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Conteudista: Prof.ª Dra. Gisele Damian Antonio Revisão Textual: Esp. Jéssica Dante Objetivo da Unidade: Aprender a reconhecer as características físico-químicas das plantas medicinais. Material Teórico Material Complementar Referências Aspectos Físico-Químicos das Plantas Medicinais Introdução Esta Unidade se propõe a apresentar os aspectos físico-químicos, modo de preparo, fórmulas farmacêuticas fitoterápicas e práticas fitoterápicas. Você se sente apto a orientar o uso de plantas medicinais? Organizar uma orientação terapêutica escrita? Se a resposta é “não”, não se preocupe; vamos apresentar diferentes exemplos práticos para você formular, testar e, assim, indicar para seus pacientes/interagentes. É importante que mesmo que você não vá indicar uma planta medicinal, você questione sobre o uso, porque veremos nesta unidade que os princípios- ativos presentes em cada espécie vegetal pode interagir, causar reações adversas, interações medicamentosas e contraindicações quando usados concomitantemente com outros medicamentos. Lembre-se de que, no campo profissional, para trabalhar com fitoterapia, você precisará qualificar-se e manter-se atualizado(a) em relação às evidências científicas sobre essa temática. Não se esqueça de acessar os links dos Materiais Didáticos, onde encontrará o conteúdo e as atividades propostas para esta Unidade. Além disso, você terá indicações de leituras complementares para o aprofundamento das discussões nos espaços disponibilizados no ambiente virtual. Leia todas elas e interaja com os demais cursistas e com a tutoria nos fóruns de discussão desta Unidade. Esperamos que o conhecimento adquirido nesta Unidade de aprendizagem auxilie na sua qualificação profissional sobre os princípios ativos, modo de preparo, fórmulas farmacêuticas 1 / 3 Material Teórico fitoterápicas e práticas fitoterápicas que você poderá aplicar na sua prática clínica. Metabólitos Primários e Secundários das Plantas Medicinais As plantas, como todos os seres vivos, possuem metabolismo próprio para gerar energia e garantir sua sobrevivência. O metabolismo vegetal é classificado em: O metabolismo vegetal primário tem a finalidade de produzir macromoléculas importantes para a vida da planta. As principais macromoléculas são lipídios, açúcares, proteínas, ácidos nucléicos e clorofila. Essas substâncias apresentam ampla aplicação terapêutica, por exemplo: polissacarídeos (emolientes, cicatrizantes), as pectinas (hidratantes) e os óleos vegetais (hidrófobo e protetor). Já o metabolismo secundário tem a finalidade de produzir substâncias especializadas que modulam uma série de reações no organismo vegetal (SIMÕES, 2007). As plantas medicinais sintetizam e armazenam metabólitos primários e metabólitos secundários ou princípios ativos. Metabolismo primário; Metabolismo secundário. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Trocando Ideias... A produção dos metabólitos secundários e primários pelas plantas pode ser influenciada pelos fatores climáticos. Esses componentes químicos são responsáveis pela ação terapêutica ou toxicológica da planta medicinal e a adaptação da planta ao solo, entre outros. Leitura Plantas Medicinais: Fatores de Influência no Conteúdo de Metabólitos Secundários Leia as páginas 374-380 do artigo de Leonardo Gobbo-Neto e colaboradores sobre “Plantas medicinais: fatores de influência no conteúdo de metabólitos secundários”. Figura 1 – Fatores que Influenciam a Produção de Metabólitos Secundários pelas Plantas Fonte: Adaptada de GOBBO-FILHO; LOPES, 2007 Vamos Conhecer os Principais Metabólitos Secundários Produzidos pelas Plantas Medicinais Os metabólitos secundários possuem baixo peso molecular e são produzidos em quantidade reduzida. Outra característica