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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 FUVEST 
Prof. Fernando Andrade 
Aula 09 – Modelos e repertórios 
 
estretegiavestibulares.com.br vestibulares.estrategia.com 
EXTENSIVO 
2024 
Exasi
u 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 2 
SUMÁRIO 
APRESENTAÇÃO ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 
TIPOLOGIAS ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 
1. MODELOS DE PROPOSTAS ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 
1.1 Proposta sobre fato específico e sobre tema amplo 7 
1.2 As propostas polêmicas ou dilemáticas 7 
1.3. Comentários ou propostas que sugerem análise 9 
1.4 Metáfora 10 
2. MODELOS DE DISSERTAÇÕES 12 
2.1 Modelo artigo de opinião – Desenvolvimento por motivo 12 
2.2 Modelo Enem 15 
2.3 Redação por causa 17 
2.4. Redação por fatos 20 
2.5 Redação por consequência 22 
2.6 Redação por exemplificação 24 
2.7 Redação contra-argumentativa 26 
2.8 Redação concessiva 28 
3. REPERTÓRIO: COMO SELECIONAR 29 
3.1 Repertório baseado em evidência 29 
3.2 Repertório como chave interpretativa 32 
3.3 Como selecionar o repertório 33 
4. PROPOSTAS DE REDAÇÃO 34 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 3 
 
Apresentação 
Querido aluno, 
Saudações 
Último pdf! O que imaginei que seria importante para você, como forma de fechar o curso? Uma 
espécie de resumo de tipos de dissertação possíveis. Normalmente, os alunos em perguntam, se não há 
um modelo de texto pronto para ser usado, como se pudéssemos pegar um texto na prateleira de um 
supermercado. 
Não, não, há. Lógico que há possibilidade de se montar um esqueleto com conectivos que forçam 
o desenvolvimento de uma determinada forma. Mas isso, não é modelo pronto, pois de qualquer forma, 
o caminho adotado para se completar os espaços vazios é o que de fato irá se traduzir em nota acima da 
média. 
Contudo, se não há, modelo pronto, há redações exemplares que permitem uma tipologia de 
desenvolvimentos. Entrar em contato com esses “modelos” no plural, permite que você tenha uma ideia 
mais concreta dos desenvolvimentos possíveis ao encarar um tema. 
A sugestão é que você tente desenvolver cada um dos tipos, percebendo com o qual você se 
adapta melhor. Além disso, o exercício de fazer uma redação de cada tipo permitirá a apropriação de 
esquemas argumentativos que posteriormente podem ser combinados de acordo com a necessidade de 
argumentação e não segundo o esquema mental prévio decorado. 
Ao observar melhor as redações contempladas com notas acima da média, é possível observar que 
os atores se valeram de um “combo” de recursos. 
Por último, vale destacar que, neste pdf, pode ser que repita várias informações que foram 
consideradas ao longo do curso. A função deste último pdf é essa mesma fixar dicas, hábitos e 
procedimentos para que você consiga expressar de forma mais clara, rápida e bem estruturada suas 
ideias. 
Bora para a brincadeira. 
 
Tipologias 
 Tipologia significa estabelecer tipos que permitem classificar aquilo que nos parece como variado 
e múltiplo. Quando nos deparamos com algo que se manifesta de forma plural, não conseguimos captar 
sua essência e, consequentemente, a compreensão se torna problemática. Daí o trabalho de perceber o 
que há em comum na pluralidade das manifestações das coisas e reduzir a uns poucos tipos. Algo muito 
parecido com classificação. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 4 
 A Wikipédia faz um resumo interessante do que isso significa 
 A classificação pode ser definida como a reunião de objetos ou seres 
com características semelhantes e a separação das não afins. Essa definição foi 
criada em 1961, quando James Duff Brown ... A mente humana classifica 
objetos consciente ou inconscientemente para todos os tipos de propósito. 
Essa classificação perpassa pelas distinções das características comuns dos 
objetos até ao agrupamento de seres que desenvolvem entre si características 
próprias dentro de determinado grupo. 
 Esse processo mental era praticado por alguns filósofos 
gregos como Aristóteles, um dos pioneiros na introdução do processo de 
classificação do conhecimento humano sob as bases filosóficas, cuja finalidade 
é definir, esquematizar e hierarquizar o conhecimento. 
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_da_classificação (adaptado)). 
 Neste pdf, considerei várias redações que tiveram avaliação acima da média, e tentei perceber 
quais foram os procedimentos comuns. Boa parte das amostras que tenho são da FUVEST. Consegui um 
texto publicado por alunos que disponibilizaram suas redações e pude também acessar redações já 
publicadas pela banca dentro do período de 10 anos. 
 Gostaria de ter amostras de outras bancas, mas não é fácil conseguir publicações acima da média 
fora da FUVEST. 
 1. Modelos de propostas 
 Você já percebeu o vínculo quase umbilical entre formato da proposta e estrutura do texto 
dissertativo? Então observe. Por que, para a redação do Enem, você pode se valer de um esquema pré-
moldado, que alguns chamam de máscara e outros de esqueleto? Porque o formato da proposta que 
exige a famosa intervenção e a opção por um tema-problema condicionam a forma de escrita. Sacou? 
 Isso significa que, se você estiver consciente dos tipos de propostas, você não ficará tão perdido 
quanto aos caminhos possíveis que podem ser adotados para o desenvolvimento da redação. 
 Para esquentar esse estudo, vamos considerar o levantamento que fiz de diversas bancas, 
privilegiando o período entre 2018-2021. Selecionei 42 propostas. A partir de elementos em comum, fiz 
uma classificação dos tipos de propostas que podemos encontrar nos vestibulares. 
Propostas Polêmicas 
▪ O mundo contemporâneo está fora da ordem? (FUVEST 2021) 
▪ Devem existir limites para a arte? (FUVEST 2018) 
▪ As utopias: indispensáveis, inúteis ou nocivas? (FUVEST 2016) 
▪ O homem saiu de sua menoridade? (FUVEST 2017) 
▪ O altruísmo e o pensamento a longo prazo ainda têm lugar no mundo contemporâneo? (FUVEST 
2011) 
▪ Liberar o porte de armas de fogo a todos os cidadãos diminuirá a violência no Brasil? (UNESP 
2018) 
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=James_Duff_Brown&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_da_Gr%C3%A9cia_Antiga
https://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_da_Gr%C3%A9cia_Antiga
https://pt.wikipedia.org/wiki/Arist%C3%B3teles
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hierarquia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_da_classificação
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 5 
▪ Atletas transexuais devem participar de esportes competitivos sob o novo gênero? (FAMEMA 
2018) 
▪ A redução da maioridade penal pode colaborar para a diminuição da violência no Brasil? (FAMEMA 
2020) 
▪ Censurar imagens de pessoas fora do padrão estético é uma forma adequada de combater o 
cyberbullying? (UEA/ 2021) 
▪ A exposição de autores de comportamentos machistas na internet contribui para desestimular tais 
comportamentos? (UEA /2019) 
▪ Por se tratar de uma obra de ficção, a telenovela pode abrir mão do compromisso com a realidade? 
(Einstein 2019) 
 Propostas em forma de dilema 
▪ Participação política: indispensável ou superada? (FUVEST 2012) 
▪ As “teorias da conspiração” na atualidade: inofensivas ou perigosas? (FGV / 2019) 
▪ Obrigatoriedade da vacinação: entre a prevenção a doenças e o respeito às escolhas individuais 
(FAMERP/2019) 
▪ “Uberização”: entre a autonomia do trabalhador e a perda de direitos trabalhistas (Einstein 2020) 
 
▪ Informalidade no mercado de trabalho: entre a necessidade de uma ocupação e os prejuízos para 
a economia (FGV/ 2018) 
▪ O fracasso da lei de cotas para deficientes: negligência das empresas ou falha do Estado? (FAMERP 
2018) 
▪ A violência contra o professor é consequência de regras escolares impostas aos alunos de forma 
autoritária ou reflexo de uma sociedade violenta?(FAMEMA 2018) 
▪ Selfies: mecanismo de interação social ou narcisismo em excesso? (FAMERP 2017) 
▪ Eutanásia: entre a liberdade de escolha e a preservação da vida (UNIFESP 2019) 
▪ A educação domiciliar no Brasil: exercício da liberdade de escolha ou negligência dos pais? 
(FAMERP 2020) 
▪ O uso de celulares em sala de aula atrapalha a aprendizagem ou colabora para o ensino? (INSPER 
2018) 
Comentário 
▪ O mundo da liberdade é possível, e isso nos dá força para lutar contra a opressão e as injustiças sociais. 
(UEMA/ 2016) 
▪ Relação entre o humor e a liberdade de expressão dentro dos limites da ética (PUC 2019) 
▪ O homem é apenas um número. (UDESC 2016) 
Proposta analítica 
▪ De que maneira o passado contribui para a compreensão do presente? (FUVEST 2019) 
▪ O papel da ciência no mundo contemporâneo (FUVEST 2020) 
▪ O impacto da escravidão sobre o trabalho doméstico no brasil atual (Einstein 2021) 
▪ O ativista e sua ação na sociedade contemporânea (UNITINS 2021) 
▪ O ativismo como bandeira de auto-promoção social. (UNITINS 2021) 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 6 
▪ Possíveis razões para manifestações de intolerância, suas características e algumas de suas 
consequências para a sociedade como um todo (UFMS 2021) 
▪ As sociedades contemporâneas e a solidão. (FGV/ 2018) 
▪ “O papel do consumidor no combate à escravidão moderna”. (FACISB 2019) 
▪ “A língua e seus usos nas interações sociais”. (UFGD 2020) 
▪ Ciência e tecnologia: acesso, benefícios e malefícios (UESB 2019) 
▪ “O lixo: da educação às políticas públicas” (UNEMAT 2019) 
 
Fato concreto (artigo de opinião) 
▪ Notícia de Taro Aso (FUVEST/ 2014) 
▪ Propaganda de um cartão de crédito (FUVEST 2013) 
▪ Apresentar a opinião sobre o artigo “Os adolescentes que merecemos” (UFRGS 2019) 
▪ Artigo “Quem são e o que querem os que negam a Internet” (Cásper Líbero 2018) 
 
