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Princípios do Direito Ambiental

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Princípios do Direito Ambiental
Princípio do Direito Humano
É considerado uma extensão do direito à vida; portanto, um direito humano. A Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB) de 1988 estabelece, em seu Art. 1º, III, que, entre os fundamentos do Estado Democrático de Direito, está o da dignidade da pessoa humana, o fundamento precípuo de todo o sistema constitucional.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana. (BRASIL, 1988.)
O Princípio Fundamental do Direito Humano está vinculado ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (como direito fundamental à sadia qualidade de vida), o qual deve ser protegido para as gerações presentes e futuras, conforme dispõe o Art. 225, caput, da CRFB. Também está previsto na Declaração de Estocolmo como princípio comum para inspirar e guiar os povos do mundo na preservação e na melhoria do meio ambiente.
Dentro da Declaração de Estocolmo, esse princípio encontra-se consagrado nos Princípios nº 1 e nº 8, que dispõem:
Princípio 1 - O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de vida adequadas, em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna, gozar de bem-estar e é portador solene de obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente, para as gerações presentes e futuras.
[...]
Princípio 8 - O desenvolvimento econômico e social é indispensável para assegurar ao homem um ambiente de vida e trabalho favorável e criar, na Terra, as condições necessárias à melhoria da qualidade de vida. (BRASIL, 1972.)
Quanto à Declaração Rio-92, esse princípio encontra amparo no Princípio nº 1, o qual esclarece que “os seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva em harmonia com a natureza”.
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), Lei nº 6.938/81, em seu Art. 2°, assim dispõe sobre esse princípio:
A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana. (BRASIL, 1981.)
Sirvinskas (2018) destaca que
“há crítica a esse princípio, pois o acesso ao meio ambiente ecologicamente equilibrado deve ser preservado para todas as formas de vida, e não só a humana. Cuida-se de uma visão biocêntrica e não somente antropocêntrica”.
Princípio do Desenvolvimento Sustentável
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O conceito de desenvolvimento sustentável foi apresentado ao mundo em 1987, por meio do relatório intitulado Nosso Futuro Comum, também conhecido como Relatório de Brundtland. Nele, a expressão em destaque é conceituada como
“o desenvolvimento que encontra as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades”.
Trata-se de um dos mais importantes princípios do Direito Ambiental. O Princípio do Desenvolvimento sustentável procura coadunar proteção ao meio ambiente com desenvolvimento socioeconômico, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida de todos nós.
A CRFB/88 expressa esse princípio ao referenciar o dever de defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações. No caput do Art. 225, a Constituição afirma que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Ainda a Constituição, no capítulo da Ordem Econômica, também faz menção à defesa do meio ambiente ao afirmar que a ordem econômica fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observada, dentre outros princípios, a proteção ambiental, conforme disposto no Art. 170, VI, da CRFB:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
[...]
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação. (BRASIL, 1988.)
O desenvolvimento sustentável exige dos governos políticas públicas de saneamento, educação ambiental, fiscalização no efetivo cumprimento das normas ambientais, diminuição do consumismo, eliminação da pobreza e da poluição.
Princípio da Ubiquidade
Por meio desse princípio, o bem ambiental não encontra qualquer fronteira; ele está presente em todos os lugares, fruto principalmente de sua natureza difusa. Como escreve Rodrigues (2018),
“por sua característica difusa de bem onipresente e de titularidade fluida, o bem ambiental jamais fica delimitado a uma determinada circunscrição espacial ou temporal”. Rodrigues (2018),
Esse princípio evidencia que o objeto de proteção do meio ambiente deve ser levado em consideração sempre que uma política, atuação, legislação sobre qualquer tema, atividade ou obra tiver de ser criada e desenvolvida. Isso ocorre porque o Direito Ambiental tutela a vida e a qualidade de vida; assim, tudo que se pretende fazer, criar ou desenvolver deve, antes, passar por uma consulta ambiental para saber se há ou não possibilidade de degradação ao meio ambiente.
Princípio da Cooperação
É indispensável cooperar para controlar, evitar, reduzir e eliminar eficazmente os efeitos prejudiciais que determinadas atividades produzam no meio ambiente.
Esse princípio está previsto nos Princípios nº 22 e nº 24 da Conferência de Estocolmo. Reza a redação do Princípio 22 da citada Conferência:
Os Estados devem cooperar para continuar desenvolvendo o direito internacional, no que se refere à responsabilidade e à indenização das vítimas da poluição e outros danos ambientais, que as atividades realizadas dentro da jurisdição ou sob controle de tais Estados, causem às zonas situadas fora de sua jurisdição. (BRASIL, 1972.)