destas substâncias é que sua produção e distribuição pode ser diferente na própria planta e entre plantas da mesma espécie (SIMÕES, 2007). Os metabólitos secundários são os componentes químicos de maior interesse em fitoterapia. É o grupo de moléculas com maior diversidade de estruturas químicas e, embora não sejam responsáveis pela sobrevivência da planta, realizam funções importantes como: atrair polinizadores, repelir predadores, adaptações climáticas, cicatrização, antimicrobianos, entre outras. Entre os principais metabólitos secundários, destacam-se: Alcaloides Classe química que atua no Sistema Nervoso Central e dá o sabor amargo às plantas. Quimicamente são compostos orgânicos nitrogenados, com o nitrogênio heterocíclico (geralmente amina e mais raramente amida). Exemplo: a morfina é um alcaloide retirado da planta papoula (Papaver Somniferum L.) responsável pelo efeito analgésico (SIMÕES, 2007). Flavonoides Classe química que atua como antifúngicos, antibacterianos e anti-inflamatórios, ajudam no controle dos hormônios, entre outras funções. Quimicamente são polifenóis, podem se apresentar com ou sem moléculas de açúcar em sua estrutura (SIMÕES, 2007). Exemplo: Quercetina retirada da Castanha-da-Índia (Aesculus hippocastanum) atua na permeabilidade e resistência capilar; apigenina retirada do Maracujá (Passiflora sp.) atua como sedativa; Ginkgobilobina retirada do Ginkgo biloba L. atua como antioxidante; a bilobetina retirada do ginkgo tem ação na circulação; Salicilina retirada do salgueiro (Salix alba L.) atua como antirreumática; artemitina I e II retirada da planta chamada Erva-baleeira (Cordia verbenácea DC.) atua como anti-inflamatória. Saponinas Classe química que atua como espuma e em excesso pode ser irritante. Quimicamente são substâncias de elevado peso molecular que apresentam uma porção com características Lipofílicas (solúveis em gorduras) e outra com características Hidrofílicas (solúveis em água) (SIMÕES, 2007). Exemplo: Equisetonina retirada da Cavalinha (Equisetum sp.) com ação diurética; asiaticosídeo retirado da Centella asiática (L.) Urb. com ação estimulante imunológica. Mucilagens e Gomas Classe química resultante de modificações na membrana celular do vegetal. Ex.: goma arábica, goma adraganta, goma caraia. Encontram-se nos mesmos tecidos e em várias partes da planta: raízes, flores, sementes e folhas (SIMÕES, 2007). Exemplo: Ramnose retirada da cáscara sagrada (Rhamnus purshiana DC.) atua como laxante; pentoses e hexoses retiradas da Malva sylvestris L. atua como emoliente. Taninos Classe química que possui a propriedade de precipitar as proteínas da pele e das mucosas transformando-as em substâncias insolúveis, sendo responsável pela ação adstringente e anti- hemorrágica. O uso excessivo de plantas que contenham tanino pode provocar irritação gástrica. Quimicamente são substâncias fenólicas (Polihidroxilados) solúveis em água (SIMÕES, 2007). Exemplo: Confrei (Symphytum o�cinale) ação cicatrizante; Hamamelis virginiana ação adstringente; goiabeira (Psidium guajava L.) ação antidiarreica; Calendula o�cinalis L. ação bactericida. Glicosídeos Classe química que possui a capacidade de formar uma porção de açúcar e uma porção de não açúcar (aglicona). Exemplo: A Cinarina é o composto químico biologicamente ativo na Alcachofra (Cynara scolymus L.) responsável pelo aumento da secreção biliar (ação digestiva) (SIMÕES, 2007). Os glicosídeos cardiotônicos, cianogênicos e saponínicos são tóxicos; causam distúrbios gastrointestinais (náuseas, vômitos, salivação excessiva, dor abdominal, diarreia), cardíacos, respiratórios, visuais e neurológicos. O contato com a seiva pode causar dermatite alérgica com formação de edema local, dor e eritema. Antraquinona Classe química que tem sido usada pela atividade