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Anatomia dos Dentes Decíduos (Imparato, 1998) Características anatômicas individuais Incisivo central inferior decíduo A coroa é muito alongada no sentido cervicoincisal e achatada no mesiodistal. A face vestibular é muito pouco convexa, predominando uma superfície lisa. A face lingual apresenta um cíngulo, cristas marginais mesial e distal e uma fossa lingual discreta. As faces proximais são triangulares, sendo as superfícies mesial e distal praticamente paralelas no sentido cervicoincisal. A borda incisal pode se apresentar de duas formas: ângulo distoincisal arredondado e ângulos disto e mesioincisais agudos. Incisivo lateral inferior decíduo A coroa é mais alongada no sentido cervicoincisal e achatada no mesiodistal. A face vestibular é muito pouco convexa, predominando uma superfície lisa. A face lingual apresenta um cíngulo ligeiramente desviado para o lado distal, cristas marginais mesial e distal e uma fossa lingual que pode ser mais côncava que no incisivo central. As faces proximais são triangulares, apresentando a superfície distal menor e mais convexa que a mesial, sendo divergentes no sentido cervicoincisal. A borda incisal se apresenta, normalmente, com o ângulo distoincisal arredondado. Canino inferior decíduo A coroa é mais alta no sentido cervicoincisal do que no mesiodistal. A face vestibular é convexa nos dois sentidos, principalmente no nível do terço cervical, no qual se constata a existência de um túber. A face lingual mostra um cíngulo estreito, uma fossa lingual dividida em dois segmentos: mésio e distolinguais e as cristas marginais são menos proeminentes que as do canino superior. Pode-se encontrar uma crista unindo o cíngulo à ponta da cúspide, separando a fossa lingual. As faces proximais são triangulares, sendo a superfície distal menor e mais convexa que a mesial. A borda incisal é dividida em três seguimentos distintos. Primeiro molar inferior decíduo A coroa é dificilmente comparada com a de outros dentes, devido à sua morfologia única, parecendo um dente estranho e primitivo, porém, pode-se estabelecer uma pequena semelhança com um primeiro pré-molar inferior. A face vestibular é convexa nos dois sentidos. Apresenta, normalmente, duas cúspides: mésio e distovestibulares. Pode ocorrer uma terceira cúspide vestibulodistal. Essas cúspides estão separadas por dois sulcos vestibulares. No ângulo triedro mesiovestibulocervical, forma-se o tubérculo de Zuckerkandl. A face lingual é menos conveza. Mostra duas cúspides: mésio e distolinguais, separadas por um sulco lingual. As faces proximais são irregularmente trapezoidais, sendo a base maior na face cervical. A superfície distal é mais convexa e menor que a mesial. A face oclusal é constituída normalmente de quatro cúspides descritas por ordem decrescente de tamanho: mesiolingual, mesiovestibular, distovestibular e distolingual. Pode-se encontrar uma quinta cúspide vestibulodistal. A crista central da cúspide mesiovestibular forma com a crista central da cúspide mesiolingual a crista transversa. Apresenta três fossas: central, mais profunda; mesial, segunda em tamanho; e distal, menor; e um sistema de sulcos que tem origem nessas fossas. Apresenta duas raízes: mesial (menor) e distal, sendo normalmente encontrados dois condutos na raiz mesial. Segundo molar inferior decíduo A coroa é morfologicamente um modelo do primeiro molar inferior permanente. A face vestibular apresenta três cúspides: mesiovestibular, distovestibular e distal, separadas por dois sulcos vestibulares. No nível do ângulo triedro mesiovestibulocervical encontra-se o tubérculo de Zuckerkandl. A face lingual é convexa e é atravessada por um sulco lingual que separa as cúspides mésio e distolinguais. As faces proximais são irregularmente trapezoidais, com base maior na face cervical. A superfície distal é mais convexa e menor que a mesial. A face oclusal possui cinco cúspides: mesiolingual, distolingual, distovestibular, mesiovestibular e distal, descritas por ordem decrescente de tamanho. Pode aparecer uma sexta cúspide ao lado da distolingual. Apresenta três fossas: central, mais profunda; mesial, segunda em tamanho; e distal, menor; e um sistema de sulcos que se origina dessas fossas. Apresenta também duas raízes: mesial (menor) e distal, porém maiores que as do primeiro molar. Normalmente a raiz mesial apresenta dois condutos. Incisivo central superior decíduo A coroa apresenta o diâmetro mesiodistal maior que o comprimento cervicoincisal. A face vestibular é convexa nos dois sentidos, porém, predomina uma superfície lisa. A face palatina mostra um cíngulo proporcionalmente grande, localizado nos terços cervical e médio, fazendo com que a fossa lingual fique trstrita ao terço incisal. As cristas marginais são proeminentes e bem nítidas. As faces proximais são triangulares, sendo a superfície distal menor e mais convexa que a mesial. A borda incisal apresenta o ângulo distoincisal arredondado. Incisivo lateral superior decíduo O comprimento da coroa da borda cervical à incisa! é maior que a largura mesiodistal. A face vestibular apresenta-se mais convexa, predominando também uma superfície lisa. A face palatina é profundamente escavada, em