Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Criação de Peixes e Camarões pela Tecnologia de Biofocos (BFT) 20h/aula Criação de Peixes e Camarões pela Tecnologia de Biofocos (BFT) Ficha Técnica 2022. SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL DE GOIÁS - SENAR GOIÁS 1ª EDIÇÃO – 2022 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS © A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui vio- lação dos direitos autorais (Lei nº 9.610) FOTOS GettyImages Shutterstock INFORMAÇÕES E CONTATO Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Goiás - SENAR/AR-GO Rua 87, n° 708, Ed. Faeg, 1º Andar: Setor Sul, Goiânia/GO, CEP: 74.093-300 (62) 3412-2700 / 3412-2701 E-mail: senar@senargo.org.br http://www.senargo.org.br/ http://ead.senargo.org.br/ ESTRUTURA ORGANIZACIONAL PRESIDENTE DO CONSELHO ADMINISTRATIVO José Mário Schreiner SUPERINTENDENTE DO SENAR GOIÁS Dirceu Borges DIRETOR DO DEPARTAMENTO TÉCNICO DO SENAR GOIÁS Flávio Henrique Silva GERENTE DE EDUCAÇÃO FORMAL DO SENAR GOIÁS Mara Lopes de Araújo Lima Criação de Peixes e Camarões pela Tecnologia de Biofocos (BFT) Sumário Apresentação do curso ................................................................... 4 Navegação do curso ......................................................................... 5 Rede de contato ................................................................................ 7 Vamos começar? ............................................................................... 8 Módulo 1 ................................................................................................ 10 Aula 1 ................................................................................................... 12 Pesca x aquicultura ................................................................................. 14 Histórico da pesca e aquicultura mundial .................................... 14 Histórico da aquicultura nacional ................................................... 15 Aula 2 .................................................................................................. 18 Cultivo extensivo ...................................................................................... 20 Cultivo semi-intensivo ............................................................................ 20 Cultivo intensivo ....................................................................................... 21 Cultivo superintensivo ............................................................................ 22 Aula 3 .................................................................................................. 24 Principais tipos de tanque na aquicultura ......................................... 26 Aula 4 .................................................................................................. 29 África .......................................................................................................... 31 Ásia .............................................................................................................. 32 Américas .................................................................................................... 33 Pegando o peixe ................................................................................ 35 Atividade de aprendizagem ............................................................. 38 Criação de Peixes e Camarões pela Tecnologia de Biofocos (BFT) 4 Apresentação do curso Olá! É com alegria que desejamos as boas-vindas ao curso Criação de peixes e camarões pela tecnologia de bioocos (BFT). Este curso foi especialmente preparado para você, que quer aumen- tar a produtividade e a rentabilidade da criação de peixes e camarões pela tecnologia de bioocos. Também é para você, que ainda não pro- duz peixes e camarões, mas quer descobrir o que é essa técnica para começar seu empreendimento. Aqui, nosso principal objetivo é apresentar a você um sistema intensi- vo de produção em um ambiente seguro e sustentável. Ao concluir este