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Fitoterapia pdf UNIDADE3

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Conteudista: Prof.ª Dra. Gisele Damian Antonio
Revisão Textual: Esp. Jéssica Dante
 
Objetivo da Unidade:
Aprender a reconhecer as características físico-químicas das plantas medicinais.
 Material Teórico
 Material Complementar
 Referências
Aspectos Físico-Químicos das Plantas
Medicinais
Introdução
Esta Unidade se propõe a apresentar os aspectos físico-químicos, modo de preparo, fórmulas
farmacêuticas fitoterápicas e práticas fitoterápicas. Você se sente apto a orientar o uso de
plantas medicinais? Organizar uma orientação terapêutica escrita? Se a resposta é “não”, não se
preocupe; vamos apresentar diferentes exemplos práticos para você formular, testar e, assim,
indicar para seus pacientes/interagentes. É importante que mesmo que você não vá indicar uma
planta medicinal, você questione sobre o uso, porque veremos nesta unidade que os princípios-
ativos presentes em cada espécie vegetal pode interagir, causar reações adversas, interações
medicamentosas e contraindicações quando usados concomitantemente com outros
medicamentos. 
 
Lembre-se de que, no campo profissional, para trabalhar com
fitoterapia, você precisará qualificar-se e manter-se atualizado(a) em
relação às evidências científicas sobre essa temática. Não se esqueça de
acessar os links dos Materiais Didáticos, onde encontrará o conteúdo e
as atividades propostas para esta Unidade. Além disso, você terá
indicações de leituras complementares para o aprofundamento das
discussões nos espaços disponibilizados no ambiente virtual. Leia todas
elas e interaja com os demais cursistas e com a tutoria nos fóruns de
discussão desta Unidade. Esperamos que o conhecimento adquirido
nesta Unidade de aprendizagem auxilie na sua qualificação profissional
sobre os princípios ativos, modo de preparo, fórmulas farmacêuticas
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 Material Teórico
fitoterápicas e práticas fitoterápicas que você poderá aplicar na sua
prática clínica.
Metabólitos Primários e Secundários das Plantas
Medicinais
As plantas, como todos os seres vivos, possuem metabolismo próprio para gerar energia e
garantir sua sobrevivência. O metabolismo vegetal é classificado em:
O metabolismo vegetal primário tem a finalidade de produzir
macromoléculas importantes para a vida da planta. As principais
macromoléculas são lipídios, açúcares, proteínas, ácidos nucléicos e
clorofila. Essas substâncias apresentam ampla aplicação terapêutica,
por exemplo: polissacarídeos (emolientes, cicatrizantes), as pectinas
(hidratantes) e os óleos vegetais (hidrófobo e protetor). Já o
metabolismo secundário tem a finalidade de produzir substâncias
especializadas que modulam uma série de reações no organismo vegetal
(SIMÕES, 2007). 
 
As plantas medicinais sintetizam e armazenam metabólitos primários e metabólitos
secundários ou princípios ativos.
Metabolismo primário;
Metabolismo secundário.
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
Trocando Ideias... 
A produção dos metabólitos secundários e primários pelas plantas
pode ser influenciada pelos fatores climáticos. Esses componentes
químicos são responsáveis pela ação terapêutica ou toxicológica da
planta medicinal e a adaptação da planta ao solo, entre outros.
Leitura 
Plantas Medicinais: Fatores de Influência no Conteúdo de Metabólitos
Secundários 
Leia as páginas 374-380 do artigo de Leonardo Gobbo-Neto e
colaboradores sobre “Plantas medicinais: fatores de influência no
conteúdo de metabólitos secundários”.
Figura 1 – Fatores que Influenciam a Produção de
Metabólitos Secundários pelas Plantas 
Fonte: Adaptada de GOBBO-FILHO; LOPES, 2007        
Vamos Conhecer os Principais Metabólitos Secundários
Produzidos pelas Plantas Medicinais
Os metabólitos secundários possuem baixo peso molecular e são produzidos em quantidade
reduzida. Outra característica destas substâncias é que sua produção e distribuição pode ser
diferente na própria planta e entre plantas da mesma espécie (SIMÕES, 2007). Os metabólitos
secundários são os componentes químicos de maior interesse em fitoterapia. É o grupo de
moléculas com maior diversidade de estruturas químicas e, embora não sejam responsáveis pela
sobrevivência da planta, realizam funções importantes como: atrair polinizadores, repelir
predadores, adaptações climáticas, cicatrização, antimicrobianos, entre outras. 
