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Professor(a) Esp. Heloiza Helen da Silva ZOOLOGIA GERAL REITORIA Prof. Me. Gilmar de Oliveira DIREÇÃO ADMINISTRATIVA Prof. Me. Renato Valença DIREÇÃO DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Me. Daniel de Lima DIREÇÃO DE ENSINO EAD Profa. Dra. Giani Andrea Linde Colauto DIREÇÃO FINANCEIRA Eduardo Luiz Campano Santini DIREÇÃO FINANCEIRA EAD Guilherme Esquivel COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Profa. Ma. Luciana Moraes COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Profa. Ma. Luciana Moraes COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Me. Jeferson de Souza Sá COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal COORDENAÇÃO DE PLANEJAMENTO E PROCESSOS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA EAD Profa. Ma. Sônia Maria Crivelli Mataruco COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS Luiz Fernando Freitas REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Caroline da Silva Marques Eduardo Alves de Oliveira Jéssica Eugênio Azevedo Marcelino Fernando Rodrigues Santos PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Bruna de Lima Ramos Hugo Batalhoti Morangueira Vitor Amaral Poltronieri ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO André Oliveira Vaz DE VÍDEO Carlos Firmino de Oliveira Carlos Henrique Moraes dos Anjos Kauê Berto Pedro Vinícius de Lima Machado Thassiane da Silva Jacinto FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP S586z Silva, Heloiza Helen da Zoologia geral / Heloiza Helen da Silva Paranavaí: EduFatecie, 2023. 98 p.: il. Color. 1. Zoologia. 2. Invertebrados. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. CDD: 23. ed. 591 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 As imagens utilizadas neste material didático são oriundas dos bancos de imagens Shutterstock . 2023 by Editora Edufatecie. Copyright do Texto C 2023. Os autores. Copyright C Edição 2023 Editora Edufatecie. O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. https://www.shutterstock.com/pt/ 3 Professor(a) Esp. Heloiza Helen da Silva • Especialista Em Gestão Ambiental em Municípios (UTFPR) • Especialista em Biologia: Morfofisiologia do Organismo Humano e sua Integra- ção com o Meio Ambiente (FAFIJAN) • Habilitação em Biologia (UNIPAR) • Ciências (FAFIPA) Trabalhou como professora efetiva do Ensino Fundamental e Médio nas modalida- des Regular e Educação de Jovens e Adultos e atuou na Secretaria de Estado da Educação no setor de Legislação Escolar. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/0202267381493791 AUTOR http://lattes.cnpq.br/0202267381493791 4 É muito bom ter você aqui! Seja bem-vindo(a)! Novos projetos sempre nos propõem grandes desafios, e estudar o Reino Animal — grupo com maior número de representantes dentre os seres vivos, desde a sua forma mais simples até a mais complexa, permeando de sua origem e evolução, sua estrutura morfofisiológica e suas interações entre si e com o meio em que vivem possibilitará, além de conhecimento científico, o despertar de condutas para a conservação e manejo da biodiversidade, pois o equilíbrio do planeta está diretamente ligado à diversidade animal. O ramo da Biologia especializado no estudo científico das espécies animais (vivas ou extintas) chama-se Zoologia. Com o intuito de proporcionar uma melhor compreensão e assimilação das infor- mações vamos apresentar os conteúdos em quatro unidades. Na unidade I, iniciaremos com o conceito e a importância da Zoologia, onde tere- mos uma visão geral da diversidade animal, conhecendo sua classificação e a importância da Nomenclatura Científica para atribuição de nomes às espécies. Na unidade II, embarcaremos no complexo mundo dos invertebrados, onde estuda- remos os Protozoários (primeiros seres vivos considerados animais); Poríferos — conheci- dos como esponja; Cnidários, comumente representados pelas águas-vivas; Platelmintos e Nematelmintos, ambos popularmente conhecidos como vermes. Na unidade III, continuaremos no mundo dos invertebrados, onde serão estudados os Anelídeos, onde o representante mais conhecido e de grande importância agrícola é a minhoca; os Moluscos, animais de corpo mole e facilmente identificados pelo rastro que deixam por onde passam; os Artrópodes — maior grupo de animais catalogados e os Equinodermos — exclusivamente marinhos. Na unidade IV, serão estudados os animais Vertebrados, que inclui os Peixes — to- dos aquáticos; os Anfíbios — animais de vida dupla; os Répteis — primeiros animais exclusi- vamente terrestres; as Aves e Mamíferos — ambos com capacidade de manter a temperatura corporal. Os vertebrados são de grande importância na saúde, economia e lazer. Após esta breve apresentação dos assuntos que serão estudados, desejo que jamais lhe falte motivação e que você possa, ao longo dessa caminhada, intensificar e implementar seu conhecimento. Bom estudo! APRESENTAÇÃO DO MATERIAL 5 UNIDADE 4 A Diversidade Mais Complexa do Reino Animal Invertebrados — Uma Variedade de Seres Vivos — Parte II UNIDADE 3 Invertebrados — Uma Variedade de Seres Vivos — Parte I UNIDADE 2 O Estudo Científico dos Animais UNIDADE 1 SUMÁRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • Introdução À Zoologia • Classificação e nomenclatura zoológica Objetivos da Aprendizagem • Conceituar Zoologia e perceber sua importância para a preservação da fauna e flora existentes em nosso planeta; • Contemplar a magnitude da diversidade animal; • Conhecer alguns sistemas de classificação dos seres vivos ao longo dos tempos e a importância dessa organização para os estudos; • Compreender o objetivo da Nomenclatura Científica; • Aprender as principais regras utilizadas na designação científica dos seres vivos. Professor(a) Esp. Heloiza Helen da Silva O ESTUDO CIENTÍFICO O ESTUDO CIENTÍFICO DOS ANIMAISDOS ANIMAIS1UNIDADEUNIDADE INTRODUÇÃO 7O ESTUDO CIENTÍFICO DOS ANIMAISUNIDADE 1 Olá! Seja bem-vindo(a) a nossaPrimeira Unidade da disciplina de Zoologia Geral. É com grande satisfação que preparo este material de estudo e início lhe questio- nando: você já parou para observar a diversidade de vida que nos cerca, quantas espécies já passaram pelo nosso planeta e quantas estão aqui e ainda não conhecemos? Como essas espécies estão ligadas à existência humana? Como garantir a sustentabilidade do planeta? O que nos diferencia dos demais animais? Como explicamos essa grande diversi- dade de seres vivos? Qual a importância dos animais para a economia? A ciência que estuda a vida em seus mais variados aspectos e procura responder a esses e outros questionamentos é a Biologia e devido a sua complexidade é subdividida em várias áreas, entre elas está a Zoologia que estuda especificamente o Reino Animal. O equilíbrio dos ecossistemas está diretamente ligado à interação das espécies entre si e com o meio, por isso a necessidade de conhecer as características gerais e específicas dos animais desde os tempos primórdios, vem de encontro com condutas a fim de minimizar prejuízos para o meio ambiente e até mesmo para a economia. Também sabemos que os seres vivos são “batizados” pela população, o que oca- siona um mesmo ser vivo receber vários nomes dentro de um país e pelo mundo. Então, com o objetivo de favorecer os estudos, um outro ramo dentro da Biologia é responsável por organizar esses seres vivos em categorias, agrupando-os de acordo com suas caracte- rísticas comuns, bem como por suas relações de parentesco evolutivo e também fazendo a identificação através da Nomenclatura Científica — que é adotada internacionalmente e obedece às mesmas regras — o que permite a comunicação entre diversos profissionais. Espero que esteja animado(a) para iniciar essa fantástica viagem pela nossa Biodi- versidade, em especial pelo mundo animal. INTRODUÇÃO À ZOOLOGIA1 TÓPICO 8O ESTUDO CIENTÍFICO DOS ANIMAISUNIDADE 1 1.1. O que é Zoologia Segundo o Dicionário Etimológico, a palavra Zoologia é proveniente do grego zoon = “animal” e logos = “estudo”, ou seja, ciência que estuda os animais em seus múltiplos aspectos. A proximidade do homem com os animais, uma vez que apresenta grande depen- dência deles para alimentação, vestuário, trabalho e até mesmo companhia, o fez zoólogo por natureza (BARSA, 1997). Um dos primeiros destaques como naturalista foi Plínio, o Velho […] “que resumiu os conhecimentos zoológicos de sua época na obra História naturalis, na qual reuniu inú- meras descrições de animais, uns reais e outros mitológicos” […] (BARSA, 1997, p. 500). Ferigolo (2011, Site Globo Ciência) fala sobre o início das pesquisas em Zoologia: Considerado o Pai da Zoologia, Aristóteles foi um profundo pesquisador do reino animal, chegando a estudar, com grande riqueza de detalhes, as es- truturas anatômicas de mais de 500 espécies. […] Foi ele quem criou a ana- tomia comparada para estudar os animais e compreendê-los por meio da distinção. O método comparativo aparece pela primeira vez em Aristóteles e é utilizado até hoje, sendo a anatomia comparada a base de estudo da biologia atual.