curso, você vai ser capaz de reconhecer quais são as principais características de um sistema intensivo de produção, rela- cionando com os aspectos ambientais, microbiológicos, zootécnicos e econômicos. Criação de Peixes e Camarões pela Tecnologia de Biofocos (BFT) 5 Navegação do curso A navegação pelo conteúdo é sequencial e linear. Isso signica que você deve acessar o primeiro módulo e conferir todos os tópicos para que, na sequência, seja liberado o próximo conteúdo. O curso tem carga horária total de 20 horas e está dividido em 4 módulos. Dessa forma, você pode se organizar e fazer seus estudos com tranquilidade! Conheça o que será tratado em cada um dos módulos. Módulo 1 – Boas-vindas ao universo da aquicultura! Aula 1: Como tudo começou Aula 2: Tipos de produção Aula 3: Evolução dos tipos de produção e tecnologias Aula 4: Início da aquicultura no mundo Atividade de aprendizagem Módulo 2 – Como a tecnologia bioocos surgiu e se desenvolveu? Aula 1: Histórico da tecnologia de bioocos no mundo e no Brasil Aula 2: Evolução da tecnologia Aula 3: Principais layouts produzidos pela tecnologia bioocos Aula 4: Produção de tilápia, camarão e pirarucu em BFT Atividade de aprendizagem Criação de Peixes e Camarões pela Tecnologia de Biofocos (BFT) 6 Ao m de cada módulo, você vai fazer uma atividade de aprendiza- gem. São questões de múltipla escolha com duas tentativas de acerto, funcionam como um exercício e têm o objetivo de proporcionar um momento de reexão e autoavaliação. Para concluir o curso, você deverá seguir algumas regras bem simples! Veja: • Navegar por todas as telas; • Realizar as atividades de aprendizagem; • Responder uma pesquisa de satisfação. Módulo 3 – Quais são os fatores biológicos, físicos e químicos relacionados à tecnologia bioocos? Aula 1: Atuação do ciclo do nitrogênio Aula 2: O controle dos elementos nitrogenados Aula 3: Atuação do ciclo do carbono Aula 4: Sanidade de Bioocos Atividade de aprendizagem Módulo 4 – Estou pronto para produzir? Por onde começar? Aula 1: Principais potencialidades e vantagens Aula 2: Principais fatores críticos da implantação e execução Aula 3: Importância do estudo de viabilidade econômica Atividade de aprendizagem Módulo 1 Criação de Peixes e Camarões pela Tecnologia de Biofocos (BFT) Boas-vindas ao universo da aquicultura! Criação de Peixes e Camarões pela Tecnologia de Biofocos (BFT) 10 Módulo 1 – Boas-vindas ao universo da aquicultura! Olá! Nossas boas-vindas ao Módulo 1 do curso! A partir de agora, você vai começar a compreender as diferentes for- mas de produzir peixes e camarões. Também vai conhecer os princi- pais motivos que zeram da aquicultura um instrumento de mudança na produção de alimentos nacional e mundial. Veja o percurso deste módulo e tudo o que você vai aprender no caminho! Apresentação Você está aqui! Aula 1: Como tudo começou Objetivo: conhecer as primeiras práticas da aquicultura Aula 2: Tipos de produção Objetivo: conhecer os principais modelos de produção Aula 3: Evolução dos tipos de produção e tecnologias Objetivo: compreender a evolução dos sistemas de produção aquícola Apresentação Aula 1 Aula 2 Aula 3 Aula 4 Atividade de aprendizagem Criação de Peixes e Camarões pela Tecnologia de Biofocos (BFT) 11 Aula 4: Início da aquicultura no mundo Objetivo: entender como a aquicultura se destacou como área de produção Atividade de aprendizagem Tudo pronto? Então, vamos começar! Criação de Peixes e Camarões pela Tecnologia de Biofocos (BFT) 14 Pesca x aquicultura Para começar, vamos entender como podemos diferenciar pesca de aquicultura. A pesca é a retirada de peixes e outros animais do ambiente natural, utilizando embarcações apropriadas. Já a aquicultura é o cultivo de organismos aquáticos (peixes, crustáceos, anfíbios etc.) em um espaço delimitado e controladopelo homem. Neste curso, vamos abordar apenas a aquicultura: sua história, evolu- ção de tecnologias e aprender sobre a tecnologia bioocos, ou BFT, que é a sigla em inglês para biofoc technology. Histórico da pesca e aquicultura mundial Agora que você já sabe a diferença entre pesca e aquicultura, que tal conhecer um pouco da história dessas duas modalidades? Conra o infográco a seguir. Pesca Aquicultura 40.000 a 10.000 a.C Século XIV 2.000 a.C 500 a.C Fósseis mostram que já se praticava a pesca e a utilizavam como fonte de alimentação. Expansão da pesca submarina e do comércio de peixes. Início das embarcações de arrasto. 