laxante. Quimicamente são compostos orgânicos provenientes da oxidação dos fenóis. Cáscara-Sagrada, Sene, Babosa, Ipê-Roxo, Ruibarbo e Hena. (SIMÕES, 2007). Plantas que possuem antraquinonas podem provocar interações medicamentosas com cetoprofeno (reduz a absorção de 30%), corticosteroides (aumenta o risco de hipocalemia), diuréticos depletores de potássio, digitálicos (aumento da toxicidade), quinidina e anticoagulantes. Importante! Devemos contraindicar para uso oral ou tópico plantas que contém glicosídeo cardiotônico, por exemplo, alamanda (Allamanda cathartica L.), dedaleira, oficial-de-sala, chapéu-de-napoleão (Thevetia peruviana K. Schum). Além destas plantas, precisamos ter cuidado com plantas que contêm glicosídeos cianogênicos: hortênsia, sementes e folhas de espécies de Prunus (pessegueiros), sementes de maçã, mandioca-brava, e, os alcaloides glicosídeos saponínicos: umbú, tungue, orelha-de-macaco, amor-perfeito, cicas, hera. Óleos Essenciais Classe química que exerce inúmeras funções, tais como: atrair polinizadores; adaptação da planta ao solo; indução na produção de hormônios; ativação e inativação enzimática; proteção contra a perda excessiva de água; controle da temperatura; bactericida, carminativa, antiespasmódica, anestésica, anti-inflamatória etc. Quimicamente os óleos essenciais são misturas complexas de substâncias voláteis, lipofílicas, odoríficas e líquidas. Exemplo de plantas com óleos essenciais: bactericida (alecrim, Rosmarinus o�cinalis L.), carminativa (funcho, Foeniculum vulgare Mil.), antiespasmódica (camomila, Matricaria chamomilla L.), secretolítica (eucalipto, Eucaliptus globulosus St.-Lag.), anestésica Local (cravo- da-índia, Syzygium aromaticum). Cumarinas Classe química que está amplamente distribuída no reino vegetal e apresenta ação anticoagulante, broncodilatadora, carminativa. Quimicamente são estruturas derivadas do ácido O-hidroxi-benzopiran-2-onas. Ex.: Guaco (SIMÕES, 2007). Dependendo da planta a ser utilizada, de seus princípios ativos e do plano de tratamento, uma forma de preparo pode ser mais eficaz do que outra. Logo, é necessário observar algumas especificidades de cada método de preparo. A seguir serão apresentadas as principais formas de preparo em fitoterapia, segundo o Formulário Nacional Fitoterápico (BRASIL, 2016; BRASIL, 2021). Modo de Preparo Você já escutou alguém dizer que há um modo adequado para preparar um chá, um xarope, uma pomada com plantas medicinais? Como vimos anteriormente, dependendo da planta ou da parte da planta, você poderá encontrar determinados princípios ativos, logo será importante prestar atenção na melhor técnica de preparo para garantir a melhor extração dos princípios ativos do vegetal. Neste tópico não focaremos nos medicamentos fitoterápicos propriamente ditos, mas sim nas preparações caseiras com a terminologia e técnica corretas segundo o Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira 2ª edição. Infusão É o método de extração de princípios ativos dos vegetais, no qual a planta a ser utilizada é colocada em um recipiente e acrescida de água potável que acabou de ferver. É empregada para as partes menos rígidas de vegetais – flores, inflorescência e frutos ou plantas medicinais que apresentam ativos voláteis ou que se degradam pela ação do calor prolongado (BRASIL, 2018). Figura 2 – Infusão Fonte: Getty Images Após a mistura, o recipiente permanece fechado por um tempo variável entre 5 e 10 minutos. O infuso, coado logo após o término do repouso, deve ser utilizado no mesmo dia da preparação. Decocção É o método para extração dos princípios ativos vegetais, realizado por meio de ebulição em água potável. É indicado para as partes mais rígidas de vegetais – cascas, caule, rizomas, semente, raízes, folhas coriáceas ou plantas que apresentam