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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 1 UNESP Exasiu Prof. Fernando Andrade Caderno de Propostas Propostas modelo VUNES: autorais, unesp e outras bancas Exasiu estretegiavestibulares.com.br EXTENSIVO t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 2 Sumário APRESENTAÇÃO 6 1. PROPOSTAS AUTORAIS MODELO UNESP 7 Tema 1 : Redes sociais 7 Tema 2: Fake News 9 Tema 3: Pandemia 11 Tema 4: Cultura do Cancelamento 13 Tema 5: Os jovens e o retorno ao mundo pré-pandemia Autoral modelo Fuvest 2020(Fernando Andrade) 16 Tema 6: Negacionismo Autoral 2020 17 Tema 7: Ódio que existe na sociedade brasileira 18 1.2 Comentário 21 Tema 1: Redes sociais 21 Tema 2: Fake News 24 Tema 3: Pandemia 27 Tema 4: Cancelamento 29 Tema 5: Os jovens e o retorno ao mundo pré-pandemia Autoral modelo Fuvest 2020(Fernando Andrade) 32 Tema 6: Negacionismo 35 Tema 7: Ódio que existe na sociedade brasileira Autoral modelo Fuvest 2020 (Fernando Andrade) 37 2. PROPOSTAS DOS ANOS ANTERIORES UNESP 2010-2020 39 Proposta 1: (UNESP 2020) Carro, novo cigarro? 39 Proposta 2: (UNESP 2019) Consumo 40 Proposta 3: (UNESP 2018 - Final do Ano) Porte do armas 41 Proposta 4: (Enem 2018 – Meio do ano) Voto facultativo 43 Proposta 5: (UNESP 2017 – Final do ano) A riqueza de poucos 44 Proposta 6: (UNESP 2017 – Meio do ano) Prisão especial para portadores de diploma 45 Proposta 7: (UNESP 2016 – MEIO DO ANO) Estatuto da família 46 Proposta 8: (UNESP 2016 – FINAL DO ANO) Imagens trágicas 47 Proposta 9: (UNESP 2015 – meio do ano) Redução da menoridade penal 49 Proposta 10: (UNESP 2015 – Final do ano) O legado da escravidão 50 Proposta 11: (UNESP 2014 – final do ano) Corrupção 52 Proposta 12: (UNESP 2014 – meio do ano) Violência contra as mulheres 53 2.2 Comentário 54 Proposta 1: UNESP 2020 54 Proposta 2: UNESP 2019 57 Proposta 3: UNESP 2018 – Final do ano 58 t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 3 Proposta 4: UNESP 2017 – Final do ano 59 Proposta 5: UNESP 2017 Final do ano 63 Proposta 6: UNESP 2017 Meio do Ano 66 Proposta 7: UNESP 2016 – MEIO DO ANO 69 Proposta 8: UNESP 2016 – FINAL DO ANO 73 Proposta 9: UNESP 2015 – meio do ano 74 Proposta 10: UNESP 2015 – Final do Ano 75 Proposta 11: UNESP 2014 78 Proposta 12: UNESP 2014 – meio do ano 80 3. PROPOSTAS POR NÚCLEOS TEMÁTICOS 84 3.1 QUESTÃO SOCIAL 84 1.(UNESP 2018) Liberação do porte de armas 84 2. (UNESP/ 2015)Legado da escravidão e preconceito contra negros no Brasil 85 3. (FAMEMA 2018 ) Atletas transexuais 87 4. (UEA 2018) Trabalho escravo 88 5. (Famerp 2019)Obrigatoriedade da vacinação 89 6. (Autoral 2020/ Wagner Santos) Formação identitária de grupos minoritários 90 7. (Autoral – Modelo UNESP/ Wagner Santos) Apropriação cultural 92 8. (UEA) Epidemia de sífilis no Brasil 93 9. (FAMEMA 2020) Redução da maioridade penal 94 10. (Faculdade Israelita Albert Einstein 2020) “Uberização” do trabalho 96 11. (Autoral 2020/ UNESP) Coronavírus 97 12. (Unifesp 2011) A intolerância em xeque 99 13 .(Famerp 2018) Fracasso de lei de cotas para deficientes 100 14.( Famerp 2016) Impostos sobre grandes fortunas 102 3.1.1 Comentário – Questão social 103 1. (UNESP 2018) Liberação do porte de armas 103 2. (UNESP/ 2015)Legado da escravidão e preconceito contra negros no Brasil 104 3. (FAMEMA 2018) Atletas transexuais 107 4. (UEA 2018) Trabalho escravo 108 5. (Famerp 2019) Obrigatoriedade da vacinação 110 6. (Autoral 2020 Wagner Santos) Formação identitária de grupos minoritários 111 7. (Autoral – Modelo UNESP/ Wagner Santos) Apropriação cultural 112 8. (UEA) Epidemia de sífilis no Brasil 113 9. (FAMEMA 2020) Redução da maioridade penal 115 10. (Faculdade Israelita Albert Einstein 2020) “Uberização” do trabalho 118 11. (Autoral 2020/ UNESP) Coronavírus 120 12. (Unifesp 2011) A intolerância em xeque 123 13. (Famerp 2018) Fracasso da lei de cotas para deficientes 127 14.( Famerp 2016) Impostos sobre grandes fortunas 130 3.2 ÉTICA 134 t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 4 15. (Facisb 2019) O papel do consumidor no combate à escravidão moderna 134 16. (FAMEMA 2018) Violência contra o professor 135 17 . (UEA 2019) Comportamentos machistas na internet 136 18 . (Autoral 2020 Wagner Santos) Depressão na adolescência 137 19. (FAMERP 2017) Selfies 138 20. (FAMECA 2016) Remoção de órgãos saudáveis para prevenir o câncer 140 21. (Faculdade Albert Einstein/Medicina 2017 ) O papel da argumentação nas redes sociais 141 22.( FAMEMA 2017) Excesso de cirurgias plásticas 142 23. (Unifesp 2019) Eutanasia 143 24. (UNIFESP 2018) Redes sociais 144 25. (FAMEMA 2016) Leitura como medida de redução de pena 145 26. (Autoral 2020) Linchamento virtual 146 27. (UEA 2017) Zoológicos 149 28. (UEA 2015 ) A adoção de crianças por casais homossexuais deve ser proibida? 150 29.( UNIFESP 2020) Vestimentas religiosas no esporte 151 30 . (FAMECA 2011) Relação médico-paciente 152 3.2.1 Comentário – Ética 153 15. (Facisb 2019) O papel do consumidor no combate à escravidão moderna 153 16. (FAMEMA 2018) Violência contra o professor 155 17. (UEA 2019) Comportamentos machistas na internet 156 18. (Autoral/ Wagner Santos) Depressão na adolescência 157 19. (FAMERP 2017) Selfies 158 20. (FAMECA 2016) Remoção de órgãos saudáveis para prevenir o câncer 161 21. (Faculdade Albert Einstein/Medicina 2017 ) O papel da argumentação nas redes sociais 164 22. ( FAMEMA 2017) Excesso de cirurgias plásticas 167 23. (Unifesp 2019) Eutanasia 171 24. (UNIFESP 2018) Redes sociais 172 25. (FAMEMA 2016) Leitura como medida de redução de pena 174 26. (Autoral 2020) Linchamento virtual 178 27. (UEA 2017) Zoológicos 179 28. (UEA 2015 ) A adoção de crianças por casais homossexuais deve ser proibida? 183 29.( UNIFESP 2020) Vestimentas religiosas no esporte 186 30. (FAMECA 2011) Relação médico-paciente 189 3.3 Educação 192 31.( FAMECA 2019) Obrigatoriedade do ensino de Filosofia e Sociologia 192 32. (FAMERP 2020) Homeschooling 194 33. (Autoral) O uso das novas tecnologias na educação 195 34. (FAMERP 2015) Simplificação de livros clássicos 199 3.3.1 Comentário – Educação 200 31.( FAMECA 2019) Obrigatoriedade do ensino de Filosofia e Sociologia 200 t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 5 32. (FAMERP 2020) Homeschooling 202 33. (Autoral) O uso das novas tecnologias na educação 204 34. (FAMERP 2015) Simplificação de livros clássicos 206 3.4 .Representação do Mundo 210 35. (Autoral) Importância das Ciências Humanas no século XXI 210 36. (Autoral 2020 ) Um mundo por imagens na época da manipulação midiática 212 37. (Faculdade Israelita Albert Einstein 2019) Telenovelas e compromisso com a realidade 215 3.4.1. Comentários – Representação do mundo 216 35. (Autoral) Importância das Ciências Humanas no século XXI 216 36. (Autoral 2020 ) Um mundo por imagens na época da manipulação midiática 217 37. (Faculdade Israelita Albert Einstein 2019) Telenovelas e compromisso com a realidade 220 3.5 Tecnologia 221 38. (Autoral/Wagner Santos ) Estelionato virtual Autoral 221 39.( UESB 2019) Ciência e Tecnologia: acesso, benefícios e malefícios 222 40. (Faculdade Cásper Líbero 2018) Negacionismo em relação à internet 223 3.5.1 Comentários – Tecnologia 225 38. (Autoral/Wagner Santos ) Estelionato virtual Autoral 225 39.( UESB 2019) Ciência e Tecnologia: acesso, benefícios e malefícios 226 40. (Faculdade Cásper Líbero 2018) Negacionismo em relação à internet 229 3.6. Meio Ambiente 231 41. (Autoral) Ativismo ambiental 231 42.( FAMECA 2017) Agrotóxicos 233 3.6.1 Comentários – Meio ambiente 234 41. (Autoral)Ativismo ambiental 234 42.( FAMECA 2017) Agrotóxicos 235 3.7 . Política 236 43. (Autoral) Intervenção do Estado na dinâmica social e vigilância do indivíduo 236 44. (Autoral/ Wagner Santos ) Democratização da Cultura 238 45. (Autoral/ Wagner Santos) Participação política do jovem no século XXI 240 46. (IME 2017/2018 modificada ) Possibilidades e limites da ação política e moral 242 47. (UNIFESP 2017) Voto nulo 244 48. (Faculdade Israelita Albert Einstein 2017) Quadro de desesperança política brasileira 245 49. (Autoral) Questão indígena 248 3.7.1 Comentários - Política 252 43. (Autoral) Intervenção do Estado na dinâmica social e vigilância do indivíduo 252 t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 6 44. (Autoral/ Wagner Santos ) Democratização da Cultura 253 45. (Autoral/ Wagner Santos) Participação política do jovem no século XXI 254 46. (IME 2017/2018 modificada ) Possibilidades e limites da ação política e moral 254 47. (UNIFESP 2017) Voto nulo 256 49. (Faculdade Israelita Albert Einstein 2017) Quadro de desesperança política brasileira 259 49. (Autoral) Questão indígena 262 CONSIDERAÇÕES FINAIS 264 Apresentação Olá! Como parte do material, disponibilizamos um número grande de propostas de redação, a maioria já dadas e outras inéditas. Você pode aproveitar esse material e escrever à vontade. Incialmente, você encontrará propostas autorais modelo UNESP, depois 12 últimas propostas da UNESP e, em seguida, propostas de vários vestibulares elaboradas pela VUNESP, separadas por temas. Todas comentadas. As atualizações serão periódicas. Cada nova atualização trará mais propostas. Bora lá, corujinha sangue nos olhos e caneta na mão. Boa escrita. Fernando Andrade t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 7 1. Propostas autorais modelo UNESP Tema 1 : Redes sociais “O crescente poder político exercido pelas plataformas digitais é como uma arma carregada em cima da mesa na nossa frente.” (Francis Fukuyama, sobre o perigo das redes sociais na política. Disponível em , Fukuhttps://mail.uol.com.br/?xc=4ba00d676d35a7f5de81a4f182fba69f#/webmail/0//INBOX/page:4/M TIzNDI acessado em 15.12.2020), Na perspectiva de uma teoria da democracia, a esfera pública tem que reforçar a pressão exercida pelos problemas, ou seja, ela não pode limitar-se a percebê-los e a identificá-los, devendo, além disso, tematizá-los, problematizá-los e dramatizá-los de modo convincente e eficaz, a ponto de serem assumidos e elaborados pelo complexo parlamentar. E a capacidade de elaboração dos próprios problemas, que é limitada, tem que ser utilizada para um controle ulterior do tratamento dos problemas no âmbito do sistema político. (HABERMAS, Jurgen. Direito e Democracia: entre facticidade e validade. v.2. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011.) A Internet e as redes sociais se apresentavam, naquele contexto, com um enorme potencial democrático, na medida em que permitiram empoderar cidadãos, sustentar vínculos de solidariedade e viabilizar a afirmação de um novo fórum de deliberação. (...) Alguns anos depois, no entanto, o cenário se alterou e se deteriorou de forma significativa. As redes sociais se converteram em um espaço marcado pela polarização e pelo extremismo, no qual o livre fluxo de comunicação é constantemente corrompido por “ruídos” que, muitas vezes, obstam qualquer forma efetiva de diálogo e de entendimento. Entre esses, destaca-se a proliferação de notícias falsas, incentivada pelo modelo de negócios predominante na rede, segundo o qual quanto mais atenção – isto é, cliques e visualizações – uma página obtém, maiores são seus retornos financeiros, pouco importando a qualidade e a confiabilidade dos conteúdos publicados. Como consequência, o que era visto como uma fonte de renovação da democracia se tornou, também, uma ameaça ao seu adequado funcionamento. (Disponível em https://revista.internetlab.org.br/a-democracia-frustrada-fake-news-politica-e- liberdade-de-expressao-nas-redes-sociais/, acessado em 15.12.2020). A cada ano que passa, esse desafio torna-se mais urgente. O Facebook foi originalmente projetado para conectar amigos e familiares – e tem se destacado nisso. Mas como um número sem precedentes de t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 8 pessoas expressa seu pensamento político através de redes sociais, elas estão sendo usadas de maneiras imprevistas com repercussões sociais que nunca tinham sido antecipadas. Em 2016, nós do Facebook demoramos muito para reconhecer como pessoas mal intencionadas estavam abusando da nossa plataforma. Estamos trabalhando diligentemente para neutralizar esses riscos agora. (...) Notícias falsas Mas a interferência estrangeira não é o único meio de corromper uma democracia. Reconhecemos que as mesmas ferramentas que dão mais voz às pessoas podem às vezes ser usadas, por qualquer pessoa, para espalhar boatos e desinformação. Existe um debate ativo sobre o quanto do nosso consumo de informações é corrompido por notícias falsas – e quanto isso influencia o comportamento das pessoas. Mas mesmo um punhado de histórias deliberadamente enganosas pode ter consequências perigosas. (...) Assédio político Ao mesmo tempo em que queremos que o Facebook seja um lugar seguro para que as pessoas se expressem politicamente, precisamos garantir que ninguém seja intimidado ou ameaçado por seus pontos de vista. Para tornar as coisas mais complexas, os próprios governos às vezes se envolvem na intimidação. Em um país que visitamos recentemente, um cidadão informou que, depois de ter publicado um vídeo criticando as autoridades, a polícia o visitou para verificar se ele estava em dia com o fisco. (https://about.fb.com/br/news/h/questoes-complexas-quais-efeitos-as-redes-sociais-tem-sobre-a- democracia/) Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras informações que julgar pertinentes, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema: As redes sociais na democracia: renovação ou ameaça? Instruções: A dissertação deve ser redigida de acordo com a norma padrão da língua portuguesa. Escreva, no mínimo, 20 linhas, com letra legível e não ultrapasse o espaço de 30 linhas da folha de redação. Dê um título a sua redação. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 9 Tema 2: Fake News Texto I Antes da internet, já havia um debate nas democracias constitucionais sobre a repressão ou não ao chamado "discurso do ódio". Há diferentes regulações mundo afora. (...) A internet deu ao problema uma outra dimensão. Além dos discursos ofensivos a grupos sociais específicos, que ficaram mais graves por causa da velocidade e do alcance de sua propagação, entrou no radar dos democratas a existência de campanhas deliberadas de manipulação do debate com o uso de notícias falsas. Não é simplesmente uma discussão sobre o conteúdo mentiroso do discurso. A mentira faz parte da vida e, portanto, da política. Há diversos casos na história política de boatos que foram determinantes em processos eleitorais. O que se vê, agora, é mais grave: uma ação profissionalizada que utiliza a mentira disseminada na internet como instrumento para manipulação do debate público. Isso se faz no contexto de uma sociedade na qual há uma enorme disponibilidade de informações colhidas nas redes sociais sobre as preferências e os comportamentos dos cidadãos. O simples fato de existirem ataques massivos a partidos e candidatos, desinformando eleitores, já deslegitima os processos eleitorais. Mas, em muitos casos, os ataques são direcionados a destruir a legitimidade dos procedimentos democráticose de instituições fundamentais para a democracia. (disponível em https://www.conjur.com.br/2020-jun-26/gustavo-santos-fake-news-democracia , acessado em 10.09.2020) TExto II O que desejamos punir na internet? Falta de clareza sobre o que é crime e o que é liberdade de expressão pode nos levar a fragilizar direitos que não deveríamos relativizar Fake news não é crime, no Brasil. Me surpreendi com a quantidade de pessoas escrevendo, em relação ao inquérito conduzido pelo Supremo, coisas do tipo “então pode sair mentindo por aí?”. De um ministro do Supremo escutei que era preciso separar fatos de opiniões. A preocupação das pessoas em relação a essas coisas é perfeitamente legítima. O mesmo vale para o discurso de ódio. Não foram poucas as pessoas que li dizendo coisas do tipo “então vale ofender, atacar instituições, dizer qualquer coisa?”. É crime um deputado dizer, como consta do despacho do ministro Alexandre de Moraes, que o Supremo tem “atacado o Estado de Direito e a vontade popular”? Seria crime, na mesma linha, associar o governo ao “nazismo” e dizer que o grupo que está no poder deseja implantar uma “abjeta ditadura militar”? Essas perguntas incomodam porque mexem com a paixão política, um tipo de mal contra o qual, depois de um bom tempo lendo sobre política, desconheço remédio eficaz. (...) (disponível emhttps://www1.folha.uol.com.br/colunas/fernando-schuler/2020/06/o-que-desejamos-punir-na-internet.shtml, acessado em 10.09.2020) . t.me/CursosDesignTelegramhub https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/05/inquerito-no-stf-mira-operadores-de-ataques-aliados-de-bolsonaro-e-financiadores-entenda.shtml https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2020/05/celso-de-mello-compara-brasil-a-alemanha-de-hitler-e-diz-que-bolsonaristas-querem-abjeta-ditadura.shtml https://www1.folha.uol.com.br/colunas/fernando-schuler/2020/06/o-que-desejamos-punir-na-internet.shtml ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 10 TExto II (Disponível em https://alpinocartunista5.wixsite.com/alpino/charges , acessado em 10.09.2020) Texto IV 10 pontos-chave para entender o projeto de lei das fake News Nexo Jornal , 27/07/2020 (...) Como o projeto pretende lidar com notícias falsas no WhatsApp? Por meio do armazenamento de dados de mensagens enviadas a vários usuários. Se você enviou uma determinada mensagem no WhatsApp para diversos usuários ou listas de transmissão e pelo menos outros cinco usuários enviaram a mesma mensagem também de forma coletiva, e ela foi então recebida por pelo menos mil outros usuários, o projeto diz que fica caracterizado o encaminhamento em massa. Se tudo isso acontecer dentro de um período de 15 dias, os dados dessa cadeia de mensagens, de quem enviou e de quem recebeu, ficarão armazenados pelas empresas de tecnologia por um período de três meses. Isso não vale para mensagens individuais. O conteúdo da mensagem não ficará armazenado, apenas seus metadados (usuário, data e horário da mensagem enviada). Esses dados guardados só poderão ser acessados mediante ordem judicial para servirem como prova para um processo criminal. Usuários poderão ter que provar para as empresas a sua identidade por meio de documento em casos de denúncias. O projeto fere a privacidade de quem usa os serviços de mensagens? t.me/CursosDesignTelegramhub https://alpinocartunista5.wixsite.com/alpino/charges ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 11 A entidade Coding Rights, que atua na área de direitos digitais, afirma que no caso da guarda de mensagens de serviços como WhatsApp e Telegram, uma quantidade significativa de usuários poderá ter seus dados armazenados, bastando para isso uma simples denúncia de comportamento ilegal. Esses dados ficam então sujeitos a diversas situações, como vazamentos ou seu uso para fins políticos. “Todas as mensagens que tiverem uma circulação maior nos aplicativos de mensagens serão consideradas suspeitas a priori e rastreadas, sem que haja um indício de ilegalidade”, afirmou em nota a entidade. O projeto fere a liberdade de expressão? O texto da proposta enfatiza a garantia de “liberdade de expressão, comunicação e manifestação do pensamento”. Mas, para muitos analistas, a possibilidade de haver rastreamento de mensagens do WhatsApp constitui em si um fator indireto de cerceamento de manifestações e pode estimular a autocensura. “E se o grupo envolver discussão sobre questões de gênero e as pessoas estiverem, de forma legítima, reticentes por terem identidades evidenciadas, pois poderiam ser alvo de discriminação no emprego ou mesmo de ataque físico?”, sugeriu David Kaye, relator especial das Nações Unidas para a proteção da liberdade de expressão, ao jornal Folha de S.Paulo. Além disso, para alguns especialistas, a previsão de mais situações em que as redes sociais podem remover conteúdo sem notificar o usuário e sem ordem judicial também pode ser danoso à liberdade de expressão. (Disponível emhttps://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/07/27/10-pontos-chave-para-entender-o-projeto-de-lei-das-fake-news , acessado em 10.09.2020). Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Controle das fake News representam cerceamento da liberdade do indivíduo? Tema 3: Pandemia Texto 1 Nem ‘obra de Satanás’ nem ‘castigo de Deus’: a pandemia é oportunidade (...) A partir disto, Smith explica que os coronavírus são zoonóticos, ou seja, são transmitidos entre animais e pessoas. Ele recorda que o surto atual teria origem na cidade chinesa de Wuhan, com ligação com o Mercado Atacadista de Frutos do Mar de Huanan, e que não está claro exatamente de qual criatura selvagem o vírus pode ter se originado. Porém, o sociólogo apresenta uma crítica: esta questão esconde uma das raízes da nossa crescente vulnerabilidade a pandemias, que é a perda de habitat de certos animais. E. G. Smith reflete que a nossa atual sociedade de mercado está baseada na necessidade capitalista de um crescimento do lucro sem fim. É esta lógica que leva empresas e empreendedores a se confrontarem com a vida selvagem na busca do lucro, forçando animais a entrarem no habitat remanescente em declínio ou no próprio mercado. E é exatamente este contato próximo e repetido que permite que os micróbios que vivem nos corpos dos animais atravessem para o nosso próprio habitat. Quando isso acontece, esses micróbios podem se transformar em patógenos (organismos causadores de doenças) humanos mortais. Tomar conhecimento e refletir sobre este processo é fundamental não só para o presente mas para o futuro. Por que chegamos a estas crises? Por que somos submetidos coletivamente a riscos de morte? (...) t.me/CursosDesignTelegramhub https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/07/projeto-de-lei-das-fake-news-avanca-rapido-sem-considerar-privacidade-diz-relator-da-onu.shtml ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 12 (https://www.cartacapital.com.br/blogs/dialogos-da-fe/nem-obra-de-satanas-nem-castigo-de-deus-a- pandemia-e-oportunidade/) Texto 2 Atila Iamarino: ‘Após o coronavírus, o mundo não voltará a ser o que era’ (...) Outro mundo Por diversas vezes durante o programa, Atila afirmou que o mundo deve mudar após a pandemia. No curto, médio e longo prazo. As alterações passam desde o trato à ciência e prevenção, a até novas relações de trabalho. “De imediato, até tomarmos a vacina, teremos que tomar precauções. Nesse meio tempo, as pessoas vão mudar. Tem pais e mães convivendo mais com os filhos. Convivemos com um problema de alguém do interior da China. O mundo vai ser mais diferente mas espero que seja mais unido”, disse. Mais adiante, após o fim do pico de contágio, a preocupação com o retorno da pandemia deve ser de grande relevância. “Todo mundo vai ter queusar máscara por uns bons meses. A indústria tem que se adequar.” Agora, na ascensão do novo coronavírus, os equipamentos deve ser direcionados, na sua totalidade, aos profissionais da saúde, defende Atila. Mas, de acordo com a possibilidade, todos deverão adotar o hábito de usar máscaras. Já sobre o mundo do trabalho, Atila defende uma mudança de postura em relação ao tratamento dos cidadãos. “Não tem como retomar o que existia antes. Precisamos nos adequar a uma nova economia e ao trabalho remoto”, disse, em uma defesa do conhecido home office. As relações afetivas tendem a seguir o mesmo caminho. A tecnologia de comunicação deve passar a ter, cada vez mais, o objetivo de aproximar. “Mesmo virtual, espero uma constância maior (dos relacionamentos). Tem muita gente descobrindo que poderia trabalhar de casa. Ensino à distância pode ser mais aplicado. Espero que renovemos a esperança na ciência e na mídia. Estamos redescobrindo a real importância disso, de saber do vizinho.” (https://www.redebrasilatual.com.br/saude-e-ciencia/2020/03/atila-iamarino-apos-o-coronavirus-o- mundo-nao-voltara-a-ser-o-que-era/) Texto 3 Coronavírus reforça preconceito contra minorias religiosas e étnicas no mundo O Globo 21.04.2020 Um documento da Human Rights Watch, publicado na semana passada, aponta que crimes de discriminação e ódio relacionados à doença têm como alvo estrangeiros e visitantes da diáspora negra nos Camarões, indianos muçulmanos e do Nordeste do país, além de várias minorias religiosas no mundo. Na Europa, centenas de milhares de ciganos estão sendo excluídos de medidas de prevenção e contenção da doença. O mesmo ocorre no Paquistão com cristãos e hindus, frequentemente tratados como cidadãos de segunda classe. Na Ásia, a discriminação e estigmatização se voltaram agora contra os africanos que vivem na China, especialmente na província de Guangdong, no Sudeste do país, conhecida como Little Africa. Muitas vezes, o discurso de ódio e preconceito é destilado pelos próprios governantes, caso da Hungria, Estados Unidos e Índia. — O racismo e a discriminação estimulados pelos líderes são especialmente desleais. Nos EUA, a retórica focada em rotular o vírus como "chinês" ou "de Wuhan" coincidiu com um aumento nos crimes de preconceito contra americanos asiáticos. O líder da Hungria, Viktor Orbán, usa o coronavírus para atacar imigrantes e abastecer a xenofobia, chegando a dizer a funcionários do governo húngaro que há t.me/CursosDesignTelegramhub https://www.cartacapital.com.br/blogs/dialogos-da-fe/nem-obra-de-satanas-nem-castigo-de-deus-a-pandemia-e-oportunidade/ https://www.cartacapital.com.br/blogs/dialogos-da-fe/nem-obra-de-satanas-nem-castigo-de-deus-a-pandemia-e-oportunidade/ http://www.ihu.unisinos.br/597033 http://www.ihu.unisinos.br/597204 http://www.ihu.unisinos.br/597121 http://www.ihu.unisinos.br/597272 http://www.ihu.unisinos.br/597272 http://www.ihu.unisinos.br/565643 http://www.ihu.unisinos.br/597486 http://www.ihu.unisinos.br/585594 ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 13 uma ligação entre imigrantes e o vírus. Na Índia, a hashtag Corona Jihad viralizou depois que membros do partido no poder fizeram essa conexão — explicou ao GLOBO Akshaya Kumar, diretora de gestão de crises da Human Rights Watch. (https://oglobo.globo.com/mundo/coronavirus-reforca-preconceito-contra-minorias-religiosas-etnicas- no-mundo-24383553) Texto 4 MORTES E RENOVAÇÃO: COMO A PESTE NEGRA MUDOU O CENÁRIO DA EUROPA Isso gerou uma mudança a longo prazo nas relações de trabalho na Europa. Conhecendo as possibilidades de melhoria, os trabalhadores sentiram quando os senhores começaram a voltar com os velhos hábitos do mundo medieval, na medida que a população se recuperava. A consequência disso foi drástica: um aumento considerável nas revoltas campesinas ganhou vida no final do século 14. Isso possibilitou o estabelecimento permanente das melhorias e das liberdades dos trabalhadores do campo, que já haviam presenciado o esvaziamento das cidades maiores no momento da peste. Outra consequência da tragédia foi a fragilização da moral da Igreja, que não conseguiu conter a peste, mesmo se dizendo portal de comunicação com o divino. Até Deus saiu como vilão na situação de sofrimento e inúmeras mortes. Além disso, com a morte de diversos padres, haviam locais na Europa em que simplesmente não realizavam mais cultos. Segundo Lucien Febvre (historiador francês ligado à Escola dos Annales) em O Problema da Incredulidade no Século XVI, foi justamente a partir do século 15 que tornou- se possível compreender a existência de um ateísmo, algo inconcebível nos séculos anteriores. Já sofrendo com o preconceito religioso, as populações judaicas passaram a ser usadas como bode expiatório naquele momento. Acusadas de envenenarem a água e rogar pragas contra os cristãos (devido aos hábitos de higiene melhores, os judeus tiveram uma mortalidade menor na Peste), muitos foram agredidos ou até mesmo executados. O antijudaísmo cresceu muito na Europa quatrocentista, gerando massivas migrações para o leste. https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/como-peste-negra-mudou-o-cenario-da- europa.phtml Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Pandemia: É possível algum aprendizado ético? Tema 4: Cultura do Cancelamento INSTRUÇÃO: Leia os textos a seguir: Texto 1 O movimento hoje conhecido como "cultura do cancelamento" começou, há alguns anos, como uma forma de chamar a atenção para causas como justiça social e preservação ambiental. Seria uma maneira de amplificar a voz de grupos oprimidos e forçar ações políticas de marcas ou figuras públicas. t.me/CursosDesignTelegramhub https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/almanaque/historia-gramado-10-curiosidades-sobre-europa-brasileira.phtml ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 14 Funciona assim: um usuário de mídias sociais, como Twitter e Facebook, presencia um ato que considera errado, registra em vídeo ou foto e posta em sua conta, com o cuidado de marcar a empresa empregadora do denunciado e autoridades públicas ou outros influenciadores digitais que possam amplificar o alcance da mensagem. É comum que, em questão de horas, o post tenha sido replicado milhares de vezes. (Disponível em https://www.bbc.com/portuguese/geral-53537542 , acessado em 04.12.2020). Texto 2 Qual limite entre a crítica e o linchamento virtual? A advogada Thais Menezes afirma que os prejuízos da cultura do cancelamento são os danos à honra e à imagem dos usuários que sofrem com o linchamento, além de, muitas vezes, invadir uma área que é restrita à atuação das polícias e órgão envolvidos, como a Polícia Civil e o Ministério Público, o que pode causar até mesmo interferências indesejadas no procedimento investigativo. (...) Ashley pensa que existe um ponto positivo no cancelamento para pessoas que cometem crimes reais, como no caso da blogueira Luisa Brasil, que foi explicitamente racista no Instagram e estava ganhando mais visibilidade e seguidores, mas depois de sofrer com esse banimento virtual, a sua conta foi excluída. Ela acrescenta que é um dos pontos negativos é quando usuários, que publicam uma opinião, sem preconceitos, diferente da maioria, são julgados e apedrejados por simplesmente não pensar igual. (...) A pesquisadora Gabriela de Almeida, membro do projeto Redes Cordiais, que combate a desinformação e o discurso de ódio nas redes sociais, explica, em entrevista à Agenda, que o cancelamento ocorre a partir de uma frase mal elaborada ou de uma opinião baseada em equívocos, em que uma pessoa pode ser atacada de uma forma devastadora, sem que haja o menor espaço para diálogo, revisão de atitudes ou abertura para reflexões mais sérias acerca do que houve de fato.