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Interpretação de Texto - Livro Único-130-132

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130 INTERPRETAÇÃO DE TEXTO Capítulo 5 Categorias de mundo e temas e figuras 
Quer saber mais?
Filme
 y Nosferatu. Direção: Werner Herzog. Classificação indicativa: 10 anos. 
Refilmagem do clássico expressionista de 1922 de F. W. Murnau, o 
filme traz uma versão da história do vampiro Drácula, criado pelo 
escritor Bram Stoker no final do século XIX.
Teatro
 y IONESCO, Eugène. A Cantora Careca. Campinas: Papirus.
Escrita em 1949, a peça é considerada a primeira obra da corrente 
batizada Teatro do Absurdo. Com texto irônico e diálogos absurdos, 
o que se mostra é a total impossibilidade de comunicação entre os 
seis personagens. 
Livro
 y ORWELL, George. Revolução dos Bichos. São Paulo: Cia. das Letras, 2007.
Fábula sobre o poder, o livro narra uma revolução promovida pelos 
outros animais contra os humanos. No entanto, a revolta progride 
para uma tirania ainda mais ferrenha que a anterior.
Site
 y <www.louvre.fr>
Acesse o grandioso acervo do famoso museu e faça uma visita 
on-line para empreender um verdadeiro passeio pela história da arte 
nas suas mais variadas manifestações, atentando para os elementos 
narrativos abordados no capítulo.
Para responder à questão 1, leia o trecho do livro O 
homem cordial, de Sérgio Buarque de Holanda.
Já se disse, numa expressão feliz, que a contribuição 
brasileira para a civilização será de cordialidade — dare-
mos ao mundo o “homem cordial”. A lhaneza1 no trato, 
a hospitalidade, a generosidade, virtudes tão gabadas por 
estrangeiros que nos visitam, representam, com efeito, um 
traço definido do caráter brasileiro, na medida, ao menos, 
em que permanece ativa e fecunda a influência ancestral 
dos padrões de convívio humano, informados no meio 
rural e patriarcal. Seria engano supor que essas virtudes 
possam significar “boas maneiras”, civilidade. São antes 
de tudo expressões legítimas de um fundo emotivo extre-
mamente rico e transbordante. Na civilidade há qualquer 
coisa de coercitivo — ela pode exprimir-se em manda-
mentos e em sentenças. Entre os japoneses, onde, como 
se sabe, a polidez envolve os aspectos mais ordinários do 
convívio social, chega a ponto de confundir-se, por vezes, 
com a reverência religiosa. Já houve quem notasse este 
fato significativo, de que as formas exteriores de veneração 
à divindade, no cerimonial xintoísta, não diferem essen-
cialmente das maneiras sociais de demonstrar respeito.
Nenhum povo está mais distante dessa noção ritua-
lista da vida do que o brasileiro. Nossa forma ordinária 
de convívio social é, no fundo, justamente o contrário da 
polidez. Ela pode iludir na aparência — e isso se explica 
pelo fato de a atitude polida consistir precisamente em 
uma espécie de mímica deliberada de manifestações que 
são espontâneas no “homem cordial”: é a forma natural e 
viva que se converteu em fórmula. Além disso a polidez 
é, de algum modo, organização de defesa ante a socieda-
de. Detém-se na parte exterior, epidérmica do indivíduo, 
podendo mesmo servir, quando necessário, de peça de 
resistência. Equivale a um disfarce que permitirá a cada 
qual preservar intatas sua sensibilidade e suas emoções. Por 
meio de semelhante padronização das formas exteriores da 
cordialidade, que não precisam ser legítimas para se mani-
festarem, revela-se um decisivo triunfo do espírito sobre a 
vida. Armado dessa máscara, o indivíduo consegue manter 
sua supremacia ante o social. E, efetivamente, a polidez 
implica uma presença contínua e soberana do indivíduo. 
No “homem cordial”, a vida em sociedade é, de certo 
modo, uma verdadeira libertação do pavor que ele sente 
em viver consigo mesmo, em apoiar-se sobre si próprio em 
todas as circunstâncias da existência. Sua maneira de 
expansão para com os outros reduz o indivíduo, cada 
vez mais, à parcela social, periférica, que no brasileiro — 
como bom americano — tende a ser a que mais importa. 
Ela é antes um viver nos outros.
1lhaneza: afabilidade.