Metáfora 
▪ Camarotização” da sociedade brasileira: a segregação das classes sociais e a democracia. (2015) 
▪ O carro será o novo cigarro? (UNESP 2021) 
 
Tipos de propostas
Polêmica Dilema Comentário Análise Fato concreto Metáfor
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 7 
 
1.1 Proposta sobre fato específico e sobre tema amplo 
 Dissertação, você já sabe, é um tipo de texto em que se pede a opinião sobre um “tema”, ou seja, 
sobre uma ideia que expressa generalização. Isso não significa que o ponto de partida tenha que ser 
sempre um tema geral. A tema poderia ser escolhido de algo particular que aconteceu, mas na real isso 
ocorreu poucas vezes. No universo das 42 propostas, apenas 4 partem de um fato concreto (a declaração 
de Taro Aso), publicação de textos no jornal ou uma propaganda (de cartão de crédito). 
 Na maior parte das vezes, a própria banca já deixa clara a estrutura que o texto deve assumir, a de 
uma pirâmide invertida. Você parte de uma abstração, para defender sua tese, você considera abstrações 
menores e, para provar o que você diz, apresenta fatos particulares. Como se observa abaixo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.2 As propostas polêmicas ou dilemáticas 
 
 Por volta da metade das propostas assume o formato em que se exige o posicionamento do 
candidato. Você deve responder “sim” ou “não” ou optar por um ou outro lado da questão levantada. 
De certa forma, isso facilita a vida de quem está prestando vestibular, afinal as dissertações exigidas 
devem ser opinativas e esses tipos de questões não deixam dúvidas em relação à necessidade de 
tomada de lado. 
 Mas qual a diferença entre a polêmica e a dilemática? Ela é sutil, mas importante. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 8 
 Vamos supor que você tenha pela frente, a seguinte questão: 
A participação política ainda é viável? 
 Quais são as possibilidades de resposta de pronto? 
 ainda há espaço para participação. 
 
o espaço de participação política foi sequestrado por fatores econômicos de tal forma que 
há muito pouco. 
 Haveria ainda uma outra opção intermediária, que dependendo do tema é possível ou não. 
Há espaço, mas para a luta por direitos de grupo organizados, contudo, isso não ocorre em 
relação à discussão envolvendo pautas econômicas, importantes para realmente mudar a 
desigualdade social. 
Há espaço, mas eles não aproveitados por cidadãos que não foram culturalmente preparados 
para a política. 
 Observe que a proposta intermediária pode variar bastante, dependendo do que se queira 
discutir. Mas não é só a intermediária que permite variações. Até mesmo as respostas simples abrem a 
possibilidade de encaminhamentos variados. 
 Agora imagine essa outra proposta: 
A participação política: indispensável ou superada? 
 A lógica parece a mesma. Você poderia defender que ela é indispensável, que é superada ou uma 
situação intermediária: ele é indispensável, mas na prática tornou-se superada, pois as possibilidades 
reais de participação são raras. 
 
Então qual é a diferença? 
 Ora, corujinha classificatória, a obrigatoriedade de, ao desenvolver o tema passar por esses dois 
subtemas “indispensável” ou “superada”. No primeiro, caso, para dizer que ela é viável, você poderia até 
desenvolver seu texto valendo-se do argumento do caráter indispensável da política, mas isso não era 
obrigatório. Na redação dilemática, há dois horizontes que você deve considerar. Você poderia, por 
exemplo, mostrar como a política está no nosso dia a dia para provar que ela não está superada e, a seguir, 
considerar o que é necessário para o futuro, deixando claro que ela é indispensável. 
 E há aquelas dilemáticas que realmente apresentam uma questão bastante complexa por conter 
os dois polos da questão envolvida. Por exemplo, ao se falar em vacinação, há um ganho de saúde 
evidente e uma perda da liberdade clara, já que ela se torna obrigatória para que seja efetiva. Nesse 
caso uma proposta que pedisse para o candidato dissertar sobre “vacinas, entre a liberdade e a saúde”, 
seria de bom tom que a escolha de um lado não excluísse o outro totalmente. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 9 
 Fazer uma redação contra-argumentativa ou concessiva seria a melhor opção. 
1.3. Comentários ou propostas que sugerem análise 
 Propostas analíticas geralmente assustam, pois os caminhos para desenvolvimento parecem 
bastante amplos, o que traz uma certa incerteza para quem vai escrever. A pergunta “por onde vou?” 
apavora quem tem que escrever sobre um tema que não é polêmico. A banca pode pedir que você 
comente uma afirmação ou que responda ao comando que pode envolver causa e consequência. 
 O importante é que você reconheça qual deve ser a tarefa sugerida nas instruções. Nesse sentido, 
a diferença entre fazer um comentário ou uma análise é basicamente formal. Na análise, o comando é 
mais claro, já quando a banca pede que se comente uma frase, você terá que mentalmente perceber qual 
é o comando. 
 
 O que há em comum nas propostas abaixo? 
✓ Relação entre o humor e a liberdade de expressão dentro dos limites da ética (PUC 2019) 
✓ O ativista e sua ação na sociedade contemporânea (UNITINS 2021) 
✓ Ciência e tecnologia: acesso, benefícios e malefícios (UESB 2019) 
Todas essas propostas relacionam dois ou mais termos entre si através da conjunção “e” nas duas 
primeiras e de dois pontos no caso da segunda. O que se pede nesse caso? Que você relacione os 
termos. Você deve ser perguntar, esses termos são complementares, opostos, paralelos? Um é causa do 
outro? Consequência? Fator limitante? 
 Por exemplo, considere a primeira proposta. Podem-se fazer variações das relações entre os 
termos. 
 
Veja que o trabalho do escritor deve expor com toda a clareza a relação que ele vê entre esses termos. 
Nesse sentido, a redação pode inclusive seguir o caminho proposto já na tese escolhida. Por exemplo, no 
caso da primeira, pode-se desenvolver no segundo parágrafo a primeira parte da asserção, mostrar essaRelacionar os termos
O humor precisa da liberdade de expressão, mas deve-se respeitar a 
ética
O humor não pode ter como limite a ética, mas a liberdade de 
expressão
O humor, que é uma das manifestações da liberdade expressão, deve 
ser condenado quando extrapola a ética. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 10 
relação entre humor e liberdade de expressão e no terceiro, a necessidade de essa liberdade ser limitada 
pela ética. 
 
 A causa sempre será um recurso de desenvolvimento de dissertação bastante prestigiado nesse 
gênero associado à racionalidade. Desde que o homem procurou conhecer o mundo, isso significou 
estabelecer a causa de algo. Ao procurar a causa do fenômeno que ocorre aqui e agora diante de nós, 
podemos entender os mecanismos da realidade e agir sobre sua origem. 
 Em algumas propostas, isso é exigido de forma textual: “Possíveis razões para manifestações de 
intolerância, suas características e algumas de suas consequências para a sociedade como um todo (UFMS 
2021)”. Trata-se de uma proposta complexa que pressupõe a reflexão sobre o motivo da intolerância que 
escape ao senso comum. As pessoas costumam creditar algum tipo de ação condenável socialmente ao 
preconceito ou à falta de caráter moral. Uma boa razão levanta questões que vão além dessas aparências. 
Deve-se pensar em causas sociais ou psicológicas. 
 Mas esse tipo direito de comando é muito raro. O mais comum é propor uma relação entre termos 
cuja possibilidade de desenvolvimento passe pela causa como uma das possibilidades de construir o texto. 
Tome como exemplo a seguinte proposta “As sociedades contemporâneas e a solidão. (FGV/ 2018)”. Veja 
que uma das possibilidades de desenvolvimento desse tema é justamente mostra a causa da solidão, 
apontando por fatores existentes na sociedade contemporânea. 
 
 Esse é um comando mais comum para essas propostas analíticas. A banca seleciona um fenômeno 
qualquer e pede que você considere as causas. Algo que fica bastante claro em propostas como essa “O 
impacto da escravidão sobre o trabalho doméstico no Brasil atual (Einstein 2021)”. 
 
 Nesse caso, a banca pede para pensar sobre a função de determinado agente ou fator na 
sociedade. Espera-se uma descrição do mecanismo de funcionamento. Esse é o caso de uma proposta 
como “O papel da ciência no mundo contemporâneo (FUVEST 2020)”. A ciência hoje é causa da revolução 
tecnológica, está presente em cada passo que damos, é responsável pelo saúde, foi associada ao 
capitalismo de forma que o sistema retroalimente a ciência e vice-versa. Qual desses papeis você vai 
escolher? Qual avaliação você faz disso? 
 Outro tipo de comando em que se pede uma reflexão similar é o que pede que você considere “de 
que maneira”. Novamente, a ideia é descrever como algo funciona. 
1.4 Metáfora 
 
