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27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 1/48 Introdução ao Controle da Qualidade Prof.ª Carolina Vieira Thomaz Prof. Vinícius Rodrigues Viana Descrição Introdução aos conceitos de controle de qualidade com foco na apresentação de compêndios e métodos, assim como de cálculo amostral. Propósito Aprender sobre controle de qualidade é fundamental, para que o farmacêutico saiba quais são os produtos eficazes e que estão de acordo com os parâmetros de qualidade regulamentados. Além disso, o profissional será capaz de encontrar as especificações definidas para cada medicamento. Preparação Ter em mãos o Tópico 4 – Generalidades, do volume 1 da Farmacopeia Brasileira, 6ª edição, disponível no site oficial da Anvisa, para entender termos específicos da área que serão fundamentais ao longo do estudo. Objetivos Módulo 1 Compêndios o�ciais e métodos o�ciais e não o�ciais Reconhecer compêndios oficiais e métodos de controle de qualidade. 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 2/48 Módulo 2 Técnicas de amostragem e noções estatísticas Analisar o cálculo amostral por meio de noções estatísticas. Introdução O que é qualidade? Entre as várias definições, podemos afirmar que todas citam a capacidade de identificar um ser ou uma coisa como boa ou ruim. Usamos qualidade para sinalizar se algo está de acordo com o que esperamos, por exemplo, uma caixa é de “excelente qualidade” porque guarda e protege bem seu conteúdo. E o que é controle de qualidade? Um conjunto de medidas e verificações realizadas com um produto ou processo, para garantir que ele se encontra de acordo com os parâmetros de qualidade determinados. Em suma, o controle de qualidade avalia se o produto ou o processo é o que se espera dele. Mas que parâmetros são esses? Utilizamos os produtos inteiros? Essas são perguntas importantes que serão respondidas ao longo dos dois módulos deste conteúdo. Primeiro, saberemos quais compêndios reúnem os parâmetros exigidos para cada insumo ou medicamento. Depois, teremos uma visão geral sobre os métodos de análise. Entenderemos que não precisamos testar todo o produto e sim uma parte dele, que será calculada com o auxílio de algumas contas estatísticas. 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 3/48 1 - Compêndios o�ciais e métodos o�ciais e não o�ciais Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer compêndios o�ciais e métodos de controle de qualidade. Breve histórico e compêndios o�ciais Os medicamentos devem seguir parâmetros de segurança e eficácia, ou seja, parâmetros de qualidade, pois não é aceitável que um medicamento ofereça risco para um organismo já debilitado. Com o aumento na diversidade de insumos farmacêuticos, medicamentos e fabricantes, foi necessário garantir que, mesmo tendo origens diferentes, esses produtos tivessem as mesmas características. Assim, surgiram os primeiros métodos de teste. Entendia-se que essa era uma questão de saúde, os governos passaram a regulamentar métodos, que passaram a ser oficiais. Com a união de uma série de métodos, os primeiros compêndios puderam ser produzidos. 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 4/48 Mundialmente, existem indícios de que as civilizações greco-romanas tinham esforços parecidos com farmacopeias, mas foram as farmacopeias britânica e americana do período de 1820 a 1960 que se tornaram marcos históricos. A primeira Farmacopeia Brasileira data de 1926. Sobre o controle de medicamentos de forma geral, o núcleo técnico de medicamentos do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde da Fiocruz ressalta outros importantes períodos: No Brasil, seu controle (de medicamentos) se tornou mais necessário após três momentos históricos: a partir da Segunda Guerra Mundial, quando houve um grande avanço mundial na área; na década de 1970, quando o país começa a buscar a autossuficiência em medicamentos; e com a implantação dos genéricos, ocorrida em 1999. (INCQS/FIOCRUZ, s.d.) Compêndios o�ciais 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 5/48 Vimos os conceitos de qualidade e controle de qualidade. Para os outros conceitos que envolvem esse universo, foi sugerida a busca na Farmacopeia Brasileira, mas o que ela é? A Farmacopeia Brasileira é o que chamamos de “compêndio o�cial”. Compêndio pode ser definido como a reunião de conceitos essenciais sobre um assunto. Pensando nas ciências farmacêuticas, os compêndios oficiais são as coletâneas de monografias sobre insumos e produtos adotadas como oficiais pela agência reguladora de um determinado país. Em geral, esse documento recebe o nome de “farmacopeia”, em alusão ao termo “enciclopédia”. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) indica como o compêndio oficial do país a Farmacopeia Brasileira. A Farmacopeia Brasileira (FB) é o compêndio farmacêutico nacional que estabelece, via textos farmacopeicos (capítulos, métodos e monografias), as exigências mínimas de qualidade, autenticidade e pureza de insumos farmacêuticos, de medicamentos e de outros produtos sujeitos à vigilância sanitária. (ANVISA, 2020) Outros países têm suas próprias farmacopeias, e esse é um indicativo do desenvolvimento tecnológico de uma nação. Segue a lista de farmacopeias aceitas como documentos oficiais aqui no Brasil, de acordo com a Anvisa, caso uma monografia específica não esteja disponível em nossa Farmacopeia: Farmacopeia Alemã Farmacopeia Americana Farmacopeia Argentina Farmacopeia Britânica Farmacopeia Europeia Farmacopeia Francesa Farmacopeia Internacional (OMS) Farmacopeia Japonesa Farmacopeia Mexicana Farmacopeia Portuguesa 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 6/48 Por dentro da Farmacopeia Agora, vamos entender melhor as partes que compõem a Farmacopeia Brasileira. Você sabia que ela é um documento de acesso público e pode ser acessada no site da Anvisa? A versão mais atual da Farmacopeia é a 6ª edição e foi publicada em 2019 apenas em formato eletrônico. A vantagem desse formato é permitir constantes atualizações, que são indicadas na página onde o documento está disponível. Atualmente, a Farmacopeia é dividida em dois volumes e o primeiro é o mais diverso em sua estrutura, como veremos: Prefácio, trata de apresentar o documento, explica a necessidade de se publicar uma nova edição diante do acelerado avanço técnico-científico e aponta as implicações legais para produtos que não atenderem os critérios presentes no documento. Histórico, faz uma retrospectiva sobre quais documentos eram utilizados antes de o país ter a própria Farmacopeia e cita os Primeiro capítulo Segundo capítulo 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 7/48 documentos que serviram como inspiração para a construção do compêndio oficial. Farmacopeia Brasileira, lista diretorias e cada integrante de todas as câmaras técnicas que participaram da produção do documento. Generalidades, é fundamental, pois serve quase como um dicionário, definindo cada um dos termos utilizados em ciências farmacêuticas, como você já deve ter visto ao se preparar para essa leitura, certo? Por exemplo: caso apareça o termo “bioequivalência” em uma das monografias e o analista não lembre o significado, basta realizar uma busca no capítulo Generalidades: “Bioequivalência: consiste na comprovação de equivalência farmacêutica entre produtos apresentados sob a mesma forma farmacêutica, contendo idêntica composição qualitativa e quantitativade princípio(s) ativo(s), e que tenham comparável biodisponibilidade, quando estudados sob um mesmo desenho experimental.” (FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2019) Apresenta como se realiza cada um dos testes aos quais insumos e produtos precisam ser submetidos