[…] 1.2 Importância da Zoologia A Zoologia vai muito além de uma ciência dentro da Biologia, pois está diretamente ligada à cultura, saúde, alimentação e economia da vida humana. Entre tantos exemplos podemos citar: • Produção de substâncias utilizadas em prevenção e/ou tratamento de enfermidades; 9O ESTUDO CIENTÍFICO DOS ANIMAISUNIDADE 1 • Como se dá a transmissão de doenças por vetores específicos; • Polinização e controle biológico de pragas nas lavouras; • Domesticação para trabalho e lazer; • Alimentação; • Indústria de calçado e vestuário; • Produção de cosméticos, etc. (BARSA, 1997) 1.3 Diversidade Animal Jr Cleveland et al. (2022, p. 150) retrata a diversidade animal da seguinte forma: Praticamente todos os principais planos corporais que vemos hoje, junto com muitos planos novos que conhecemos apenas do registro fóssil, evoluíram em um espaço de uns poucos milhões de anos. Vivendo em um mundo com espécies esparsas e livres de competição, essas novas formas de vida diver- sificaram-se, produzindo novos temas na arquitetura animal. As explosões de diversificação posteriores, que se seguiram a grandes eventos de extinção, produziram principalmente variações sobre os tipos estabelecidos. FIGURA 1 - DIVERSIDADE ANIMAL Fonte: INTRODUÇÃO ao Estudo dos Seres Vivos. Blog Biologia e Ciências na Cabeça, 2014. Disponível em: http:// quibiolegal.blogspot.com/2014/08/ Acesso em: 10 maio. 2023. Quando nos reportamos à diversidade não podemos restringir este rol apenas aos animais que nos cercam ou que ouvimos falar com certa frequência e que apresentam características gerais semelhantes. Os representantes de um mesmo grupo apresentam diferenças entre si, como cores, comportamentos, estruturas, formas, etc. É simplesmente espetacular a evolução das espécies ao longo das gerações! CLASSIFICAÇÃO E NOMENCLATURA ZOOLÓGICA2 TÓPICO 10O ESTUDO CIENTÍFICO DOS ANIMAISUNIDADE 1 2.1. Histórico da classificação dos seres vivos “O filósofo e biólogo grego Aristóteles (384 a 332 a.C.) foi o primeiro a classificar organismos de acordo com suas similaridades estruturais” (JR CLEVELAND et al., 2022, p. 194). “No século XVII, John Ray resumiu todo o conhecimento acumulado até então e acrescentou-lhes novas classificações úteis.” (BARSA, 1997, p. 495) “Um sistema taxonômico unificado para todos os animais e plantas surgiu pela pri- meira vez dois milênios depois, com o trabalho de Carolus Linnaeus (em português, Carlos Lineu)” (JR CLEVELAND et al., 2022, p. 194). Segundo a Enciclopédia Barsa, em 1758 Lineu criou regras para nomear plantas e animais, sendo essa a sua maior contribuição para o sistema de classificação. À medida que os taxonomistas começaram a aceitar a teoria da evolução pro- posta por Charles Darwin, reconheceu-se que aquilo que havia sido descrito como afinidade natural — a existência de caracteres semelhantes — podia ser explicado como uma relação estabelecida por descendência evolutiva. Fez-se então a passagem do sistema natural de classificação na época vi- gente para o sistema filogenético atual. (BARSA, 1997, p. 495) FIGURA 2 - ARISTÓTELES 11O ESTUDO CIENTÍFICO DOS ANIMAISUNIDADE 1 FIGURA 3 - JOHN RAY Fonte: BIOLOGIA Geral. Blog Trabalhos para a Graduação na Univesp, 2015. Disponível em: http://univesp-katia- regina.blogspot.com/2015/10/biologia-geral-2-semana.html Acesso em: 10 maio. 2023. FIGURA 4 - LINEU Fonte: CLASSIFICAÇÃO e evolução Carolus Linnaeus e a sistemática. Blog Biologia para a Vida, 2020. Disponível em: http://segundocientista.blogspot.com/2015/02/classificacao-e-evolucao-carolus.html Acesso em: 10 maio. 2023. 2.1.1 Taxonomia Taxonomia é o ramo da biologia que se ocupa da identificação, nomenclatura e classificação dos seres vivos e extintos (BARSA, 2017, p. 494). O grupo nomeado em qualquer nível da hierarquia é chamado de táxon (URRY et al., 2022, p.554). Os biólogos trabalham com pequenos grupos de seres vivos para determi- nar quão similares são os diferentes tipos de organismos. Daí a criação da hierarquia taxonômica, um sistema de nomenclatura que classifica os orga- nismos por suas relações evolutivas. Dentro dessa hierarquia, os seres vivos são organizados do maior grupo, mais inclusivo, para o menor grupo, menos inclusivo. (KRATZ, 2020, p.12) A seguir, segundo Kratz (2020), a hierarquia taxonômica do maior para o menor: Domínios: Agrupam organismos segundo características fundamentais, como estrutura celular e química. Reinos: Classificam os organismos em função de características do desenvolvi- mento e estratégia nutricional. Filos: Separam os organismos com base nas características específicas que defi- nem os principais grupos dentro dos reinos. 12O ESTUDO CIENTÍFICO DOS ANIMAISUNIDADE 1 Classes: Agrupam os organismos de acordo com as características que definem os principais grupos dentro dos filos. Ordens:Classificam os organismos com base em características determinantes que definem os principais grupos dentro da classe. Famílias: Distinguem os organismos com base nas características diferenciadoras que definem os principais grupos dentro da ordem. Gêneros: Diferenciam os organismos com base nas características que definem os principais grupos dentro da família. Espécies: Separam os organismos eucarióticos com base na possibilidade de se reproduzirem uns com os outros. FIGURA 5: HIERARQUIA TAXONÔMICA Fonte: Urry et al. (2022, p.554). 2.1.1.1 Classificação e sistematização A taxonomia se fundamenta em dois princípios gerais: (1) o princípio da descen- dência, que admite relações genéticas; e (2) o princípio da evolução, onde características se acumulam ao longo das gerações. (BARSA, 2017) Conforme abordado por Cleveland (2022), classificar significa agrupar conforme caracte- rísticas em comum; já sistematizar é reunir conforme a evolução a partir de um ancestral comum. 13O ESTUDO CIENTÍFICO DOS ANIMAISUNIDADE 1 A filogenia estuda as relações evolutivas entre os organismos. […] procura estabe- lecer linhas em que se reflitam a descendência e o grau de parentesco entre espécies de seres vivos do passado e do presente […] (BARSA, vol. 6, p. 274) […]uma árvore filogenética representa uma hipótese acerca das relações evo- lutivas. Essas relações com frequência são representadas como uma série de dicotomias, ou pontos de ramificação de duas vias. Cada ponto de ramifica- ção representa o ancestral comum às duas linhagens evolutivas que diver- gem dele. Uma linhagem evolutiva é uma sequência de organismos ancestrais que leva a um determinado táxon descendente. (URRY et al., 2022, p.555). FIGURA 6: ÁRVORE FILOGENÉTICA Fonte: RUSSO, C. A. M. Filogenia, um retrato da evolução das espécies. Ciência Hoje, 2020. Disponível em: https:// cienciahoje.org.br/artigo/filogenia-um-retrato-da-evolucao-das-especies/ Acesso em: 10 maio. 2023. 2.2. Nomenclatura Científica A humanidade sempre “batizou” os seres vivos que a cerca, porém a nomenclatura popular é muito variável tanto em dialetos como idiomas. Assim surgiu a necessidade de uma nomenclatura única que facilitasse a comunicação entre os estudiosos dos seres vivos. Nomenclatura é a atribuição de nomes (nome científico) a organismos e às cate- gorias nas quais são classificados. O nome científico é aceito em todas as línguas, e cada nome aplica-se apenas a uma espécie. 2.3. Regras de nomenclatura zoológica Segundo Linhares (2011) para que a classificação fosse uniforme, foi convencionada uma série de regras que devem ser seguidas por todos os cientistas. Abaixo, algumas delas: 14O ESTUDO CIENTÍFICO DOS ANIMAISUNIDADE 1 […] “Todos os nomes científicos devem ser escritos em latim e se derivarem de outra língua, deverão ser latinizados”. (Linhares, 2011, p.15) O sistema […] é chamado de nomenclatura binomial. […] grafado em itálico (ou sublinhado, no caso de ser escrito à mão ou datilografado). A primeira palavra é o nome do gênero, com a primeira letra maiúscula; a segunda palavra […] identifica a espécie dentro do gênero, e é grafado em letras minúsculas. (JR CLEVELAND et al., 2022, p. 195) FIGURA 7: GIRAFFA CAMELOPARDALIS Fonte: https://www.pexels.com/photo/giraffe-on-meadow-against-mount-with-trees-4577486/ […] o epíteto genérico é sempre um substantivo e o epíteto específico é geralmente um adjetivo, que qualifica o gênero. Por isso, […] podemos escrever o nome genérico sozinho, desde que seguido de uma abreviatura padronizada. (AMABIS, 2010, p. 21) O epíteto da espécie nunca deve aparecer sozinho; o nome binomial completo deve ser usado para se referir a uma espécie. (JR CLEVELAND et al., 2022, p. 195) […] o mesmo nome não pode ser dado a dois gêneros distintos de animais. No entanto, o mesmo epíteto de espécie pode ser utilizado em diferentes gêneros para deno- minar espécies diferentes. FIGURA 8: PANTHERA LEO Fonte: https://www.pexels.com/photo/powerful-lion-lying-on-grass-in-zoological-garden-4168329/ https://www.pexels.com/photo/giraffe-on-meadow-against-mount-with-trees-4577486/ https://www.pexels.com/photo/powerful-lion-lying-on-grass-in-zoological-garden-4168329/ 15O ESTUDO CIENTÍFICO DOS ANIMAISUNIDADE 1 FIGURA 9: PANTHERA TIGRIS Fonte: https://www.pexels.com/photo/close-up-shot-of-a-tiger-7590796/ Segundo Amabis (2010) uma mesma espécie pode se diferenciar e formar novas populações com características próprias. Quando isso acontece surgem as subespécies ou raças geográficas. A denominação científica de uma subespécie requer um acréscimo de um terceiro termo ao binômio que designa a espécie. (AMABIS, 2010, p. 25) FIGURA 10: CANIS LUPUS ARCTOS Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/mam%c3%adfero-bonitinho-animal-3265847/ FIGURA 11: CANIS LUPUS FAMILIARIS Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/golden-retriever-filhote-de-cachorro-2706672/ https://www.pexels.com/photo/close-up-shot-of-a-tiger-7590796/ https://pixabay.com/pt/photos/mam%c3%adfero-bonitinho-animal-3265847/ https://pixabay.com/pt/photos/golden-retriever-filhote-de-cachorro-2706672/ 16O ESTUDO CIENTÍFICO DOS ANIMAISUNIDADE 1 FIGURA 12: CANIS LUPUS ARAB Fonte: https://www.pexels.com/photo/eurasian-wolf-eating-meat-13923571/ FIGURA 13: CATEGORIAS TAXONÔMICAS ÀS QUAIS PERTENCEM O SER HUMANO E O GORILA CATEGORIA LINEANA SER HUMANO GORILA Reino Animalia Animalia Filo Chordata Chordata Subfilo Vertebrata Vertebrata Classe Mammalia Mammalia Subclasse Eutheria Eutheria Ordem Primates Primates Subordem Anthropóidea Anthropóidea Família Hominidae Hominidae Subfamília - - Gênero Homo Gorilla Espécie Homo sapiens Gorilla Subespécie - - Fonte: Adaptado de: JR CLEVELAND et al., (2022, p. 194) https://www.pexels.com/photo/eurasian-wolf-eating-meat-13923571/ 17O ESTUDO CIENTÍFICO DOS ANIMAISUNIDADE 1 O homem, com suas nobres qualidades, ainda carrega no corpo a marca indelével de sua origem modesta. (Charles Darwin) A sistemática nos permite conhecer a história evolutiva da vida e a distribuição dos seres vivos no planeta. Esse conhecimento ajuda na pesquisa de novos produtos, como medicamentos que podem ser obtidos de plantas e de outros seres vivos, e na busca de novas espécies para o cultivo ou o cruzamento com espécies domésticas. Permite ainda acompanhar o nível de extinção das espécies e ajudar na preservação da biodiversidade. A análise sistemática ajuda também a compreender como a AIDS começou e a evolução do vírus HIV com- parando as sequências de nucleotídeos de várias linhagens desse vírus. A análise mostra que o HIV é se- melhante aos vírus do grupo SIV […], encontrados em chimpanzés e outros macacos, assim o vírus pode ter sido adquirido quando alguns seres humanos foram mordidos ou arranhados ao caçar chimpanzés infectados. A análise permite também identificar de quem uma pessoa contraiu o vírus ao se compararem as sequências de nucleotídeos dos vírus das pessoas envolvidas. Fonte: Linhares e Gewandsznajder (2011, p.21). 18O ESTUDO CIENTÍFICO DOS ANIMAISUNIDADE 1 Concluímos nossa primeira unidade! Este foi apenas o início da nossa viagem com um pouco da História desse maravilhoso mundo animal. Sabemos que você terá muito a pesquisar e aprender, tanto ao longo do curso como da vida, pois conforme estudamos, estamos em constante evolução. A diversidade animal vem sendo descrita desde a pré-história através das pinturas nas paredes das cavernas. Sabemos que o ser humano sempre dependeu dos demais seres vivos para sua sobrevivência, então a busca por mais conhecimentos sempre esteve presente. Sabemos que animais ocupam um lugar de destaque na vida do ser humano — que se encontra no topo da escala zoológica — desde os primórdios (alimentação, ves- tuário e proteção) até nos dias atuais como na produção de medicamentos, na economia, em atividades esportivas, entre outras. Perante tantos questionamentos sobre esse grande grupo, foi visto a necessidade de expandir a diversidadedentro da Biologia, criando-se assim áreas específicas de estudos como a Zoologia que se dedica ao estudo dos animais existentes e também dos já extintos e a Taxonomia que identifica, classifica e nomeia os seres vivos. O botânico sueco conhecido como Lineu foi o primeiro a criar uma estrutura hierárquica na qual se posicionava os seres vivos de acordo com suas características e também criou regras aplicadas universalmente para a catalogação dos mesmos. A nomenclatura deve ser binominal — gênero e espécie — e escrita em Latim, língua que não sofre modificações (língua morta). Devemos compreender que o estudo da vida, assim como a própria vida, é uma dinâmica. A cada dia novas descobertas são feitas, novos conceitos elaborados e realoca- ções ocorrem, por isso devemos sempre estar em busca e abertos a novos conhecimentos. Agradeço sua dedicação e lhe aguardo na próxima unidade! CONSIDERAÇÕES FINAIS 19O ESTUDO CIENTÍFICO DOS ANIMAISUNIDADE 1 A BIODIVERSIDADE E A EXTINÇÃO DAS ESPÉCIES A extinção é o desaparecimento de espécies, de subespécies ou de grupos de es- pécies, sejam elas animais ou vegetais. Neste trabalho objetivou-se compreender a extinção das espécies, questão abordada frequentemente em nosso cotidiano e também comumente divulgada na mídia. Tal fato pode ser ocasionado por diversos fatores tanto de ordem natural, caso de extinções em massa por catástrofes naturais como furacões e enchentes, quanto de ordem artificial, como ocorre quando o ser humano destrói o hábitat natural das espécies e estas não conseguem se adequar aos outros habitats. A degradação do meio ambiente, como ocorre quando há queimadas e caça ilícita, é uma das principais causas da extinção dos seres vivos, é necessário que se preserve a biodiversidade para que se continue com essa vasta diversidade de espécies que existe atualmente no planeta, podendo usufruir conscientemente dos recursos que a natureza nos fornece. Deve existir um comprometi- mento de todos, empresas, pessoas, comunidades, escolas, entre outros para que ocorra a preservação da biodiversidade e assim evitar a extinção das espécies e não somente ter esse comprometimento, mas também agir, ou seja, ter consciência de que é necessário cuidar do meio ambiente e fazer ações que ponham essa consciência em prática. Fonte: ROOS, A. A Biodiversidade e a Extinção das Espécies. Rev. Elet. em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental. V (7), n.º 7, p. 1494 – 1499, MAR – AGO., 2012. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/reget/article/ download/5651/3628 Acesso em: 09 mai. 2023. LEITURA COMPLEMENTAR https://periodicos.ufsm.br/reget/article/download/5651/3628 https://periodicos.ufsm.br/reget/article/download/5651/3628 MATERIAL COMPLEMENTAR 20O ESTUDO CIENTÍFICO DOS ANIMAISUNIDADE 1 FILME/VÍDEO • Título: Seleção Natural e Adaptação|Filosofia das Origens #3 • Ano: 2016. • Sinopse: Documentário produzido no Arquipélago de Galápagos, local visitado por Charles Darwin em sua viagem a bordo do navio H.M.S. Beagle, sua visita foi de fundamental importância para os estudos do naturalista. O arquipélago sofreu pouco impacto antró- pico, o que beneficia sua fauna e flora originais. • Link do vídeo: https://youtu.be/hewIbEI71iA LIVRO • Título: Princípios Integrados de Zoologia • Autor: JR., Cleveland PH.; KEEN, Susan L.; David J. Eisenhour; e outros • Editora: EDITORA GUANABARA KOOGAN LTDA. • Sinopse: Apresenta uma rica e real experiência ao descreverem a diversidade da vida animal e as fascinantes adaptações que possibilitam aos animais habitarem tantos nichos ecológicos. https://www.youtube.com/watch?v=hewIbEI71iA https://youtu.be/hewIbEI71iA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • Zoologia dos Invertebrados Objetivos da Aprendizagem • Conhecer as principais características morfofisiológicas dos Protozoa e dos Filos Porifera, Cnidaria, Platyhelminthes e Nematoda. • Caracterizar os principais grupos dos Protozoa e dos Filos Porifera, Cnidaria, Platyhelminthes e Nematoda. • Identificar algumas doenças causadas por Protozoários, Platelmintos e Nematoides, bem como seus vetores, modo de transmissão e ciclo, reconhecendo em muitas delas a importância da higiene e saneamento básico. Professor(a) Esp. Heloiza Helen da Silva INVERTEBRADOS — INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADE UMA VARIEDADE DE SERES VIVOS — DE SERES VIVOS — PARTE IPARTE I2UNIDADEUNIDADE INTRODUÇÃO 22INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADE DE SERES VIVOS — PARTE IUNIDADE 2 Saudações! Que bom encontrá-lo(a) novamente. Fico muito feliz em continuarmos essa jornada pelo fantástico mundo animal. Com certeza todos conhecemos vários animais, mas você sabia que existem mais de 1 milhão de espécies descritas e que entre elas estamos nós, os humanos? Que os cientistas acreditam que possam haver muito mais que 5 milhões de espécies viventes? Alguma vez você já parou para observar os animais que nos rodeiam? Suas características físicas, como se reproduzem, onde vivem, como ocorre a interação com os demais seres vivos, de que se alimentam, enfim, como é a vida deles? E quanto aos animais que vivem em ambientes totalmente diferentes do nosso, como, por exemplo, os animais aquáticos, de que forma se dá o seu desenvolvimento e como nós humanos estamos ligados a eles? Não podemos nos esquecer da quantidade de doenças que são transmitidas por animais, muitas delas devido à falta de higiene e de saúde pública relacionada principal- mente ao saneamento básico. É também de grande relevância destacar a importância ambiental, farmacêutica e econômica de muitas espécies animais. Neste percurso vamos aprimorar nossos conhecimentos sobre o Reino Animal, o maior e mais diversificado grupo de seres vivos. Iniciaremos pelos mais primitivos que são os Protozoários e seguiremos em direção ao grande grupo dos Invertebrados - denomina- dos destacando nessa unidade os Filos Porifera - representado pelas esponjas marinhas; Cnidaria - também conhecidos por celenterados, de vida aquática, sendo a maioria marinha; Platyhelminthes - vermes de corpo achatado; e Nematoda - vermes de corpo cilíndrico. Espero que esteja preparado(a) para novos conhecimentos e que ao final desta unidade você tenha compreendido as interações entre os organismos e o ambiente e possa relacionar os conhecimentos científicos com os aspectos culturais, sendo capaz de inter- pretar, avaliar e até mesmo planejar intervenções quando necessárias. Lembre-se de sempre consultar fontes complementares. Bom estudo! 23INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADE DE SERES VIVOS — PARTE IUNIDADE 2 ZOOLOGIA DOS INVERTEBRADOS1 TÓPICO 1.1 Protozoa O nome protozoário (do grego, proto = “primeiro”; zoon = “animal”) foi cunhado por Goldfuss em 1818 como subgrupo de um conjunto enorme de animais conhecidos naquela época […], Karl von Siebold restringiu, em 1845, o nome a todas as formas unicelulares de vida animal. (BRUSCA, 2018, p. 54). De acordo com Laurence (2005), na época havia apenas dois grupos de seres vivos - plantas e animais - o que levou o grupo dos animais ser dividido em unicelulares (protozoários) - atualmente não mais consideradosanimais - e multicelulares (metazoários) - termo que pode ser usado como sinônimo de animais. Nos livros mais antigos os protozoários podem ser encontrados como membros do Reino Animal pelo fato de serem organismos unicelulares, eucariontes, e heterótrofos em sua maioria (LIMA, 2015). Os protozoários exercem papéis de destaque na produção primária e na de- composição, e podem servir como fonte alimentar importante para muitos in- vertebrados e, indiretamente, também para muitos vertebrados […] também têm proporcionado aos biólogos excelente material para estudos genéticos, fisiológicos, de desenvolvimento e ecológicos.[…] Os protozoários ocorrem sempre que houver umidade. As espécies de vida livre são encontradas em habitats marinhos e de água doce, além de solo úmido. Muitos protozoários vivem em íntima associação com outros proto- zoários, com animais ou com plantas, como comensais ou como parasitos. (PECHENIK, 2016, p. 36-37). […] cada protozoário é uma célula individual. […] essa única célula atua como um organismo completo, cumprindo todas as funções básicas – forrageamento, digestão, locomoção, comportamento e reprodução (PECHENIK, 2016, p. 37). 24INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADE DE SERES VIVOS — PARTE IUNIDADE 2 1.1.1 Nutrição, Digestão e Excreção Os protistas heterotróficos apresentam várias formas de adquirirem alimentos, porém todas apresentam interação da membrana celular com o ambiente. Essas formas são transporte ativo, transporte passivo, difusão, pinocitose e fagocitose (BRUSCA, 2018). Todo alimento engolfado é encapsulado, e lisossomos, carregados de enzimas digestivas, fundem-se a estas cápsulas, formando assim os vacúolos digestivos, que proporcionam a digestão dos alimentos (LIMA, 2015, p. 27-28). Os resíduos metabólicos são eliminados pela superfície celular através de difusão (JR CLEVELAND et al., 2022). 1.1.2 Regulação Osmótica Os protozoários de água doce apresentam em seu meio interno concentrações de soluto muito maior que o meio em que vivem. Assim, sem um mecanismo de controle, a quantidade de água que entraria na célula a levaria ao rompimento. Esse controle é feito através de organelas especializadas denominadas vacúolos contráteis, que eliminam para o exterior o excesso de líquido coletado do citoplasma (PECHENIK, 2016). Certos protozoários marinhos também podem apresentar vacúolos contráteis, mas estes são pequenos e pulsam lentamente. Os protozoários parasitas não possuem vacúo- los (LAURENCE, 2005, p.259). 1.1.3 Locomoção A locomoção dos protozoários pode ocorrer basicamente de três formas: (1) emis- são de pseudópodes - projeções da membrana que modificam o formato celular - exemplo amoeba; (2) cílios - estruturas filamentosas, curtas e numerosas que se movimentam pro- porcionando o deslocamento - exemplo paramecium; (3) flagelos - estruturas filamentosas, longas e menos numerosas que atuam como os cílios - exemplo Euglena (PECHENIK, 2016). FIGURA 1 - ESTRUTURAS LOCOMOTORAS Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/vector-illustration-unicellular-organisms-amoeba-proteus-1724728045 https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/vector-illustration-unicellular-organisms-amoeba-proteus-1724728045 25INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADE DE SERES VIVOS — PARTE IUNIDADE 2 1.1.4 Reprodução A maioria desses organismos conseguiu aproveitar as vantagens das estratégias de reprodução sexuada e assexuada, embora alguns aparentemente se reproduzam ape- nas assexuadamente. Muitos dos ciclos de vida complexos observados em determinados protistas (especialmente nas formas parasitárias) envolvem alternância entre processos sexuados e assexuados, com uma série de divisões assexuadas entre curtas fases sexua- das (BRUSCA, 2018. p 63). A reprodução assexual é muito comum entre os protozoários, e pode ocorrer por fissão binária, quando a célula divide-se em duas outras semelhantes, mas também por brotamento, quando uma célula menor destaca-se da célu- la-mãe, e ainda existe a esquizogonia, também conhecida por fissão múltipla, onde uma simples célula divide-se em muitas células de tamanhos menores. […] Já nos processos sexuados, há a participação de material genético, e também existem diversas estratégias que resultam em maior variabilidade genética. […] alguns protozoários apresentam vários núcleos (macronúcleos e micronúcleos), e eles podem ser utilizados como gametas. Protozoários através de uma conjugação podem trocar micronúcleos entre si, fundindo-os após as trocas, e ao ocorrer a divisão celular, teremos novas células com a genética diferente da célula-mãe que as originou. Pode ainda ocorrer auto- fecundação, denominada autogamia, na qual, micronúcleos de uma célula podem fundir-se entre si, formando um zigoto no interior da célula, que poste- riormente é liberado para o meio externo (LIMA, 2015, p. 28) 1.1.5 Classificação dos Protozoários A classificação dos protozoários é ainda muito discutida. Na tabela abaixo os proto- zoários estão divididos em seis Filos com seus nomes e principais características. TABELA 1 - CLASSIFICAÇÃO DOS PROTOZOÁRIOS Fonte: Amabis (2010, p.87). 26INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADE DE SERES VIVOS — PARTE IUNIDADE 2 1.1.6 Doenças Causadas por Protozoários Lima (2015, p. 30) descreve sobre as doenças causadas por protozoários: Dentre as doenças ocasionadas por protozoários, algumas se destacam prin- cipalmente pelo quadro clínico resultante delas. Algumas dessas doenças são consideradas graves, e outras podem ser endêmicas (que ocorrem em regiões específicas no planeta). Entretanto, a melhoria das condições sanitárias e de moradia já seriam medidas úteis para a prevenção de muitas dessas doenças. TABELA 2: ALGUMAS DOENÇAS CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS Fonte: TABELA Protozooses. Scribd, 2009. Disponível em: https://pt.scribd.com/doc/23541520/Tabela-Protozooses# Acesso em: 10 jun. 2023. 1.2 Filo Porifera FIGURA 2: ESPONJAS Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/golden-sponge-growing-on-sandy-sea-2058165221 https://pt.scribd.com/doc/23541520/Tabela-Protozooses https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/golden-sponge-growing-on-sandy-sea-2058165221 27INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADE DE SERES VIVOS — PARTE IUNIDADE 2 Somente no século XVIII se reconheceu a natureza animal da esponja, até então confundida com plantas por sua quase imobilidade e sua conformação (BARSA, vol. 6, p. 45). Conforme descrito por Castro (2012): As esponjas são melhor descritas como agregados de células especializadas; têm uma organização ao nível celular, ou seja, suas células são altamente inde- pendentes umas das outras e não formam tecidos verdadeiros nem órgãos. As esponjas estão entre os animais multicelulares estruturalmente mais simples. Quase todas as esponjas são marinhas. Todas são sésseis e vivem perma- nentemente presas ao fundo ou sobre outras superfícies. Elas têm uma gran- de variedade de formas, tamanhos e cores, mas compartilham uma estrutura corporal relativamente simples. 1.2.1 Morfofisiologia das Esponjas • Epiderme - formada por uma camada de células denominadas pinacócitos, in- terrompida por porócitos, células com poros (óstios) pelos quais a água penetra, trazendo alimento (plâncton) e oxigênio (LINHARES, 2011) • Átrio - também chamado de espongiocele, é uma cavidade interna das espon- jas. Não está relacionada com canal digestivo (AMABIS, 2010) • Coanócitos - células características das esponjas que formam a camada interna. O batimento de seus flagelos, um por coanócito, faz com que a água passe por cada célula trazendo alimento e oxigênio e carregando os dejetos (LINHARES, 2011) • Meso - hilo - camada de material gelatinoso presente entre a epiderme e os coanócitos. Nele encontram-se os arqueócitos, células ameboides e sem formas, que exercem várias funções nas esponjas e podem originar todos os outros tipos de células especializadas; são também responsáveis pela digestão de partículas (PECHENIK, 2016) • Espongina - rede maciae flexível de filamentos proteicos com função de sus- tentação das esponjas. É produzida pelos espongioblastos e localiza-se no meso - hilo (LINHARES, 2011). • Espículas - estruturas minerais microscópicas de formas variadas constituídas por sílica (SiO2) ou por carbonato de cálcio (CaCO3), produzidas pelos escleroblastos e também apresentam função de sustentação das esponjas (AMABIS, 2010). • Ósculo - abertura grande localizada na parte superior das esponjas por onde sai a água (LINHARES, 2011) 28INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADE DE SERES VIVOS — PARTE IUNIDADE 2 FIGURA 3: ORGANIZAÇÃO DAS ESPONJAS (OS ELEMENTOS DA ILUSTRAÇÃO NÃO ESTÃO NA MESMA ESCALA. AS CÉLULAS SÃO MICROSCÓPICAS) Fonte: Pechenik (2016, p. 83) 1.2.2 Reprodução das Esponjas As esponjas podem se reproduzir de forma assexuada e também sexuada. Algu- mas são dioicas (sexos separados) mas a maioria é monoica (hermafroditas), porém óvulo e espermatozoide são produzidos em épocas diferentes, o que impede a autofecundação (LINHARES, 2011). 