substância de baixa solubilidade em água (BRASIL, 2018). Figura 3 – Decocção Fonte: Getty Images Após a fervura, manter o recipiente fechado por 10 minutos. Importante! Cada parte da planta tem um tempo de cozimento específico, ou seja, usa-se 2 a 5 gramas da parte da planta escolhida em 220 mL de água e recomenda-se ferver por: 2 minutos: folhas coriáceas; 7 minutos: raízes e caules; 10 minutos: a planta inteira. Vídeo Introdução ao Curso de Plantas Medicinais 4 Assista ao vídeo sobre preparação de chás para ver como acontece esse processo: Introdução ao Curso de Plantas Medicinais 4 Suco ou Sumo Obtém-se o suco espremendo-se o fruto e o sumo ao triturar uma planta medicinal fresca num pilão ou em liquidificadores e centrífugas. O pilão é mais usado para as partes pouco suculentas. Quando a planta possuir pequena quantidade de líquido, deve-se acrescentar um pouco de água e triturar novamente após uma hora de repouso, recolher então o líquido liberado. Como as anteriores, esta preparação também deve ser feita no momento do uso. Figura 4 – Suco Fonte: Getty Images Alcoolatura e Tintura Alcoolatura e tintura são soluções hidroalcoólicas. Elas podem ser simples (uma única planta) ou composta (várias plantas), mas convém que sejam preparadas individualmente e depois misturadas. Ambas podem ser usadas na forma de gotas diluídas em água fria (uso interno), ou em pomadas, unguentos, cremes, géis (uso externo). Figura 5 – Tintura e Alcoolaturas Fonte: Getty Images A alcoolatura é uma maceração contendo 50g de plantas frescas e 50mL de álcool de cereais de 70°GL a 92°GL ou cachaça. O tempo de maceração é de 8 dias. Já a tintura é uma maceração contendo 20g de plantas secas em 100 mL de álcool de cerais de 30°GL a 70°GL. Essa forma de preparo deixa-se em maceração entre 10 e 25 dias, devendo ser agitada uma ou duas vezes ao dia. Ao final, o resíduo deve ser prensado e filtrado em pano limpo e guardado também ao abrigo da luz (em vidro escuro ou armário escuro). Na Prática: Prepare uma Tintura de Camomila 1:5. Preparo: no vidro que você irá preparar a tintura faça 5 marcações com uma caneta. Adicione as flores até a primeira marca e preencha com o álcool 70% até a quinta marca. Agite o conteúdo, forre o vidro com algum papel ou pano e coloque um rótulo, com os seguintes dizeres: Início: data da preparação. Final: 21 dias depois. Tintura 1:5: cinco partes de álcool 70% (de cereais) para uma parte de planta seca (v/v); Álcool 70%: 70ml de álcool de cereais + 30% de água mineral. Vídeo Introdução ao Curso de Plantas Medicinais 6 Introdução ao Curso de Plantas Medicinais 6 Pó O pó é a planta seca o suficiente para permitir a sua trituração até se transformar em pó. O pó pode ser misturado ao leite ou mel ou, ainda, em preparos de infusões ou decocções e, externamente, é espalhado diretamente sobre o local ferido ou misturado em óleo, vaselina ou água antes de aplicar. Figura 6 – Pó de Planta Fonte: Getty Images Vídeo Pós Assista ao vídeo sobre pós com a Dra. Kellen Miranda Sá Formas Farmacêuticas Fitoterápicas Os fitoterápicos, também, podem ser orientados para uso em formas de cápsulas, comprimidos, pomadas, unguentos, sabonete, shampoo, gel, creme ou xarope. Óleo Medicado Fitoterápico É um óleo preparado segundo receita tradicional ayurvédica com folhas frescas de plantas medicinais. Geralmente usados como óleos de massagem, especialmente para dores musculares. Tabela 1 – Na prática, prepare um óleo medicado Pós (com Dra. Kellen Miranda Sá) Matéria-prima Quantidade Planta medicinal aromática fresca 50% Óleo vegetal amêndoas doces ou oliva ou girassol 50% Fonte: Adaptada de BARATA, 2018 Para preparar o óleo medicado, recomenda-se cortar a planta medicinal fresca em porções muito reduzidas e adicionar em um frasco de vidro com tampa. Cobrir