para poderem ser considerados de qualidade e assim apropriados ao uso. Iremos entender melhor os métodos no próximo núcleo temático. Aborda os recipientes utilizados para acondicionar medicamentos e correlatos, explicitando características de qualidade a serem atingidas tanto por embalagens de vidro como por embalagens plásticas. Apresenta a ficha técnica dos reagentes a serem utilizados em cada um dos métodos citados pela Farmacopeia. Um exemplo é o ácido ascórbico: Terceiro capítulo Quarto capítulo Quinto capítulo Sexto capítulo Sétimo capítulo 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 8/48 “Ácido ascórbico CAS – [50-81-7]. Fórmula molecular e massa molar – C6H8O6 – 176,12. Especificação – Contém, no mínimo, 99,0% (p/p). Descrição – Cristais incolores ou pó cristalino branco. Inodoro. Características físicas – Solução a 5% (p/v) apresenta pH de 2,2 a 2,5. Temperatura de fusão: aproximadamente 190 °C, com decomposição. Rotação óptica específica: entre +20,5° e +21,5°, determinar em solução aquosa a 1% (p/v). Conservação – Em recipientes bem fechados, não metálicos. Armazenamento – Proteger da luz.” (FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2019). Traz informações diversas, mas não menos importantes. Primeiro ele apresenta pontos sobre a preparação de produtos estéreis; depois, alguns procedimentos estatísticos aplicáveis aos ensaios biológicos; segue com radiofármacos; equivalência farmacêutica e bioequivalência de medicamentos; continua com informações sobre águas para uso farmacêutico; substâncias químicas de referência; substâncias corantes; traz as especificações para os gases medicinais; apresenta como se realiza a determinação da solubilidade aplicada à bioisenção de acordo com o sistema de classificação biofarmacêutica; e, por fim, aponta ensaios microbiológicos alternativos. A Farmacopeia conta ainda com quatro Anexos (A, B, C e D) que trazem a tabela periódica, as unidades do sistema internacional, os solventes para cromatografia e a alcoometria, respectivamente. Modelo de monogra�as de insumos e produtos O segundo volume da Farmacopeia traz as monografias de insumos e produtos organizadas nos seguintes grupos: Oitavo capítulo Insumos farmacêuticos e especialidades P l á id til li íli ó 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 9/48 Por exemplo, ácido acetilsalicílico pó e comprimidos de ácido acetilsalicílico, como veremos em detalhes adiante. Plantas medicinais A camomila, por exemplo, possui três monografias, uma para a droga vegetal, ou seja, a flor de camomila; uma para a tintura vegetal, a solução alcóolica feita com a flor; e a monografia do óleo de camomila, obtido através da desidratação das flores. Produtos biológicos Produtos produzidos por meio biológico, como os diferentes tipos de heparinas, insulinas e vacinas. Hemocomponentes e hemoderivados Componentes sanguíneos que conseguimos reproduzir, como as imunoglobulinas. Correlatos Outros materiais em saúde, como algodão, gaze e suturas. Radiofármacos As soluções injetáveis dos cinco fármacos radioativados: fludesoxiglicose (18 f), medronato de sódio (99m tc), pentetato de sódio (99m tc), pertecnetato de sódio (99m tc) e sestamibi (99m tc). Gases medicinais A t ifi õ i id 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 10/48 Cada monografia tem descrições específicas para determinado composto, então seus itens variam de insumo para insumo, assim como também muda caso estejamos tratando de um insumo de um produto acabado, como veremos a seguir. Ácido acetilsalicílico Vamos pensar numa indústria farmacêutica. Você acha que os testes serão os mesmos em um comprimido de ácido acetilsalicílico (AAS) 100 mg acabado e na matéria-prima ácido acetilsalicílico 99%? Resposta Você está correto se disse que não! Vamos entender melhor. Quando pensamos em matéria-prima, precisamos garantir que o material que chegou à indústria atenda aos requisitos de qualidade esperados. É necessário garantir primeiro que o material recebido é, de fato, ácido acetilsalicílico. Para isso, a monografia da matéria-prima nos diz que essa substância é um pó cristalino branco ou de cristais incolores com ponto de fusão a 143 °C e pouco solúvel em água, mas facilmente solúvel em álcool etílico. Uma vez identificado que a matéria-prima é o AAS, precisamos checar sua pureza. Consta no relatório de qualidade do fornecedor que 99% da substância é AAS, mas será que é mesmo? É preciso saber se há naquele material substâncias outras que possam comprometer a qualidade do produto final e se a pureza corresponde ao Apresenta as especificações para ar comprimido medicinal, ar sintético medicinal, dióxido de carbono e oxigênio. 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 11/48 esperado. Essa avaliação, no caso do AAS, pode ser feita por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). Depois é necessário avaliar se a concentração do AAS está adequada. Para isso, a Farmacopeia orienta que façamos uma titulação do AAS, para que possamos calcular a dose da substância contida na matéria- prima. A Farmacopeia determina ainda que esse valor deve ficar entre 99,5% e 101%. Por fim, devemos fazer a análise microbiológica desse material. No caso do comprimido de AAS, ele não será um medicamento estéril, porém, mesmo nesses casos, há alguns microrganismos que devem estar ausentes e outros que devem estar dentro de um limite máximo para garantir a segurança do paciente. Esse cuidado começa com as matérias-primas. Comentário Por isso, deve-se analisar o perfil microbiológico da matéria-prima recebida, a fim de checar se ela pode ser utilizada no processo produtivo ou se é necessário algum tratamento anterior. O comprimido de AAS 100 mg Bom, agora que temos uma forma farmacêutica nas mãos, precisamos garantir que ela faça o que deve fazer. Os testes de dureza, friabilidade, desintegração, dissolução e uniformidade avaliam se os comprimidos têm o tamanho que deveriam ter, se vão se desfazer no organismo como deveriam, mas ao mesmo tempo se são capazes de suportar as etapas de transporte e armazenamento sem esfarelarem, por exemplo. Comentário É necessário também checar se a dose dos comprimidos está correta. A Farmacopeia estabelece um mínimo de 95% e um máximo de 105% da quantidade declarada de AAS, ou seja, a dose final de comprimidos de 100 mg pode estar entre 95 e 105 mg. Se estiver fora dessa margem, o lote será reprovado. Por fim, precisamos garantir a qualidade microbiológica desse comprimido. Como já dissemos, precisamos estabelecer a ausência de alguns microrganismos e garantir que os outros estão em uma quantidade não prejudicial à saúde do paciente. Com isso, podemos observar que a monografia do insumo se preocupa bastante com sua identificação e com o teste dos aspectos físico- químicos do material, enquanto a monografia do medicamento se refere à monografia do insumo quando trata de identificação e tem testes específicos para a forma farmacêutica comprimido. Podemos observar também que os requisitos de segurança biológica e as condições de embalagem e armazenamento são os mesmos. 