1.2.2.1 Reprodução Assexuada e Regeneração A reprodução assexuada ocorre principalmente por brotamento: consiste na forma- ção de expansões do corpo, os “brotos”, que crescem e podem constituir novos indivíduos - quando se separam do organismo genitor - ou formar colônias - quando permanecem presos na esponja - mãe (AMABIS, 2010). As esponjas também apresentam uma grande capacidade de regeneração, ou seja, um simples pedaço do animal pode dar origem a uma esponja completa, isso porque os amebócitos dão origem a todos os tipos de células, reconstituindo as partes perdidas (LINHARES, 2011). 1.2.2.2 Reprodução Sexuada Conforme descrito por Castro (2012, p.133): 29INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADE DE SERES VIVOS — PARTE IUNIDADE 2 Diferentemente da maioria dos animais, os gametas das esponjas não são produzidos pelas gônadas. Em vez disso, células especializadas do colarinho ou amebócitos desenvolvem-se em gametas […] óvulos grandes e ricos em nutrientes, e espermatozoides pequenos que têm um flagelo. […] As espon- jas liberam o espermatozoide na água. […] a fertilização é interna, quando os espermatozoides entram na esponja. Os estágios iniciais do desenvolvi- mento ocorrem dentro da esponja. Finalmente, uma esfera celular minúscula e flagelada é liberada na água. Essa larva planctônica, chamada de paren- químula na maioria das esponjas, é levada pelas correntes até assentar no fundo, e se desenvolver em pequenas esponjas. 1.3 Filo Cnidaria FIGURA 4: CORAIS Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/gorgonian-sea-fan-coral-branching-gorgonia-1668702154 Os cnidários, também conhecidos por celenterados, são invertebrados aquáticos, principalmente marinhos, apresentam várias formas e cores, podem ser fixos ou flutuantes, são carnívoros se alimentando de zooplâncton, ovas de peixe, larvas e crustáceos. Podem ser citados como representantes deste Filo as hidras (que são de água doce), águas-vivas, corais, anêmonas e caravelas (BARSA, 2017, vol. 4). A maioria dos cnidários, com exceção dos corais, tem corpos moles. Anêmonas- -do-mar e muitos outros estão presos a superfícies duras e, portanto, incapazes de fugir do perigo. As formas móveis de águas-vivas não sabem nadar contra as correntes oceânicas. A verdade é que, no entanto, muitos cnidários são preda- dores muito eficientes, aptos a matar e ingerir presas muito mais organizadas, ágeis e inteligentes do que eles próprios (CLEVELAND, 2022, p.251) 1.3.1 Organização Corporal Conforme LINHARES (2011), há duas formas de animais: • Pólipos - são cilíndricos, sésseis ou pouca mobilidade, onde uma extremidade estará sempre apoiada a um substrato e outra livre com tentáculos rodeando a abertura bucal. • Medusas - São arredondadas, têm vida livre e movimentam-se através de contrações do corpo, a boca também é rodeada por tentáculos, porém está loca- lizada na parte inferior do corpo. https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/gorgonian-sea-fan-coral-branching-gorgonia-1668702154 30INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADE DE SERES VIVOS — PARTE IUNIDADE 2 FIGURA 5: ESQUEMAS DE MEDUSA E PÓLIPO Fonte: Castro (2012, p.125). 1.3.2 Morfofisiologia dos Cnidários O corpo desses animais é formado basicamente por três camadas: uma camada externa denominada epiderme; uma camada intermediária gelatinosa chamada mesogleia e uma camada interna denominada gastroderme (LAURENCE, 2005). Segundo AMABIS (2010), o corpo é revestido externamente pela epiderme, forma- da por diversos tipos de células, entre as quais se destacam: • mioepiteliais epidérmicas - além de servir de revestimento permitem a con- tração do corpo; • intersticiais - capazes de originar os diversos tipos celulares dos cnidários, participam do processo de crescimento e regeneração; • sensoriais - captam estímulos ambientais e os transmitem para as células nervosas presentes na mesogleia; • glandulares - secretam muco que lubrifica e protege o corpo, e nas formas sésseis permite a fixação no substrato; • cnidoblastos - são células urticantes e concentram-se nos tentáculos e ao redor da boca responsáveis pela defesa de predadores e captura das presas. Dentro destas células há uma cápsula denominada nematocisto, que contém um filamen- to enrolado. Ao ser tocada, a cápsula abre-se, o filamento desenrola-se, penetra na 31INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADE DE SERES VIVOS — PARTE IUNIDADE 2 pele da presa e injeta uma toxina capaz de paralisar e até matar. Os cnidoblastos são constantemente produzidos, pois se degeneram após serem descarregados. Em alguns cnidários, como os corais, a epiderme secreta um exoesqueleto de calcário e substâncias orgânicas (LINHARES, 2011, p. 200) A mesogleia é uma massa gelatinosa, secretada por células das camadas externa e interna, que constitui um esqueleto elástico e flexível dando suporte ao corpo (AMABIS, 2010). A gastroderme reveste a cavidade gastrovascular e funciona principalmente na digestão (CLEVELAND, 2022, p. 255). Esta camada é constituída por vários tipos de células, entre elas destacam-se as intersticiais, sensoriais e glandulares com basicamente as mesmas funções das similares epidérmicas e as mioepiteliais digestórias - apresentam dois flagelos que, ao se movi- mentarem, facilitam a mistura do alimento com as enzimas digestivas, também participam ativamente da absorção e digestão intracelular (AMABIS, 2010). 1.3.2.1 Digestão Os cnidários têm uma boca central localizada ao redor dos tentáculos [...]. A boca abre-se no intestino, onde a comida é digerida (CASTRO, 2012, p. 135). Por não possuir uma abertura anal, seu tubo digestório é considerado incompleto (LINHARES, 2011). Enzimas digestivas iniciam a digestão na cavidade gastrovascular (digestão ex- tracelular), as partículas parcialmente digeridas vão sendo englobadas (AMABIS, 2010). A digestão intracelular nas células alinhadas ao intestino completa a quebra do alimento (CASTRO, 2012, p. 138). Os restos não digeridos no celêntero são expelidos pela boca (BRUSCA, 2018, p. 279). 1.3.2.2 Respiração, Circulação e Excreção Linhares (2011, p. 200) retrata essas funções da seguinte forma: Os cnidários não possuem sistemas respiratório, circulatório e excretor. Como as distâncias no interior do organismo são pequenas (há poucas camadas de células no corpo), a distribuição das substâncias por difusão é suficiente. Desse modo, o oxigênio dissolvido na água difunde-se pela parede do corpo e atinge todas as células. O gás carbônico faz o caminho inverso. Também por difusão, as excretas são eliminadas pela parede do corpo e os alimentos passam da gastroderme para a mesogleia e epiderme. 1.3.2.3 Coordenação Embora os cnidários não tenham cérebro ou nervos verdadeiros, eles têm células nervosas especializadas. Essas células são interconectadas, formando uma rede nervosa que transmite impulsos em todas as direções (CASTRO, 2012, p. 138), constituindo um sistema nervoso difuso (LINHARES, 2011, p. 364). Essa rede nervosa processa estímuloscaptados por células epiteliais e estimula células mioepiteliais, que respondem contraindo-se. (AMABIS, 2010, p. 209). 32INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADE DE SERES VIVOS — PARTE IUNIDADE 2 1.3.2.4 Reprodução Os cnidários se reproduzem: 1 - De forma assexuada através de: a. brotamento - as células se multiplicam em uma região do corpo e originam um novo ser que poderá se soltar e formar um novo indivíduo ou permanecer ligado e formar colônia (LINHARES, 2011); b. estrobilização (ou estrobilação) - a coluna corporal de um pólipo sofre um tipo de estrangulamento e se divide formando numerosos módulos que vão se desprendendo e originando novos seres (PECHENIK, 2016). 2 - De forma sexuada: Na maioria das espécies os gametas produzidos nas células intersticiais são libera- dos e encontram-se na água (fecundação externa). Do ovo surge uma larva ciliada e livre, plânula, que se transforma até atingir a fase adulta (LINHARES, 2011). 3 - Por alternância de gerações Em muitas espécies de cnidários, há a alternância de gerações ou metagênese, ou seja, a reprodução assexuada alterna-se com a sexuada, em um ciclo em que há tam- bém a alternância entre as formas pólipo e medusa (LINHARES, 2011, p. 201) As medusas (macho e fêmea), que são sexuadas, formam gametas (óvulos e espermatozoides). Após a fecundação, que pode ser interna ou externa, forma-se o zigoto que se desenvolve em uma larva (plânula), que se fixa a um substrato, perde os cílios e se transforma em um pólipo. Este se desenvolve e origina, assexuadamente, novas medusas, fechando o ciclo (AMABIS, 2010). FIGURA 6: ALTERNÂNCIA DE GERAÇÃO Fonte: Amabis (2010, p. 214) 33INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADE DE SERES VIVOS — PARTE IUNIDADE 2 FIGURA 7: RESUMO TAXONÔMICO Fonte: Pechenik (2016, p. 126). 1.4 Filo Platyhelminthes Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/flatworm-platyhelminths-41950414 Também conhecidos como vermes achatados, apresentam tamanhos variáveis entre milímetros e metros. O corpo pode ser em forma de folha ou de fita. (CLEVELAND, 2022). O grupo inclui uma classe de indivíduos principalmente de vida livre (os turbelários) e três classes de indivíduos exclusivamente parasitos (os monogêneos, trematódeos e cestódeos) (PECHENIK, 2016). 