Causa
Consequência
Modos 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 11 
 De todas os tipos de propostas, essa é a que realmente mais assusta ou confunde os alunos. 
Geralmente, quando faço algum tipo de enquete sobre a proposta mais complicada enfrentada pelos 
alunos, é comum a menção a algum tipo de proposta muito abstrata e a da “catraca” da FUVEST. 
 A banca escolheu uma intervenção artística em que uma catraca foi colocada no meio de uma 
praça para chamar a atenção para a quantidade de catracas que temos na sociedade. Exigia-se que o 
candidato interpretasse a metáfora (catraca= empecilhos sociais para que as pessoas não tenham 
ascensão ou direitos reconhecidos), selecionasse um tipo de catraca relevante na sociedade, concordasse 
ou não com a afirmação de que havia “catracas excessivas” e argumentasse a favor. Há, portanto, uma 
série de relações que devem ser feitas pelo escritor para finalmente escrever o texto. 
 Além desse momento interpretativo, o aluno fica confuso se deve ou não mencionar a metáfora. 
Pode-se considerar o tema de 2021 da UNESP, “O carro é o novo cigarro”. Não haveria como desenvolver 
essa redação respondendo à questão se a metáfora não fosse discutida na introdução, dando referenciais 
para que o leitor entendesse o que estava sendo discutido. 
 O que se exige de você no caso de uma proposta com metáfora? 
 Inicialmente, é preciso que você anote com toda precisão possível qual é o significado da metáfora. 
Depois, você deve interpretar o que é preciso fazer. Responda à questão e, ao escrever, não fique como 
medo de contextualizar a metáfora dentro do seu texto. Você não deve fazer de conta que ela não existe 
e que foi somente um jeito de a banca apresentar a proposta. 
 Considere a seguinte proposta; 
▪ Camarotização” da sociedade brasileira: a segregação das classes sociais e a democracia. (2015) 
Primeiro passo, descrever o que é a metáfora 
Camarote, lugar especial que delimita o lugar que alguma pessoa importante deve ocupar em 
detrimento dos outros. 
 Camarotização: a proposital escolha de se retirar do espaço público, ocupando um lugar especial 
na sociedade como forma de se distanciar do resto da sociedade. 
 Camarotização da sociedade brasileira: as elites, que muitas vezes, têm horror e medo das classes 
mais baixas, fazem questão de se retirar do espaço público fazendo questões de exibir o lugar privilegiado 
que ocupam. 
 Segundo passo, entender a relação que se pede. 
 A democracia tem como pressuposto que todos se preocupem com problemas comuns, se a elite 
se retira do espaço público e cria um espaço privilegiado para si mesma, ela fragmenta o interesse comum 
tornando o espaço democrático bastante precário. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 12 
2. Modelos de dissertações 
 Ao ler as melhores redações da FUVEST, pude notar como o estilão dessa banca permite que os 
candidatos realmente caminhem por plagas bastante diferentes e plurais. É até difícil selecionar alguns 
tipos mais puros. 
 Os candidatos realmente valem-se de recursos bastante variados mostrando um preceito muito 
importante na escrita: não é a estrutura que produz o texto, mas a necessidade de ser produzir algum 
efeito com o texto que manda na estrutura. 
 Lógico que chegar a esse estágio, de entender que o efeito é mais importante do qualquer tipo de 
receita demanda tempo e o próprio domínio das estruturas em si. Então vamos lá, brincar com estruturas 
e observar qual o efeito que elas produzem e quais são mais adequadas para determinadas e propostas e 
quais não são. 
2.1 Modelo artigo de opinião – Desenvolvimento por motivo 
 Ficha técnica 
Modelo por motivo 
Quando usar? Quando o tema for sobre ideias e você tiver que expor uma ideia geral. Deverá apresentar 
quais os motivos que o levaram a defender tal tese e não outra. 
O que é necessário? Motivo não é causa material, embora, você possa se valer disso para fechar o 
argumento. Motivo se relaciona a crenças e conhecimento adquirido. Ou seja, é importante que você 
tenha domínio sobre um repertório de chave-interpretativas de áreas do conhecimento como história, 
geografia, filosofia e sociologia. 
Qual a finalidade? Dar razões para justificar a tomada de posição. 
 
 
Ao fazer a análise das propostas, a primeira divisão feita dizia respeito a temas que tinham como 
ponto de partida algo concreto, um fato, um artigo de jornal, uma propaganda, um projeto de lei. Nesses 
casos, você tem dois caminhos. Suponha esse tema: 
Taro Aso disse que os velhos deveriam apressar-se em morrer 
 
 
 
Ou você pode transformar em uma questão 
polêmica, e responder se ele tem razão ou não 
ou comenta o significado dessa frase 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 13 
Nos dois casos, você tem como ponto de partida, não um fato que deve ser julgado, mas uma ideia. 
Uma ideia não tem “causa”, portanto, você deve apresentar uma outra ideia, podemos chamar de 
“motivo”. Qual a motivação (crença, valores e teorias) que o leva a defender o que pretende defender 
no texto? 
 Um motivo refere-se às suas crenças ouembasamentos que você possui para dizer que prefere 
uma coisa à outra. A pergunta a ser respondida é: qual ideia da sociologia, filosofia etc., que eu conheço 
ou na qual acredito que possa dar sentido a esse fato? 
Ficha 1 
 
 
Ficha 2 
 
Ficha 3 
 
Fato: Taro Aso disse que os velhos deveriam se 
apressar a morrer 
Concordo com a lógica, discordo com a aceitação 
passiva dele 
Motivo: a lógica do capital impõe isso, mas é dever 
de cada um lutar contra desumanização capitalista 
Fato: Taro Aso disse que os velhos deveriam se apressar a 
morrer 
Qual o motivo de ele dizer isso: vivemos uma sociedade 
em que se programa a produtividade exige a juventude
Essa ideia pode-se aplicar ao problema considerado por 
Taro Aso.
Fato: Taro Aso disse que os velhos deveriam se apressar a 
morrer 
Qual o motivo de ele dizer isso: reificação própria do 
sistema capitalisa.
Qual o motivo de ele dizer isso: percepção errônea de 
que política deve atender à economia e não às pessoas.
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 14 
 Veja que em todos os três casos, o motivo filosófico sustenta a possível explicação do fenômeno. 
Não se trata apenas de citar o autor, mas mostra para o leitor que aquilo que a ideia abstrata é chave para 
interpretação do problema. 
Por que relacionei esse tipo de redação ao artigo de opinião? 
O artigo de opinião manifesta 2 traços muito importantes: a pessoalidade e o 
comentário a algo particular e cotidiano. Como a banca pediu que comentasse a fala 
do político japonês, você teria que, de algum modo, trazer essa discussão à baila. Um 
dos recursos possíveis é logo no primeiro parágrafo contextualizar o caso particular, mencionar o seu 
significado abstrato e começar a defender sua opinião, que nesse caso, serve para mostrar que ideia-
chave você usaria para tornar o fato significativo. Sacou? 
 
 
 Em 2013, o ministro de finanças japonês Taro Aso chocou grande parte 
do mundo ao dizer que os idosos deveriam "se apressar a morrer". Apesar do 
choque, porém, em um contexto marcado pela produtividade desenfreada e 
pela descartabilidade, as falas de Aso não são isoladas. Internalizando a lógica 
que as sustenta, então, é o próprio indivíduo quem passa a apenas conseguir 
se dar valor quando a reafirma. 
 Nesse sentido, as recentes declarações do político nipônico ecoam o 
mantra “produção-consumo-descarte”. Para consumir, é preciso produzir. Para 
consumir para sempre, são imperiosos o descarte e a obsolescência. Os 
produtos são diariamente inovados, recebendo números e extensões após seus 
nomes, e tomam o lugar daqueles cujo prazo de validade, mesmo que 
simbólico, já foi expirado. As pessoas, acostumadas a tal dinâmica, parecem 
julgar a si mesmas a partir do que a embasa, e lotam clínicas de estética e 
(re)formam seus rostos com antirrugas ou cremes “renew”. O velho, então, seja 
objeto ou gente, só tem sua existência legitimada se capturado, que o digam a 
expansão do “turismo para a melhor idade” e o “consumo vintage”, tão em 
voga hoje. Ou ele se torna novo e produz ou deve ceder seu espaço, deve 
“apressar-se a morrer”. 
 Dessa forma, Aso, imerso na vida sob a produtividade, junto com todas 
as outras vozes que o sustentam, afirma preferir morrer a viver sem poder 
pagar as próprias contas. Ele, como nós, está “pagando impostos”, logo, em seu 
raciocínio, tem sua existência validada; senão assim, não há vida possível. Em 
algum lugar, Drummond diz algo sobre haver duas épocas na vida em que a 
felicidade está numa caixa de bombons: a infância e a velhice, momentos em 
que a necessidade de produzir não mostrou todas as suas garras. Cercados, 
contudo, pelo mantra da produção, não há tempo para bombons. 
 Difícil, portanto, é desatrelar-se da produtividade. Engolidos por ela, 
tornamo-nos peças substituíveis de uma engrenagem de consumo e de 
Redação Exemplar 
Contextualização e 
apresentação da tese, 
ao responder à questão: 
o que essa fala de Taro 
Aso diz sobre nossa 
época 
Uso do conceito 
“produção-consumo-
descarte” como chave 
interpretativa. Explica o 
que isso significa e sua 
lógica 
Aplicação do conceito 
ao que Taro Aso disse. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 15 
produção. Senão como essas peças, todavia, nós mesmos já não conseguimos 
nos enxergar e conceber como coisa alguma. 
2.2 Modelo Enem 
 Ficha técnica 
Modelo Enem 
Quando usar? Quando você desejar comentar um tema. Ou seja, não consegue pensar em chaves 
interpretativas, mas tem algo a dizer sobre o assunto tomando mais de um aspecto, já que o modelo 
Enem supõe 2 argumentos distintos que podem ou não ser complementares. O uso de conectivos 
como “primeiramente” e “além disso”, em cada um dos parágrafos de desenvolvimento marcam um 
texto fraturado, no qual se comenta a tese. 
O que é necessário? Pelos menos dois núcleos argumentativos que permitem bom desenvolvimento. 
Qual a finalidade? Comentar uma determinada posição, mostrando que você tem algo de interessante 
para dizer a respeito. 
O Enem acabou se tornando uma referência de produção de texto. O tipo de proposta levou os 
candidatos a criarem esquemas de produção de texto. A banca propõe uma situação-problema diante da 
qual, o candidato deve reconhecer que a questão é grave e deve ser enfrentada. Nesse sentido, o 
candidato assume uma tese já pronta e deve, portanto, comentá-la a partir de estratégias diferentes e 
não complementares. Isso levou à configuração de um tipo de dissertação bastante marcada
 