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 12/48 Métodos: introdução Agora vamos ver os métodos utilizados para verificar a qualidade de insumos e produtos farmacêuticos. Chamamos o método de oficialquando este já foi amplamente verificado, passou por processos de validação e se encontra em um compêndio oficial. Caso estejamos trabalhando com insumos e medicamentos novos, é possível que precisemos também de um método adaptado ou até mesmo um novo. Esse novo método precisa provar sua eficácia e, se o fizer, passa a ser aceito como um método não oficial. As diferentes classes de métodos oficiais já foram citadas quando apresentamos o quinto capítulo da Farmacopeia. Vamos retomá-las: Métodos gerais aplicados a medicamentos Ensaios a serem realizados com as formas farmacêuticas acabadas. Métodos físicos e físico-químicos Fundamentais para a identificação dos diversos insumos farmacêuticos, além de verificar a adequação de suas características como viscosidade, densidade, granulometria etc. Métodos químicos Essenciais para identificação e verificação da preservação das características químicas dos produtos ao longo do processo de produção. Métodos de farmacognosia Métodos realizados com os produtos e insumos oriundos de plantas medicinais. Eles avaliam, entre outras coisas, se os processos de extração conseguiram retirar os componentes desejados do material botânico. 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 13/48 Pelos nomes dos tipos de métodos, podemos observar que, dependendo da natureza do produto, testes específicos precisam ser aplicados, tais como: Os métodos de farmacognosia para plantas medicinais Os métodos usados em materiais cirúrgicos e hospitalares Métodos biológicos, ensaios biológicos e microbiológicos Testam a capacidade de insumos e produtos tanto para resistir ao crescimento microbiano quanto para combatê-los como no caso de antibióticos. Métodos imunoquímicos Esses métodos se baseiam no uso de reagente imunoquímicos, ou seja, complexos enzimáticos ou anticorpos. Métodos físicos aplicados a materiais cirúrgicos e hospitalares Testes realizados com materiais médicos, por exemplo, para avaliar a resistência à tração e ao diâmetro de suturas. Métodos gerais aplicados a gases medicinais Importantes para avaliar, além da natureza do gás medicinal, se há presença/contaminação por vapor d’água e óleos. 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 14/48 Os métodos indicados para gases medicinais Os métodos imunoquímicos também são utilizados apenas em casos específicos, pois se baseiam na ligação entre antígenos e anticorpos, usando reagentes imunoquímicos que podem ser ou não marcados com partículas fluorescentes. Anticorpo. Métodos químicos, físicos e físico-químicos Você perceberá que os testes estão relacionados ao estado em que o insumo se apresenta, se ele é líquido, pó etc. Vamos listar aqui alguns testes farmacopeicos, mas cabe lembrar que, se houver interesse por algum teste específico, toda a descrição está disponível na Farmacopeia. Testes químicos, físico e físico-químicos Vamos conhecer a seguir os testes químicos, físico e físico-quimícos: Determinação da massa: Pesa as substâncias em balança analítica de capacidade e grau de sensibilidade adequados e certificado de calibração atualizado. Determinação da faixa ou temperaturas de fusão, ebulição ou congelamento: Permite ter uma ideia do grau de pureza de uma substância. Substâncias puras têm menor faixa de temperatura (podem ser até pontual) quando comparadas a misturas. Determinação da densidade: Estabelece a relação entre a massa e o volume de uma substância a 20 °C. Determinação do índice de refração: Mede a razão entre a velocidade da luz no vácuo (referência) e o meio analisado. Importante para caracterizar pureza e concentração de substâncias. 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 15/48 Determinação do poder rotatório específico: Determina a capacidade de a substância desviar o plano da luz polarizada. Em farmácia, diversos fármacos são opticamente ativos e seus enantiômeros têm as mesmas características físico-químicas, como densidade, índice de refração e ponto de fusão/ebulição iguais. Este método serve para diferenciar e determinar a pureza de fármacos enantioméricos. Determinação da perda por dessecação: Estabelece a quantidade de substâncias voláteis na amostra. Determinação de cinzas sulfatadas (resíduo por incineração): Determina o resíduo não volátil presente na amostra. Visa ao teor de constituintes ou impurezas inorgânicas. Determinação da granulometria dos pós: Mede o tamanho das partículas dos pós. Essa determinação é feita utilizando tamises, e os pós são classificados em grosso, moderadamente grosso, semifino, fino e finíssimo. Condutividade da água: Avalia a quantidade de íons presentes na água e que, em alguns casos, podem comprometer seu uso na fabricação de medicamentos. Alcoometria: Determina o grau alcoólico das misturas de água e álcool etílico. Carbono orgânico total: Método sensível e inespecífico para quantificar átomos de carbono de moléculas orgânicas. Importante para detectar a contaminação da água por impurezas orgânicas e auxiliar no controle de processo de purificação, por exemplo. Enantiômeros Substâncias com a mesma estrutura que contêm um ou mais centros quirais, os quais são imagens especulares não superponíveis uma da outra. Um enantiômero desvia a luz polarizada para a direita (+) e é chamado de dextrógiro ou d; enquanto o outro desvia para a esquerda (-) e é conhecido como levogiro ou l. O ângulo do desvio é igual em módulo para os enantiômeros, porém com sinais opostos. Outros testes químicos, físico e físico-químicos Existem ainda os testes de viscosidade, cor de líquidos, limpidez de líquidos, determinação do pH, eletroforese, espectrometria, cromatografia, polarografia, ressonância magnética nuclear, análise enantiomérica, análise térmica, determinação da osmolalidade, ensaios físicos e físico-químicos para gorduras e óleos, análise de solubilidade por fases, ensaios químicos-titulações, difração de raios X, determinação de solventes residuais, reações químicas de identificação de grupamentos e ensaios limite para impurezas inorgânicas. Métodos voltados ao medicamento 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 16/48 A forma farmacêutica e a via de administração do medicamento são centrais para indicar quais testes são necessários. Vamos conhecer melhor esses métodos. Métodos gerais aplicados a medicamentos Determinação de peso Este teste pode ser realizado com formas sólidas e semissólidas e consiste basicamente em pesar os comprimidos ou a embalagem do produto final para conhecermos o peso do conteúdo, sempre em balança de sensibilidade adequada. A escolha da balança dependerá do peso do material e do número de casas decimais que a balança consegue indicar com exatidão. Quanto menor o material, maior deve ser a sensibilidade da balança. Balanças. Determinação de volume Este método é realizado para formas líquidas. Nele retiramos lacres e rótulos de 10 frascos, pesamos individualmente os frascos cheios e depois vazios (após processo de limpeza e calor até peso constante). A diferença entre as duas pesagens representa o peso do conteúdo. Determinam-se os volumes individuais correspondentes (V), em mL, utilizando a expressão: Onde: = peso do conteúdo, em grama, e densidade de massa do produto, em , determinada a e conforme descrito no ensaio V = m/ρ, m ρ = g/mL 20∘C 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 17/48 de determinação da densidade relativa da seção de ensaios físico- químicos da Farmacopeia. Frascos. Determinação de resistência mecânica em comprimidos Consiste em dois testes para avaliar aresistência mecânica. O teste de dureza avalia a resistência ou a ruptura dos comprimidos diante de esmagamento, pois isso indica de forma direta se a força de compressão para a produção dos comprimidos foi adequada e de forma inversamente proporcional à porosidade. O aparelho utilizado para aplicar a força de 1 N na amostra de comprimidos pode ser mecânico ou manual. Esse segundo recebe o nome de durômetro. A friabilidade percebe o quanto os comprimidos resistem à abrasão. Para isso, a amostra de comprimidos, apenas os não revestidos, é submetida a quedas sequenciais ocasionadas pelo aparelho friabilômetro. A diferença de peso antes e depois do procedimento