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ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS INTRODUÇÃO O Brasil possui mais de 150 espécies de cobras Cobras peçonhentas -> 30% O QUE SÃO ANIMAIS PEÇONHENTOS? POSSUEM GLÂNDULAS DE VENENO: Comunicado com um aparelho inoculador (presas, ferroes, aguilhões, dentes ocos) QUAIS? Serpentes, aranhas, escorpiões, abelhas, marimbondos e arraias LEMBRANDO! Os acidentes mais comuns por cobras são por tipos não peçonhentos ACIDENTES OFÍDICOS As cobras peçonhentas tem algumas características: Pupila em fenda, geralmente vertical Não peçonhenta, geralmente tem a pupila circular Tem um orifício por trás da narina, chamado fosseta loreal Escamas ouriçadas Não peçonhenta é lisa Cabeça triangular Não peçonhenta tem a cabeça circular Afunila abruptamente Não peçonhenta afunila gradativamente Quando perseguida, adota aposição de bote Não peçonhenta, foge CORAL Falsa Barriga branca A listra branca ou amarela não toca na vermelha "Vermelho com preto encostado fique sossegado" EPIDEMIOLOGIA 70-75% dos acidentes no Brasil -> JARARACA, pertence ao gênero Brothrops. Acidente botrópico! o acidente, geralmente, recebe o nome do gênero. Em 2º lugar no Brasil -> CASCAVEL, do gênero Crotalus Acidente crotálico Em 3º lugar -> SURUCUCU, comum em florestas, do gênero Lachesis Acidente Laquético Em 4º lugar, e mais GRAVE -> CORAL VERDADEIRA, gênero Micrurus Acidente Elapídico ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS ACIDENTE BOTRÓPICO Gênero Bothrops JARARACA, Jararacuçu, urutu Mais comum: 90% dos casos Ocorre em Zona Da Mata: Como Campina Local: Mais comum nas extremidades Veneno: PROTEOLÍTICO Principal ação Gera desnaturação das proteínas locais Edema, bolha, hiperemia e flictena local – esse que é sinônimo de bolha Coagulante Não gera trombose venosa ou arterial Gera consumo dos fatores de coagulação, podendo se manifestar com CIVD No entanto, esse consumo dos fatores gera, por conseguinte, fenômenos hemorrágicos secundários Anticoagulante → equimose e sangramento local, epistaxe, otorragia, pode haver sangramento interno, além de diáteses hemorrágicas Diátese hemorrágica é a tendência para sangramento sem causa aparente (hemorragias espontâneas) ou hemorragia mais intensa ou prolongada após um traumatismo. Pode manifestar-se como: melena, hematúria, otorragia, epistaxe, dor. Menos comumente, pode causar AVEh e HDA. SAB (Soro antibotrópico): Certeza que foi Botrópico SABC: Botrópico e Crotalus SABL: Botrópico e Lachesis DOSES (IV): 4 ampolas (leve) 8 ampolas (moderado) 12 ampolas (graves) MANEJO ANTES DE CHEGAR O SORO: Manter a vítima em repouso absoluto Remover anéis, pulseiras, braceletes Local da picada: Lavar com água e sabão Proteger o curativo com gaze seca Transportar ao hospital indicado Capture o animal, se possível Não fazer torniquete COMPLICAÇÕES: Choque hipovolêmico: Pelo sangue perdido Choque anafilático: Pela ação do veneno como um corpo estranho - reação de hipersensibilidade tipo IV Bolhas e necrose Infecção cutânea gerando sepse por bactérias que habitam a serpente → caminha para choque séptico Infecção renal aguda: Por Necrose Tubular Aguda (NTA) ou por Rabdomiólise Pouco comum, mais comum por cascavel (crotalus) CLASSIFICAÇÃO E CONDUTA: ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS ACIDENTE CROTÁLICO Segundo mais comum CASCAVEL - Presença do chocalho/guizo Ambiente árido e semiárido - aqui na PB - Sertão e Curimataú VENENO: Ação local é praticamente inexistente! Age principalmente na junção neuromuscular, nos receptores de Acetilcolina (neurotransmissor pós- sináptico - fundamental p/ contração muscular) Diminuição de tônus muscular no sentido céfalo- caudal AÇÃO NEUROTÓXICA Diplopia e fáceis ébrias/miastênicas, Turvação visual, diplopia e oftalmoplegia, Ptose palpebral, Paralisia facial AÇÃO MIOTÓXICA Rabdomiólise (com mais frequência que a jararaca) e Fraqueza e dor muscular intensa Insuficiência respiratória por hipocontratilidade diafragmática No sumário de urina pode vir