 
Entre os principais metabólitos secundários, destacam-se:
Alcaloides
Classe química que atua no Sistema Nervoso Central e dá o sabor amargo às plantas.
Quimicamente são compostos orgânicos nitrogenados, com o nitrogênio heterocíclico
(geralmente amina e mais raramente amida). 
Exemplo: a morfina é um alcaloide retirado da planta papoula (Papaver      Somniferum L.)
responsável pelo efeito analgésico (SIMÕES, 2007).
Flavonoides
Classe química que atua como antifúngicos, antibacterianos e anti-inflamatórios, ajudam no
controle dos hormônios, entre outras funções. Quimicamente são polifenóis, podem se
apresentar com ou sem moléculas de açúcar em sua estrutura (SIMÕES, 2007).
Exemplo: Quercetina retirada da Castanha-da-Índia (Aesculus hippocastanum) atua na
permeabilidade e resistência capilar; apigenina retirada do Maracujá (Passiflora sp.) atua como
sedativa; Ginkgobilobina retirada do Ginkgo biloba L. atua como antioxidante; a bilobetina retirada
do ginkgo tem ação na circulação; Salicilina retirada do salgueiro (Salix alba L.) atua como
antirreumática; artemitina I e II retirada da planta chamada Erva-baleeira (Cordia verbenácea
DC.) atua como anti-inflamatória.
Saponinas
Classe química que atua como espuma e em excesso pode ser irritante. Quimicamente são
substâncias de elevado peso molecular que apresentam uma porção com características
Lipofílicas (solúveis em gorduras) e outra com características Hidrofílicas (solúveis em água)
(SIMÕES, 2007).
Exemplo: Equisetonina retirada da Cavalinha (Equisetum sp.) com ação diurética; asiaticosídeo
retirado da Centella asiática (L.) Urb. com ação estimulante imunológica.
Mucilagens e Gomas
Classe química resultante de modificações na membrana celular do vegetal. Ex.: goma arábica,
goma adraganta, goma caraia. Encontram-se nos mesmos tecidos e em várias partes da planta:
raízes, flores, sementes e folhas (SIMÕES, 2007).
Exemplo: Ramnose retirada da cáscara sagrada (Rhamnus purshiana DC.) atua como laxante;
pentoses e hexoses retiradas da Malva sylvestris L. atua como emoliente.
Taninos
Classe química que possui a propriedade de precipitar as proteínas da pele e das mucosas
transformando-as em substâncias insolúveis, sendo responsável pela ação adstringente e anti-
hemorrágica. O uso excessivo de plantas que contenham tanino pode provocar irritação gástrica.
Quimicamente são substâncias fenólicas (Polihidroxilados) solúveis em água (SIMÕES, 2007).
Exemplo: Confrei (Symphytum o�cinale) ação cicatrizante; Hamamelis virginiana ação
adstringente; goiabeira (Psidium guajava L.) ação antidiarreica; Calendula o�cinalis L. ação
bactericida.
Glicosídeos
Classe química que possui a capacidade de formar uma porção de açúcar e uma porção de não
açúcar (aglicona).
Exemplo: A Cinarina é o composto químico biologicamente ativo na Alcachofra (Cynara scolymus
L.) responsável pelo aumento da secreção biliar (ação digestiva) (SIMÕES, 2007).
Os glicosídeos cardiotônicos, cianogênicos e saponínicos são tóxicos; causam distúrbios
gastrointestinais (náuseas, vômitos, salivação excessiva, dor abdominal, diarreia), cardíacos,
respiratórios, visuais e neurológicos. O contato com a seiva pode causar dermatite alérgica com
formação de edema local, dor e eritema.
Antraquinona
Classe química que tem sido usada pela atividade laxante. Quimicamente são compostos
orgânicos provenientes da oxidação dos fenóis. Cáscara-Sagrada, Sene, Babosa, Ipê-Roxo,
Ruibarbo e Hena. (SIMÕES, 2007). Plantas que possuem antraquinonas podem provocar
interações medicamentosas com cetoprofeno (reduz a absorção de 30%), corticosteroides
(aumenta o risco de hipocalemia), diuréticos depletores de
potássio, digitálicos (aumento da
toxicidade), quinidina e anticoagulantes.
