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Síndrome do Túnel do Carpo (STC) ● compressão ou tração do nervo mediano em um túnel inelástico existente na face volar do punho→ combinação de sinais e sintomas característicos da compressão do nervo mediano ● mais frequente das síndromes compressivas do membro superior, estando presente em até 3,8% da população em geral ● mais frequente em mulheres e principalmente acima de 40 anos Classificação Precoce ● sintomas somente noturnos ● forma idiopática (+ frequente)→múltiplos fatores desencadeiam o aumento de pressão intra-túnel: ○ (1) redistribuição dos fluidos às membranas superiores na posição supina ○ (2) pelo sono, cessa o mecanismo de bomba muscular que contribui para a drenagem dos fluidos intersticiais no túnel do carpo ○ (3) durante o sono o punho mantém-se em flexão fisiológica, aumentando a pressão intratúnel ○ (4) aumento da pressão arterial na segunda metade da noite → aumento de 50 mmHg → interferência no retorno venoso da microcirculação intraneural → diminuição do aporte de oxigênio intraneural + estase venosa que determina edema endoneural Intermediário ● sintomas noturnos e diurnos ● anomalias da microcirculação são permanentes, com edema intersticial epineural e intrafascicular→ aumento de pressão dos fluidos endoneurais ● edema intersticial→ afluxo celular + espessamento do epineuro ● destruição da bainha de mielina e dos nodos de Ranvier na base de condução saltatória de infl uxo para superfície de fibras nervosas mielinizadas ● classificação de Seddon: neuropraxia Avançado ● sintomas permanentes + sinais de déficit sensitivo ou motor traduzidos pela interrupção de um número de axônios mais ou menos importantes ● classificação de Seddon: axoniotmese ● degeneração walleriana existe no nível dos axônios interrompidos ● envelopes conjuntivos: sede de um espessamento fibroso reacional ● degeneração do tecido conjuntivo com esclerose vascular, edema e fragmentação do colágeno → aumento do conteúdo dentro do túnel do carpo→ hipertrofia da sinovial ao redor dos tendões flexores Fisiopatologia e etiologia STD idiopático ● pacientes do sexo feminino em 70-80% dos casos ● faixa etária: entre 40-60 anos ● frequente no período da menopausa e no período final da gravidez devido à retenção líquida ocasionada pela ação hormonal ● quadro é bilateral na metade das vezes→ bilateralidade aumenta com o tempo de evolução dos sintomas STD secundário ● anomalias do continente: fratura distal do rádio, consolidação viciosa do rádio, material de osteossíntese na face volar do rádio, luxação do carpo, artrose do punho, rizartrose, acromegalia ● OU anomalias do conteúdo: anomalia da distribuição dos fluidos como no trimestre final da gravidez e no hipotireoidismo, hipertrofia da tenossinóvia como no processos reumáticos, lúpus e infecção, tenossinovite metabólica como na diabete melittus, amiloidose, gota, condrocalcinose, aumento de volume intratúnel como tumores, músculos anormais ou supranumerários, hematomas por traumatismos, acidente anticoagulante, e hemofilia ● fatores secundários: obesidade e tabagismo STD dinâmica ● frequentemente encontrada em patologias laborais, onde as atividades manuais repetitivas e a exposição a vibrações e ao frio podem ser consideradas fatores predisponentes, embora sem a concordância de muitos autores STD agudo ● casos de trauma grave do membro superior, envolvendo fratura, compressão, infecção, injeção de alta pressão, queimadura ● raramente: casos de hemorragia nas hemofilias e trombose da artéria do nervo mediano Sinais e sintomas ● característica principal: dor + parestesia no território do nervo mediano (face volar do polegar, indicador, principalmente do dedo médio e também lado radial do anelar) que piora na posição de flexão do punho ● desconforto pode irradiar até o cotovelo e braço ● dor: característica noturna que é aliviada pelo balançar das mãos, e por adotar posições diversas como deitar sobre a mão, tirá-la para fora da cama ou colocá-la entre as pernas ● fases mais avançadas: fraqueza muscular dos