2.000 a.C. – Surgimento da aquicultura na China com o cultivo da carpa. 500 a.C. – Desenvolvimento de lagoas menores na costa do Mediterrâneo com o cultivo de peixes e ostras. Criação de Peixes e Camarões pela Tecnologia de Biofocos (BFT) 15 Histórico da aquicultura nacional Depois de aprender um pouco sobre a história mundial da pesca e da aquicultura, vamos nos aprofundar nessa última modalidade, com foco no seu desenvolvimento no Brasil. Durante o século XVIII, os holandeses trouxeram o cultivo em viveiros escavados pela costa do Nordeste. Esses tanques exigiam elevadas trocas de água para controle dos nitrogenados e demais parâmetros. Porém apenas a pesca extrativista se destacou, principalmente a partir da década de 1960. Isso fez com que a pesca industrial se desenvol- vesse para atender o mercado interno. Observe! Século XV Atualmente Século XVIII Atualmente Primórdios da pesca esportiva, que se tornou popular durante os séculos XVI e XVII, em rios e lagos. Emprega 30 milhões de pessoas em todo o mundo, tendo a Ásia com 35% da produção mundial. Século XVIII – Primeiros trabalhos do desenvolvimento da larvicultura. A produção comercial inclui 98 espécies de peixes, 18 de crustáceos, 10 de moluscos e 20 de plantas. Caiu na rede! Para aprofundar seus conhecimentos sobre a evolução histórica da aquicultura, clique aqui e leia o artigo do professor Luis Vinatea. Não deixe de conferir também o “Anuário 2021 Peixe BR da Piscicultura”, clicando aqui. Criação de Peixes e Camarões pela Tecnologia de Biofocos (BFT) 16 1990 O cultivo de pescados no Brasil até a década de 1990 era praticado tradicionalmente em reservatórios de áreas rurais, açudes ou viveiros escavados. 1990 Dos anos 1990 em diante, surgiram novas técnicas de aquicultura, com apoio da iniciativa privada. Paralelamente, a carcinicultura marinha também se expandiu na região Nordeste. O cultivo de ostras e mexilhões também se expandiu no estado de Santa Catarina. 1970 Nessa época, retomou-se o investimento em espécies autóctones, que são aquelas nativas do ecossistema em que vivem (como tambaqui, pacu e piaus) para o uso na piscicultura. 1980 No interior do país, as escavações para obtenção de barro serviram para inundações de pequenas represas, que promoveram o mercado de peixes destinados ao pesque-pague, estimulando a prática e o cultivo de espécies nativas. Logo depois, espécies exóticas também foram introduzidas. 1960 A partir desse período, as primeiras pesquisas da piscicultura brasileira concentraram em importar animais exóticos, como a tilápia, para o povoamento de grandes reservatórios hidrelétricos no país. Criação de Peixes e Camarões pela Tecnologia de Biofocos (BFT) 17 Nos últimos anos, tivemos um aumento do mercado interno, uma pro- dução recorde de grãos, a consolidação de fábricas de ração exclusi- vas à aquicultura, a evolução de técnicas de cultivo e a participação do associativismo e do cooperativismo no setor. A evolução dos sistemas de produção busca cada vez mais a tecnica- ção e a sanidade dos alimentos produzidos. São inúmeros os desaos do setor. A cada ano, estamos melhorando os processos de licenciamento ambiental, buscando linhas de crédito nos bancos públicos e cooperativas de crédito e acessando o merca- do externo para o escoamento da nossa produção. Observe o mar de oportunidades! A produção de pescado foi o setor de proteína animal que mais cresceu no Brasil. O setor cresceu 211% em 15 anos (2005-2020) e mais de 800 mil toneladas foram produzidas em 2020. 