Importante! 
Devemos contraindicar para uso oral ou tópico plantas que contém
glicosídeo cardiotônico, por exemplo, alamanda (Allamanda cathartica
L.), dedaleira, oficial-de-sala, chapéu-de-napoleão (Thevetia
peruviana K. Schum). Além destas plantas, precisamos ter cuidado com
plantas que contêm glicosídeos cianogênicos: hortênsia, sementes e
folhas de espécies de Prunus (pessegueiros), sementes de maçã,
mandioca-brava, e, os alcaloides glicosídeos saponínicos: umbú,
tungue, orelha-de-macaco, amor-perfeito, cicas, hera.
Óleos Essenciais
Classe química que exerce inúmeras funções, tais como: atrair polinizadores; adaptação da
planta ao solo; indução na produção de hormônios; ativação e inativação enzimática; proteção
contra a perda excessiva de água; controle da temperatura; bactericida, carminativa,
antiespasmódica, anestésica, anti-inflamatória etc. Quimicamente os óleos essenciais são
misturas complexas de substâncias voláteis, lipofílicas, odoríficas e líquidas.
Exemplo de plantas com óleos essenciais: bactericida (alecrim, Rosmarinus o�cinalis L.),
carminativa (funcho, Foeniculum vulgare Mil.), antiespasmódica (camomila, Matricaria
chamomilla L.), secretolítica (eucalipto, Eucaliptus globulosus St.-Lag.), anestésica Local (cravo-
da-índia, Syzygium aromaticum).
Cumarinas
Classe química que está amplamente distribuída no reino vegetal e apresenta ação
anticoagulante, broncodilatadora, carminativa. Quimicamente são estruturas derivadas do ácido
O-hidroxi-benzopiran-2-onas. Ex.: Guaco (SIMÕES, 2007).
Dependendo da planta a ser utilizada, de seus princípios ativos e do plano de tratamento, uma
forma de preparo pode ser mais eficaz do que outra. Logo, é necessário observar algumas
especificidades de cada método de preparo. A seguir serão apresentadas as principais formas de
preparo em fitoterapia, segundo o Formulário Nacional Fitoterápico (BRASIL, 2016; BRASIL,
2021).
Modo de Preparo
Você já escutou alguém dizer que há um modo adequado para preparar um chá, um xarope, uma
pomada com plantas medicinais? Como vimos anteriormente, dependendo da planta ou da parte
da planta, você poderá encontrar determinados princípios ativos, logo será importante prestar
atenção na melhor técnica de preparo para garantir a melhor extração dos princípios ativos do
vegetal. Neste tópico não focaremos nos medicamentos fitoterápicos propriamente ditos, mas
sim nas preparações caseiras com a terminologia e técnica corretas segundo o Formulário de
Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira 2ª edição.
Infusão
É o método de extração de princípios ativos dos vegetais, no qual a planta a ser utilizada é
colocada em um recipiente e acrescida de água potável que acabou de ferver. É empregada para as
partes menos rígidas de vegetais – flores, inflorescência e frutos ou plantas medicinais que
apresentam ativos voláteis ou que se degradam pela ação do calor prolongado (BRASIL, 2018). 
Figura 2 – Infusão 
Fonte: Getty Images
Após a mistura, o recipiente permanece fechado por um tempo variável entre 5 e 10 minutos. O
infuso, coado logo após o término do repouso, deve ser utilizado no mesmo dia da preparação.
Decocção
É o método para extração dos princípios ativos vegetais, realizado por meio de ebulição em água
potável. É indicado para as partes mais rígidas de vegetais – cascas, caule, rizomas, semente,
raízes, folhas coriáceas ou plantas que apresentam substância de baixa solubilidade em água
(BRASIL, 2018). 
Figura 3 – Decocção 
Fonte: Getty Images 
Após a fervura, manter o recipiente fechado por 10 minutos.
Importante! 
Cada parte da planta tem um tempo de cozimento específico, ou seja,
usa-se 2 a 5 gramas da parte da planta escolhida em 220 mL de água e
recomenda-se ferver por:
2 minutos: folhas coriáceas;
7 minutos: raízes e caules;
10 minutos: a planta inteira.