(O homem cordial, 2012.)
1 Unifesp 2020 Está empregado em sentido figurado o 
termo sublinhado em:
A “Detém-se na parte exterior, epidérmica do indiví-
duo, podendo mesmo servir, quando necessário, 
de peça de resistência.” (2.° parágrafo)
b “Entre os japoneses, onde, como se sabe, a polidez 
envolve os aspectos mais ordinários do convívio 
social” (1.° parágrafo)
c “São antes de tudo expressões legítimas de um 
fundo emotivo extremamente rico e transbordan-
te.” (1.°parágrafo)
D “Nenhum povo está mais distante dessa noção ri-
tualista da vida do que o brasileiro.” (2.° parágrafo)
E “Na civilidade há qualquer coisa de coercitivo — ela 
pode exprimir-se em mandamentos e em senten-
ças.”(1.° parágrafo)
Para responder à questão 2, leia o trecho de uma 
carta enviada por Antônio Vieira ao rei D. João IV em 
4 de abril de 1654.
No fim da carta de que V. M.1 me fez mercê me manda 
V. M. diga meu parecer sobre a conveniência de haver 
neste estado ou dois capitães-mores ou um só governador. 
Exercícios complementares
PV_2021_LU_ITX_FU_CAP5_LA.INDD / 16-09-2020 (20:21) / LEONEL.MANESKUL / PROVA FINAL
FR
EN
TE
 Ú
N
IC
A
131
Eu, Senhor, razões políticas nunca as soube, e hoje 
as sei muito menos; mas por obedecer direi toscamente 
o que me parece. 
Digo que menos mal será um ladrão que dois; e que 
mais dificultoso serão de achar dois homens de bem que um. 
Sendo propostos a Catão dois cidadãos romanos para o 
provimento de duas praças, respondeu que ambos lhe 
descontentavam: um porque nada tinha, outro porque 
nada lhe bastava. Tais são os dois capitães-mores em que 
se repartiu este governo: Baltasar de Sousa não tem nada, 
Inácio do Rego não lhe basta nada; e eu não sei qual é 
maior tentação, se a 1, se a 2. Tudo quanto há na capitania 
do Pará, tirando as terras, não vale 10 mil cruzados, como 
é notório, e desta terra há de tirar Inácio do Rego mais de 
100 mil cruzados em três anos, segundo se lhe vão logran-
do bem as indústrias. Tudo isto sai do sangue e do suor 
dos tristes índios, aos quais trata como tão escravos seus, 
que nenhum tem liberdade nem para deixar de servir a ele 
nem para poder servir a outrem; o que, além da injustiça 
que se faz aos índios, é ocasião de padecerem muitas ne-
cessidades os portugueses e de perecerem os pobres. Em 
uma capitania destas confessei uma pobre mulher, das que 
vieram das Ilhas, a qual me disse com muitas lágrimas que, 
dos nove filhos que tivera, lhe morreram em três meses 
cinco filhos, de pura fome e desamparo; e, consolando-a 
eu pela morte de tantos filhos, respondeu-me: “Padre, não 
são esses os por que eu choro, senão pelos quatro que 
tenho vivos sem ter com que os sustentar, e peço a Deus 
todos os dias que me os leve também.”
São lastimosas as misérias que passa esta pobre gente 
das Ilhas, porque, como não têm com que agradecer, se 
algum índio se reparte não lhe chega a eles, senão aos 
poderosos; e é este um desamparo a que V. M. por piedade 
deverá mandar acudir.
Tornando aos índios do Pará, dos quais, como dizia, 
se serve quem ali governa como se foram seus escravos, 
e os traz quase todos ocupados em seus interesses, prin-
cipalmente no dos tabacos, obriga-me a consciência a 
manifestar a V. M. os grandes pecados que por ocasião 
deste serviço se cometem.
(Sérgio Rodrigues (org.). Cartas brasileiras, 2017. Adaptado.) 
1V. M.: Vossa Majestade
2 Unesp 2020 Em um estudo publicado em 2005, o his-
toriador Gustavo Acioli Lopes vale-se, no quadro da 
economia colonial, da expressão “primo pobre” para 
se referir ao produto derivado das lavouras mencio-
nadas por Antônio Vieira em sua carta. No contexto 
histórico em que foi escrita a carta, o “primo rico” seria
A o açúcar.
b o pau-brasil.
c o café.