“Essa cultura caminha lado a lado com o discurso de ódio, quando se nega a aceitar diversidade de trajetórias e de ideias, e se apoia em uma tática de exclusão e julgamento, o que pode trazer consequências assombrosas para a sociedade e pode criar relações cada vez mais tóxicas. Cancelar e silenciar um sujeito não fará com que aquela opinião se dissolva, pelo contrário, pode até mesmo provocar uma onda de desinformação e ódio”, declara. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 15 (disponível em https://www.agendartecultura.com.br/noticias/limite-critica-linchamento-virtual/, acessado em 04.12.2020). Texto 3 A cultura do cancelamento: O que era valioso passou dos limites? (...) A Rolling Stone Brasil conversou com Yuri Busin, mestre e doutor em Neurociência Cognitiva pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, e Beatriz Barbosa Fejgelman, psicóloga clínica formada na Unesp, especialista em Saúde Mental pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e psicanalista do grupo Divam, para entender como a liberdade de expressão proporcionada pela internet, uma ferramenta valiosa, foi distorcida ao longo dos anos e se transformou na cultura do cancelamento. (...) Origem do cancelamento A origem da cultura do cancelamento não possui um marco exato. Contudo, a revista Time relaciona essa mobilização online com o movimento #MeToo, que utilizou as redes sociais para unir vítimas de assédio e abuso sexual, em 2017. As denúncias virtuais ganharam visibilidade mundial e foram transformadas em acusações reais. O cineasta Harvey Weinstein foi acusado por mais de 80 mulheres por crimes sexuais e foi sentenciado a 23 anos de prisão, em março de 2020. Além disso, é possível identificar o movimento de “chamar atenção”, a chamada call-out culture, que foi tema de textos de opinião do The Guardian e do New York Times, em 2019. Segundo o veículo britânico, uma versão da cultura de “chamar atenção” fora da internet já existe há muito tempo e foi responsável por revelar injustiças sociais de grupos marginalizados. Porém, a mesma ferramenta passou a ter um significado diferente quando foi transferida para o universo digital. O jornal define esse movimento nas redes sociais como uma ação simples: “Alguém faz algo errado, as pessoas avisam e a pessoa evita fazer isso de novo no futuro”. Beatriz relembrou a eficiência da cultura de “chamar atenção” no Brasil ao citar a reformulação do posicionamento da marca Skol, que sofreu inúmeras críticas depois de sugerir que as mulheres deixassem o “não” em casa para celebrar com carnaval de 2015. “O cancelamento pode ser utilizado de diversas formas”, disse a especialista a psicóloga. “Cancelar uma marca, como foi com a Skol, trouxe mudanças muito positivas, em que reconstruíram toda a propaganda da marca, parando de usar o corpo nu das mulheres em frente às telas e usando a força de trabalho intelectual para refazer o marketing.” Ela completa: “Claro que toda essa mudança também vem de uma lógica capitalista, a qual, ao ver que as mulheres também são consumidoras da marca, abraça os ideais feministas ainda como meio para vendas e lucro”. (Disponível em https://rollingstone.uol.com.br/noticia/cultura-do-cancelamento-o-que-era-valioso- passou-dos-limites/, acessado em 04.12.2020). PROPOSTA DE REDAÇÃO Com base na leitura dos textos apresentados e de outras que já tenha feito sobre o assunto, escreva um texto dissertativo que deverá ter o seguinte título: A cultura do cancelamento: recurso valioso ou expressão do ressentimento? Sua redação deverá ser redigida em prosa e obedecer aos padrões da norma culta do português do Brasil. t.me/CursosDesignTelegramhub https://rollingstone.uol.com.br/noticia/racismo-e-homofobia-nova-serie-da-netflix-expoe-hollywood-antes-do-movimento-metoo/ https://rollingstone.uol.com.br/noticia/harvey-weinstein-e-condenado-23-anos-de-prisao-por-estupro-e-abuso-sexual/ https://rollingstone.uol.com.br/noticia/harvey-weinstein-e-condenado-23-anos-de-prisao-por-estupro-e-abuso-sexual/ ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 16 Tema 5: Os jovens e o retorno ao mundo pré-pandemia Autoral modelo Fuvest 2020(Fernando Andrade) Artigo: Jovens não querem retorno ao mundo pré-pandemia Em debates organizados por comitê da Universidade Columbia, juventude de 10 países acredita que surto de Covid-19 é uma oportunidade de mudar suas comunidades e nações para melhor Vishakha Desai, Laura Neitzel e Darlene Dubuisson – 24/06/2020 - 08:00 / Atualizado em 24/06/2020 - 13:02 NOVA YORK — Noventa jovens de 18 a 26 anos, de dez países (Brasil, Emirados Árabes, Estados Unidos, Índia, Jordânia, Líbano, Singapura, Tunísia, Turquia e Quênia), participaram de uma série de debates online durante a quarentena organizada pelo Comitê sobre Pensamento Global da Universidade Columbia, de Nova York. As conversas fazem parte da pesquisa “A juventude em um mundo em transformação”. Nas discussões, os jovens compartilharam angústias e incertezas. Um tema recorrente foi que eles não querem o retorno ao mundo pré-coronavírus e acreditam que a pandemia é uma oportunidade de mudar suas comunidades e nações para melhor. Para a juventude dos países desenvolvidos, o momento atual é o de choque com uma situação de profunda instabilidade: “Estamos habituados à certeza, como podemos normalizar a incerteza?”, questiona o estudante americano Silas Swanson. Para seus colegas nas nações do Sul Global, as turbulências são conhecidas: "Para a juventude turca, o futuro sempre foi incerto. Esta pandemia apenas acrescentou mais uma camada de dúvidas. Sempre tivemos medo de nos formarmos com a economia em declínio", diz a estudante Cansu Ceylan. Disponível em https://oglobo.globo.com/mundo/artigo-jovens-nao-querem-retorno-ao-mundo-pre-pandemia-24494999 , acessado em 25/06/2020 Esse artigo expressa a ideia de alguns jovens como se fosse de toda uma geração. Você concorda com ele? Como você avalia, em relação a esse tema, o jovem que hoje chega ao vestibular? Situados, em sua maior parte, na faixa etária que vai dos dezesseis aos vinte e um anos, esses jovens desejam o retorno ao estado pré-pandemia? Desejam algo diferente? São capazes de aproveitar essa oportunidade? Ou encaram os efeitos da pandemia com pessimismo? Para tratar desse tema, você poderá, por exemplo, identificar as principais virtudes ou os defeitos que eventualmente essa jovem geração apresente; indicar quais são os valores que, de fato, ela julga mais importantes e opinar sobre eles. Você poderá, também, considerá-la quanto à formação intelectual, identificando, aí, os pontos fortes e as possíveis deficiências. Poderá, ainda, observar qual é o grau de respeito pelo outro, de consciência social, de companheirismo, de solidariedade efetiva, de conformismo ou de inconformismo que essa geração manifesta. Refletindo sobre aspectos como os acima sugeridos, escolhendo entre eles os que você julgue mais pertinentes ou, caso ache necessário, levantando outros aspectos que você considere mais relevantes para tratar do tema proposto, redija uma DISSERTAÇÃO EM PROSA, apresentando argumentos que deem consistência e objetividade ao seu ponto de vista. t.me/CursosDesignTelegramhub https://oglobo.globo.com/mundo/artigo-jovens-nao-querem-retorno-ao-mundo-pre-pandemia-24494999 ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 17 Tema 6: Negacionismo Autoral 2020 (Autoral/ inédita) Considere as seguintes informações como texto de apoio para a proposta de redação que se segue. “A intrusão do tipo de transcendência que denomino Gaia faz existir no seio de nossas vidas um desconhecido maior, e que está aí para ficar. É o que, aliás, talvez seja mais difícil de conceber: não existe futuro previsível em que ela [Gaia] nos restituirá a liberdade de ignorá-la; não se trata de ‘ummau momento que vai passar’, seguido de uma forma qualquer de happy end no sentido pobre de ‘problema resolvido’. Não estamos mais autorizados a esquecê-lo. Teremos que responder sem cessar por aquilo que fazemos face a um ser implacável, surdo às nossas justificações” (Isabelle Stengers, Au temps des catastrophes: résister à la barbarie qui vient. Paris: La Découverte, 2009, “E, no entanto, basta abrir os jornais ou ligar a TV para perceber o grau de esquizofrenia que acomete hoje nossa sociedade, e como esse consenso científico estranhamente não gerou um consenso da opinião, ou ao menos não gerou uma consciência da real gravidade da situação que estamos vivendo. Enquanto os cientistas (inclusive pesquisadores brasileiros de instituições com alta legitimidade científica) falam em um aumento de 4 a 6 º C na temperatura do planeta até o fim deste século , aqui “embaixo”, por trás da enxurrada de campanhas publicitárias das empresas que cada vez mais usam e abusam da maquiagem verde, limitamo-nos a discutir reciclagem de lixo e outras medidas proporcionalmente insignificantes, e o governo se empenha em destruir, pouco a pouco, a legislação ambiental construída a duras penas ao longo de décadas, difamando os ambientalistas como “ecochatos” e acusando-os de querer atrasar o desenvolvimento do país em nome de suas fantasias de mundos impossíveis. Boa parte da esquerda ainda considera a preocupação com o meio-ambiente um luxo tipicamente burguês, ou se vê obrigada, muito a contragosto vale dizer, a “domesticar” a questão ambiental de modo a fazê-la caber dentro de seus esquemas cosmológicos clássicos, de conteúdo fortemente antropocêntrico e messiânico.” (Disponível em http://culturaebarbarie.org/sopro/n70scribd.pdf, consultado em 21.02.2019) Negacionismo nome masculino 1.atitude de quem afirma que algo não é verdadeiro ou não existe 2.rejeição da validade de conceitos apoiados por consenso científico ou empiricamente verificáveis 3.HISTÓRIA. posição de quem nega a existência de um facto documentado ou de quem propõe interpretações não fundamentadas de fenómenos históricos já estudados; revisionismo (disponível em https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/negacionismo, consultado em 21.02.2019) t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 18 Arte: Mariana Rudzinski (disponível em http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2017/08/o-que-ha-de-real-no-negacionismo/, consultado em 21.02.2019) Cientistas protestam contra conferência de negacionistas no Porto Mais de 60 cientistas e trabalhadores em Ciência expressam o seu protesto pelo facto da Universidade do Porto “promover uma conferência que vem favorecer a desinformação”6 de Setembro de 2018, 13:1 “A conferência “Basic science of a Changing climate”, que vai decorrer esta sexta-feira e sábado na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (UP), levou um grupo de personalidades ligadas à Ciência a escrever uma carta aberta de protesto dirigida ao reitor da Universidade do Porto (clique para ler o documento). Os signatários condenam o encontro “organizado por um conhecido lobby negacionista das alterações climáticas, o autodenominado ‘Independent Comittee on Geoethics’” e defendem que a universidade “deve escrutinar os eventos que organiza e promover o conhecimento baseado em Ciência”. (PÚBLICO , 6 de Setembro de 2018) (disponível em https://www.publico.pt/2018/09/06/ciencia/noticia/cientistas-escrevem-carta-aberta-sobre- conferencia-de-negacionistas-no-porto-1843220#gs.Fqo6P09a, consultado em 21.02.2019) Estes textos apresentam notícias e opiniões sobre a reação negacionista frente ao possível aquecimento global. Como todo movimento social, esse fenômeno pode ser entendido como expressão de dilemas que a sociedade contemporânea enfrenta. O que essa polêmica revela sobre os paradoxos e encruzilhadas em que a humanidade se encontra? Que tipo de visão de mundo o negacionismo revela? Quais interesses? Com que seriedade a geração atual encara tal discussão? Redija uma dissertação em prosa, na qual você interprete e discuta esse fenômeno, considerando os aspectos mencionados no parágrafo anterior e, se quiser, também outros aspectos que julgue relevantes. Procure argumentar de modo a deixar claro seu ponto de vista sobre o assunto. Tema 7: Ódio que existe na sociedade brasileira Texto I O fato mais singular, numa massa psicológica, é o seguinte: quaisquer que sejam os indivíduos que a compõem, sejam semelhantes ou dessemelhantes o seu tipo de vida, suas ocupações, seu caráter ou sua inteligência, o simples fato de se terem transformado em massa os torna possuidores de uma espécie de alma coletiva. Esta alma os faz sentir, pensar e agir de uma forma bem diferente da que cada um sentiria, pensaria e agiria isoladamente. Certas ideias, certos sentimentos aparecem ou se transformam em atos apenas nos indivíduos em massa. A massa psicológica é um ser provisório, composto de elementos heterogêneos que por um instante se soldaram, exatamente como as células de um organismo formam, com a sua reunião, um ser novo que manifesta características bem diferentes daquelas possuídas por cada uma das células. (Le Bon, Gustave. Apud FREUD, Sigmund, A descrição de Le Bon da mente grupal In.: Psicologia das Massas e a Análise do eu, São Paulo: Editora Schwartz, 2011, p. 12.) t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 19 Texto II O Brasil, visto como pacífico, no qual buscam felicidade imigrantes de diversas origens, tornou-se campo minado. Lugar perigoso para quem ousa exercer o direito à liberdade de opinião. Há feridos e mortos por pensar diferente, não concordar com radicalismos políticos. E não fica só nisso, a barbárie já alcança diferenças religiosas, de gênero, de cor e por aí vai a inconsciência quanto ao direito do próximo. Fomos divididos em dois grupos: contra e a favor. E se perguntarmos de que ou quem, os militantes nem saberão dizer. A tecnologia, criada para aproximar pessoas pelos telefones celulares, é utilizada para acirrar ânimos, promover discórdia, gerar conflitos. Jogar uns contra outros. Todos os dias recebemos vídeos de pessoas sendo ofendidas, agredidas, acuadas por suas posições ideológicas. (Folha de São Paulo ,22/09/2019, “Cultura do ódio) Texto III Como funciona o maior grupo de propagação de ódio na internet brasileira, que lucra com misoginia, racismo e homofobia Além de apostar em conteúdos que geram indignação, eles costumam mirar em personalidades com fama na rede. Além da superfície de imagens fofas e curtidas, a internet cultiva o ódio. Rede narcísica, estimula um novo personagem: o troll. É aquele usuário que provoca e enfurece outras pessoas, com comentários injustos, ignorantes e, muitas vezes, criminosos. O objetivo do troll é provocar a ira dos outros internautas — e, se possível, ganhar algum dinheiro de modo fácil. Os trolls se alimentam da atenção que atraem e se valem de qualquer coisa para tal. Talvez, por isso, esta reportagem possa não ser uma boa ideia, exceto pelo fato de que precisamos falar sobre esse novo Kevin. É um monstrinho digital à moda do personagem da escritora americana Lionel Shriver. O Kevin*, de Shriver, é aquela criança mimada que aprende que a violência é um método aceitável e simples para obter o que quer. O Kevin digital o emula nas redes sociais e, principalmente, em fóruns privados de discussão. [...] Os trolls estão transformando as mídias sociais e painéis de comentários em um gigante recreio de adolescentes malcriados, repetindo epítetos raciais e misóginos, definiu uma reportagem recente da revista Time. Uma pesquisa que a publicação cita mostrou que 7 em cada 10 jovens sofreram algum tipo de assédio por meio da internet. Um terço das mulheres já se disse perseguida on-line. Um estudo de 2014publicado no periódico de psicologia Personality and Individual Differences constatou que 5% dos usuários da internet que se identificaram como trolladores obtiveram pontuação extremamente alta em traços obscuros de personalidade: narcisismo, psicopatia, maquiavelismo e, principalmente, sadismo. E não pense que isso não ocorre em sua vizinhança. * Referência ao livro “Precisamos falar sobre Kevin”, de Lionel Shriver, que conta a história da mãe de um menino que comete um massacre em uma escola. A história é vista da perspectiva dessa mãe. Trecho retirado de Daniel Salgado, Igor Mello e Marcella Ramos, 02/07/2018. Disponível em: <https://epoca.globo.com/sociedade/noticia/2018/06/como-funciona-o-maior-grupo-de-propagacao-de- odio-na-internet-brasileira-que-lucra-com-misoginia-racismo-e-homofobia.html> Acesso em: 18 abr.2019. Texto IV t.me/CursosDesignTelegramhub https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2019/09/polarizacao-politica-e-uma-perda-de-tempo-diz-irene-ravache.shtml ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 20 Os textos acima apresentam ideias sobre ódio que divide a sociedade brasileira. Com base nesses textos e outras informações e reflexões que você julgue adequadas redija uma dissertação em prosa no qual você análise e discuta o sentido desse fenômeno. Artigo: Jovens não querem retorno ao mundo pré-pandemia Em debates organizados por comitê da Universidade Columbia, juventude de 10 países acredita que surto de Covid-19 é uma oportunidade de mudar suas comunidades e nações para melhor Vishakha Desai, Laura Neitzel e Darlene Dubuisson – 24/06/2020 - 08:00 / Atualizado em 24/06/2020 - 13:02 NOVA YORK — Noventa jovens de 18 a 26 anos, de dez países (Brasil, Emirados Árabes, Estados Unidos, Índia, Jordânia, Líbano, Singapura, Tunísia, Turquia e Quênia), participaram de uma série de debates online durante a quarentena organizada pelo Comitê sobre Pensamento Global da Universidade Columbia, de Nova York. As conversas fazem parte da pesquisa “A juventude em um mundo em transformação”. Nas discussões, os jovens compartilharam angústias e incertezas. Um tema recorrente foi que eles não querem o retorno ao mundo pré-coronavírus e acreditam que a pandemia é uma oportunidade de mudar suas comunidades e nações para melhor. Para a juventude dos países desenvolvidos, o momento atual é o de choque com uma situação de profunda instabilidade: “Estamos habituados à certeza, como podemos normalizar a incerteza?”, questiona o estudante americano Silas Swanson. Para seus colegas nas nações do Sul Global, as turbulências são conhecidas: "Para a juventude turca, o futuro sempre foi incerto. Esta pandemia apenas acrescentou mais uma camada de dúvidas. Sempre tivemos medo de nos formarmos com a economia em declínio", diz a estudante Cansu Ceylan. Disponível em https://oglobo.globo.com/mundo/artigo-jovens-nao-querem-retorno-ao-mundo-pre-pandemia-24494999 , acessado em 25/06/2020 Esse artigo expressa a ideia de alguns jovens como se fosse de toda uma geração. Você concorda com ele? Como você avalia, em relação a esse tema, o jovem que hoje chega ao vestibular? Situados, em sua t.me/CursosDesignTelegramhub https://oglobo.globo.com/mundo/artigo-jovens-nao-querem-retorno-ao-mundo-pre-pandemia-24494999 ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 21 maior parte, na faixa etária que vai dos dezesseis aos vinte e um anos, esses jovens desejam o retorno ao estado pré-pandemia? Desejam algo diferente? São capazes de aproveitar essa oportunidade? Ou encaram os efeitos da pandemia com pessimismo? Para tratar desse tema, você poderá, por exemplo, identificar as principais virtudes ou os defeitos que eventualmente essa jovem geração apresente; indicar quais são os valores que, de fato, ela julga mais importantes e opinar sobre eles. Você poderá, também, considerá-la quanto à formação intelectual, identificando, aí, os pontos fortes e as possíveis deficiências. Poderá, ainda, observar qual é o grau de respeito pelo outro, de consciência social, de companheirismo, de solidariedade efetiva, de conformismo ou de inconformismo que essa geração manifesta. Refletindo sobre aspectos como os acima sugeridos, escolhendo entre eles os que você julgue mais pertinentes ou, caso ache necessário, levantando outros aspectos que você considere mais relevantes para tratar do tema proposto, redija uma DISSERTAÇÃO EM PROSA, apresentando argumentos que deem consistência e objetividade ao seu ponto de vista. 1.2 Comentário Tema 1: Redes sociais Tema e proposta O tema “As redes sociais na democracia: renovação ou ameaça?” leva o candidato a refletir sobre o papel inicial das redes sociais, de estabelecer contato mais próximo entre as pessoas, fortalecer os laços entre parentes e amigos, e o que ela, de fato, transformou-se: espaço de exposição de fake News, de polarização política e de disseminação de preconceitos e de discursos de ódio. Essa discussão é muito atual, até porque, durante a pandemia, as redes sociais foram a maneira mais segura de se manter contato com os conhecidos e parentes e ganharam mais importância ainda no cotidiano. No entanto, não se pode deixar de considerar o uso político que elas ganharam nas eleições norte- americanas, quando a campanha à presidência de Donald Trump usou-as como forma de catapultar os votos do republicano por meio da interferência dos algoritmos da Cambridge Analytica em uma estratégia cuja lisura ainda está em questão. Também é possível reconhecer seu uso na última campanha eleitoral brasileira à presidência, quando Jair Bolsonaro fez sua divulgação por meio das redes sociais. Seus apoiadores foram responsáveis por divulgar muitas fake News a respeito do seu adversário, numa clara postura antidemocrática. Diante dessas informações, vejamos a seguir algumas possibilidades de se trabalhar o tema. • As redes sociais são um elemento de renovação, porque promovem a democracia na medida que permitem o diálogo entre pessoas com as mais diferentes orientações políticas. • As redes sociais são uma ameaça à democracia, na medida em que não promovem um diálogo saudável entre as pessoas, mas sim a polarização política. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 22 A partir das informações elencadas no quadro, percebe-se que você pode abordar o tema por diferentes e variadas perspectivas. Tudo vai depender da resposta que você der para a pergunta temática, que constituirá a sua tese. Caso você reconheça que as redes sociais representam uma renovação à democracia, você poderia trabalhar exemplos que demonstrem isso, ou discutir as causas desse processo, ou as consequências disso. Já se você considera que as redes sociais representam uma ameaça à democracia, será necessário mostrar como e por que isso ocorre, bem como refutar os argumentos daqueles que pensam ao contrário. Como você deve ter percebido, existem muitos caminhos para a reflexão sobre esse tema, então caberá a você escolher um deles. Escolhido o caminho, o próximo passo é elaborar o projeto do seu texto. Nele você delineia brevemente o esqueleto do texto, definindo qual será a sua tese e quais serão os argumentos que você irá usar para defendê-la. Considere em seu projeto que se trata de um texto de 30 linhas, o que deve ser suficiente para elaborar quatro ou cinco parágrafos. O primeiro é a introdução; os centrais são o desenvolvimento da sua argumentação; o último é a conclusão. Na introdução, espera-se que você apresente e contextualize o tema e já defina a sua tese. Também é possível já dar algum indício do seu percurso argumentativo, o que orienta muito bem a leitura do seu texto e dificulta que você se perca durante a escrita, porque já ficou explicitado o que você irá abordar na sua argumentação. A argumentação ocupa o centro do texto ecada argumento deve ocupar um parágrafo. Procure usar repertório – exemplos, dados estatísticos, citações, fatos históricos – para enriquecer seu argumento e auxiliar a sua defesa da tese. No entanto, não basta apenas citá-los, é preciso estabelecer a conexão entre a informação trazida e o tema que está sendo discutido. É preciso que o repertório traga luz ao que está sendo exposto, que contribua para a tarefa de justificar a sua tese e evidenciar por que ela é defensável e legítima em relação ao que está sendo debatido. O último parágrafo é a conclusão, e nela espera-se que você reafirme sua tese e retome seus argumentos brevemente, fechando o raciocínio elaborado no texto. Não se espera que você elabore uma proposta de intervenção, como no ENEM, e nem isso é aconselhável, porque muitas vezes o tema nem permite que se construa uma. Assim, a conclusão por síntese é a mais indicada. Coletânea de textos O primeiro texto é uma frase de Francis Fukuyama, filósofo nipo-americano, que ressalta o crescente poder político exercido pelas plataformas digitais e focaliza o perigo disso. O segundo texto é um trecho do filósofo Jürgen Habermas que trata da forma como a esfera pública deve tratar os problemas sob a perspectiva de uma teoria da democracia. Além de percebê-los e identificá-los, ela deve tematizá-los, problematizá-los e dramatizá-los para que sejam assumidos e elaborados pelo complexo parlamentar. O terceiro texto é um trecho de um artigo da revista Internetlab e destaca o inicial potencial democrático das redes sociais como novo fórum de deliberação e seu posterior declínio nesse aspecto, transformando-se em espaço de polarização e extremismos. O quarto texto é um trecho de um artigo sobre as redes sociais que fala especificamente sobre o intuito inicial do Facebook de agregar parentes e amigos e sobre o uso abusivo de que ele tem sido vítima – t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 23 como notícias falsas, assédio político. De acordo com o artigo, a empresa está tentando neutralizar tais abusos. Tese e argumentos possíveis De acordo com o posicionamento escolhido em relação ao tema, você irá compor uma tese que explicite esse posicionamento. Uma vez escolhida e redigida a tese, é hora de escolher quais são os melhores argumentos para defendê-la. Na primeira seção do comentário desta proposta, foram dadas algumas sugestões de teses que poderiam ser escolhidas, o que não esgota as suas possibilidades. Lembre-se de que a ideia chave nessa escolha é o fato de que as informações selecionadas de fato comprovem a sua tese, mostrem por que ela se justifica no mundo atual, por que ela se legitima em nossa sociedade. São elencadas a seguir algumas ideias que podem ser usadas como base para os seus argumentos. Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser compostos de exemplos, dados estatísticos, citações de especialistas ou escritores, podem ser referências • É inegável o poder de comunicação e disseminação de informações que as redes sociais têm, o que é muito importante para divulgar causas relevantes à comunidade. Isso pôde ser visto na Primavera Árabe entre 2010 e 2012, na organização de manifestações pelo aumento do preço dos transportes no Brasil em 2013. • O uso das redes sociais nas campanhas eleitorais se consolidou nas últimas campanhas eleitorais presidenciais norte-americanas (Obama, Trump) e na última brasileira (Jair Bolsonaro). No entanto, isso não significa que todos os procedimentos adotados são lícitos ou válidos. É necessário problematizar esse tema e definir regras claras para esse uso, com responsabilização para quem as descumprir. • De acordo com Habermas, os problemas devem ser tematizados e dramatizados para que ganhem relevância e visibilidade perante os parlamentares. Assim, as redes sociais são um espaço que pode ser utilizado para essa finalidade, pois elas possuem grande capilaridade na sociedade e isso pode ser usado com fins de conscientização sobre aquilo de que a sociedade precisa. • Existe um risco muito sério de que as redes sociais se tornem fonte de fake News com vistas a prejudicar certos setores políticos e privilegiar outros. É preciso que haja um esforço das plataformas para identificar e neutralizar tais fake News, bem como deve haver alguma espécie de esforço legislativo para tornar crime a divulgação delas. • As redes sociais têm potencial para se tornarem um fórum de discussão política, desde que se garanta que elas sejam um espaço de pluralidade de opiniões e posicionamentos. Também é necessário se garantir que elas não sejam o ponto de partida para intimidação ou ameaças por conta das opiniões emitidas nelas. • A excessiva polarização e extremismos não contribuem para a democracia, ao contrário, ameaçam-na. Ao ocorrerem nas redes sociais, eles diminuem a possibilidade de diálogo, tão necessário num ambiente democrático. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 24 de séries, filmes, livros que você tenha lido e que se articulem à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota mais alta. Tema 2: Fake News Comentário. A proposta tem uma estrutura tradicional, uma coletânea composta de 3 textos, uma charge e um tema explícito, diante do qual, não restam dúvidas sobre o que se deve dissertar: fake News. Aliás, traz à tona a recente discussão sobre limitar a internet ou não. A proposta é polêmica, ou seja, gira em torno de um assunto diante do qual se pode concordar ou discordar. Normalmente, nesses temas polêmicos, há uma terceira via: concordar ou discordar em partes. Isso não se aplica ao controle da fake News, porque obviamente qualquer proposta de controle tende a ser parcial, ninguém é louco de propor uma lei que restrinja toda e qualquer informação falsa. Trata-se de um formato bastante comum no vestibular da UNESP. A coletânea O primeiro texto permite considerar o contexto, no qual a discussão sobre como controlar as fake News se dá. A disseminação dos discursos de ódio e a polarização social em que vivemos parecem esgarçar o tecido social, sem que possamos prever o que surgirá desse clima de guerra de uma facção contra outra. Se apenas fosse o caso de disseminação de mentiras, saberíamos lidar com isso, pois foi uma constante na história política da humanidade. Mas estamos lidando com um instrumento poderoso de potencialização do fluxo de informação e com profissionais que se valem dos recursos tecnológicos para disseminar propositalmente mentiras como forma de manipular comportamentos, difamar pessoas e deslegitimar processos eleitorais. A charge, nesse caso, nos lembra que a mentira profissional é semelhante as falsas informações dadas por pessoas comuns. Nós mentimos nas redes sociais, pois a rede nos permite uma virtualidade que se associa aos nossos desejos. Uma lei que limitasse as fake News, limitaria também a liberdade individual. O texto 4, deixa claro o imbróglio. O recente projeto de lei determina que o Whats App mantenha durante 15 dias as informações sobre mensagens enviadas de forma maciça. Ora, há dois problemas aí. O primeiro é que a plataforma teria direito de guardar informações sobre os usuários e, claro, elas poderiam ser acessadas. O segundo é que tal regra poderia levar à intimidação. É importante frisar que tal texto da coletânea é exemplificativo, ou seja, não se pede para que o aluno discuta o projeto de lei, mas sim que discuta se o fenômeno da fake News deve ser combatido ou não. O segundo texto é bastante provocador. Ele nos lembra que ao aprovar uma lei de fake Newsnão se aprova um conteúdo, mas uma forma. Ou seja, tanto quem espalha mentiras como a de que o PT teria distribuído “chupeta de piroca”, quanto quem acusa o governo de ser nazista seriam apanhados pela lei. Embora o autor do texto não chegue a mencionar, vale a pena lembrar, que toda regra legal deve ser para todos e deve ser generalizante, daí a dificuldade de promulgar uma lei, pois mesmo sabendo-se o que se deseja coibir, os meios para isso podem ser mais amargos do que a coisa em si. Nesse caso, vale ressaltar que a coletânea ajuda a problematizar a questão, oferece pouco subsídio para o desenvolvimento argumentativo. Encaminhamentos possíveis Tese: Sim, o controle das fake News representa cerceamento da liberdade. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 25 ▪ Liberdade de expressão significa que o indivíduo pode dizer o que pensa, não importa o conteúdo do pensamento, uma lei que cerceie qualquer tipo de liberdade de expressão pode ser usada contra jornalistas, por exemplo. ▪ Se a ofensa for criminosa, o autor pode ser punido por injúria, não é preciso uma lei específica para fake News. ▪ A própria sociedade acabará por regular os exageros. ▪ Qualquer meio de controlar a opinião, significa trilhar o cominho do autoritarismo, mesmo que seja por uma causa justa. ▪ Mentir nunca foi uma contravenção, a disseminação até poderia ser, mas é difícil separar quem dissemina informações porque acredita nelas daqueles que disseminam para ter algum tipo de vantagem. ▪ No regime democrático, nenhuma ideia vale mais do que outra, cada um pode acreditar no quiser e divulgar suas ideias, contanto que não sejam apologias à violência. Tese: Não, o controle das fake News não cerceia a liberdade. ▪ Normalmente, quem se vale de robôs e dissemina fake News são pessoas contrárias à liberdade democrática; controlar as fake News significa proteger a democracia , ou seja, proteger o único regime que defende a liberdade de fato. ▪ A proposta do congresso nacional de punir o compartilhamento maciço é uma forma de restrição, mas que não atinge as ideias, afinal se pune o ato de disseminar e não o conteúdo do que é enviado. ▪ Segundo Jurgën Habermas, filósofo, a democracia só funciona quando os agentes são capazes de apresentar suas ideias de forma sincera; as fake News sabotam a democracia; trata-se de sabotar o princípio de liberdade de expressão. ▪ Divulgar fake News significa atentar contra o direito do indivíduo a informação, manipulado por informações falsas, o sujeito não é livre. Para entender mais 3. Desinformação e riscos à democracia Hannah Arendt afirmou em entrevista dada em 1974 que, "se todo mundo sempre mentir para você, a consequência não é que você vai acreditar em mentiras, mas sobretudo que ninguém passe a acreditar mais em nada”[7]. A filósofa política falava tendo em vista as experiências totalitárias do século 20, em que a propaganda ideológica estatal tinha como base a manipulação do sentido de realidade das pessoas. No entanto, a reflexão cabe perfeitamente ao momento atual. A desinformação retira a capacidade de discernir o real do irreal, gerando um ambiente de crescente desconfiança e descrença. Como agir sem um substrato de realidade? Como tomar decisões adequadas sem a capacidade de discernir o real do irreal? (...) 5.2. Estratégias regulatórias ALguns países no mundo estão editando leis especificamente voltadas ao combate à desinformação. Citarei alguns casos emblemáticos e a abordagem brasileira. t.me/CursosDesignTelegramhub http://interessenacional.com.br/2019/07/11/fake-news-desinformacao-e-liberdade-de-expressao/#_ftn7 ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 26 A União Europeia optou por não adotar regulamentação sobre o tema. No contexto do bloco, o que existe é um sistema de autorregulação, no qual as plataformas digitais e as empresas de publicidade estabelecem para si normas de conduta. Assim, no final de 2018, Google, Twitter, Facebook e Mozilla apresentaram um código de conduta, com o qual se comprometem, por exemplo, a implementar medidas e ferramentas que auxiliem o usuário a priorizar e identificar informações autênticas. Não obstante, alguns países do bloco optaram por adotar medidas regulatórias. Nesse sentido, a Alemanha aprovou, em 2017, lei que confere grande responsabilidade às plataformas digitais pela disseminação de notícias falsas ou de discursos de ódio. Dentre as principais obrigações previstas na lei, consta a determinação de que as redes sociais e as plataformas de compartilhamento de vídeo criem sistemas de denúncia pelos próprios usuários. Os conteúdos manifestamente ilegais devem ser removidos no prazo de 24 horas, a contar da reclamação ou de determinação judicial, sob pena de multa de até 50 milhões de euros. A França aprovou, no final de 2018, lei de combate à desinformação mirando o período eleitoral, a qual também obriga as plataformas digitais a criar um sistema de denúncias. Ademais, exige-se transparência por parte dessas plataformas quanto aos algoritmos utilizados. No Reino Unido, o Parlamento Britânico divulgou um relatório em julho de 2018 propondo medidas para combater a desinformação, dentre elas a instituição de um código de ética para as plataformas on-line que determine a remoção de conteúdos danosos a partir de denúncias dos usuários e a adoção de medidas para o aumento da transparência das plataformas frente aos usuários e ao Poder Público[16]. O relatório servirá de base a um projeto de lei, o qual será apresentado ao parlamento após consulta pública sobre as propostas formuladas. (Disponível em http://interessenacional.com.br/2019/07/11/fake-news-desinformacao-e-liberdade-de-expressao/ , acessado em 04.12.2019.) Entenda os principais pontos sobre o projeto de lei das fake news Deputados pretendem ajustar ou retirar propostas do Senado que geraram controvérsia Por Agência O Globo Publicado em: 04/08/2020 às 22h00Alterado em: 04/08/2020 às 21h35access_timeTempo de leitura: 4 min Após o Senado aprovar no fim de junho o projeto de lei de combate às fake news, a Câmara dos Deputados passou a analisar o tema. Desde meados de julho, parlamentares e especialistas conduzem debates virtuais para discutir pontos controversos do projeto. Segundo o presidente da Casa, Rodrigo Maia, a intenção é criar um texto “melhor” do que o aprovado pelos senadores. Veja aqui alguns tópicos controversos em discussão do projeto. Origem rastreada Segundo o texto aprovado pelo Senado, aplicativos de mensagens terão que armazenar por pelo menos três meses os registros de envios que alcancem mais de mil usuários. Entidades criticam o fato de que pessoas não envolvidas na cadeia de desinformação, como jornalistas, pesquisadores e parlamentares, terão os dados guardados. A identificação dos responsáveis pelos disparos dependerá de ordem judicial. t.me/CursosDesignTelegramhub http://interessenacional.com.br/2019/07/11/fake-news-desinformacao-e-liberdade-de-expressao/#_ftn16 ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 27 Na Câmara, deputados já discutem a alteração ou a retirada total do artigo que determina o armazenamento desses registros. Um grupo de parlamentares avalia que o texto aprovado pelo Senado indica uma previsão “muito ampla” para a manutenção desses dados nos servidores. Identificação de usuários Redes sociais vão poder requisitar a identidade de usuários, caso haja denúncia ou indício de desrespeito à lei, uso de robôs e contas falsas. A principal crítica é que esse tópico vai na contramão da Lei Geral de Proteção de Dados, que estabelece um princípio de coleta mínima de dados para uma finalidade específica, sem identificação em massa e indistinta de usuários. A Câmara pretende derrubar esse ponto do projeto. Controle do conteúdoPublicações poderão ser deletadas imediatamente quando envolverem crimes (como em casos de pornografia infantil) ou em situações em que houver “dano imediato de difícil reparação”. Entidades sugerem que podem ocorrer violações à liberdade de expressão, uma vez que se trata do reforço do controle das plataformas sobre o conteúdo publicado. Robôs fora da rede Contas com comportamento robotizado deverão ser excluídas quando a automatização não estiver informada com clareza às plataformas e aos usuários. Os mecanismos para identificar comportamentos incompatíveis com a ação humana caberão às empresas. Pesquisadores creem que a medida pode esbarrar em diagnósticos incompletos, devido a complexidade da análise, e punir usuários reais. (Disponível em . https://exame.com/brasil/entenda-os-principais-pontos-sobre-o-projeto-de-lei-das-fake-news/, acessado em 10.09.2020) Tema 3: Pandemia A proposta de redação gira em torno de um tema bastante debatido: quais as consequências duradouras da pandemia? A questão pode ser respondida sob perspectivas diferentes. Solicita-se que o candidato expresse sua opinião sobre a ética. Como seres humanos, sairemos dessa catástrofe melhores? Não se trata apenas de uma tentativa de prognosticar o futuro, mas antes, a resposta dada na redação deve revelar uma percepção mais ou menos otimista em relação ao homem. Além disso, permite ao autor do texto mostrar para a banca seu repertório em relação à atualidade, uma vez que várias notícias sobre o comportamento das pessoas já indicam qual deve ser o resultado ético de se passar por essa experiência. O tema explícito, “Pandemia? É possível algum aprendizado ético?”, trazia de imediato o desafio de se entender o que significaria “ético”. Não se tratava de um grande problema, pois a leitura da coletânea já indicava o recorte de significado da palavra. Em outras palavras, perguntava-se se as pessoas adotaram outros valores ou outros estilos de vida. “Ética” nesse sentido pode ser pensado como comportamento intersubjetivo que promova melhores relações entre as pessoas. A coletânea O primeiro texto traz à baila a questão ambiental. O nosso estilo de vida, consumista ao excesso, pode ser um dos fatores que levaram à pandemia. Isso significa que uma mudança do jeito de agir não é só desejável como necessária. Nesse aspecto, economia e ética se associam. É porque vivemos num sistema que necessita economicamente do consumo crescente que nosso jeito de viver acaba por ter t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 28 consequências ambientais. Esse texto permite pensar se é possível uma outra forma de agir dentro de parâmetros econômicos tão restritos. A opinião de Átila Iamarino, no segundo texto, era assertiva, vivemos em outro mundo. Houve mudanças e elas serão perenes. Primeiro, a pandemia exigiu o cuidado com o outro, algo que pode ser visto nos rostos, já que o uso de máscara não é para a própria proteção, mas para não contaminar o próximo. As pessoas começaram a trabalhar em casa, as relações humanas começaram a ter destaque seja pela proximidade com aqueles que habitam o lar, seja pela necessidade de contatos, que, durante a pandemia, tornaram-se virtuais. O autor manifesta otimismo em relação à afetividade que, para ele, ganhou novo destaque. O terceiro texto vai na contramão do otimismo do texto anterior. A pandemia reforçou estereótipos de preconceitos. Até mesmo governos não só toleraram como estimularam a xenofobia a partir da ligação de estereótipos com o vírus. Por fim, o último texto, histórico, permite a comparação com o que ocorreu no passado. A peste negra, na Idade Média, mudou valores e comportamentos de forma definitiva. Teses De saída, sempre é bom partir das formas mais simples de tese. A formato de polêmica, velho conhecido de quem pratica Unesp, permite as 3 respostas de saída. Lógico que é possível variação, considerando circunstâncias variadas ou sendo mais ou menos enfático na formulação da tese. Por exemplo, é possível dizer que não haverá aprendizado ético e que sairemos piores do que quando entramos nessa pandemia. Encaminhamentos possíveis: Haverá aprendizado ético - A pandemia fez as pessoas perceberem a importância do coletivo; mesmo que sejam consumistas, essa mudança de valores pode se traduzir em ações de valorização das relações intersubjetivas. - O mantra de que cada um deve buscar seus próprios interesses foi abalado, ficou claro que, em casos como o de uma pandemia, a solução deve ser coletiva. - A importância da mídia tradicional alterou a forma como as pessoas encaravam a informação; na pandemia, aprenderam a ter mais cuidado com a informação (cuidado com esse argumento, pois se for explorado eticamente, pode desviar do tema). - O uso de máscaras deixou claro que deve haver mais preocupação com os outros e esse hábito deixará marcas na forma como nos relacionaremos com o outro. - A pandemia gerou uma crise que engoliu regimes de extrema-direita que promoviam um tipo de comportamento marcado pela agressividade. - A valorização de políticas públicas para benefício de muitos, como a revalorização do SUS, vai frear o neoliberalismo exacerbado que promovia a apatia com o espaço público. Não haverá aprendizado ético Sim, haverá aprendizado ético Não, os costumes, as coisas voltarão a ser como eram antes Haverá alguma mudança circunstancial, mas não duradoura t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 29 - A divisão política que assola o mundo e vários países tornou a discussão ética uma marca de posturas políticas; qualquer possível reflexão ética foi sufocada pela política. - As necessidades econômicas vão continuar a ser as mesmas depois da pandemia, o que levará as pessoas a continuarem consumistas e egocêntricas. - O fato de que o vírus foi utilizado para reforçar posturas xenófobas mostra que a mudança de paradigma de comportamento não acontecerá. - Não houve uma real reflexão sobre a necessidade de mudança ética; o próprio exemplo dos países mostrou isso; não houve coordenação conjunta, cada nação teve que procurar sua resposta. - Uma coisa simples como a imposição de uso de máscaras ou o distanciamento social foi alvo de polêmicas e ações autoritárias por parte dos Estados. Isso demonstra que o cidadão comum não mudou sua perspectiva em relação ao coletivo. Haverá mudança circunstancial, mas não duradoura No caso dessa tese, podem-se mesclar argumentos de um e de outro lado. Por exemplo, é possível dizer que “as pessoas estão usando máscaras nesse momento, como símbolo da preocupação com o outro, pois a emergência sanitária exige isso, mas que, passado o surto, essa marca vai desaparecer assim como a máscara no rosto”. Observe que esse argumento mesclado que dei como exemplo no parágrafo anterior termina com uma frase “retórica”, “isso vai desaparecer assim como a máscara no rosto”. Em um tipo de redação sobre o futuro, essa forma de argumentar pode parecer tentadora e pode ser utilizada, mas é bom lembrar que nessa frase não há recursos argumentativos de fato a não ser o jogo de linguagem. Isso significa que você precisa de um raciocínio ou um fato que possa dar força à afirmação de que a preocupação com o outro vai desaparecer como a máscara. Por exemplo, podem-se mencionar que muitos já usam a máscara por ser exigência estatal, ou seja, a preocupação com o próximo vem de fora para dentro e não o contrário. Isso não muda comportamentos. Repertório As ideias sugeridas anteriormente partiram da observação dos fatos, da coletânea e até do senso comum. A seguir vou destacar algumas outras ideias que merecem consideração ou até pesquisa. História A história da gripe espanhola pode ser interessante, inclusive porque ela não deixou marcas significativas no comportamento ético.Sociologia Quando se fala de comportamento ético que envolva algum tipo de solidariedade, o conceito de solidariedade orgânica de Durkheim sempre é operacional. Vivemos em uma sociedade em que as pessoas exercem funções especializadas, dependem umas das outras, mas não percebem isso, são insensíveis em relação ao outro. Vale a pena entender melhor esse conceito. Filosofia Considerar um dos conceitos de “ética” em filosofia sempre ajuda a iniciar um argumento. Por exemplo, para Kant, o princípio moral se traduz pela máxima, “age tendo a humanidade como fim e não como meio”. A pandemia exigiu que nos preocupássemos com cada pessoa, porque só assim todos seriam preservados. Tema 4: Cancelamento O tema “A cultura do cancelamento: recurso valioso ou expressão do ressentimento” propõe uma reflexão muito atual. O ato do cancelamento está muito em voga atualmente e resume-se a expor e t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 30 excluir uma pessoa dos contatos ou das redes sociais quando esse alguém age de forma contrária aos seus valores ou profere alguma ideia ou pensamento em discordância com o que se pensa ou com os valores sociais mais disseminados. Têm sido canceladas atualmente pessoas públicas, como artistas, políticos e celebridades do mundo virtual, como digital influencers. Diante dessas informações, vejamos a seguir algumas possibilidades de se trabalhar o tema. A partir das informações elencadas no quadro, percebe-se que você pode abordar o tema por diferentes e variadas perspectivas. Tudo vai depender da resposta que você der para a pergunta temática, que constituirá a sua tese. Caso você reconheça que a cultura do cancelamento é um recurso valioso, você poderia trabalhar exemplos que demonstrem isso, ou discutir as causas dessa atitude, ou as consequências dela. Já se você considera que a cultura do cancelamento é uma expressão do ressentimento, será necessário mostrar que ela é inútil como forma de as pessoas se entenderem mediante o diálogo e só serve mesmo como forma de extravasar os sentimentos contra aquele que ousou se posicionar em desacordo com os valores e as ideias de um outro alguém. Nesse sentido, pode até ser pensada como uma espécie de revanchismo. Como você deve ter percebido, existem muitos caminhos para a reflexão sobre esse tema, então caberá a você escolher um deles. Escolhido o caminho, o próximo passo é elaborar o projeto do seu texto. Nele você delineia brevemente o esqueleto do texto, definindo qual será a sua tese e quais serão os argumentos que você irá usar para defendê-la. Considere em seu projeto que se trata de um texto de 30 linhas, o que deve ser suficiente para elaborar quatro ou cinco parágrafos. O primeiro é a introdução; os centrais são o desenvolvimento da sua argumentação; o último é a conclusão. Na introdução, espera-se que você apresente e contextualize o tema e já defina a sua tese. Também é possível já dar algum indício do seu percurso argumentativo, o que orienta muito bem a leitura do seu texto e dificulta que você se perca durante a escrita, porque já ficou explicitado o que você irá abordar na sua argumentação. A argumentação ocupa o centro do texto e cada argumento deve ocupar um parágrafo. Procure usar repertório – exemplos, dados estatísticos, citações, fatos históricos – para enriquecer seu argumento e auxiliar a sua defesa da tese. No entanto, não basta apenas citá-los, é preciso estabelecer a conexão entre a informação trazida e o tema que está sendo discutido. É preciso que o repertório traga luz ao que está sendo exposto, que contribua para a tarefa de justificar a sua tese e evidenciar por que ela é defensável e legítima em relação ao que está sendo debatido. O último parágrafo é a conclusão, e nela espera-se que você reafirme sua tese e retome seus argumentos brevemente, fechando o raciocínio elaborado no texto. Não se espera que você elabore uma proposta de intervenção, como no ENEM, e nem isso é aconselhável, porque muitas vezes o tema nem permite que se construa uma. Assim, a conclusão por síntese é a mais indicada. Coletânea de textos • A cultura do cancelamento é um recurso valioso, pois através do cancelamento se sinaliza a uma pessoa que ela ultrapassou os limites ao agir ou se expressar e que, por isso, ela precisa se retratar e rever os seus atos e valores. • A cultura do cancelamento contribui com o autoaprendizado, porque permite que as pessoas ajam em conformidade com a liberdade de expressão e sejam reprimidas caso extrapolem, o que lhes permite aprimorarem suas condutas. • A cultura do cancelamento nada mais é do que a expressão do ressentimento, pois através dela se informa de maneira dolorosa ao outro que alguém se magoou com sua atitude ou suas palavras, não permitindo o diálogo sobre o ocorrido. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 31 O primeiro texto, do site da BBC, é uma artigo que explica a origem da cultura do cancelamento e sua intenção original, de dar visibilidade a causas como justiça social e preservação ambiental. Seria uma forma de forçar atitudes políticas de marcas ou pessoas públicas. Também se explica a dinâmica do ato: um usuário de redes sociais flagra um ato ou mensagem em desacordo com seus valores e a registra, por foto ou vídeo, e a posta em sua conta, com o cuidado de marcar os envolvidos, como empresas ou pessoas, autoridades públicas e outros influenciadores digitais. Em pouco tempo, o post é disseminado milhares de vezes. Em seu argumentação, você poderia, por exemplo, analisar se a intenção original da cultura do cancelamento é mantida ou se alterou na atualidade. O segundo texto é um artigo que discute o limite entre cancelamento e linchamento virtual. Quando ocorre linchamento virtual, a consequência é que a pessoa sofre danos à sua honra e imagem. No entanto, vê-se um aspecto benéfico no cancelamento quando a pessoa em questão cometeu crimes reais, como racismo. Já ele é danoso quando a pessoa foi cancelada apenas por expressar uma opinião diferente daquela dos demais, sem que haja preconceito no que ela diz. Também se relata a hipótese de a cultura do cancelamento atrapalhar as investigações sobre crimes reais que tenham sido cometidos, além de ela se intrometer naquilo que é próprio da atuação da Polícia e do Ministério Público. Além disso, a cultura do cancelamento, por não permitir o diálogo, a retratação, a revisão do que foi dito, caminha lado a lado com os discursos de ódio. O terceiro texto aponta a possível origem da cultura do cancelamento com o movimento #MeToo, que usou as redes sociais para unir vítimas de assédio e abuso sexual, em 2017. No entanto, ela se altera quando migra para o universo digital. São dados exemplos, como o da Skol, que fez uma propaganda inadequada às mulheres no Carnaval de 2015 e “recebeu num puxão de orelha” através do cancelamento, o que permitiu à empresa rever a sua propaganda e repensar a sua imagem. Tese e argumentos possíveis De acordo com o posicionamento escolhido em relação ao tema, você irá compor uma tese que explicite esse posicionamento. Uma vez escolhida e redigida a tese, é hora de escolher quais são os melhores argumentos para defendê-la. Na primeira seção do comentário desta proposta, foram dadas algumas sugestões de teses que poderiam ser escolhidas, o que não esgota as suas possibilidades. Lembre-se de que a ideia chave nessa escolha é o fato de que as informações selecionadas de fato comprovem a sua tese, mostrem por que ela se justifica no mundo atual, por que ela se legitima em nossa sociedade. São elencadas a seguir algumas ideias que podem ser usadas como base para os seus argumentos. • Ao retirar a possiblidade de uma pessoa se justificar por suas palavras ou seus atos, a cultura do cancelamento abole o diálogo como forma de resolução de problemas, o que éuma atitude inaceitável e pouco racional. • A cultura do cancelamento chama a atenção para discursos inadequados e convenientes em uma sociedade plural, o que é uma oportunidade para se discutir o que é ou não aceitável em uma comunidade digital. • Os indícios de discursos de ódio podem ser visualizados e banidos com mais facilidade através da cultura do cancelamento, visto que todos os usuários de uma rede social podem chamar atenção para eles e apontá-los como inaceitáveis. • A exposição que existe quando alguém é cancelado obriga que as pessoas sejam mais cautelosas ao se expressarem nas redes sociais, visto que precisam ser atentar à pluralidade de visões que existem nelas. • A cultura do cancelamento impede a expressão legítima das opiniões dos usuários das redes sociais já que todos temem se cancelados. t.me/CursosDesignTelegramhub https://rollingstone.uol.com.br/noticia/racismo-e-homofobia-nova-serie-da-netflix-expoe-hollywood-antes-do-movimento-metoo/ ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 32 Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser compostos de exemplos, dados estatísticos, citações de especialistas ou escritores, podem ser referências de séries, filmes, livros que você tenha lido e que se articulem à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota mais alta. Tema 5: Os jovens e o retorno ao mundo pré-pandemia Autoral modelo Fuvest 2020(Fernando Andrade) Proposta e tema Em meio à pandemia e à instabilidade que ela apresenta, a proposta traz, para o palco de discussão, a visão dos jovens acerca do que é o mundo em meio a esse momento e como ele pode influenciar o futuro da sociedade como um todo. Para que essa análise seja efetiva, será necessário como apresenta a proposta, avaliar o jovem no mundo atual. Quais as perspectivas desse jovem e de que maneira ele se comporta em um mundo em modificação? Essas duas perguntas, ainda que feitas em conjunto, são essenciais para sua construção textual, independente do lado para o qual caminhe sua tese, que discutiremos em outro ponto de nossa análise. Comece sua reflexão acerca do tema pensando em como se dão as relações interpessoais nos dias de hoje. Temos uma relação verdadeiramente empática? As pessoas conseguem realmente se colocar no lugar umas das outras para realmente se importarem com elas? Essas são as perguntas iniciais para a construção de um pensamento de defesa de seu ponto de vista. Perceba que, ao falarmos de modificações sociais, obviamente falamos de colocações relacionadas, essencialmente, às formas como essas relações interpessoais têm acontecido na chamada Modernidade Líquida (que eu, por exemplo, prefiro à ideia de uma pós-modernidade). Nesse cenário, por exemplo, surge a necessidade de se discutir a configuração da atual juventude, chamada de Millenium, em que os aspectos de conexão via rede são essenciais. Esse ponto, inclusive, foi bastante modificado pela pandemia. Antes, as pessoas viam os contatos virtuais como possibilidades de diminuição da importância do contato físico. Hoje, em meio ao afastamento social tão importante para o controle da contaminação, a internet se configura como uma saída para que os contatos continuem existindo e as pessoas vençam a distância de seus amigos e entes queridos. É uma mudança interessante essa. Merece destaque, além do que apresentamos antes, como possibilidade de discussão em seu texto, as modificações já sentidas pelo meio ambiente em dois momentos distintos: o primeiro, relacionado ao isolamento nos países mais industrializados, revela que o meio ambiente passou por um momento de desaceleração da poluição, com melhoria em índices que sempre foram assustadores, tais como os de poluição por gases tóxicos, também chamados de gases de efeito estufa. Em um segundo momento, com a retomada da produção industrial em países que já controlaram a epidemia, um aumento considerável de emissão de poluição para a atmosfera. Como demonstração desses dois momentos, destacamos a poluição atmosférica de São Paulo capital, diminuída sensivelmente com o isolamento da população, e a volta, aos canais de Veneza, de uma série de espécies marinhas que não conseguem habitar tais canais, dada a poluição das águas. Esses dois exemplos servem para a t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 33 demonstração da primeira realidade. Para a segunda, destacamos o retorno à produção na China, que, segundo especialistas, duplicou a quantidade de poluição jogada na atmosfera quando conseguiu controlar a epidemia de Coronavírus. Esses exemplos e as discussões propostas conseguem evidenciar a necessidade de modificação do mundo, apregoada pelos jovens entrevistados. Não temos como achar que as coisas serão as mesmas no chamado pós-pandemia, que