virtude do grande desenvolvimento das cristas marginais, porém, o cíngulo não é tão desenvolvido. As faces proximais são triangulares, apresentando a superfície distal menor e mais convexa que a mesial. A borda incisal apresenta o ângulo distoincisal mais arredondado do que o ângulo do incisivo central, além de possuir o ângulo mesioincisal levemente arredondado. Canino superior decíduo O comprimento da coroa mostra- se tão alto no sentido cervicoincisal como largo no sentido mesiodistal. A face vestibular é convexa nos dois sentidos, principalmente na região do terço cervical, em que se constata a existência de um túber. A face palatina apresenta um cíngulo bem evidente e, às vezes, bipartido; uma fossa lingual dividida em dois segmentos: mésio e distopalatinos e cristas marginais bem desenvolvidas. Pode-se encontrar uma crista que une o cíngulo à ponta da cúspide, separando a fossa palatina. As faces proximais são triangulares, sendo a superfície distal menor e mais convexa que a mesial. A borda incisal é dividida em três segmentos distintos. Primeiro molar superior decíduo A coroa desse dente parece um pré-molar superior. A face vestibular é irregularmente convexa. Está dividida por um sulco vestibular mal definido que separa as cúspides mésio e distovestibulares. No ângulo triedro mesiovestibulocervical forma-se o tubérculo de Zuckerkandl. A face palatina é muito mais convexa. Está formada por uma cúspide mesiopalatina e, em alguns casos, aparece uma pequena cúspide distopalatina, separada por um sulco palatino não muito definido. As faces proximais são irregularmente trapezoidais, cuja base é maior na face cervical. A superfície distal é mais convexa e menor que a mesial. A face oclusal apresenta, normalmente, por ordem decrescente de tamanho, três cúspides: mesiopalatina, mésio e distovestibulares. Porém, uma cúspide distopalatina muito pequena pode estar presente. Uma crista oblíqua é formada pela crista distal da cúspide mesiopalatina com a crista central da cúspide distovestibular, quando as quatro cúspides estiverem presentes. Possui três fossas: central, mais profunda; mesial, segunda em tamanho; e distal, a menor delas; e um sistema de sulcos que se origina dessas fossas. Em relação às raízes, pode-se descrevê-las em ordem decrescente de comprimento: palatina, mesiovestibular e distovestibular. Segundo molar superior decíduo A coroa é muito parecida em seus detalhes principais à do primeiro molar permanente superior. A face vestibular está divididapor um sulco vestibular que separa as cúspides mésio e distovestibulares. No nível do ângulo triedro mesiovestibulocervical forma-se o tubérculo de Zuckerkandl. A face palatina é convexa e muito inclinada para vestibular na sua porção mesiopalatina, onde encontra-se o tubérculo de Carabelli, que pode ser considerado uma cúspide suplementar. Possui ainda duas cúspides: mésio e distopalatinas, separadas por um sulco palatino bem definido. As faces proximais são irregularmente trapezoidais, cujabase é maior na face cervical. A superfície distal é mais convexa e menor que a mesial. A face oclusal apresenta quatro cúspides em ordem decrescente de tamanho: mesiopalatina, mesiovestibular, distovestibular e distopalatina. A crista oblíqua, formada pela crista central da cúspide distovestibular com a crista distal da cúspide mesiopalatina, é ampla e muito desenvolvida. Possui três fossas: central, distal (mais profunda) e a mesial, menor; e um sistema de sulcos que parte dessas fossas. Apresenta três raízes, sendo duas vestibulares e uma palatina. São descritas pelo comprimento, em ordem decrescente: palatina, mesiovestibular e distovestibular. Diferenças morfológicas entre dentes decíduos e permanentes As coroas dos dentes decíduos são mais largas no sentido mesiodistal, em comparação com o comprimento das coroas, do que as dos dentes permanentes. As raízes dos decíduos anteriores são estreitas e longas, em comparação com a largura e o comprimento da coroa. As raízes dos molares decíduos são relativamente mais longas e afiladas do que as raízes dos dentes permanentes. Há também uma distância maior entre as raízes decíduas no sentido mesiodistal. O "'afastamento" permite mais espaço entre as raízes para o desenvolvimento das coroas dos pré-molares. A bossa cervical de esmalte, no terço cervical das coroas dos dentes anteriores, é muito mais proeminente, nos sentidos labial e lingual, do que nos dentes permanentes. As coroas e raízes dos molares decíduos são mais delgadas no sentido mesiodistal, no terço cervical, do que aquelas dos molares permanentes. A bossa cervical, na face vestibular dos molares decíduos, é muito mais acentuada, particularmente nos primeiros molares superiores e inferiores, do que nos molares permanentes. As faces vestibular e lingual dos molares decíduos são mais planas, acima das curvaturas cervicais, do que aquelas nos molares permanentes, tornando assim a face oclusal mais estreita quando comparada com a dos dentes permanentes. Geralmente, os dentes decíduos têm cor mais clara do que os permanentes. IMPARATO, J. C. P. Anatomia dos dentes decíduos. In: (Ed.). Odontopediatria na primeira infância, 1998. p.131-7.
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