D o ouro.
E o algodão.
Os textos a seguir referem-se às questões 3 e 4.
Convite a Marília 
Já se afastou de nós o Inverno agreste
Envolto nos seus úmidos vapores;
A fértil primavera, a mãe das flores
O prado ameno de boninas veste:
Varrendo os ares o sutil nordeste
Os torna azuis; as aves de mil cores
Adejam entre Zéfiros e Amores,
E tomao fresco Tejo a cor celeste:
Vem, ó Marília, vem lograr comigo
Destes alegres campos a beleza,
Destas copadas árvores o abrigo:
Deixa louvar da corte a vã grandeza:
Quanto me agrada mais estar contigo
Notando as perfeições da Natureza!
Bocage. Obras de Bocage. Porto: Lello & Irmão, 1968, p. 142.
Bye Bye Brasil
Mulher Nordestina:
Meu santo, minha família foi embora, meu santo. Fi-
lho, nora, neto..., fiquei só com o meu velho que morreu 
na semana passada. Agora, quero ver o meu povo. Meu 
santo, me diga, onde é que eles foram, meu santo?
Lord Cigano:
E eu sei lá? Como é que eu vô saber? Quer dizer... eu 
sei... eu... Eu tô vendo. Eu estou vendo a sua família, eles 
estão a muitas léguas daqui.
Mulher Nordestina:
Vivos?
Lord Cigano:
É, vivos, se acostumando ao lugar novo.
Mulher Nordestina:
A gente se acostuma com tudo... Onde é que eles 
estão agora, meu santo?
Lord Cigano:
Ah, pera aí, deixa eu ver! Eu tô vendo: eles estão num 
vale muito verde onde chove muito, as árvores são muito 
compridas e os rios são grandes feito o mar. Tem tanta 
riqueza lá, que ninguém precisa trabalhar. Os velhos não 
morrem nunca e os jovens não perdem sua força. É uma 
terra tão verde... Altamira!
Filme Bye Bye Brasil (1979). Produzido por Lucy Barreto. 
Escrito e dirigido por Carlos Diegues.
3 Vunesp Os escritores clássicos gregos e latinos pro-
duziram certas fórmulas de expressão que, retomadas 
ao longo dos tempos, chegaram até nossa moderni-
dade. Uma dessas fórmulas é a chamada tópica do 
lugar ameno, ou seja, a evocação literária de um re-
canto ideal, delicado, geralmente bucólico, cuja paz e 
tranquilidade servem de palco ao idílio dos amantes e 
ao sossego da vida. Simboliza o porto almejado ou o 
retorno à felicidade perdida. Tomando por base este 
comentário, releia os textos em pauta e, a seguir:
PV_2021_LU_ITX_FU_CAP5_LA.INDD / 15-09-2020 (10:01) / VIVIAN.SANTOS / PROVA FINAL PV_2021_LU_ITX_FU_CAP5_LA.INDD / 15-09-2020 (10:01) / VIVIAN.SANTOS / PROVA FINAL
132 INTERPRETAÇÃO DE TEXTO Capítulo 5 Categorias de mundo e temas e figuras 
a) aponte, na sequência de Bye Bye Brasil, dois ele-
mentos da paisagem descrita por Lord Cigano 
que caracterizam Altamira como um lugar ameno.
b) localize, no segundo terceto de Bocage, o verso 
em que se estabelece relação opositiva com a tó-
pica do lugar ameno.
4 Vunesp A primeira fala da Mulher Nordestina, em Bye 
Bye Brasil, caracteriza-se pelas interpelações em pri-
meira pessoa, repetições de palavras e a retomada 
insistente dos mesmos conteúdos. Releia com atenção 
o referido discurso direto e, em seguida:
a) indique uma frase em que ocorre repetição do 
elemento vocativo.
b) explique o valor semântico que o vocábulo povo 
representa na elocução emotiva da personagem.
5 Fuvest Leia:
A carruagem parou ao pé de uma casa amarelada, 
com uma portinha pequena. Logo à entrada um cheiro 
mole e salobro enojou-a. A escada, de degraus gastos, 
subia ingrememente, apertada entre paredes onde o cal 
caía, e a umidade fizera nódoas. No patamar da sobreloja, 
uma janela com um gradeadozinho de arame, parda do pó 
acumulado, coberta de teias de aranha, coava a luz suja 
do saguão. E por trás de uma portinha, ao lado, sentia-se 
o ranger de um berço, o chorar doloroso de uma criança.