Já o Princípio 24 estabelece: “Todos os países, grandes e pequenos, devem ocupar-se com espírito e cooperação e em pé de igualdade das questões internacionais relativas à proteção e melhoramento do meio ambiente”.
Quanto à Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, estabelecida na Rio-92, o Princípio da Cooperação está previsto em diversos princípios. São eles: Princípios nº 5, nº 7, nº 9 e nº 12.
Princípio 5: Todos os Estados e todos os povos cooperarão na tarefa fundamental de erradicar a pobreza como condição indispensável ao desenvolvimento sustentável, por forma a reduzir as disparidades nos níveis de vida e melhor satisfazer as necessidades da maioria dos povos do mundo.
[...]
Princípio 7: Os Estados cooperarão com espírito de parceria global para conservar, proteger e recuperar a saúde e integridade do ecossistema da Terra. Tendo em conta as diferentes contribuições para a degradação ambiental global, os Estados têm responsabilidades comuns, mas diferenciadas. Os países desenvolvidos reconhecem a responsabilidade que lhes cabe na procura do desenvolvimento sustentável a nível internacional, considerando as pressões exercidas pelas suas sociedades sobre o ambiente global e as tecnologias e os recursos financeiros de que dispõem.
[...]
Princípio 9: Os Estados deverão cooperar para reforçar as capacidades próprias endógenas necessárias a um desenvolvimento sustentável, melhorando os conhecimentos científicos através do intercâmbio de informações científicas e técnicas, e aumentando o desenvolvimento, a adaptação, a difusão e a transferência de tecnologias incluindo tecnologias novas e inovadoras.
[...]
Princípio 12: Os Estados deverão cooperar na promoção de um sistema econômico internacional aberto e apoiado que conduza ao crescimento econômico eao desenvolvimento sustentável em todos os países de forma a melhor tratar os problemas de degradação ambiental. As medidas de política comercial motivadas por razões ambientais não devem constituir um instrumento de discriminação arbitrária ou injustificada ou uma restrição disfarçada ao comércio internacional. As ações unilaterais para lidar com desafios ambientais fora da área de jurisdição do país importador devem ser evitadas. As medidas ambientais para lidar com problemas ambientais transfronteiriços ou globais devem, tanto quanto possível, ser baseados num consenso internacional. (BRASIL, 1992.)
Perante as Conferências Internacionais da Organização das Nações Unidas, esse princípio busca a cooperação entre os países, seja por meio da cooperação técnica e científica para diminuir a degradação do meio ambiente, seja por uma cooperação social a fim de reduzir a pobreza mundial, o consumismo e a poluição em todas as suas formas. Em nosso país, a cooperação é entre o poder público em todas as esferas da federação e também as empresas na busca da preservação e proteção do meio ambiente.
A CRFB/1988, em seu Art. 4°, IX, estabelece o Princípio da Cooperação ao disciplinar: “A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos Princípios da Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade”.
Princípio da Participação ou Democrático
Esse princípio assegura a todos os cidadãos o direito pleno de participar na elaboração de políticas públicas ambientais. São mecanismos de participação popular na elaboração de políticas públicas ambientais:
1. A participação de iniciativa popular nos procedimentos legislativos, a realização de referendos sobre leis e a atuação de representantes da sociedade civil em órgãos colegiados dotados de poderes normativos.
2. A atuação direta da sociedade na defesa do meio ambiente, participando na formulação e na execução de políticas ambientais, mediante ação de representantes da sociedade civil em órgãos colegiados responsáveis pela formulação de diretrizes e pelo acompanhamento da execução de políticas públicas.
3. A participação popular direta na proteção do meio ambiente, a utilização de instrumentos processuais que permitem a obtenção da prestação jurisdicional na área ambiental e que estão à disposição do cidadão e da coletividade brasileira na tutela do meio ambiente, como a Ação Popular, a Ação Civil Pública e o Mandado de Segurança Coletivo.
A participação popular e o acesso à informação são elementos básicos para garantir a proteção do meio ambiente e um permanente envolvimento nas questões ambientais.
Esse princípio está previsto no Princípio nº 10 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que narra:
A melhor forma de tratar as questões ambientais é assegurar a participação de todos os cidadãos interessados ao nível conveniente. Ao nível nacional, cada pessoa terá acesso adequado às informações relativas ao ambiente detidas pelas autoridades, incluindo informações sobre produtos e atividades perigosas nas suas comunidades, e a oportunidade de participar em processos de tomada de decisão. Os Estados deverão facilitar e incentivar a sensibilização e participação do público, disponibilizando amplamente as informações. O acesso efetivo aos processos judiciais e administrativos, incluindo os de recuperação e de reparação, deve ser garantido. (BRASIL, 1992.)