indica se o comprimido resiste a pequenas ações mecânicas. Esses dois testes são fundamentais para garantir que o comprimido não é frágil a ponto de não sair inteiro da embalagem ou de parte se desfazer antes mesmo da administração, além de garantir que um comprimido não seja tão compactado e não se desfaça mesmo aplicando força diretamente, pois assim ele não seria capaz de se desfazer no organismo para permitir a liberação do fármaco. Testes de desintegração Este teste investiga se a forma farmacêutica sólida se desintegra, se desfaz, em uma determinada faixa de tempo em um aparelho (desintegrador) que vai mimetizar a região do corpo onde esse processo Teste de dureza Teste da friabilidade 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 18/48 deve ocorrer. Sua importância é parecida com a descrita para o ensaio de dureza. Desintegrador. Teste de dissolução Busca apontar o quanto de princípio ativo consegue “abandonar” seu veículo e se dissolver no meio, apresentando o resultado em forma de porcentagem em comparação ao valor declarado no produto. O teste de dissolição indica se o ativo consegue se dissociar da formulação e ganhar o meio, o que possibilita de fato que ele seja absorvido. Não adianta a formulação atender a todas as etapas (até a desintegração), mas o fármaco ficar ligado a outro componente e não se dissolver no meio. Dissolutor. Uniformidade de doses unitárias Este teste fundamental verifica se doses unitárias têm valores de ativos próximos entre si e também próximos ao declarado no produto. Esta 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 19/48 análise é essencial, pois não adianta um comprimido concentrar toda a quantidade de ativo enquanto os outros quase não apresentarem o fármaco. Isso levaria a doses erráticas e não permitiria manter a concentração do fármaco no organismo de acordo com a janela terapêutica. Contaminação por partículas Avalia a contaminação de soluções injetáveis por materiais insolúveis, estranhos e móveis que não sejam bolhas de ar. Existem algumas formas de realizá-lo, a mais comum é a visual, em que um operador observa as ampolas de vidro passarem contra um campo escuro que melhora a percepção de qualquer corpo estranho. Este teste é necessário, pois a administração de um material insolúvel diretamente na corrente sanguínea pode causar riscos à saúde e deve, por isso, ser impedido. Teste de contaminação por partículas. Teste de gotejamento Esse teste verifica se formas farmacêuticas líquidas acondicionadas em recipientes com dispositivo dosador integrado dispensam a quantidade de gotas/mL declarada. Essa informação é fundamental, pois permite avaliar se a relação fármaco por gota está mantida – assim também a dose não se altera. Gotejamento. 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 20/48 Métodos biológicos, ensaios biológicos e microbiológicos Neste núcleo conceitual, veremos como se dividem os testes microbiológicos presentes na Farmacopeia. Ensaios microbiológicos para produtos não estéreis A contaminação microbiana pode levar o produto a sofrer alterações de propriedades, além de o próprio microrganismo ser patogênico. Assim, mesmo produtos não estéreis precisam atender a certos parâmetros, como obedecer aos limites aceitáveis para microrganismos. Exemplo Medicamentos aquosos para uso oral precisam apresentar contagem total de bactérias aeróbias de até 100 UFC/mL (unidade formadora de colônia por mililitro de produto), contagem total de fungos de até 10 UFC/mL e, na pesquisa de patógenos, precisa alcançar ausência de Escherichia coli em 1 mL do medicamento. Ensaios microbiológicos para produtos estéreis Entre os testes para produtos estéreis, o mais importante é o que averigua justamente a esterilidade, ou seja, a ausência de microrganismos no produto. Para tal, os testes devem ser realizados sob condições assépticas, utilizando, por exemplo, cabine de segurança biológica instalada em área limpa, de classificação compatível com os requerimentos de controle ambiental exigidos para a realização do teste de esterilidade. Comentário Nesse caso, só avaliamos amostras do lote do produto, porém essas devem seguir todos os critérios estatísticos para que sejam representativas do todo, como veremos mais adiante. Ensaio microbiológico de antibióticos Neste ensaio, avalia-se a atividade de um produto antibiótico comparando a dose capaz de inibir o crescimento de um microorganismo diante de um padrão de eficácia conhecido. Sobre esses padrões, a Farmacopeia Brasileira (2019) indica: Para os ensaios microbiológicos registrados na Farmacopeia, Preparações Padrão (Padrões Primários) são os Padrões 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 21/48 Internacionais e Preparações de Referência estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde e pela Farmacopeia Europeia ou os Padrões e Preparações de Referência brasileiros. Outras preparações adequadas, de uso internacional corrente, nas quais a potência tenha sido determinada em relação às preparações padrão da Organização Mundial da Saúde, possuem valor legal idêntico. (FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2019, p. 449) Teste de e�cácia antimicrobiana Este teste verifica a capacidade de o medicamento se manter livre de contaminação microbiana. Para tal, muitos deles têm em sua formulação conservantes, cuja finalidade é proteger o produto farmacêutico de quaisquer crescimentos microbianos. Essa eficácia antimicrobiana, seja ela inerente ao produto ou atribuída à adição de conservantes, precisa ser demonstrada para produtos tópicos, orais, oftálmicos, otológicos, nasais etc. Para tal, inocula-se o produto no seu formato final com Candida albicans, Aspergillus brasiliensis, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus, e a avaliação é feita após 7, 14 e 28 dias. Comentário Dependendo da forma farmacêutica e da indicação de uso do produto, exige-se que não haja crescimento no número de UFC/g ou mL ou até mesmo a diminuição de UFC/g ou mL dos microrganismos na amostra do medicamento. Ensaios microbiológicos da água para uso farmacêutico A água é um excelente meio para o crescimento microbiano e um importante componente nas preparações farmacêuticas. Como já vimos, esses produtos não devem ter a interferência de microorganismos. Assim, toda água envolvida no processo produtivo passa por controles de acordo com o seu uso durante a produção de medicamentos. 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 22/48 Conhecendo a Farmacopeia Brasileira Neste vídeo, o especialista apresenta a Farmacopeia Brasileira, mostrando os 2 volumes, sua organização, o que cada parte contém e as informações que podemos obter a partir dela. 