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Patologia Atualmente na medicina veterinária, existe uma área de perícia que vem crescendo bastante, os animais possuem um valor sentimental e muitas vezes até mesmo um custo muito alto, portanto, se por ventura o animal vem a óbito (provavelmente em decorrência do tratamento), o tutor pode acionar um serviço de necropsia para compor um laudo que vai ser utilizado no processo. Por isso, é extremamente necessário compreender o que são alterações que são inerentes a morte e alterações patológicas, que podem ser de uma doença que foi a causa mortis. Quanto ao tempo dessas alterações cadavéricas, muito do estudo vem da medicina humana, onde é estudado apenas uma espécie, portanto não podemos utilizar como régua para a medicina veterinária, pois existem diversas espécies, com tamanhos, formas, pesos diferentes, tudo isso deve ser levado em consideração, pois um cão e um gato possuem essa cronotanatognose diferente. É necessário considerar o score corporal, o tamanho do animal, espécie, para o resfriamento desse corpo. A primeira coisa a parar no animal é pulmão e coração, uma parada cardiorrespiratória, com isso, o metabolismo do corpo abaixa completamente, pois as células necessitam de oxigênio, ATP, glicose, a oferta desses componentes nos tecidos é cessada. Alguns tecidos são mais sensíveis a hipóxia do que outros, como por exemplo os neurônios, já outros possuem uma reserva energética maior, como por exemplo os fibroblastos, músculo estriado, que armazenam glicogênio e dessa forma conseguem “sobreviver” por mais algum tempo. Existem alterações post mortem que não modificam o cadáver, assim que um animal morre ele vai ter: - Perda da consciência - Ausência de dor e reflexos - Desaparecimento da motilidade e tônus muscular - Cessação da respiração - Parada do coração - Cessação da função cerebral Essas alterações são inerentes a morte, porém, como já mencionado, não vão modificar o corpo, os órgãos. São alterações imediatas (morte somática ou clínica). Também existem alterações abióticas mediatas ou consecutivas e vão acontecer logo em seguida da morte (autólise). - Hipóstase cadavérica (Livor mortis) O animal morreu em decúbito lateral direito, por exemplo, e por pressão, o sangue vai se depositar lateralmente, esse sangue começa a tingir esses tecidos por conta da degradação da hemoglobina, portanto, ela é dependente da gravidade. Dependendo da posição em que o animal morrer, essas manchas - Frialdade cadavérica (Algor mortis ou Frigor mortis) O que mantém a temperatura corporal é a circulação sanguínea, com a morte isso não acontece mais, portanto o cadáver perde temperatura. O algor mortis está diretamente ligado a proliferação bacteriana, possuímos bactérias no nosso corpo, e com a morte elas se proliferam ainda mais e produzem gases, caso o corpo resfrie mais rápido, essa proliferação vai ser menor, o que é ótimo para a necropsia, histopatológico, citológico etc. - Rigidez cadavérica (Rigor mortis) A perda do ATP “trava” as fibras de actina e miosina em um primeiro momento, os músculos ficam rígidos impedindo a Alterações cadavéricas são alterações ocorridas no cadáver quando o animal não estava mais vivo, a partir do momento da morte, certas alterações começam a acontecer. Dessa forma, é possível também, estimar a hora da morte daquele indivíduo. O estudo dessas alterações é chamado de ‘Tanatologia’ Tanatologia: Thanatus + logos E o tempo dessas alterações é chamado de ‘Cronotanatognose’ Cronotanatognose: Kronos + thanatus + gnosis Pelo mecanismo de hemólise ocorre a liberação da hemoglobina. - É observada principalmente em serosas: peritônio, pleura, omentos, mesentério. Estase → Hemólise → Embebição manipulação de qualquer parte daquele corpo, depois de um tempo ocorre um relaxamento, permitindo mexer no cadáver. Portanto, ou a necropsia é realizada com o corpo fresco, ou é realizada após esse relaxamento pela degradação da actina e miosina. Os primeiros músculos a entrarem em rigor mortis são os involuntários e depois os voluntários (de 2 a 4 horas). Essa rigidez tem início na cabeça e depois para o corpo (e desaparecendo na mesma sequência). Se o animal falecer em um quadro convulsivo, vai entrar em rigor mortis mais rapidamente, por já ter consumido todo o ATP. - Impregnação pela bile Geralmente, tecidos ao redor do fígado adquirem uma coloração amarelo-esverdeada, justamente por conta da impregnação pela bile, que é formada por cristais biliares que lesionam a parede da vesícula biliar e extravasam, manchando os tecidos em contato com ela. - Coagulação sanguínea O sangue parado começa a coagular naturalmente, com os fatores de coagulação, isso é de extrema importância, pois algumas coagulopatias podem levar a óbito, portanto é necessário diferenciar um trombo, por exemplo, de um coágulo que se forma naturalmente post mortem. Coágulos Cruóricos: Lisos, brilhantes, elásticos, não aderentes as paredes dos cardiovasculares, de coloração vermelha. Coágulos Lardáceos: Liso, brilhante, elásticos, não aderentes as paredes cardiovasculares, de coloração amarela (anemia/fase agônica no final da doença) – perda de hemácias Ambos são diferentes de trombos, já que são formados após a morte e parada da circulação sanguínea. Um trombo estaria aderido à parede do vaso, e este vaso estaria lesionado, o trombo não é brilhante e nem elástico. Essas