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História do Brasil – Frente 1 Segundo Reinado (1840 – 1889) Prof. Filipe Leite Página 1 de 4 Aula: 15 1 – Estrutura política • Origem do II Reinado *Golpe da Maioridade • Partidos: Liberal e Conservador *Composição: Aristocratas e mercadores de escravizados *Objetivos ➢ Manutenção do voto censitário ➢ Manutenção da escravidão e propriedades *Sem grandes divergências ideológicas • Eleições do cacete *Coerção física ao voto • Processo de recentralização política *Reorganização do Conselho de Estado (1840) ➢ Regresso Conservador *Reorganização do Código de Processo criminal (1841) ➢ Retirada do poder judiciário dos juízes de paz *Criação da polícia (1841) ➢ Perda de poder da Guarda Nacional ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ • Parlamentarismo às avessas (1847-1889) *Definição: Modelo parlamentarista executivo do II Reinado *Bases ➢ Criação do cargo de “Chefe do Conselho dos Ministérios” (1º Ministro) ➢ Função: organizar do gabinete do governo ➢ O “Chefe do Conselho” deveria ser membro do partido com maioria no congresso ➢ Nomeado por D. Pedro II *O Rei com uso do poder moderador poderia demitir o gabinete *Resultado: Estabilização política interna ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 2 – Questão Christie • Definição *Crise diplomática entre Brasil e Inglaterra • Evolução da Crise *“Lei para inglês ver” (1831) *Tarifa Alves Branco (1844) *Bill Aberdeen – 1845 ➢ Lei inglesa que autorizava a marinha inglesa interceptar navios negreiros no Atlântico Sul ou em portos brasileiros *Lei Eusébio de Queirós (1850) ➢ Proibição do tráfico de escravos no Brasil • Incidentes envolvendo Ingleses no Brasil *Naufrágio de um navio inglês no litoral do RS (1861) *Prisão de três oficiais da marinha inglesa no RJ (1862) *Saída do embaixador inglês do Brasil • Exigências inglesas ao Brasil *Indenização do governo brasileiro pela carga roubada no RS *Caso dos marinheiros ingleses investigado pela polícia britânica *Punição dos oficiais brasileiros que prenderam os marinheiros ingleses • Auge da crise (1863-1864) *Retorno do embaixador brasileiro de Londres • Resolução do conflito *Questões submetidas ao arbitramento internacional *Brasil: pagamento de indenização pela carga roubada *Inglaterra: pedido oficial de desculpas ao Brasil *Reatadas as relações diplomáticas entre as partes ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 3 - Questão Platina • Interesses brasileiros na região do Prata *Direito de navegação na Bacia do rio da Prata ➢ Acesso hidroviário ao Mato Grosso *Impedir a anexação do Uruguai pela Argentina • Intervenção entre Oribe (Uru) e Rosas (Arg) (1851-1852) *Intervenção militar brasileira no Uruguai *Conflito interno na Argentina apoiado pelo Brasil *Resultados ➢ Manutenção das fronteiras no prata • Guerra contra Aguirre (Uru) (1864-1865) *Causas ➢ Invasões de fazendeiros uruguaios ao Brasil *Declaração de guerra do Brasil ao Uruguai *Fuga de Aguirre para o Paraguai ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 4 - Guerra do Paraguai (1865-1870) • Desenvolvimento paraguaio no século XIX *Modernização: Ferrovias e escolas *Desenvolvimento militar: Exército *Projeto industrializante Projeto do Grán Paraguai • Descontentamento inglês *Causa: Projeto de desenvolvimento industrial paraguaio • Causas da guerra *Invasão paraguaia sobre a província do Mato Grosso no Brasil e Corrientes e Entre Ríos na Argentina *Aprisionamento do navio brasileiro Marquês de Olinda (1864) no rio Paraguai • Estruturação Brasileira para a Guerra *Recomposição do exército (200.000 soldados) Página 2 de 4 ➢ Fusão entre guarda nacional e exército ➢ Recrutamento forçado (escravos) ➢ Equipamentos ingleses • Formação da Tríplice aliança *Brasil, Argentina e Uruguai • Principais batalhas *Batalha do Riachuelo (1865) ➢ Marinha Brasileira X Marinha Paraguaia *Batalha do Tuiuti (1866) ➢ Desestruturação do exército Paraguaio *Fim da tríplice aliança (1868) *Declaração de guerra total ao Paraguai pelo Brasil • Resultados para o Paraguai *Morte de 75% da população (600.000) *Destruição física do Paraguai *Assassinato de Solano López em 1870 • Resultados para o Brasil *Morte de 33 mil pessoas *Endividamento com os Ingleses *Anexação de parte do Mato Grosso como forma de pagamento dos espólios da guerra pelo Paraguai *Reinstitucionalização do exército Brasileiro ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ Orientações de Estudos