de 2019 apontam que a população negra
superou o número de pessoas brancas nas universidades públicas,
alcançando 50,3%. No entanto, a taxa de jovens negros entre 18 e 24
anos cursando o ensino superior é de 56%, enquanto a de brancos é de
79%.
A violência que afeta de forma majoritária a população negra tem
impactos negativos na educação desse público de diversas formas,
algumas delas invisibilizadas, por exemplo: o aluno negro que mora na
periferia e precisa estudar à noite nem sempre consegue manter uma
frequência na escola ou, mesmo, não apresenta condições de se
matricular.
Muitas vezes, ele teme pela sua segurança na volta para casa ou de ser
confundido com um bandido. Outras tantas vezes, suas condições
econômicas são empecilhos, pois o custo do transporte e o material
escolar ultrapassam o orçamento. As condições de trabalho sugam
suas energias e ele dispõe de pouco tempo livre.
Não é possível desconsiderar os problemas estruturais de se ter escola
funcionando nas proximidades de casa ou que haja transporte público
com regularidade e segurança. Esse conjunto de dificuldades no acesso
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e na permanência na escola ou universidade se agrava quando se
considera a questão de gênero, naqual a mulher, muitas vezes, exerce o
papel de dona de casa e mãe, mesmo trabalhando fora.
No mercado de trabalho, os dados são mais
alarmantes. O IBGE constatou que, independentemente
do nível de instrução, o salário de brancos é superior
em ocupações formais e informais. O rendimento
médio de negros e pardos é de R$1.608, contra
R$2.796 de brancos.
Entre os 10% da população com os maiores rendimentos, apenas 27,7%
eram negros ou pardos. Por outro lado, os negros ou pardos
representavam 75,2% do grupo formado pelos 10% da população com
os menores rendimentos. O rendimento médio domiciliar per capita da
população branca (R$1.846) era quase duas vezes maior do que o da
população negra ou parda (R$934).
Saiba mais
O IBGE ainda mostra que, enquanto 15,4% dos brancos do país estão na
faixa da pobreza, 32,9% dos negros compõem a parcela de brasileiros
que vivem com o equivalente a US$5,50 por dia. Na linha da extrema
pobreza, com rendimento de até US$1,90 por dia, estão 3,6% dos
brancos e 8,8% dos negros e pardos.
Por fim, vale lembrar o que o importante sociólogo Florestan Fernandes
(1978), disse sobre a soma dessas desigualdades que afetam
primordialmente a população negra:
Há um genocídio institucionalizado,
sistemático, embora silencioso. Aí
não entra nem uma figura de
retórica nem um jogo político. (...) A
abolição, por si mesma, não pôs fim,
mas agravou o genocídio; ela
própria agravou o genocídio; ela
própria intensificou-o nas áreas de
vitalidade econômica, onde a mão
de obra escrava ainda possuía
utilidade. E, posteriormente, o negro
foi condenado à periferia da
sociedade de classes, como se não
pertencesse à ordem legal. O que o
expôs a um extermínio moral e
cultural, que teve sequelas
econômicas e demográficas.
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(FERNANDES, 1978)
Pobreza e racismo em perspectiva
didática na escola
Diversas pesquisas sobre relações raciais na escola apontam
problemas de relacionamento das crianças negras no espaço escolar.
Esses problemas se originam muito mais cedo do que comumente se
discute.
Uma pesquisa apontou que crianças negras de 4 a 6 anos, na etapa da
educação infantil, portanto, já apresentam na escola uma identidade
negativa sobre si mesmas, enquanto que crianças brancas, na mesma
idade, manifestaram um sentimento de superioridade e, não raro,
posturas preconceituosas.
Sem a intervenção dos professores, as atitudes preconceituosas entre
crianças nessa idade acabavam sendo recorrentes nas escolas
pesquisadas (CAVALLEIRO, 2000).
Para além das práticas educativas ou da ação direta de professores,
crianças brancas e negras trazem para a escola um amplo repertório de
comportamentos e experiências de vida do lugar em que moram e da
relação que possuem com sua família.
Crianças negras, pobres e periféricas tendem a se ver com um olhar
negativo, diante da experiência de vida dos seus colegas de classe
brancos e de classes mais privilegiadas. É o sentimento de
inferiorização pelo tipo de roupa que vestem, pela merenda e material
escolar que carregam e pelo relato de suas vivências cotidianas.
A diferença e o diferente, quando não recebem o
devido tratamento pedagógico, deixam de ser vistos
como valores e passam a ser encarados com
estranhamento, produzindo distanciamento e, muitas
vezes, exclusão.
Atenção!