também tem sido, com constância, entendido como “novo normal”. Inclusive, essa ideia relacionada ao novo normal é excelente para sua construção de texto, dado que é um tema muito atual e uma discussão que tem se configurado como muito profícua. Essa nova normalidade, entendida como apresentado a seguir, torna-se cada vez mais palpável, principalmente a partir do momento em que pensamos o que se vivencia no mundo. Texto motivador A proposta apresenta um único texto motivador, que serve para gerar as perguntas de reflexão apresentadas durante a construção da proposta. Perceba que o texto é uma demonstração de que a pandemia mudou a forma como as pessoas observam o mundo e como pensam que devem ser os novos comportamentos em um momento pós-pandêmico, como apresentado no próprio texto. Perceba que a ideia é a construção de um pensamento que inclui, essencialmente, os jovens e a forma como esses veem o mundo. Como informações principais do texto, temos: t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 34 Teses possíveis Como aponta o sensacional professor Fernando Andrade (um lorde inglês) na construção da proposta, seu posicionamento pode variar conforme a sua visão de mundo e de expectativas em meio a tantas pressões e mudanças na forma de observar as relações interpessoais. Assim, compreendemos algumas possibilidades de tese, com outras variações que vocês podem encontrar, dependendo do caminho que queiram seguir, essencialmente, dividido em dois: • A possibilidade de construção de um mundo melhor no pós-pandemia. ✓ Nesse caso, você pode variar a quantidade de modificações, centrando-se, por exemplo, nas relações interpessoais ou nas relações entre os seres humanos e o mundo. ✓ Você pode, inclusive, torcer para uma modificação plena, em um “novo normal”, em que os problemas anteriores sejam resolvidos de forma completa. ✓ Nesse caso, você deverá levar em consideração a forma como as pessoas se comportam umas com as outras em momentos normais. • A necessidade de retornarmos ao ponto de pensamento anterior à pandemia. ✓ Essa é uma tese mais complicada de se tratar, visto que analisa uma sociedade mais voltada para si, com forte marcação do egocentrismo e do egoísmo. Essa é a sociedade com a qual convivemos em todos os momentos. Argumentos possíveis e repertórios exemplificativos Apresentamos a seguir, algumas indicações de argumentação que servirão como direcionadoras para sua argumentação. Não queremos, claro, apresentar essas ideias como verdades absolutas ou como formas de pensamento reducionistas. São ideias que podem ajudar vocês na definição, inclusive, da tese a ser seguida, dado que recomendamos sempre que sua escolha argumentativa leve em consideração seus melhores argumentos.Dessa forma, é importante pensar que temos uma variedade grande de pensamentos a serem discutidos. Destacamos, claro, que vocês sempre se lembrem de que, principalmente em um tema como esse, recheado de pensamentos ligados diretamente ao senso comum e às opiniões pessoais, é t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 35 necessário fundamentar de forma clara a sua argumentação, para evitar que seus argumentos não sejam entendidos como mera especulação (nome que damos para argumentos que não conseguem ser comprovados por meio de repertório). Passemos à sugestão de argumentos e de repertórios. Tema 6: Negacionismo Nessa proposta, foram selecionados 4 textos verbais e um não verbal como estímulo para se pensar o tema: “a reação negacionista frente ao possível aquecimento global”. Após a seleção, observavam-se três parágrafos nos quais era possível compreender o tema e o recorte exigido pelo elaborador da proposta. Os primeiros fragmentos expressavam, de forma diferente, o descontentamento com a maneira de lidar com a questão ambiental. O primeiro, de cunho mais poético, fazia uma advertência, retomando a mitologia grega cuja deusa, Gaia, era a própria personificação do nosso planeta. Segundo a autora, não podemos ignorar o globo em que vivemos, não há final feliz sem incluir em nossos projetos o cuidado com Gaia. Não estaríamos sequer autorizados a nos esquecermos desse perigo ambiental que nos espreita. O segundo texto dava detalhes de como ocorre esse esquecimento. O fragmento partia da tese de que nossa atitude diante do aquecimento global é esquizofrênica. Temos consciência da catástrofe que se avizinha, mas adotamos ações inócuas como lutar pela reciclagem de lixo, algo que pouco altera a marcha da devastação, basta observar que os governos têm afrouxado as leis ambientais. O texto visual fechava esse grupo de fragmentos que pareciam ter a finalidade de sensibilizar o leitor para a gravidade do problema: o planeta derrete-se diante de uma lupa que aquece sua superfície. Os textos restantes consideravam a outra parte do tema: o negacionismo. Havia um fragmento com a definição da ideia, “rejeição da validade de conceitos apoiados por consenso científico”, que se associava com a notícia de que houve, na cidade do Porto, um encontro de cientistas que negavam a existência do fenômeno. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 36 Na sequência dos textos da coletânea, o examinador apresentava o tema explicitamente e enumerava perguntas que serviam de baliza para o recorte temático desejável. Uma das estratégias possíveis seria a de responder a cada pergunta, tentando elaborar uma tese. Perguntas e possíveis respostas/sugestões de teses e encaminhamentos Veja que maravilha! O examinador incluiu questões. Vamos fazer um exercício de respondê-las rapidamente: - O que essa polêmica revela sobre os paradoxos e encruzilhadas em que a humanidade se encontra? Encontramo-nos numa encruzilhada entre o crescimento econômico e a preservação ambiental, esse é um dos paradoxos. - Que tipo de visão de mundo o negacionismo revela? Revela uma preocupação com o lucro; e uma mentalidade mais imediata, supõe-se que tudo possa ser resolvido no futuro. - Quais interesses? Econômicos (grandes corporações precisam de matéria prima), políticos (os governos dependem da estabilidade econômica), sociais (uma limitação da matéria prima levaria a uma crise social). - Com que seriedade a geração atual encara tal discussão? Uma seriedade parcial: enquanto tema genérico, não há quem não defenda a preservação ambiental, mas quando isso começa a afetar o dia a dia, as pessoas desconsideram na prática o discurso teórico de condenação. Óbvio que há outras possibilidades de respostas. Mas tentei mostrar para você que, a partir das respostas, começa a despontar uma tese e um encaminhamento argumentativo. A título de exemplo, vou considerar duas possibilidades de formulação de tese e de projeto de desenvolvimento textual. Tese 1: O negacionismo é uma reação irracional ao risco de crise econômica Argumentos: não é simplesmente uma maldade de gente que quer destruir a terra; a agressão ao meio ambiente tem como causa a necessidade crescente de matéria prima; sem matéria prima o crescimento econômico mundial entra em colapso (exemplo, crise do petróleo de 1973); o processo é irracional: a tragédia será maior no futuro. Tese 2: O negacionismo é criticado de forma hipócrita, pois execram-se aqueles que publicamente negam o aquecimento global, mas cotidianamente cada um de nós nega o aquecimento nas ações mais simples. Argumentos: Trump, que nega o aquecimento, é duramente criticado; ele teve apoio de parcela da população que aceita suas ideias sem dizê-las publicamente; o cidadão que hoje critica o negacionismo consome produtos que estão ameaçando o planeta (considerar a importância do petróleo); o estilo de vida atual deveria ser totalmente reformulado; é possível? Essas duas teses seguem o caminho da tentativa de compreender o fenômeno. Lógico que você poderá enveredar pela condenação do negacionismo, se bem que, convenhamos, depois de perceber as causas, a tarefa fica um pouco mais difícil, mas encare o desafio, tente provar algo como: o negacionismo é uma ação inconsequente e quase suicida por parte da humanidade. Você deve ter observado que, ao ler as paráfrases da coletânea nos comentários de encaminhamento, as ideias de tese ou de desenvolvimento de texto surgiam quase espontaneamente. Se você percebeu isso - você que somente leu -, imagine o que eu percebi, uma vez que eu elaborei as paráfrases! FICA A DICA t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 37 É surpreendente que o simples exercício de colocar em palavras o que eu entendi do texto já desencadeou processos mentais que me permitiram relacionar informações. Então fica a dica: diante de um tema obscuro ou diante de uma situação em que faltam ideias, pegue a caneta e comece a parafrasear a coletânea, isso pode ajudá-lo. Tema 7: Ódio que existe na sociedade brasileira Autoral modelo Fuvest 2020 (Fernando Andrade) Inicialmente, percebemos que os textos motivadores são essencialmente ligados à construção de ódio em grupo, ou, ainda, de disseminação do ódio da forma mais fácil hoje em dia: a internet. O primeiro texto argumenta que o comportamento do grupo sempre se sobressai em meio à sociedade, com a busca pelo homogêneo, ainda que em uma sociedade sempre heterogênea. É interessante perceber que a construção desse primeiro texto nos coloca na construção psíquica dos grupos, o que nos leva à relação entre a disseminação do ódio e o agrupamento das pessoas em torno do mesmo pensamento. No segundo texto, por sua vez, temos uma análise interessante sobre como o comportamento da sociedade brasileira se constrói hoje: de forma polarizada. A proposta discute o posicionamento mais comum do cidadão brasileiro nos últimos tempos, a polarização de pensamentos, como se só houvesse duas possibilidades ideológicas na sociedade, a esquerda e a direita. O texto 3 trata de um ponto muito interessante quando o assunto é construção e disseminação de discursos de ódio: a liberdade que a internet permite à colocação de ideias. Trollar os outros é visto como uma coisa positiva e, além disso, estimulada, por ser engraçada e divertir o público. Há muitos humoristas que se utilizam desse expediente para construírem suas carreiras, principalmente ao trollar os famosos. O perigo desse tipo de comportamento é, sem dúvida, a possiblidade de geração de violência e, muitas vezes, do chamado linchamento virtual, em que o processo de linchamento ocorre no meio virtual. Por fim, o texto 4 apresenta uma tirinha que discute, de forma bastante interessante,a facilidade de expressão de ideias quando estamos por trás de um monitor ou uma tela de celular. A problematização ali trazida diz respeito à coragem garantida pelo anonimato da internet, bem como por meio do não contato físico. Esta discussão consegue ligar-se à proposta no texto 3. Diante disso, percebe-se que há uma problematização interessante na coletânea de textos, com o indicativo de que a disseminação desse tipo de discurso precisa ser combatida, visto ser um processo que pode gerar violência tanto dentro da internet quanto fora dela. Vamos discutir, então, possibilidades de visão do tema, para, em seguida, apresentarmos alguns argumentos possíveis dentro desse tema. A forma de comportamento ideológico do brasileiro nos últimos tempos precisa ser levada em consideração na escrita da redação, porque, de uma forma geral, temos percebido que a polarização de pensamentos, conhecida como a divisão entre direita e esquerda, acaba em casos de disseminação de ódio. De forma geral, encaixam-se no pensamento de esquerda aqueles que têm certo pensamento social, enquanto na direita ficam os liberais (em diversos níveis) que têm preocupação econômica. Tal divisão é antiga e remonta à Revolução Francesa, na qual houve a tentativa de construção do populismo por meio dessa divisão de social versus econômico. De forma mais ampla, há possibilidade de divisão em vários outros níveis ideológicos, visto que somente essa divisão bipolar causa construção de discursos de ódio. Vale ressaltar, ainda, que muitos têm escondido determinados discursos preconceituosos nos discursos polarizados. Aí reside o problema: preconceitos foram transformados em ideologias e isso torna o combate muito mais complexo e difícil, visto que é necessário que as ideologias sejam respeitadas. Dessa forma, vale a discussão, no texto, desse ponto: de que maneira devemos observar os preconceitos? Como ideologias ou como formas reprováveis de ver o outro? t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 38 Outro ponto interessante de ser tratado é a liberdade que a internet, também chamada de “terra sem- lei”, garante aos disseminadores de ódio. O palco de julgamento e de exposição virtual é pouco controlado e sem uma regulamentação efetiva. Se analisarmos a partir de um pressuposto do pensamento de Durkheim, é possível classificarmos a internet como uma anomia, uma vez que a ausência de regulamentação própria e clara impede que os discursos de ódio sejam combatidos. É comum encontrarmos comentários extremamente preconceituosos com relação a algumas publicações. Além disso, se tomarmos a ideia daquele que trolla como um acontecimento normal e esvaziado de significado, podemos pensar como os discursos de poder, como Foucault afirma em sua obra, enraízam- se na base social a partir de uma repetição constante e disseminação aceita por todos. Esse enraizamento torna-se ainda mais perigoso quando há um esvaziamento de significados nos discursos de ódio: a brincadeira esvazia a maldade do discurso e isso faz com que ele seja constantemente repetido e defendido, ainda mais em meio a discussões como a de liberdade de expressão. Por fim, antes de partirmos para os argumentos, vale analisar duas características possíveis dentro da internet: a facilidade de anonimato, com a criação possível de perfis fakes e a liberdade de falar o que quer na segurança da internet. Ali, não há confronto físico possível. • A necessidade de afirmação de pensamentos pouco aceitos socialmente leva ao agrupamento de pessoas que apresentam a mesma ideia (aqui é possível citar o pensamento de Hannah Arendt, sobre Banalização do mal, no qual a filósofa apresenta a ideia de que, em contextos de massificação de pensamento, as pessoas agem ainda que sem acreditar exatamente naquilo. A ideia se fundamenta no pensamento de que nem todos os nazistas agiram de forma maldosa e monstruosa por necessariamente serem maus, mas por serem motivados pelo contexto de maldade da sociedade). • Os preconceitos, geradores de ódio, têm sido apresentados de forma ideológica, com o objetivo de validar o pensamento (ou seja, se é parte de um processo ideológico, podemos pedir respeito à nossa liberdade de expressão. A Alteridade é comprometida em busca da homogeneização). • A liberdade de expressão trazida pela internet é assustadora e pode contribuir para a disseminação de pensamentos sem julgamento. • O discurso virtual termina por incentivar e legitimar problemas violentos no mundo físico, uma vez que há uma tendência a misturar a vida física com a virtual. • Prega o não respeito à diversidade, fato que pode sempre construir problemas entre grupos. • É considerado um crime no Brasil, a partir do Marco Civil da Internet, mas é de difícil punição, uma vez que a internet serve, também, como esconderijo para esse tipo de cidadão. • A intolerância extrapola a diferença mais simples, chegando à intolerância de gênero, homofobia, problemas políticos – como a polarização –, religião e raça. • Como não há uma aceitação daquilo que é diferente, corre-se o risco de entrarmos em um processo de eugenia, ou seja, de limpeza étnica ou relacionada à diferença em questão, qualquer que seja ela (a eugenia trabalha com um escalonamento das etnias fundamentado na genética. Esse fato pode levar a uma tentativa de limpeza dos considerados menos importantes que os que estão no topo da escala). • Difere-se da opinião por ser uma construção social e, preferencialmente, aceita socialmente. • Construções históricas são bastante interessantes de serem citadas como fundamentação, assim como as construções relacionadas ao conservadorismo. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 39 2. Propostas dos anos anteriores UNESP 2010-2020 Proposta 1: (UNESP 2020) Carro, novo cigarro? Texto 4 Jaime Lerner, arquiteto e ex-prefeito de Curitiba que priorizou o transporte coletivo na capital paranaense, chamou o carro de “cigarro do futuro”: “Você poderá continuar a usar, mas as pessoas se irritarão por isso.” Depois de décadas em que o modelo curitibano, que privilegia corredores de ônibus, vem sendo copiado no exterior, é ainda lentamente que ganha adeptos no Brasil, com a adoção de corredores e ciclovias e a discussão de limitar, no Plano Diretor de São Paulo, a oferta de vagas de garagem. O escritor e empresário australiano Ross Dawson tem opinião parecida à de Lerner: “Um dia as pessoas vão olhar para trás e se perguntar como era aceitável poluir tanto, da mesma forma como hoje t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 40 pensamos sobre o tempo em que cigarro era aceito em restaurantes, aviões e lugares fechados.” Nos EUA, o carro perde espaço não apenas como meio de locomoção, mas também como objeto de desejo e expressão de um certo modo de vida. Demografia e economia, além da questão ambiental, fazem com que menos jovens tirem carteira de motorista e cidades invistam em sustentabilidade para atrair moradores. 20% dos jovens americanos entre 20 e 24 anos de idade não têm hoje habilitação — e o mesmo vale para 40% dos americanos de 18 anos. Em ambos os casos, o número de jovens que não dirigem dobrou entre 1983 e 2013, segundo estudo da Universidade de Michigan. (Raul Juste Lores. “O declínio de uma paixão”. Folha de S.Paulo, 29.06.2014. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo- argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: O carro será o novo cigarro? Proposta 2: (UNESP 2019) Consumo t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 41 Texto 4 Nós somos consumidores agora, consumidoresem primeiro lugar e acima de tudo. Para todas as dificuldades com que nos deparamos no caminho trilhado para nos afastar dos problemas e nos aproximar da satisfação, nós buscamos as soluções nas lojas. Do berço ao túmulo, somos educados e treinados a tratar as lojas como farmácias repletas de remédios para curar ou pelo menos mitigar todas as doenças e aflições de nossas vidas particulares e de nossas vidas em comum. Comprar por impulso e se livrar de bens que já não são atraentes, substituindo-os por outros mais vistosos, são nossas emoções mais estimulantes. Completude de consumidor significa completude na vida. (Zygmunt Bauman. A riqueza de poucos beneficia todos nós?, 2015. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Compro, logo existo? Proposta 3: (UNESP 2018 - Final do Ano) Porte do armas A maioria dos brasileiros segue contrária à ampliação do porte de armas de fogo. Segundo recente pesquisa Datafolha, 56% dos entrevistados se disseram contrários ao porte legal estendido a todos os cidadãos. Sancionado em 2003, o Estatuto do Desarmamento, criado para controlar o uso de armas no país, é constantemente alvo de críticas por não ter contribuído para a redução da criminalidade. Especialistas em segurança pública, porém, dizem o contrário. (“Maioria no país segue contrária à ampliação do porte legal de armas”. www1.folha.uol.com.br, 07.01.2018. Adaptado.) Texto 2 Imagine um país onde qualquer pessoa com mais de 21 anos pudesse andar armada na rua, dentro do carro, nos bares, festas, parques e shoppings centers. Em um passado não muito distante, esse país era t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 42 o Brasil. Até 2003, aqui era possível, sem muita burocracia, comprar uma pistola ou um revólver em lojas de artigos esportivos, onde as armas ficavam em prateleiras na seção de artigos de caça, ao lado de varas de pesca e anzóis. Mas, de acordo com os indicadores da época, os anos em que a população podia se armar para teoricamente “fazer frente à bandidagem” não foram de paz absoluta, mas de crescente violência, segundo dados do Ministério da Saúde e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Para conter o avanço das mortes, foi sancionado, em 2003, o Estatuto do Desarmamento, que restringiu drasticamente a posse e o acesso a armas no país. Atualmente a taxa de homicídios está em 29,9 assassinatos por 100.000 habitantes, o que pressupõe que o desarmamento não reduziu drasticamente os homicídios mas estancou seu crescimento. O tema é sensível, uma vez que um grupo de deputados e senadores quer voltar para os velhos tempos, quando era possível comprar armas com facilidade. O tema ganha eco também em alguns setores da sociedade que enxergam no direito de se armar – e a reagir à violência — uma possibilidade de “salvar vidas”. Daniel Cerqueira, pesquisador do IPEA, explica que uma grave crise econômica ocorrida durante a década de 1980 ampliou a desigualdade social e foi um dos fatores responsáveis pelo aumento das taxas de homicídio. “No meio desse processo, as pessoas começaram a comprar mais armas. Isso fez com que o ciclo de violência se auto-alimentasse. Quanto mais medo as pessoas sentem e mais homicídios ocorrem, mais elas se armam. Quanto mais se armam, mais mortes temos”, afirma. Ele destaca que, ao contrário do que frequentemente se diz, a maior parte dos crimes com morte não são praticados pelo “criminoso contumaz”, e sim “pelo cidadão de bem que, em um momento de ira, perde a cabeça”. Nem todos concordam com Cerqueira. “As pessoas se sentiam mais seguras naquela época”, afirma Benê Barbosa, um dos mais antigos militantes pró-armas do Brasil. De acordo com Barbosa, nos anos de 1990 deveria haver “aproximadamente meio milhão de pessoas armadas em São Paulo, e você não tinha bangue-bangue nas ruas”. Para ele, o Estatuto do Desarmamento “elitizou” a posse de armas, ao instituir a cobrança de taxas proibitivas. (Gil Alessi. “Como era o Brasil quando as armas eram vendidas em shoppings e munição nas lojas de ferragem”. http://brasil.elpais.com, 31.10.2017. Adaptado.) Texto 3 Devemos liberar as armas? Sim. “O direito à autodefesa é pilar de uma sociedade livre e democrática. No Brasil, os bandidos continuam a ter acesso livre às armas de fogo e o cidadão fica à mercê dos criminosos.” Denis Rosenfield (professor de filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Devemos liberar as armas? Não. “Voltar a armar a sociedade é um fator de risco para o aumento das mortes violentas no país. O uso de armas deve ser restrito às forças policiais.” José Mariano Beltrame (ex-secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro). (“Devemos liberar as armas?”. https://epoca.globo.com, 24.04.2015. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Liberar o porte de armas de fogo a todos os cidadãos diminuirá a violência no Brasil? t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 43 Proposta 4: (Enem 2018 – Meio do ano) Voto facultativo Texto 1 Um levantamento do Instituto Datafolha divulgado em maio de 2014 apontou que 61% dos eleitores são contrários ao voto obrigatório. O voto obrigatório é previsto na Constituição Federal – a participação é facultativa apenas para analfabetos, idosos com mais de 70 anos de idade e jovens com 16 e 17 anos. Para analistas, permitir que o eleitor decida se quer ou não votar é um risco para o sistema eleitoral brasileiro. A obrigatoriedade, argumentam, ainda é necessária devido ao cenário crítico de compra e venda de votos e à formação política deficiente de boa parte da população. “Nossa democracia é extremamente jovem e foi pouco testada. O voto facultativo seria o ideal, porque o eleitor poderia expressar sua real vontade, mas ainda não é hora de ele ser implantado”, diz Danilo Barboza, membro do Movimento Voto Consciente. O sociólogo Eurico Cursino, da Universidade de Brasília (UnB), avalia que o dever de participar das eleições é uma prática pedagógica. Ele argumenta que essa é uma forma de canalizar conflitos graves ligados às desigualdades sociais no país. “A democracia só se aprende na prática. Tornar o voto facultativo é como permitir à criança decidir se quer ir ou não à escola”, afirma. Já para os defensores do voto não obrigatório, participar das eleições é um direito e não um dever. O voto facultativo, dizem, melhora a qualidade do pleito, que passa a contar majoritariamente com eleitores conscientes. E incentiva os partidos a promover programas eleitorais educativos sobre a importância do voto. (Karina Gomes. “O voto deveria ser facultativo no Brasil?”. www.cartacapital.com.br, 25.08.2014. Adaptado.) Texto 2 Há muito tempo se discute a possibilidade de instauração do voto facultativo no Brasil. Mas são diversos os fatores que travam a discussão. Atualmente, é a Lei no 4737/1965 que determina o voto como obrigatório no Brasil, além dos dispositivos e penas a quem não comparece ao pleito. Com a imposição, o país segue na tendência contrária ao resto do mundo. Estudo divulgado pela CIA, que detalha o tipo de voto em mais de 230 países no mundo, mostra que o Brasil é um dos (apenas) 21 que ainda mantém a obrigatoriedade de comparecer às urnas. Para Rodolfo Teixeira, cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB), a atual descrença na classe política pode levar a uma grave deserção do brasileiro do processo eleitoral. O jurista Alberto Rollo, especialista em Direito Eleitoral e membro da comissão de reforma políticada OAB de São Paulo, concorda e acredita que o eleitor brasileiro ainda é “deficitário” do ponto de vista de educação política, sem ser maduro o suficiente para entender a importância do voto: “Se [o voto facultativo] fosse implementado hoje, mais da metade dos eleitores não votaria. Isso é desastroso”, afirma. O cientista político e professor da FGV-Rio Carlos Pereira pensa diferente. O especialista acredita que as sete eleições presidenciais depois do fim da ditadura militar mostram que o momento democrático do Brasil está consolidado. O voto facultativo seria mais um passo a uma democracia plena. “O argumento de que o eleitor pobre e menos escolarizado deixaria de votar parte de um pressuposto da vitimização. É uma visão muito protecionista”, diz Pereira. “O eleitor mais pobre tem acesso à informação e é politizado: ele sabe quanto está custando um litro de leite, uma passagem de ônibus, se o bairro está violento, se tem desemprego na família. É totalmente plausível que ele faça um diagnóstico e decida em quem votar e se quer votar.” (Raphael Martins. “O que falta para o Brasil adotar o voto facultativo?”. http://exame.abril.com.br, 01.08.2017. Adaptado.) t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 44 Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: O voto deveria ser facultativo no Brasil? Proposta 5: (UNESP 2017 – Final do ano) A riqueza de poucos PROVA UNESP 2017 TEXTO 1 A distribuição da riqueza é uma das questões mais vivas e polêmicas da atualidade. Será que a dinâmica da acumulação do capital privado conduz de modo inevitável a uma concentração cada vez maior da riqueza e do poder em poucas mãos, como acreditava Karl Marx no século XIX? Ou será que as forças equilibradoras do crescimento, da concorrência e do progresso tecnológico levam espontaneamente a uma redução da desigualdade e a uma organização harmoniosa da sociedade, como pensava Simon Kuznets no século XX? (Thomas Piketty. O capital no século2014. Adaptado.) TEXTO 2 Já se tornou argumento comum a ideia de que a melhor maneira de ajudar os pobres a sair da miséria é permitir que os ricos fiquem cada vez mais ricos. No entanto, à medida que novos dados sobre distribuição de renda são divulgados*, constata-se um desequilíbrio assustador: a distância entre aqueles que estão no topo da hierarquia social e aqueles que estão na base cresce cada vez mais. A obstinada persistência da pobreza no planeta que vive os espasmos de um fundamentalismo do crescimento econômico é bastante para levar as pessoas atentas a fazer uma pausa e refletir sobre as perdas diretas, bem como sobre os efeitos colaterais dessa distribuição da riqueza. Uma das justificativas morais básicas para a economia de livre mercado, isto é, que a busca de lucro individual também fornece o melhor mecanismo para a busca do bem comum, se vê assim questionada e quase desmentida. * Um estudo recente do World Institute for Development Economics Research da Universidade das Nações Unidas relata que o 1% mais rico de adultos possuía 40% dos bens globais em 2000, e que os 10% mais ricos respondiam por 85% do total da riqueza do mundo. A metade situada na parte mais baixa da população mundial adulta possuía 1% da riqueza global. (Zygmunt Bauman. A riqueza de poucos beneficia todos nós?, 2015. Adaptado.) TEXTO 3 Um certo espírito rousseauniano parece ter se apoderado de nossa época, que agora vê a propriedade privada e a economia de mercado como responsáveis por todos os nossos males. É verdade que elas favorecem a concentração de riqueza, notadamente de renda e patrimônio. Essa, porém, é só parte da história. Os mesmos mecanismos de mercado que promovem a disparidade – eles exigem certo nível de desigualdade estrutural para funcionar – são também os responsáveis pelo mais extraordinário processo de melhora das condições materiais de vida que a humanidade já experimentou. Se o capitalismo exibe o viés elitista da concentração de renda, ele também apresenta a vocação mais democrática de tornar praticamente todos os bens mais acessíveis, pelo aprimoramento dos processos produtivos. Não tenho nada contra perseguir ideias de justiça, mas é importante não perder a perspectiva das coisas. (Hélio Schwartsman. “Uma defesa da desigualdade”. Folha de S.Paulo, 14.06.2015. Adaptado.) t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 45 Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: A riqueza de poucos beneficia a sociedade inteira? Proposta 6: (UNESP 2017 – Meio do ano) Prisão especial para portadores de diploma Texto 1 Art. 5o Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...]