Vídeo 
Introdução ao Curso de Plantas Medicinais 4  
Assista ao vídeo sobre preparação de chás para ver como acontece esse
processo: 
Introdução ao Curso de Plantas Medicinais 4
Suco ou Sumo
Obtém-se o suco espremendo-se o fruto e o sumo ao triturar uma planta medicinal fresca num
pilão ou em liquidificadores e centrífugas. O pilão é mais usado para as partes pouco suculentas.
Quando a planta possuir pequena quantidade de líquido, deve-se acrescentar um pouco de água e
triturar novamente após uma hora de repouso, recolher então o líquido liberado. Como as
anteriores, esta preparação também deve ser feita no momento do uso. 
Figura 4 – Suco 
Fonte: Getty Images
Alcoolatura e Tintura
Alcoolatura e tintura são soluções hidroalcoólicas. Elas podem ser simples (uma única planta)
ou composta (várias plantas), mas convém que sejam preparadas individualmente e depois
misturadas. Ambas podem ser usadas na forma de gotas diluídas em água fria (uso interno), ou
em pomadas, unguentos, cremes, géis (uso externo).
Figura 5 – Tintura e Alcoolaturas 
Fonte: Getty Images
A alcoolatura é uma maceração contendo 50g de plantas frescas e 50mL de álcool de cereais de
70°GL a 92°GL ou cachaça. O tempo de maceração é de 8 dias. Já a tintura é uma maceração
contendo 20g de plantas secas em 100 mL de álcool de cerais de 30°GL a 70°GL. Essa forma de
preparo deixa-se em maceração entre 10 e 25 dias, devendo ser agitada uma ou duas vezes ao
dia. Ao final, o resíduo deve ser prensado e filtrado em pano limpo e guardado também ao abrigo
da luz (em vidro escuro ou armário escuro).
Na Prática: Prepare uma Tintura de Camomila 1:5.
Preparo: no vidro que você irá preparar a tintura faça 5 marcações com uma caneta. Adicione as
flores até a primeira marca e preencha com o álcool 70% até a quinta marca. Agite o conteúdo,
forre o vidro com algum papel ou pano e coloque um rótulo, com os seguintes dizeres: Início:
data da preparação. Final: 21 dias depois.
Tintura 1:5: cinco partes de álcool 70% (de cereais) para uma
parte de planta seca (v/v);
Álcool 70%: 70ml de álcool de cereais + 30% de água mineral.
Vídeo 
Introdução ao Curso de Plantas Medicinais 6 
Introdução ao Curso de Plantas Medicinais 6
Pó
O pó é a planta seca o suficiente para permitir a sua trituração até se transformar em pó. O pó
pode ser misturado ao leite ou mel ou, ainda, em preparos de infusões ou decocções e,
externamente, é espalhado diretamente sobre o local ferido ou misturado em óleo, vaselina ou
água antes de aplicar.
Figura 6 – Pó de Planta 
Fonte: Getty Images
Vídeo 
Pós 
Assista ao vídeo sobre pós com a Dra. Kellen Miranda Sá
Formas Farmacêuticas Fitoterápicas
Os fitoterápicos, também, podem ser orientados para uso em formas de cápsulas, comprimidos,
pomadas, unguentos, sabonete, shampoo, gel, creme ou xarope. 
Óleo Medicado Fitoterápico
É um óleo preparado segundo receita tradicional ayurvédica com folhas frescas de plantas
medicinais. Geralmente usados como óleos de massagem, especialmente para dores
musculares. 
Tabela 1 – Na prática, prepare um óleo medicado 
Pós (com Dra. Kellen Miranda Sá)
Matéria-prima Quantidade
Planta medicinal aromática fresca 50% 
Óleo vegetal amêndoas doces ou oliva ou
girassol 
50%
Fonte: Adaptada de BARATA, 2018
Para preparar o óleo medicado, recomenda-se cortar a planta medicinal fresca em porções
muito reduzidas e adicionar em um frasco de vidro com tampa. Cobrir totalmente a planta
rasurada com óleo vegetal. Fechar o recipiente e deixar à luz em local fresco, durante duas
semanas, com agitação diária. Retirar o óleo enriquecido para um frasco, e preparar nova
maceração com nova planta, utilizando o óleo anterior. Proceder a nova maceração durante mais
duas semanas. O óleo retirado do recipiente contém os princípios ativos óleo solúveis da planta,
chamados óleos essenciais.
Xaropes
São preparações líquidas, espessas, para uso interno, que contém de 50 a 65% de açúcar e sua
densidade deve ser de 1,32 g/mL. 