totalmente a planta rasurada com óleo vegetal. Fechar o recipiente e deixar à luz em local fresco, durante duas semanas, com agitação diária. Retirar o óleo enriquecido para um frasco, e preparar nova maceração com nova planta, utilizando o óleo anterior. Proceder a nova maceração durante mais duas semanas. O óleo retirado do recipiente contém os princípios ativos óleo solúveis da planta, chamados óleos essenciais. Xaropes São preparações líquidas, espessas, para uso interno, que contém de 50 a 65% de açúcar e sua densidade deve ser de 1,32 g/mL. Tabela 2 – Na prática, prepare um Xarope de Guaco Componente Quantidade Açúcar 85g Água Mineral 15g Guaco Gengibre 3 folhas lavadas 0,5g fresco Mel (opcional) 1 colher Fonte: Adaptada de BARATA, 2018 Modo de preparo: Cápsulas e Comprimidos As cápsulas duras de gelatina consistem em uma embalagem cilíndrica de duas partes, cujas metades são encaixadas depois do extrato da planta medicinal ter sido colocada dentro. Os comprimidos são feitos pela compressão de material em pó ou granulados. Além dos ingredientes ativos, que podem somar apenas alguns miligramas, os comprimidos contém diluentes, ligantes, lubrificantes, corantes e agentes aromatizantes e desintegrantes para ajudar o comprimido a se dissolver em um meio aquoso. Etapa 1: caramelizar a xícara de açúcar. Não exceder a temperatura de 80°C, não levantar fervura, pois poderá haver formação de açúcar invertido. Após dourar o açúcar, colocar o litro de água fervendo; Etapa 2: colocar as folhas de guaco e o gengibre e mexer bem até desmanchar bem o açúcar. Tampe a panela e deixe ferver por uns 20 minutos, as folhas do guaco tem que ficar amolecidas. Deixe esfriar e após passe no coador; Etapa 3: depois de frio, acrescente o mel e misture até ficar homogêneo. Deixar esfriar para avolumar para 100mL. Pomadas As pomadas podem ser preparadas com o sumo da planta ou chá mais concentrado misturado com banha animal, gordura de coco, óleo de semente de uva, cera de abelha, cera de carnaúba ou uma mistura de vaselina e lanolina. As pomadas permanecem muito tempo sobre a pele, devem ser usadas a frio e renovadas duas ou três vezes ao dia. Na prática, prepare uma pomada caseira: Sabonete ou Shampoo Pomada base: Primeiro prepare a base da pomada. Usar 10g de cera de abelha ou carnaúba para pomadas mais consistentes para pequenas áreas e para os pés ou 5g de cera para pomadas mais viscosas para áreas maiores e mãos. Adicionar 90g de óleo vegetal (semente de uva ou azeite de oliva ou óleo de coco). Pesar todos os ingredientes e levar ao fogo baixo até derreter a cera, mexer a panela de vez em quando para não deixar a mistura ferver. Com uma espátula de silicone mexer a mistura até esfriar (BRASIL, 2021); Pomada com tinturas: Tintura de camomila 5% e Tintura de calêndula 5%, Pomada base qsp 100g; Indicação: cicatrizante, antialérgico, assaduras de crianças. São preparados a partir do suco ou a tintura da planta desejada e tem a finalidade de limpeza. Tabela 3 – Na prática, preparando sabonete Matéria-prima % Fase A Base glicerinada transparente ou perolada Qsp Fase B Tintura de Camomila 5% Álcool cereal Qs Fonte: Adaptada de BARATA, 2018 Modo de preparo: Pesar e picar a base glicerinada transparente em cubos pequenos e derreter em banho-maria. Adicionar rapidamente a tintura de camomila e misturar com cuidado para não formar espuma. Borrife álcool de cereais nas formas de sabonete e despeje com cuidado o sabonete. Borrife bem pouquinho álcool de cereais por cima do sabonete. Levar a geladeira por 30 minutos. Espere esfriar e ganhar consistência de sabonete. Quando estiver seco e firme, desenforme os sabonetes. Embalar com plástico filme. Rotular. Caso a base glicerina não contenha tensoativo aniônico (primário), deve-se adicionar 1% de laurel sulfato de sódio. Gel e Creme O gel e creme são fórmulas farmacêuticas adquiridas em farmácias de manipulação. São chamadas de creme base ou gel base, quando não apresentam nenhum princípio ativo. No preparo de fórmulas fitoterápicas, recomenda-se adicionar de 5 a 10% da tintura ou extrato glicólico de uma planta, no gel base ou creme base, de acordo com a indicação terapêutica. Observe a seguir exemplos: Tabela 4 – Na prática, creme base vegano Matéria-prima Quantidade Manteiga vegetal karité. Qsp 100g Óleo vegetal de amêndoas doce ou de coco ou jojoba ou rosa mosqueta. 