. (Constituição da República Federativa do Brasil. www.planalto.gov.br) Texto 2 Art. 295. Serão recolhidos [...] a prisão especial, à disposição da autoridade competente, quando sujeitos a prisão antes de condenação definitiva: I. os ministros de Estado; II. . os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretários, os prefeitos municipais, os vereadores e os chefes de Polícia; III. . os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional e das Assembleias Legislativas dos Estados; IV. IV. os cidadãos inscritos no “Livro de Mérito”; V. os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; V. os magistrados; VII. os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República; VI. VIII. os ministros de confissão religiosa; VII. IX. os ministros do Tribunal de Contas; VIII. X. os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função de jurado [...]; IX. XI. os delegados de polícia e os guardas-civis dos Estados e Territórios, ativos e inativos. (Código de Processo Penal. www.planalto.gov.br) Texto 3 A prisão especial, no Brasil, é um instituto que visa favorecer algumas pessoas levando-se em consideração os serviços prestados à sociedade. Esta diferenciação é garantida apenas durante o período em que aguardam o resultado de seu julgamento. Se condenadas, são transferidas da prisão especial para a prisão comum. Esse tema suscita uma polêmica que divide tanto a opinião pública quanto os políticos e legisladores. A defesa do privilégio da prisão especial para portadores de diploma é feita por autores como Basileu Garcia, ex-professor da Faculdade de Direito da USP, que diz merecer maior consideração pública as pessoas que, “pela sua educação [leia-se: portadores de diploma], maior sensibilidade devem ter para o sofrimento no cárcere”. Também Arthur Cogan, ex-procurador de justiça, considera que a prisão especial “não afronta a Constituição, já que a todos os cidadãos estão abertos os caminhos que conduzem à conquista das posições que dão aos seus integrantes a regalia de um tratamento sem o rigor carcerário”, ou seja, o autor parece entender que no Brasil quaisquer pessoas, sem exceção, têm condições de, se pretenderem, cursar uma faculdade. t.me/CursosDesignTelegramhub http://www.planalto.gov.br/ ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 46 (Valquíria Padilha e Flávio Antonio Lazzarotto. “A distinção por trás das grades: reflexões sobre a prisão especial”. https://sociologiajuridicadotnet.wordpress.com. Adaptado.) Texto 4 A desigualdadesocial se manifesta de diversas formas. A prisão especial para quem tem diploma é uma das mais descaradas. Afinal, se duas pessoas cometem o mesmo crime, mas uma delas estudou mais, esta poderá ficar em uma cela especial, separada dos demais presos até condenação em definitivo. O artigo 5o da Constituição Federal diz que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza’’. Mas, na prática, a legislação brasileira confere o privilégio de não ficar em cárcere comum para alguns grupos. Em certos casos, como juízes e delegados de polícia, por exemplo, isso faz sentido. Em outros, como os portadores de diploma de curso superior, não. Quem teve acesso à educação formal desfruta de direitos sobre quem foi obrigado, em determinado momento, a escolher entre estudar e trabalhar. Ou que, por vontade própria, simplesmente optou por não fazer uma faculdade. Afinal de contas, só o pensamento limitado é capaz de considerar alguém superior por ter um bacharelado ou uma licenciatura. (Leonardo Sakamoto. “Eike Batista, cela especial e o Brasil que discrimina por anos de estudo”. http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br, 30.01.2017. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma- -padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Prisão especial para portadores de diploma: afronta à Constituição? Proposta 7: (UNESP 2016 – MEIO DO ANO) Estatuto da família Texto 2 O que é o Estatuto da Família? É um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados. O texto desse projeto tenta definir o que pode ser considerado uma família no Brasil. Ou seja, o projeto propõe regras jurídicas para definir quais grupos podem ser considerados uma família perante a lei. (“O que é o Estatuto da Família?”. www.cartacapital.com.br, 25.10.2015. Adaptado.) Texto 3 Projeto de Lei no 6583, de 2013 (Estatuto da Família). Para os fins desta Lei, define-se família como o núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio de casamento ou união estável, ou ainda por comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. (Anderson t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 47 Ferreira [deputado federal pelo PR]. “Projeto de Lei no 6583/2013”. www.camara.gov.br, 16.10.2015. Adaptado.) Texto 4 O Estatuto da Família veio num momento bastante oportuno. Nunca a principal instituição da sociedade e o matrimônio foram tão atacados como nos dias atuais. Basta ver crianças e adolescentes sendo aliciados para o mundo do crime e das drogas, a violência doméstica, a gravidez na adolescência, os programas televisivos cada vez mais imorais e violentos, sem falar na visível deturpação do conceito de matrimônio e na banalização dos valores familiares conquistados há décadas. Tudo isso repercute negativamente na dinâmica psicossocial do indivíduo. O Estatuto da Família não deveria causar tanto alvoroço no que se refere ao conceito de família. A definição não é minha e de nenhum parlamentar. É a Carta Constitucional que, assim, restringe sua composição. Não tem nada a ver com preconceito ou discriminação. (Sóstenes Cavalcante [deputado federal pelo PSD]. “Estatuto da Família é base para sociedade mais justa, fraterna e desenvolvida”. http://congressoemfoco.uol.com.br, 08.10.2015. Adaptado.) Texto 5 A ONU no Brasil disse estar acompanhando “com preocupação” a tramitação, no Congresso Nacional, da Proposição Legislativa que institui o Estatuto da Família, especialmente quanto ao conceito de família e “seus impactos para o exercício dos direitos humanos”. Citando tratados internacionais, a ONU afirmou ser importante assegurar que outros arranjos familiares, além do formado por casal heteroafetivo, também sejam igualmente protegidos como parte dos esforços para eliminar a discriminação: “Negar a existência destas composições familiares diversas, para além de violar os tratados internacionais, representa uma involução legislativa”. (“Brasil: ONU está preocupada com projeto de lei que define conceito de família”. http://nacoesunidas.org, 27.10.2015.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: O conceito de família proposto pelo Estatuto da Família: discriminação contra outros arranjos familiares? Proposta 8: (UNESP 2016 – FINAL DO ANO) Imagens trágicas UNESP 2016/1 t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 48 Texto 1 Um dos traços característicos da vida moderna é oferecer inúmeras oportunidades de vermos (à distância, por meio de fotos e vídeos) horrores que acontecem no mundo inteiro. Mas o que a representação da crueldade provoca em nós? Nossa percepção do sofrimento humano terá sido desgastada pelo bombardeio diário dessas imagens? Qual o sentido de se exibir essas fotos? Para despertar indignação? Para nos sentirmos “mal”, ou seja, para consternar e entristecer? Será mesmo necessário olhar para essas fotos? Tornamo-nos melhores por ver essas imagens? Será que elas, de fato, nos ensinam alguma coisa? Muitos críticos argumentam que, em um mundo saturado de imagens, aquelas que deveriam ser importantes para nós têm seu efeito reduzido: tornamo-nos insensíveis. Inundados por imagens que, no passado, nos chocavam e causavam indignação, estamos perdendo a capacidade de nos sensibilizar. No fim, tais imagens apenas nos tornam um pouco menos capazes de sentir, de ter nossa consciência instigada. (Susan Sontag. Diante da dor dos outros, 2003. Adaptado.) Texto 2 Quantas imagens de crianças mortas você precisa ver antes de entender que matar crianças é errado? Eu pergunto isso porque as mídias sociais estão inundadas com o sangue de inocentes. Em algum momento, as mídias terão de pensar cuidadosamente sobre a decisão de se publicar imagens como essas. No momento, há, no Twitter particularmente, incontáveis fotos de crianças mortas. Tais fotos são tuitadas e retuitadas para expressar o horror do que está acontecendo em várias partes do mundo. Isto é obsceno. Nenhuma dessas imagens me persuadiu a pensar diferentemente do modo como eu já pensava. Eu não preciso ver mais imagens de crianças mortas para querer um acordo político. Eu não preciso que você as tuite para me mostrar que você se importa. Um pequeno cadáver não é um símbolo de consumo público. (Suzanne Moore. “Compartilhar imagens de cadáveres nas mídias sociais não é o modo de se chegar a um cessar- fogo”. www.theguardian.com, 21.07.2014. Adaptado.) Texto 3 A morbidez deve ser evitada a todo custo, mas imagens fotográficas chocantes que podem servir a propósitos humanitários e ajudar a manter vivos na memória coletiva horrores inomináveis (dificultando, com isso, a ocorrência de horrores similares) devem ser publicadas. (Carlos Eduardo Lins da Silva. “Muito além de Aylan Kurdi”. http://observatoriodaimprensa.com.br, 08.09.2015. Adaptado.) Texto 4 Diretor da ONG Human Rights Watch, Peter Bouckaert publicou em seu Twitter a foto do menino sírio de 3 anos que se afogou. Ele explicou sua decisão: “Alguns dizem que a imagem é muito ofensiva para ser divulgada. Mas ofensivo é aparecerem crianças afogadas em nossas praias quando muito mais pode ser feito para evitar suas mortes.” t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 49 (“Diretor de ONG explica publicação de foto de criança”. Folha de S.Paulo, 03.09.2015. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Publicação de imagens trágicas: banalização do sofrimento ou forma de sensibilização?Proposta 9: (UNESP 2015 – meio do ano) Redução da menoridade penal Texto 1 O advogado Carlos Velloso, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, diz que a redução da maioridade penal vai inibir jovens e criminosos: “O jovem de hoje é diferente do jovem de 1940, quando essa maioridade penal de 18 anos foi instituída. Agora, ele é bem informado, já compreende o que é uma atitude delituosa. Muitos jovens de 16 anos já estão empregados no crime organizado. A redução vai inibir os adolescentes e criminosos que aliciam menores.” (“Para ex-ministro do STF, redução da maioridade penal diminuiria crime”. www.folha.uol.com.br, 01.04.2015. Adaptado.) Texto 2 O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, afirmou que a redução da maioridade penal, debatida atualmente no Congresso Nacional, não deve diminuir a violência no país: “Não vamos dar uma esperança vã à sociedade, como se pudéssemos ter melhores dias alterando a responsabilidade penal. Cadeia não conserta ninguém.” (“‘Cadeia não conserta ninguém’, diz ministro sobre redução da maioridade”. http://g1.globo.com, 01.04.2015. Adaptado.) Texto 3 A presunção de que ao adolescente de 16 anos falta o entendimento pleno da ilicitude da conduta que pratica podia encontrar justificativa décadas atrás, quando o Brasil era uma sociedade agrária e atrasada socialmente. Hoje, com a densificação populacional, o incremento dos meios de comunicação e o acesso facilitado à educação, esse adolescente amadurece muito mais rápido. O jovem de 16 anos já possui maturidade para votar. E o Código Civil, atento ao fato de que o jovem amadurece mais cedo, permitiu a emancipação aos 16 anos de idade. Emancipado, poderá constituir família, com os pesados encargos daí decorrentes como manutenção do lar e criação e educação da prole. Poderá também constituir uma empresa e gerenciá-la, respondendo, sem interferência de terceiros, por todas as obrigações inerentes ao exercício do comércio. É notório que os adolescentes se valem conscientemente da menoridade para praticar ilícitos infracionais, sabendo quanto são brandas as medidas passíveis de serem aplicadas a eles. Uma das causas da delinquência juvenil é a falta de políticas públicas voltadas à criança e ao adolescente. Mas a sociedade não pode esperar indefinidamente que essas políticas sejam implementadas. O problema deve ser enfrentado de duas formas: criando políticas sociais de trabalho, educação e emprego, mas simultaneamente fazendo jovens entre 16 e 18 anos responderem penalmente pelos seus atos. (Cláudio da Silva Leiria (promotor de justiça). “Questão de maturidade”. O Estado de S.Paulo, 05.04.2015. Adaptado.) t.me/CursosDesignTelegramhub http://www.folha.uol.com.br/ http://g1.globo.com/ ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 50 Texto 4 Confrontado com situações extremas de violência e criminalidade, nas quais há adolescentes envolvidos, o Congresso Nacional de novo discute o rebaixamento da idade de responsabilidade penal de 18 para 16 anos como uma das soluções para o problema. No entanto, leve-se em conta que a maioria esmagadora dos criminosos são jovens entre 19 e 25 anos e adultos. Atrás do adolescente infrator, há sempre adultos. O núcleo duro da criminalidade violenta são organizações comandadas por adultos, que a polícia não consegue desbaratar por incompetência na coleta de informações, fraqueza da investigação e por manter, a despeito da consagrada impunidade, a concepção sabidamente equivocada de “guerra contra o crime”. O rebaixamento da idade penal é um logro que não terá nenhum efeito para aumentar a segurança dos cidadãos. Se as instituições brasileiras de tratamento de crianças e adolescentes infratores não educam nem regeneram, sendo masmorras disfarçadas apenas pelo nome, trancafiá-los em prisões de adultos seria condená-los à tortura, à violência sexual e à solitária. Está mais do que na hora de ir além do atual debate relativo ao estabelecimento arbitrário de uma idade mínima de responsabilidade pela infração das leis penais. Mas, enquanto não atingirmos essa etapa, o esforço do Estado democrático não deve ser de despejar mais e mais adolescentes miseráveis, pobres e afrodescendentes no sistema penal de adultos. O esforço deve ser no sentido de aperfeiçoar as atuais instituições de tratamento das crianças e adolescentes, para evitar que eles, tornados adultos, entrem naquele sistema. (Paulo Sérgio Pinheiro (ex-secretário de Estado de Direitos Humanos). “Adolescentes: o elo mais fraco”. Folha de S.Paulo, 11.01.2013. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma redação de gênero dissertativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: A redução da maioridade penal contribuirá para a diminuição da criminalidade no Brasil? Proposta 10: (UNESP 2015 – Final do ano) O legado da escravidão Legado da escravidão e preconceito contra negros no Brasil Unesp 2015 Texto 1 O Brasil era o último país do mundo ocidental a eliminar a escravidão! Para a maioria dos parlamentares que se tinham empenhado pela abolição, a questão estava encerrada. Os ex-escravos foram abandonados à sua própria sorte. Caberia a eles, daí por diante, converter sua emancipação em realidade. Se a lei lhes garantia o status jurídico de homens livres, ela não lhes fornecia meios para tornar sua liberdade efetiva. A igualdade jurídica não era suficiente para eliminar as enormes distâncias sociais e os preconceitos que mais de trezentos anos de cativeiro haviam criado. A Lei Áurea abolia a escravidão, mas não seu legado. Trezentos anos de opressão não se eliminam com uma penada. A abolição foi apenas o primeiro passo na direção da emancipação do negro. Nem por isso deixou de ser uma conquista, se bem que de efeito limitado. (Emília Viotti da Costa. A abolição, 2008.) Texto 2 t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 51 O Instituto Ethos, em parceria com outras entidades, divulgou um estudo sobre a participação do negro nas 500 maiores empresas do país e lamentou, com os jornais, o fato de que 27% delas não souberam responder quantos negros havia em cada nível funcional. Esse dado foi divulgado como indício de que, no Brasil, existe racismo. Um paradoxo. Quase um terço das empresas demonstra a entidades seríssimas que “cor” ou “raça” não são filtros em seus departamentos de RH e, exatamente por essa razão, as empresas passam a ser suspeitas de racismo. Elas são acusadas por aquilo que as absolve. Tempos perigosos, em que pessoas, com ótimas intenções, não percebem que talvez estejam jogando no lixo o nosso maior patrimônio: a ausência de ódio racial. Há toda uma gama de historiadores sérios, dedicados e igualmente bem-intencionados, que estudam a escravidão e se deparam com esta mesma constatação: nossa riqueza é esta, a tolerância. Nada escamoteiam: bem documentados, mostram os horrores da escravidão, mas atestam que, não a cor, mas a condição econômica é que explica a manutenção de um indivíduo na pobreza. [...]. Hoje, se a maior parte dos pobres é composta por negros, isso não se deve à cor da pele. Com uma melhor distribuição de renda, a condição do negro vai melhorar acentuadamente. Porque, aqui, cor não é uma questão. (Ali Kamel. “Não somos racistas”. www.oglobo.com.br, 09.12.2003.) Texto 3 Qualquer estudo sobre o racismo no Brasil deve começar por notar que, aqui, o racismo é um tabu. De fato, os brasileiros imaginam que vivem numa sociedade onde não há discriminação racial. Essa é uma fonte de orgulho nacional, e serve, no nosso confronto e comparação com outras nações, como prova inconteste de nosso status de povo civilizado. (Antonio Sérgio Alfredo Guimarães. Racismo e antirracismo no Brasil, 1999. Adaptado.) Texto 4 Na ausência de uma política discriminatória oficial, estamos envoltos no país deuma “boa consciência”, que nega o preconceito ou o reconhece como mais brando. Afirma-se, de modo genérico e sem questionamento, uma certa harmonia racial e joga-se para o plano pessoal os possíveis conflitos. Essa é sem dúvida uma maneira problemática de lidar com o tema: ora ele se torna inexistente, ora aparece na roupa de alguém outro. É só dessa maneira que podemos explicar os resultados de uma pesquisa realizada em 1988, em São Paulo, na qual 97% dos entrevistados afirmaram não ter preconceito e 98% dos mesmos entrevistados disseram conhecer outras pessoas que tinham, sim, preconceito. Ao mesmo tempo, quando inquiridos sobre o grau de relação com aqueles que consideravam racistas, os entrevistados apontavam com frequência parentes próximos, namorados e amigos íntimos. Todo brasileiro parece se sentir, portanto, como uma ilha de democracia racial, cercado de racistas por todos os lados. (Lilia Moritz Schwarcz. Nem preto nem branco, muito pelo contrário, 2012. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma redação de gênero dissertativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: O LEGADO DA ESCRAVIDÃO E O PRECONCEITO CONTRA NEGROS NO BRASIL t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 52 Proposta 11: (UNESP 2014 – final do ano) Corrupção Texto 1 Dos 594 deputados e senadores em exercício no Congresso Nacional, 190 (32%) já foram condenados na Justiça e/ou nos Tribunais de Contas. As ocorrências se encaixam em quatro grandes áreas: irregularidades em contas e processos administrativos no âmbito dos Tribunais de Contas (como fraudes em licitações); citações na Justiça Eleitoral (contas de campanha rejeitadas, compra de votos, por exemplo); condenações na Justiça referentes à lida com o bem público no exercício da função (enriquecimento ilícito, peculato etc.); e outros (homicídio culposo, trabalho degradante etc.). (Natália Paiva. www.transparencia.org.br. Adaptado.) Texto 2 Nossa tradição cultural, por diversas razões, criou um ideal de cidadania política sem vínculos com a efetiva vida social dos brasileiros. Na teoria, aprendemos que devemos ser cidadãos; na prática, que não é possível, nem desejável, comportarmo-nos como cidadãos. A face política do modelo de identidade nacional é permanentemente corroída pelo desrespeito aos nossos ideais de conduta. Idealmente, ser brasileiro significa herdar a tradição democrática na qual somos todos iguais perante a lei e onde o direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade é uma propriedade inalienável de cada um de nós; na realidade, ser brasileiro significa viver em um sistema socioeconômico injusto, onde a lei só existe para os pobres e para os inimigos e onde os direitos individuais são monopólio dos poucos que têm muito. Preso nesse impasse, o brasileiro vem sendo coagido a reagir de duas maneiras. Na primeira, com apatia e desesperança. É o caso dos que continuam acreditando nos valores ideais da cultura e não querem converter-se ao cinismo das classes dominantes e de seus seguidores. Essas pessoas experimentam uma notável diminuição da autoestima na identidade de cidadão, pois não aceitam conviver com o baixo padrão de moralidade vigente, mas tampouco sabem como agir honradamente sem se tornarem vítimas de abusos e humilhações de toda ordem. Deixam-se assim contagiar pela inércia ou sonham em renunciar à identidade nacional, abandonando o país. Na segunda maneira, a mais nociva, o indivíduo adere à ética da sobrevivência ou à lei do vale-tudo: pensa escapar à delinquência, tornando-se delinquente. (Jurandir Freire Costa. http://super.abril.com.br. Adaptado.) Texto 3 Se o eleitorado tem bastante clareza quanto à falta de honestidade dos políticos brasileiros, não se pode dizer o mesmo em relação à sua própria imagem como “povo brasileiro”. Isto pode ser um reflexo do aclamado “jeitinho brasileiro”, ora motivo de orgulho, ora de vergonha. De qualquer forma, fica claro que há problemas tanto quando se fala de honestidade de uma forma genérica, como quando há abordagem específica de comportamentos antiéticos, alguns ilegais: a “caixinha” para o guarda não multar, a sonegação de impostos, a compra de produtos piratas, as t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 53 fraudes no seguro, entre outros. A questão que está posta aqui é que a população parece não relacionar seus “pequenos desvios” com o comportamento desonesto atribuído aos políticos. (Silvia Cervellini. www.ibope.com.br. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma redação de gênero dissertativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: CORRUPÇÃO NO CONGRESSO NACIONAL: REFLEXO DA SOCIEDADE BRASILEIRA? Proposta 12: (UNESP 2014 – meio do ano) Violência contra as mulheres Proposta Unesp 2014. 2 "A tolerância da sociedade brasileira à violência sexual contra as mulheres" Texto 1 O SUS (Sistema Único de Saúde) recebeu em seus hospitais e clínicas uma média de duas mulheres por hora com sinais de violência sexual em 2012, segundo dados do Ministério da Saúde. No Brasil, segundo o Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes do Ministério da Saúde, um total de 18 007 mulheres deram entrada no sistema público de saúde em 2012 apresentando indícios de terem sofrido violência sexual. Essas estatísticas funcionam apenas como um indicador, pois não englobam casos de violência nos quais a mulher não procurou atendimento médico ou se dirigiu a uma unidade de saúde privada. (Luis Kawaguti. SUS recebe duas mulheres por hora vítimas de abuso. www.bbc.co.uk/portuguese, 08.03.2013. Adaptado.) Texto 2 Um em cada quatro brasileiros acredita que se uma mulher usa roupas provocantes merece ser atacada. O dado é muito abaixo dos 65% divulgados inicialmente pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) na pesquisa “Tolerância social à violência contra mulheres”, mas ainda é alarmante: 58,5% dos entrevistados afirmam que se as mulheres soubessem como se comportar haveria menos estupros. O estudo ganhou destaque na mídia e levou a um intenso debate sobre a violência sexual contra mulheres no Brasil. (Lilia Diniz. O estupro na mídia. www.observatoriodaimprensa.com.br, 17.04.2014.) Texto 3 O importante é que o debate não se limite à questão do vestuário feminino. A mulher como objeto e a fabricação de um pseudoerotismo no qual engajam-se os meios de comunicação e publicitários, há pelo menos uma geração, estão criando valores e distorções existenciais que vão na contramão do que se entende como civilização. A mulher sensual está hoje em anúncios de apartamentos, automóveis, t.me/CursosDesignTelegramhub http://www.bbc.co.uk/portuguese http://www.observatoriodaimprensa.com.br/ ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 54 viagens, comida, bebida e até em diplomas universitários. Nesta midiatização do sexo e coisificação da mulher pode estar a incubadora da furiosa onipotência que intoxica o comportamento masculino. (Alberto Dines. A imagem tóxica. www.observatoriodaimprensa.com.br, 15.04.2014. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma redação de gênero dissertativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: A tolerância da sociedade brasileira à violência sexual contra mulheres 2.2 Comentário Proposta 1: UNESP 2020 A banca da UNESP apresentou um tema bastante próximo dos jovens adultos que chegam ao vestibular. Quando faz 18 anos, o jovem se vê confrontado com a seguinte questão “tirar ou não tirar carta de habilitação?” Antenada com os movimentos sociais que mostram uma mudança de perspectiva da nova geração em relação ao automóvel, a Banca solicitouque o candidato fizesse um texto dissertativo- argumentativo sobre o tema explícito: “O carro será o novo cigarro?” Havia quatro textos motivadores. O primeiro, um fragmento do “Manifesto do Futurismo” (1918), apresentava uma visão bastante positiva do automóvel. Nele, Marinetti afirmava que o carro representava uma nova beleza, exaltando a aparência, a sonoridade e até mesmo os resíduos tóxicos (“hálito explosivo). O texto seguinte era um poema de Carlos Drummond sobre o carro. Nele, o eu lírico tematizava o vínculo de dependência que o homem estava criando com o carro. A pergunta “a vida parou/ ou foi o automóvel?” sugere que o ritmo de vida do homem é determinado pela máquina. A questão do poeta ganhou significados mais contundentes quando, nas décadas de 70 e 80, as grandes cidades começaram a ter problemas com mobilidade devido ao grande número de veículos circulando no espaço público. O texto 3 levava ao extremo o problema já sugerido pelo que se lia no poema de Drummond. Tratava-se de uma charge. No primeiro quadrinho, observava-se a representação de um congestionamento de veículos. Essa imagem se contrapunha-se ao terceiro quadrinho, no qual se observavam poucas pessoas utilizando um metrô quase vazio. No quadrinho do meio, era possível ler um comentário a essa situação: “a superfície era quase ocupada por carros, pedestres só podiam circular por debaixo da terra. Essa charge de 2016 tinha o seguinte título: “Quadrinhos dos anos 10”. Era como se alguém que estivesse vivendo no final do século XXI comentasse com espanto e curiosidade como os homens vivam no começo da década de 2010. O texto 4 fechava o recorte temático com um fragmento de um artigo de opinião cujo título era “ O declínio de uma paixão”. O articulista defendia a tese de que o carro não desperta mais a atenção da nova geração e que, no futuro, pode ter o mesmo destino do cigarro, que um dia foi considerado um objeto de desejo e hoje é demonizado. Ele acompanhava o argumento de Jaime Lerner, ex-prefeito de Curitiba, que chamou o carro de “cigarro do futuro”. Teses possíveis (ideias a serem defendidas) A proposta em forma de pergunta não deixava muitas alternativas de resposta a não ser estas três: - O carro será o nosso cigarro de amanhã, pois.... t.me/CursosDesignTelegramhub http://www.observatoriodaimprensa.com.br/ ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 55 - O carro não será o novo cigarro, pois, apesar, dessa tendência, ele vai ser usado como é usado hoje. - Não será o novo cigarro, pois a tendência é que haja um equilíbrio em relação ao uso do automóvel. Pressupostos Há dois implícitos nessa proposta que deveriam ser percebidos pelo aluno. Primeiramente, o candidato deveria interpretar a metáfora. O cigarro foi símbolo de status durante boa parte do século XX. No último quartel do século, começou-se a associar a substância aos efeitos negativos à saúde. Leis foram aprovadas que autorizavam sanções aos fumantes. O paralelo entre carro e cigarro supõe que o destino do automóvel será o mesmo. A outra questão que surge quase como decorrência lógica do tema é: por quê? Quais são as causas do aparente declínio do prestígio do carro. Nesse ponto, seria possível já pensar em respostas para isso, o que nos levaria para o brainstorm necessário para pensar em uma tese completa. Exemplo de mapa mental do Brainstorm (ideias possíveis) Percurso mais simples (implícito à coletânea) Para o candidato que não tivesse muito tempo para fazer a redação ou que estivesse sem ideias, haveria a possibilidade de acompanhar o percurso argumentativo implícito no diálogo entre os textos da coletânea. Há uma sequência temporal. O primeiro texto, de 1909, manifesta uma perspectiva apologética do carro. Os seguintes apontam para os problemas que o uso do carro acarretam e o último apresenta o declínio. Veja, você poderia fazer uma introdução com a tese de que o carro seria, sim, o cigarro do futuro. Depois disso você poderia seguir esse percurso histórico. Não precisa se preocupar com a questão da originalidade. Os exemplos que você apresentaria para comprovar os danos causados pelo uso do carro seriam autorais. Encaminhamentos possíveis e exemplificativos t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 56 Vale sempre lembrar que há várias possibilidades de desenvolvimento da tese. Seguem alguns como possibilidades. Tese: O carro é o cigarro de amanhã. - A emissão