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 23/48 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Váriossão os parâmetros de qualidade necessários para termos um lote de produto farmacêutico aprovado. Qual documento reúne todos os testes exigidos para um medicamento e é o compêndio oficial do país? A RDC 67 B Farmacopeia Alemã C Generalidades da Farmacopeia D Farmacopeia Brasileira E Farmacopeia Americana 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 24/48 Parabéns! A alternativa D está correta. A resposta correta indica de forma clara o compêndio oficial adotado no Brasil, a Farmacopeia Brasileira, como foi bem discutido e apresentado ao longo de todo o segundo núcleo temático. É importante ressaltar que esse é o parâmetro de qualidade nacional. Questão 2 Um farmacêutico do laboratório de controle de qualidade recebeu uma amostra de determinado lote de comprimidos. Que métodos gerais aplicados a medicamentos são essenciais para essa forma farmacêutica? Parabéns! A alternativa B está correta. Os testes de determinação de peso, dureza e friabilidade, desintegração, dissolução e uniformidade de dose são obrigatórios para a forma farmacêutica comprimido, não são aplicados os testes de determinação de volume ou gotejamento destinados a formas farmacêuticas líquidas. A Determinação de volume e teste de gotejamento B Determinação de peso, dureza e friabilidade, desintegração, dissolução e uniformidade de dose C Uniformidade de dose e contaminação por partículas D Dissolução e determinação de volume E Desintegração e determinação de peso 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 25/48 2 - Técnicas de amostragem e noções estatísticas Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar o cálculo amostral por meio de noções estatísticas. Conceitos básicos e plano de amostragem O controle de qualidade é um processo de extrema importância para determinar se um produto está apto para ser oferecido ao público. De acordo com a RDC 67/2007, o controle de qualidade do produto manipulado se concentra em testes mínimos, como características organolépticas e pH, e a atenção maior é voltada para as matérias- primas. Como a produção industrial ocorre em grandes lotes, ficaria inviável a análise de todas as unidades do lote (ainda mais que alguns testes são destrutivos). Como fazer análises de controle de qualidade em um pequeno número de amostras sem que comprometa o lote e ainda o represente por inteiro? 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 26/48 Quando fazemos uma pesquisa ou utilizamos algum mecanismo para obter informações, um dos objetivos principais é coletar dados de uma pequena parte de um grande grupo e aprender alguma coisa sobre esse grupo maior. Para entender as características de um produto, seja ele unitário ou em lote, dificilmente temos como analisá-lo todo, não só pelo potencial destrutivo da avaliação, mas pela inviabilidade financeira de realizar a coleta desses dados. Inicialmente precisamos definir dois conceitos importantes para o processo de coleta de dados: População É um conjunto de indivíduos, objetos ou produtos que contém a característica em que temos interesse. Amostra É um subconjunto da população e possui, em geral, uma dimensão bem menor, mas mantém a característica de interesse. Ao estudarmos a característica de altura dos estudantes de uma determinada universidade, nossa população será composta por todos os estudantes dessa universidade. No entanto, ao selecionarmos 100 estudantes ao acaso, esse subgrupo será a nossa amostra para estudarmos a característica desejada. Amostra versus população. Podemos definir amostragem como o ato de separar uma parte do evento observado para análise com o intuito de saber como a população se comporta, sem necessariamente analisar toda a população. Podemos ainda classificar a população em três tipos: População teórica É a população para a qual se pretende generalizar as conclusões do inquérito. A totalidade dos elementos que compõem a população também é chamada de população de inferência. População-alvo 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 27/48 É a população teórica, menos os grupos ou indivíduos que o investigador decidiu explicitamente excluir, com base em critérios devidamente fundamentados. População-grelha É a parte da população que pode ser efetivamente listada na grelha de amostragem, ou seja, a população da qual se seleciona efetivamente a amostra, também designada por população acessível, inquirida ou população do estudo. No contexto da indústria de medicamentos, por exemplo, nossa população é o lote de um determinado medicamento e nossa amostra seria constituída por algumas unidades desse lote, selecionadas aleatoriamente, de forma que seja representativa e nos dê informações confiáveis a respeito da produção. O processo de amostragem é a primeira etapa do controle da qualidade. Caso o processo de amostragem não seja bem realizado, pode representar erro importante em uma análise. Tendo todas essas preocupações em mente, somos dirigidos a mais algumas perguntas: Como essa amostragem deve ser realizada? Qual quantidade de amostra é necessária para representar a população? É de extrema importância entendermos que a amostra representará a qualidade de todo o lote produzido. Portanto, antes de partirmos para a amostragem, é importante traçar um plano para sua realização. Perguntas como: O que deve ser amostrado e analisado? Quando se deve retirar amostras? Como a amostragem deve ser feita e em que quantidade? Como interpretar os resultados das análises? Como escolher a melhor técnica de amostragem Para a definição da melhor técnica de amostragem, precisamos levar em consideração aspectos importantes, como veremos a seguir. Tamanho da amostra 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 28/48 A amostra a ser retirada precisa ser representativa da população, ou seja, do lote que se deseja analisar. A Farmacopeia estabelece o número de unidades necessárias para cada uma das análises de formas farmacêuticas prontas e a ABNT, representante brasileira das normas ISO, tem a NBR 5426 cujos planos de amostragem e procedimentos na inspeção por atributos ajudam a definir os planos que a empresa vai estabelecer. A coleta das unidades a serem analisadas deverá ser feita em locais e em tempos diferentes do processo (por exemplo, prateleiras, equipamentos, etapas, entre outros) e respeitar os cuidados necessários para não contaminar a amostra. Aspectos operacionais e legais e as análises a serem efetuadas em condições assépticas, de temperatura, de transporte, acondicionamento e outros também devem ser considerados. Deve-se atentar aos regulamentos de Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos (RDC 658/2022) e Normas NBR ISO/IEC 17025/2001. Atualmente, ao fabricante, é mandatório que para cada lote produzido sejam guardadas um mínimo de três embalagens ou quantidade suficiente para três análises do produto acabado e embalado, com bula e outros itens. Além disso, todo laboratório deve ter um plano e um procedimento de amostragem, estes devem estar disponíveis no local onde a atividade é realizada, assegurando a qualidade da amostra e a validade dos resultados, bem como todos os fatores condicionantes. Os Procedimentos Operacionais Padrão POPs de amostragem devem ser bem descritivos, conter os dados estatísticos, identificação do amostrador, condições ambientais, critérios de seleção, plano de amostragem e retirada, bem como preparação da amostra e eventuais desvios. O plano de amostragem deve estar alinhado com as Boas Práticas de Fabricação (BPFs). É necessário que seja definida no almoxarifado uma área para amostragemde matérias-primas, local onde se enfatiza a produção de POPs e são guardados os registros dos procedimentos de amostragem. Comentário A higiene pessoal dos funcionários é fundamental, assim como deve-se reforçar a necessidade de higienização das instalações, a correta paramentação dos funcionários, a adequação de instrumentos e utensílios e as medidas de prevenção de contaminação cruzada. Coleta Aspectos legais 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 29/48 O plano mais adequado deve levar em consideração o custo e o grau de precisão dos resultados a serem obtidos. Tal precisão é definida pela relação entre tamanho da amostra e população e, especialmente, pelas características do material a ser amostrado. Entretanto, é fundamental que o plano de amostragem possua definição da unidade de amostragem, da forma de seleção dos elementos da população e do tamanho da amostra. Para a área farmacêutica, as farmacopeias apresentam diretrizes quanto à quantidade a ser amostrada, que dependem, invariavelmente, do tamanho do lote e do tipo de forma farmacêutica. Técnicas de