músculos inervados pelo mediano (músculos tenares e intrínsecos do indicador e médio)→ diminuição da força de preensão e de pinça ● queixas frequentes: dificuldade para dirigir, usar o telefone, e derrubar objetos com facilidade Diagnóstico e exames complementares ● essencialmente clínico: anamnese detalhada + exames clínicos realizados corretamente ● radiologia: deve ser realizada para descartar outras patologias associadas do rádio distal e punho ● queixas são mais importantes que o exame físico ou exames complementares Sinal de Tinel ● positivo se o paciente refere parestesia durante a percussão manual da face palmar do punho no nível do nervo mediano ● sensibilidade: 26% a 79% ● especificidade: 40% a 100% Sinal de Phalen ● positivo se ao curso de uma flexão ativa máxima do punho durante um minuto aparecer parestesia no território do nervo mediano ● sensibilidade: 67% a 83% ● especificidade: 47% a 100% ● teste de Phalen invertido: colocação do punho em extensão máxima Teste de Durkan ● pressão com dois dedos efetuada sobre a região mediana do túnel do carpo, o punho flexionado a 60°, cotovelo estendido, antebraço em supinação ● positivo se ocorrer parestesia no território do nervo mediano ● sensibilidade: 82% ● especificidade: 99% Teste de discriminação de dois-pontos ● estático de Weber-Moberg ou dinâmico de Dellon ● roda dentada (pinwheel) ou monofilamento (teste de Semmes-Weinstein) pode ser usada para propósito semelhante ● feito sempre em comparação com o lado contra-lateral ● parestesia noturna: sintoma mais sensível (96%) ● teste com melhor sensibilidade: compressão direta de Dukan (89%), seguido pelo teste de Phalen (83%) Leve ou intermitente ● dor, dormência e formigamento na área de representação do nervo mediano, predominantemente noturno, acordando o(a) paciente várias vezes ● sintomas diurnos posicionais como dirigir, segurar objetos na mesma posição ou fazer trabalhos manuais ● retorno à normalidade é alcançado rapidamente por mudança de postura ou movimentação das mãos ● exame neurológico: normal ● testes de Tinel e Phalen: podem estar positivos ● exame de condução nervosa: pode estar normal (anormalidade isquêmica rapidamente reversível) ou revelar lentificação incipiente da condução do nervo mediano no túnel do carpo Persistente ● déficit sensitivo e perda da habilidade manual (função de pinça entre o polegar e indicador está prejudicada) ● dor tipo queimação, dormência mais acentuada, sensação de edema e congestão na mão ● melhora muito mais lenta mesmo com mudança de postura ou movimentação das mãos ● exame neurológico: déficit sensitivo e motor ● Tinel e Phalen: positivos ● eventualmente: atrofia tenar ● achados clínicos: não dependem do tempo de compressão e sim do grau de lesão ao nervo mediano ● exame de condução nervosa: lentificação evidente do nervo mediano no carpo Grave ● acentuada perda sensitiva + discriminação de dois pontos ● déficit funcional grave ● acentuada atrofia tenar e de pele ● prognóstico mais reservado mesmo após tratamento conservador ou cirúrgico Eletroneuromiografia (ENMG) ● permite estudar a condução nervosa sensitiva e motora do nervo mediano e destaca o abrandamento eletivo na passagem do túnel do carpo ● permite a análise da amplitude e da duração das respostas motoras e sensitivas ● deve ser finalizada por uma medida da condução nervosa do nervo ulnar homolateral e por comparação com o lado contralateral ● achado mais precoce e mais sensível: diminuição da velocidade de condução sensitiva (identificada pelo método centimétrico) entre a palma da mão e os dedos e o punho ● velocidade transtúnel do nervo mediano < 45 m/s: patológica ○ valor normal ≥ 50 m/s ● exame operador-dependente ● temperatura cutânea e a idade influem nos resultados ● pode ser positiva em 0% a 46% de sujeitos assintomáticos ● negativa em 16% a 24% de pacientes com diagnóstico clínico da STC ● sensibilidade: 54 + especificidade:97,5% ● não fornece evidências suplementares no diagnóstico de STC em relação à avaliação clínica quando o diagnóstico clínico parece evidente→ não é