Tabela 2 – Na prática, prepare um Xarope de Guaco
Componente Quantidade
Açúcar
85g
Água Mineral 15g 
Guaco Gengibre  3 folhas lavadas 0,5g fresco
Mel (opcional) 1 colher 
Fonte: Adaptada de BARATA, 2018 
Modo de preparo:
Cápsulas e Comprimidos
As cápsulas duras de gelatina consistem em uma embalagem cilíndrica de duas partes, cujas
metades são encaixadas depois do extrato da planta medicinal ter sido colocada dentro. Os
comprimidos são feitos pela compressão de material em pó ou granulados. Além dos
ingredientes ativos, que podem somar apenas alguns miligramas, os comprimidos contém
diluentes, ligantes, lubrificantes, corantes e agentes aromatizantes e desintegrantes para ajudar
o comprimido a se dissolver em um meio aquoso.
Etapa 1: caramelizar a xícara de açúcar. Não exceder a
temperatura de 80°C, não levantar fervura, pois poderá haver
formação de açúcar invertido. Após dourar o açúcar, colocar o
litro de água fervendo;
Etapa 2: colocar as folhas de guaco e o gengibre e mexer bem até
desmanchar bem o açúcar. Tampe a panela e deixe ferver por
uns 20 minutos, as folhas do guaco tem que ficar amolecidas.
Deixe esfriar e após passe no coador;
Etapa 3: depois de frio, acrescente o mel e misture até ficar
homogêneo. Deixar esfriar para avolumar para 100mL.
Pomadas
As pomadas podem ser preparadas com o sumo da planta ou chá mais concentrado misturado
com banha animal, gordura de coco, óleo de semente de uva, cera de abelha, cera de carnaúba ou
uma mistura de vaselina e lanolina. As pomadas permanecem muito tempo sobre a pele, devem
ser usadas a frio e renovadas duas ou três vezes ao dia.
Na prática, prepare uma pomada caseira:
Sabonete ou Shampoo
Pomada base: Primeiro prepare a base da pomada. Usar 10g de
cera de abelha ou carnaúba para pomadas mais consistentes
para pequenas áreas e para os pés ou 5g de cera para pomadas
mais viscosas para áreas maiores e mãos. Adicionar 90g de
óleo vegetal (semente de uva ou azeite de oliva ou óleo de coco).
Pesar todos os ingredientes e levar ao fogo baixo até derreter a
cera, mexer a panela de vez em quando para não deixar a
mistura ferver. Com uma espátula de silicone mexer a mistura
até esfriar (BRASIL, 2021); 
Pomada com tinturas: Tintura de camomila 5% e Tintura de
calêndula 5%, Pomada base qsp 100g;
Indicação: cicatrizante, antialérgico, assaduras de crianças.
São preparados a partir do suco ou a tintura da planta desejada e tem a finalidade de limpeza.
Tabela 3 – Na prática, preparando sabonete
Matéria-prima %
Fase A 
Base glicerinada transparente ou
perolada 
Qsp 
Fase B 
Tintura de Camomila 5% 
Álcool cereal Qs
Fonte: Adaptada de BARATA, 2018
Modo de preparo: Pesar e picar a base glicerinada transparente em cubos pequenos e derreter
em banho-maria. Adicionar rapidamente a tintura de camomila e misturar com cuidado para
não formar espuma. Borrife álcool de cereais nas formas de sabonete e despeje com cuidado o
sabonete. Borrife bem pouquinho álcool de cereais por cima do sabonete. Levar a geladeira por
30 minutos. Espere esfriar e ganhar consistência de sabonete. Quando estiver seco e firme,
desenforme os sabonetes. Embalar com plástico filme. Rotular. Caso a base glicerina não
contenha tensoativo aniônico (primário), deve-se adicionar 1% de laurel sulfato de sódio.
Gel e Creme
O gel e creme são fórmulas farmacêuticas adquiridas em farmácias de manipulação. São
chamadas de creme base ou gel base, quando não apresentam nenhum princípio ativo. No
preparo de fórmulas fitoterápicas, recomenda-se adicionar de 5 a 10% da tintura ou extrato
glicólico de uma planta, no gel base ou creme base, de acordo com a indicação terapêutica.