amostragem As técnicas de amostragem são métodos de seleção adequada de elementos de uma população, de tal forma que, com base nas respostas obtidas, seja possível inferir o comportamento de interesse na população-alvo. Para escolher o tipo de amostragem, é necessário levar em consideração critérios como: tipo de pesquisa; acessibilidade e disponibilidade dos elementos da população; disponibilidade de tempo; recursos financeiros e humanos. Analisando esses elementos, chegamos a dois grandes grupos de técnicas de amostragem: a probabilística e a não probabilística. Amostragem probabilística Nesta amostragem, todos os elementos da população possuem a mesma oportunidade de serem selecionados para representar a população, por meio de métodos estatísticos com o princípio básico da aleatoriedade. Podem ser subdivididos em: É um método completamente aleatório, em que são atribuídos números a todos os componentes da população e, por meio de um sorteio simples e automatizado, escolhidos os números que representam os integrantes do grupo amostra. Nesta metodologia, podemos ainda aplicar a reposição, em que um mesmo elemento da população pode ser amostrado mais de uma vez (a probabilidade de seleção não se altera), ou não, em que cada elemento da população é amostrado uma única vez (a Amostragem aleatória simples (AAS) 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 30/48 probabilidade de seleção se altera). Em populações muito grandes, a reposição acaba sendo irrelevante. Em populações cujos elementos estão dispostos de maneira organizada (fila, lista) e aleatória, pode-se escolher um ponto de partida e selecionar cada k-ésimo elemento da população (ex.: o 30° elemento). Por exemplo, a cada 100 embalagens produzidas a trigésima é retirada para teste. Nesta metodologia, dividimos a população em grupos menores, que geralmente não se sobrepõem (líquidos e sólidos, por exemplo), mas representam toda a população em geral. Após a divisão em grupos, é utilizada a AAS para escolher o grupo amostra, que pode ou não ser proporcional ao tamanho de cada estrato. Neste método, analisa-se uma população em particular, na qual a amostra consiste em vários elementos, por exemplo, sacos de farinha, pilhas de livros etc. Os clusters são basicamente selecionados dividindo a população maior em várias seções menores e escolhidos aleatoriamente. Em um cluster, todos os elementos são amostrados. Amostragem não probabilística Na amostragem não probabilística, nem todos os elementos possuem a mesma chance de integrar a amostra. Podemos dividir esse tipo de amostragem em dois grandes grupos. Amostragem não intencional Também conhecida como amostragem por conveniência, o único critério seguido é a disponibilidade no momento da análise, seja essa disponibilidade da própria população ou por alguma conveniência temporal ou espacial. Amostragem intencional ou por julgamento Amostragem aleatória sistemática Amostragem aleatória estratificada Amostragem aleatória por agrupamento (clusters) 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 31/48 Os elementos do grupo-amostra são selecionados por alguém experiente no assunto, seguindo critérios predeterminados. Cálculo da amostra A determinação do tamanho de uma amostra é de grande importância, visto que amostras muito grandes acarretam desperdício de tempo e de dinheiro, enquanto amostras muito pequenas podem levar a resultados não confiáveis. Para o cálculo do tamanho da amostra (n), podemos utilizar várias fórmulas estatísticas, mas precisamos observar para tal cálculo o intervalo de confiança e o tamanho da população (N). A amostra é obtida com a população-grelha, e a essas unidades damos o nome de amostra teórica; já a amostra obtida corresponde às unidades que serão efetivamente usadas nas análises. No caso da amostragem aleatória sistemática, o intervalo de amostragem é a razão N/n. A complexidade da amostra, sua forma farmacêutica e as diretrizes farmacopeias devem guiar a seleção do método estatístico para estimar o tamanho da amostra. Listamos aqui algumas fórmulas que podem ser utilizadas para o cálculo do tamanho da amostra: 1 2 3 Onde: Z é o valor da variável padronizada para um nível de significância . É o valor da distribuição normal padronizada cuja área à direita é de . n = √N n = √N + 1 n = z2α × p(1 − p) ε20 α α% 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 32/48 p é uma pré-estimativa definida a partir de informações que o pesquisador possui acerca desse parâmetro. Geralmente é desconhecida e, portanto, assume-se que ela é igual a 0,5. é o erro amostral tolerável definido pelo pesquisador. 4 Onde é a primeira aproximação para o tamanho da amostra: Dependendo da fórmula estatística aplicada, é necessário antes definir o erro amostral e o nível de confiança desejado no levantamento a ser realizado, visto que correm o risco de chegar a informações que poderão levar a um aumento ou a uma redução do tamanho amostral. É um percentual de precisão da análise resultante da diferença entre um resultado amostral e o verdadeiro resultado populacional; tais erros resultam de flutuações amostrais aleatórias. Essa condição é inevitável, porém podemos limitar o seu valor com a escolha de uma amostra de tamanho adequado. O erro amostral e o tamanho da amostra seguem sentidos contrários. Quanto maior o tamanho da amostra, menor o erro cometido e vice-versa. ε0 n = N × n0 N + n0 n0 n0 = 1 ε20 Erro amostral 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 33/48 Para a média populacional μ, estimada pela média amostral Ẍ, é um intervalo de valores, acima e abaixo dessa média, no qual se acredita que possa estar a verdadeira média populacional μ, com um grau de confiança de tantos pontos percentuais. Onde: Média da amostra. = Ponto tabelado correspondente ao nível de confiança estabelecido para desvio padrão populacional conhecido. desvio padrão populacional. tamanho da amostra. Veja quatro exemplos para compreendermos melhor os assuntos estudados. Exemplo 1 Qual é o tamanho da amostra representativa para uma população de 350 indivíduos? Utilizando as equações mais simples, podemos achar os seguintes tamanhos: ou Ao utilizar essas fórmulas, em relação percentual, o tamanho da amostra corresponde a: Quantidade Porcentagem 350 100% Intervalo de confiança (IC) IC = X̄ ± Z σ √n X̄ = Z σ = n = n = √N n = √350 = 18, 7 ≅19 indivíduos n = √N + 1 n = √350 + 1 = 18, 7 +1 ≅20 indivíduos 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 34/48 Quantidade Porcentagem 19 x ou: Quantidade Porcentagem 350 100% 20 x Em ambos os casos, o tamanho amostral não levou em consideração uma margem de erro. Vamos agora adicionar essa referência ao nosso cálculo no próximo exemplo. Exemplo 2 Qual o tamanho da amostra representativa para uma população de 350 indivíduos, considerando uma margem de erro de 4%? Inicialmente devemos calcular o valor de n0, que significa a primeira aproximação para o tamanho da amostra. Em quantidade percentual, temos que: Quantidade Porcentagem 350 100% x = 19 × 100% 350 = 5, 4% x = 20 × 100% 350 = 5, 7% n0 = 1 ε20 n0 = 1 (0, 04)2 = 625 n = N × n0 N + n0 n = 350 × 625 350 + 625 = 224, 35 ≅225 indivíduos 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 35/48 Quantidade Porcentagem 225 x Ou seja, ao adicionar uma margem de erro no plano de amostragem, o percentual de indivíduos a serem analisados da população total salta de para . Exemplo 3 Qual o tamanho da amostra representativa para uma população de 350.000 indivíduos, considerando uma margem de erro de 4%? Em quantidade percentual, temos que: Quantidade Porcentagem 350.000 100% 624 x Percebemos que, ao aumentar o tamanho da amostra, a quantidade para se amostrar considerando uma determinada margem de erro