melhor que o diagnóstico clínico ● variações anatômicas do tipo Martin-Gruber e Riche-Cannieu entre os nervos mediano e ulnar podem alterar a interpretação da análise eletroneuromiográfica e de estimulodetecção Tratamento ● inicial: sempre conservador nos casos leves e moderados ● 80% dos casos: considerável melhora ao final de um ano de tratamento ● tempo de tratamento conservador: não tem definição ainda na literatura e o que se espera é alívio dos sintomas ● STC clássica, sem doença sistêmica, massa no punho, deformidade óssea maior ou infecção → tratamento conservador deve ser iniciado se a sintomatologia interfere nas atividades diárias do(a) paciente ● melhorar a ergonomia: ○ (1) uso de tala de velcro para dormir ou trabalhar → evitar a postura em flexão ou extensão do punho (aumenta a pressão no túnel do carpo) → posição do punho com a tala deve estar em estrita posição neutra para diminuir a pressão intracanalicular ○ resultado equivalente à injeção de corticosteroides ○ duração: 3 semanas a 3 meses ○ órtese pode ser associada com a infiltração ○ (2) evitar atividades que impliquem movimentos de flexo-extensão do punho ou esforços repetitivos intensos na jornada de trabalho ○ (3) melhorar as condições ergonômicas no ambiente de trabalho → sentar-se corretamente e apoiar os braços e punhos quando usar o computador + se necessário, introduzir a rotação de atividades para evitar o uso continuado do membro superior ● infiltração de corticoide no túnel do carpo: efetiva por período curto de tempo e dever ser utilizada somente em pacientes sem contraindicações formais (HAS, glaucoma, DM) ○ pode ser repetida no máximo 3 vezes com 4-6 semanas de intervalo entre cada uma ○ cuidado para evitar a injeção intraneural por ocasionar lesões graves no nervo mediano ○ alívio: observado após alguns dias a 2-3 semanas da aplicação ○ alívio temporário após a injeção de corticoide local é um bom prognóstico para o tratamento cirúrgico ● tratar os desequilíbrios hormonais associados: história clínica pregressa é importante ○ hipotireoidismo, diabete mellitus e climatério-menopausa podem estar associados de forma subclínica Cirúrgico ● abertura do túnel do carpo através da secção do ligamento transverso do carpo ● realizado em ambiente hospitalar, com internação ambulatorial ● anestesia a somente local com ou sem o emprego de vasoconstritor, associação de anestesia local e sedação ou, mais raramente pela anestesia geral ● maioria dos cirurgiões prefere exsanguinar o membro a ser operado através do emprego de garrote pneumático ou banda de Esmarch ● convencional ou aberta (clássica ou mini-open) ou endoscópica: não existe diferença significativa nos resultados a longo prazo ● cuidado com as estruturas que acompanham o nervo mediano no túnel do carpo, além do seu ramo motor para a loja tenar que tem origem proximal ao túnel do carpo e o acompanha pelo seu lado radial ● complicações cirúrgicas: descompressão inadequada, recorrência, lesão nervosa do tronco do nervo mediano ou dos nervos metacarpais, lesão tendínea, lesão do arco palmar arterial, efeito arco de corda”, dor reflexa regional, cicatriz hipertrófica e/ou sensível, disestesias e infecção ● descompressão cirúrgica → melhora rápida dos sintomas ocorre por causa do restabelecimento da microcirculação intraneural ● recuperação completa depende da regeneração nervosa→ bainha de mielina demanda semanas a meses para o completo restabelecimento e causa sintomas intermitentes e anomalias eletrofisiológicas persistentes no pós-operatório ● importância da recuperação dependerá do potencial de regeneração axonal do paciente, principalmente por causa da idade, da existência de uma polineuropatia e da severidade da compressão ● se houver a necessidade de uso de fármacos no pós-operatório para o alívio de sintomas de dor neuropática ou de dor reflexa regional → benfotiamina é uma opção de 1ª linha como coadjuvante de outras medicações, tais como: pré-gabalina, opioides, AINEs, corticoterapia, gabapentina, dentre outros
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