Observe a seguir exemplos:
Tabela 4 – Na prática, creme base vegano
Matéria-prima Quantidade
Manteiga vegetal karité. Qsp 100g
Óleo vegetal de amêndoas doce ou de coco
ou jojoba ou rosa mosqueta. 
4,0%
Vitamina E liq. 1,0% 
Você Sabia? 
Você sabia que existem fórmulas fitoterápicas caseiras, que você pode
manipular para seu uso pessoal? 
Fonte: Adaptada de BARATA, 2018
Modo de preparo: Misturar os componentes até estarem dissolvidos. Aquecer a manteiga para
incorporar o óleo vegetal. A Rotulagem e Embalagem devem conter a Formulação, Data de
Validade, Data de Fabricação, Lote, Identificação da equipe. Armazenar em Frasco Plástico Opaco
de boca larga.
Exemplo:
Tabela 5 – Na prática, gel base de goma xantana 
Matéria-prima Quantidade
Água Destilada Qsp 100g 
Goma Xantana 1,0 a 5,0%
Fonte: Adaptada de BARATA, 2018
Modo de preparo: Pesar a goma xantana, colocar em um pote de vidro/silicone/esmaltado,
adicionar metade da água e aguardar a solubilização do gel. Mexer sem fazer espuma de vez em
quando. Quando preparado de um dia para o outro é mais fácil o processo de geleificação. Gel
mais consistente: 5% de Goma Xantana. Gel mais fluido: 1% de Goma Xantana.
Exemplo:
Creme com tinturas: Tintura de Alecrim 5% e Tintura de Arnica 5%, Creme base qsp
100g;
Indicação: anti-inflamatório, analgésico.
Práticas Terapêuticas Mais Utilizadas
em Fitoterapia
Escalda-pés
É uma forma de aplicação externa na qual os pés são mergulhados em um recipiente que
contenha uma solução terapêutica específica. Em geral essa solução é empregada quente, não
devendo exceder os 40° C. A duração varia de 10 a 20 minutos. O escalda-pés deve ser realizado
utilizando-se uma bacia alta, de modo a permitir que a água atinja a barriga das pernas. Ele é
muito eficaz nos resfriados, gripes, amidalites, crises reumáticas dos pés e pernas (não é
recomendável em casos de varizes muito pronunciadas), insônia, cólicas menstruais e
torcicolos. Podem ser aplicados uma só vez ou repetidos durante alguns dias.
Gel com tintura: Tintura de Camomila 5% e Tintura de
Calêndula 5%, Gel base qsp 100g;
Indicação: anti-inflamatório, cicatrizante, picadas de inseto, dermatites de fraldas.
Figura 7 – Escalda pés 
Fonte: Getty Images
Compressas
As compressas atuam à medida que os princípios ativos das plantas penetram através da pele,
estimulando assim os tecidos e os órgãos subjacentes. Na compressa úmida, substâncias
líquidas medicamentosas são colocadas em contato com uma parte qualquer do corpo, por um
período mais ou menos longo, para exercer sobre ele determinada ação terapêutica. Apesar de
ser uma aplicação localizada, seus efeitos podem irradiar-se pelo organismo como um todo. São
utilizadas em situações agudas ou crônicas. São usados como ingredientes terapêuticos,
principalmente as tinturas e os chás.
Figura 8 – Compressa 
Fonte: Getty Images
Pindas Fitoterápicas
São trouxinhas/saquinhos de tecido que contêm em seu interior plantas aromáticas e sua
aplicação é baseada na fisiologia da temperatura e nas propriedades das plantas medicinais.
Pindas Frias
Indicação de pindas frias: diminui a inflamação; acalma a
pele; promove tonificação da pele;
Pindas Quentes
Exemplos de Pinda de Alecrim + Lavanda:
Modo de uso: coloque as pindas num recipiente na geladeira ou freezer em
temperatura entre 5 e 18°C por 10 a 15 minutos ou prepare uma tigela com água e
gelo e mergulhe-as lá.
Indicação das pindas quentes: aumenta vasodilatação;
permeação de ativos; nutrição dos tecidos; melhora quadros de
dor; favorece o relaxamento muscular, fadiga, estresse,
insônia; promove desintoxicação do organismo;
Modo de uso: aquecer as pindas à temperatura de 25°C a 35°C para um efeito
calmante e de 40°C a 45°C para ação relaxante. Deixar a pinda por 5 minutos parada
nas costas ou com deslizamento profundo ou circular, amassamento, percussão.