2000 Já nessa época, importantes agroindústrias no Sudeste investiram bastante no setor, promovendo o crescimento e o desenvolvimento de toda a cadeia. Caiu na rede! Que tal saber mais sobre o potencial do Brasil? Clique aqui e leia o artigo “Desenvolvimento e potencial da tilapicultura no Brasil”, de Schulter e Vieira Filho, 2018. Criação de Peixes e Camarões pela Tecnologia de Biofocos (BFT) 20 Você já deve saber que a aquicultura é uma atividade bastante diver- sicada e, por isso, existem diferentes formas de produção. Algumas são baseadas em ideias tradicionais e dependem da natureza para poder produzir. Outras buscam a aplicação de novos conceitos e alta tecnologia. Vamos entender como o Brasil costuma classicar os sistemas de culti- vo pela produtividade? Cultivo extensivo Nesse tipo de cultivo, não há muita inovação. Geralmente, são aprovei- tados o que já existe na fazenda, como açudes e lagos naturais. Assim, cerca de 80% do sucesso dessa criação depende das condições e da oferta de recursos naturais. Os peixes são criados de ma- neira totalmente natural, princi- palmente quanto à alimentação. Com isso, não são esperados muitos resultados, pois nunca po- deremos comparar aos obtidos em cultivos mais tecnicados. Tem como vantagem ser uma atividade que pode ser desen- volvida como secundária em uma propriedade rural. Cultivo semi-intensivo Este modelo exige um pouco mais do piscicultor, e é o sistema produti- vo mais utilizado pelos aquicultores atualmente. O cultivo começa pelo projeto, em que a área destinada à produção é dimensionada de acor- do com a oferta e o uxo da água, topograa, atendimento à regulação ambiental, entre outros fatores. Criação de Peixes e Camarões pela Tecnologia de Biofocos (BFT) 21 O produtor precisa ter conheci- mento dos principais indicadores da qualidade de água e, princi- palmente, como corrigi-los. Além do alimento natural, os ani- mais recebem ração balanceada especíca para o seu desenvol- vimento. Caso haja um aumento no adensamento de forma exa- gerada, o produtor corre o risco de reduzir a qualidade da água e aumentar os custos com ração. Para quem não sabe, adensamento é a quantidade de peixes por me- tro quadrado. Cultivo intensivo Graças ao desenvolvimento de diversas ferramentas para a análise de água (oxímetro, sondas de multicanal e uorímetro), bem como o de- senvolvimento de técnicas de manejo e avaliação zootécnica frequente, houve uma evolução dos modelos de produção na aquicultura. Com tudo isso, é possível aumentar a quantidade de animais por me- tro quadrado. Ademais, a alimentação usada é totalmente articial, resultando no melhor desenvolvimento dos animais. Nesse tipo de cultivo, costuma-se usar ltros biológicos ou outros meios de ltragem para manter a qualidade da água. Exceto os tan- ques-redes cultivados em grandes barragens, a aeração articial é fundamental para manter os níveis de oxigênio. Criação de Peixes e Camarões pela Tecnologia de Biofocos (BFT) 22 A aeração articial ou mecâni- ca mantém a concentração de oxigênio dissolvido nos viveiros mais elevada, resultando em melhores taxas de conversão ali- mentar (medida de produtividade animal denida pelo consumo total de ração dividido pelo seu peso médio). O uso gerador de energia é imprescindível para garantir o funcio- namento do sistema de oxigenação. Trata-se de um cultivo com alta tecnicação e vigilância 24 horas de quem opera o sistema. Cultivo superintensivo Esse cultivo tem sido estudado nos principais centros de pesquisa em aquicultura em todo o mundo. Além de ter as mesmas características do sistema intensivo, permite que o produtor possa ter altas taxas de povoamento em tanques. Quer saber como?Este será o assunto do próximo módulo! Por ora, o que você precisa sa- ber é que, apesar de exigir um alto custo para implantação e tecnicação, o cultivo superin- tensivo permite obter muito mais produtividade do que os demais tipos de cultivo e durante todo o ano. Assim como no cultivo intensivo, o backup do sistema elétrico é fundamental para o início e a manutenção do cultivo. Criação de Peixes e Camarões pela Tecnologia de