4,0% Vitamina E liq. 1,0% Você Sabia? Você sabia que existem fórmulas fitoterápicas caseiras, que você pode manipular para seu uso pessoal? Fonte: Adaptada de BARATA, 2018 Modo de preparo: Misturar os componentes até estarem dissolvidos. Aquecer a manteiga para incorporar o óleo vegetal. A Rotulagem e Embalagem devem conter a Formulação, Data de Validade, Data de Fabricação, Lote, Identificação da equipe. Armazenar em Frasco Plástico Opaco de boca larga. Exemplo: Tabela 5 – Na prática, gel base de goma xantana Matéria-prima Quantidade Água Destilada Qsp 100g Goma Xantana 1,0 a 5,0% Fonte: Adaptada de BARATA, 2018 Modo de preparo: Pesar a goma xantana, colocar em um pote de vidro/silicone/esmaltado, adicionar metade da água e aguardar a solubilização do gel. Mexer sem fazer espuma de vez em quando. Quando preparado de um dia para o outro é mais fácil o processo de geleificação. Gel mais consistente: 5% de Goma Xantana. Gel mais fluido: 1% de Goma Xantana. Exemplo: Creme com tinturas: Tintura de Alecrim 5% e Tintura de Arnica 5%, Creme base qsp 100g; Indicação: anti-inflamatório, analgésico. Práticas Terapêuticas Mais Utilizadas em Fitoterapia Escalda-pés É uma forma de aplicação externa na qual os pés são mergulhados em um recipiente que contenha uma solução terapêutica específica. Em geral essa solução é empregada quente, não devendo exceder os 40° C. A duração varia de 10 a 20 minutos. O escalda-pés deve ser realizado utilizando-se uma bacia alta, de modo a permitir que a água atinja a barriga das pernas. Ele é muito eficaz nos resfriados, gripes, amidalites, crises reumáticas dos pés e pernas (não é recomendável em casos de varizes muito pronunciadas), insônia, cólicas menstruais e torcicolos. Podem ser aplicados uma só vez ou repetidos durante alguns dias. Gel com tintura: Tintura de Camomila 5% e Tintura de Calêndula 5%, Gel base qsp 100g; Indicação: anti-inflamatório, cicatrizante, picadas de inseto, dermatites de fraldas. Figura 7 – Escalda pés Fonte: Getty Images Compressas As compressas atuam à medida que os princípios ativos das plantas penetram através da pele, estimulando assim os tecidos e os órgãos subjacentes. Na compressa úmida, substâncias líquidas medicamentosas são colocadas em contato com uma parte qualquer do corpo, por um período mais ou menos longo, para exercer sobre ele determinada ação terapêutica. Apesar de ser uma aplicação localizada, seus efeitos podem irradiar-se pelo organismo como um todo. São utilizadas em situações agudas ou crônicas. São usados como ingredientes terapêuticos, principalmente as tinturas e os chás. Figura 8 – Compressa Fonte: Getty Images Pindas Fitoterápicas São trouxinhas/saquinhos de tecido que contêm em seu interior plantas aromáticas e sua aplicação é baseada na fisiologia da temperatura e nas propriedades das plantas medicinais. Pindas Frias Indicação de pindas frias: diminui a inflamação; acalma a pele; promove tonificação da pele; Pindas Quentes Exemplos de Pinda de Alecrim + Lavanda: Modo de uso: coloque as pindas num recipiente na geladeira ou freezer em temperatura entre 5 e 18°C por 10 a 15 minutos ou prepare uma tigela com água e gelo e mergulhe-as lá. Indicação das pindas quentes: aumenta vasodilatação; permeação