 Impossível evitar que tal esquema não seja adotado também em outros vestibulares. No último 
vestibular da FUVEST, a banca pediu que o candidato respondesse à seguinte questão: O mundo 
contemporâneo está fora da ordem? 
 Não se tratava de uma situação-problema, mas uma questão polêmica que deveria ser respondida 
com uma tese de cunho pessoal. Tendo definido a tese, o desenvolvimento poderia se configurar da 
forma como ocorre no Enem. Lógico que essa estrutura não é a garantia de nota acima da média, mas ela 
permite que motivos bem explorados possam ser apresentados permitindo que a tese possa ser provada. 
Situação problema
Citação + apresentação do problema que existe na sociedade e deve ser 
resolvido.
Começo do parágrafo com "Primeiramente" (ou algo semelhante) e 
desenvolvimento de uma das estratégias argumentativas, como causa, 
consequência, analogia etc. 
Começo do parágrafo com "Em segundo lugar" (ou algo semelhante) e 
desenvolvimento de uma das estratégias argumentativas, como causa, 
consquência, analogia etc. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 16 
 Uma das redações que teve nota 48, segundo um caderno publicado pela turma 109 da 
Faculdade de Medicina da USP, tinha a seguinte estrutura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A redação do candidato pode ser observada abaixo. Observe que a estrutura do Enem é até 
perceptível, mas o que realmente conquistou a nota foi a intrincada relação que o candidato estabeleceu 
entre sistema econômico (capitalismo, autoritarismo, negacionismo e intolerância. Esses três subtemas 
são autônomos por si, mas, ao chegar ao último parágrafo, ele consegue reunir todos para deixar claro 
que vivemos num mundo fora da ordem. 
 Antes ler, vai uma recomendação. Não se assuste com o repertório desse autor. Podemos 
encontrar entre as redações acima da média, textos bastante densos e outros mais simples. Escolhi esse 
caso, para mostrar que ao utilizar o modelo Enem, a nota será definida pela capacidade de explorar os 
núcleos argumentativos. 
A naturalização do caos 
 É perceptível a mudança dos hábitos da sociedade que colaboram na 
compreensão caótica das relações sociais na atualidade. A naturalização dos 
fenômenos sociais que levam a esse entendimento, de acordo com o sociólogo 
Pierre Bourdieu, é decorrente da continuidade e regularidade de determinadas 
práticas sociais. Sob essa premissa, é possível analisar os fenômenos 
contemporâneosde grande problemática, como o ressurgimento do 
negacionismo e a ascensão do autoritarismo e de diversas formas de 
preconceito; todavia, é viável englobá-los em duas grandes causas, que são 
Redação Exemplar 
Apresentação de tese 
de forma sútil. O 
mundo é caótico, ou 
seja, está fora da 
ordem. 
Afirma a desordem 
pelo negacionismo e 
autoritarismo, e 
apresenta Argumento 
1 e 2:influência do 
mercado e 
reducionismo social 
Tese: o mundo está em desordem . Argumento 1: a 
sociedade de mercado produz reificação e exclusão. 
Argumento 2: negacionismo que leva à intolerância. 
Argumento 1 : Argumento 1: a sociedade de mercado 
produz reificação e exclusão 
Argumento 2: negacionismo que leva a intolerância. 
Conclusão: a desordem provém da naturalização das 
causas naturalizadas.
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 17 
influência mercadológica e o reducionismo social, que, por conta de repetidas 
práticas relacionadas a elas, causam essa desordem global. 
Inicialmente, é válido destacar que a sociedade atual é influenciada pelo 
sistema socioeconômico que a conduz. Nesse sentido, a "sociedade de 
mercado", como compreendida pelo filósofo Michael Foucault, sofre com a 
aplicação da óptica capitalista nas relações humanas. Dá-se como exemplo 
desse fenômeno — entendido como a coisificação das pessoas — o tratamento 
pessoal baseado em interesses, pois, para essa sociedade, o que não como 
efeito a lucratividade deve ser descartado. Sendo assim, mais do que a apatia 
visivelmente generalizada nas situações cotidianas que não geram lucro — 
como a simples saudação, cada vez mais ausente, no elevador — o desprezo 
com as minorias e grupos socialmente frágeis, a exemplo da população de rua 
e os deficientes, é a marca desse fenômeno. 
38 Ademais, sob um olhar mais atento, percebe-se que a naturalização de 
certas práticas é oriunda da negação e da incompreensão dos fatores a elas 
atrelados. Segundo o sociólogo francês Jean Baudrillard, uma das 
características da sociedade da era da pós-modernidade é a visão reducionista 
sobre os fatos sociais. Isso significa que o tecido social deixou de julgar os 
fenômenos que atuam dentro dele com a complexidade que lhes são 
peculiares, comportamento esse que diversas vezes se resume em considera-
los "mi-mi-mi" (como comumente dito). Por conseguinte, as lutas sociais e as 
reivindicações coletivas são corriqueiramente ignoradas, pois a visão tornou se 
limitada ao prático e ao efeito sobre si, e não pensada na coletividade e na 
diversidade. 
Portanto, a imersão do mundo atual na desordem provém da 
naturalização de suas próprias causas. Consoante a isso, relaciona-se os 
problemas que acarretaram nessa situação à consciência mercadológica e 
reducionista da sociedade e de seus governantes. Espera-se, no entanto, que 
essa realidade seja revertida com a inicial ruptura dessa limitação crítica dos 
fenômenos na sociedade, devido ao efeito que os movimentos sociais têm 
atingido ao desnaturalizar e denunciar certas práticas, atingindo-se, assim, uma 
visão humanizada sobre o mundo que pode retirá-lo desse caos. 
 2.3 Redação por causa 
 Ficha técnica 
Modelo por causa 
Quando usar? Há algumas possibilidades de uso: quando as causas (1) servirem como motivos para se 
defender uma tese; (2) revelarem algo que não perceberíamos na realidade o que permitiria um 
julgamento do fato propostos; (3) tornarem evidentes fatores contra os quais devemos reagir, entre 
outras 
“Incialmente”, marca 
de argumentos 
divididos, típico do 
modelo Enem. Segue-
se tópico frasal que 
retoma argumento 1. 
O parágrafo explica 
essa ideia. 
“Ademais”, marca o 
segundo argumento. 
Novamente, percebe-
se o uso do tópico 
frasal e o 
desenvolvimento logo 
a seguir. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 18 
O que é necessário? Bom conhecimento de causas do fenômeno. Não confundir causa com 
consequência. Por exemplo: o Nordeste apresentar menor índice de desenvolvimento e isso é a causa 
de pouco investimento lá; ou há pouco investimento e essa é a causa do menor índice de 
desenvolvimento? 
Finalidade? Sensibilizar o leitor para possíveis formas de combater o problema; ou para a gravidade da 
questão. 
 
Na redação anterior, o autor fez um bem bolado entre modelos: Enem e o modelo por causa. A 
densidade das ideias talvez não tenha permitido perceber o segundo tipo de desenvolvimento. Vamos 
então a uma das formas mais tradicionais de argumentação, considerando um texto mais simples. 
 Acho que você já percebeu que a escolha por um modelo e não outro depende da proposta e do 
tema escolhido. Vamos considerar um dos temas mais explorados em vestibulares: 
A violência contra a mulher 
 Taí um tema que permite uma gama interessante de desenvolvimentos. A grande questão que 
sempre deveria nortear a reflexão de quem vai escrever é: qual a finalidade desse texto? Suponha que 
seja sensibilizar o leitor para o enfrentamento do problema. Nesse caso, dois desenvolvimentos são 
possíveis: um que torne evidente o problema com números e casos particulares; ou aquele que considere 
as causas mostrando sua origem injusta de tal forma que o leitor comece a reconhecer não só a questão, 
mas também a possibilidade de enfrentamento. Nesse último caso, teríamos um modelo de 
desenvolvimento por causa. 
 A pergunta que deve ser feita é: o que produziu esse fenômeno? Lembre-se de que questões 
sociais em inúmeras causas. Comece pensando em categorias: causas históricas, culturais, econômicas, 
políticas, éticas, sociais, tecnológicas etc. Esse rol de categorias deve forçar o seu pensamento. Será que 
você não encontra nenhuma causa nessa enumeração? 
 Considerando o tema, talvez chegássemos a núcleos argumentativos rapidamente 
 Causa histórica: o patriarcalismo dos europeus. 
 Causa cultural: crença na inferioridade da mulher desde os gregos. 
 Causa econômica: a mulher, por conta da gravidez, tem alguma restrição de produtividade no 
trabalho, isso foi sempre considerado como fator que a inferioriza; no capitalismo, a mulher serviu como 
mão de obra mais barata. 
 Causa política: sem representação no Estado, as mulheres não conseguiram aprovação de leis que 
as beneficiasse. 
 Causa ética: os homens sempre se consideraram com superiores às mulheres. 
 Sociais: a estrutura de distribuição social de tarefas reforçou o lugar da mulher como sendo o do 
lar; ela só poderia ser professora (educação) ou cuidadora (saúde). 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 19 
 Tecnológicas: as mulheres foram excluídas do conhecimento tecnológico, considerado como 
sendo “coisa de homem”. 
 A partir dessas respostas, agora você deveria considerar qual faria mais sentido no seu texto, de 
acordo com sua tese. O critério passa a ser qual causa se relaciona mais diretamente com a violência, e 
se a causa escolhida permite desenvolver um argumento em seu percurso completo: afirmação inicial 
(por exemplo, “a violência contra a mulher decorre da crença de inferioridade de gênero); prova concreta, 
ou apresentação de motivos; e relação entre prova/motivo e o que se afirmou inicialmente como 
subtema. 
 Vamos considerar o seguinte esquema. 
 
 
Ideia de feminino 
 
 No ano de 2012, foram registradas, em média, duas ocorrências por 
hora envolvendo violência sexual contra a mulher, apenas no SUS. Somado a 
esse fato, pesquisas recentes revelam que 25% dos brasileiros acreditam que 
meninas com "roupas provocantes” merecem ser atacadas. Apesar de 
aparentemente desconexos, esses dois números revelam a persistência da 
violência de gênero, frutos de causas que evocam a herança cultural. 
 
 A sociedade patriarcal ajuda a explicar esse quadro. Os portugueses, 
que estruturam os valores nascentes do Brasil, tinham a concepção clara de 
que o espaço da casa era o espaço da mulher. Só recentemente, as mulheres 
começaram a conquistar o espaço político, econômico e profissional. Isso 
significaque há ainda muitos homens as veem como associadas ao lar, no qual, 
eles devem reinar soberanos. 
 