Biofocos (BFT) 23 Caiu na rede! Quer saber mais sobre os diferentes tipos de piscicultu- ra? Clique aqui e aprofunde seus conhecimentos. Nesta aula, você conheceu os principais modelos de cultivo na aqui- cultura: o extensivo, o semi-intensivo, o intensivo e o superintensivo. Na próxima, você vai compreender a evolução dos sistemas de produ- ção aquícola. Não deixe de conferir! Pescando ideias Além do tipo de produção, existem outras formas de clas- sicar a produção, como pelo uso da água, por exemplo. Nesse caso, temos: • Sistemas abertos: aqueles em que o meio é utilizado como local de cultivo, sem a necessidade de bombea- mento de água. • Semifechados: nos quais a água é direcionada de uma fonte de água até um local (o tanque) destinado para a produção, sendo parte da água parcialmente recircula- da por meio de bombeamento. • Sistemas fechados: em que a água é totalmente re- utilizada no sistema após uma série de tratamentos (ltro). Criação de Peixes e Camarões pela Tecnologia de Biofocos (BFT) 26 partir da chegada de grandes empresas e da intensicação tecnológi- ca dos cultivos. Carcinicultura é o ramo especíco da aquicultura voltado para a cria- ção de camarão em cativeiro, tanto na forma de cultivo marinho quan- to de água doce. Principais tipos de tanque na aquicultura Que tal conhecer alguns tipos de tanques? Em resumo, aqui no Brasil, a aquicultura convencional usa basicamente dois tipos de tanques: os escavados e os tanques-redes, que também são chamados de gaiolas. Os tanques escavados já existiam desde o século XVIII, e foram trazidos pela colonização dos holandeses que chegaram no Nordeste brasileiro. Lá, já nos anos 1990, os tanques escava- dos de grandes dimensões, ou seja, com mais de um hectare, serviram para rmar o cultivo de camarões marinhos na costa nordestina. Para aprender mais sobre os tipos de tanques, leia o conteúdo a seguir ou acesse o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e assista em formato de vídeo! Conecte-se e desfrute desse material de um jeito mais dinâmico e interessante. Se você estiver on-line e quiser ir direto para a página do Portal EAD do Senar Goiás, clique no player. Criação de Peixes e Camarões pela Tecnologia de Biofocos (BFT) 27 No entanto, no interior do país, a gente tinha outras realidades: uma, eram os tanques escavados recreativos, que cavam em fazendas fa- miliares; outra, eram os tanques feitos a partir das escavações para as fábricas de cerâmica, que serviram de base para o cultivo de espécies nativas, como em pesque-pague. Hoje, o Oeste do Paraná concentra a maior produção de tilápias em tanques escavados do tipo aberto e semi-intensivo do país! Você sabia disso? Agora, vamos falar sobre os tanques-redes. Desde o século XIX, grandes açudes foram construídos no Brasil. Em 1971, foi criado um programa ocial de produção de alevinos de tilápia para povoar esses açudes. Mas foi somente em meados dos anos 1990 que os tanques-redes foram implementados para o cultivo de tilápias nilóticas e outras espécies no país. Como o clima aqui é favorável, alguns desses açudes tornaram-se os grandes casos de sucesso da aquicultura em tanques-redes! É o caso do açude pú- blico Padre Cícero, ou açude Castan- hão, represa construída no leito do rio Jaguaribe, no estado do Ceará. Outros exemplos são a região dos Grandes Lagos, no Noroeste do es- tado de São Paulo, divisa com Mato Grosso do Sul; e a região Norte do Paraná, que concentra os maiores produtores de tilápias em tanques- -redes num sistema aberto e intensivo do Brasil! Criação de Peixes e Camarões pela Tecnologia de Biofocos (BFT) 28 Agora que você já conhece um pouco mais sobre os tipos de tanques, eu preciso dizer que nos últimos anos mais tecnologias surgiram para melhorar os sistemas de cultivo de peixes. Você sabia que os centros de pesquisa oferecem diversas melhorias e inovações, independente- mente do tipo de criação ou de espécie produzida? Não importa se seu foco é tilápia, camarão marinho ou outra cultura... Tem tecnologia nova