diminui ao ponto de representar apenas 0,19% da população total. Desse modo, podemos dizer que para um N grande, o tamanho da amostra pode ser representado por Outra possibilidade para amostras muito grandes ou de tamanho desconhecido é a aplicação da fórmula: x = 225 × 100% 350 = 64, 3% 5, 7% 64, 3% n0 = 1 ε20 n0 = 1 (0, 04)2 = 625 n = N × n0 N + n0 n = 350000 × 625 350000 + 625 = 218750000 350625 = 623, 8 ≅624 indivíduos x = 624 × 100% 350000 = 0, 19% n0 = 1ε20 n = Z 2α × p(1 − p) ε20 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 36/48 Exemplo 4 Calcular o tamanho de uma amostra com nível de confiança de 95%, desvio padrão de 0,5 e margem de erro (intervalo de confiança) de aproximadamente 5%. Inicialmente devemos encontrar o valor de para o nível de confiança especificado. Esses valores são tabelados e os níveis de confiança mais comuns são e . Preparação da amostra A preparação da amostra é uma etapa tão crucial quanto a determinação da técnica de amostragem. As técnicas de preparação envolvem a recuperação do analito da matriz (no caso da forma farmacêutica), para evitar que outros componentes da formulação possam atrapalhar na análise. É importante escolher um método validado que concentre o analito em uma escala possível e compatível com o sistema analítico. Além disso, preparação da amostra pode promover derivação do analito, ou seja, promover modificações químicas que possibilitem uma melhor análise. Essa é uma etapa manual na maioria das vezes e representa um dos pontos críticos da análise, em que a precisão e a exatidão do método são extremamente dependentes do sucesso dos procedimentos adotados. Comentário A preparação da amostra é um procedimento que deve ser rápido, isto é, possuir poucas etapas e ser capaz de produzir uma recuperação quantitativa e reprodutiva do que se deseja analisar e, se possível, que apresente a possibilidade de automação. Para escolher o tipo de método que será empregado na recuperação do analito, devemos analisar tanto as características da matriz quanto do analito, além das condições de análise que envolvem a técnica e a Z∝ 90%, 95% 99% 90% − Z∝ = 1, 645 95% − Z∝ = 1, 96 99% − Z∝ = 2, 576 n = Z 2α × p(1 − p) ε20 n = (1, 96)2 × 0, 5(1 − 0, 5) (0, 05)2 = 3, 8416 × 0, 25 0, 0025 = 0, 9604 0, 0025 = 384, 16 ≅385 indivíduos 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 37/48 instrumentação empregada. Essa preocupação se deve ao fato de que medicamentos são preparados com uma gama de misturas de compostos orgânicos e inorgânicos de origem sintética, natural ou biológica. A complexidade envolvida nesse processo torna a preparação para a análise uma etapa importante que deve ser muito bem estudada, e a avaliação para escolha da técnica deve ser feita caso a caso. As principais técnicas de análise de compostos orgânicos e inorgânicos envolvem separação cromatográfica ou eletroforética com detecção por absorção atômica, infravermelho, espectrofotometria de massas e eletroquímica. A seguir, podemos observar as principais características dos processos de separação. Vamos acompanhar um comparativo entre as principais técnicas de preparação de amostra: Extração líquido-líquido Princípios: Distribuição do analito entre dois líquidos imiscíveis em função de um coeficiente de partição. Características: Vantagens: boa reprodutibilidade, fácil manuseio, utilização em compostos pouco voláteis. Desvantagens: exige solventes puros, produz grandes quantidades de resíduos. Extração em fase sólida Princípios: Adsorção seletiva do analito em materiais sólidos e posterior dessorção com solventes. Segue os mecanismos da cromatografia em coluna sólida. Características: Vantagens: grande disponibilidade de materiais adsorventes, altas recuperações, baixo consumo de solventes. Desvantagens: cartuchos e discos extratores tornam a técnica mais cara e mais complicada quando realizada manualmente. Microextração em fase sólida Princípios: Distribuição do analito entre duas fases imiscíveis, em que a fase extratora é um polímero que reveste uma fibra de sílica. Características: 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 38/48 Vantagens: técnica versátil, com baixo consumo de solvente e necessidade de pouca quantidade de amostra. Fibras de extração reaproveitáveis. Desvantagens: limites de quantificação altos, poucos materiais de extração disponíveis. Extração por �uido supercrítico Princípios: Solubilização do analito por um fluido no estado supercrítico que depois é coletado em um líquido ou adsorvente. Características: Vantagens: pode ser utilizada em amostras sólidas, semissólidas ou líquidas. Não necessita de solventes orgânicos. Desvantagens: o analito precisa ser solúvel no fluido supercrítico. Extração em membrana Princípios: Permeação seletiva do analito através de uma membrana que separa duas fases líquidas. Características: Vantagem: eficiente na separação de fármacos de proteínas. Desvantagens: possui menor capacidade de separação e concentração do analito; separação mais demorada. Precipitação proteica Princípios: Adição de sais e solventes orgânicos que competem com as proteínas pela água disponível. Características: Vantagem: técnica muito simples; baixo custo. Desvantagens: pouca eficiência na retirada de interferentes; baixa reprodutibilidade; perda do analito. A Estatística aplicada ao controle de 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 39/48 qualidade A Estatística é o ramo da Matemática responsável pelo estudo dos métodos de coleta, processamento, apresentação, tratamento, análise e interpretação de dados. É a ciência que se ocupa da comparação, na maioria das vezes, do conjunto de dados obtidos com outro conjunto, após o correto tratamento. Os erros cometidos na obtenção do conjunto de dados são levados em consideração na hora de realizar o tratamento, tendo em vista que toda avaliação quantitativa, por melhor que seja a coleta de dados, não pode ser considerada livre de erros. Durante a coleta dos dados podem ocorrer três tipos de erros: Conduz a resultados discordantes que diferem consideravelmente dos demais dadosde uma série de medidas repetidas e ocorre por desconhecimento da técnica ou negligência do operador, como esquecimento de adição de um reagente ou erro de pesagem. Esses erros precisam ser evitados por meio de ações preventivas simples, como treinamento da equipe. Possui causas conhecidas e valor definido, além de ser constante ou proporcional ao tamanho da amostra. Por exemplo, um termômetro descalibrado que marca a temperatura sempre dois graus abaixo da real. Para esse tipo de erro, são necessárias ações corretivas, como recalibração ou troca do equipamento. Erro grosseiro Erro determinado Erro indeterminado 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 40/48 Também conhecido como erro aleatório, é a somatória das incertezas, as quais não podem ser determinadas individualmente, como, por exemplo, variações de corrente elétrica ou de temperatura ao longo do experimento. Os erros indeterminados são causados por parâmetros que fogem ao nosso controle. Outro conceito de extrema importância é a distribuição normal, que nos ajuda a entender como os dados se distribuem. Sabemos que todo e qualquer processo de mensuração está sujeito a um erro de medida. A distribuição normal possui dois parâmetros, a média (μ), ou seja, onde estão centralizados os dados, e a variância (σ2 > 0), que está relacionada ao quão disperso estão os dados. Vale ressaltar que podemos nos referir à dispersão dos dados como desvio padrão ( , note que ). E que a variável se distribui de forma contínua (variável contínua) de a área total sob a curva do modelo é unitária (ou seja, 1). Gráfico de distribuição normal. A seguir, temos os principais