alterações sim vão modificar a apresentação do cadáver. ficarão em lugares diferentes. Destrutivos: digestão enzimática, putrefação, maceração. Conservativos: mumificação, saponificação. - Pseudomelanose Áreas focalmente cinzas, esverdeadas pela decomposição do cadáver na pele da região abdominal e órgãos vizinhos aos intestinos. - Maceração da mucosa digestiva Desprendimento da mucosa do tubo digestivo, principalmente no caso de pré-estomago (ruminantes). Coágulo Trombo - Aspecto gelatinoso, liso e brilhante - Elástico - Solto no interior do vaso - Aspecto seco Inelástico - Aderido à parede do vaso - Quando retirado deixa a superfície rugosa e sem - Enfisema cadavérico tecidual Gases presos nos órgãos, formam-se bolhas gasosas nos tecidos subcutâneos, fígado, rins, órgãos internos abaixo das capsulas. - Coliquação/Liquefação - Redução esquelética - Timpanismo post mortem Fermentação do conteúdo gastrointestinal, gerando gases e aumentando a pressão. Ocorre distensão do intestino, estomago e abdômen. (Quando o timpanismo é em vida ocorrem alterações circulatórias). - Deslocamento, torção ou ruptura das vísceras Por conta dos gases gerados pela fermentação. Sem alterações circulatórias (post mortem), portanto o órgão fica com a mesma coloração. - Pseudoprolapso retal Exteriorização da ampola retal por conta dos gases. Quando ocorre post mortem não há alterações circulatórias, já em vida há. - Alterações oculares - Pálpebras entreabertas por rigor mortis nos músculos. - Desidratação do globo ocular, córnea perde o brilho (O corpo inteiro também desidrata). (Não confundir com opacificação da córnea por congelamento do cadáver, ou até mesmo catarata). - Pupilas dilatadas. - Retração do globo ocular. São processos que alteram o cadáver, mas que não levam a decomposição completa desse corpo. - Mumificação: Os processos naturais exigem condições ambientais – clima quente e seco – que garantam a desidratação rápida do cadáver, de modo a impedir a ação microbiana responsável pela putrefação, os processos artificiais cuidam da submissão do cadáver a técnicas especiais de conservação. - Saponificação: A saponificação é um processo transformativo conservador do cadáver que ocorre de forma espontânea; O processo inicia-se após a sexta semana depois da morte, em meio onde haja água estagnada e pouco corrente, e solo argiloso, úmidoe de difícil acesso ao ar atmosférico. Também está sujeito a fatores como idade, sexo, obesidade e doenças que originam degeneração de gordura. O cadáver saponificado apresenta consistência untuosa, mole e quebradiça, de tonalidade amarelo- escura, que dão aparência de cera ou sabão. Além disso, exala odor de queijo rançoso. Decorrente dessa morte tecidual, temos a proliferação de bactérias, principalmente no trato gastrointestinal e pulmão e se inicia o evento de putrefação desse cadáver. As bactérias se proliferam e geram gás, aceleram a degradação desse tecido e produção de odor fétido característico de um cadáver. Como já mencionado antes, o tempo para a putrefação começar vai variar de animal para animal, o resfriamento desse cadáver tem ligação direta com esse mecanismo, já que são as bactérias que vão dar início, quanto mais rápido o corpo resfriar, maior vai ser o tempo para a putrefação começar. Portanto, é necessário considerarmos: • Temperatura ambiente: Quanto mais alta, maior velocidade de instalação da AP, quanto mais baixa, menor velocidade de instalação da AP. • Tamanho do animal: Quanto maior o animal, mais difícil o resfriamento e maior velocidade de instalação • Estado de nutrição: Mais glicogênio muscular, mais tempo levará o Rigor Mortis para se instalar • Causa mortis: Infecções clostridianas, septicemias, intoxicações por estricnina aceleram as AP • Cobertura tegumentar: Pelos, penas, lã e camada gordurosa aceleram as AP Um gato pequeno e magro vai demorar menos tempo para resfriar do que um cão grande e gordo, por exemplo. E isso vai fazer com que esse gato, por consequência, tenha tido menos proliferação bacteriana. A putrefação leva a decomposição completa do cadáver até restarem apenas os ossos. → Autólise é o fenômeno de digestão enzimática da célula após a morte. → Putrefação é a progressão do processo auto lítico com a invasão bacteriana no cadáver, principalmente por germes saprófitos. Com a progressão da putrefação nós temos: - Desaparecimento do rigor mortis - Embebição hemolítica - Embebição biliar - Produção de sulfametaemoglobina - Eliminação de sangue e líquidos pelas cavidades - Maceração das mucosas - Amolecimento das polpas - Timpanismo cadavérico - Pseudoprolapso retal - Odor ofensivo (cadaverina) - Proliferação da fauna cadavérica 1. Período de coloração 2. Período gasoso 3. Período coliquativo 4. Período de esqueletização Fase 1- Fase fresca: - Resfriamento - Livores (manchas) - Rigor mortis Fase 2- Fase gasosa: - Fermentação - Abaulamento do cadáver Fase 1- Fase fresca: - Dissolução pútrida Fase 4 – Esqueletização: - Perda completa de partes moles → Intrínsecos - Idade - Porte corpóreo - Estado nutricional - Panículo adiposo - Causa mortis → Extrínsecos - Temperatura ambiente - Circulação de ar - Líquidos Aproximadamente 85% dos artrópodes encontrados em cadáveres são insetos. Qual a importância da fauna cadavérica? - Estimativa do tempo de decomposição - Estimativa do local original do óbito
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