1.4.1 Morfofisiologia Geral dos Platelmintos Apresentam simetria bilateral e desenvolvem em sua vida embrionária três folhe- tos germinativos, ectoderme, mesoderme e endoderme - são os animais triblásticos mais primitivos (AMABIS, 2010). São acelomados, pois não possuem uma cavidade interna, https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/flatworm-platyhelminths-41950414 34INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADE DE SERES VIVOS — PARTE IUNIDADE 2 o espaço entre a parede do corpo e a do intestino é totalmente preenchido por células originadas na mesoderme e formam um parênquima maciço (LAURENCE, 2005). Apresentam gânglios cerebrais, ligados entre si por dois cordões nervosos. Por- tanto, além da cefalização, há centralização do sistema nervoso, o que permite movimentos mais sofisticados (LINHARES, 2011). Eles não têm órgãos respiratórios, nem sistema circulatório especializados, as trocas gasosas são realizadas por difusão simples através da superfície cor- poral […] a maioria dos platelmintos contém uma série de órgãos especializa- dos, denominados protonefrídeos […] um grupo de cílios que se projetam para dentro de uma estrutura em forma de taça. O batimento ciliar dentro dessa estrutura tem sido comparado ao movimento de uma chama; por isso, o nome comum desse tipo celular é célula-flama. Outros protonefrídeos assumem a forma de solenócitos, em que há um único flagelo em cada estrutura em for- ma de taça. Em ambos os casos, essa estrutura se comunica com um longo túbulo convoluto, o qual desemboca no meio externo através de um único poro excretor. […] Assim, os protonefrídeos dos platelmintos provavelmente desempenham um papel importante na regulação iônica e no balanço hídri- co (osmorregulação), além do seu possível papel na eliminação de amônia, ureia, aminas e outros resíduos metabólicos. (PECHENIK, 2016, p.148 - 149). A digestão de acordo com Linhares (2011, p 208): Os animais de vida livre costumam ser carnívoros e alimentam-se de outros invertebrados. Seu tubo digestório é incompleto, não tem o (sem ânus) e a digestão é extra e intracelular (ela termina no citoplasma das células do intesti- no). Os resíduos são eliminados pela boca. Alguns parasitas, como a tênia, não têm tubo digestório e retiram o alimento já digerido do sangue do hospedeiro. A grande maioria das espécies de platelmintos, de todas as quatro classes, são hermafroditas simultâneas; […], Em geral, não há autofertilização (PECHENIK, 2016, p. 149). 1.4.2 Classe Turbellaria A maioria das espécies de turbelários é marinha; várias espécies são encontradas na água doce; e algumas espécies são consideradas terrestres, embora sejam restritas a áreas muito úmidas (PECHENIK, 2016, p. 149). São popularmente conhecidos como planárias. O corpo é revestido por uma epiderme em que há células responsáveis pela pro- dução de uma secreção mucosa. As células da face anterior são ciliadas e o movimento destes cílios juntamente com o movimento muscular permite o deslizamento do animal sobre a trilha de muco (AMABIS, 2010). Na região dorsal e anterior do corpo, existem estruturas que lembram “olhos”, os ocelos. Eles não formam imagens, mas permitem à planária perceber variações de sombra e luz (LAURENCE, 2005. p. 374). Ainda de acordo com Laurence (2005) na região ventral situam-se a boca e o poro genital. Para se alimentar, ela fica sobre o alimento e desliza a faringe através da boca 35INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADE DE SERES VIVOS — PARTE IUNIDADE 2 liberando enzimas digestivas e depois suga o alimento parcialmente digerido que será dis- tribuído ao organismo através do intestino ramificado. O restante da digestão é intracelular. A reprodução pode ocorrer de forma assexuada (figura 8) - quando ocorre a fissão transversal. Cada parte do animal formará um novo ser devido a sua alta capacidade de regeneração (AMABIS, 2010); e de forma sexuada (figura 9) - quando dois indivíduos se unem colocando seus poros genitais em contato e introduzindo o pênis no parceiro, assim os espermatozoides de uma planária alcançam e fecundam os óvulos da outra. Os ovos são envoltos por uma cápsula e depositados pela fêmea sob um substrato. As planárias eclodem jovens sem passar pelo estágio larval (LAURENCE, 2005). FIGURA 8: EM A OCORRE UMA REPRODUÇÃO ASSEXUADA POR MEIO DE UM CORTE EM B A REPRODUÇÃO ASSEXUADA JÁ É POR ESTRANGULAMENTO, NÃO HAVENDO CORTES Fonte: PLANÁRIAS / Anatomia do Sistema Reprodutor e Reprodução Assexuada. Blog Natureza de Mármore, 2017. Disponível em: https://naturezademarmore.blogspot.com/2017/10/planarias-anatomia-do-sistema.html Acesso em: 10 jun. 2023. FIGURA 9: REPRODUÇÃO SEXUADA Fonte: PLANÁRIAS / Anatomia do Sistema Reprodutor e Reprodução Assexuada. Blog Natureza de Mármore, 2017. Disponível em: https://naturezademarmore.blogspot.com/2017/10/planarias-anatomia-do-sistema.html Acesso em: 10 jun. 2023. https://naturezademarmore.blogspot.com/2017/10/planarias-anatomia-do-sistema.html https://naturezademarmore.blogspot.com/2017/10/planarias-anatomia-do-sistema.html 36INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADE DE SERES VIVOS — PARTE IUNIDADE 2 1.4.3 Classe Trematoda Todos os trematódeos são vermes parasitas e quase todas as formas adultas são endoparasitos de vertebrados, possuindo estruturas específicas como ventosas, ganchos e glândulas de penetração (LIMA, 2015). A maioria das espécies possui ciclos de vida complexos com alternância de estágios sexuados e assexuados. “Muitos trematódeos requerem um hospedeiro intermediário, no qual a larva se desenvolve antes de infectar o hospedeiro definitivo” (URRY, 2022, p. 696). Conforme descrito por Lima (2015, p.67): A subclasse Digenea é a mais conhecida, e tem ciclo de vida indireto, parti- cipando dociclo animais invertebrados e vertebrados. Os digêneos são dioi- cos, e sua ocorrência é ampla no Brasil, principalmente em áreas com pouco investimento nos projetos de saneamento urbano. Podemos citar como principal exemplo deste grupo, o Schistosoma mansoni, causador de uma doença popularmente conhecida como esquistossomose, ou barriga d’água. A esquistossomose é contraída pela ingestão ou contato com água contaminada. FIGURA 10: CICLO DE VIDA DO SCHISTOSOMA MANSONI Fonte: Siqueira-Batista (2020, p 406) 1.4.4 Classe Cestoda Nesta classe estão os endoparasitas conhecidos popularmente por tênias, ou solitá- rias, o verme na forma adulta vive no intestino de outros animais, principalmente mamíferos. O corpo apresenta forma de fita e geralmente há presença de um único verme no hospedei- ro. Não apresentam sistema digestório, o alimento é absorvido já digerido diretamente do intestino do hospedeiro. Podem atingir vários metros de comprimento (AMABIS, 2010). 37INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADE DE SERES VIVOS — PARTE IUNIDADE 2 Conforme Linhares (2011) e AMABIS (2010), o corpo (estróbilo) é formado por uma repetição de segmentos (proglotes) e na região anterior está uma estrutura denomi- nada escólex, na qual estão situadas as estruturas de fixação que podem ser ventosas, ganchos ou sulcos adesivos (dependendo da espécie). Possuem uma cutícula protetora, cordões nervosos e canais excretores. Em cada proglote se desenvolve um sistema reprodutor masculino e um feminino (são hermafroditas) e se autofecundam. As proglotes grávidas situadas na parte terminal do corpo se destacam e são eliminadas com as fezes do hospedeiro. FIGURA 11: REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DE ESCÓLEX Fonte: Amabis (2010, p. 222) FIGURA 12: PARTES DA TAENIA Fonte: Cleveland (2022, p. 292) 38INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADE DE SERES VIVOS — PARTE IUNIDADE 2 FIGURA 13: CICLO DA TAENIA SP. Fonte: Siqueira-Batista (2020, p 555) FIGURA 14: CICLO DO ECHINOCOCCUS GRANULOSUS Fonte: Siqueira-Batista (2020, p 466) 1.4.4 Classe Monogenea Os platelmintos monogenéticos são geralmente parasitos na pele ou guelras de peixes; isto é, a maioria é ecto-parasito. “Há um único hospedeiro, ao qual o platelminto se fixa princi- palmente através de ventosas, ganchos ou escleritos complexos” (PECHENIK, 2016, p. 158). 39INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADE DE SERES VIVOS — PARTE IUNIDADE 2 1.5 Filo Nematoda Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/helminths-toxocara-canis-known-dog-roundworm-474932008 Conforme Amabis (2010) os representantes desse filo são triblásticos, simetria bilateral, corpo alongado, cilíndrico com as extremidades afiladas. Diversas espécies são parasitas de plantas e animais, mas a maioria tem vida livre e habita diversos ambientes, como solo úmido, rios, lagos e oceanos. 