chegando para você! E é por isso que os métodos tradicio- nais de cultivo (como os tanques esca- vados e tanques-redes) estão cada vez mais sendo repensados por causa do alto consumo e da grande demanda de água necessária. Dá para fazer mais com menos! Nesta aula, você viu como foi a evolução no Brasil dos tanques esca- vados dos tanques-redes. Na próxima, você vai ter um panorama da aquicultura no mundo. Avance! Criação de Peixes e Camarões pela Tecnologia de Biofocos (BFT) 31 África A aquicultura ainda está em um nível muito baixo na maioria dos paí- ses africanos. Mais da metade relata produzir menos de 100 milhões de toneladas por ano. Porém a aquicultura africana já percorreu um longo caminho desde que foi introduzida pela primeira vez, há mais de 70 anos. Em 1975, a FAO-ONU organizou o Primeiro Workshop Regional sobre Aquicul- tura na África. Após o evento, houve novamente um interesse pela aquicultura, com quase todos os países africanos lançando projetos de piscicultura apoiados por investidores. No entanto, os resultados per- maneceram abaixo das expectativas. A maior parte da produção africana está atribuída à agricultura semi-in- tensiva de tilápia em pequena escala, com poucos empreendimentos comerciais em grande escala capazes de demonstrar viabilidade eco- nômica a longo prazo. Criação de Peixes e Camarões pela Tecnologia de Biofocos (BFT) 32 Alguns países como Costa do Marm, Madagascar, Malawi, Nigéria e Zâmbia têm programas de aquicultura bem estabelecidos. Sistemas comerciais ou industriais também foram estabelecidos na Nigéria, Madagascar, Zâmbia, Zimbábue, África do Sul e outros lugares. A África do Sul é o produtor mais proeminente de produtos da aquicultura marinha. Ásia A aquicultura asiática é caracterizada pelo policultivo de carpas co- muns e chinesas em tanques envolvendo fertilização. Esse policultivo de carpas sem o uso de insumos nutricionais em lagoas na Índia já existe há mil anos! Porém a aquicultura em outros países asiáticos é relativamente recen- te. Na maioria deles, a aquicultura se desenvolveu signicativamente a partir da década de 1950. Os peixes selvagens ainda são a principal oferta na maior parte do Sudeste Asiático, tanto hoje como no passado. A aquicultura em pequena escala é tradicional em campos de arroz no Laos e no Norte do Vietnã, onde terras de cultivo de arroz e peixes selvagens levaram à evolução inicial do cultivo de peixes. Segundo relatos históricos, os produtores chineses parecem ter introduzido a aquicultura de carpas em tanques escavados na Malásia, Filipinas, Singapura e Tailândia no início do século passado. O cultivo de algas marinhas e moluscos começou há cerca de 600 anos no Japão. Criação de Peixes e Camarões pela Tecnologia de Biofocos (BFT) 33 O cultivo de camarão em laboratório começou no Japão no nal dos anos 1930, mas o clima e as espécies não eram adequados para a produção em grande escala. Durante a década de 1970, a tecnologia japonesa foi transferida para outros países da Ásia e das Américas. Américas A aquicultura teve início na América Latina e no Caribe na década de 1940, principalmente para ns recreativos e de repovoamento. Nas décadas de 1960 e 1970, a atividade era orientada para a produção de alimentos para consumo local e para a diversicação das atividades rurais ligadas à agricultura e à pecuária. Durante os últimos 20 anos, o desenvolvimento da aquicultura foi signicativo naAmérica Latina. A implementação de sistemas de pro- dução de última geração e a utilização de novas tecnologias têm per- mitido aos produtores gerir seus recursos produtivos de forma mais eciente, permitindo ao setor contribuir signicativamente para a gera- ção de alimento e de emprego. A produção agrícola concentrou- -se em salmonídeos (no Chile) e camarões (no Equador, México, Honduras, Colômbia, Peru, Pana- má e Belize), que eram principal- mente produtos de exportação. O cultivo de tilápia (Colômbia, Brasil, México, Cuba, Costa Rica e Jamaica) tem a maior taxa de crescimento. Nos últimos