parâmetros estatísticos para avaliação da distribuição dos dados. Equação: Observação: Soma de todos os valores dividida pelo número de componentes da amostra. Para dados não agrupados, não precisamos de fórmula. Basta ordenar os valores em ordem crescente e encontrar o elemento central. Em caso de número par de elementos, pegam-se os dois centrais e a mediana corresponderá à média aritmética. σ √σ2 = σ X − ∞ < x < +∞ Média X̄ = ∑ni=1 xi n Mediana 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 41/48 Observação: Ponto central do conjunto de dados. Por exemplo: (1, 3, 5, 7, 9, 11, 13) A mediana será 7. Não existe fórmula para Moda. Considera-se a moda aquele valor que mais se repete no conjunto de dados. Equação: Observação: Indica o grau de variação de um conjunto de elementos. Equação: Observação: Também conhecido como coeficiente de variação, é expresso em porcentagem do valor médio. Para que possamos saber se a amostra e o valor médio se aproximam do valor real, ou seja, do valor médio da população, precisamos estabelecer um intervalo de confiança. Podemos defini-lo como o intervalo de valores no qual se pode assumir, com alta taxa de confiança, que temos o valor real. Quanto mais estreito for o intervalo de confiança, maior é a probabilidade de a porcentagem da amostra representar o número real da população de origem, dando maior confiabilidade aos resultados encontrados. A equação anterior nos diz que, no intervalo de confiança , encontra-se, com uma certeza definida, o valor real . Moda Desvio padrão s = √ ∑ni=1 (xi − x̄) 2 n − 1 Desvio padrão relativo DPR = 100 × s X̄ μ = X̄ ± t( s √N ) X̄ ± t( s √N ) μ 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 42/48 Gráfico de desvio padrão da distribuição normal. O parâmetro t depende da probabilidade com que queremos encontrar o valor real no intervalo de confiança e do número de graus de liberdade (N-1) do conjunto de dados. Esses valores são tabelados e precisam ser consultados para o cálculo do intervalo de confiança. Observe os dados da tabela a seguir: Peso em gramas de 50 embalagens de uma fábrica 22 22 19 19,5 21,5 21,5 21 19 21 19 21,4 21 20,6 2 21,1 19 21,1 19,7 21,8 19,7 21 19 21,4 19,3 21,1 19,6 21,1 2 20,6 20,6 19,8 19,8 21,4 20,6 1 Tabela: Peso em gramas de 50 embalagens de uma fábrica de embalagens Vinícius Rodrigues Viana. Analisando os parâmetros estatísticos, temos: Média X̄ = ∑ni=1 xi n = 22 + 22 + 19 + 19 + ⋯ + 19 + 20, 6 + 19 + 19, 8 50 = 20, 436g Desvio padrão 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 43/48 Principais conceitos em Estatística O especialista fala sobre os principais conceitos em Estatística juntamente a exemplos para mostrar os cálculos de amostragem. Ressalta ainda a importância da estatística para o controle de qualidade farmacêutico. s = √ ∑ni=1 (xi − x̄) 2 n − 1 = √ (22 − 20, 4)2 + (22 − 20, 4)2 + (19 − 20, 4)2 + ⋯ + (20, 6 − 20, 4)2 + (19 − 2 50 − 1 Intervalo de con�ança Para calcularmos o valor do intervalo de confiança, precisamos de uma tabela padrão de distribuição t de student. Utilizaremos uma margem de confiança de 95%. O grau de liberdade, em geral, é dado n-1, porém observamos que para populações (N) maiores que 50, os valores se aproximam sem a necessidade de nenhuma correção. Ou seja, o valor real será encontrado no intervalo definido por: μ = X̄ ± t( s √N ) = 20, 4 ± 2, 01( 1, 014 √49 ) = 20, 4 ± 0, 29 20, 4 − 0, 29 < μ < 20, 4 + 0, 29 https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/docs/TABELA_T_DE_STUDENT.pdf https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/docs/TABELA_T_DE_STUDENT.pdf 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 44/48 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 45/48 As técnicas de amostragem são métodos de seleção adequados de elementos de uma população, de tal forma que, com base nas respostas obtidas, se possa inferir o comportamento de interesse da população-alvo. A técnica de amostragem em que todos os elementos da população possuem a mesma chance de serem selecionados é conhecida como: Parabéns! A alternativa A está correta. Neste tipo de técnica, a amostragem probabilística, todos os elementos da população têm a mesma oportunidade de serem selecionados para representar a população. Isso é feito por meio de métodos estatísticos, com o princípio básico da aleatoriedade. Questão 2 Quando queremos estudar uma característica de determinado grupo, precisamos delimitá-lo muito bem para que nossos dados sejam válidos. O grupo que contém todos os indivíduos, produtos ou objetos que desejassem estudar uma determinada característica é chamado de: A Amostragem probabilística B Amostragem não probabilística C Amostragem igualitária D Amostragem comum E Amostragem não randomizada A Amostra B Unidade C Agrupamento amostral D População E Analito 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 46/48 Parabéns! A alternativa D está correta. Define-se como população o conjunto de indivíduos, objetos ou produtos que possuem uma característica de interesse para determinada análise. Para definir a população, precisamos definir primeiramente o interesse da pesquisa. Considerações �nais Neste conteúdo, conceituamos de diferentes formas a “qualidade” e como podemos aplicá-la na produção de produtos farmacêuticos. Verificamos a importância da Farmacopeia como compêndio oficial que dita os parâmetros de testes, insumos e medicamentos que queremos analisar. Por fim, aprendemos de que maneira usar a estatística como aliada na seleção da quantidade de amostras de um lote para realizar testes com confiabilidade. A sequência em que o conteúdo foi organizadose mostrou também muito importante, pois, com a base essencial dos conhecimentos acerca dos compêndios oficiais e métodos oficiais e não oficiais, pudemos entender criticamente as informações, para, finalmente, realizar cálculos amostrais com base nas noções de estatística. Podcast Neste podcast, o especialista fará um resumo dos principais tópicos apresentados no conteúdo e deverá trazer a importância dos compêndios oficiais e da estatística para o controle de qualidade. Explore + Para saber mais sobre os assuntos tratados nesse conteúdo, leia os artigos: 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 47/48 Qualidade de medicamentos isentos de prescrição: um estudo com marcas de dipirona comercializadas em uma drogaria de Cascavel (PR, Brasil), de André Leandro Knappmann e Eduardo Borges de Melo, publicado na Revista Ciência & Saúde Coletiva, v. 15, supl. 3, nov. 2010. Disponível na base de dados Scielo. Avaliação da qualidade de cápsulas de sinvastatina de farmácias magistrais, de Blanca Elena Ortega Markman, Paulo César Pires Rosa, Maria Regina Walter Koschtschak, publicado na Revista Saúde Pública, v. 44, n. 6, dez. 2010. Disponível na base de dados Scielo. Referências ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Farmacopeia Brasileira. 6. ed. Brasília: ANVISA, 2019. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Farmacopeia: Conceitos e definições, 2020. Consultado na internet em: 21 nov. 2022. GIL, E. S. Controle físico-químico de qualidade de medicamentos. 2. ed. São Paulo: Pharmabooks, 2007. 485 p. INCQS/Fiocruz. Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde. NT/MED – Núcleo Técnico de Medicamentos. s.d. Consultado na internet em: 01 nov. 2021. MONTGOMERY, D. C.; RUNGER, G. C. Estatística aplicada e probabilidade para engenheiros. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF. Download material O que você achou do conteúdo? Relatar problema javascript:CriaPDF() 27/02/2024, 10:03 Introdução ao Controle da Qualidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04743/index.html# 48/48
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