Em geral é aplicada uma vez ao dia, de 30 a 60 minutos.
Analgésico;
Estimulante da circulação;
Anti-inflamatório;
Equilíbrio energético.
Figura 9 – Pinda 
Fonte: Getty Images
Cataplasma
É obtido por diversas formas: amassar as plantas frescas e bem limpas e aplicá-las diretamente
sobre a parte afetada ou envolvidas em um pano fino ou gaze; reduzi-las em pó, misturá-las em
água, chás ou outras preparações e aplicá-las envoltas em pano fino sobre as partes afetadas;
pode-se ainda utilizar farinha de mandioca
ou fubá de milho e água geralmente quente, com a
planta fresca ou seca triturada.
Figura 10 – Cataplasma 
Fonte: Getty Images
Banho
Faz-se uma infusão ou decocção mais concentrada, que deve ser coada e misturada na água do
banho. Outra maneira indicada é colocar as ervas em um saco de pano fino e deixar boiando na
água do banho. Os banhos podem ser parciais ou de corpo inteiro, e são normalmente indicados
uma vez por dia.
Figura 11 – Banho 
Fonte: Getty Images
Inalação
Nesta preparação utiliza-se a combinação do vapor de água quente com as substâncias voláteis
das plantas aromáticas. É normalmente recomendada para problemas do aparelho respiratório.
Prepara-se da seguinte forma: coloca-se a planta a ser utilizada numa vasilha com água
fervente, na proporção de uma colher (sopa) da planta fresca ou seca em meio litro d'água,
aspirar lentamente (contar até 3 durante a inspiração, até 3 na retenção do ar e até 3, novamente,
quando expelir o ar), prosseguir assim, ritmadamente, por 15 minutos. O recipiente pode ser
mantido no fogo para haver contínua produção de vapor. Usa-se um funil de cartolina ou papel-
jornal ou, ainda, uma toalha sobre os ombros, a cabeça e a vasilha, para facilitar a inalação do
vapor. Deve-se tomar muito cuidado, pois há riscos de queimaduras, por isso é recomendado o
uso de equipamentos elétricos especiais para este fim.
Tabela 6 – Medidas Caseiras e Correlações
Unidade de medida e material Peso (g) 
1 colher de cafezinho de fruto seco 1
1 colher de chá de raiz seca 4
1 colher de chá de erva fresca 5
1 colher de chá de erva seca 2-3
1 colher de sopa de erva seca 4-5
1 colher de sopa de erva fresca 8-10 
1 colher de sopa com raiz esmigalhada 8-10
1 colher de sopa de flor seca 3
Equivalências 
1 colher de sopa = 3 colheres de chá ou 6 colheres de café. 
1 colher de sobremesa = 2 colheres de chá ou 4 colheres de café ou ½
colher de sopa. 
1 colher de chá = 2 colheres de café = 5ml. 
1 colher de café = 1/2 colher de chá = 2,5ml.
Fonte: Adaptada de BARATA, 2018
Noções de Toxicidade de Plantas e Fitoterápicos
Vamos trazer nesta unidade noções gerais sobre a toxicidade de plantas medicinais e de
fitoterápicos, para que você entenda alguns aspectos de segurança sobre o uso deles. É normal
ter pessoas que consideram as plantas e os fitoterápicos como produtos naturais e que, por isso,
não fazem mal, não têm toxicidade. Assim, usam-nos sem critério, em altas doses para
diferentes tratamentos concomitantemente ao tratamento medicamentoso.
Você é um profissional de saúde! Precisa orientar o uso de plantas medicinais e fitoterápicos de
forma correta e ensinar as pessoas sobre qual a dose certa para uso destas plantas/fitoterápicos.
O efeito das plantas medicinais pode ocorrer de forma lenta e cumulativa e a intoxicação surge
dias ou mesmo meses após o uso, como o caso de hepatotoxicidade e nefrotoxicidade (CAMPOS,
2016).