Leitura: Livro III, página 456 até 463 Tarefa: Lista: ex: 3, 5 ao 11 Livro III pg 463 ex: 1, 2 e 6 pg 467 ex: 1, 3 e 4 Aprofundamento: Lista: 1, 2 e 4 Livro III pg 463 ex:7, 9 e 10 pg 467 ex: 2 Leitura Complementar: Lopez, Adriana; Mota, Carlos Guilherme. História do Brasil: uma interpretação. Ed Senac. SP. 2008 Exercícios de Tarefa 1. (Enem PPL 2020) Nas cidades, os agentes sociais que se rebelavam contra o arbítrio do governo também eram proprietários de escravos. Levavam seu protesto às autoridades policiais pelo recrutamento sem permissão. Conseguimos levantar, em ocorrências policiais de 1867, na Província do Rio de Janeiro, 140 casos de escravos aprisionados e remetidos à Corte para serem enviados aos campos de batalha. SOUSA, J. P. Escravidão ou morte: os escravos brasileiros na Guerra do Paraguai. Rio de Janeiro: Mauad; Adesa, 1996. Desconstruindo o mito dos “voluntários da pátria”, o texto destaca o descontentamento com a mobilização para a Guerra do Paraguai expresso pelo grupo dos a) pais, pela separação forçada dos filhos. b) cativos, pelo envio compulsório ao conflito. c) religiosos, pela diminuição da frequência aos cultos. d) oficiais, pelo despreparo militar dos novos recrutas. e) senhores, pela perda do investimento em mão de obra. 2. (Fuvest 2019) Observe as imagens das duas charges de Angelo Agostini publicadas no periódico Vida Fluminense. Ambas oferecem representações sobre a Guerra do Paraguai, que causaram forte impacto na opinião pública. A imagem I retrata Solano López como o “Nero do século XIX”; a imagem II figura um soldado brasileiro que retorna dos campos de batalha. Sobre as imagens, é correto afirmar, respectivamente: a) Atribui um caráter redentor ao chefe da tropa paraguaia; fixa o assombro do soldado brasileiro ao constatar a persistência da opressão escravista. b) Denuncia os efeitos da guerra entre a população brasileira; ilustra a manutenção da violência entre a população cativa. c) Reconhece os méritos militares do general López; denota a incongruência entre o recrutamento de negros libertos e a manutenção da escravidão. d) Personifica o culpado pelo morticínio dopovo paraguaio; estimula o debate sobre o fim do trabalho escravo no Brasil. e) Fixa atributos de barbárie ao ditador Solano López; sublinha a incompatibilidade entre o Exército e o exercício da cidadania. 3. (Fgv 2018) A partir da década de 1970, ganhou espaço a interpretação de que o imperialismo inglês foi a causa da Guerra do Paraguai, deflagrada em dezembro de 1864. Segundo essa vertente, o trono britânico teria utilizado o Império do Brasil, a Argentina e o Uruguai para destruir um suposto modelo de desenvolvimento paraguaio, industrializante, autônomo, que não se submetia aos mandos e desmandos da potência de então. Estudos desenvolvidos a partir da década de 1980, porém, revelam um panorama bastante distinto. (Francisco Doratioto. Paraguai: guerra maldita. Em: Luciano Figueiredo, História do Brasil para ocupados, 2013. Adaptado) Os novos estudos sobre a Guerra do Paraguai a) questionam a superioridade militar da aliança entre Argentina, Brasil e Uruguai e consideram que a vitória dessas nações derivou mais de algumas circunstâncias favoráveis do que da competência bélica. b) apontam para o expansionismo territorial do Império do Brasil como o principal causador dessa guerra, como pode ser verificado por meio das pretensões brasileiras por territórios divisos com o Paraguai e a Argentina. c) atribuem a responsabilidade do conflito aos quatro países envolvidos, que estavam em um momento particular de suas histórias, porque se encontravam em meio aos processos de construção e consolidação dos Estados Nacionais. Página 3 de 4 d) demonstram como a inabilidade diplomática das nações envolvidas provocou uma guerra prolongada e muito cara, que, em última instância, gerou forte dependência econômica da região durante o resto do século XIX. e) realçam a importância do Uruguai e da Argentina como provocadores desse conflito regional porque defendiam que a navegação do estuário do Prata fosse exclusividade dessas nações, trazendo imediato prejuízo à Inglaterra. 4. (Unesp 2018) [...] as causas da guerra contra o Paraguai estão na própria dinâmica da construção dos Estados nacionais na região do Rio da Prata. (Francisco Doratioto. A Guerra do Paraguai, 1991.) a) Quais países lutaram contra o Paraguai no conflito que transcorreu entre 1864 e 1870? b) Justifique a afirmação de que “as causas da guerra contra o Paraguai estão na própria dinâmica da construção dos Estados nacionais na região do Rio da Prata”. 