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Há uma tendência em encarar o comportamento discriminatório ou
mesmo racista da criança como bullying ou, tão grave quanto,
desvalorizar as dificuldades de autoaceitação, empoderamento e
construção da autoestima da criança negra. Com mais de quinze anos, a
Lei 10.639/03 tem alcançado poucos avanços.
Outro elemento didático que cria estereótipos e ainda contribui para o
estabelecimento de atitudes racistas é o livro didático. Durante muito
tempo, a população negra foi representada nos livros didáticos e
paradidáticos de forma estereotipada (o exotismo das danças e
comidas típicas; os músculos do capoeirista; a sensualidade da
sambista; a preguiça do trabalhador, entre tantos outros exemplos
encontrados nas representações do negro em músicas, imagens e na
literatura) e, muitas vezes, inferiorizada.
Exemplo
Nos livros de História, por exemplo, resumia-se a presença do negro na
escravidão, estigmatizando a sua história a um contexto de violência e
humilhação, no qual muitas crianças e jovens periféricos convivem
diariamente e que não lhes serve de referência numa perspectiva de
alternativa de vida.
Conforme Silva (2005), os estereótipos não só afetam a autoestima
como produzem preconceitos. A deficiência do material didático pode
fazer do professor um reprodutor inconsciente de estereótipos. Os
movimentos negros, como vimos, principalmente a partir dos anos 1980,
reivindicaram mudanças que, mesmo com a Lei 10.639/03, ainda são
insuficientes.
Há um processo de resistência e insurgência de alunos negros diante do
desconforto provocado pelo material didático, pelo currículo e pela
didática da escola: a evasão.
Muitas vezes tratada como uma consequência das condições materiais
de vida ou de trabalho, a evasão também é uma forte reação de alunos
negros diante de um modelo de educação que não lhe enxerga como
sujeito e que, quando o inclui, é de forma estereotipada.
Nem todo aluno negro sabe e quer se ver como o capoeirista, jogador de
futebol ou cantor de pagode. Da mesma forma, muitas meninas negras
se incomodam por serem lembradas como dançarinas para as datas
comemorativas do folclore e do Dia da Consciência Negra.A
sexualização do corpo negro é histórica e ainda hoje é possível de se
notar, mesmo dentro do contexto escolar.
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A formação de estereótipos e, consequentemente, a discriminação,
materializada na piada, nos risos e apelidos, muitas vezes se dá a partir
das ”melhores intenções” da escola, porém sem uma reflexão e um
entendimento mais profundo das questões raciais.
Aliás, há uma negação, em muitos estabelecimentos educacionais, da
existência de racismo em seus espaços. Quando muito, tratam casos
desse tipo como brincadeira de mau gosto ou bullying.
Por fim, herança de um passado escravista, mas que
as gerações posteriores atuaram no sentido de evitar
grandes mudanças, a manutenção de privilégios com
base na cor está nas raízes das desigualdades que se
espalham no contexto social e econômico entre
brancos e negros no Brasil.
Os limitados investimentos na educação, bem como o desigual acesso
à estrutura de oportunidades, mantêm essa desigualdade. Nos últimos
vinte anos se ampliaram as discussões em torno da construção e
implantação de políticas sociais para, ao menos, mitigar as diferenças
no país. Foi nesse contexto que as políticas afirmativas ganharam
corpo, agregando vozes vindas de diversos segmentos sociais, da
militância à academia, e se consolidaram no país.
O Estado brasileiro, no entanto, ainda tem desafios enormes para
enfrentar no processo de construção de políticas de igualdade racial,
especialmente no que tange à mulher negra periférica. Esses
marcadores ainda limitam a ascensão econômica e social desse grupo
a partir da educação.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Muitas vezes ouvimos expressões como, “Raça não existe” ou “Só
existe a raça humana”. No senso comum, a discriminação racial é
interpretada mais como uma discriminação de classe do que de
cor. A partir dos estudos realizados neste módulo, marque a
alternativa correta:A
A escola tende a ter menos conflitos claros, uma
vez que os alunos pertencem a uma mesma classe
social, assim, formas como: cabo-verde, sarará,
mulato, pretinho, mostram uma naturalização da
relação de pares.
Na escola, é recorrente a ideia de que os
chamamentos racistas não são realmente
importantes. Alunos argumentam que são amigos e
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Parabéns! A alternativa B está correta.
Seria muito bom que a desigualdade social tivesse sido vencida.
Todas as medidas apresentadas, como o ensino de História da
África, política de cotas e defesa de que os termos foram
ressignificados para formas de carinho e não de exclusão foram e
continuam sendo válidas, mas nenhuma delas pode vencer a
estrutura histórica da desigualdade de um momento para o outro.
As raízes são mais profundas e a escola as reproduz. Ela não pode
fugir da realidade social e, por isso, deve propor enfrentamentos a
esses problemas.