de ativos; nutrição dos tecidos; melhora quadros de dor; favorece o relaxamento muscular, fadiga, estresse, insônia; promove desintoxicação do organismo; Modo de uso: aquecer as pindas à temperatura de 25°C a 35°C para um efeito calmante e de 40°C a 45°C para ação relaxante. Deixar a pinda por 5 minutos parada nas costas ou com deslizamento profundo ou circular, amassamento, percussão. Em geral é aplicada uma vez ao dia, de 30 a 60 minutos. Analgésico; Estimulante da circulação; Anti-inflamatório; Equilíbrio energético. Figura 9 – Pinda Fonte: Getty Images Cataplasma É obtido por diversas formas: amassar as plantas frescas e bem limpas e aplicá-las diretamente sobre a parte afetada ou envolvidas em um pano fino ou gaze; reduzi-las em pó, misturá-las em água, chás ou outras preparações e aplicá-las envoltas em pano fino sobre as partes afetadas; pode-se ainda utilizar farinha de mandioca ou fubá de milho e água geralmente quente, com a planta fresca ou seca triturada. Figura 10 – Cataplasma Fonte: Getty Images Banho Faz-se uma infusão ou decocção mais concentrada, que deve ser coada e misturada na água do banho. Outra maneira indicada é colocar as ervas em um saco de pano fino e deixar boiando na água do banho. Os banhos podem ser parciais ou de corpo inteiro, e são normalmente indicados uma vez por dia. Figura 11 – Banho Fonte: Getty Images Inalação Nesta preparação utiliza-se a combinação do vapor de água quente com as substâncias voláteis das plantas aromáticas. É normalmente recomendada para problemas do aparelho respiratório. Prepara-se da seguinte forma: coloca-se a planta a ser utilizada numa vasilha com água fervente, na proporção de uma colher (sopa) da planta fresca ou seca em meio litro d'água, aspirar lentamente (contar até 3 durante a inspiração, até 3 na retenção do ar e até 3, novamente, quando expelir o ar), prosseguir assim, ritmadamente, por 15 minutos. O recipiente pode ser mantido no fogo para haver contínua produção de vapor. Usa-se um funil de cartolina ou papel- jornal ou, ainda, uma toalha sobre os ombros, a cabeça e a vasilha, para facilitar a inalação do vapor. Deve-se tomar muito cuidado, pois há riscos de queimaduras, por isso é recomendado o uso de equipamentos elétricos especiais para este fim. Tabela 6 – Medidas Caseiras e Correlações Unidade de medida e material Peso (g) 1 colher de cafezinho de fruto seco 1 1 colher de chá de raiz seca 4 1 colher de chá de erva fresca 5 1 colher de chá de erva seca 2-3 1 colher de sopa de erva seca 4-5 1 colher de sopa de erva fresca 8-10 1 colher de sopa com raiz esmigalhada 8-10 1 colher de sopa de flor seca 3 Equivalências 1 colher de sopa = 3 colheres de chá ou 6 colheres de café. 1 colher de sobremesa = 2 colheres de chá ou 4 colheres de café ou ½ colher de sopa. 1 colher de chá = 2 colheres de café = 5ml. 1 colher de café = 1/2 colher de chá = 2,5ml. Fonte: Adaptada de BARATA, 2018 Noções de Toxicidade de Plantas e Fitoterápicos Vamos trazer nesta unidade noções gerais sobre a toxicidade de plantas medicinais e de fitoterápicos, para que você entenda alguns aspectos de segurança sobre o uso deles. É normal ter pessoas que consideram as plantas e os fitoterápicos como produtos naturais e que, por isso, não fazem mal, não têm toxicidade. Assim, usam-nos sem critério, em altas doses para diferentes tratamentos concomitantemente ao tratamento medicamentoso. Você é um profissional de saúde! Precisa orientar o uso de plantas medicinais e fitoterápicos de forma correta e ensinar as pessoas sobre qual a dose certa para uso destas plantas/fitoterápicos. O efeito das plantas medicinais pode ocorrer de forma lenta e cumulativa e a intoxicação surge dias ou mesmo meses após o uso, como o caso de hepatotoxicidade e nefrotoxicidade (CAMPOS, 2016). O risco de toxicidade