5. (Unesp 2016) O fato de ser a única monarquia na América levou os governantes do Império a apontarem o Brasil como um solitário no continente, cercado de potenciais inimigos. Temia-se o surgimento de uma grande república liderada por Buenos Aires, que poderia vir a ser um centro de atração sobre o problemático Rio Grande do Sul e o isolado Mato Grosso. Para o Império, a melhor garantia de que a Argentina não se tornaria uma ameaça concreta estava no fato de Paraguai e Uruguai serem países independentes, com governos livres da influência argentina. (Francisco Doratioto. A Guerra do Paraguai, 1991.) Segundo o texto, uma das preocupações da política externa brasileira para a região do Rio da Prata, durante o Segundo Reinado, era a) estimular a participação militar da Argentina na Tríplice Aliança. b) limitar a influência argentina e preservar a divisão política na área. c) facilitar a penetração e a influência política britânicas na área. d) impedir a autonomia política e o desenvolvimento econômico do Paraguai. e) integrar a economia brasileira às economias paraguaia e uruguaia. 6. (Ufu 2015) Para os historiadores das décadas de 1960 e 1970, o Brasil e a Argentina teriam sido manipulados por interesses da Grã- Betanha, maior potência capitalista da época, para aniquilar o desenvolvimento autônomo paraguaio, abrindo um novo mercado consumidor para os produtos britânicos. A guerra era uma das opções possíveis, que acabou por se concretizar, uma vez que interessava a todos os envolvidos. Seus governantes, tendo por base informações parciais ou falsas do contexto platino e do inimigo em potencial, anteviram um conflito rápido, no qual seus objetivos seriam alcançados com o menor custo possível. Aqui não há “bandidos” ou “mocinhos”, mas interesses. DORATIOTTO, Francisco. Maldita guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 87-96. (Adaptado). A Guerra do Paraguai foi o maior conflito militar no qual o Brasil se envolveu em sua história. Nas novas interpretações dos historiadores para a guerra, a) tem sido destacada a natureza democrática do governo de Solano López, bem como a crescente industrialização do Paraguai. b) tem sido enfatizada a importância do conflito para o fortalecimento do regime monárquico brasileiro. c) tem sido valorizada a dinâmica geopolítica interna do continente sul-americano, em oposição às teorias da responsabilidade externa pela guerra. d) têm sido destacados os interesses expansionistas brasileiros como a principal causa da guerra. 7. (Uerj 2015) A pintura histórica alcançou no século XIX importante lugar no projeto político do Segundo Reinado. Esse gênero artístico mantinha intenso diálogo com a produção do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Por meio da pintura histórica, forjou-se um passado épico e monumental, em que toda a população pudesse se sentir representada nos eventos gloriosos da história nacional. O trabalho de Araújo Porto-Alegre como crítico de arte e diretor da Academia Imperial de Belas Artes possibilitou a visibilidade da pintura histórica com seus pintores oficiais, Pedro Américo e Victor Meirelles. CASTRO, Isis Pimentel de. Adaptado de periodicos.ufsc.br. Considerando as imagens das telas e as informações do texto, as pinturas históricas para o governo do Segundo Reinado tinham a função essencial de: a) consolidar o poder militar b) difundir o pensamento liberal c) garantir a pluralidade política d) fortalecer a identidade nacional 8. (Upf 2020) “A guerra contra o Paraguai foi o acontecimento central da história do Brasil da segunda metade do século 19. (...) Dos 150 mil brasileiros que teriam participado no confronto, talvez até 50 mil morreram devido aos combates ou a doenças. Uns 0,5% dos dez milhões de habitantes do Brasil (...). Com uma população possivelmente com mais de quatrocentos mil habitantes, o Paraguai teve sua população adulta dizimada – os autores mais contidos falam de 15% a 20% de mortos.” (MAESTRI, Mario. A guerra no papel, 2013, p. 232) Sobre a Guerra da Tríplice Aliança, leia as seguintes afirmações: I. Os gastos com o esforço militar comprometeram por mais de uma Página 4 de 4 década as finanças brasileiras. II. Solano López, presidente paraguaio, após perder a guerra, se exilou nos EUA. III. O exército imperial ganhou projeção qualitativa e quantitativa ao combater o exército paraguaio que havia ocupado o sul do Mato Grosso e pontos da fronteira do Rio Grande do Sul. IV. O Paraguai foi ocupado militarmente, amargou perdas territoriais significativas, arcou com a indenização de guerra e teve suas terras públicas privatizadas. Está correto o que se afirma em: a) I, III e IV, apenas. b) I, II e III, apenas. c) I, II e IV, apenas. d) II, III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. 