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ser educacional gente criando o futuro Presidente do Conselho de Admin istração Janguiê Diniz Diretor-presidente Jânyo Diniz Diretoria Executiva de Ensino Adriano Azevedo Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Joaldo Diniz Diretoria de Ensino a Distância Enzo Moreira Autoria Samantha Emerick Labate de Melo Projeto Gráfico e Capa DP Content DADOS DO FORNECEDOR Análise de Qualidade, Ed ição de Texto, Design lnstr uciona l, Ed ição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. © Ser Educaciona l 2020 Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro Recife-PE - CEP 50100-1 60 *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando ind icada a referência . Info rmamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Cód igo Penal. Imagens de ícones/capa:© Shutterstock o \ ASSISTA Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple- mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. CITANDO Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. CONTEXTUALIZANDO Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstra-se a situação histórica do assunto. CURIOSIDADE Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. DICA Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. EXEMPLIFICANDO Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto. EXPLICANDO Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhecimento trabalhada. Unidade 1 - Psicologia Organizacional: advento, consolidação e atuação Objetivos da unidade ........................................................................................................... 12 Psiquiatria, Psicologia e Psicanálise: diferenças e semelhanças ............................ 13 A instauração da Psiquiatria .......... .. ........................... ............. .. .......................... .. .. .... 13 A consolidação da Psicologia como ciência .............................................................. 15 O surgimento da teoria psicanalítica ............... ............ .............. .................................. 17 Encontros e divergências das ciências da mente humana ..................................... 18 Psicologia Organizacional: definições e atuação ......................................................... 21 Campo de atuação da Psicologia Organizacional ..................................................... 23 Processo perceptivo e a influência nas organizações ................................................. 29 Sintetizando ........................................................................................................................... 35 Referências bibliográficas ................................................................................................. 37 Unidade 2 - Personalidade e motivação no contexto organizacional Objetivos da unidade ........................................................................................................... 39 Personalidade, atitudes e valores .................................................................................... 40 A personalidade por diversas perspectivas ............................................................... 42 Motivação: teorias de conteúdo ........................................................................................ 49 Demais teorias de conteúdo .......................................................................................... 53 Motivação: teorias de processo ........................................................................................ 55 Outras teorias relevantes ............................................................................................... 58 Sintetizando ........................................................................................................................... 61 Referências bibliográficas ................................................................................................. 62 Unidade 3 - Grupos e equipes no ambiente organizacional Objetivos da unidade ........................................................................................................... 64 Comportamento de grupos .................................................................................................. 65 Grupos nas organizações: principais aspectos e características .......................... 66 O poder dos grupos .................. ....... .............................. ............................. ..................... 69 Motivação, comunicação e liderança em grupos ..................................................... 71 Equipes de trabalho ............................................................................................................. 73 Desenvolvimento das equipes de trabalho ................................................................. 79 Competências nas equipes de trabalho ...................................................................... 84 Cognição em equipe ....................................................................................................... 86 Sintetizando ........................................................................................................................... 90 Referências bibliográficas ................................................................................................. 92 Unidade 4 - Aspectos essenciais de uma organização: da liderança à saúde mental Objetivos da unidade ........................................................................................................... 94 Liderança ............................................................................................................................... 95 Liderança: definições e características ......... ................................. ............................ 96 Desenvolvendo lideranças .......................................................................................... 106 Outras questões sobre liderança ............................................................................... 108 Saúde mental no trabalho ................................................................................................. 109 Processo sa úde versus doenças ...................................................... ............... ........... 110 Diagnóstico e intervenção em saúde menta l .................................... ....................... 112 Sintetizando ......................................................................................................................... 116 Referências bibliográficas ............................................................................................... 117 Prezado(a) estudante, A trajetória pela disciplina Psicologia Organizacional abordará, in icialmente, o surgimento e consolidação das ciências que estudam os processos mentais humanos, além das divergências mais relevantes presentes entre elas. Por meio das principais teorias existentes, serão abordadas as variáveis in- fluenciadoras do comportamento humano, como processo de percepção, per- sonalidade, valores e motivação. Também serão trabalhadas as definições, bem como o campo de atuação da Psicologia Organizacional, dando ênfase à diversidade do comportamento humano dentro de uma organização. Nesse mesmo contexto, serão visualiza- das as principais atividades desenvolvidas pela Psicologia Organizacional, in- cluindo a busca pela saúde mental no ambiente de trabalho. Bons estudos! PSICOLOGIAORGANIZACIONAL • A professora Samantha Emerick La- bate de Melo é graduada em Psicolo- gia pela Faculdade do Futuro (2019) e capacitada em Didática do Ensino Su- perior pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (2019). Atua como psicóloga organizacional no ramo supermercad ício, conduzindo processos de recrutamento e seleção; avaliação psicológica; treinamentos e avaliação de desempenho. Currículo Lattes: http://lattes.cn pq. br/7851029705549718 Primordialmente, dedico esse trabalho a Deus, em gratidão ao dom da vida. Aos familiares e amigos, em agradecimento a todo incentivo e carinho ao longo desse processo. Por fim, a minha mentora Juliana Firmino, por todo direcionamento e apoio proporcionados no início de minha vida profissional. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • UNIDADE r educacional Objetivos da unidade Apresentar o surgimento das ciências que estudam os processos mentais humanos, bem como suas principais diferenças; Abordar o advento da Psicologia Organizacional e seu campo de atuação, com destaque para as principais atividades desenvolvidas; · Compreenderas diferenças comportamentais do homem dentro da organização. Tópicos de estudo · Psiquiatria, Psicologia e Psica- nálise: diferenças e semelhanças • A instauração da Psiquiatria • A consolidação da Psicologia •A • como c1enc1a • O surgimento da teoria psica- nalítica • Encontros e divergências das ciências da mente humana Psicologia Organizacional: definições e atuação • Campo de atuação da Psicologia Organizacional •· Processo perceptivo e a influência nas organizações PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • Psiquiatria, Psicologia e Psicanálise: diferenças e semelhanças •• Para que haja a compreensão dos conceitos e campo de atuação da Psicolo- gia Organizacional como conhecemos atualmente, é essencial que se entenda o surgimento e desdobramentos das principais ciências que se desenvolveram com o estudo dos processos da mente humana. O interesse sobre o funcionamento da mente humana data de 300 a.e, quando filósofos da Grécia Antiga iniciaram teorias sobre conceitos como me- mória, aprendizagem, emoções e personalidade. Essas teorias e pensamentos embasaram estudos posteriores e estiveram presentes até meados dos anos de 1800, época em que os primeiros passos do surgimento da ciência da mente humana foram dados, com o advento e desenvolvimento dos estudos de Psi- quiatria, Psicologia e Psicanálise. ( __ ) A instauração da Psiquiatr" a •• A primeira ciência a desenvolver estudos sobre o funcionamento da men- te humana foi a Medicina, por meio do ramo da Psiquiatria. O surgimento da Medicina data de milhares de anos. No Antigo Egito, já eram registrados pro- cedimentos e processos, como cirur- gias que visavam a melhoria e repa- ração de problemas decorrentes das doenças humanas. A Medicina também evoluiu na - Grécia Antiga, época em que técni- ._ cas primitivas foram desenvolvidas com intuito de identificar sintomas de doenças e curá-las. A Grécia ainda foi berço de Hipócrates, precursor de vários estudos e descobertas, sendo considerado o pai da Medicina devido às suas grandes contribuições. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • Em meados do século XVIII, a Medicina passou a adotar procedimentos mais contemporâneos, acompanhando o desenvolvimento científico que ocor- ria naquela época. O ramo da Psiquiatria passou a ganhar força a partir do ano de 1801, com os estudos desenvolvidos pelo médico francês Philippe Pinel e, posteriormente, pelo seu discípulo, Jean Esquirol, conforme pontua Meleiro, no livro Psiquiatria: estudos fundamentais, publicado em 2018. CURIOSIDADE o \ Após da morte de Philippe Pinel, em 1826, Jean Esquirol, seu talentoso discípulo, dedicou-se a dar continuidade aos seus estudos e obras, contribuindo de forma significativa para o desenvolvimento da Psiquiatria como ciência. Philippe Pinel passou a instituir um olhar mais humanitário para aqueles que sofriam de transtornos mentais. O médico francês afirmava que a "loucura" era como uma doença e, desse modo, deveria receber tratamento apropriado. Du- rante sua atuação, Pinel buscava formas de promover melhorias nos tratamen- tos dos pacientes considerados "loucos". A partir de seus estudos e reformas propostas, o auxílio aos pacientes com psicopatologias passou a ser incluído nas responsabilidades médicas. Se comparada às outras especialidades da Medicina, a Psiquiatria se desen- volveu de maneira mais lenta. Ao final do século XIX, uniu-se de forma temporá- ria à Psicologia, que também se desenvolvia nessa época, já que compartilhavam o mesmo objeto de estudo: os processos e o funcionamento da mente humana. No Brasil, a Psiquiatria passou a se desenvolver com a chegada da Família Real, em 1808. Nesse mesmo ano, foram criadas as faculdades de Medicina no Rio de Janeiro e na Bahia. Até então, os médicos atuavam de forma generalista, ou seja, não havia especializações. Com o desenvolvimento cientí- fico e surgimento de novas demandas, no en- tanto, os profissionais se inclinaram para áreas específicas. No Brasil, destaca-se o médico José Carlos Teixeira Brandão, que lutou pela implemen- tação de uma legislação que beneficiasse as pessoas portadoras de transtornos mentais. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • DIAGRAMA 1. MARCOS DE CONSOLIDAÇÃO DA PSIQUIATRIA ~ • A consolidação da Psicologia como ciência A história da Psicologia se entrelaça com pensamentos advindos da Filo- sofia. Ainda em meados dos séculos XVII e XVIII, o filósofo René Descartes desenvolvia ideias sobre a subjetividade, alma e corpo. Posteriormente, ou- tros pensadores, como John Locke e lmmanuel Kant, relataram suas ideias a respeito do saber e do conhecimento, contribuindo para o posterior desen- volvimento da Psicologia como ciência. Já no século XIX, em 1879, houve o registro do marco no nascimento da Psicologia. Nesse ano, na Alemanha, o professor Wilhelm Wundt desenvol- veu, junto a dois alunos que o auxiliaram, o experimento que lhe renderia o título de pai da Psicologia. Wundt criou um aparelho que visava medir o tem- po de reação das pessoas após a emissão de um determinado estímulo. Ele pretendia, com esse experimento, "medir" os processos mentais em termos de velocidade de resposta. Esse foi considerado por muitos o primeiro "labo- ratório" de Psicologia. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • EXPLICANDO Estímulo é qualquer impulso, interno ou externo, capaz de causar uma reação ao organismo. Exemplo: quando você ouve um barulho alto e se assusta. Anos mais tarde, em 1892, Edward Bradford Titchener, discípulo de Wundt, deu continuidade a seus estudos e descobertas, visando a identificação dos ele- mentos que comporiam a mente humana. Titchenertambém iniciou experimen- tos em um trabalho de autorreflexão, incentivando pessoas à introspecção, ou seja, olhar para si mesmo e descrição de suas sensações. Esses dois estudiosos abriram portas para o entendimento dos conceitos de percepção, emoções e sensações, que embasariam toda a evolução e desenvolvimento da Psicologia . " . como cIencIa. No Brasil, os primeiros estudos de Psicologia foram realizados por médicos das Universidades do Rio de Janeiro e da Bahia. Acompanhando o advento da Psiquiatria nos anos de 1830, vários médicos se interessaram pela área, desen- volvendo teses e teorias. Até então, não havia delimitação entre ambas as áreas, sendo uma influenciada pela outra. A partir dos anos de 1900, ainda por meio de trabalhos de médicos, foram desenvolvidas técnicas psicológicas que come- çaram a ser utilizadas e ganharam força no tratamento de transtornos mentais. A área educacional também contribuiu fortemente para o desenvolvimento dessa ciência em nosso país, sendo responsável pelo desenvolvimento dos pri- meiros testes psicométricos a partir dos anos de 1920. Desde então, a Psicologia passou a ganhar campo e foi sendoincrementada e aplicada nas clínicas, escolas e nas organizações de trabalho. A consolidação da Psicologia no Brasil se dá a partir de 1930, com o desen- volvimento de técnicas e testes que passaram a ser utilizados para a avaliação e orientação infantil, bem como para a seleção de trabalhadores das indústrias e para a orientação de pessoal dentro das organizações de trabalho. Dessa forma, a Psicologia começa a se desvincular da Psiquiatria, iniciando seu processo de introdução em universidades e cursos. Os profissionais da área passaram a se organizar em associações, reivindi- cando a regularização da profissão, que veio a acontecer no ano de 1962, sendo definidos os campos e normas para atuação, além do currículo necessário para a formação como psicólogo. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • DIAGRAMA 2. PROCESSO HISTÓRICO DA PSICOLOGIA ~ (--)1-----------------------·----· . . O surgimento da teoria ps·cana ít·ca O desenvolvimento da teoria psicanalítica data de 1886, com os estudos desenvolvidos pelo médico psiquiatra Sigmund Freud. Freud formou-se em Medicina no ano de 1881, na Universidade de Viena. Especializou-se em Psi- quiatria, dando início aos seus atendimentos clínicos logo após sua forma- ção. Durante sua atuação, Freud se deparou com vários pacientes acometidos por problemas nervosos, como eram definidos os problemas relacionados a transtornos mentais naquela época. O médico percebia a limitação e inefeti- vidade da Medicina no tratamento desses pacientes. Entre os anos de 1882 e 1885, Freud teve contato com a hipnose, método de tratamento utilizado por alguns médicos na época. Ele percebeu a efetivi- dade do método no alívio de alguns sintomas de transtornos mentais, como a histeria, por exemplo. Essa efetividade o motivou a aprender e aplicar a técnica e, posteriormente, publicar o relato da aplicação e resultados obtidos em seus pacientes. Anos mais tarde, Freud desenvolveu outras técnicas que visavam estimular o acesso a recordações possivelmente traumáticas de seus pacientes que, de acordo com ele, eram reprimidas na mente por algum tipo de mecanismo, sendo responsáve is pela manifestação de sintomas psíquicos. PSICOLOGIA ORGANIZAC IONAL • Com o decorrer dos anos, Freud desenvolveu suas técnicas, aprimorando seus estudos e conhecimentos, criando, assim, a teoria psicanalítica, que afir- mava que o sofrimento e conflito psíquico, manifestos por meio de sintomas, eram oriundos do atrito entre forças instintivas humanas e forças que agiam como repressoras. Posteriormente, foram desenvolvidos outros conceitos, como consciente, pré-consciente e inconsciente, bem como id, ego, superego e pulsões, que embasaram a teoria desenvolvida por Freud. Nos anos seguintes à morte de Sigmund Freud, a Psicanálise foi ganhando novos desdobramentos. Vários seguidores do trabalho do médico que par- ticipavam de seus círculos de estudos, como Carl Jung, Anna Freud, Melanie Klein e Jacques Lacan, por meio de pesquisas, passaram a desenvolver novas vertentes e teorias, trabalhadas em cima de pontos que acreditavam ser ta- lhos na teoria psicanalítica desenvolvida por Freud. ( __ ) Encontros e divergências das ciências da mente huma;: A Psiquiatria, a Psicologia e a Psicanálise se desenvolveram simultanea- mente a partir dos anos de 1800, compartilhando o interesse pelos processos da mente humana como seus objetos de estudo. Elas, no entanto, divergem em inúmeros aspectos, como formação necessária, foco do objeto de estudo e campo de atuação. A Psiquiatria é reconhecida como umas das inúmeras especialidades dentro da Medicina, sendo responsável pelo estudo dos processos mentais e comportamentais do ser humano. Ela atua na prevenção, diagnóstico, tra- tamento e reabilitação de transtornos mentais, tendo como foco os aspectos orgânicos desses transtornos, ou seja, a química e fisiologia do funcionamen- to cerebral. Para atuação em Psiquiatria, é necessário formação em Medicina e espe- cialização na área. O profissional tem como campo de atuação clínicas, hos- pitais, ambulatórios e é habilitado a prescrever e ministrar medicações que atuam na amenização de sintomas resultantes dos transtornos mentais. A Psicologia atua na busca da compreensão dos fenômenos mentais e comportamentais humanos, visando entender