pode surgir de uma interação medicamentosa, uma doença pré-existente, como insuficiência renal, hepatite, doença crônica, alergias à determinada planta ou preparo incorreto. Um exemplo de interação medicamentosa é o uso de Echinacea purpurea (equinácea) ou Hypericum perforatum que geram interferências no tratamento convencional quimioterápico do câncer. Isto ocorre porque o H. perforatum induz a metabolização dos fármacos pelo citocromo P450. Desta forma, a utilização da erva de São João com drogas metabolizadas por esta enzima pode resultar na redução da biodisponibilidade destes compostos (CORDEIRO et al., 2005). Além desta importante interação, o uso concomitante do Hypericum com o fármaco Fluoxetina pode causar síndrome serotoninérgica, uma vez que os dois aumentam os níveis de serotonina no cérebro, podendo causar vários problemas à saúde (CORDEIRO, 2005). Portanto, a melhor forma para evitar a toxicidade de fitoterápicos é realizar uma avaliação completa (na qual coletamos dados sobre a farmacoterapia do paciente, doenças existentes e possíveis alergias), ter uma boa fonte de literatura para consulta e esclarecer ao paciente/interagente todos os aspectos referentes ao uso de plantas medicinais como recurso terapêutico, como dose, posologia, modo de preparo, armazenamento do produto e tempo de tratamento. Saiba Mais Sinais e sintomas da síndrome serotoninérgica: ansiedade, agitação, confusão mental, inquietação, hipomania e alucinações. Tremores. febre, sudorese, náusea, vômitos, diarreia e hipertensão. Complicações agudas incluindo convulsões, rabdomiólise e coagulação intravascular disseminada (CIVD) e coma (CORDEIRO, 2005). Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livro Fitoterapia Racional: Aspectos Taxonômicos, Agroecológicos, Etnobotânicos e Terapêuticos ROSSATO A. E. et al. (org.) Fitoterapia racional: aspectos taxonômicos, agroecológicos, etnobotânicos e terapêuticos. Florianópolis: DIOESC, 2012. p.15-40. n. Vídeos Webpalestra – Hepatite Medicamentosa 2 / 3 Material Complementar Webpalestra - Hepatite Medicamentosa Leitura Plantas Tóxicas Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Orientações Técnicas para o Cultivo de Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE BARATA, E. A. F. Cosméticos: a cosmética, inovações e enquadramento legal. 2. ed. Lisboa: Lidel, 2018. p. 1-15. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Formulário de fitoterápicos da farmacopéia brasileira. Brasília, DF: ANVISA, 2011. Disponível em: <http://antigo.anvisa.gov.br/documents/33832/259456/Formulario_de_Fitoterapicos_da_Fa rmacopeia_Brasileira.pdf/c76283eb-29f6-4b15-8755-2073e5b4c5bf>. Acesso em: 24/07/2022. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Formulário de fitoterápicos da farmacopéia brasileira. 2. ed. Brasília, DF: ANVISA, 2021. Disponível em: <https://www.gov.br/anvisa/pt- br/assuntos/farmacopeia/formulario-fitoterapico/2022-�fb2-versao-13-mai-2022.pdf>. Acesso em: 24/07/2022. CAMPOS, S. C. et al. Toxicidade de espécies vegetais. Rev. bras. plantas med., Botucatu, SP, v. 18, suppl. 1, p. 373-382, 2016. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rbpm/a/LYfYqbbr4vBXgGXfxxcqZqt/?format=pdf&lang=pt>. Acesso em: 10/01/2022. CORDEIRO, C. H. G.; CHUNG, M. C.; SACRAMENTO, L. V. S. Interações medicamentosas de fitoterápicos e fármacos: hypericum perforatum e piper methysticum. Rev. bras. farmacogn., Curitiba, PR, v. 15, n. 3, p. 272-278, 2005. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rbfar/a/JLv9rwdYstFb67k8Y9D5HCM/?format=pdf&lang=pt>. Acesso em: 28/01/2022. GOBBO-NETO, L.; LOPES, N. P. Plantas medicinais: fatores de influência no conteúdo de metabolismo secundário. Quim. Nova, São Paulo, v. 30, n. 2, p. 374-381, 2007. 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