Eça de Queirós. O Primo Basílio.
Observando-se os recursos de estilo presentes na 
composição desse trecho, é correto afirmar que:
A o acúmulo de pormenores induz a uma percepção 
impessoal e neutra do real.
b a descrição assume caráter impressionista, dando 
também dimensão subjetiva à percepção do espaço.
c as descrições veiculam as impressões do narrador, 
e o monólogo interior, as da perso nagem.
D a carência de adjetivos confere caráter objetivo e 
real à representação do espaço.
E o predomínio da descrição confere caráter ex-
pressionista ao relato, eliminando seus resíduos 
subjetivos.
6 ITA Leia o texto seguinte.
“No dia 13 de agosto de 1979, dia cinzento e triste, 
que me causou arrepios, fui para o meu laboratório, onde, 
por sinal, pendurei uma tela de Bruegel, um dos meus 
favoritos. Lá, trabalhando com tripanossomas, e vencendo 
uma terrível dor de dentes...”. Não. De saída tal artigo 
seria rejeitado, ainda que os resultados fossem soberbos. 
O estilo... O cientista não deve falar. É o objeto que deve 
falar por meio dele. Daí o estilo impessoal, vazio de emo-
ções e valores:
observa-se,
constata-se,
obtém-se,
conclui-se.
quem? Não faz diferença...
Rubem Alves. Filosofia da ciência. São Paulo: Brasiliense, 1991, p. 149.
a) Do primeiro parágrafo, que simula um artigo científi-
co, extraia os aspectos da forma e do conteúdo que 
vão contra a ideia de que “o cientista não deve falar”.
b) O autor exemplifica com uma sequência de ver-
bos a ideia de que o estilo deve ser impessoal. 
Que estratégia de construção é usada para trans-
mitir o ideal de impessoalização?
7 O assassinato só foi descoberto um mês depois; Pedro, 
um dos chefes do tráfico, atirou em dois policiais militares 
que estavam fazendo a revista na favela mais famosa do 
Rio de Janeiro. A barbárie ocorreu no dia 14/02, às 22h. 
Pedro usou uma pistola americana utilizada pelo exército 
ianque. Segundo a namorada do traficante, presa ontem 
à noite num bar de Ipanema, o bandido comprou a arma 
em São Paulo, na Galeria Pajé, na semana passada. O 
criminoso atirou seis vezes, sem piedade; os policiais não 
tiveram chance. Ontem, Rocinha viveu mais um dia de 
luto, que está virando quase todo dia.
Dia do crime: 14/02
Compra da arma: 7/02
No texto citado, há um problema decorrente do empre-
go de marcadores temporais. Identifique o problema e 
faça a substituição adequada de modo que haja clareza.
Textos para a questão 8.
De criança para criança
Depois de ler os Direitos das Crianças, você pode trocar 
ideias com seus irmãos, com o papai e a mamãe. Se quiser, 
escreva ou faça um desenho. Coloque seu nome, endereço, 
idade e o nome da escola.
Direito à família
Todas as crianças têm direito à atenção e ao carinho 
dos adultos, de preferência do papai e da mamãe. E as 
crianças que não têm família? Elas merecem uma proteção 
especial dos adultos, você não acha?
Disponível em: <www.tvcultura.com.br>. (Adapt.).
8 Unifesp Considere o texto e analise as três afirmações 
seguintes.
I. A frase “Toda criança deve ser assistida quanto 
ao seu direito à atenção e ao carinho dos adultos” 
está correta quanto aos sentidos propostos no 
texto e também quanto à regência.
II. Deve-se interpretar a referência do pronome você 
como criança, conforme sugerido pelo título do texto.
III. As duas orações que compõem as perguntas es-
tabelecem entre si relação de adversidade.
Está correto apenas o que se afirma em:
A I.
b II.
c III.
D I e II.
E II e III.
PV_2021_LU_ITX_FU_CAP5_LA.INDD / 15-09-2020 (10:01) / VIVIAN.SANTOS / PROVA FINAL PV_2021_LU_ITX_FU_CAP5_LA.INDD / 15-09-2020 (10:01) / VIVIAN.SANTOS / PROVA FINAL

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