hemoglobina, mas sem hemácia, porque na verdade é MIOGLOBINA AÇÃO HEMOLÍTICA (SHU)? Mais grave e manifestações precoces (primeiras três horas) Classificação: LEVE: Urina normal, sem colúria, sem fáceis miastênicas => 5 ampolas MODERADO: Sem oligúria ou anúria | Fáceis miastênicas não evidente => 10 ampolas GRAVE: Oligúria ou anúria | Colúria | Fáceis miastênicas evidente => 20 ampolas SURUCUCU ou Pico-de-jaca Amazônia e Mata Atlântica (só mais comum no litoral da Paraíba) Inoculam grande quantidade de veneno! CLÍNICA: Dor, edema e equimose local (ação proteolítica) Surge menos bolhas Diáteses hemorrágicas (ação hemorrágica) ATIVAÇÃO PARASSIMPÁTICA: Hiperdefecação Sudorese, palidez cutânea Náusea e vômitos Bradicardia e hipotensão Dor abdominal em cólica SOROTERAPIA: Caso Moderado (10 Ampolas): Sem sinais parassimpáticas Casos Graves (20 Ampolas): Com sinais parassimpáticas (bradicardia e/ou hipotensão) SAL : soro antilaquético Dúvida entre Laquético e Botrópico: SABL ESPECÍFICO: Soro Anticrotálico (SAC) IV Soro Antibotrópico-Crotálico (SABC) GERAL: Hidratação adequada: Para estimular diurese e diluir o veneno Diurese osmótica pode ser induzida com Manitol a 20% ou Acetazolamida (pouco usado) Se oligúria persistir: Diuréticos de alça (furosemida IV) Manter pH urinário acima de 6,5: Urina ácida facilita a precipitação de mioglobina, facilitando a obstrução da luz glomerular Alcalinização da urina com BIC - IV ACIDENTE LAQUÉTICO ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS ACIDENTE ELAPÍDICO Gênero Micrurus - CORAL VERDADEIRA Epidemiologia: 1-2% (MENOS COMUM), mas mais grave O acidente é mais comum à noite VENENO: Ação Neurotóxico: Como a cascavel Ação Miotóxica: Como a cascavel Quase não há manifestações locais CLINÍCA Paralisia muscular pronunciada e precoce (Por ação miotóxica): Não consegue se mexer, respirar e andar Pode comprometer o diafragma Turvação visual, ptose palpebral e diplopia TRATAMENTO Todo acidente por coral é considerado grave! FAZER 10 AMPOLAS DE SORO ANTIELAPÍDICO Normalmente gera casos leves Mais comuns no brasil: Tytius Bahiensis (Escorpião Preto/marrom): Menos grave Tytius Serrulatus (Escorpião Amarelo): Mais grave CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: Dor (intensa pelo bloqueio dos canais de sódio) OU Formigamento/Queimação local SINTOMAS SISTÊMICOS: Náuseas/vômitos, sudorese Agitação psicomotora, tremores e sialorreia INSTABILIDADE HEMODINÂMICA (INCOMUM, MAS SENDO MAIS COMUM EM CRIANÇA) Taqui ou bradicardia Hiper ou hipotensão Casos leves (não precisam de soro): Aqueles que não têm sintomas Tratamento: Bloqueio local com anestésico local: Lidocaína sem vasoconstrictor Analgesia com dipirona plena Ampolas de soro escorpiônico: LEVE Sem sinais sistêmicos ou parassimpáticos Não precisa de soro MODERADO Sinais sistêmicos ou parassimpáticos 2-3 ampolas de SAEEs/SAAr GRAVE Sinais sistêmicos com instabilidade hemodinâmica 4-6 ampolas COMO ADMINISTRAR O SORO Diluir: Diminui a frequência de reações Como? 1:2 a 1:5 em soro fisiológico ou glicosado numa velocidade de 8-12 mL/min em uma bomba de infusão contínua ATENÇÃO! Se for criança pode gerar sobrecarga volêmica com esse soro fisiológico, assim como em pacientes com ICC PRÉ-MEDICAÇÃO: Anti-histamínico: Como o Fernegan (prometazina) IM Corticoide: Dexametasona ou Hidrocortisona Bloqueador H2: Ranetidina ou Cimetidina Perguntar sobre vacinação tetânica! ESCORPIONISMO ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS ACIDENTE POR ARANHAS Tipos: Genero Phoneutria (Armadeira) Loxosceles (Aranha Marrom) Lycosa (Tarântula) Latrodectus (Caranguejeira) Quadro clínico: ARMADEIRA (MAIS GRAVE): Dor imediata, edema Formigamento Bolha Sudorese local Edema e dor no momento (30 minutos) ARANHA MARROM: Dor fraca na hora da picada Dor local com edema após 12-24h (tardio) Casos graves como rabdomiólise Tratamento com soro: Casos leves (poucos sinais e sintomas locais): maioria Casos moderados (alterações sistêmicas) Casos graves (sinais de choque ou instabilidade hemodinâmica)