9. (Ufrgs 2019) Leia as seguintes afirmações a respeito da Guerra do Paraguai. I. A presença de mulheres brasileiras no conflito, atuando no abastecimento, no tratamento aos feridos e, inclusive, nas frentes de batalha, foi significativa. II. Um decreto imperial foi promulgado, garantindo liberdade aos escravizados que se alistassem e indenização aos seus proprietários. III. O governo monárquico cumpriu integralmente o acordo de concessão de terras, empregos e pensões a todos os “Voluntários da Pátria” que retornaram do conflito.Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas III. c) Apenas I e II. d) Apenas II e III. e) I, II e III. 10. (Ueg 2017) Leia o texto a seguir. As guerras estrangeiras, como métodos políticos, sempre foram encaradas pelo país como importunas e até criminosas, e nesse sentido especialmente a Guerra do Paraguai não deixou de sê-lo; os voluntários que a ela acudiram eram, de fato, muito pouco por vontade própria. LIMA, Oliveira. In. HOLANDA, Sérgio B. de. Raízes do Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1995. p. 177. O texto citado, do embaixador Oliveira Lima, tematiza a política belicista brasileira e corrobora a ideia de que a) o Brasil, secularmente, procura passar uma imagem externa de país pacífico e respeitoso da autonomia política dos países vizinhos. b) as guerras externas foram uma estratégia dos governantes a fim de consolidar a hegemonia imperialista do Brasil na América do Sul. c) o governo Imperial relutou decisivamente em envolver-se no conflito com o Paraguai, só o fazendo por causa da pressão popular. d) a participação do país em guerras estrangeiras, como na I e II Guerras Mundiais, faz parte do esforço de transformar o Brasil em uma potência militar. e) as guerras são utilizadas pelos governantes como estratégia política de desviar a opinião pública interna dos graves problemas sociais do país. 11. (Fgv 2021) A Constituição de 1824 não tinha nada de parlamentarista. De acordo com seus dispositivos, o Poder Executivo era chefiado pelo imperador e exercido por ministros de Estado livremente nomeados por ele. A prática parlamentarista foi se desenhando a partir de 1847. Naquele ano, um decreto criou o cargo de presidente do Conselho de Ministros, indicado pelo imperador. Essa personagem política passou a formar o ministério cujo conjunto constituía o Conselho de Ministros, ou gabinete, encarregado do Poder Executivo. Para manter-se no governo, o gabinete devia merecer a confiança, tanto da Câmara como do imperador. (Boris Fausto. História do Brasil, 2012. Adaptado.) O sistema de governo do Segundo Reinado brasileiro era entendido e propagado, no seu período de vigência, como parlamentarista. Esse sistema funcionou, de 1847 a 1889, com a) divergências entre o partido Liberal e o Conservador sobre a legitimidade do regime monárquico na América Latina. b) composição de gabinetes ministeriais sem a maioria política na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. c) oposições anticonstitucionais do governo monárquico às deliberações das Assembleias de representantes políticos. d) formação pela monarquia de maiorias partidárias por meio de dissoluções frequentes da Câmara dos Deputados. e) rodízio, no poder ministerial, de agremiações políticas de representantes de grupos sociais antagônicos. Gabarito: 1: [E] 2: [D] 3: [C] 4: a) Brasil, Argentina e Uruguai (na chamada Tríplice Aliança) contra o Paraguai. b) As causas da Guerra do Paraguai encontram-se na interferência do Estado brasileiro em problemas políticos internos que atrapalhavam a consolidação dos Estados Nacionais de Argentina e Uruguai. Nesses dois países, disputas entre grupos políticos rivais atrapalhavam a consolidação dos Estados e o Brasil, através de d. Pedro II, interferiu nessas disputas para ajudar seus aliados a chegar ao poder. Dentro desse contexto, Solano Lópes também se envolveu, tentando impedir que os aliados do Brasil chegassem ao poder na Argentina e no Uruguai, o que acabou por deflagrar a Guerra. 5: [B] 6: [C] 7: [D] 8: [A] 9: [C] 10: [A] 11: [D]