 Entretanto, não s pode deixar de lado a contribuição do próprio sexo 
feminino, contra ele mesmo, para essa situação. Muitas ainda se delegam a 
obrigação de cuidar do lar e tem preconceito com as "roupas provocantes" de 
mulheres que lutam para legitimar os desejos e vontades femininas. Ao mesmo 
tempo, mulheres em programas televisivos, que aceitam ser reduzidas a corpos 
para olhar do macho, reafirmam o senso comum de que roupa provocante não 
é uma questão de escolha, mas adequação submissa aos desejos do outro. Ora 
Tema violência contra a mulher 
Causa 1: sociedade patriarcal (brasileira, ocidental, 
cristã etc) 
Causa 2: falta de posicionamento cultural das 
mulheres 
Redação Exemplar 
Na introdução, o autor 
já apresenta qual vai ser 
o percurso: o das causas. 
Ele se justifica, pois na 
conclusão se propõe 
uma ação para mudança 
de paradigma. Sendo 
assim é importante 
conhecer as causas. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 20 
enquanto, a mulher não conquistar um espaço de respeito, aqueles que se 
consideram superiores continuarão a acreditar que tem direitos que se não 
forem reconhecidos, podem se impor pelo poder, ou violência. 
 Ou seja, o quadro inaceitável de agressão contra o "sexo frágil tem 
raízes culturais, no pensamento, muito bem instaladas. Cabe aos homens e 
mulheres mudar os paradigmas. Os homens devem entender que a mulher 
merece dividir o espaço com eles em todas as áreas em que eles atuam e cabe 
as mulheres lutar pela liberdade de vestir o que desejar e não ser mais um 
simples objeto para o olhar masculino. 
2.4. Redação por fatos 
 Ficha técnica 
Modelo por fatos 
Quando usar? Quando você deseja apresentar causas que sejam históricas; quando você deseja que o 
leitor perceba algo da realidade que ele não percebia, pois, a comparação entre passado e presente 
sempre faz emergir novos significados. 
O que é necessário? Bom conhecimento de história. História significa ancorar um fato no tempo e 
espaço. Quando for possível, gaste algumas linhas descrevendo o fato aludido, a partir das seguintes 
perguntas: O quê? Quando? Onde? De que forma? Com quais consequências? Lembre-se de selecionar 
o que é importante no fato para o desenvolvimento da tese. 
Finalidade? No caso, da redação comparativa por fatos, fazer o leitor perceber algo que ele não 
reconhecia. 
 O modelo de redação desenvolvido por fatos nada mais é do que uma variação do 
desenvolvimento por causas. Lógico que fatos podem também representar evidências dentro de uma 
argumentação menor. Por exemplo, alguém numa redação desenvolvida por consequência usa um fato 
para fazer uma analogia do que acontecerá. Mas como matéria bruta, os fatos, por serem históricos, são 
bastante utilizados como causas do fenômeno evocado. 
 Nesse caso, é preciso ter em mente os fatos mais importantes ao se considerar os temas atuais. 
Que fatos seriam esses? Aqueles que aparecem como causas dos grandes problemas discutidos hoje. 
Alguns são de muito valor como chaves explicativas, vou destacar os mais importantes dentre vários: 
 -Revolução Industrial e urbanização; 
 -Iluminismo com as ideias dos direitos; 
 - A conquista dos direitos políticos por todos; 
 - A construção e a destruição do Estado de bem-estar social; 
 - Nazismo e seus pressupostos autoritários; 
 - A revolução tecnológica; 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 21 
 - As várias ondas de Globalização e suas consequências. 
O que a história poderia nos dizer sobre o tema proposto: 
Informações manipuladas em época de internet e necessidade 
de vigilância 
 Ora, ao observar o que se passou no passado, quando não havia internet, é possível perceber que 
a tentativa de manipular informações não é nova. Lógico que isso nos levaria a outra pergunta: qual a 
novidade de nossa época? As formas de relacionamento criadas pelas redes sociais baseadas em bolhas 
e os novos atores sociais que antes não manifestavam seus pontos de vista de forma tão contundente. 
 A redação inteira poderia ser desenvolvida para fazer surgir esse aspecto que só é reconhecível 
quando trabalhamos a perspectiva histórica. 
 Em todo caso, selecionei uma redação acima da média de 2008, quando o fenômeno da bolha não 
era tão evidente. O que o escritor percebeu ao apelar para a comparação com fatos passados? Que a 
batalha pelas informações é própria das sociedades modernas, e que a vigilância em relação ao 
conhecimento a que temos acesso deve ser mantido. 
Vamos considerar o seguinte esquema. 
 
 
 
Informação e Liberdade de expressão – Novos desafios 
 O desenvolvimento tecnológico, em particular no setor de informática, 
criou novos parâmetros para o debate sobre o direito à liberdade de expressão. 
Manipulação de informação não é algo novo
Fato histórico: Globo foi co-responsável por uma 
eleição 
Fato: A revista Veja reconhecidamente alterou dados
Conclusão: Sempre houve manipulação; com a 
internet, outros atores sociais podem exercer o direito 
de expor e de manipular informações, não só as 
grandes corporações
Redação Exemplar 
Indicação de qual será 
o caminho de 
desenvolvimento 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 22 
Hoje, o acesso à informação é muito maior do que em relação a épocas 
anteriores. Portais de internet, como o da Biblioteca Digital Mundial, tornam a 
representar um enorme passo ao direito à informação séria e relevante para 
amplas camadas da população. Ao mesmo tempo, o risco da manipulação das 
informações também cresceu e isso tem preocupado muitos comentaristas e 
analistas do setor. 
 O fenômeno da manipulação das informações difundido massivamente, 
no entanto, não é um fenômeno novo. A história mostra como a concentração 
em poucas mãos, o verdadeiro monopólio dos meios de comunicação, não 
resolve o problema podendo até piorar a situação. A televisão ainda é o meio 
da comunicação de massas por excelência no Brasil e continua restrita a 
pouquíssimas mãos. Nesse meio, os exemplos de manipulação de informações 
são números. Besta citar nossos emblemáticos da (não) cobertura da 
campanha das "Diretas Já” pela Rede Globo em 1984, ou então da reconhecida 
edição manipulada do debate final na TV nas eleições presidenciais de 1939. 
 Stephen Kanitz, em artigo recente de veja (03/10/2007), nos aconselha 
o manter uma permanente vigilância para separar o Joio do trigo diante da 
avalanche de informação que recebemos e acaba insinuando que somente 
opiniões amparadas no rigor científico poderiam ser difundidas. O problema é 
quem julga a pertinência e seriedade das informações e a partir de que 
critérios. Pelos parâmetros de Kanitz, a própria revista Veja corria sério risco de 
ser banida ou taxada como fonte questionável de informações, tamanha sua 
parcialidade e pouco compromisso com critérios jornalísticos sérios. O exemplo 
mais recente no caso da Veja foi a polêmica matéria de capa sobre o aniversário 
da morte de Ernesto " Che " Guevara recheada da mais sensacionalista da 
imprensa "marrom". 
 À Internet e outros meios contribuem para quebrar o monopólio da 
mídia e abrem espaço para a diversidade de ideias e opiniões Como tudo na 
sociedade, os meios de comunicação refletem, de uma forma ou de outra, 
interesses de valores e camadas sociais. À Internet permite que um setor social 
excluído dos meios de comunicação possa expressar - se, inclusive para 
defender a democratização radical dos meios de comunicação. Isso deixa muita 
gente preocupada. E com razão! 
 
2.5 Redação por consequência 
Ficha técnica 
Modelo por consequência 
Quando usar? Quando você desejar mostrara a gravidade de uma determinada circunstância a ser 
comentada; ou, ao contrário, mostrar que se forem adotadas determinadas práticas, haverá benefícios. 
Frase que abre a 
possibilidade de 
comparação 
Fato histórico 
bem 
apresentado,respondendo: O 
quê? Quem? 
Quando? Onde? 
Como? 
Conclusão interessante. 
As informações falsas 
eram prerrogativas das 
grandes corporações. Na 
época da Internet, 
podem atender à vários 
grupos. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 23 
O que é necessário? Bom conhecimento das consequências e capacidade de mostrar a relação causal 
entre o fato comentado o evento final. É preciso descrever bem processos e capacidade de relacionar 
etapas. A pergunta a se fazer é: quais consequências podem advir disso? 
Finalidade? Mostrar a gravidade de algo (o mais comum). 
 Novamente, perceba a relação entre proposta e escolha por percurso argumentativo. O modelo 
desenvolvido por consequência se adequa a temas que giram em torno de problemas contemporâneos, 
como por exemplo o ambiental. 
 É importante destacar que dificilmente, você encontrará um tema que você pode desenvolver 
somente por consequência sem apelar inicialmente para os motivos ou causas. Por exemplo, para se falar 
da desordem mundial, você precisaria escolher algum elemento dessa desordem para daí apontar a 
consequência dele. Ou seja, você deveria primeiro apontar sumariamente um motivo/causa para afirmar 
a desordem, para, a partir desse elemento escolhido, deduzir ou apontar consequências. 
 A estrutura desse tipo de redação não é muito diferente da desenvolvida por causa. Tomando por 
base o tema de 2021 da FUVEST sobre a desordem/ordem mundial, teríamos: 
 
 
 
 
 