Questão 2
B
que aquilo é uma forma de brincadeira. O humor
para hostilizar as pessoas devido à cor da pele, tipo
de cabelo, condição econômica etc., é visto como
um ato desimportante, mas deve ser entendido
como uma forma de violência e receber a
intervenção da escola.
C
A escola brasileira convivia com uma realidade de
comunidade imaginada, como se, apesar de estar
no Brasil, não se metia com as relações do Brasil.
Tudo mudou com o estabelecimento da Lei
10.639/03: houve uma ampla mudança nos
materiais didáticos e nas práticas dos professores
em sala de aula, impedindo que casos de racismo
ocorram na escola e aumentando a permanência
dos alunos negros.
D
Os dados levantados em pesquisa pelo IBGE
mostram a eficácia das diversas políticas
afirmativas no Brasil, como a Lei de Cotas, por
exemplo. Atualmente, a população negra (negros e
pardos) corresponde à maioria dos matriculados
nas universidades, o que tem levado à equiparação
do salário desse grupo com o dos brancos,
vencendo o problema histórico de nossa
desigualdade social.
E
Os processos nacionais são marcados por uma
irmandade profunda, então, mesmo que existissem
conflitos, eles seriam pontuais em uma democracia
racial.
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Os estudos mais recentes, como visto neste módulo, têm mostrado
que não é possível entender as desigualdades no Brasil sem
considerar as questões raciais e de gênero que se intercruzam. O
contexto educacional, portanto, também não pode excluir essa
conjuntura de suas análises. Nesse sentido, de acordo com o que
foi estudado, marque a alternativa mais adequada.
Parabéns! A alternativa A está correta.
A perspectiva da representatividade tem sido debatida como uma
forma de romper a reafirmação da desigualdade racial. A cada
momento em que o sujeito se vê presente, se vê capaz, se sente
parte do tecido social, mais facilmente podemos estabelecer a
trajetória histórica da exclusão.
Considerações �nais
A
Estudos históricos demonstram que as crianças, ao
perceberem nos brinquedos, nas lojas e nos meios
de comunicação que o belo é o que eles não são,
acabam crescendo com um olhar que nega a si, seja
o seu cabelo, sejam os seus traços.
B
Meninas e meninos negros enfrentam os mesmos
problemas de desigualdade racial e os mesmos
obstáculos no processo de escolarização e no
mercado de trabalho.
C
A política de filtragem racial é uma prática análoga
para brancos e negros no processo de seleção para
as vagas de trabalho, considerando a aparência
física de cada um.
D
Nas escolas, a partir da Lei 10639/03, os estudos
sobre a escravidão negra no Brasil passaram a ser
vistos por crianças e adolescentes negros como
referência para suas vidas.
E
A separação é uma demanda dos dois movimentos,
por parte de professores e intelectuais.
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A escravização, a exploração dos sujeitos, as violências associadas ao
racismo e os processos de exclusão têm marcas profundas em nossa
história. A maior parte da população brasileira é negra ou descendente,
mas sua história, seu posicionamento nas escolas, seus papéis sociais
ainda são vistos como se estivéssemos nos referindo a uma minoria.
Negros não são uma minoria, são uma população historicamente
excluída, sem direito à educação ou à sua escola.
O racismo não foi superado, e se quisermos uma solução, o primeiro
passo é reconhecer a existência dele. Depois, permitir que a voz do
negro possa ser ouvida por meio de suas lutas e perspectivas.
Podcast
Para encerrar, ouça um resumo dos principais aspectos abordados no
conteúdo.

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Confira as indicações que separamos especialmente para você!
Campanha Vidas Negras ‒ Pelo fim da violência contra a juventude
negra no Brasil: Nacoesunidas, 2017. Publicado em: mai. 2017.
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-
Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
Portal.inep.gov.br, 2020. Publicado em: out. 2004.
Imprensa Negra, coleção de jornais disponibilizada no Portal da
Imprensa Negra Paulista da Universidade de São Paulo. O portal reúne
periódicos produzidos no período de 1903 a 1963. O jornal mais antigo é
O Baluarte, editado em Campinas. Uspnet.
Interfaces do Racismo ‒ Racismo Estrutural. YouTube.
Leia:
A cor e a raça nos censos demográficos nacionais, por Adriano
Senkevics.
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Década Internacional de Afrodescendentes, 2015-2024,
Reconhecimento, Justiça, Desenvolvimento: Nacoesunidas, 2016.
Mulheres e meninas afrodescendentes ‒ Conquistas e Desafios de
Direitos Humanos: Nacoesunidas, 2018.
Negros são maioria entre desocupados e trabalhadores informais no
país, por Akemi Nitahara.
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Alfabetização e Diversidade, 2005.
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