Princípio da Educação Ambiental
Educação ambiental está outorgada nas seguintes legislações: CRFB/1988, no Art. 225, §1°, VI; na Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental; e na Política Nacional do Meio Ambiente, Lei nº 6.938/81, em seu Art. 2º, X, que expressam:
CRFB, Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
[...]
VI - Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente. (BRASIL, 1988.)
Lei 6.938/81, Art. 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no país, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:
[...]
X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. (BRASIL, 1981.)
Perante a Carta Constitucional para assegurar a efetividade do direito de preservar e defender o meio ambiente, deve o poder público promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente.
A Lei nº 9.795/99, que dispõe sobre a Educação Ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental, em seu Art. 1°, conceitua a educação ambiental como sendo “os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”.
A norma continua em seu Art. 2° esclarecendo que “a educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal”.
Segundo o Art. 5° da Política Nacional de Educação Ambiental, são objetivos fundamentais da educação ambiental:
I. o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos.
II. a garantia de democratização das informações ambientais.
III. o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social.
IV. o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania.
V. o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade.
VI. o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia.
VII. o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade. (BRASIL, 1999.)
A norma também estabelece princípios próprios instituídos no Art. 4° e seus incisos. São eles:
I. enfoque humanista, holístico, democrático e participativo.
II. concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o sócio econômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade.
III. o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade.
IV. a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais.
V. a garantia de continuidade e permanência do processo educativo.
VI. permanente avaliação crítica do processo educativo.
VII. abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais.
VIII. o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural. (BRASIL, 1999.)
O Princípio da Educação Ambiental está previsto na Declaração de Estocolmo, no Princípio nº 19, que consagra:
É indispensável um trabalho de educação em questões ambientais, visando tanto às gerações jovens como os adultos, dispensando a devida atenção ao setor daspopulações menos privilegiadas, para assentar as bases de uma opinião pública, bem informada e de uma conduta responsável dos indivíduos, das empresas e das comunidades, inspirada no sentido de sua responsabilidade, relativamente à proteção e melhoramento do meio ambiente, em toda a sua dimensão humana. (Brasil, 1972.)
Princípio do Poluidor-Pagador
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Um dos principais princípios do Direito Ambiental, ele impõe ao poluidor o dever de arcar com as despesas de evitar a ocorrência de danos ambientais (caráter preventivo) e, ocorrido o dano, em razão da atividade desenvolvida, ser responsável por sua reparação (caráter repressivo).
Objetiva evitar o dano (caráter preventivo), mas, uma vez ocorrido, deverá ser responsabilizado (caráter repressivo). Assim, o poluidor terá de arcar com todo o prejuízo, de forma integral, pelos danos que causou ao bem ambiental.
Como escreve Thomé (2019), esse princípio é
considerado como fundamental na política ambiental, pode ser entendido como um instrumento econômico que exige do poluidor, uma vez identificado, suportar as despesas de prevenção, reparação e repressão dos danos ambientais.
Para sua aplicação, os custos sociais externos que acompanham o processo de produção (v.g. valor econômico decorrentes de danos ambientais) devem ser internalizados, ou seja, o custo resultante da poluição deve ser assumido pelos empreendedores de atividades potencialmente poluidoras, nos custos da produção. Assim, o causador da poluição arcará com os custos necessários à diminuição, eliminação ou neutralização do dano ambiental. (THOMÉ, 2019.)
Tem como fundamento legal o Art. 14, § 1º, da Lei nº 6.938/81, e o Art. 225, § 3º, da CRFB:
Lei 6.938/81, Art. 14
§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. (BRASIL, 1981.)
CRFB, Art. 225
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. (BRASIL, 1988.)
Sirvinskas (2018) ressalva que “o fato de o poluidor ser obrigado a reparar os danos causados não significa que ele poderá continuar a poluir”. E continua o autor: “Não sendo possível a recomposição, o poluidor deverá ressarcir os danos em espécie, cujo valor deverá ser depositado no fundo para o meio ambiente”.
O Princípio do Poluidor-Pagador tem como fundamento o Princípio nº 13 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, o qual prevê que
os Estados irão desenvolver legislação nacional relativa à responsabilidade e à indenização das vítimas de poluição e de outros danos ambientais. Os Estados irão também cooperar, de maneira expedita e mais determinada, no desenvolvimento do direito internacional no que se refere à responsabilidade e à indenização por efeitos adversos dos danos ambientais causados, em áreas fora de sua jurisdição, por atividades dentro de sua jurisdição ou sob seu controle. (BRASIL, 1992.)