O risco de toxicidade pode surgir de uma interação medicamentosa, uma doença pré-existente,
como insuficiência renal, hepatite, doença crônica, alergias à determinada planta ou preparo
incorreto. Um exemplo de interação medicamentosa é o uso de Echinacea purpurea
(equinácea) ou Hypericum perforatum que geram interferências no tratamento convencional
quimioterápico do câncer. Isto ocorre porque o H. perforatum induz a metabolização dos
fármacos pelo citocromo P450. Desta forma, a utilização da erva de São João com drogas
metabolizadas por esta enzima pode resultar na redução da biodisponibilidade destes
compostos (CORDEIRO et al., 2005). Além desta importante interação, o uso concomitante do
Hypericum com o fármaco Fluoxetina pode causar síndrome serotoninérgica, uma vez que os
dois aumentam os níveis de serotonina no cérebro, podendo causar vários problemas à saúde
(CORDEIRO, 2005).
Portanto, a melhor forma para evitar a toxicidade de fitoterápicos é realizar uma avaliação
completa (na qual coletamos dados sobre a farmacoterapia do paciente, doenças existentes e
possíveis alergias), ter uma boa fonte de literatura para consulta e esclarecer ao
paciente/interagente todos os aspectos referentes ao uso de plantas medicinais como recurso
terapêutico, como dose, posologia, modo de preparo, armazenamento do produto e tempo de
tratamento.
Saiba Mais 
Sinais e sintomas da síndrome serotoninérgica: ansiedade, agitação,
confusão mental, inquietação, hipomania e alucinações. Tremores.
febre, sudorese, náusea, vômitos, diarreia e hipertensão. Complicações
agudas incluindo convulsões, rabdomiólise e coagulação intravascular
disseminada (CIVD) e coma (CORDEIRO, 2005).
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
  Livro  
Fitoterapia Racional: Aspectos Taxonômicos,
Agroecológicos, Etnobotânicos e Terapêuticos 
ROSSATO A. E. et al. (org.) Fitoterapia racional: aspectos taxonômicos, agroecológicos,
etnobotânicos e terapêuticos. Florianópolis: DIOESC, 2012. p.15-40. n.
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Orientações Técnicas para o Cultivo de Plantas Medicinais,
Aromáticas e Condimentares
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ACESSE
BARATA, E. A. F. Cosméticos: a cosmética, inovações e enquadramento legal. 2. ed. Lisboa: Lidel,
2018. p. 1-15. 
 
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Formulário de fitoterápicos da farmacopéia
brasileira. Brasília, DF: ANVISA, 2011. Disponível em:
<http://antigo.anvisa.gov.br/documents/33832/259456/Formulario_de_Fitoterapicos_da_Fa
rmacopeia_Brasileira.pdf/c76283eb-29f6-4b15-8755-2073e5b4c5bf>. Acesso em:
24/07/2022. 
 
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Formulário de fitoterápicos da farmacopéia
brasileira. 2. ed. Brasília, DF: ANVISA, 2021. Disponível em: <https://www.gov.br/anvisa/pt-
br/assuntos/farmacopeia/formulario-fitoterapico/2022-�fb2-versao-13-mai-2022.pdf>.
Acesso em: 24/07/2022. 
 
CAMPOS, S. C. et al. Toxicidade de espécies vegetais. Rev. bras. plantas med., Botucatu, SP, v. 18,
suppl. 1, p. 373-382, 2016. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/rbpm/a/LYfYqbbr4vBXgGXfxxcqZqt/?format=pdf&lang=pt>. Acesso
em: 10/01/2022. 
 
CORDEIRO, C. H. G.; CHUNG, M. C.; SACRAMENTO, L. V. S. Interações medicamentosas de
fitoterápicos e fármacos: hypericum perforatum e piper methysticum. Rev. bras. farmacogn.,
Curitiba, PR, v. 15, n. 3, p. 272-278, 2005. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/rbfar/a/JLv9rwdYstFb67k8Y9D5HCM/?format=pdf&lang=pt>. Acesso
em: 28/01/2022. 
 
GOBBO-NETO, L.; LOPES, N. P. Plantas medicinais: fatores de influência no conteúdo de
metabolismo secundário. Quim. Nova, São Paulo, v. 30, n. 2, p. 374-381, 2007. Disponível em:
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 Referências
<https://www.scielo.br/j/qn/a/gn5mhqcFHSbXXgTKNLJTS9t/?format=pdf&lang=pt>. Acesso
em: 02/08/2022. 
 
SIMÕES, C. M. O. et al. (orgs.). Farmacognosia: da planta ao medicamento. 6. ed. rev. ampl. Porto
Alegre: Editora da UFRGS; Florianópolis, SC: Editora da UFSC, 2007.

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