Algumas faces da desordem mundial 
 
 Costuma-se nomear o momento histórico atual como Nova Ordem 
Mundial. Oriunda do pós-guerra fria, essa nova ordem é pautada, dentre outros 
aspectos, por uma intensa liberalização da economia, flexibilização das leis 
trabalhistas e pela intensa exploração dos recursos naturais. Tais 
características, entretanto, direcionam verdadeiramente para uma desordem 
mundial, na qual a intensa precarização do trabalho aprofunda ainda mais a já 
abissal desigualdade social e a exploração desmedida do meio ambiente agride 
ainda mais os já combalidos ecossistemas. 
 Pela ótica econômica, essa nova desordem mundial precariza as 
relações trabalhistas ao extinguir direitos e garantias conquistadas 
arduamente. No Brasil, por exemplo, a recente reforma trabalhista aprovada 
pelo Congresso Nacional possibilitou a diminuição das estabilidades 
empregatícias, contribuindo para a chamada “uberização do trabalhador”, que 
Há desordem mundial, devido à precarização do 
trabalho e degradação ambiental 
Consequências da precarização do trabalho 
Consequências da degradação ambiental 
Redação Exemplar 
Tese + causas/motivos 
- Precarização do trabalho 
- Meio ambiente 
Consequências da 
uberização 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 24 
possibilita a exploração da mão de obrassem que haja um vínculo empregatício 
formal entre patrão e empregados. Isso é verificado na prática pelo aumento 
de trabalhadores informais, como motoristas da Uber e outros aplicativos de 
entrega, durante a pandemia do novo coronavírus, na qual as empresas não 
forneciam as devidas condições de higiene para seus funcionários informais. 
 Já pela ótica ambiental, os frequentes desastres ambientais verificados 
no século XXI são apresentados pelos cientistas como evidências das mudanças 
climáticas aceleradas pelos modelos exploratórios dessa desordem mundial. A 
busca desenfreada por lucro, uma marca das grandes empresas que existem 
atualmente, não respeita a regeneração natural dos ecossistemas terrestres, 
provocando seu colapso. Atualmente, no Brasil, menos de 20% do Cerrado está 
preservado, dedicando os outros 80% para o cultivo de soja e gado, 
evidenciando a hegemonia do lucro obre a natureza. 
 A Nova Ordem existente no mundo contemporâneo, portanto, não se 
verifica sob os aspectos econômicos, por precarizar as relações trabalhistas, tão 
pouco pela ótica ambiental, por colapsar os ecossistemas. No fim, o setor mais 
fragilizado da sociedade, a classe trabalhadora, e o meio ambiente são 
verdadeiros alvos da desordem provocada por esse modelo contemporâneo 
exploratório. 
2.6 Redação por exemplificação 
Ficha técnica 
Modelo por exemplificação 
Quando usar? Esse é um modelo de utilização bem restrita. Normalmente, usamos a exemplificação 
quando estamos considerando um tema bastante abstrato e a banca pede uma análise. Por exemplo, o 
tema da camarotização ou da catraca poderiam ser desenvolvidos por esse modelo. Há ainda um outro 
uso, quando se tem ideias diferentes sobre um tema e deseja-se ilustrar rapidamente cada uma das 
ideias. 
O que é necessário? Saber lidar com os recursos da exemplificação. Exemplos são tirados de fatos do 
cotidiano, de histórias de ficção, filmes etc. 
Finalidade? Tornar clara uma ideia. 
 Uma redação por exemplificação não é tão comum. Ela atende, sobretudo, àquelas propostas 
analíticas que exigem de o candidato relacionar termos. Considere aquela proposta da PUC que exigia a 
discussão entre humor e liberdade de expressão e ética. O candidato poderia desenvolver o primeiro 
tópico, humor e liberdade de expressão – através de um exemplo, a liberdade necessária para o Charlie 
Hebdo fazer seu humor é poder brincar com a figura de Maomé; ou a possibilidade de a trupe “Porta dos 
fundos” criar esquetes engraçadas se funda justamente na capacidade de fazer graça de tudo. Para tanto, 
você poderia se valer da descrição de uma charge da revista ou de um episódio. 
 No próximo parágrafo, poderia fazer a mesma coisa com a relação entre humor e ética. 
Consequências da 
busca por lucro: 
devastação do meio 
ambiente, 
desaparecimento de 
ecossistemas e 
mudanças climáticas 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 25 
 Lógico que sempre há uma relação entre motivo e exemplo. Você apresenta o motivo (subtema) 
e depois o exemplo. Observe o esquema abaixo. Ele reflete uma redação publicada pela FUVEST com 
acima da média, que respondia à questão: mundo por imagens, qual o papel das imagens na nossa vida? 
 
 
 
Sem Limites 
 Não há limite para o imaginário humano. Mesmo em condições 
adversas, o homem é capaz de criar representações da realidade, seja com a 
intenção de mudar uma situação vigente, seja para sair da rotina monótona do 
cotidiano ou fugir de uma realidade hostil à vida. Essas imagens exercem um 
importante papel na alma humana, ao que vão muito além da conotação 
recreativa, elas fomentam a esperança e em alguns casos, podem determinar 
a sobrevivência de um indivíduo. 
 No filme "A vida é bela", cujo contexto é vó da Segunda Guerra Mundial, 
um homem prisioneiro em um campo de concentração, tece uma gama de 
imagens positivas e divertidas para que seu filho, uma criança, possa estar em 
meio a uma brincadeira. Nesse caso, a fuga da realidade por meio da 
inventividade humana, significou o acolhimento do indivíduo, mas isso lhe 
garantiu a sobrevivência, pois o garoto resiste até o fim para que possa receber 
sua recompensa. 
 Em "O náufrago”, o personagem interpretado por Tom Hanks, imagina 
uma bola falante, dotada de pensamentos, a qual foi dado o nome "Wilson". 
Essa criação do náufrago evitou que a solidão o levasse à loucura e ao suicídio 
até ser resgatado. Ambos os exemplos dados são substituições da realidade por 
imagens visando o "eu", assim como ocorre na sociedade atual, em que o 
As imagens podem fomentar esperança e podem 
determinar a sobrevivência 
As imagens podem fomentar esperança (motivo 
abstrato), no filme A vida é bela, a imagem permite ter 
esperança no nazismo (exemplo)
As imagens podem ajudar na sobrevivência (motivo 
abstrato), no filme, O náufrago, o protagonista sobrevive 
porque cria um amigo imaginário. 
Utopia também é imagem (motivo abstrato), Martin 
Luher King, ao falar sobre sonho, insuflou a vontade de 
mudar que gerou mudança efetiva; 
Redação Exemplar 
Tese que reforça o 
caráter positivo das 
imagens 
Ideia abstrata do 
exemplo apresentado 
acima, como filme 
Ideia abstrata do 
exemplo apresentado 
acima, com o filme 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 26 
individualismo cresce, a competição acirra-se e cria-se uma realidade hostil, a 
fuga torna-se uma questão de sobrevivência. 
 Luter King ao proferir a frase "I Have a dream" referia-se à imagem 
criada por ele de um mundo melhor, em que o convívio entre brancos e negros 
fosse pacífico. A realidade, entretanto, era marcada por um verdadeiro 
apartheid, ataques de organizações como a Ku Klux Klan, numa espécie de 
"caça às bruxas". Após King, muito da intolerância diminuiu. A imagem criada 
por um homem salvou o coletivo. 
 Dessa forma, nem somente para fugir da realidade servem as imagens. 
Elas exercem papel fundamental na transformação do mundo, o qual de hostil 
pode tornar-se melhor, como o conseguido por King. 
2.7 Redação contra-argumentativa 
 
Ficha técnica 
Modelo por contra-argumentação 
Quando usar? Se você tiver conhecimento dos argumentos favoráveis e contrários a determinada tese. 
O que é necessário? Saber contra-argumentar, retomando a ideia do seu oponente e a desmontando a 
partir do seu ponto fraco. 
Finalidade? Provar sua tese a partir da fraqueza da do seu oponente. 
 A redação contra-arguimentativa é um dos modelos mais interessantes do ponto de vista da 
essência da dissertação, pois lida-se o tempo todo com recursos lógico-argumentativos. Além disso, como 
o tema é apresentado em forma de polêmica, não resta dúvida para o leitor sobre o posicionamento de 
quem escreve. 
 A melhor maneira de começar o texto o texto é apresentando o tema e o que dizem os oponentes. 
Normalmente, selecionamos dois argumentos contrários possíveis de serem derrubados e, no 
desenvolvimento, faz-se a contra-argumentação. Há alguns procedimentos linguísticos básicos para 
caracterizar o jogo entre eu-oponente. Deve-se nomear esse “outro” de forma geral. As expressões mais 
comuns para isso sãos “os críticos costumam dizer”, “muitos afirmam”, “os defensores são unânimes em 
afirmar”, etc. 
 Mas não é só através desse recurso que atribuímos palavras a esse outro. O uso dos verbos no 
futuro do pretérito reforça essa marcação de vozes diferentes dentro do texto. Termos como “isso seria”, 
tal fato proporcionaria” etc, deixam claro que trata-se da opinião do oponente. 
 Retomando o tema de 2008 
Informações manipuladas em época de internet e necessidade 
de vigilância 
 Vejamos um esquema possível de redação contra argumentativa 
Ideia abstrata do 
exemplo apresentado 
acima, com o filme 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 27 
 
 
 
 
 