O Princípio nº 16 da Declaração do Rio também abraçou esse princípio ao consagrar que
as autoridades nacionais deverão esforçar-se por promover a internalização dos custos ambientais e a utilização de instrumentos econômicos, tendo em conta o princípio de que o poluidor deverá, em princípio, suportar o custo da poluição, com o devido respeito pelo interesse público e sem distorcer o comércio e investimento internacionais. (BRASIL, 1992.)
Princípio do Usuário-Pagador
Consiste na cobrança de um valor econômico pela utilização de um bem ambiental. Esse princípio estabelece que quem utiliza o recurso ambiental deve suportar seus custos. Tal valor não se deve constituir, porém, em uma taxa abusiva ou em enriquecimento sem causa.
Sirvinskas (2018) destaca que tal princípio “está relacionado ao usuário de um serviço público qualquer. Ou seja, só deve pagar pelo serviço o usuário efetivo do bem, por exemplo, a água, o esgoto etc.”.
Não tem a natureza reparatória e punitiva prevista no princípio do Poluidor-Pagador, pois não está associado a infração ou ilicitude.
A Lei nº 6.938/81, em seu Art. 4º, VII, dispõe que a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) visará “à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos” (grifo nosso).
Princípio da Prevenção
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A prevenção refere-se ao dano conhecido. Ocorre quando o perigo é certo e se tem elementos seguros para afirmar que uma atividade específica é efetivamente perigosa.
Nesse caso, existe o conhecimento dos efeitos de determinadas atividades e das medidas que se impõem no sentido de evitá-las ou, pelo menos, minimizá-las.
Esse princípio tem o objetivo de impedir a ocorrência de danos ao meio ambiente, adotando-se medidas acautelatórias prévias à instalação, obra ou implantação de determinado empreendimento ou atividade considerada efetiva ou potencialmente poluidora.
O Princípio da Prevenção está previsto no caput do Art. 225 da Constituição Federal de 1988, ao narrar que é dever do Poder Público e da coletividade defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações.
Exemplo
Exemplo de aplicação do Princípio da Prevenção é o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente.
Thomé (2019) disciplina que esse princípio é
orientador no Direito Ambiental, enfatizando a prioridade que deve ser dada às medidas que previnam (e não simplesmente reparem) a degradação ambiental. A finalidade ou o objetivo principal do princípio da prevenção é evitar que o dano possa chegar a produzir-se. Para tanto, necessário se faz adotar medidas preventivas. (THOMÉ, 2019.)
Princípio da Precaução
Por esse princípio, não existe prova definitiva de que o dano ao meio ambiente ocorrerá. Trata-se de mera possibilidade, ameaça de que o dano ambiental irá materializar-se.
Como escreve Thomé (2019),
“o Princípio da Precaução é considerado uma garantia contra os riscos potenciais que, de acordo com o estado atual do conhecimento, não podem ser ainda identificados”. Thomé (2019)
Segundo Milaré (2018),
a invocação do Princípio da Precaução é uma decisão a ser tomada quando a informação científica é insuficiente, inconclusiva ou incerta e haja indicações de que os possíveis efeitos sobre o meio ambiente, a saúde das pessoas ou dos animais ou a proteção vegetal possam ser potencialmente perigosos e incompatíveis com o nível de proteção escolhido. (MILARÉ, 2018.)
O Princípio da Precaução decorre do Princípio nº 15 da Declaração do Rio, assim descrito:
Para que o ambiente seja protegido, será aplicada pelos Estados, de acordo com as suas capacidades, medidas preventivas. Onde existam ameaças de riscos sérios ou irreversíveis não será utilizada a falta de certeza científica total como razão para o adiamento de medidas eficazes em termos de custo para evitar a degradação ambiental. (BRASIL, 1992.)
ATENÇÃO
O Princípio da Precaução não deve ser confundido com o princípio da Prevenção, muito embora possa ser entendido, para alguns autores, como um desdobramento deste. O Princípio da Prevenção pressupõe uma razoável previsibilidade dos danos que poderão ocorrer a partir de um determinado impacto; já o Princípio da Precaução pressupõe, ao contrário, uma razoável imprevisibilidade dos danos que poderão ocorrer, dada a incerteza científica dos processos ecológicos envolvidos.
Princípio da Responsabilidade Ambiental
Engloba a responsabilidade civil, penal e administrativa da pessoa física e da pessoa jurídica que causa dano ao meio ambiente. É possível que uma única conduta lesiva ao meio ambiente impute ao causador do dano responsabilidade civil, penal e administrativa. Essas responsabilidades podem ocorrer de formaindividual ou cumulativamente.