anos, as doenças tiveram um grande impacto no cultivo de camarões. Criação de Peixes e Camarões pela Tecnologia de Biofocos (BFT) 34 O crescimento anual real da pro- dução na região sul-americana foi de cerca de 20% nos últimos anos. Estima-se que 90% dos ca- marões e salmonídeos cultivados, 50% da tilápia e 90% das algas Gracilaria (Chile) são exportados. As ostras representam cerca de 65% dos moluscos da região, e a piscicultura de água doce res- ponde por mais de um quinto do volume total da produção aquícola. A expansão da aquicultura em todo o mundo, principalmente a partir da década de 1980, tem como fator determinante a introdução de no- vas técnicas de produção, com ganhos signicativos de produtividade e qualidade. Adicionalmente, os riscos ambientais estão sendo mitiga- dos pelos sistemas intensivos, de maneira que a expansão da aquicul- tura pode ser realizada em conformidade com a meta 14 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, que é conservar e utilizar de forma sustentável nossos recursos naturais. Concluindo, a nova aquicultura mostrou que é uma alternativa ecaz para produzir alimentos saudáveis em escala mundial, de forma com- petitiva e sustentável, com capacidade operacional de enfrentamento dos impactos das mudanças climáticas em geral e sobre a agropecuá- ria em especíco. Caiu na rede! Clique aqui e que por dentro dos estudos da FAO sobre o crescimento da aquicultura no mundo. Se você quiser saber mais sobre os Objetivos de Desen- volvimento Sustentável da ONU, clique aqui e acesse o documento. Criação de Peixes e Camarões pela Tecnologia de Biofocos (BFT) 38 1. Os centros de pesquisa em aquicultura têm promovido diversas melhorias e inovações no setor. Nesse cenário de crescimento da produção aquícola, os métodos tradicionais de cultivo (tanques es- cavados ou em tanques-redes) estão sendo cada vez mais repensa- dos em face do alto consumo e da demanda de água necessária. De acordo com o que foi apresentado neste módulo, marque a alterna- tiva que mais representa a evolução dos sistemas de produção. a) ( ) Os sistemas de produção tradicionais (tanque-rede e tanque escavado), apesar de não serem tecnicados, são os mais praticados hoje no Brasil. b) ( ) No Brasil, a atual evolução dos sistemas utilizados na aqui- cultura está relacionada mais à produtividade e nem tanto aos custos com a tecnicação e sanidade, infelizmente. c) ( ) A colonização dos holandeses no Brasil rendeu a transferência de tecnologia na aquicultura quanto à criação de tanques escavados na costa nordestina em sistemas fechados. Atividade de Aprendizagem Criação de Peixes e Camarões pela Tecnologia de Biofocos (BFT) 39 d) ( ) A pesca brasileira cou muito tempo à frente da aquicultura, se tratando de números de produção no país, até que conseguimos de- senvolver nossa aquicultura utilizando espécies nativas, como o piraru- cu e o tambaqui. e) ( ) Os pesque-pague criados no interior do país ajudaram no de- senvolvimento da aquicultura, por promover indiretamente o cultivo e o desenvolvimento de espécies nativas e exóticas no país. 2. No Paraná, a produção de tilápia cresceu 11,5% entre 2019 e 2020: foram 172.000 toneladas em 2020 contra 154.200 toneladas no ano anterior. Um dos destaques é o modelo cooperativista. Entre as alternativas, qual característica melhor justica essa liderança do Paraná na aquicultura brasileira? a) ( ) Os aquicultores do Oeste paranaense produzem tilápias em um sistema fechado e superintensivo. b) ( ) No Norte paranaense, concentra-se a maior parte dos aquicul- tores que produzem tilápias em um sistema aberto e intensivo. c) ( ) No Oeste paranaense, o sistema de tanque-rede é mais predo- minante por estar próximo a grandes rios e lagoas. d) ( ) Em sistemas abertos, como o tanque-rede e o tanque escava- do, os peixes se alimentam em maior parte de alimento natural, promo- vido pelas altas taxas de renovação de água. e) ( ) A produção paranaense só não é maior porque ainda são pou- cas as fazendas tecnicadas.
Compartilhar