Postura Crítica 
 
É comum ouvirmos dos defensores do mundo virtual que uma das 
características mais marcantes do desenvolvimento alcançado pelos meios de 
comunicação digitais é a impressionante capacidade de divulgação das mais 
diversas informações. Nesse sentido, a internet além de ser fonte de 
conhecimentos nunca antes alcançados, ainda permitiria a democratização das 
informações que estão disponíveis a qualquer um sem barreiras sociais 
evidentes. 
 O acesso aos modernos meios de comunicação, sintetizados na 
expressão mundo digital representa, de fato, um ganho significativo, na medida 
em que possibilita uma extensa propagação de conhecimento e celebra a 
liberdade de expressão. No entanto, costumeiramente confundimos a 
liberdade de expressão com o direito de divulgarmos informações sem a 
preocupação com a sua veracidade. 
 O acúmulo de informações inverídicas disponibilizadas, por exemplo, na 
internet, contribui para o abafamento de fontes confiáveis e comprometidas 
com a divulgação de fatos comprovados, gerando desinformação. O volume 
exagerado de informação passava confusão, diminuindo nossas chances de 
selecionar o que realmente possui alguma validade. 
 O convívio com esse bombardeamento conduz a uma aceitação passiva. 
E isso limita qualquer traço democrático. Além de o acesso à internet ser 
restrito a quem pode pagar, esse mundo de informações só pode ser melhor 
aproveitado por quem pode estar preparado para filtrar informações a partir 
de uma formação escolar de qualidade. Em um país em que desigualdade social 
também significa carência educacional, a desinformação acaba tendo traços de 
classe social. 
 O mundo digital é fonte de grandes e inegáveis benefícios, porém, 
devemos ser críticos diante daquilo que esse mundo nos oferece. Apenas essa 
criticidade é capaz de redefinir os usos da tecnologia para que ela possa nos 
beneficiar. 
Dizem que a internet permite o acesso a informações nunca 
antes discponíveis e ela democratiza o acesso.
As informações podem ser falsa e o acúmulo de ideias sem 
relevância acabam por limitar a vantagem 
O acesso à boa informação exige uma formação a qual as 
pessoas de baixa renda não têm, ou seja, essa 
democratização é parcial. 
Redação Exemplar 
Marcas de atribuição 
de ideia ao outro 
Dois argumentos a 
favor da internet: 
quantidade de 
informação e 
democratização 
A partir do “no 
entanto”, 
começa a contra 
argumentação, 
atacando os dois 
argumentos 
elencados na 
introdução 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 28 
2.8 Redação concessiva 
Ficha técnica 
Modelo por exemplificação 
Quando usar? Quando você reconhece que há vantagens e desvantagens relacionadas ao tema 
polêmico, e entende que a questão é complexa. 
O que é necessário? Saber organizar bem o texto para que o leitor não fique com a impressão de que foi 
feita simplesmente uma enumeração de prós e contras. A tese, na qual se percebe a tomada de 
posição, deve ficar clara e o argumento que dá suporte à opinião deve ser melhor desenvolvido. 
Finalidade? Mostrar que, apesar de ter sua opinião, você tem uma visão equilibrada sobre o assunto. 
 Estamos diante de outro modelo que lida com ideias contrárias. Mas, nesse caso, você não vai 
tentar derrubar a argumentação contrária. Você deve reconhecer que seu oponente tem razão em algum 
aspecto para em seguida apresentar um outro ponto de vista sobre o assunto que o leva a decidir por 
algum lado, que deve ficar claro para o leitor. 
 Preste atenção na função importante que conectivos adversativos (mas, no entanto, porém etc) e 
concessivos (apesar de, embora) assumem nesse tipo de redação. 
 Considerando ainda o tema do modelo anterior, considere como seria o esquema dessa redação. 
 
 
 
Cautela Digital 
 
O mundo digital se tornou uma realidade difundida em todo o planeta. 
Vivemos uma era em que o principal meio de informação é a internet. É 
verdade que nela encontram-se muitas informações importantes, 
conhecimentos de qualquer tipo, notícias das mais variadas, porém nem 
A internet permite acessar muitas informações, mas elas 
nem sempre estão corretas.
A utilidade da internet no mundo. 
Contudo, tal utilidade pode se tornar um problema grave 
(parágrafo melhor desenvolvido)
Conclusão: é essencial o cuidado com a informação 
ja que o perigo é grande.
Redação Exemplar 
Introdução já traz as 
ideias opostas. Uso 
importante de 
conectivos 
adversativos ou 
concessivos. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 29 
sempre elas são corretas. Qualquer pessoa pode lançar na rede o texto que 
quiser, sendo ela qualificada ou não para discorrer sobre determinado assunto. 
É por isso que se torna necessária uma crítica maior ao se utilizar as 
informações e conteúdo da internet. 
 É inegável a utilidade da internet para a difusão de conhecimento e até 
cultura no mundo contemporâneo. De uma forma rápida e fácil consegue-se 
encontrar a informação que se precisa, desde uma simples receita de bolo até 
notícias praticamente instantâneas sobre o mercado financeiro. Pesquisas 
escolares tornam-se muito menos complicadas, principalmente com a 
formação das bibliotecas digitais – o exemplo pode-se citar a Biblioteca Digital 
Mundial, inciativa da ONU, que disponibilizará mapas, fotos e até livrosde todo 
o mundo – fontes seguras e confiáveis que ampliam o acesso a cultura mundial, 
informações corretas e também promovem a inclusão social. 
 Entretanto, tal utilidade pode se tornar um problema quando se 
consultam de informações incorretas e muitas vezes absurdas, provenientes de 
fontes não-qualificadas. A internet é muito mais ampla e possibilita as pessoas 
publicarem textos e opiniões de sua própria autoria, sem a existência de 
nenhuma fiscalização para verificar a veracidade dos mesmos. Isso torna-se até 
perigoso quando se trata da saúde. Já houve casos em que a anorexia e bulimia, 
distúrbios alimentares, foram promovidos em garotas que desejavam 
emagrece, devido a um “blog” - feito por outras garotas com os mesmos 
distúrbios -, um diário eletrônico. 
 Dessa forma, a internet deve ser consultada e difundida para que cada 
vez mais pessoas tenham acesso ao seu conteúdo; informação e 
conhecimentos, e sejam incluídas na Era Informacional do mundo globalizado; 
mas é essencial que as consultas a esse material digital sejam feitas com 
cautela, com um mínimo de desconfiança, para evitar prejuízos. Para tanto, 
deve-se procurar o que se deseja em diversas fontes, comparar os resultados 
obtidos antes de chegar a uma conclusão, e, principalmente, saber que para 
assuntos realmente importantes, como a saúde, é preciso consultar 
especialistas. 
3. Repertório: como selecionar 
 Incialmente, minha ideia era selecionar para você alguns repertórios que poderiam ser funcionais 
na redação. Mas infelizmente, esse projeto talvez tenha que ficar para o próximo ano no que diz respeito 
ao material escrito, pois no canal do Estratégia já marquei um mínimo de 5 aulas para discorrer sobre 
repertório e escrita, material que será disponibilizado. 
 Sendo assim, resolvi, neste tópico, dar algumas instruções de como escolher um repertório 
apropriado e de onde tirar essas informações. 
3.1 Repertório baseado em evidência 
 Para que serve repertório? 
Argumento a favor 
da internet 
Introdução do 
argumento 
desfavorável à 
internet através de 
um conectivo de 
contradição. 
A conclusão reafirma 
de algum modo o 
traço negativo, já 
que propõe forma 
de lidar com o 
problema. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 30 
 Bem, para responder a essa pergunta, a gente deve dar uns passos atrás. Uma dissertação é um 
texto no qual você deve apresentar uma opinião e defendê-la, segundo critérios racionais. Isso significa 
que você produzirá uma frase (tese) em que você considera o tema e depois predica esse tema, diz algo 
a respeito dele. 
 Até aí é algo extremamente particular. O texto científico ou de cunho racional deve ser algo que 
almeje universalidade, ou seja, um texto que apresente provas aceitas tradicionalmente ou pela sua 
construção coerente. Você deve dar motivos para afirmar o que afirmou e baseá-los em algo que seja 
evidente (fatos) ou em ideias que tornam seu juízo aceitável pelo público que vai ler seu texto. 
 No caso da evidência – fatos, estatísticas e exemplos – o repertório tem a ver com aquelas 
informações que você adquiriu nos jornais ou mesmo ao estudar história. Espera-se que você seja capaz 
de relacionar o tema a um evento histórico que você estudou e, ainda, você seja capaz de descrevê-lo e 
aplicá-lo. 
 Vamos considerar o tema da rejeição à vacina. Não há como não lembrar imediatamente da 
Revolta da Vacina. O que você deve ter lido? Vou considerar que você leu o que está no material do 
Professor Marco, de História. 
Revolta da Vacina (1904) 
Em outubro de 1904, o Congresso aprovou um projeto que tornava obrigatória a vacinação contra 
a varíola. Panfletos e jornais passaram denunciar a medida como autoritária, e a insatisfação contra o 
governo foi alimentada por monarquistas e florianistas. Para as camadas baixas da população, o projeto 
era uma medida que violava os direitos da população, afinal ele permitia que agentes de saúde entrassem 
nas residências para vacinar compulsoriamente seus habitantes – inclusive mulheres desacompanhadas 
de seus maridos. 
Entre os dias 11 e 16, populares foram para as ruas acompanhados de comerciantes, operários, 
estudantes e militares para protestar contra o governo, enfrentando a polícia com barricadas e 
incendiando bondes. Um dos nomes políticos que tentou encabeçar os insurgentes foi Lauro Sodré, 
candidato florianista derrotado por Prudente de Morais na eleição de 1897. Ele chegou a insuflar os 
militares para tomarem o Palácio do Catete, mas foram detidos por tropas do governo. Para conter os 
revoltosos, batalhões de Minas e São Paulo foram enviados para a capital. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 31 
O governo suspendeu a obrigatoriedade da vacina, mas também promoveu uma dura repressão 
aos rebeldes. Quinhentos participantes da Revolta da Vacina foram deportados, outros mil presos, e trinta 
foram mortos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Bom, temos então a seguinte função. 
 