O Princípio da Responsabilidade Ambiental teve sua origem na responsabilidade objetiva consagrada no Art. 14, § 1º, da Lei nº 6.938/81 (PNMA), e no § 3º do Art. 225 da Constituição Federal de 1988.
PNMA, Lei nº 6.938/91, Art 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores:
§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente. (BRASIL, 91.)
CRFB, Art. 225
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. (BRASIL, 1988.)
Por esse princípio, o poluidor, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responderá por suas ações ou omissões que causarem dano ao meio ambiente, ficando sujeito a sanções cíveis, penais ou administrativas.
Princípio da Obrigatoriedade da Intervenção Estatal na Defesa do Meio Ambiente
Dispõe o Art. 225, caput, da Constituição Federal que cabe ao poder público o dever de defender e preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações. Nesse sentido, tal princípio decorre da natureza indisponível do direito ao meio ambiente saudável. Segundo Thomé (2019) Ele tem por base a atuação obrigatória do Estado na proteção ambiental em decorrência da natureza indisponível do meio ambiente, “cuja proteção é reconhecida hoje como indispensável à dignidade e à vida de toda pessoa – núcleo essencial dos direitos fundamentais” (THOMÉ, 2019).
Está disciplinado no Art. 174 da Constituição Federal de 1988:
“Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado” (BRASIL, 1988).
Também consta no Princípio 17 da Declaração de Estocolmo de 1972 que se deve
“confiar às instituições nacionais competentes a tarefa de planificar, administrar e controlar a utilização dos recursos ambientais dos Estados, com o fim de melhorar a qualidade do meio ambiente” (BRASIL, 1972).
Tais dispositivos consignam expressamente o dever do Poder Público em atuar na defesa do meio ambiente, tanto no âmbito administrativo, quanto no âmbito legislativo e até no jurisdicional, cabendo ao Estado adotar as políticas públicas e os programas de ação necessários para cumprir esse dever imposto.
Princípio do Equilíbrio Resultado Global
Por meio dele, determina-se que sejam pesadas todas as implicações de uma intervenção no meio ambiente, buscando-se adotar a solução que melhor concilie um resultado globalmente positivo. Tendo como característica básica a ponderação de valores, esse princípio é voltado para a Administração Pública, a qual deve sopesar todas as causas que podem ser desencadeadas por determinada intervenção no meio ambiente, adotando-se a solução que busque o desenvolvimento sustentável.
Princípio do Limite
É o princípio pelo qual a Administração Pública tem o dever de fixar parâmetros para as emissões de partículas, de ruídos e de presença de corpos estranhos no meio ambiente, levando em conta a proteção da vida e do próprio meio ambiente. Está diretamente ligado ao exercício do Poder de Polícia do Estado, pois cabe a este fiscalizar e orientar a sociedade quanto aos limites em usar e aproveitar o bem ambiental.
Segundo Milaré (2018), esse princípio “resulta de intervenções necessárias à manutenção, preservação e restauração dos recursos ambientais com vista à sua utilização racional e disponibilidade permanente”.
Tal princípio possui fundamento no Art. 225, §1°, V, da Constituição Federal, e no Art. 9°, I, da Lei nº 6.938/81 (PNMA).
CRFB, Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
[...]
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente. (BRASIL, 1988.)
PNMA, Lei n. 6.938/91, Art 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:
I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental. (BRASIL, 1991.)
Princípio da Função Socioambiental da Propriedade Privada
Consagra a sobreposição do interesse público ao interesse privado. O poder estatal (em tese, ilimitado) será limitado todas as vezes que atingir direitos e garantias individuais. Contudo, o interesse na proteção do meio ambiente, por ser de natureza pública, deve prevalecer sempre sobre os interesses individuais privados, ainda que legítimos.
A Constituição Federal de 1988, ao mesmo tempo em que garante o Direito de Propriedade em seu Art. 5º, XXII, deixa claro que este tem uma função social a cumprir, prevista tanto no Art. 5º, XXIII, quanto no Art. 170, III, no Art. 182, §2º (função social da propriedade urbana), e no Art.186, II (função social da propriedade rural).
CRFB, Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
XXII - é garantido o direito de propriedade.
CRFB, Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social.
CRFB, Art. 170 - A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
III - função social da propriedade.
CRFB, Art. 182 - A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.
§ 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.
CRFB, Art. 186 - função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
[...]
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente. (BRASIL, 1988.)

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