suas causas e motivações, também trabalhando na prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • Para a atuação na área, é necessário a graduação em Psicologia. Essa ciência se divide em diversas correntes de pensamento, tendo cada uma delas uma visão do ser humano e seus processos, utilizando de técnicas e teorias espe- cíficas. O profissional de Psicologia possui uma gama de possibilidades de campo de trabalho e especializações, podendo atuar em clínicas, hospitais, escolas, meios jurídicos, meios esportivos, organizações, dentre outras. Em todos esses campos, há a busca pela compreensão dos fatores psicológicos que influenciam o desempenho, o resultado e o comportamento das pessoas en- volvidas. A prática clínica, todavia, é uma das mais difundidas e reconhecidas espe- cialidades da Psicologia. É válido ressaltar que, ao contrário do psiquiatra, o psicólogo clínico não é habilitado a prescrever medicações. Além disso, en- quanto a Psiquiatria mantém o foco no controle e eliminação das manifesta- ções sintomáticas, a Psicologia busca o entendimento dos motivos e causas dos sofrimentos mentais. Para a compreensão do campo de atuação da Psicanálise, é necessário o entendimento de alguns pontos. Ela é uma das correntes de pensamento da Psicologia, tendo suas técnicas e formas de compreensão particulares, que objetivam o entendimento dos fenômenos mentais. Portanto, um profissio- nal formado em Psicologia pode apl icar em seus atendimentos os conheci- mentos da corrente psicanalítica. No Brasil, entretanto, a Psicanálise também é reconhecida como uma ocu- pação, embora não seja regulamentada como profissão. Dessa forma, não há exigência de graduação para o desempenho da função de psicanalista, tendo apenas como pré-requisito a conclusão de cursos de formação em Psicanálise. Para a realização desses cursos, é exigido que o aluno tenha curso superior completo em qualquer área. Sendo assim, um administrador, por exem- plo, pode ser um psicanalista. Um profissional com curso de formação em Psicanálise pode atuar como psicanalista, assim como um profissional for- mado em Psicologia. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • O campo de atuação da área irá divergir de acordo com a formação do profissional . Um profissional com formação em Psicologia, e que atua tendo como base a corrente psicanalítica, possui todas as possibilidades de atuação de um psicólogo, como hospitais, escolas, clínicas, esporte etc. Um profissional que possui apenas o curso de formação em Psicanálise, no entanto, poderá atuar aplicando a teoria em sua profissão. Assim, um administrador pode apli- car as teorias psicanalíticas na administração de sua empresa. Alguns psicana- listas também atuam em cl ínicas, realizando atendimentos baseados na teoria. EXPLICANDO O site do Conselho Federal de Psicologia contém informa- ções, normas e diretrizes sobre a atuação do profissional com formação em Psicologia e Psicanálise. No campo sobre dúvidas mais frequentes, é disponibilizada uma explicação mais aprofundada das diferenças de ambos os campos de atuação. QUADRO 1. PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE PSIQUIATRIA, PSICOLOGIA E PSICANÁLISE Marco inicial Estudos desenvolvidos por Psicologia Wilhelm Wundt, em 1879. Estudos desenvolvidos a Psiquiatria partir de 1801 por Philippe Pinel e Jean Esquirol. Estudos desenvolvidos pelo Psicanálise médico psiquiatra Sigmund Freud a partir de 1886. Formação necessária Graduação em Psicologia. Graduação em Medicina, com especialização em Psiquiatria. Graduação em Psicologia.Curso de formação em Psicanálise e graduação em qualquer área de conhecimento. Objeto de estudo Processos mentais, emoções e comportamento humano. Processos mentais, emoções e comportamento humano, com ênfase nos aspectos orgânicos. Processos mentais, emoções e comportamento humano. Campo de atuação Clínicas, hospitais, esportes, organizações, trânsito, escolas etc. Clínicas, ambulatórios, hospitais. Clínicas, hospitais, esportes, organizações, trânsito, escolas etc. Área em que possui curso superior e clínicas. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • •• Psicologia Organizacional: definições e atuação O início da aplicação da Psicologia nas organizações começou no sécu lo XX. No Brasil, esse campo teve sua ascensão a partir da década de 1920. Nessa época, a ciência psicológica era cada vez mais aplicada a diversos contextos, visto sua eficácia e capacidade de responder a questões advindas de proble- mas sociais e de relac ionamentos humanos. A Psicologia se inseriu nas organizações em um momento histórico propí- cio, em uma época em que havia a preocupação com a maximização da produ- ção no trabalho. Contemporâneo a esse processo, Frederick Winslow Taylor, engenheiro norte-americano, passou a desenvolver estudos e teorias sobre o planejamento no ambiente de trabalho, tendo como objetivo potencializar o ritmo de produção. Taylor afirmava que se um trabalhador exercesse com ex- celência suas funções, renderia mais lucros à empresa. Visando o aumento da produtividade, Taylor desenvolveu quatro princípios aplicáveis nas organiza- ções, apresentados no Quadro 2. QUADRO 2. PRINCÍPIOS DE TAYLOR ~ 1) Planejamento: necessidade de planejamento de todas as etapas de trabalho a fim de aumentar a produtividade. 2) Preparo dos trabalhadores: análise das aptidões dos trabalhadores para determinada tarefa, treinando-os e visando maior e melhor produtividade. 3) Controle: acompanhar e controlar a execução do trabalho para que ele seja desenvolvido de maneira correta e em direção à meta estabelecida. o \ 4) Execução: distribuição das tarefas e controle da execução do trabalho. CURIOSIDADE Frederick Winslon Taylor (1856-1915) é considerado o pai da Administração Científica por propor a racionalização do trabalho com o objetivo de poten- cializar e ordenar os processos de trabalho dentro das organizações. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • As ideias desenvolvidas por Taylor foram altamente difundidas e aceitas em vários países do mundo, sendo modificadas e aperfeiçoadas ao longo do tempo. Essas teorias foram ao encontro dos trabalhos desenvolvidos pela Psicologia na época e, juntas, buscavam maior eficácia na produtividade das organizações, bem como melhorias nas situações trabalhistas dos operários. No Brasil, a classe empresarial percebeu o potencial dessas modifica- ções e a necessidade de implantá -las. Essas teorias passaram a ser aplica- das dentro das indústrias brasileiras, sendo desenvolvidas junto ao trabalho da Psicologia. Antunes, em seu livro A psicologia no Brasil: leitura histórica sobre sua constituição, publicado em 2014, relata que, nos anos de 1930, na cidade de São Paulo, a partir de movimentos dos representantes das indústrias lidera- dos por Aldo Mario de Azevedo, foi criado o Instituto Racional do Trabalho - IDORT, que deu início ao desenvolvimento de inúmeras novas instituições, voltadas para melhorias nas condições de trabalho, como higiene, preven- ção de acidentes, entre outras. Nesse contexto, a Psicologia se consolidou dentro das organizações indus- triais, dirigindo seu t rabalho ao com- ponente humano das organizações, ou seJa, aos trabalhadores, atuando na seleção de profissionais para as in- dústrias, bem como no treinamento e instrução. Nessa mesma década, ini- ciou-se o desenvolvimento e aplicação de testes para a seleção de pessoal a partir de um curso de Psicotécnica mi- nistrado na cidade de São Paulo. Os primeiros testes utilizados para sele- ção de pessoas no Brasil ocorreram por meio da influência de Lourenço Filho e Leo Walther, sendo aplicados para a seleção de pilotos de avião. Desde então, a ciência psicológica firmou-se cada vez mais nas organizações, dando origem à especialidade denominada Psi- cologia Organizacional. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • ( __ )----Ca-m- po- de- a-tu_a_ç-ão_ d_a_P_s_· c-o-lo-g-ia- 0-rg_a_n __ z_a_c-io_n_a_l - -----• A Psicologia Organizacional é reconhecida como uma especialidade pelo Conselho Federal de Psicologia, sendo hoje uma disciplina presente nos cur- sos de Psicologia, Administração e Recursos Humanos. Ela tem como objetivo colaborar para o desenvolvimento e potencializa ção da produtividade e saú- de no ambiente de trabalho, visando o equilíbrio entre as necessidades dos colaboradores e da organização. A Psicologia Organizacional tem como foco o recurso humano da empresa, ou seja, seus colaboradores, atuando desde a seleção de um novo trabalhador, passando por processos de treinamento, gestão e med iação entre organização e funcionários. Quando falamos do campo de atuação dessa área, podemos dividi-lo em três áreas de atenção: o trabalho, a organização e a gestão de pessoas. Para a Psicologia Organizacional, a área do traba lho não se limita à execução de ta- refas e à produtividade, ela abrange, principalmente, a relação pessoal e so- cial dos colaboradores com o trabalho em que executam. Para um indivíduo, o trabalho exerce diversos papéis sociais, como construtor de identidade, meio de sobrevivência e motivação. Dessa forma, a relação que o indivíduo cultiva com seu trabalho implica diretamente em consequências pessoais, bem como benefícios ou impasses para a organização, devendo, assim, ser compreendida e analisada de forma aprofundada. A segunda área de interesse é a organização. A organização é o ambiente no qual o trabalho é desenvolvido para que haja o entend imento do compor- tamento e relação dos trabalhadores. Pontos como a estruturação de uma organização, sua cultura e seu modelo de gestão são variáveis que influen- ciam de maneira significativa seus resu ltantes, portanto, precisam ser analisados e compreendidos. Por fim, a área de gestão de pessoas representa o fator de maior interesse e importância para o campo. É nesse ponto em que há o entendimento de políticas, es- tratégias e técnicas que gerem o trabalho huma- no. A forma como uma organiza ção lida e conduz o comportamento humano reflete diretamente em seus resultados. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • QUADRO 3. ÁREAS DE INTERESSE DA PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Trabalho: relação pessoal e social do colaborador com o trabalho exercido. Organização: estrutura, ambiente e clima em que vive o trabalhador. Gestão de pessoas: gestão do comportamento humano dentro da organização. Na aplicação prática da Psicologia Organizacional, pode-se destacar as prin- cipais atividades desenvolvidas: recrutamento e seleção, diagnóstico e gestão do clima organizacional, treinamento e desenvolvimento, avaliação de desem- penho e gestão de pessoas e grupos. O recrutamento e seleção se encontra na base de atuação da Psicologia Organizacional. Esse processo visa encontrar profissionais que se adequem ao perfil da organização e que possuam qualificações técnicas para o preenchi- mento das vagas disponíveis. O recrutamento e seleção é de suma importância para o desenvolvimento da organização de uma forma geral, pois uma contra- tação inadequada pode gerar impasses na produtividade, relacionamentos e no funcionamento e desenvolvimento da empresa. O primeiro passo desse processo, o recrutamento, consiste na divulgação das vagas disponíveis, para que sejam atraídos profissionais candidatos ao seu preenchimento. O recrutamento de uma vaga pode ser realizado de maneira externa, sendo destinado a profissionais que não fazem parte do quadro de colaboradoresda empresa. Outra forma de recrutamento também utilizada é o recrutamento interno, destinado aos próprios colaboradores que atuam na empresa. Para que uma vaga seja divulgada de maneira adequada, é necessá- rio conter informações como atribuições do cargo, conhecimentos e habilida- des necessárias para que a função seja desempenhada de maneira adequada. Após a primeira etapa de recrutamento, é iniciado o processo de seleção. O primeiro passo da seleção ocorre nas triagens dos currículos recebidos por meio do recrutamento. Os candidatos que se enquadram nos requisitos ne- cessários são selecionados. Posteriormente, as avaliações são iniciadas e inú- meras técnicas e estratégias são utilizadas: entrevistas individuais e coletivas, dinâmicas de grupo, provas escritas e testes, podendo ser esses psicológicos ou não. As técnicas podem ser escolhidas de acordo com o perfil da vaga, em- presa e do avaliador. PSICOLOGIA ORGANIZAC IONAL • , E válido ressaltar que esse processo de seleção pode ser conduzido por profissionais da Administração, de Recursos Humanos ou por psicólogos, no entanto, cada profissional deve utilizar apenas as técnicas pertinentes a sua área . Quando executado de maneira correta, o processo de recrutamento e seleção consegue identificar o profissional mais adequado para o preenchi- mento da vaga, contribuindo com o desenvolvimento da empresa. Outra atividade prática desenvolvida pela Psicologia Organizacional é o diagnóstico e gestão do clima organizacional. O clima organizacional pode ser comparado ao clima atmosférico, sendo entendido como as con- dições presentes em um ambiente de trabalho. Em termos técnicos e teóri- cos, o clima organizacional diz respeito à percepção dos trabalhadores de uma organização em relação à qualidade daquele contexto de trabalho. Por meio da identificação do clima organizacional, é possível compreender a qualidade e padrão dos relacionamentos interpessoais, entre colaborador e seu líder direto, satisfação e motivação dos colaboradores, em termos de remuneração, valorização dos colaboradores, modelo e efetividade da ges- tão presente, entre outros aspectos. O clima organizacional afeta de forma significativa a produtividade de uma empresa, já que está ligado ao grau de satisfação e motivação dos co- laboradores e, consequentemente, ao rendimento. Dessa forma, é essencial que seja feita a identificação do clima organizacional para a implementa- ção de mudanças que sejam pertinentes. Essa identificação é feita por meio do diagnóstico do clima, que pode ser realizado por meio de observações, entrevistas com colaboradores, bem como ques- tionários especializados. A partir da coleta de dados, pode-se identificar aspectos quali- tativos do clima de uma organização, de- tectando as mudanças necessárias. Essas mudanças podem ser feitas com base nos pontos de insatisfação apontados pelos cola- boradores. Um bom clima organizacional pro- picia à empresa um ambiente mais saudável, com maior engajamento e satisfação dos colaboradores, resultando em uma maior produtividade. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • O treinamento e desenvolvimento de colaboradores é outra ferramenta bastante utilizada pela psicologia organizacional. Esse processo visa promo- ver o desenvolvimento de habilidades, conhecimentos e atitudes dos colabo- radores para que tenham um melhor desempenho em seu trabalho, ou para prepará-los para exercer novas funções. Esse processo busca desenvolver também mudanças de cunho comportamental e de atitudes, visando atingir o padrão esperado pela empresa. Para a eficiência de um projeto de treinamento e desenvolvimento, alguns passos devem ser seguidos. É necessário identificar aspectos que necessitam melhorias. Isso inclui a análise individual e colet iva dos colaboradores de uma organização e os pontos que se encontram deficitários na execução de suas tarefas. Também podem ser analisadas as competências que precisam ser desenvolvidas por determinadas posições, como as lideranças. Essa análise pode ser feita por meio de avaliação de desempenho ou observação e relato dos gestores. Com bases nos pontos deficitários que precisam ser trabalhados e me- lhorados, é desenvolvida e definida a estratégia que será utilizada para o treinamento, que poderá ser rea- lizado por meio de cursos teóricos e práticos, capacitações, palestras, materiais de leitura, entre outros meios, a fim de fornecer o conheci- mento necessário aos colaboradores. Após a aplicação do treinamento, há a necessidade de uma nova avaliação, que irá identificar a ocorrência de mudanças e melhorias nos aspectos trabalhados. Ela também é capaz de oferecer informações sobre a efetivi- dade do método de treinamento apli- cado. Essa avaliação pode ser feita novamente por meio de avaliações de desempenho, observação e relato dos gestores e feedback de colaboradores. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • -DIAGRAMA 3. ETAPAS PARA A EXECUÇAO DO PROCESSO DE TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO EM UMA ORGANIZAÇÃO Outra atividade presente na prática da Psicologia Organizacional é a avalia- ção de desempenho. A avaliação de desempenho busca identificar a qualidade de performance e desempenho dos colaboradores. Por meio dela, é possível detectar pontos que necessitam de melhorias, bem como reconhecer talen- tos presentes. Essa avaliação será montada de acordo com as necessidades da empresa e pode conter os seguintes conceitos para avaliação: competências, personalidade, qualidade na execução de tarefas, conhecimento técnico, habi- lidades, qualidade dos relacionamentos intergrupais, entre outros pontos. Após a estruturação e construção do modelo que melhor atenda às neces- sidades da empresa, a avaliação pode ser aplicada. Sua forma de realização também pode variar, podendo ser realizada das seguintes formas: a) Avaliação pelo superior hierárquico: nesse modelo de avaliação, o colabo- rador é avaliado pelo seu superior direto. Exemplo: um vendedor de uma loja sendo avaliado pelo seu gerente. b) Avaliação pelos pares: nesse modelo, os colaboradores avaliam seus pa- res, ou seja, os que atuam no mesmo nível hierárquico. Geralmente, ela é utili- zada para a avaliação de gerentes. Exemplo: os gerentes de todos os setores de uma empresa de vendas avaliam uns aos outros. c) Avaliação pelo subordinado: nesse tipo de avaliação, o colaborador avalia seu superior direto. Exemplo: um gerente de uma loja sendo avaliado por um vendedor. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • d) Avaliação 360 graus: nesse molde de avaliação, a avaliação de um co- laborador é realizada por meio de dados de diversas fontes: seus pares, seu superior direto, seus subordinados e pelo próprio colaborador. A escolha do método de avaliação também pode variar levando em conta , os objetivos da organização. E imprescindível que, após a apuração dos da- dos da avaliação, sejam fornecidos feedbacks, sendo identificados os pontos de mudanças e havendo o reconhecimento dos aspectos positivos que foram constatados. Para que o feedback seja dado de maneira adequada e que fun- cione de maneira motivadora para os colaboradores, alguns pontos devem ser seguidos: a) Deve ser fornecido de forma seletiva, sendo mantido o foco nos aspectos mais importantes; b) É apresentado com foco nos comportamentos que demonstram necessi- dade de mudanças e as formas de obter essas mudanças esperadas; c) Deve ser utilizado como base para o planejamento de metas e mudanças. Por fim, o conjunto de todas as atividades citadas permitem à Psicologia Organizacional realizar a gestão das pessoas e grupos. A gestão consiste em desenvolver o capital humano de uma organização, extraindo os melhores resultados, e, dessa forma, ali- nhando as metas das empresas aos objetivos dos colaboradores. O conjunto de todos os processos citados ante- riormente permitem uma gestão adequada, otimi- zandoos resultados de uma organização. QUADRO 4. RESUMO DAS PRINCIPAIS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELA PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Atividades Recrutamento e seleção Diagnóstico e gestão do clima organizacional Descrição Divulgação de vagas, seleção de currículos e avaliação de candidatos que mais se enquadrem no cargo. Identificação das características do clima organizacional por meio de observação, questionários e relatos. Implementação das mudanças necessárias identificadas após diagnóstico. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • Treinamento e desenvolvimento Avaliação de desempenho Gestão de pessoas Busca desenvolver e aprimorar conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias aos colaboradores para a execução do trabalho com qualidade. Os pontos a serem treinados podem ser levantados por meio de avaliação de desempenho ou questionários e relatos. O treinamento pode ser ministrado por meio de cursos, palestras, capacitações, materiais de leitura, entre outros. Utilizada para avaliar desempenho dos colaboradores na execução do trabalho. Pode abranger conceitos como competências, personalidade, qualidade na execução de tarefas, conhecimento técnico, habilidades, qualidade dos relacionamentos intergrupais etc. Existem diversos tipos de avaliações, como avaliação pelo superior hierárquico, avaliação pelos pares, avaliação pelo subordinado e avaliação 360 graus. Conjunto de técnicas e estratégias que buscam desenvolver o capital humano de uma organização, além de alinhar as metas organizacionais com os objetivos dos colaboradores. ( ..... ..,)--P-ro_c_e_s_s_o_p_e_rc_e_p_t-iv_o_e_a_i-nf-1-ue-,..n-c_i_a_n_a_s_o_r_g_an_i_z_a_çõ-e-:-• Toda organização é um conjunto de matérias e processos e envolve uma es- trutura física, equipamentos e maquinários, produtos, materiais e mão de obra humana, fator que se encontra por trás de quase todos os processos. Todo capital humano presente em uma organização se diverge em vários as- pectos, como gênero, idade, religião, etnia e cultura. Juntos, esses fatores tornam cada ser humano único. Diante disso, todas as organizações encontram como um grande desafio a adaptação dessas diferenças para o alcance de um objetivo úni- co, por meio da gestão das diversidades e do respeito às colaborações individuais. Para que haja a gestão adequada da diversidade presente, é necessário que se entenda a particularidade de cada indivíduo, que é fortemente influenciada pela percepção de realidade presente em cada um. Dessa forma, ao manejar as disparidades dos colaboradores de uma organização, deve-se levar em conta que as diferenças entre eles existem, pois cada um é dotado de uma forma par- ticular de perceber o mundo. A percepção é o processo responsável por organizar e interpretar todas as informações que nós recebemos do ambiente em que estamos. Essas informa- ções são recebidas por meio dos órgãos sensoriais e dos sentidos, como audição, visão, tato, olfato e paladar, sendo transformadas pela mente em representa- ções, que possibilitam reconhecer e significar tudo aquilo que está a nossa volta. No Diagrama 4, é possível visualizar todas as etapas do processo de percepção. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • DIAGRAMA 4. ETAPAS DO PROCESSO PERCEPTIVO ~ Como exemplo de um processo de percepção, podemos imaginar a seguinte situação: ao entrar em uma sala, alguém se depara com uma cadeira (exposição a um estímulo). A imagem será vista pelos olhos (órgão sensorial), sendo enviada ao cérebro e processada (processo de percepção). Logo após, como resposta a esse processamento, por meio do reconhecimento e significação, essa pessoa consegue identificar aquele objeto como uma cadeira. Durante esse processo, alguns aspectos individuais podem fornecer particu- laridades na percepção. Observe a Figura 1: Figura 1. Figura e fundo. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 02/10/2020. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • Quando olhamos a imagem contida na Figura 1, temos duas perspectivas: po- demos enxergar o cálice (em branco) e o fundo de preto, ou os rostos (em preto) em um fundo branco. Algumas pessoas conseguem ver apenas uma imagem e não outra. Ao observarmos a Figura 2, temos a impressão de que os objetos contidos na parte inferior (em preto e cinza) são maiores do que seus pares contidos na parte superior (azul). Ao medir os objetos, no entanto, é possível notar que todos têm o mesmo tamanho. Figura 2. ilusão de área. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 02/10/2020. Com base na existência dessas disparidades presentes na percepção, é pos- sível afirmar que o que nós percebemos pode ser diferente daquilo que com- preendemos. Dessa forma, o que uma pessoa percebe também pode ser dife- rente do que é percebido por outras pessoas. Esse processo de percepção pode ser influenciado por algumas variáveis. O psicólogo Robert Sternberg afirma, em sua teoria da percepção construtiva, que, durante o processo de percepção, os estímulos que chegam pelos órgãos sensoriais são processados juntamente com outras informações adicionais, tais como a base de conhecimento, fornecida pela experiência, e inferências relativas ao meio, também baseadas nas experiências. EXPLICANDO Robert Sternberg é um famoso psicólogo norte-americano conhecido por suas grandes teorias cognitivas. Uma delas é a teoria triárquica da inteligência, proposta em 1980. PSICOLOGIA ORGANIZACI ONAL • Algumas variáveis influenciadoras do processo perceptivo podem ser vistas no Diagrama 5. , - DIAGRAMA 5. VARIAVEIS QUE INFLUENCIAM A PERCEPÇAO Cultura Emoções Motivações ~ Expectativa Percepção Interesse Experiências Todos os fatores apresentados, em menor ou maior grau, influenciam a ma- neira como percebemos o mundo. O primeiro desses fatores é a expectativa. Quando o indivíduo espera muito por algo, isso pode influenciá-lo a perceber as coisas ao redor, ou seja, ele passa a olhar para as coisas da forma como ele espera que sejam ou que aconteçam. Outro fator influenciador é o interesse, já que t endemos a focar nossa atenção naquilo que nos desperta interesse. Por exemplo: quando se está no meio de uma multidão a procura de uma pessoa específica. Nessas situações, tendemos a não focar nossa atenção em outras pessoas, e sim apenas no rosto que se procura. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • A experiência também proporciona parâmetros para nossa percepção. Todo indivíduo tende a repetir padrões de comportamento em situações já vi- venciadas, como podemos observar no exemplo a seguir: João estava presente em uma festa na qual houve uma briga séria entre várias pessoas. A briga começou com uma discussão, seguida de xingos e, pos- teriormente, agressões físicas. Na semana seguinte, João participou de outra festa. Em dado momento, viu algumas pessoas discutindo. João, ao perceber aquela situação como perigosa e propensa a outra briga, se retirou do local. Essa percepção se dá devido à experiência vivenciada anteriormente. As emoções e as motivações também exercem papéis fundamentais em nosso processo perceptivo. Uma pessoa que caminha carregando uma mochila muito pesada pode perceber um caminho como mais longo se comparada a uma pessoa que caminha sem carregar peso algum. Quando uma pessoa não se sente bem ou feliz e, mesmo assim, precisa comparecer a um evento, ela tem a percepção de que o tempo demora a passar mais do que o normal. Por fim, o último influenciador da percepção é o fator cultural. Crenças e valores são aspectos que diferem entre diversas culturas. Esses aspectos fornecem moldes particulares que influenciam a maneira como se percebe o mundo. A percepção, influenciada por variáveis que são particulares a cada um, é responsável e determinante para o comportamento humano. Esse processo pode ser compreendido como um fenômeno biopsicossocial, já que leva em conta aspectos biológicos, como a entrada dos estímulos pelos órgãos senso- riais, aspectospsicológicos, como emoções, motivação e interesse, e aspectos sociais, como a cultura em que o indivíduo está inserido. Dentro de uma organização, esse conhecimento é essencial e deve servir como base para a gestão de pessoas. Todos os eventos que ocorrem no coti- diano de uma organização são interpretados de uma forma singular pelos seus colaboradores. Portanto, a gestão de pessoas de uma empresa não deve ser igual à forma mecânica e padronizada da gestão de materiais. Para os gestores de uma organização, é essencial a compreensão do ser hu- mano como único e dotado de particularidades no que tange sua forma de se comportar, relacionar e interpretar os eventos presentes em seu ambiente de trabalho. Por meio dessa visão, o capital humano de uma organização deve ser PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • enxergado e trabalhado como ponto ativo e singular, el im inando modelos de gestão que buscam introduzir princípios já definidos e conduzir os colaboradores como seres passíveis, sendo todos enquadrados a um mesmo padrão. É imprescindível que a incorpora- ção de valores e crenças em uma organização não a conduzam ao modelo de extrema homogeneidade e padronização de seu capital humano. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • Sintetizando • Desde seus primórd ios, a human idade busca entender o funcionamento da mente humana e as doenças advindas dela. Pensadores e filósofos desenvol- veram teorias sobre memória, aprendizagem, emoções e personalidades, que embasaram vários estudos posteriores e estiveram presentes até 1800. Em 1801, a Psiquiatria iniciava seu desenvolvimento a partir dos estudos do médi- co Philippe Pinel, que deu um olhar mais humanizado aos transtornos mentais. No Brasil, ganhou forças com a chegada da Família Real e a instauração de universidades. Alguns anos mais tarde, em 1879, a Psicologia teve seu marco inicial de desenvolvimento: o experimento desenvolvido por Wilhelm Wundt. Em 1962, ela é regulamentada como profissão. Contemporâneo ao nascimento da Psicologia, a Psicanálise surgiu em 1886, por meio dos estudos do médico psiquiatria Sigmund Freud. Ele baseou sua teoria nas manifestações sintomáticas, resultantes do conflito entre forças ins- tintivas e repressoras do psiquismo humano. Anos mais tarde, sua teoria ganha novos desdobramentos por meio dos estudos de Carl Jung, Anna Freud, Mela- nie Klein e Jacques Lacan. A Psicologia, Psiquiatria e Psicanálise possuem como objeto de estudo os processos da mente humana, diferindo-se em vários aspectos. A Psiquiatria requer como formação a Medicina e tem foco nos processos fis iológicos do funcionamento do cérebro. O psiquiatra é habilitado a prescrever e ministrar medicações e tem como campo de atuação clínicas, ambulatórios e hospitais. Já para a atuação como psicólogo, é necessário a graduação em Psicologia. O profissional da área possui diversas possibilidades de campo de trabalho, sendo algumas delas: clínica, escolas, organizações, hospitais, meio esportivo, meio jurídico etc. Na prática clínica, o profissional de Psicologia não é habilitado a prescrever medicações, tendo seu foco no entendimento dos motivos e cau- sas das man ifestações psíquicas. Na atuação em Psicanálise, dois caminhos de formação podem ser segui- dos: o profissional formado em Psicologia pode aplicar aos seus atendimentos os conceitos e teorias psicanalíticas. Além disso, o profissional que possui nível superior em qualquer área de conhecimento pode realizar curso de formação em Psicanálise, aplicando em sua profissão os conhecimentos psicanalíticos. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • Constituindo um dos ramos da Psicologia, a Psicologia Organizacional foi um dos primeiros campos de atuação na área . Seu desenvolvimento se deu em uma época na qual predominava a preocupação com o aumento da capacidade de produção das indústrias, e foi impulsionada pelos princípios desenvolvidos por Frederick Winslow Taylor. No Brasil, sua consolidação se deu a partir de 1930, a partir da criação do IDORT. Os primeiros trabalhos estavam voltados à seleção de trabalhadores para as indústrias. Atualmente, a Psicologia Organizacional tem sua atuação voltada para as seguintes áreas: o trabalho, levando em conta sua represen- tação social e pessoal na vida do trabalhador; a organização, sendo estudada como um todo, incluindo sua estruturação, contexto e relações; e a gestão de pessoas, constitu ída pela maneira em que uma organização conduz seu capital humano. As principais atividades desenvolvidas pela psicologia organizacional, são: recrutamento e seleção, diagnóstico e gestão do clima organizacional, trei - namento e desenvolvimento, avaliação de desempenho e gestão de pessoas. Por fim, é essencial que se compreenda o processo de percepção para que haja uma gestão de pessoas adequada dentro de uma organização. O processo de percepção ocorre da seguinte maneira: exposição de um indivíduo a um determinado estímulo; entrada do estímulo pelo órgão sensorial (olhos, ouvi- dos, boca, nariz e pele); processamento do estímulo pela mente; significação e reconhecimento daquilo que foi processado, ou seja, do que está a nossa volta. Esse processo sofre influência de algumas variáveis. A teoria construti- va, do psicólogo Robert Sternberg, aponta essa questão, afirmando que nos- so processo perceptivo envolve os estímulos processados e conhecimento e inferências. Algumas das variáveis influenciadoras são: expectativa, interesse, experiências, emoções e motivação e cultura. Dentro de uma organização, é imprescindível a compreensão da singula- ridade do processo de percepção para adequação das estratégias de gestão. Todo o ambiente organizacional, seu contexto e processos que ocorrem são percebidos de forma única por cada colaborador. Dessa forma, o capital huma- no de uma organização deve ser visto de forma singular, sendo eliminados os aspectos de padronização e homogeneização presentes na gestão. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • Referências bibliográficas •• ANTUNES, M. A. M. A psicologia no Brasil: leitura histórica sobre sua constit ui- ção. 5 ed. São Paulo: Educ, 2014. BORGES, L. O.; MOURÃO, L. (org). O trabalho e as organizações: atuações a partir da Psicologia. São Paulo: Artmed, 2013. JORGE, M. A. C. Fundamentos da psicanálise de Freud a Lacan: as bases con- ceituais. 5. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA - CFP. Dúvidas frequentes sobre o tema: Psicoterapia. Disponível em: <https://site.cfp.org.br/contato/psicoterapia/>. Aces- so em: 02 out. 2020. MELERIO, A. M. A. S. Psiquiatria: estudos fundamentais. Rio de Janeiro: Grupo Editorial Nacional, 2018. MYERS, D. G. Psicologia. 9. ed. Rio de Janeiro: Grupo Editorial Nacional, 2012. SADOCK, B. J.; SADOCK, V. A .; RUIZ, P. Compêndio de Psiquiatria: ciência do comportamento e Psiquiatria Clínica. 11. ed. São Paulo: Art med, 2017. STERNBERG, R. J. Psicologia Cognitiva. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. VILELA, A. M. J.; FERREIRA, A. A. L.; PORTUGAL, F. (org). História da Psicologia: rumo e percursos. Rio deJaneiro: Nau, 2005. ZANELl,J. C.; ANDRESE,J. E. B.; BASTOS, A. V. B. (org). Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. 2. ed. São Paulo: Artmed, 2014. ZIMERMAN, D. E. Fundamentos psicanalíticos: teoria, técnica e clínica. São Pau- lo: Artmed, 1999. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • UNIDADE r educacional Objetivos da unidade · Apresentar as características da personalidade, as principais perspectivas que a explicam, bem como sua influência no ambiente organizacional; ··•· Abordar a motivação explicada pelas teorias de conteúdo e pelas teorias de processo; · Compreender a influência da motivação no ambiente organizacional. Tópicos de estudo ···.· Personalidade, atitudes e valores • A personalidade por diversas perspectivas Motivação: teorias de conteúdo • Demais teorias de conteúdo .. Motivação: teorias de processo• Outras teorias relevantes PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • Personalidade, atitudes e valores Cada ser humano é único, e gran- de parte dessa singularidade se deve à personalidade. A personalidade é um conjunto de características, pró- prias de cada indivíduo, relacionadas ao seu modo de agir, aos pensamen- tos, sentimentos e comportamentos. Relaciona-se também com a maneira que o indivíduo reage aos estímulos , do ambiente. E válido ressaltar que a personalidade é construída ao longo do tempo, já que é formada pela inte- ração de aspectos hereditários e experiências e percepções do in- divíduo, de forma que desenvolve-se ao longo da vida. Os estudos acerca da personalidade são feitos a partir da constru- ção de teorias, que são baseadas em pontos de vistas diferentes, as chamadas abordagens. Iniciaremos pelo entendimento das teorias e sua construção, sendo primordial a compreensão de três aspectos im- •• portantes que envolvem os estudos e as características da personalidade: descrição, dinâmica e desenvolvimento. A descrição, como o próprio nome sugere, relac iona-se às maneiras de agrupamento e comparação para os estudos e investigações sobre persona- lidade, podendo ser: • Grupos ou gradações (tipos e traços): as pessoas são classificadas em grupos limitados (abordagem por tipo) ou em dimensões já definidas, de forma a apontar quantas dimensões uma pessoa possui (abordagem de traços); • Abordagens nomotéticas e ideográficas: ocorre comparação de grupos (abordagem nomotética) ou o estudo de cada indivíduo, sem haver compara- ções (abordagem ideográfica).; • Coerência e personalidade: há análise na coerência com que um indiví- duo se comporta em diversas situações. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • Outro fator relativo à personalidade é a dinâmica, que diz respeito às va- riáveis estudadas que influenciam nos aspectos da personalidade. A primeira delas é a adaptação e ajustamento, que se refere à forma como as pessoas li- dam com determinadas situações, ou seja, a forma como se adaptam e se ajus- tam. Outro fator importante são os processos cognitivos, que estão ligados à forma como um indivíduo pensa, tanto sobre ele mesmo, quanto sobre outras coisas ou pessoas, o que se reflete na personalidade. A sociedade também é um aspecto pertencente à dinâmica, já que influenciará alguns fatores de per- sonalidade do indivíduo, como cultura e valores. O último fator da dinâmica é a consideração de influências múltiplas, que leva em conta vários fatores como influenciadores da personalidade, tanto internos quanto externos. O aspecto do desenvolvimento aborda as influências sofridas por um indivíduo ao longo do seu ciclo de vida que alteram sua personalidade. O primeiro ponto são as influências biológicas relacionadas à hereditariedade, ou seja, aquilo que é herdado e influencia a personalidade, como o tempe- ramento, por exemplo. Por fim, o último fator estudado é a experiência na infância e na vida adulta. Deve-se ter em mente que a personalidade se desenvolve ao longo do tempo, de forma que as experiências vividas por uma pessoa influenciam também sua personalidade. O Quadro 1 resume os fatores e seus itens: QUADRO 1. FATORES RELACIONADOS AO ESTUDADO DA PERSONALIDADE Descrição Grupos ou gradaçõ~s !tipos e traços): número ltmttado de grupo; descrição e classificação de dimensões. Nomotético e ideográfico: comparação com grupos; análise individual. PERSONALIDADE Dinâmica Desenvolvimento Adaptação e ajustamento: adaptação e ajustamento a situações. Processos cognitivos: modo de pensar sobre si mesmo, as coisas e as outras pessoas. Sociedade: influências da sociedade em que se está inserido. Influências múltiplas: influências internas e externas ao sujeito. Influências biológicas: hereditariedade. Experiência na infância e na vida adulta: influência das experiências vividas na infância e vida adulta. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • As teorias da personalidade possuem critérios de avaliação para que se te- nha a garantia da sua representação da realidade, bem como a capacidade de explicar e predizer certos eventos. O primeiro critério é a relevância, que se , relaciona com a importância de uma teoria. E preciso que uma teoria da perso- nalidade seja capaz de abrir campos para pesquisas e descobertas, contendo hipóteses passíveis de testes. Outro critério é o da abrangência, que afirma que uma teoria, para ser abrangente, precisa explicar uma variedade de eventos ou dados, além de abarcar um tema importante. Por fim, o último critério é o da parcimônia, que afirma que uma teoria precisa ter consistência em suas expli- cações e abrangência, bem como economia na explicação de seus fenômenos. Após a compreensão das construções das teorias da personalidade, abor- daremos as principais perspectivas que explicam os aspectos da personalida- de, sendo elas: • Perspectiva de base biológica; • Perspectiva psicanalítica; • Perspectiva dos traços; • Perspectiva da aprendizagem; • Perspectiva humanista; • Perspectiva social-cognitiva. • A personalidade por diversas perspectivas A primeira perspectiva estudada, a de base biológica, abrange um caso bas- tante peculiar, que despertou o interesse pela base biológica da personalidade: o caso Phineas Gage. Phineas era um trabalhador da construção civil que, em 1848, sofreu um acidente de trabalho que mudou completamente sua perso- nalidade. Após uma explosão durante um procedimento de seu trabalho, Gage teve o rosto perfurado por uma barra de ferro, atingindo a parte frontal de seu cérebro. Fisicamente, Gage não teve grandes sequelas do seu acidente, no entanto, seus amigos próximos relatavam que ele não era mais a mesma pes- soa. De um homem sério e responsável, Gage se transformou em uma pessoa irresponsável, descuidada e até grosseira. A partir de então, um olhar sobre as- pectos b iológicos que refletem na personalidade foi lançado, desencadeando estudos posteriores. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • Os estudos sobre adaptação e evolução de Charles Darwin também influen- ciaram significativamente a psicologia e as pesquisas sobre a personalidade. Com base nas descobertas de Darwin, os estudos da psicologia e personalida- de mudaram seu foco do conteúdo para os mecanismos de funcionamento da mente e do homem. Outro ponto também abordado foi o foco nas diferenças individuais e singularidades de cada ser humano. Assim, o primeiro aspecto biológi- co relacionado à personalidade foi o temperamento, que pode pode ser descrito como a reatividade emocio- nal de uma pessoa, levando em conta também a intensidade dessa reativida- de. O temperamento é parte significa- tiva da personalidade e tende a sofrer menos mudanças ao longo do tempo, já que é um componente herdado, ou seJa, hereditário. Dessa forma, por mais que alguns aspectos da perso- nalidade de uma pessoa mudem, seu temperamento tende a continuar o mesmo. Outro fator que também so- fre influências da hereditariedade são os estilos de comportamento, também influentes na personalidade. No entanto, é válido ressaltar que esses fatores são apontados como influências biológicas na personalidade por serem de cunho hereditário, e também com- pletamente imutáveis. Outro aspecto incluso e estudado pelas perspectivas biológicas é o cará- ter, descrito como os hábitos de comportamento de uma pessoa relacionados a suas reações. Possui certo grau de hereditariedade, no entanto, também é aprendido ao longo da vida do sujeito. No caráter estão inclusos valores e atitudes, as formas de comportamento e aspectos de movimentação do cor- po, como a postura. O caráter é formado pela interação do indivíduo com o meio, moldado por predisposições inatas a ele e por questões sociais, como cuidado parental. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • A segunda perspectiva abordada que explica a personalidade éa psicanalítica. Para Freud, criador da teoria, a personalidade humana em seu aspecto geral, incluindo esforços e emoções, é oriunda do conflito entre pulsões ou impulsos, que são direcionados ao prazer, e for- ças que agem como repressoras, relacionadas a normas sociais. Freud afirmava que a persona- lidade humana era fruto do esforço para resolver esse impasse, de modo que haja um equilíbrio entre os dois, no sentido de obter prazer/satisfação, mas sem que haja culpa. Para Freud, três mecanismos se relacionam e dão vez a esse conflito, sendo eles: id, ego e superego. O id age em prol de satisfazer os impulsos, no sentido de sobrevivência, reprodução e ataque. Segundo a teoria, o id é regido pelo princípio do prazer, buscando recompensa imediata. Como exemplo prático, pode-se imaginar as pessoas que vivem com pensamentos apenas no presente, sem grandes preo- cupações com o futuro, ou no amanhã, buscando diversão e prazer de forma imediatista. Outro exemplo são bebês que choram quando há alguma necessi- dade para ser suprida imediatamente. O segundo mecanismo é denominado ego, que é regido pelo princípio da realidade, contendo percepções e julgamentos, agindo de maneira a contro- lar parcialmente os impulsos do id, satisfazendo-os, mas de maneira realista e adequada. Por fim, o último mecanismo, denominado superego, age de acordo com a moral, fazendo com que o ego considere tanto a realidade quanto a idea- lidade. Está ligado à indução a um comportamento ideal através da produção do sentimento de culpa. Dessa forma, o ego age de forma a mediar as deman- das de id e superego. Freud ainda afirmava que a personalidade é formada nos primeiros anos de vida da criança, sendo que ela passa por cinco fases, descritas por ele como fases psicossociais: • Fase oral; • Anal; • Fálica, • Latência; • Genital. PSICOLOGIA ORGANIZACI ONAL • Em cada uma dessas fases, os impulsos do id ficam concentrados em algum local do corpo. Por essa perspectiva, durante a fase fálica, ocorreria com os meninos o chamado complexo de Édipo, em que eles desenvolveriam desejo pela mãe, de forma inconsciente, e ódio pelo pai. Nesse momento, a intervenção paterna é vista como uma "castração", e a criança passa a inter- nalizar e entender regras, valores morais e sociais. A psicanál ise ainda aponta a existência de três estruturas de personalida- de, sendo elas a neurose, psicose e a perversão. A estrutura neurótica esta- ria ligada a uma angústia: a pessoa entende certo e errado, porém internaliza problemas, tornando-os inconscientes até para si mesma, reprimindo-os, de forma que sofre sem entender claramente o motivo. Já na estrutura psicó- tica, a pessoa rompe com a realidade, não compreendendo o conceito de regras; não entende o que é considerado certo ou errado e age de acordo com suas vontades. Essa estrutura é associada a transtornos mais graves. E, por fim, na estrutura denominada perversão, a vida do indivíduo é regida pela busca constante do prazer, havendo o reconhecimento e entendimento de regras, mas, mesmo assim, elas são transgredidas. Essa estrutura apresenta traços de manipulação e impulsividade. EXPLICANDO O indivíduo que possui estrutura de personalidade psicótica pode experimen- tar delírios e alucinações. A esquizofrenia é pertencente à estrutura psicótica. A perspectiva psicanalítica, apesar de ser bastante difundida, não se rela- ciona de forma direta com outras abordagens que explicam a personal idade, não havendo pontos em comum e concordantes. A perspectiva dos traços também busca explicar construtos da persona- lidade, e estão relacionadas à forma de pensar, de se comportar e de sentir de um indivíduo. Essa perspectiva afirma que os traços podem prever o com- portamento de uma pessoa (uma pessoa bondosa no trabalho também será uma pessoa bondosa em casa, por exemplo), explicá-lo, já que a causalidade será sempre da pessoa e não da situação e, por fim, resumi-lo, afirmando que uma pessoa é diferente da outra devido aos seus traços. A perspectiva afirma também que os traços tendem a ser consistentes, dessa forma, um indivíduo PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • descrito como bondoso continuará com esse traço ao longo do tempo, sendo bondoso na semana, mês e ano seguintes, e em qualquer situação, no trabalho ou com um animalzinho de rua, por exemplo. Teóricos dessa perspectiva apontam a existência de quatro traços princi- pais, sendo eles: • 1 ntroversão; • Extroversão; • Instabilidade; • Estabilidade. Esses traços podem ser combinados e possuem uma gama de variações. Ainda dentro da mesma teoria, mas vista de outra forma por diferentes teó- ricos, há cinco traços que influenciam a personal idade de uma pessoa, sen- do eles: realização/conscienciosidade, socialização, neuroticismo (estabilidade versus instabilidade), abertura para experiências e extroversão. Esses traços também apresentam variações de intensidade e manifestação em cada pes- soa, resultando em sua personalidade. Outra perspectiva que explica aspectos da personalidade é a da aprendiza- gem. Tudo o que sabemos, desde atos mais simples, como andar, até eventos mais complexos, como resolver um cálculo matemático, são oriundos do pro- cesso de aprendizagem. Em termos de personalidade, a aprendizagem pode ser dividida em dois grandes grupos: aprendizagem comportamental e social. A aprendizagem comportamental, como o próprio nome sugere, diz res- peito ao entendimento de todos os comportamentos humanos aprendi- dos. Já a aprendizagem social tem uma maior abrangência, já que leva com conta não só o comportamento apren- dido, mas também como ele se relacio- na a aspectos cognitivos e é influencia- do por eles. Para essa perspectiva, toda forma de comportamento é aprendida de acordo com a maneira que o indiví- duo se relaciona com um estímulo. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • Muitos estudiosos consideram a aprendizagem uma área ampla e significativa da personalidade, de- fendendo que o estudo da personali- dade é entrelaçado ao da aprendiza- gem. Para essa perspectiva, todos os tipos de comportamentos, conside- rados bons ou ruins, podem ser mo- dificados ou até mesmo "desapren- didos", o que, para os teóricos dessa abordagem, resolveria questões ad- vindas da personalidade. Já a perspectiva humanista apon- ta as pessoas como possuindo poten- cial de autorrealização. Afirma, ainda, que o ponto central da personalidade de qualquer pessoa seria o autoconceito, ou seja, a forma como a pessoa se vê. Indivíduos com um autoconceito bom ou positivo, consequentemente, irão enxergar o mundo e as coisas ao seu redor da mesma maneira, enquan- to uma pessoa com autoconceito ruim ou negativo também carrega esse ponto para sua visão de mundo, acarretando infelicidade e insatisfação. Esse autoconceito pode ser investigado por meio da avaliação do self, que nada mais é que a forma como a pessoa se vê. Esse self pode ser dividido em duas partes: o self real, ou seja, a forma como a pessoa é, e o self ideal, que representa o que a pessoa gostaria de ser. Quando uma pessoa apresenta um self real com características bem próximas do self ideal, o seu autoconceito tende a ser positivo. Já quando apresenta uma discrepância bastante significativa entre self real e ideal, o autoconceito tende a ser negativo. Por fim, a última perspectiva estudada, a social-cognitiva, cor- robora que a personalidade e padrões de comporta- mento são resultantes da influência mútua entre os traços, que seriam características inatas, e intera- ções sociais. Essa teoria também considera que os pensamentos, ou seja, a maneira como uma pessoa PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • vê e pensa uma situação, influenciarão seu comportamento. Assim, dentro dessa perspectiva, há o conceito de determinismo recíproco, o qual seria a inter-relação entra fatores externos, ou seja, do ambiente, efatores internos da pessoa, como seus pensamentos, sentimentos e comportamento. Esses fatores, em interação e influência mútua, seriam molde para a personalidade. No Quadro 2 é possível ver o resumo de todas as perspectivas e suas visões sobre personalidade: QUADRO 2. AS PERSPECTIVAS E SUAS IDEIAS CENTRAIS DE PERSONALIDADE Perspectiva Base biológica Psicanalítica Traços Aprendizagem Humanista Social-cognitiva . . . - Mecanismos de funcionamento da mente; Temperamento; Caráter. Conflito entre impulsos direcionados ao prazer e forças repressoras; Id, ego e superego; Neurose, psicose e perversão. Características inatas do ser humano; Tendência a constância; Prevê, explica e resume comportamento. Aprendizagem comportamental; Aprendizagem social. Autoconceito positivo; Autoconceito negativo; Self. Interação entre traços e ambiente/situações. Assim como vários outros construtos de estudo da psicologia, não há uma verdade absoluta sobre como a personalidade é formada. É ideal que se enten- da que cada perspectiva e abordagem enxergam a personalidade de acordo com suas principais teorias e visão da sociedade. Não há uma perspectiva superior ou melhor que outra, há apenas pontos de vista diferentes, que podem funcionar de maneira complementar. Assim, po- demos ver a personalidade com a inclusão de comportamento, atitudes e valores, como um fenômeno trabalhado de forma biopsicossocial dentro da psicologia, com grandes contribuições. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • DIAGRAMA 1. INFLUÊNCIAS NA PERSONALIDADE •Temperamento geneticamente determinado •Reatividade do sistema nervoso autônomo •Atividade do cérebro ~ •Experiências na infância •Influência da situa~ •Expectativas mlturais •Apoio social Fonte: MYERS, DEWALL, 2017, p. 439. (Adaptado). •Respostas aprendidas •Processos de pensamento inconsistentes •Expectativas e interpreta1ões •• Motivação: teorias de conteúdo As condutas e comportamentos humanos individuais são influenciados por diversas variáveis, sendo uma delas a motivação, um processo psico- lógico que pode ser definido como ações ou comportamentos que são dire- cionados ao alcance de algum objetivo. Várias necessidades estão por trás do processo de motivação, como as emoções e a expectativa. Esse processo também envolve três variáveis importantes: a persistência, a intensidade e a direção. A persistência se re laciona ao engajamento e constância em um comportamento. O conceito de intensidade diz respeito ao quanto de esforço é colocado na rea lização de algo; e, por fim, a direção, ou seja, a escolha de algo entre várias possibilidades. As teorias motivacionais podem ser separadas em dois grupos: teorias de conteúdo e processo. As teorias de conteúdo são aquelas que explicam o pro- cesso de motivação do homem pela perspectiva das necessidades ou faltas, sendo que o comportamento humano é direcionado à satisfação dessas neces- sidades. Esse grupo de teorias busca identificar e evidenciar as necessidades que impulsionam as ações do homem, observando que a falta e a necessidade geram um estado de tensão, a qual é entendida como vontade ou desejo e direciona o comportamento no sentido de reduzi-la. A teoria da hierarquia das necessidades humanas é uma das teorias de conteúdo mais conhecida. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • Desenvolvida pelo psicólogo norte-americano Abraham H. Maslow, essa teoria afirma que as necessidades humanas têm cunho biológico e fisiológico e seguem uma hierarquia, havendo, assim, o desenvolvimento humano. Em sua teoria, Maslow afirma que, para que haja esse desenvolvimento, é preciso que haja a satisfação, em partes, das necessidades descritas como inferiores, e que as necessidades descritas como superiores funcionem como motivadoras para o comportamento do homem. As necessidades inferiores são aquelas de cunho biológico e fis iológico, ligadas à sobrevivência, enquanto as necessida- des denominadas superiores estão ligadas às questões sociais e autorrealiza- ção. Observe a Figura 1: 5 - Necessidades de autorrealização 4 - Necessidades de estima 3 - Necessidades sociais sidades de segurança es fisiológicas Figura 1. Pirâmide da hierarquia das necessidades de Maslow. o \ CURIOSIDADE Abraham H. Maslow, psicólogo norte-americano nascido em 1908, foi um grande representante de corrente humanista. Morreu em 1970, vítima de um ataque cardíaco. PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • As necessidades fisiológicas incluem alimentação, sono e abrigo, por exem- plo, enquanto as de segurança dizem respeito à preservação em vários âm- bitos da v ida, como trabalho, família e o próprio corpo. A partir do número três, iniciam-se as necessidades descritas como superiores, começando pelas necessidades sociais, que incluem todo comportamento social humano, como demonstrações de amor, amizade e pertencimento a uma comun idade. Logo após, aparecem as necessidades de estima, que se relacionam com o reconhe- cimento e valorização diante de um grupo, incluindo questões como valoriza- ção e respeito por parte dos pares e grupos aos quais se pertence. Por fim, a última necessidade, a autorrealização, é a de maior complexidade, pois diz respeito aos desejos de sucesso tanto pessoal quanto profissional, incluindo criatividade, liberdade, autoconhecimento, autonomia etc. Em 1969, baseada na teoria de Maslow, Alderfer desenvolveu a teoria ERC. Alderfer revisou a teoria de Maslow, agrupando as cinco necessidades antes des- critas em apenas três, que se dividem da seguinte forma: necessidades de exis- tência (E), necessidades de relacionamento (R) e necessidades de crescimento (C). No Quadro 3 é possível ver o comparativo e contraste entre as duas teorias. QUADRO 3. COMPARATIVO ENTRE A TEORIA DE MASLOW E DE ALDERFER Maslow Necessidades fisiológicas Necessidades de segurança Necessidades socais Necessidades de estima ~ Necessidades de autorrealização Alderfer Necessidades de existência Necessidades de relacionamento Necessidades de crescimento Como é possível perceber, Alderfer agrupou as necessidades fisiológicas e de segurança em necessidades de existência. As sociais e de estima foram uni- das, passando a ser denominadas necessidades de relacionamento. Por fim, as necessidades antes chamadas de autorrealização passaram a ser defin idas como necessidades de crescimento. Alderfer defendia também que o processo de motivação não ocorria apenas de forma hierárqu ica ou ascendente, poden- do ser também descendente, ou seja, voltar a níveis anteriores. As necessida- des de níveis mais superiores, como as de crescimento, são ma is complexas, o PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • que torna a satisfação delas mais intricada. Dessa forma, ao se frustrar por não conseguir satisfazer as necessidades de níveis mais altos, uma pessoa pode retornar ao nível anterior, onde se encontram necessidades de mais fácil satis- fação, como as fis iológicas, por exemplo. Outra teoria de conteúdo bastante estudada é a teoria das necessidades de McClelland, que não via as necessidades como hierárquicas, mas inter-rela- cionadas, podendo variar em níveis de intensidade no indivíduo. Essa variação estaria relacionada às características psicológicas particulares e aos processos de socialização, também particulares a cada ser humano. Na teoria de McClel- land, as necessidades são divididas em três t ipos: necessidades de poder, afi- liação e realização. A primeira delas, a necessidade de poder, relaciona-se ao desejo de controle, influência e responsabi- lidade por outras pessoas. A necessidade de afiliação liga- -se ao desejo de estabelecer e manter relacionamentos sociais. E, por fim, a necessidade de realização se relacio- na com o sucesso individual, autonomia e autorrealização. DIAGRAMA 2. INFLUÊNCIAS SOB AS NECESSIDADES SEGUNDO MCCLELLAND ~ l 1 '\. Na aplicação da teoria no contexto
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