1.5.1 Morfofisiologia dos Nematódeos Apresentam uma cavidade corporal (pseudoceloma) entre a epiderme e o intes- tino que é preenchida por líquido que funciona como um esqueleto hidrostático, atua na distribuição de nutrientes e outras substâncias pelo corpo e também facilita a eliminação de excreções nitrogenadas (Linhares, 2011). A respiração é cutânea e não há sistema circulatório. Parte da excreção resultante do metabolismo celular, constituída principalmente por íons, é eliminada por estruturas especiais denominadas renetes (Laurence, 2005) Sob a epiderme há uma camada de células musculares que por estarem no sentido longitudinal do corpo permitem a realização de movimentos de flexão. Revestindo exter- namente a epiderme há uma película resistente e flexível, a cutícula, que tem por função proteger o verme contra substâncias do meio em que vivem. Possuem sistema digestório completo com boca, faringe, intestino e ânus. Os ali- mentos parcialmente digeridos passam da cavidade do intestino para as células, onde a digestão se completa e os nutrientes são lançados para o pseudoceloma e distribuído pelo corpo. O que não foi digerido é eliminado pelo ânus (AMABIS, 2010). “Em alguns parasitas, o intestino apenas absorve o alimento já digerido pelo hospedeiro” (LINHARES, 2011, p. 220). “Um anel de tecido nervoso e gânglios ao redor da faringe dá origem a pequenos nervos para a região anterior e a dois cordões nervosos, um dorsal e um ventral. Papilas sensoriais estão concentradas ao redor da cabeça e da cauda” (CLEVELAND, 2022, p. 373). Na maioria das espécies o sexo é separado (dioicos) e se diferem em algumas características, sendo o macho com corpo mais curto e também apresentam a região pos- terior em forma de gancho com o qual seguram a fêmea durante a cópula (AMABIS, 2010). https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/helminths-toxocara-canis-known-dog-roundworm-474932008 40INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADE DE SERES VIVOS — PARTE IUNIDADE 2 Conforme descrito por Linhares (2011, p. 221): Os machos possuem testículos, onde são produzidos os espermatozoides, além de glândulas anexas, que produzem líquido para o transporte dos ga- metas. E as fêmeas possuem ovários, que produzem óvulos, ovidutos, que levam os óvulos fecundados para dois úteros e uma vagina. A fecundação é interna e do ovo sai uma forma jovem semelhante ao adulto […] TABELA 3: ALGUMAS DOENÇAS CAUSADAS POR NEMATÓDEOS DOENÇA VERME CAUSADOR COMO SE ADQUIRE COMO SE EVITA H. D H. I Ascaridíase Lombriga Ingerindo alimentos e água contamina- dos por ovos da lombriga Lavando bem os ali- mentos, fervendo a água; lavar as mãos antes das refeições. Homem ............ Amarelão ou ancilostomo- se Ancilóstomo Pisando descalço em solos contami- nados por larvas do ancilóstomo. Usar calçados em solos desconheci- dos; não defecar em locais impró- prios; exigir do go- verno saneamento básico. Homem ............ Oxiurose Oxiúro Ingerindo alimentos e água contamina- dos por ovos do oxiúro; coçando o ânus e levando a mão na boca de outra pessoa. Lavando bem os alimentos e ferven- do a água; ao coçar o ânus e levar as mãos na própria boca ou na das ou- tras pessoas. Homem ............ Filariose ou Elefantíase Filária Picada do mosquito fêmea Culex con- taminado por larvas da Filária. Matando o mosquito Culex; colocar telas de proteção em por- tas e janelas; não deixar água parada em vasos, pneus e garrafas. Homem Mosquito fêmea Culex Dermatite serpiginosa ou dermatite do bicho- -geográfico Pisando descalço em areia contendo larvas do bicho – geográfico, por meio de fezes de cães e gatos conta- minados. Andar calçado em praias e parques que tenhas cães e gatos; recolher as fezes desses animais ou simples- mente não levá-los a esses locais. Cães e gatos ............ Fonte: Adaptado de MARCIAL, V. Filo dos Nematelmintos ou Nematódeos, ou Asquelmintos. Slide Payer, 2015. Disponível em: https://slideplayer.com.br/slide/2908344/l Acesso em: 10 jun. 2023. 41INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADE DE SERES VIVOS — PARTE IUNIDADE 2 Não basta ter informação, é preciso saber o que fazer com ela. (Mario Sergio Cortella) Fonte: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2017/08/mario-sergio-cortella-nao-basta-ter-informacao- e-preciso-saber-o-que-fazer-com-ela.html Devido ao fato de se falar da participação dos caramujos no ciclo da esquistossomose, algumas pessoas tendem a travar uma guerra contra qualquer tipo desses animais, por isso é importante esclarecermos que os caramujos hospedeiros do causador da doença não são os conhecidos como aruás (gên. Pomacea), comuns e que podem ficar bem grandinhos. Os caramujos do gênero Biomphalaria, que são os verdadeiros hospedeiros, são pequenos, com conchas quase transparentes, e tendendo ao amarelo. Fonte: Lima (2015, p.67). https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2017/08/mario-sergio-cortella-nao-basta-ter-informacao-e-preciso-saber-o-que-fazer-com-ela.html https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2017/08/mario-sergio-cortella-nao-basta-ter-informacao-e-preciso-saber-o-que-fazer-com-ela.html 42INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADEDE SERES VIVOS — PARTE IUNIDADE 2 Completamos mais uma etapa do nosso caminho pelo vasto mundo animal. Apesar das características e complexidades distintas, os organismos apresentados desempenham papéis importantes nos ecossistemas, além de relevância em termos de saúde humana e animal. Os protozoários, organismos unicelulares, podem ser parasitas ou de vida livre. Estudos sobre eles têm contribuído para a compreensão da biologia celular e da evolução dos seres vivos. Os poríferos, também conhecidos como esponjas, são os animais filtradores, não possuem tecidos verdadeiros ou órgãos, mas desempenham um papel importante na cicla- gem de nutrientes nos oceanos. O estudo deles auxilia na compreensão dos processos de filtragem e na manutenção da qualidade da água. Os cnidários são animais aquáticos que possuem células urticantes chamadas cnidó- citos, utilizadas para capturar presas e se defender. A compreensão da biologia e do compor- tamento deles é fundamental para a conservação dos recifes, e pesquisas sobre a capacidade de regeneração dos cnidários podem fornecer insights valiosos para a medicina regenerativa. Os platelmintos podem ser livres ou parasitas. A investigação sobre suas característi- cas biológicas e o desenvolvimento de estratégias de controle são essenciais para prevenir e tratar doenças parasitárias, especialmente em regiões onde essas infecções são endêmicas. Os nematoides são encontrados desde o solo até o interior do corpo humano. Al- guns são parasitas de plantas e animais, incluindo seres humanos. A compreensão de seus ciclos de vida, transmissão e tratamento é fundamental para o desenvolvimento de medidas de prevenção e controle eficazes contra as doenças que causam. A continuidade da pesquisa e da educação sobre esses organismos é essencial para a proteção da biodiversidade e para a promoção de uma convivência sustentável entre os seres vivos. Aguardo você no próximo módulo. Até mais! CONSIDERAÇÕES FINAIS 43INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADE DE SERES VIVOS — PARTE IUNIDADE 2 Corais no litoral do Nordeste estão sofrendo branqueamento em massa, aler- tam pesquisadores Nem tudo são golfinhos, tartarugas e baleias voltando a ocupar áreas que antes não víamos. Enquanto o planeta convive com a pandemia, pelas águas do Nordeste bra- sileiro outro fenômeno se alastra desde o último verão devido à temperatura do mar acima da média, uma anomalia térmica. E este, que acontece nos mares, está afetando um tipo diferente de vida. Pesquisadores alertam para um grande evento de branqueamento em recifes de corais desde o norte de Salvador, na Bahia, até o Rio Grande do Norte. Com águas chegando a 30° C, 2 graus acima da média para a época, o NOAA – a agência do governo americano que monitora oceanos – emitiu o alerta 2 de branqueamento, o mais alto, quando existe a possibilidade de morte de corais. A agência acompanha corais do mundo inteiro e tem sete estações virtuais de monitoramento por satélite na costa brasileira. O fenômeno está acontecendo em uma região emblemática do país, de recifes rasos, e atinge em cheio unidades de conservação como a Área de Proteção Ambiental (APA) Costa do Corais, que vai do sul de Pernambuco até Alagoas e encobre cidades turís- ticas importantes. O branqueamento também foi registrado na APA Estadual dos Recifes de Corais, no Rio Grande do Norte, e APA Estadual de Guadalupe, Parque Municipal Marinho de Tamandaré e arquipélago de Fernando de Noronha, em Pernambuco. Fonte: CHAMORRO, P. Corais no litoral do Nordeste estão sofrendo branqueamento em massa, alertam pesquisadores. National Geographic, 2020. Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/2020/05/ corais-no-litoral-do-nordeste-estao-sofrendo-branqueamento-em-massa-alertam Acesso em: 10 maio. 2023. LEITURA COMPLEMENTAR https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/2020/05/corais-no-litoral-do-nordeste-estao-sofrendo-branqueamento-em-massa-alertam https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/2020/05/corais-no-litoral-do-nordeste-estao-sofrendo-branqueamento-em-massa-alertam 44INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADE DE SERES VIVOS — PARTE IUNIDADE 2 MATERIAL COMPLEMENTAR FILME/VÍDEO • Título: Documentário - O Brasil sem o básico saneamento básico • Ano: 2022. • Sinopse: Caminhos da Reportagem mostra que a falta de sanea- mento básico pode trazer uma série de doenças e ainda causar vários impactos ao meio ambiente. • Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=JNHL0qvCH1U LIVRO • Título: Biologia dos Invertebrados • Autor: PECHENIK, Jan A. • Editora: AMGH Editora Ltda. • Sinopse: O incentivo à biologia dos invertebrados está assenta- da na bibliografia de pesquisa fundamental, e o objetivo principal deste livro é motivar e preparar estudantes para terem acesso a essa bibliografia. https://www.youtube.com/watch?v=JNHL0qvCH1U . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • Zoologia dos Invertebrados — Metazoários — Filos Mollusca, Annelida, Arthropoda e Echinodermata. Objetivos da Aprendizagem • Conhecer as principais características morfofisiológicas dos Filos Mollusca, Annelida, Arthropoda e Echinodermata. • Caracterizar os principais grupos dos Filos Mollusca, Annelida, Arthropoda e Echinodermata. • Identificar algumas doenças causadas por artrópodes bem como seus vetores, modo de transmissão e ciclo, reconhecendo em muitas delas a importância da higiene e saneamento básico. • Reconhecer a importância desses animais nas áreas de saúde, alimentação e meio ambiente. Professor(a) Esp. Heloiza Helen da Silva INVERTEBRADOS INVERTEBRADOS — UMA VARIEDA-— UMA VARIEDA- DE DE SERES VIVOS DE DE SERES VIVOS — PARTE II— PARTE II UNIDADEUNIDADE3 46INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADE DE SERES VIVOS — PARTE IIUNIDADE 3 INTRODUÇÃO Olá! Estou feliz por nos encontrarmos novamente. Já concluímos metade do nosso caminho e espero que esteja apreciando os conhecimentos adquiridos. Já vimos que os invertebrados formam o maior grupo do reino animal, representan- do mais de 95% de todas as espécies conhecidas. São extremamente diversos em termos de tamanho, forma, habitat e comportamento. Vamos, neste novo módulo, ampliar os conhecimentos sobre eles abordando qua- tro Filos de grande conversão: Mollusca, Annelida, Arthropoda e Echinodermata. Esses grupos representam importantes exemplos de evolução e especialização ao longo da his- tória da vida na Terra. Seus representantes desempenham papéis essenciais na ecologia dos ecossistemas em todo o mundo. Cada um desses filos contribui de maneira única para a manutenção do equilíbrio ecológico e a saúde dos ecossistemas aquáticos e terrestres. Suas interações com outros organismos e o ambiente físico contribuem para a estabilidade e sustentabilidade dos habitats em que vivem, beneficiando não apenas a vida selvagem, mas também os seres humanos que dependem desses ecossistemas para ser- viços ecossistêmicos, como a polinização de culturas e a purificação da água. A perda ou redução desses grupos animais pode ter efeitos negativos em cascata nos ecossistemas, prejudicando a estabilidade ea funcionalidade dos mesmos. Os invertebrados são uma fonte inesgotável de inspiração para a ciência e a medicina, fornecendo novos insights sobre a biologia e as estratégias de sobrevivência. Além disso, muitos são usados como modelos de pesquisa para estudar processos bio- lógicos fundamentais e desenvolver medicamentos e terapias. Seu estudo contínuo e a compreensão de sua importância são cruciais para a conservação da biodiversidade e o futuro sustentável do nosso planeta. E para darmos continuidade vale lembrar a necessidade de pesquisa e estudos em outras fontes para uma melhor compreensão do conteúdo. Bom estudo! ZOOLOGIA DOS INVERTEBRADOS — METAZOÁRIOS, FILOS MOLLUSCA, ANNELIDA, ARTHROPODA E ECHINODERMATA1 TÓPICO 47INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADE DE SERES VIVOS — PARTE IIUNIDADE 3 1.1 Filo Mollusca O nome molusco vem do latim mollis, que significa “mole” e faz referência ao corpo dos animais desse grupo (LAURENCE, 2005, p. 390). São animais invertebrados dotados de celoma (cavidade situada entre a parede do corpo e os órgãos internos) e constituídos, em sua maior parte, por três regiões corporais: cabeça […], massa visceral, […] e pé […] (BARSA, 1997, p. 120). Fransozo (2016, p. 267) diz: Alguns moluscos têm grande importância econômica para os humanos por servirem de alimento, enquanto as conchas de outros são utilizadas na fa- bricação de botões, bijuterias, corretivo de solo, argamassa de casas e pavi- mentação de ruas, além de serem aproveitadas como complemento de cál- cio na alimentação humana (pó de ostra). Alguns moluscos bivalves, como a Anomalocardia brasiliana, são fonte do fármaco heparina, um anticoagulante utilizado no tratamento da trombose e de outras doenças com coagulação sanguínea excessiva. Outros moluscos funcionam como organismos-modelo, como o gastrópode Aplysia, utilizado em estudos de neurobiologia e evolução. 48INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADE DE SERES VIVOS — PARTE IIUNIDADE 3 1.1.1 Morfofisiologia dos Moluscos A maioria dos moluscos tem uma cabeça bem desenvolvida, na qual se observam a boca e alguns órgãos sensoriais especializados. Os receptores fotossensoriais variam desde os mais simples até os complexos olhos dos cefalópodes (CLEVELAND, 2022, p. 232). De acordo com Amabis (2010) o pé é uma estrutura musculosa com função que di- fere em cada grupo, podendo ser deslizamento (gastrópodes); nadar, caminhar ou capturar presas (cefalópodes); cavar ou fixar o animal ao substrato (bivalves). A massa visceral é revestida por uma dobra da epiderme (manto ou pálio), que delimita uma cavidade entre ela e a massa visceral, chamada cavidade palial ou do manto. Nela estão as aberturas dos sistemas digestório e excre- tor, e as brânquias ou pulmões (nas espécies terrestres). Na epiderme do manto há glândulas que secretam uma concha calcária (cor- responde a um exoesqueleto, revestindo o corpo). Na lesma e no polvo está ausente. Na lula é interna e reduzida. Além de proteger o corpo contra preda- dores, abalos mecânicos e desidratação (no caso dos moluscos terrestres), em alguns moluscos a concha pode ser usada para escavar ou perfurar (LI- NHARES, 2011, p. 240) O sistema digestório é completo (boca, esôfago, estômago, intestino e ânus). Na boca (ausente nos bivalves que são filtradores) existe uma estrutura semelhante a uma língua denominada rádula, sua função é de raspar os alimentos. Além dela, glândulas salivares liberam uma substância mucosa que envolve esses alimentos, facilitando sua ingestão (LAURENCE, 2005). As trocas gasosas nos moluscos ocorrem na superfície corporal, principalmente por meio do manto, e em órgãos respiratórios como ctenídios, brânquias secundárias e pulmão, este último nas espécies terrestres (FRANSOZO, 2016, p. 268). Na maioria dos moluscos o sistema circulatório é aberto e consiste em um coração propulsor, vasos e seios sanguíneos. O sangue oxigenado é impulsionado pelo coração para um sistema ramificado de vasos, mas, em certas áreas (hemocelas), entra em con- tato direto com os tecidos e depois é recolhido pelos vasos. Os cefalópodes apresentam sistema circulatório fechado, ou seja, o sangue circula sempre no interior dos vasos san- guíneos (CLEVELAND, 2022). A maioria dos moluscos dispõe de um par de metanefrídios, cuja extremidade interna se abre dentro do celoma por um nefrostômio para a retirada dos produtos nitro- genados, que são, então, despejados para o exterior por um nefridióporo (FRANSOZO, 2016, p. 268). A descrição de Linhares (2011, p. 242) em relação ao sistema nervoso: 49INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADE DE SERES VIVOS — PARTE IIUNIDADE 3 É formado por vários pares de gânglios unidos por cordões nervosos. O polvo e a lula têm olhos bem desenvolvidos […] capazes de formar ima- gens. Em outros moluscos como a ostra e o mexilhão, os órgãos visuais são mais simples e capazes apenas de captar a luz (células fotorreceptoras). Há também estatocistos (que funcionam com órgão de equilíbrio), tentá- culos táteis e osfrádios (receptores químicos próximos às brânquias com função de identificar e analisar as substâncias dissolvidas na água). A maioria das espécies são dioicas, porém algumas são hermafroditas, mas ra- ramente ocorre a autofecundação (LINHARES, 2011). A fecundação pode ser interna ou externa e o desenvolvimento pode envolver fases larvais (que recebem nomes de trocófora e véliger) ou ser direto (LAURENCE, 2005). 1.1.2 Classificação Os principais critérios de classificação do Filo Mollusca são a presença e forma da concha e o desenvolvimento da cabeça, do pé e da massa visceral (AMABIS, 2010). Conforme Urry (2022), o plano corporal básico dos moluscos evoluiu de várias maneiras nos oito principais clados do filo. Estudaremos quatro desses clados: 1.1.2.1 Polyplacophora Classe representada por animais marinhos e bentônicos conhecidos como quítons (LINHARES, 2011). […] têm uma concha dividida em oito placas calcárias imbricadas e articu- ladas, emolduradas por uma cinta do manto, o perinoto. Eles apresentam, também, um grande pé ventral, e seu corpo é oval e achatado dorsoventralmente (FRANSOZO, 2016, p.271). As placas se sobrepõem posteriormente e são geralmente de colorido fosco para combinar com o tom das rochas sobre as quais os quítons aderem. A cabeça e os órgãos sensoriais cefálicos são reduzidos (CLEVELAND, 2022, p. 325) Segundo Linhares (2011), são animais pequenos (entre 2 a 5 cm); e a maioria alimenta-se raspando algas das rochas. FIGURA 1: TONICELLA LINEATA, UM QUÍTON FORRADO DO PACÍFICO Fonte: Brusca (2018, p. 435) 50INVERTEBRADOS — UMA VARIEDADE DE SERES VIVOS — PARTE IIUNIDADE 3 1.1.2.2 Gastropoda Moluscos assimétricos, geralmente com concha contorcida em espiral na qual o corpo pode ser retraído; a concha não está presente ou está reduzida em muitos grupos (BRUSCA, 2018, p. 435). É a classe que apresenta maior número de espécies e maior diversidade de habitats entre os moluscos, sendo a única com representantes em três tipos de ambientes: marinho, de água doce e terra firme. (AMABIS, 2010, p. 245). O nome deve-se ao fato de apresentarem o saco visceral diretamente sobre os pés (LINHARES, 2011, p. 242). Seus representantes são os caramujos, caracóis e lesmas. Apresentam uma glân- dula na parte anterior da boca que secreta muco viscoso sobre qual o pé desliza através da contração da musculatura (AMABIS, 2010). 1.1.2.3 Bivalvia Conforme relata Brusca (2018), os bivalves também são chamados de Pelecypoda, ou animais com “pé em forma de machadinha”. Entre os mais conhecidos estão as ostras, os mexilhões e os mariscos. A maioria dos bivalves é marinha, mas muitos vivem na água salobra, em cursos d’água e em pequenos e grandes lagos (CLEVELAND, 2022, p. 333). As principais características incluem: (1) uma concha articulada, os dois la- dos (valvas esquerda e direita) fechados por um ou dois músculos adutores; um ligamento elástico mantém as valvas abertas quando os
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