 
 A questão passa a ser o que uma coisa tem a ver como outra? Há uma óbvia relação, mas ela só 
pode fazer sentido se você tiver algum motivo para usá-la, o que vai depender da tese. Suponha que sua 
tese seja: O movimento antivacina é uma das evidências do retrocesso brasileiro. Bem, agora você já 
consegue olhar para o que Marco escreveu com outros olhos. 
Ele aponta como causa da revolta o autoritarismo. Não foi isso que você escolheu como termo 
que pudesse relacionar os dois eventos. O que você faz? Ora, usando a lógica, você percebe que o pouco 
conhecimento sobre ciência também foi um fator que esteve presente na revolta ocorrida em 1904. Você, 
portanto, escolhe essa causa, talvez não tão relevante, mas presente e que permite a relação entre os 
dois termos. 
 O desafio seguinte tem a ver com a descrição do evento. Você deve ser conciso, mas mesmo assim, 
para que o argumento tenha valor de histórico, você deve responder àquelas perguntas mencionadas 
acima: quem? Quando? Onde? Como? Com quais consequências? Veja como ficaria: 
 A revolta antivacina de hoje lembra o ocorrido no passado. Em 1904, o 
governo tornou obrigatória a vacina contra a varíola. Isso irritou os cidadãos 
que foram para a rua fazendo barricadas e incendiando bondes. Com certeza, 
não tinham ainda confiança na ciência. 
Movimento antivacina hoje Movimento antivacina na Primeira República 
Figura 13- Em diversas charges do período, Oswaldo Cruz era 
representado como maluco ou tirano. O Malho, 29 out. 1904. 
Fonte: Biblioteca Nacional. 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 32 
 É um trecho assim que se espera no seu texto, um trecho com detalhes e que seleciona o que é 
importante para a sua argumentação. Mas basta isso? Não. A evidência deve ser interpretada, ou seja 
você deve relacionar esse fato ao motivo ou a tese, completando o circuito de argumentação. Vamos 
tentar outra vez. 
Vários indícios parecem indicar uma regressão social no Brasil, como a recente 
relutância de brasileiros frente à necessidade de vacinação, basta lembrar que 
algo semelhante ocorreu na Primeira República. Em 1904, o governo tornou 
obrigatória a vacina contra a varíola. Isso irritou os cidadãos que foram para a 
rua fazendo barricadas e incendiando bondes. Com certeza, não tinham ainda 
confiança na ciência. Décadas se passaram, a educação secular mostrou aos 
estudantes o valor da ciência e a importância da vacina, era de se esperar que 
não houvesse qualquer resistência. Sem dúvida, os fatos recentes fazem com 
que repensemos a modernidade que se instalou no Brasil. A incompreensão em 
relação à ciência faz-nos voltar ao começo do século passado. 
 Agora sim, o repertório baseado em evidências faz sentido. 
 Fique atento ao que você estuda em história e ao que lê nos jornais, mas, mais do que isso, 
exercite-se em fazer essas relações que exigem seleção do que é interessante no evento, relação com a 
tese e escrita que explore essa relação eo próprio fato. 
 3.2 Repertório como chave interpretativa 
 Vamos passar a outro tipo de repertório, aquele dos filósofos, sociólogos e até historiadores. “Que 
tipo de repertório usar?” você deve estar se perguntando, desejando que eu apresente uma lista de frases 
de efeito que possam ser usadas na redação. 
 Pois é, esse tipo de uso tem pouco efeito, embora tenha se tornado uma febre utilizar citação 
como se essa técnica fosse a salvação da lavoura. A pergunta que se deve fazer é: o que o repertório 
escolhido permite entender da realidade? 
Está muito abstrato, né? Então leia essa o começo dessa redação, que deveria discutir a questão 
do analfabetismo no Brasil 
No Livro “Os Bruzundangas”, o pré-modernista Lima Barreto expunha 
que a ausência de garantias constitucionais estava no âmago das problemáticas 
do BrasiL. E consonância com a ficção supracitada, ao observar os inúmeros 
desafios para reduzir o analfabetismo no Brasil, certifica-se que a obra se 
aproxima da realidade tupiniquim contemporânea, haja vista a persistência da 
desigualdade no acesso à educação e à equidade. Com efeito, é imprescindível 
enunciar os aspectos socioeducativos e a inoperância governamental como 
pilares fundamentais da chaga. 
 Em primeiro lugar, cabe pontuar primordialmente que a obsolescência 
do ensino atual é o principal catalizador da problemática. A esse respeito, a 
escritora Vera Maria Candau reitera que o sistema educacional atual está preso 
nos moldes do século XIX e não possui propostas significativas para as 
inquietudes hodiernas. Nesse sentido, a falta de incentivo na educação 
As garantias 
constitucionais 
não estão sendo 
cumpridas? 
A alfabetização se 
dá como o século 
XIX? Quem disso? 
Como se prova 
isso? 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 33 
brasileira, todavia, coíbe o seu poder transformador. Consequentemente, tal 
cenário, de ensino arcaico, gera problemas sociais ao cidadão.... 
 Observe bem o uso do repertório em forma de citação. Ele não diz nada. Um repertório não deve 
ser uma espécie de calda de pavão para enfeitar o texto. Ele deve permitir que eu veja algo que não via, 
que me permita compreender algo que não estava percebendo. 
 Por exemplo, o senso comum costuma a condenar as pessoas pela ganância individual como se 
ainda estivéssemos vivendo na Idade Média e nossos valores sociais fossem mediados pela Bíblia. Ora, o 
que leva as pessoas a quererem mais poder até estar parcialmente associado à ganância, mas, na verdade 
decorre de um sistema produtivo chamado capitalismo, no qual o empresário deve sempre expandir seu 
negócio se quiser sobreviver em um sistema baseado na competição. 
 O conhecimento de como funciona o sistema capitalista me permite ver que a lógica econômica 
capaz de produzir superabundância também prende os atores sociais em necessidades próprias desse 
sistema. De posse desse conhecimento, eu posso explicar melhor, por exemplo, a questão ambiental. É 
por causa de um sistema econômico baseado na necessidade e expansão do capital que mais mercadorias 
são comercializadas, com necessidade crescente de matéria-prima que deve ser tirada da natureza. 
Sacou? 
 Voltando ao texto acima, a ideia de Vera Maria Candau até poderia ter esse poder de ideia-chave 
se o autor do texto dissesse como era a educação no século XIX, - algo que a autora em sua obra deve ter 
discutido-, e em que medida o ensino no Brasil ainda guarda semelhanças com isso. Ou seja, ele pode até 
ter usado repertório, mas não argumentou e essa informação não serviu para nada, pois não foi 
desenvolvida 
 A mesma coisa se aplica à analogia com os Bruzundangas. A frase é coringa, não diz quase nada 
que não seja afirmado pelo senso comum, mas se o autor não disser quais são as prerrogativas 
constitucionais que não são cumpridas e o que o Estado deixou de fazer, essa afirmação não terá valor 
nenhum enquanto argumento. 
3.3 Como selecionar o repertório 
 Não fique procurando palavras bonitas que servem para qualquer tema, principalmente, se você 
estiver fazendo prestando outros vestibulares que não o Enem. No exame nacional, o corretor deve dar 
nota por uso de 2 repertórios quaisquer que sejam eles. Nos outros vestibulares, não há essa exigência. 
Citar por citar depõe contra sua argumentação. 
 Nesse sentido, a pergunta que você vai fazer quando estiver estudando outras matérias de 
humanas é: o que esse conceito, essa ideia, essa descrição, esse fato histórico explica da realidade atual? 
Daí pense em um tema que poderia ser iluminado com aquela ideia. Por exemplo, você está aprendendo 
sobre os ciclos econômicos do Brasil, percebe como eles explicam a diferença regional? Se você tiver que 
escrever sobre essa desigualdade entre regiões, que tal falar da decadência da agricultura no Nordeste e 
a ascensão do sudeste pelo café e pela implantação das ferrovias? Isso é repertório produtivo. 
 E aqui segue-se um desafio: você consegue perceber a ideia do autor e o que ele permite que eu 
veja na realidade? Montei essa tabela para você começar a brincadeira e pegar gosto por ela. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 34 
Pensador Ideia O que permite entender 
Platão Mito da caverna Como prisioneiros de uma realidade ilusória, 
preferimos as sombras ao real. Você entende nossa 
disposição para auto-engano? 
Aristóteles Tipos de governo e a avaliação Toda vez que um governo agir para beneficiar o 
grupo que ele representa será um governo ruim, 
tirano. Você entendeu o critério de bom governo? 
Hobbes O homem é lobo do homem Se as pessoas que vivem em sociedade se deixarem 
levar pelos seus desejos, a vida em sociedade se 
torna uma guerra. Entendeu a importância de se 
respeitar limites? Percebe que o Estado deve ser o 
responsável por inibir comportamentos 
egocêntricos? 
Marx O capitalismo é um sistema em 
que o dono dos meios de 
produção deve aplicar o dinheiro 
na produção de uma mercadoria 
para ganhar mais, fazendo isso 
sucessivamente. 
Esse sistema é expansivo baseado na produção 
desenfreada. Além disso, o dinheiro passa a ser o 
valor mais importante e não os valores humanos. 
Percebe as consequências dessa ideia? 
Foucault A razão, a ciência e o 
conhecimento permitem um 
melhor controle dos processos, 
inclusive humanos. Não há ciência 
sem controle. 
A cada passo da ciência, aumenta-se o controle do 
indivíduo até mesmo pela auto-disciplina. Percebe 
como vivemos numa sociedade de vigilância 
extrema e que incute em cada pessoas pressupostas 
disciplinares que não nos permitem ser livres? 
 
4. Propostas de redação 
 
 Ops....esse é o último pdf. Não vou sugerir temas ou propostas, vou deixá-lo à vontade para 
escolher no Caderno de Propostas. Há muitos temas e bastante variados. Bora escrever. 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 35 
Professor Fernando Andrade 
5. Considerações finais 
 Chegamos ao final desta aula de Redação e do curso. Nesse caderno, ao considerar tipos 
de propostas, textos dissertativos repassei várias ideias já discutidas, dando uma visão mais ampla das 
possibilidades de escrita. 
 Espero que, com essas informações, você tenha compreendido em larga escala como fazer 
uma ótima dissertação. Claro que só isso não basta. Você sabe, depende do treino e da produção textual. 
 Eu me esforcei ao máximo para produzir um material bastante didático e que fosse 
proveitoso para você, com exercícios e sugestões. Qualquer dúvida, espero você no fórum de dúvidas, 
inclusive para, além de ajudá-lo em suas dificuldades, receber sugestões, críticas e elogios. 
 Muito obrigado pela caminhada conjunta. 
 Saudações 
 Fernando 
 
 
 
 
 
 Blog de crônicas: 
 
 
 
https://www.outrasvias.com/ 
 
@filosofia.do.portuga Redação e Filosofia 
https://www.outrasvias.com/
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Modelos 
 
AULA 09 – Modelos 36 
Versão Data Modificações 
1 09/03/2023 Primeira versão dotexto.

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