de CO2 afeta a saúde do planeta como o cigarro afetava a saúde do indivíduo; - A economia compartilhada tornou o carro próprio quase desnecessário; - Os jovens tendem a encarar os celulares ou a tecnologia digital como status de modernidade e não mais o automóvel; - O carro necessita de cuidados que a jovem geração não quer dispensar - O carro tornou-se sinônimo de imobilidade urbana. Tese: O carro não é, e nunca será o cigarro de amanhã -Diferentemente do cigarro, o carro tem um caráter utilitário que nunca poderá ser descartado; - A tendência é de que o carro movido a combustível fóssil seja substituído pelo carro elétrico; - A indústria automobilística representa uma parte importante da economia mundial e, portanto, não vai ser suprimida; - A queda do número de habilitações por parte dos jovens significa apenas que eles estão transferindo a tarefa de dirigir para profissionais especializados, não houve diminuição significativa na frota que, esse sim, seria um indicador de que o carro vai ser algo ultrapassado. Tese: O carro não tem mais o prestígio de antigamente, mas nada indica que haverá uma sanção moral e uma sanção legal em relação ao uso do carro. - O cigarro sofre sansão moral e legal, o carro não; - É possível que, no futuro, haja alguma desvalorização em relação ao uso do carro, mas não será como ocorre como o cigarro, pois o carro tem um valor utilitário inegável. - O carro pode ser substituído no futuro como sonho de consumo, mas seu valor utilitário vai se manter. - A questão da poluição pode ser resolvida com avanços tecnológicos que permitam ao carro se valer de energia limpa; - A questão da mobilidade pode ser contornada, seja pela estagnação do aumento da população, seja por projetos urbanísticos que têm permitido ampliar o leque de opções de transportes. Repertório Alguns conceitos de outras áreas do conhecimento poderiam ser utilizados, mas sempre tendo bastante cuidado de conciliar o conceito com a resposta que deveria ser dada ao tema. Fato social (sociologia): fatos sociais são valores, normas, formas de comportamento e estruturas sociais que exercem um grande poder sobre os indivíduos por serem coercitivos culturalmente. O candidato poderia dizer que “fumar cigarro” já foi um fato social, coercitivo, pois as pessoas se viam confrontadas com ter que fumar e sentiam-se pressionadas a isso; hoje o fato social mudou. O indivíduo se sente pressionado a não fumar, há sanções contra esse ato. Algo similar pode acontecer com o carro, e parece que estamos vivendo esse momento de transição. Fetiche (mercadoria capitalista): Dentro da lógica capitalista toda mercadoria tem uma espécie de vida útil. Quanto há saturação da mercadoria ou ela deixa de dar tanto lucro como antigamente, ela tende a ser substituída por outra. O capitalismo se revoluciona a si mesmo. Nesse sentido, o carro pode tornar-se uma mercadoria obsoleta no futuro. Revolução Industrial: Pode-se usar a revolução industrial como substituta da analogia com o cigarro. Aquelas fábricas fumegantes foram substituídas por outros modos de produção. Assim como também a produção industrial sofreu ao longo de dois séculos transformações. Por isso, pode-se esperar que, em algum momento, o carro deixe de ter a importância que ele ocupou no século XX. Ditado “Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe”.Como todo ditado, ele não serve para muita coisa, mas seria bem-vindo como frase de efeito para se terminar o texto. No meio do texto, como argumento, ele é complicado, é geral demais. A não ser que servisse de mote para explicar t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 57 que o carro foi um bem que foi se transformando num mal. Lembre-se de que generalizações muito amplas precisam de sucessivas concretizações para começar a ter efeito argumentativo. Proposta 2: UNESP 2019 Em 2109, a Banca da UNESP escolheu textos curtos, mas bastante expressivos sobre o assunto do consumo. No primeiro texto visual, uma charge, o personagem lê em um livro que “ninguém vale pelo que tem, mas pelo que é”. Diante disso, o protagonista faz um comentário crítico, afirmando que “não ter” significa “não existir”. Essa tirinha é interessante, pois coloca em choque as duas ideias do senso comum sobre o tema. Afinal, no mundo moderno, a importância social de cada um se dá, em larga medida, através da relação entre o indivíduo e suas propriedades: sejam intelectuais sejam físicas. No texto 2, observa-se o mesmo jogo de se colocar em choque duas ideias do senso comum. No primeiro quadrinho, um dos personagens contrapõe dinheiro a amor, deixando claro que o sentimento é superior ao poder de compra. Segue-se um argumento banal que todos nós já ouvimos: “você compra carros com amor?” Esses dois quadrinhos demonstram a insuficiência do senso comum. É muito redutor dizer que ser é mais importante que o ter, assim como é falso dizer que só com dinheiro, só comprando, alguém pode-se ser feliz. O texto 3 do poeta José Paulo Paes traz a discussão para o plano existencial, subjetivo. O eu lírico compara o Shopping Center a uma espécie de plano de vida após a morte, onde andamos pelos corredores como almas penadas. Literariamente, o texto nos lembra A Divina Comédia de Dante Alighieri, na qual um eu lírico vaga pelo inferno, purgatório e céu e nos dá uma noção do que é a vida após a morte. Em Dante, as pessoas sofrem pelos pecados que cometeram na terra. No poema de José Paulo Paes, as pessoas pecam e pagam no próprio plano terreno. Algumas ideias são notáveis. O mundo do consumo é o mundo da errância (“vagamos sem rumo”) que nos leva ao “castigo eterno”, revelando-se como uma espécie de insatisfação perene (“por mais que compremos/ estamos sempre nus). A recompensa ou a alegria surge como uma “Grande Liquidação”, mas torna-se corriqueira demais, pois será incapaz de eliminar a roda viva da insatisfação do consumidor. Por fim, o texto 4, do sociólogo Zygmunt Bauman, faz um diagnóstico nada redutor da nossa realidade. Ele afirma, com razão, que “nós (todos nós) somos consumidores”. Não se trata de um defeito moral, algo que deva ser condenado como uma falta de vontade, pois como diz o texto “somos educados e treinados” para o consumo. O nosso sentido de vida encontra-se em larga medida na compra compulsiva. Segue-se a pergunta que por si só já é instigante, pois é uma paródia da frase de Descartes “penso, logo existo”. Se o filósofo inaugurou o pensamento ocidental destacando a importância da racionalidade para a existência social, a pergunta provocativa nos faz imaginar que houve um troca de parâmetros no mundo contemporâneo. Encaminhamento Obviamente, o primeiro passo para desenvolver esse tema é responder à questão. Podemos pensar em 3 posicionamentos: Para esse tipo de tese, você deveria considerar a perspectiva social. O texto de Bauman é um bom ponto de partida. Fomos treinados para consumir e a relevância social se dá por esse viés. Basta observar os esquemas de marginalização do indivíduo. O marginalizado é aquele que não se encaixa no sistema produtivo e no sistema de consumo. O indivíduo só existe quando consome t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 58 Como exemplo, um traficante que vive à margem no sistema produtivo é facilmente admirado quando ostenta objetos invejáveis do consumo. Há várias maneiras de desenvolver essa tese: por exemplificação como fiz no parágrafo anterior; por comparação histórica (como se comportavam nossos avós em relação ao consumo); por causas e consequências (analisar os efeitos desse modo de vida nos transtornos psíquicos observados na contemporaneidade); etc. Esse tipo de resposta parte da premissa de que o consumo é uma espécie de alienação de valores humanos e que se entregar a esse modo de vida leva a negação da própria felicidade. Apesar de ser uma tese mais próxima do senso comum, ela pode ser bem desenvolvida se você conseguir reunir fatos e exemplos significativos para mostrar que o consumismo destrói aquilo que há de humano em nós: - A ansiedade intrínseca ao consumo tem efeitos na psiquê dos indivíduos (aumento de problemas psiquiátricos); - Índices de satisfação dos mais ricos ou famosos não são superiores aos das pessoas comuns (várias pessoas famosas se envolvem com drogas como forma de evasão). - O individualismo próprio da sociedade de consumo contamina as relações sociais; lidamos como o outro como se fosse um objeto para o nosso prazer. Essa tese é uma tentativa de conciliar as duas posições anteriores. Desenvolva a defesa do consumo em um parágrafo e a defesa da restrição ao consumo em outro. A conclusão é que se deve procurar um meio termo. A síntese pode desembocar em uma advertência: o problema passa a existir quando o indivíduo acredita que a dimensão do consumo se sobrepõe a tudo mais. Nesse ponto, pode-se destacar as consequências doentias dessa forma de viver. Obviamente, esse percurso já permite vislumbrar a conclusão: é preciso não se deixar levar por esse consumismo próprio da sociedade em que vivemos. Proposta 3: UNESP 2018 – Final do ano Em 2018, a UNESP forneceu 3 textos de apoio e um tema explícito: Liberar o porte de armas de fogo a todos os cidadãos diminuirá a violência no Brasil? Os textos eram bastante informativos e possibilitavam ao candidato entrar em contato com diferentes opiniões sobre o tema. O primeiro trazia fatos relevantes: a maioria dos brasileiros são contra a liberação de armas; o Estatuto do Desarmamento não reduziu a criminalidade; Especialistas discordam disso. O texto 2 trazia um histórico do Estatuto. Antes do Regulamento, qualquer cidadão poderia andar armado. Esse fato não contribui para a diminuição dos índices de violência. O texto reafirma a tese de que também o Estatuto, aprovado em 2003, não diminui substancialmente os índices de violência. O pesquisador do IPEA, Daniel Cerqueira, atribuiu os altos índices de violência até 2003 à crise de 1980. Para ele, o acesso à arma, na época, retroalimentou a tendência de alta. Consumir não é existir Consumir é somente uma parte da existência. Lembre-se essas sugestões não esgotam as possibilidades t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 59 No último parágrafo do texto, há o depoimento de Benê Barbosa, militante pró-armas. Para ele, as pessoas se sentiam mais seguras. Finalmente, o candidato se deparava com duas opiniões contraditórias baseadas em dois argumentos não desenvolvidos. A favor da liberação do porte de armas o argumento se pauta no direito à autodefesa. Contra a liberação, o ex-secretário da Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro afirmava que isso seria um fator de risco. Encaminhamentos Possíveis Primeiramente, pense nas possibilidades de tese. Não há apenas 2, a favor e contra a liberação, pois você poderia defender um meio termo, ou seja, uma liberação menos radical, em algumas circunstâncias que você indicaria no seu texto. Óbvio que, para isso, você deveria conhecer bem o assunto. Os argumentos não são complicados e são até bem conhecidos. A favor do portede armas: - Não há prova substancial de que o porte de arma aumente ou diminua os índices de homicídios. - O cidadão deve ter o direito de se defender. - A proibição é uma ingerência do Estado na vida do cidadão. - Pode ser até que o porte não tenha efeito prático para o cidadão, mas tem um efeito psicológico importante: o indivíduo se sente mais seguro. Contra o porte de armas: -O Estatuto, se não diminuiu o número de homicídios, pelo menos estancou o crescimento do índice de mortes. -Aumenta-se o risco de acidentes com armas de fogo. -O cidadão comum teria que ser muito bem treinado para usar uma arma com propriedade. - Aumentaria o número de armas em circulação e, portanto, os criminosos também teriam acesso facilitado seja pela forma legal, seja pelo roubo de armas. - A restrição de uso de armas de fogo fortalece o poder público e a polícia, quem deve ter o direito de uso da violência dentro dos parâmetros legais. Essa enumeração argumentativa não esgota o assunto e você deve ter notado que as ideias não são exatamente criativas. Trata-se de um tema comum para o qual os argumentos tanto a favor quanto contrários são bem conhecidos. Nesse caso, o diferencial ficará por conta dos fatos, exemplos, raciocínios que você vai usar para dar apoio a cada uma dessas sequências argumentativas. Com certeza, numa proposta assim, que beira o senso comum, o corretor estará bastante atento à força dos recursos argumentativos, à coerência e à coesão. Proposta 4: UNESP 2017 – Final do ano Pensar o tema “O voto deveria ser facultativo no Brasil?” inclui considerar que o Brasil ainda é uma nação que precisa crescer muito na educação política de sua sociedade. Sabemos que a democracia brasileira é jovem, e que carece ainda de muita luta para a sua manutenção plena. É reconhecendo esse fator que se mantém a obrigatoriedade do voto para a maioria do corpo social. Por sua vez, isso leva a questionamentos, uma vez que grupos populacionais criticam essa obrigatoriedade em nome da liberdade de voto, que não deve ser uma obrigação, mas um direito do cidadão, o qual ele deve decidir se quer usufruir. Perante essas informações, elencamos abaixo possibilidades argumentativas que você discutir em seu texto. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 60 A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalhado a partir de variadas perspectivas. É preciso enfatizar, portanto, que um dos pilares dessa temática é a necessidade do voto, pois se reconhece que, em um país que teve, após a Ditadura Militar, apenas sete eleições, é necessário ainda a obrigatoriedade do voto, posto que a população não tem educação política suficiente para entender a importância desse ato. Portanto, esse pode ser um argumento que possibilite um desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a serem desenvolvidas. Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou você discuta a necessidade da obrigatoriedade do voto; por outro lado, você pode salientar que não deve haver obrigatoriedade do voto. Observe que, caso você queira trabalhar a primeira perspectiva, é possível recorrer a períodos históricos os quais ainda havia muita venda de voto, o que fortalecia a falta de liberdade de voto, como as fraudes eleitorais. Saliente, em seu texto, que a liberdade de voto proporcionaria o retorno desse período. Por sua vez, caso você queira trabalhar a segunda perspectiva, aponte a liberdade do cidadão em decidir usufruir ou não de um direito. Portanto, votar deveria ser um ato de liberdade, não de obrigatoriedade, por ser um direito. Isso levaria ao voto mais consciente. Você pode lembrar, em seu texto, que o Brasil se encontra em um pequeno grupo de nações que ainda obrigam o cidadão a votar e lhe cobra multa caso se recuse ao ato. Portanto, você tem caminhos variados para estar desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e escolher as ideias que melhor se articulem para desenvolver uma argumentação consistente. Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela Unesp, compõe-se de três partes essenciais: t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 61 Na elaboração do texto dissertativo-argumentativo, deve-se apontar uma tese clara e consistente para que você, ao longo de seu texto, consiga argumentar com facilidade, sem necessitar recorrer a ideias que possam enfraquecer sua argumentação. Assim, em sua introdução, você deverá delimitar o seu tema, visto que, como comentamos acima, é amplo, e apresentar a sua tese. A partir disso, você estará construindo seu projeto de texto, elemento fundamental na escrita de uma redação. Quando uma produção apresenta um projeto de texto, o leitor, na introdução, já focaliza o assunto que está sendo abordado e o seu ponto de vista sobre ele, o que você irá defender sobre esse tema. Logo, com o projeto de texto, mostra-se, antes de argumentar, qual o caminho opinativo, ou seja, qual a tese que você apresentará em seu texto. Pense que o seu leitor, ainda que seja um corretor, não “conhece” o seu tema. É como se estivesse entrando em contato com ele pela primeira vez. Tudo caminha para que ele compreenda o tema a partir do seu texto. Se, por acaso, você costuma se perder na argumentação, principalmente quando tratamos da organização dos argumentos na cabeça, indique, logo na introdução, os argumentos que irá trabalhar ao longo da sua redação. Isso facilita a coerência de suas ideias. Por sua vez, no desenvolvimento, você deverá apresentar seus argumentos. Comumente, recomendamos dois argumentos pela extensão da redação. Pode parecer muito, mas 30 linhas, para um texto bem desenvolvido, acaba sendo pouco. Assim, com dois argumentos, fica um pouco mais fácil de desenvolver as ideias como deve. É importante destacar que o repertório deve estar presente, fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório. Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto. Retome aos argumentos explanados para poder dar um fechamento geral no texto, sempre articulando ao tema de sua redação. Coletânea de textos Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 62 aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a produção textual. Os textos motivadores da coletânea apresentam caminhos para que você, na hora de sua escrita, consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Assim, apresentamos suas ideias principais, para facilitar seu entendimento sobre o assunto. TEXTO I TEXTO II Tese e argumentos possíveis Como observamos ao longo dessa descrição, é possível pensar, sem se desligar do tema, em diferentes argumentos para o desenvolvimento textual. Buscamos sinalizar que encontrar um problema para dá solução ao assunto é um dos caminhos mais fáceis para o desenvolvimento de seu texto, desviando à possibilidade de sua redação ficar muito descritiva. Assim, o processo argumentativo, que inclui defender um posicionamento acerca de uma temática específica,fica facilitado quando se enxerga problemas, sendo possível, assim, argumentar sobre a razão da existência desses problemas. Dessa forma, a tese de seu texto pode problematizar tanto a obrigatoriedade do voto, como a não obrigatoriedade desse voto. Lembramos a você, ainda, que quando se utiliza o argumento de tese como um problema, existe a possibilidade de se descrever o porquê desse problema, o que possibilita articular causas de consequências. É, literalmente, construir a motivação da existência do problema e, a partir disso, apresentar argumentamos em favor de comprovar essa existência. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 63 A seguir, apresentamos algumas possibilidades de argumentação. O objetivo não é apresentarmos uma verdade absoluta, mas somente indicar um caminho para que vocês possam argumentar mais claramente, visto que este costuma ser um problema para muitos estudantes. Apresentaremos argumentos para a tese que, como dissemos anteriormente, é indicada pelos textos motivadores e pelo próprio tema. Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes, livros que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota mais elevada. Proposta 5: UNESP 2017 Final do ano Pensar o tema “A riqueza de poucos beneficia a sociedade inteira?” gera diversos questionamentos. Sabemos que grande parte das riquezas está concentrada na mão de poucas pessoas. Isso gera uma grande desigualdade social, que encontro tem pessoas vivendo com bilhões de reais, tem outras que passam fome. Assim fica o questionamento se realmente essa riqueza está a sociedade inteira, uma vez que sabemos que um percentual alto da sociedade passa vive na miséria e passa fome. Por outro lado, relata-se a importância desse pequeno quantitativo de pessoas vivendo na riqueza como algo fundamental para o desenvolvimento social. Vejamos, a seguir, algumas possibilidades de se trabalhar esse tema. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 64 A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalhado a partir de variadas perspectivas. É preciso enfatizar, portanto, que pensar que a riqueza de poucos não beneficia a todos, mas que representa avanço social é um dos pilares para o desenvolvimento do tema. Portanto, esse pode ser um argumento que possibilite um desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a serem desenvolvidas. Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou discuta que a riqueza de poucos não alcança grande parte da sociedade; por outro lado, você pode enfatizar que, apesar de não beneficiar a todos, a riqueza de poucos contribui grandemente para o avanço social. Dessa forma, caso você queira trabalhar a primeira perspectiva, saliente a grande disparidade de renda, focalize os números de miséria e fome ainda existentes no mundo. Aborde, por exemplo, que a riqueza de muitos não alcança essa parte da sociedade, tornando esse discurso uma falácia para a manutenção de riqueza dos poucos privilegiados. Por sua vez, caso você queira trabalhar a segunda perspectiva, destaque avanços sociais provenientes do livre mercado que facilitarem os meios de vida de grande parte das sociedades. Aponte que muitos desses avanços eram impossíveis sem o investimento da parcela mais rica da sociedade. Portanto, você tem caminhos variados para estar desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e escolher as ideias que melhor se articulem para desenvolver uma argumentação consistente. Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela Unesp, compõe-se de três partes essenciais: t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 65 Na elaboração do texto dissertativo-argumentativo, deve-se apontar uma tese clara e consistente para que você, ao longo de seu texto, consiga argumentar com facilidade, sem necessitar recorrer a ideias que possam enfraquecer sua argumentação. Assim, em sua introdução, você deverá delimitar o seu tema, visto que, como comentamos acima, é amplo, e apresentar a sua tese. A partir disso, você estará construindo seu projeto de texto, elemento fundamental na escrita de uma redação. Quando uma produção apresenta um projeto de texto, o leitor, na introdução, já focaliza o assunto que está sendo abordado e o seu ponto de vista sobre ele, o que você irá defender sobre esse tema. Logo, com o projeto de texto, mostra-se, antes de argumentar, qual o caminho opinativo, ou seja, qual a tese que você apresentará em seu texto. Pense que o seu leitor, ainda que seja um corretor, não “conhece” o seu tema. É como se estivesse entrando em contato com ele pela primeira vez. Tudo caminha para que ele compreenda o tema a partir do seu texto. Se, por acaso, você costuma se perder na argumentação, principalmente quando tratamos da organização dos argumentos na cabeça, indique, logo na introdução, os argumentos que irá trabalhar ao longo da sua redação. Isso facilita a coerência de suas ideias. Por sua vez, no desenvolvimento, você deverá apresentar seus argumentos. Comumente, recomendamos dois argumentos pela extensão da redação. Pode parecer muito, mas 30 linhas, para um texto bem desenvolvido, acaba sendo pouco. Assim, com dois argumentos, fica um pouco mais fácil de desenvolver as ideias como deve. É importante destacar que o repertório deve estar presente, fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório. Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto. Retome aos argumentos explanados para poder dar um fechamento geral no texto, sempre articulando ao tema de sua redação. Coletânea de textos Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever, nós realmente só aprendemos escrevendo. Os textos motivadores da coletânea apresentam caminhos para que você, na hora de sua escrita, consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Assim, os textos motivadores discutem tanto a disparidade da desigualdade social, quanto a importância dessa para o avanço da humanidade. Tese e argumentos possíveis Como observamos ao longo dessa descrição, é possível pensar, sem se desligar do tema, em diferentes argumentos para o desenvolvimento textual. Buscamos sinalizar que encontrar um problema para dá solução ao assunto é um dos caminhos mais fáceis para o desenvolvimento de seu texto, desviando à possibilidade de sua redação ficar muito descritiva. Assim, o processo argumentativo, que inclui defender um posicionamento acerca de uma temática específica, fica facilitado quando se enxerga problemas, sendopossível, assim, argumentar sobre a razão da existência desses problemas. Dessa forma, a tese de seu texto pode problematizar tanto que a riqueza de poucos não alcança grande parte da sociedade ou que, apesar de não beneficiar a todos, a riqueza de poucos contribui grandemente para o avanço social. Lembramos a você, ainda, que quando se utiliza o argumento de tese como um problema, existe a possibilidade de se descrever o porquê desse problema, o que t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 66 possibilita articular causas de consequências. É, literalmente, construir a motivação da existência do problema e, a partir disso, apresentar argumentamos em favor de comprovar essa existência. A seguir, apresentamos algumas possibilidades de argumentação. O objetivo não é apresentarmos uma verdade absoluta, mas somente indicar um caminho para que vocês possam argumentar mais claramente, visto que este costuma ser um problema para muitos estudantes. Apresentaremos argumentos para a tese que, como dissemos anteriormente, é indicada pelos textos motivadores e pelo próprio tema. Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes, livros que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota mais elevada. Proposta 6: UNESP 2017 Meio do Ano Pensar o tema “Prisão especial para portadores de diploma: afronta à Constituição? Inclui pensar tanto o respeito ao previsto na carta magna brasileira, quanto à desigualdade latente em nosso país. Não é novidade que se vive em um país que deter direito também é deter privilégios. Portanto, quando pensamos a prisão especial para quem tem diplomas, equiparamos essa garantia de direito à manutenção de privilégios de uma classe específica, em contraposição a outra camada social que não teve o mesmo provento. Assim, o que se reafirma é a manutenção das desigualdades, que vai de encontro ao previsto na Constituição brasileira, que garante a igualdade para todos. Vejamos, a seguir, algumas possibilidades de se trabalhar esse tema. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 67 A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalhado a partir de variadas perspectivas. É preciso enfatizar, portanto, que a manutenção da desigualdade social é um dos pilares para se trabalhar o tema, uma vez que oferecer prisão diferenciada para certos grupos sociais só reafirma a disparidade entre as classes. Portanto, esse pode ser um argumento que possibilite um desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a serem desenvolvidas. Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou discute que a prisão especial é reafirmação de desigualdade; por outro lado, você pode discutir a afronta que isso causa à Constituição. Observe que, caso você queira trabalhar a primeira perspectiva, saliente o grau de desigualdade existente em nosso país. Aponte, assim, que essa regalia aos diplomados apenas aumenta a distância entre as classes, e procura reafirmar que uns são melhores que os outros. Por sua vez, caso você queira trabalhar a segunda perspectiva, ressalte que a Constituição é a lei maior brasileira. Dessa forma, outras leis não poderiam ultrapassar o que está assegurado nela, representando tanto uma afronta, quanto uma forma de burlar a lei, para angariar privilégios às camadas mais abastadas da sociedade. Mas é importante também que você saiba que pode tratar dos dois fatores. Portanto, você tem caminhos variados para estar desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e escolher as ideias que melhor se articulem para desenvolver uma argumentação consistente. Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela Unesp, compõe-se de três partes essenciais: t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 68 Na elaboração do texto dissertativo-argumentativo, deve-se apontar uma tese clara e consistente para que você, ao longo de seu texto, consiga argumentar com facilidade, sem necessitar recorrer a ideias que possam enfraquecer sua argumentação. Assim, em sua introdução, você deverá delimitar o seu tema, visto que, como comentamos acima, é amplo, e apresentar a sua tese. A partir disso, você estará construindo seu projeto de texto, elemento fundamental na escrita de uma redação. Quando uma produção apresenta um projeto de texto, o leitor, na introdução, já focaliza o assunto que está sendo abordado e o seu ponto de vista sobre ele, o que você irá defender sobre esse tema. Logo, com o projeto de texto, mostra-se, antes de argumentar, qual o caminho opinativo, ou seja, qual a tese que você apresentará em seu texto. Pense que o seu leitor, ainda que seja um corretor, não “conhece” o seu tema. É como se estivesse entrando em contato com ele pela primeira vez. Tudo caminha para que ele compreenda o tema a partir do seu texto. Se, por acaso, você costuma se perder na argumentação, principalmente quando tratamos da organização dos argumentos na cabeça, indique, logo na introdução, os argumentos que irá trabalhar ao longo da sua redação. Isso facilita a coerência de suas ideias. Por sua vez, no desenvolvimento, você deverá apresentar seus argumentos. Comumente, recomendamos dois argumentos pela extensão da redação. Pode parecer muito, mas 30 linhas, para um texto bem desenvolvido, acaba sendo pouco. Assim, com dois argumentos, fica um pouco mais fácil de desenvolver as ideias como deve. É importante destacar que o repertório deve estar presente, fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório. Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto. Retome aos argumentos explanados para poder dar um fechamento geral no texto, sempre articulando ao tema de sua redação. Coletânea de textos Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever, nós realmente só aprendemos escrevendo. Os textos motivadores da coletânea apresentam caminhos para que você, na hora de sua escrita, consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Assim, eles discutem tanto a importância de garantir o previsto na Constituição, quando ela destaca o direito de igualdade, mas também retratam a importância da regalia a portadores de diplomas. Tese e argumentos possíveis Como observamos ao longo dessa descrição, é possível pensar, sem se desligar do tema, em diferentes argumentos para o desenvolvimento textual. Buscamos sinalizar que encontrar um problema para dá solução ao assunto é um dos caminhos mais fáceis para o desenvolvimento de seu texto, desviando à possibilidade de suaredação ficar muito descritiva. Assim, o processo argumentativo, que inclui defender um posicionamento acerca de uma temática específica, fica facilitado quando se enxerga problemas, sendo possível, assim, argumentar sobre a razão da existência desses problemas. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 69 Dessa forma, a tese de seu texto pode problematizar tanto que a prisão especial é reafirmação de desigualdade, quanto que ela afronta a Constituição. Lembramos a você, ainda, que quando se utiliza o argumento de tese como um problema, existe a possibilidade de se descrever o porquê desse problema, o que possibilita articular causas de consequências. É, literalmente, construir a motivação da existência do problema e, a partir disso, apresentar argumentamos em favor de comprovar essa existência. A seguir, apresentamos algumas possibilidades de argumentação. O objetivo não é apresentarmos uma verdade absoluta, mas somente indicar um caminho para que vocês possam argumentar mais claramente, visto que este costuma ser um problema para muitos estudantes. Apresentaremos argumentos para a tese que, como dissemos anteriormente, é indicada pelos textos motivadores e pelo próprio tema. Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes, livros que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota mais elevada. Proposta 7: UNESP 2016 – MEIO DO ANO Análise da proposta Tema e proposta Pensar o tema “O conceito de família proposto pelo Estatuto da Família: discriminação contra outros arranjos familiares?” inclui considerar diversos arranjos familiares. O conceito de que família necessariamente tem que ser estruturada na presença de um homem e uma mulher tem se modificado ao longo dos tempos. Não é novidade que milhares de mulheres cuidam de seus filhos sem a presença de um pai. Esse é um fato que coloca em questão a noção de família, em vista de que mesmo sem a presença do homem, a relação mãe e filho não deixa de ser familiar. Ademais, cada vez mais as pessoas seguem vidas solos. Por conseguinte, um outro arranjo familiar também está se destacando no Brasil, que é a formação familiar de casais gays que adotam crianças. Portanto, há, cada vez mais, uma heterogeneidade no construto da palavra família, o que, às vezes, suscita discussões, e, no caso da visão tradicional, representa preconceito contra outros arranjos familiares. Vejamos, a seguir, algumas possibilidades de se trabalhar esse tema. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 70 A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalhado a partir de variadas perspectivas. É preciso enfatizar, portanto, que o preconceito contra a diversidade de arranjos familiares é o pilar dessa temática, pois é, especialmente, em torno dele que reside a resistência social contra a heterogeneidade de tipos sociais no país. Assim, para que seu texto tenha consistência, é interessante salientar essas problemáticas evidenciadas no quadro, para gerar uma tese que respeite a diversidade. Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou você se dispõe a falar dos preconceitos gerados em torno da diversidade de arranjos familiares, no pressuposto da existência de uma família tradicional; por outro lado, você pode defender que já existe no Brasil um avanço considerável no que concerne à aceitação dos variados tipos de família, o que possibilita transferir para a Constituição de forma mais prática. Observe que, caso você queira se dedicar a falar do primeiro argumento, é possível apontar a formação patriarcal religiosa da sociedade brasileira, reforçada pelo ideal de família tradicional, constituída por marido, esposa e criança, pregado pela Igreja, como fator determinante da manutenção de preconceitos. Por outro lado, caso você queira trabalhar a segunda perspectiva, é possível exemplificar com a aceitação da sociedade brasileira a diferentes arranjos familiares, destacando tanto a presença da mãe solteira, como de casais homossexuais. Portanto, você tem caminhos variados para estar desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e escolher as ideias que melhor se articulem para desenvolver uma argumentação consistente. Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela Unesp, compõe-se de três partes essenciais: t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 71 Na elaboração do texto dissertativo-argumentativo, deve-se apontar uma tese clara e consistente para que você, ao longo de seu texto, consiga argumentar com facilidade, sem necessitar recorrer a ideias que possam enfraquecer sua argumentação. Assim, em sua introdução, você deverá delimitar o seu tema, visto que, como comentamos acima, é amplo, e apresentar a sua tese. A partir disso, você estará construindo seu projeto de texto, elemento fundamental na escrita de uma redação. Quando uma produção apresenta um projeto de texto, o leitor, na introdução, já focaliza o assunto que está sendo abordado e o seu ponto de vista sobre ele, o que você irá defender sobre esse tema. Logo, com o projeto de texto, mostra-se, antes de argumentar, qual o caminho opinativo, ou seja, qual a tese que você apresentará em seu texto. Pense que o seu leitor, ainda que seja um corretor, não “conhece” o seu tema. É como se estivesse entrando em contato com ele pela primeira vez. Tudo caminha para que ele compreenda o tema a partir do seu texto. Se, por acaso, você costuma se perder na argumentação, principalmente quando tratamos da organização dos argumentos na cabeça, indique, logo na introdução, os argumentos que irá trabalhar ao longo da sua redação. Isso facilita a coerência de suas ideias. Por sua vez, no desenvolvimento, você deverá apresentar seus argumentos. Comumente, recomendamos dois argumentos pela extensão da redação. Pode parecer muito, mas 30 linhas, para um texto bem desenvolvido, acaba sendo pouco. Assim, com dois argumentos, fica um pouco mais fácil de desenvolver as ideias como deve. É importante destacar que o repertório deve estar presente, fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório. Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto. Retome aos argumentos explanados para poder dar um fechamento geral no texto, sempre articulando ao tema de sua redação. Coletânea de textos Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 72 aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever, nós realmente só aprendemos escrevendo. Os textos motivadores da coletânea apresentamcaminhos para que você, na hora de sua escrita, consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Assim, eles discutem o conceito de família, ligado a uma visão muito tradicional, que inclui pai, mãe e filho. Também salienta a importância da discussão desse tema em um momento em que o mundo está tão conturbado. Tese e argumentos possíveis Como observamos ao longo dessa descrição, é possível pensar, sem se desligar do tema, em diferentes argumentos para o desenvolvimento textual. Buscamos sinalizar que encontrar um problema para dá solução ao assunto é um dos caminhos mais fáceis para o desenvolvimento de seu texto, desviando à possibilidade de sua redação ficar muito descritiva. Assim, o processo argumentativo, que inclui defender um posicionamento acerca de uma temática específica, fica facilitado quando se enxerga problemas, sendo possível, assim, argumentar sobre a razão da existência desses problemas. Dessa forma, a tese de seu texto pode problematizar tanto os preconceitos gerados em torno da diversidade de arranjos familiares, quanto a existência um avanço considerável no que concerne à aceitação dos variados tipos de família. Lembramos a você, ainda, que quando se utiliza o argumento de tese como um problema, existe a possibilidade de se descrever o porquê desse problema, o que possibilita articular causas de consequências. É, literalmente, construir a motivação da existência do problema e, a partir disso, apresentar argumentamos em favor de comprovar essa existência. A seguir, apresentamos algumas possibilidades de argumentação. O objetivo não é apresentarmos uma verdade absoluta, mas somente indicar um caminho para que vocês possam argumentar mais claramente, visto que este costuma ser um problema para muitos estudantes. Apresentaremos argumentos para a tese que, como dissemos anteriormente, é indicada pelos textos motivadores e pelo próprio tema. Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes, livros que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota mais elevada. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 73 Proposta 8: UNESP 2016 – FINAL DO ANO Em 2016, a Banca da VUNESP ofereceu como subsídio ao candidato uma imagem e 4 textos. Seguia-se a pergunta explícita: Publicação de imagens trágicas: banalização do sofrimento ou forma de sensibilização? Para começar a refletir sobre a proposta, a Banca disponibilizou 3 imagens trágicas e que marcaram o mundo contemporâneo. A primeira, de 1972, apresentava uma menina atingida por Napalm; a segunda foto exibia uma menina sudanesa em pele e osso, sendo observada por um abutre como se ele estivesse simplesmente esperando a menina morrer (foto de 1993); a última, mais recente, de 2015, difundia a imagem do menino sírio que morreu afogado e foi encontrado em uma praia da Turquia, vítima de um naufrágio de uma embarcação repleta de refugiados. As imagens são significativas, pois, pelo menos as duas primeiras geraram reações mundiais que de alteraram de algum modo a realidade. A foto da menina atingida pela Napalm teve papel importante na proibição do uso da arma em 1980. A foto da menina sudanesa gerou ações de combate à fome. A dúvida surge em relação à última, qual a reação que ela realmente provocou? O texto 1 faz esse tipo de questionamento, acrescentando uma possível causa para o efeito de banalização: a proliferação de imagens desgasta nossa percepção da crueldade. O texto 2 vai na mesma direção e acrescenta mais um fator, as mídias sociais. Além disso, o autor declara que a imagem é óbvia por si mesma, matar uma criança é errado, ou seja, a foto não altera a percepção do indivíduo. Na contramão dos dois textos anteriores, o texto 3, de Carlos Eduardo Lins da Silva, apela para a função da memória coletiva. A foto, como documento que pode ser acessado, serve como peça acusatória para uma sociedade insensível. Apagar essa imagem significa apagar o incômodo. No texto 4, a reportagem da Folha destaca o motivo que levou o diretor da ONG Human Rights Whatch a defender a divulgação da foto: o caráter ofensivo da imagem deve se traduzir em repúdio ao próprio fenômeno e levar as pessoas a fazerem muito mais para evitar as mortes. Encaminhamentos possíveis 1) A publicação da imagem banaliza o sofrimento e não produz efeitos substanciais. Argumentos -vivemos em uma sociedade do espetáculo; - imagem como consumo (argumento do texto 1) ; - tragédia como entretenimento; - A imagem no ambiente das novas mídias (texto 2); - a própria história da foto do menino sírio, pois o crescimento dos movimentos xenófobos anti- imigração mostram que a influência da imagem foi reduzida. 2) A publicação da foto sensibiliza - As outras duas fotos sensibilizaram a opinião pública; - A imagem causa impacto (uma imagem vale mais do que mil palavras); - A imagem serve como memória (aí pode-se inclusive apelar para a importância das fotos do nazismo). - Em um mundo cheio de imagens, abdicar das imagens é abdicar da luta (texto 4). 3) A publicação das imagens banalizam mas continuam tendo o potencial de sensibilizar Esse tipo de argumento faz uma espécie de síntese sem deixar de manifestar um ponto de vista, já que, obviamente, por essa tese, as imagens continuam tendo um efeito de sensibilizar, talvez com potencial de conscientização menor, mas ainda seriam importantes. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 74 O tema da sociedade do espetáculo, da cultura de massa e da indústria cultural é muito interessante e serve como base para vários temas de dissertação. Trata-se também de um tópico de Sociologia e Filosofia com alta incidência na primeira e na segunda fases da UNESP. Sendo assim, vale a pena pesquisar esses tópicos e tentá-los incluir na sua redação. Os autores que desenvolveram melhor esses assuntos foram: Guy Debord, Walter Benjamin e Theodor Adorno. Proposta 9: UNESP 2015 – meio do ano Tema e proposta O tema apresentado propõe a construção de uma dissertação-argumentativa, em que será defendida uma das teses que serão apresentadas mais à frente. Sua defesa, claro, deverá ser feita por meio de argumentos que se combinem com a tese. Importante destacar que, de posse de um tema tão complexo, é necessário que seus argumentos sejam extremamente fundamentados, por meio de base argumentativa, que, hoje, é mais conhecida como repertório, depois do ENEM. O tema em sim, que trata da redução da maioridade penal no país, é extremamente contemporâneo e polêmico, principalmente porque as pessoas se dividem, hoje, em dois grupos, essencialmente, o daqueles que são contra e o daqueles que são a favor, polarizadamente. Dessa maneira, é importante que você pondere bastante com relação à sua escolha de tese e, claro, de argumentos. Como é um tema que trata de seres humanos e punição, diretamente, é interessante notar que há sempre perigo de ferirmos os direitos humanos. Ainda que isso não seja motivo de anulação da sua redação, é comum que a nota de argumentação caia substancialmente quando esse desrespeito ocorra. Assim, organize suas ideias antecipadamente, posicionando-se diante da pergunta que é o tema. Ah sim, vale sempre destacar que, como o tema está em forma de pergunta, é necessário que vocês a respondam de maneira indireta, sem ser “sim ou não”, ou sem qualquer referência a ela. O tema deve ser apresentado e sua tese será a resposta à pergunta do tema. Pense bastantenisso antes mesmo de escrever. Teses e argumentos possíveis para o tema A construção de um tema em forma de pergunta é muito interessante, porque as teses ficam bastante diretas. Assim, seu posicionamento poderá ser: 01. A redução auxiliará na diminuição dos números da violência no Brasil • Adolescentes de 16 e 17 anos, na proposta de redução para os 16 anos, já têm discernimento para responder pelo que faz, sabendo o que faz e porque faz. • Há grande apoio popular à redução, por pressão social e de aumento na criminalidade. • O fato de só poderem permanecer presos por 3 anos aumenta a sensação de impunidade para os adolescentes e jovens, fato que amplia a vontade de cometer crimes. • As medidas de redução são muito comuns em outros países, como os Estados Unidos e a Nova Zelândia. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 75 • O ECA, apesar de ser um documento interessante, é insuficiente para resolver o problema da violência cometida por menores. • Os crimes cometidos antes dos 18 anos não configuram “reincidência” após os 18, fato que atrapalha a análise de vida do criminoso. • Com um maior rigor nas punições e consequente redução, temos que os menores serão menos aliciados pelos traficantes, por exemplo. 02. A redução não auxiliará na diminuição dos números da violência no Brasil • Sabe-se que educar é melhor do que punir, como provam os estudiosos. • A redução da maioridade será muito prejudicial para as classes mais pobres. • O sistema prisional é conhecido, de maneira correta, como “escola do crime”, visto que não garante a reinserção dos ex-detentos na sociedade. • O sistema carcerário, sobrecarregado, seria ainda mais prejudicado com a entrada desses jovens nos presídios. • Apesar de países com maioridade inferior a 18 anos, a maior parte dos países mantém a maioridade em 18 anos. • Há um processo protetivo e educativo na idade da maioridade e na existência do ECA. Sempre gosto de destacar que esse são argumentos que podem servir de direcionamento para o que você escreverá, bem como os repertórios apresentados a seguir. Sabemos, inclusive, que este costuma ser um problema de início para vocês, visto que arrumar argumentos costuma ser muito complicado na produção de um texto. Repertórios • Aproximadamente 85% da população brasileira é favorável à redução, segundo pesquisa do Datafolha. • Os crimes hediondos correspondem a cerca de 20% dos crimes cometidos por menores, que são encabeçados por crimes mais leves ou relacionados ao tráfico de drogas. • A população pobre e preta é afetada de forma mais direta por qualquer modificação relacionada a crimes no país, visto corresponder a 75% dos presos em presídios no país. • Há um fortalecimento de discurso das classes dominantes nesse caso, visto que, ainda que os criminosos sejam cidadãos brasileiros também com direitos, somente a segurança da classe dominante será defendida com essa redução. • O pensamento egocêntrico, segundo Bauman, torna-se cada vez mais presente na sociedade pós-moderna. Há uma necessidade de cuidar-se exclusivamente, independente dos outros. • No Brasil, são 600 mil presidiários para 350 mil vagas nas cadeias. • A Constituição garante o cuidado e a proteção especial para os menores de 18 anos. Proposta 10: UNESP 2015 – Final do Ano Essa proposta de cunho social solicitava que o candidato refletisse sobre a questão do racismo no Brasil. A partir de uma coletânea de textos, a banca solicitava que o candidato produzisse uma redação de gênero dissertativo sobre o seguinte tema explícito: O LEGADO DA ESCRAVIDÃO E O PRECONCEITO CONTRA NEGROS NO BRASIL. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 76 No geral, os textos apresentavam um recorte temático interessante e delimitado a dois fatores: o preconceito ainda existente nos dias de hoje e há déficit de emancipação econômica. Para fazer uma leitura mais atenta, fiz um mapa mental tentando apreender as ideias principais que serviram de parâmetro para os textos da coletânea. O texto 1 ressaltava, basicamente, o fato de que a libertação dos escravos não havia encerrado a grande vergonha da escravidão, pois a liberdade jurídica não significou liberdade de fato. Os outros três textos discutiam o racismo “enrustido” do brasileiro. O mais enigmático dos textos é o segundo. Nele, o autor destaca que algo que parece ser manifestação da “democracia racial” é justamente o seu contrário. Numa pesquisa entre as 500 maiores empresas do país sobre o número de funcionários negros, 27% não tinham registro de raça nos departamentos de RH. À primeira vista, essa despreocupação racial dá a entender que não há nenhuma restrição racista. Na prática ocorre o contrário. Bem documentados, os dados sobre os negros mostrariam “os horrores da escravidão”. Não documentar significa apagar dos registros as injustiças sociais, reafirmando a ideia falsa de que no Brasil não existe ódio racial. O texto 3 vai nessa direção, afirmando que o racismo no Brasil é tabu. A palavra “tabu” é utilizada no sentido de ser um tema do qual não se fala, para que se tenha a impressão de que ele não existe. Finalmente, o texto 4 critica fortemente o senso comum de que o racismo no Brasil é mais humano e brando. Segundo Lilia Schwarcz, essa postura configuraria a tentativa de manifestar uma “boa consciência”. Para provar o quanto somos racistas e o quanto nos enganamos, ela cita uma pesquisa na qual 97% dos brasileiros dizem que não são racistas e 98% dizem conhecer alguém racista. Ou seja, a conta não fecha. Esboço Tema: O LEGADO DA ESCRAVIDÃO E O PRECONCEITO CONTRA NEGROS NO BRASIL. Com esse tema, a UNESP direcionou a redação. Não deixou espaço para uma polêmica em que seria possível se posicionar a favor ou contra. Ideias do senso comum sobre o assunto: ✓ Não há preconceito de forma descarada no Brasil; ✓ O problema no Brasil não é ser negro, mas ser pobre; ✓ A escravidão já foi há muito tempo, nós não temos nada a ver com isso; t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 77 ✓ Todo negro é uma vítima da escravidão; ✓ Piadas sobre negro. Legado social (situação dos negros) Preconceito ✓ Depois da escravidão, os negros não receberam apoio (emancipação econômica); ✓ Demora para reconhecimento dos direitos dos negros no que diz respeito à educação; ✓ A polícia detém, com frequência, mais negros do que brancos; ✓ Há uma relação entre cor da pele e pobreza no Brasil; ✓ O aspecto físico do negro ainda é considerado inferior. ✓ A negação do racismo é um racismo às avessas; ✓ Em nome da democracia de raça no Brasil, deixou-se pouco espaço para a luta por direitos, como ocorreu nos EUA; ✓ Perduram xingamentos em que nivelam o negro a animais; ✓ Enraizou-se, na cultura brasileira, uma certa tolerância para com a crueldade com o outro, já que as relações entre brancos e negros, até a escravidão, eram pautadas pela violência permitida. Possibilidades de intertexto/referência histórica/repertório: ✓ A estatística apresentada pela Lilia; ✓ Rui Barbosa queimou os arquivos para não pagar indenizações aos senhores; hoje, apagamos registros para não percebermos que o preconceito existe; ✓ A escola pública só se tornou universal no Brasil depois da década de 50, até então, o acesso do negro à educação era bastante restrito; ✓ Comparação entre a situação dos negros no Brasil e a situação dos negros nos EUA; ✓ Citação da Constituição, que prevê que todos os homens são iguais perante a lei; ✓ Os negros são mais abordados em batidas policiais e o número de presidiários negros e pardos é maior do que a porcentagem que eles representam no total da população; ✓ A cena de Memórias Póstumas de Brás Cubas, na qual Brás Cubasbrinca de cavalinho com o menino Prudêncio, um filho de escravos negros que vivia na casa. Tese (resumo do que você irá defender no seu texto): Novamente, trata-se um tema que leva o candidato a fazer uma redação expositiva. Na medida do possível, tente transformá-la em argumentativa. Lembre-se de que você deve usar as palavras-chave do tema na tese. Exemplos: ✓ A negação do racismo é um legado da escravidão que não conseguimos apagar; ✓ São dois os legados vergonhosos que permanecem no Brasil, no que diz respeito aos negros: a situação econômica e social de boa parcela deles, como também o preconceito. ✓ O racismo no Brasil, legado da Escravidão, não é explícito, mas existe; ✓ Etc. Elabore a sua tese e pense nos argumentos. Bom texto. Argumento 1: _____________________________________________________________________________ Fatos, exemplos, citações______________________________________________________________________ Argumento 2: _____________________________________________________________________________ t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 78 Fatos, exemplos, citações:_______________________________________________________ Proposta 11: UNESP 2014 Em 2014, a banca da UNESP ofereceu 3 textos-estímulo e um tema explícito: CORRUPÇÃO NO CONGRESSO NACIONAL: REFLEXO DA SOCIEDADE BRASILEIRA? A partir da leitura dos três textos, fiz o mapa mental abaixo. Novamente, estamos diante de uma proposta direcionada. A pergunta, de certa forma, é respondida pela coletânea, da qual se deduz que a culpa da corrupção na política é do próprio brasileiro, pois o cidadão comum seria tão desonesto quanto os políticos em geral. Claro que essa resposta direcionada poderia ser negada, mas você precisaria de bons argumentos para tanto. Esboço Tema: CORRUPÇÃO NO CONGRESSO NACIONAL: REFLEXO DA SOCIEDADE BRASILEIRA? Ideias do senso comum sobre o assunto: ✓ Todo político é ladrão; ✓ Brasileiro gosta do jeitinho, é malandro; ✓ Eles (os políticos) fazem o que querem; ✓ No Brasil só tem ladrão. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 79 A corrupção não é reflexo da sociedade brasileira, a malandragem política é algo muito próprio. A corrupção é reflexo da sociedade brasileira ✓ O tipo de corrupção do Congresso Nacional é bem diferente do que se observa no dia a dia; ✓ O malandro é um tipo que precisa “se virar” para sobreviver; o político tem regalias, não precisaria de subterfúgios para ter uma vida boa; ✓ A corrupção da política decorre de uma empáfia cultural própria dessa classe política. ✓ O brasileiro é hipócrita porque condena o outro, mas também age com malandragem; ✓ O político, imbuído da cultura do jeitinho, se comporta no Congresso da mesma maneira que o indivíduo comum; ✓ Na sociedade brasileira, na prática, não se respeita a cidadania, o que leva os congressistas a terem um comportamento similar. Possibilidades de intertexto/referência histórica/ repertório: ✓ Definição de jeitinho brasileiro; ✓ Definição de Estado de Direito; ✓ Casos de corrupção na política recente; ✓ Lava Jato; ✓ Anticorrupção como bandeira da última eleição (intolerância do brasileiro à corrupção política); ✓ Estudo do homem cordial de Sérgio Buarque de Holanda. Tese (resumo do que você irá defender no seu texto): Tese 1: A corrupção política não é reflexo direto da sociedade brasileira, pois a malandragem do cidadão comum é uma forma de sobrevivência, enquanto a malandragem do político tem a ver com a ideia de tirar proveito de uma situação social já privilegiada. Tese2: A corrupção política é reflexo de uma sociedade que, na prática, desdenha da cidadania. Tese 3: A corrupção política é facilitada pela disseminação do “jeitinho brasileiro”, mas vai além, pois o poder político tem mais atribuições do que o cidadão comum. Essas são amostras de tese. Há outras possibilidades. A partir da tese, você deve apontar os 2 argumentos que poderiam sustentá-los. Argumento 1: _____________________________________________________________________________ Fatos, exemplos, citações______________________________________________________________________ t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 80 Argumento 2: _____________________________________________________________________________ Fatos, exemplos, citações:_______________________________________________________ Proposta 12: UNESP 2014 – meio do ano Análise da proposta Tema e proposta O tema “A tolerância da sociedade brasileira à violência sexual contra mulheres” nos leva a refletir acerca de um problema muito caro à nação brasileira. Não é novidade que vivemos em uma sociedade patriarcal. Em vista disso, como em tempos remotos a maioria as mulheres ficavam em casa cuidando lar e o marido saiu para trabalhar, elas passaram a ser objeto desses homens, sujeitas ao destino que eles lhe ofereciam. Essa herança criou raízes para o machismo, ou seja, a visão da mulher como produto de um homem, relegada a objeto sexual e sua posse: caso não obedecesse, estavam sujeitas à violência masculina. Em vista disso, com a luta pela liberdade, a mulher passou a lutar contra essas violências, por sua vez, como fruto de uma sociedade machista, ela é rechaçada por essa sociedade, ouvindo que a culpa das violências sexuais sofridas dela, ação que surge como dificultadora da resolução do problema. Vejamos, a seguir, o que abarca o tema. Percebam que o tema pode ser trabalhado a partir de variadas perspectivas. Um caminho possível para o desenvolvimento de seu texto é argumentar acerca da manutenção da cultura machista, que objetificou a mulher como produto sexual do homem. Isso leva a população a colocar a culpa da violência sexual na vítima, pois foi ela que não se vestiu adequadamente, não é o homem que carrega a patologia. Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou discuta a objetificação da mulher como emblema para diminuição das violências sexuais; por outro lado, você pode discutir a criação da cultura do estupro. Assim, na primeira perspectiva, você pode discutir como a mulher virou símbolo sexual. Isso é fruto da objetificação, posto que ela, juntamente aos produtos vendidos, é a forma de atrair pessoas para determinado local. Assim, reafirma-se que o consumidor terá acesso a um produto específico, mas também terá o objeto sexual mulher como um t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 81 brinde. Essa visão fortalece as violências sexuais, pois desumaniza a mulher. Por sua vez, na segunda perspectiva, pode-se abordar que a sociedade normalizou o estupro como algo comum. Diante disso, não é o homem que precisa ser cuidado e educado a respeitar as mulheres, são elas que necessitam ter cuidados para não serem estupradas, pois isso é algo normal. Esse olhar para o problema é que perpetua a manutenção das violências. Portanto, você tem caminhos variados para estar desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e escolher as ideias que melhor se articulem para desenvolver uma argumentação consistente. Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela Unesp, compõe-se de três partes essenciais: Assim, em sua introdução, você deverá delimitar o seu tema, visto que, como comentamos acima, é amplo, e apresentar a sua tese. É interessante mostrar, logo antes de argumentar, qual o seu caminho opinativo, ou seja, qual a tese que você apresentará em seu texto. Pense que o seu leitor, ainda que seja um corretor, não “conhece” o seu tema. É como se estivesse entrando em contato comele ela primeira vez. Tudo caminha para que ele compreenda o tema a partir do seu texto. Se, por acaso, você costuma se perder na argumentação, principalmente quando tratamos da organização dos argumentos na cabeça, indique, logo na introdução, os argumentos e, como diria Marília Mendonça, seja fiel a eles. Por sua vez, no desenvolvimento, você deverá apresentar seus argumentos. Comumente, recomendamos dois argumentos pela extensão da redação. Pode parecer muito, mas 30 linhas, para um texto bem, bem desenvolvido acaba sendo pouco. Assim, com dois argumentos, fica um pouco mais fácil de desenvolver as ideias como deve. É importante destacar que o repertório deve estar presente, fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 82 Por fim, concluímos o texto, retomando o tema, reiterando a tese e fechamos o raciocínio que o texto estabeleceu. É importante não acrescentar informações novas na conclusão, que não tenham sido discutidas na sua argumentação. Coletânea de textos Busque utilizar os textos da coletânea como direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever nós realmente aprendemos escrevendo. Assim, os textos motivadores da coletânea apresentam ideias que contribuem para o desenvolvimento de seu texto. Portanto, deixamos essas ideias abaixo para facilitar sua escrita. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 83 Tese e argumentos possíveis Como observamos ao longo dessa descrição, é possível pensar, sem se desligar do tema, em diferentes argumentos para o desenvolvimento textual. Buscamos sinalizar que encontrar um problema para dá solução ao assunto é um dos caminhos mais fáceis para o desenvolvimento de seu texto, desviando à possibilidade de sua redação ficar muito descritiva. Assim, o processo argumentativo, que inclui defender um posicionamento acerca de uma temática específica, fica facilitado quando se enxerga problemas, sendo possível, assim, argumentar sobre a razão da existência desses problemas. Dessa forma, a tese de seu texto pode problematizar a objetificação da mulher como emblema para diminuição das violências sexuais; ou discutir a criação da cultura do estupro. Lembramos a você, ainda, que quando se utiliza o argumento de tese como um problema, existe a possibilidade de se descrever o porquê desse problema, o que possibilita articular causas de consequências. É, literalmente, construir a motivação da existência do problema e, a partir disso, apresentar argumentamos em favor de comprovar essa existência. A seguir, apresentamos algumas possibilidades de argumentação. O objetivo não é apresentarmos uma verdade absoluta, mas somente indicar um caminho para que vocês possam argumentar mais claramente, visto que este costuma ser um problema para muitos estudantes. Apresentaremos argumentos para a tese que, como dissemos anteriormente, é indicada pelos textos motivadores e pelo próprio tema. Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes, livros que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são muitas, e t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 84 o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação, embora você possa perfeitamente tirar uma nota elevada usando apenas o repertório da coletânea, desde que bem articulado ao seu projeto de texto. 3. Propostas por núcleos temáticos 3.1 QUESTÃO SOCIAL 1.(UNESP 2018) Liberação do porte de armas Proposta 1 (Unesp 2018) Texto 1 A maioria dos brasileiros segue contrária à ampliação do porte de armas de fogo. Segundo recente pesquisa Datafolha, 56% dos entrevistados se disseram contrários ao porte legal estendido a todos os cidadãos. Sancionado em 2003, o Estatuto do Desarmamento, criado para controlar o uso de armas no país, é constantemente alvo de críticas por não ter contribuído para a redução da criminalidade. Especialistas em segurança pública, porém, dizem o contrário. (“Maioria no país segue contrária à ampliação do porte legal de armas”. www1.folha.uol.com.br, 07.01.2018. Adaptado.) Texto 2 Imagine um país onde qualquer pessoa com mais de 21 anos pudesse andar armada na rua, dentro do carro, nos bares, festas, parques e shoppings centers. Em um passado não muito distante, esse país era o Brasil. Até 2003, aqui era possível, sem muita burocracia, comprar uma pistola ou um revólver em lojas de artigos esportivos, onde as armas ficavam em prateleiras na seção de artigos de caça, ao lado de varas de pesca e anzóis. Mas, de acordo com os indicadores da época, os anos em que a população podia se armar para teoricamente “fazer frente à bandidagem” não foram de paz absoluta, mas de crescente violência, segundo dados do Ministério da Saúde e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Para conter o avanço das mortes, foi sancionado, em 2003, o Estatuto do Desarmamento, que restringiu drasticamente a posse e o acesso a armas no país. Atualmente a taxa de homicídios está em 29,9 assassinatos por 100.000 habitantes, o que pressupõe que o desarmamento não reduziu drasticamente os homicídios mas estancou seu crescimento. O tema é sensível, uma vez que um grupo de deputados e senadores quer voltar para os velhos tempos, quando era possível comprar armas com facilidade. O tema ganha eco também em alguns setores da sociedade que enxergam no direito de se armar – e a reagir à violência — uma possibilidade de “salvar vidas”. Daniel Cerqueira, pesquisador do IPEA, explica que uma grave crise econômica ocorrida durante a década de 1980 ampliou a desigualdade social e foi um dos fatores responsáveis pelo aumento das taxas de homicídio. “No meio desse processo, as pessoas começaram a comprar mais armas. Isso fez t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 85 com que o ciclo de violência se auto-alimentasse. Quanto mais medo as pessoas sentem e mais homicídios ocorrem, mais elas se armam. Quanto mais se armam, mais mortes temos”, afirma. Ele destaca que, ao contrário do que frequentemente se diz, a maior parte dos crimes com morte não são praticados pelo “criminoso contumaz”, e sim “pelo cidadão de bem que, em um momento de ira, perde a cabeça”. Nem todos concordam com Cerqueira. “As pessoas se sentiam mais seguras naquela época”, afirma Benê Barbosa, um dos mais antigos militantes pró-armas do Brasil. De acordo com Barbosa, nos anos de 1990 deveria haver “aproximadamente meio milhão de pessoas armadas em São Paulo, e você não tinha bangue-bangue nas ruas”. Para ele, o Estatuto do Desarmamento “elitizou” a posse de armas, ao instituir a cobrança de taxas proibitivas. (Gil Alessi. “Como era o Brasil quando as armas eram vendidas em shoppings e munição nas lojas de ferragem”. http://brasil.elpais.com, 31.10.2017. Adaptado.) Texto 3 Devemos liberaras armas? Sim. “O direito à autodefesa é pilar de uma sociedade livre e democrática. No Brasil, os bandidos continuam a ter acesso livre às armas de fogo e o cidadão fica à mercê dos criminosos.” Denis Rosenfield (professor de filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Devemos liberar as armas? Não. “Voltar a armar a sociedade é um fator de risco para o aumento das mortes violentas no país. O uso de armas deve ser restrito às forças policiais.” José Mariano Beltrame (ex-secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro). (“Devemos liberar as armas?”. https://epoca.globo.com, 24.04.2015. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Liberar o porte de armas de fogo a todos os cidadãos diminuirá a violência no Brasil? 2. (UNESP/ 2015)Legado da escravidão e preconceito contra negros no Brasil Texto 1 O Brasil era o último país do mundo ocidental a eliminar a escravidão! Para a maioria dos parlamentares que se tinham empenhado pela abolição, a questão estava encerrada. Os ex-escravos foram abandonados à sua própria sorte. Caberia a eles, daí por diante, converter sua emancipação em realidade. Se a lei lhes garantia o status jurídico de homens livres, ela não lhes fornecia meios para tornar sua liberdade efetiva. A igualdade jurídica não era suficiente para eliminar as enormes distâncias sociais e os preconceitos que mais de trezentos anos de cativeiro haviam criado. A Lei Áurea abolia a escravidão, mas não seu legado. Trezentos anos de opressão não se eliminam com uma penada. A abolição foi apenas o primeiro passo na direção da emancipação do negro. Nem por isso deixou de ser uma conquista, se bem que de efeito limitado. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 86 (Emília Viotti da Costa. A abolição, 2008.) Texto 2 O Instituto Ethos, em parceria com outras entidades, divulgou um estudo sobre a participação do negro nas 500 maiores empresas do país e lamentou, com os jornais, o fato de que 27% delas não souberam responder quantos negros havia em cada nível funcional. Esse dado foi divulgado como indício de que, no Brasil, existe racismo. Um paradoxo. Quase um terço das empresas demonstra a entidades seríssimas que “cor” ou “raça” não são filtros em seus departamentos de RH e, exatamente por essa razão, as empresas passam a ser suspeitas de racismo. Elas são acusadas por aquilo que as absolve. Tempos perigosos, em que pessoas, com ótimas intenções, não percebem que talvez estejam jogando no lixo o nosso maior patrimônio: a ausência de ódio racial. Há toda uma gama de historiadores sérios, dedicados e igualmente bem-intencionados, que estudam a escravidão e se deparam com esta mesma constatação: nossa riqueza é esta, a tolerância. Nada escamoteiam: bem documentados, mostram os horrores da escravidão, mas atestam que, não a cor, mas a condição econômica é que explica a manutenção de um indivíduo na pobreza. [...]. Hoje, se a maior parte dos pobres é composta por negros, isso não se deve à cor da pele. Com uma melhor distribuição de renda, a condição do negro vai melhorar acentuadamente. Porque, aqui, cor não é uma questão. (Ali Kamel. “Não somos racistas”. www.oglobo.com.br, 09.12.2003.) Texto 3 Qualquer estudo sobre o racismo no Brasil deve começar por notar que, aqui, o racismo é um tabu. De fato, os brasileiros imaginam que vivem numa sociedade onde não há discriminação racial. Essa é uma fonte de orgulho nacional, e serve, no nosso confronto e comparação com outras nações, como prova inconteste de nosso status de povo civilizado. (Antonio Sérgio Alfredo Guimarães. Racismo e antirracismo no Brasil, 1999. Adaptado.) Texto 4 Na ausência de uma política discriminatória oficial, estamos envoltos no país de uma “boa consciência”, que nega o preconceito ou o reconhece como mais brando. Afirma-se, de modo genérico e sem questionamento, uma certa harmonia racial e joga-se para o plano pessoal os possíveis conflitos. Essa é sem dúvida uma maneira problemática de lidar com o tema: ora ele se torna inexistente, ora aparece na roupa de alguém outro. É só dessa maneira que podemos explicar os resultados de uma pesquisa realizada em 1988, em São Paulo, na qual 97% dos entrevistados afirmaram não ter preconceito e 98% dos mesmos entrevistados disseram conhecer outras pessoas que tinham, sim, preconceito. Ao mesmo tempo, quando inquiridos sobre o grau de relação com aqueles que consideravam racistas, os entrevistados apontavam com frequência parentes próximos, namorados e amigos íntimos. Todo brasileiro parece se sentir, portanto, como uma ilha de democracia racial, cercado de racistas por todos os lados. (Lilia Moritz Schwarcz. Nem preto nem branco, muito pelo contrário, 2012. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma redação de gênero dissertativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 87 O LEGADO DA ESCRAVIDÃO E O PRECONCEITO CONTRA NEGROS NO BRASIL 3. (FAMEMA 2018 ) Atletas transexuais Texto 1 Primeira jogadora transexual a atuar na Superliga feminina, Tifanny Abreu marcou 39 pontos em um mesmo jogo nesta terça-feira (30.01.2018) e quebrou o recorde da principal competição nacional de vôlei – que antes pertencia a Tandara, com 37 pontos. Tal fato atiçou ainda mais o questionamento sobre a permissão de atletas trans atuarem em esportes de alto rendimento. Ao entrar em quadra por uma liga profissional, Tifanny carrega com ela a representatividade de toda uma minoria social, que busca abrir oportunidades de inserção em vários âmbitos da sociedade, inclusive no mercado de trabalho. Então não seria diferente no esporte, que vem se profissionalizando cada vez mais nas últimas décadas. (Maíra Nunes. “Caso Tifanny: Proibir transexuais no esporte é solução?”. http://blogs.correiobraziliense.com.br, 31.01.2018. Adaptado.) Texto 2 Aos 33 anos, Tifanny Pereira de Abreu é a primeira transexual a disputar a Superliga feminina de vôlei. Mas, depois de completar a transição de gênero, incluindo duas cirurgias de mudança de sexo, e ser liberada pela Comissão Nacional Médica (Conamev) da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), a atacante do Bauru (SP) tem a condição feminina discutida. Isso porque a ciência ainda não é capaz de determinar quanto tempo o corpo precisaria para se adaptar à nova realidade, com testosterona compatível ao corpo de uma mulher. É por esta razão que João Granjeiro, coordenador da Conamev, responsável pela liberação da atleta para a disputa da competição mais importante do vôlei nacional, acredita que Tifanny não deveria atuar entre as mulheres: “Ela nasceu homem e construiu seu corpo, músculos, ossos, articulações com testosterona alta. Nenhuma mulher, a não ser que tenha usado testosterona de origem externa ao organismo, conseguiria formar o mesmo corpo. É só olhar para a atleta, alta e muito forte.” (Carol Knoploch e João Pedro Fonseca. “Médicos que liberaram Tifanny acham que ela não deveria atuar no feminino”. https://oglobo.globo.com, 03.01.2018. Adaptado.) Texto 3 O espaço conquistado de maneira íntegra por mulheres no esporte está em jogo. Tenho orgulho de ser herdeira dos valores que construíram a civilização ocidental, a mais livre, próspera, tolerante e plural da história da humanidade. Este legado sociocultural único permitiu que nós mulheres pudéssemos conquistar nosso espaço na sociedade, no mercado e nos esportes. A verdade mais óbvia e respeitada por todos os envolvidos no esporte é a diferença biológica entre homens e mulheres. Se não houvesse, por que estabelecer categorias separadas entre os sexos? O combate ao preconceitocontra transexuais e homossexuais é uma discussão justa e pertinente. A inclusão de pessoas transexuais na sociedade deve ser respeitada, mas essa apressada e irrefletida decisão de incluir biologicamente homens, nascidos e construídos com testosterona, com altura, força e capacidade aeróbica de homens, sai da esfera da tolerância e constrange, humilha e exclui mulheres. (Ana Paula Henkel. “Carta aberta ao Comitê Olímpico Internacional”. https://politica.estadao.com.br, 16.01.2018. Adaptado.) Texto 4 Para uma transexual entrar no mercado de trabalho, é uma verdadeira via crucis. Elas enfrentam preconceito, desconfiança e muita rejeição. Mas o desafio pode ser ainda pior para aquelas que sonham em seguir carreira como atleta. O esporte ainda é muito fechado para a diversidade sexual e poucas esportistas chegam ao nível de alto rendimento. De acordo com a pesquisadora Joanna Harper, do t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 88 Providence Portland Medical Center, nos Estados Unidos, “terapia hormonal para mulheres trans normalmente envolve um bloqueador de testosterona e um suplemento de estrógeno. Quando os níveis do ‘hormônio masculino’ se aproximam do esperado para a transição, a paciente percebe uma diminuição na massa muscular, densidade óssea e na proporção de células vermelhas que carregam o oxigênio no corpo”, diz Joanna. Ainda conforme pontuou a especialista, enquanto isso, o estrógeno aumenta as reservas de gordura, principalmente nos quadris. Juntas, essas mudanças levam a uma perda de velocidade, força e resistência — todos componentes importantes de um atleta. Durante a terapia hormonal, Tifanny perdeu toda a potência e explosão. Se saltava 3,50 m quando homem, agora pula, no máximo, 3,25m. (Juliana Contaifer. “Afinal, atletas transexuais têm mais força que as jogadoras cisgênero?”. www.metropoles.com, 11.03.2018. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma- -padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Atletas transexuais devem participar de esportes competitivos sob o novo gênero? 4. (UEA 2018) Trabalho escravo UEA/ 2019 Texto 1 O Ministério da Economia divulgou a atualização do cadastro de empregadores que tenham submetido trabalhadores a condições análogas à escravidão, conhecido como lista suja do trabalho escravo. A lista denuncia pela prática do crime 187 empregadores, entre empresas e pessoas físicas. No total, 2375 trabalhadores foram submetidos a condições análogas à escravidão. A maioria dos casos está relacionada a trabalhos praticados em fazendas, obras de construção civil, oficinas de costura, garimpo e mineração. A legislação brasileira atual classifica como trabalho análogo à escravidão toda atividade forçada desenvolvida sob condições degradantes ou em jornadas exaustivas. Também é passível de denúncia qualquer caso em que o funcionário seja vigiado constantemente, de forma ostensiva, por seu patrão. Outra forma de escravidão contemporânea reconhecida no Brasil é a servidão por dívida, que ocorre quando o funcionário tem seu deslocamento restrito pelo empregador sob alegação de que deve liquidar determinada quantia de dinheiro. (Bruno Bocchini. “Atualização da lista suja do trabalho escravo tem 187 empregadores”. https://agenciabrasil.ebc.com.br, 03.04.2019. Adaptado.) Texto 2 A lista de empregadores flagrados utilizando trabalho análogo ao escravo no Brasil é considerada pela ONU um modelo de combate à escravidão contemporânea em todo o mundo. A partir da chamada “lista suja”, empresas e bancos públicos que assinaram o Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo podem negar crédito, empréstimos e contratos a empresários que usam trabalho análogo ao escravo. “A lista é simplesmente um instrumento de transparência da ação do Estado, que tem a obrigação de fiscalizar e garantir direitos trabalhistas”, afirma Mércia Silva, do Instituto Pacto Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (Inpacto). “A lista suja combate o trabalho escravo, mas, mais do que isso, é um instrumento de gerenciamento de risco para a atividade econômica brasileira, porque ninguém quer se associar a empresas que usam trabalho análogo à escravidão”, disse o cientista político Leonardo Sakamoto. “Não é uma questão de ‘bondade’ do mercado. A empresa que foi flagrada com trabalho escravo pode estar sofrendo um processo grande e pode nem ter dinheiro no futuro para quitar empréstimos que venha a tomar, se for condenada a pagar milhões. Era necessário que o mercado brasileiro tivesse um instrumento para garantir esse controle”, afirma Sakamoto. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 89 (Camilla Costa. “Para que serve a ‘lista suja’ do trabalho escravo?”. www.bbc.com, 06.04.2015. Adaptado.) Texto 3 Para o presidente do Tribunal Regional do Trabalho do Distrito Federal, Pedro Foltran, a função da lista suja do trabalho escravo é intimidar empresas. As empresas afirmam que são incluídas na lista depois de um suposto flagrante autuado pelos fiscais do governo e alegam que não têm a oportunidade de se manifestar no processo, o que viola seu direito à ampla defesa. (“‘Lista do trabalho escravo’ serve para intimidar, diz presidente do TRT-10”. https://conjur.com.br, 06.03.2017. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo- argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Lista suja do trabalho escravo: entre a proteção aos trabalhadores afetados e o direito de defesa das empresas. 5. (Famerp 2019)Obrigatoriedade da vacinação Texto 1 O sarampo era considerado uma doença erradicada no Brasil desde 2016, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) identificou que o país estava há um ano sem registro de casos do vírus. Mas isso mudou em 2018: boletins recentes da entidade advertem que está em curso um surto da doença, altamente contagiosa e que pode levar à morte crianças pequenas ou causar sequelas graves. O Ministério da Saúde, por sua vez, informou haver alto risco de retorno da poliomielite em pelo menos 312 cidades brasileiras. A doença era considerada erradicada na América do Sul desde 1994, após décadas provocando milhares de casos de paralisia infantil. A preocupação com a pólio se dá pelo fato de que, embora não tenha havido casos recentes no Brasil, identificou-se um registro da doença na vizinha Venezuela e a circulação do vírus em outros 23 países do mundo nos últimos três anos. Os alertas acima colocam em evidência doenças que estavam controladas graças à vacinação em massa, mas que ameaçam provocar estragos na saúde pública brasileira caso a imunização sofra baixas. “Por não termos mais contato com algumas doenças infecciosas, a percepção é que elas deixaram de existir e que a vacinação é inútil. Mas poucas intervenções da medicina foram tão eficazes como as vacinas, capazes de erradicar doenças que antes matavam muitas pessoas”, avalia o pesquisador do Serviço de Bacteriologia do Instituto Butantan, Paulo Lee Ho. (Laís Modelli. “Sarampo, pólio, difteria e rubéola voltam a ameaçar após erradicação no Brasil”. www.bbc.com, 07.07.2018. Adaptado.) Texto 2 Embora o Brasil tenha um dos mais reconhecidos programas públicos de vacinação do mundo, com os principais imunizantes disponíveis a todos gratuitamente, vêm ganhando força no país grupos que se recusam a vacinar os filhos ou a si próprios. Esses movimentos “antivacina” estão sendo apontados como um dos principais fatores responsáveis por um recente surto de sarampo na Europa, onde mais de 7 mil pessoas já foram contaminadas. No Brasil, os grupos, principalmente de pais, são impulsionados por meio de páginas temáticas em redes sociais que divulgam, sem base científica, supostos efeitoscolaterais das vacinas. Os pais também trocam informações sobre como não serem denunciados (por exemplo, não informar aos pediatras sobre a decisão de não vacinar os filhos) e compartilham estratégias que eles acreditam que garantiriam a imunização das crianças de forma alternativa, com óleos, homeopatia e alimentos. (Fabiana Cambricoli e Isabela Palhares. “Grupos contrários à vacinação avançam no país; movimento preocupa Ministério da Saúde”. https://noticias.uol.com.br, 22.05.2017. Adaptado.) t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 90 Rio de Janeiro, início do século XX. Uma cidade com cerca de 700 mil habitantes e graves problemas urbanos: rede insuficiente de água e esgoto, toneladas de lixo nas ruas, cortiços superpovoados. Um ambiente propício à proliferação de várias doenças, o Rio era conhecido pelos imigrantes que aqui aportavam como “túmulo de estrangeiros”. Texto 3 Nessa época, Oswaldo Cruz criou as Brigadas Mata- Mosquitos, formadas por grupos de funcionários do Serviço Sanitário que, acompanhados de policiais, invadiam as casas – e tinham até mesmo autoridade para mandar derrubá-las nos casos em que as considerassem uma ameaça à saúde pública – para desinfecção e extermínio dos mosquitos transmissores da febre amarela. Para acabar com os ratos, transmissores da peste bubônica, ele mandou espalhar raticida pela cidade e tornou obrigatório o recolhimento do lixo pela população. E, finalmente, para erradicar a varíola, lançou a vacinação obrigatória, medida que se tornou o estopim de uma revolta da população. Apesar das divergências estatísticas, sabe-se que a Revolta da Vacina foi o maior motim da história do Rio de Janeiro. (Rio de Janeiro. Secretaria Especial de Comunicação Social. 1904 – Revolta da Vacina. A maior batalha do Rio, 2006. Adaptado.) Com base em seus conhecimentos e nos textos apresentados, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Obrigatoriedade da vacinação: entre a prevenção a doenças e o respeito às escolhas individuais 6. (Autoral 2020/ Wagner Santos) Formação identitária de grupos minoritários Texto 1 Turbante, dreadlocks, cocar, desenhos tradicionais. Símbolos culturais e estéticos que, se por um lado ajudam a compor o imaginário de nação miscigenada, também carregam seu valor simbólico de resistência dentro da comunidade na qual estão inseridos. No palco dos sincretismos, diversos atores e culturas se misturam, não sem provocar polêmica e discussões que muitas vezes não arranham mais que a superfície da questão. Enquadra-se aí o debate sobre “apropriação cultural”, tema que vem dividindo opiniões desde que sites e jornais repercutiram o caso de uma garota branca que teria sido repreendida por duas mulheres negras porque usava um turbante. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 91 A educadora e pesquisadora de dinâmicas raciais Suzane Jardim afirma que, toda vez que emerge, essa discussão é erroneamente deslocada para o âmbito do “purismo cultural”, na qual apenas os responsáveis pela criação de um determinado elemento teriam autorização de utilizá-lo. Longe disso, o que está em jogo segunda ela é a forma como se dá a interação entre grupos historicamente marginalizados e seus antagonistas – relação que seria marcada por “preconceito, exclusão, etnocentrismo, poder e capitalismo”. “Vemos a diferença sistêmica entre os que usam esses elementos como adorno e os que usam por princípio, religião ou resgate de uma identidade”, diz Jardim. “Quando falam em cultura, os negros se referem muito mais a resistência e racismo do que à origem dos elementos, propriamente”. Disponível em: revistacult.uol.com.br. Acesso em: 23/07/2019. Texto 2 Há algum tempo, havia uma preocupação em relacionar a questão da identidade à nacionalidade do indivíduo. Era importante impor um laço de pertencimento ao território onde o sujeito se encontrava. Para este não havia necessidade, pois sabia que pertencia àquele lugar, ali estavam suas origens e suas relações sociais que eram concentradas no domínio da proximidade. Não havia dúvidas quanto à veracidade de sua nacionalidade. Mas, com o nascimento do Estado moderno, surgem mudanças e o indivíduo, que antes mantinha uma relação de proximidade, começa a ser deslocado daquele lugar ao qual pertencia. Um bom exemplo das transformações ocorridas está na revolução dos transportes, que propiciaram uma rápida expansão dos territórios. Dessa forma, com o desenvolvimento das regiões e a consequente legitimação da nação, o problema da identidade seria visto de forma positiva e as pessoas assim admitiriam sua nacionalidade/identidade. Nesse sentido, podemos observar que, desde o início, a identidade nacional foi vista como um marco da soberania do Estado. Por muitas vezes, para se mantê-la, mesmo que incompleta, fazia-se um esforço gigantesco e usava-se uma pequena dose de força para que a nacionalidade fosse protegida. Vale salientar que as identidades consideradas “menores” só seriam aceitas se não violassem a lealdade nacional, pois o Estado detinha o poder e nada poderia estremecê-lo. Atualmente, podemos perceber que muitas foram as mudanças ocorridas. As preocupações contemporâneas transcenderam a simples (se podemos assim dizer) questão da identidade nacional. Na sociedade pós-moderna, temos assistido a uma profusão de transformações, principalmente no campo das relações interpessoais, fazendo com que haja mudanças no comportamento dos sujeitos. Segundo Bauman (2005), a “identificação” se torna cada vez mais importante para os indivíduos que buscam desesperadamente um “nós” a que possam pedir acesso. As “novas” relações começam a interferir em nossas construções cotidianas, nossas práticas sociais, como forma de entendimento do mundo. Com isso, as identidades, antes consideradas seguras e estáveis, começam a fragmentar-se. Tudo o que somos e pensamos advém de nosso contato com o mundo. Nesse sentido, um “eu” verdadeiro, um sujeito singular não é possível no contexto da pós- modernidade, pois seria determinado por uma série de situações, seria um simulacro de um sujeito real. Hall (2005) aponta que as velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram a vida social, estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno, até aqui visto como sujeito unificado. Não há mais uma identidade una, centralizada, mas um sujeito plural, heterogêneo. Dessa forma, ao refletirmos sobre a questão do sujeito na era da globalização, vislumbramos carências, dúvidas e urgências, presentes nesse indivíduo, perdido em suas inseguranças, com a necessidade emergencial de pertencer a algum lugar. Será esse um colapso do sujeito moderno? Uma crise de identidade? Como observa Mercer (1990, p. 43), “a identidade somente se torna uma questão quando está em crise, quando algo que se supõe como fixo, coerente e estável é deslocado pela experiência da dúvida e da incerteza”. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 92 (Sheila da Silva Monte. A IDENTIDADE DO SUJEITO NA PÓS-MODERNIDADE: ALGUMAS REFLEXÕES. ITABAIANA: GEPIADDE, Ano 6, Volume 12/jul-dez de 2012.) A partir dos textos acima, que têm caráter unicamente motivador, redija, utilizando a modalidade padrão da língua escrita, um texto dissertativo-argumentativo que verse acerca do seguinte tema: A construção identitária das minorias e grupos de exclusão no Brasil do século XXI Em seu texto: • Defina minorias e grupos de exclusão; • Aborde as práticas sociais que auxiliam na construção da identidade das minorias e dos grupos de exclusão. 7. (Autoral – Modelo UNESP/ Wagner Santos) Apropriação cultural Texto 1 Turbante, dreadlocks, cocar, desenhos tradicionais. Símbolos culturaise estéticos que, se por um lado ajudam a compor o imaginário de nação miscigenada, também carregam seu valor simbólico de resistência dentro da comunidade na qual estão inseridos. No palco dos sincretismos, diversos atores e culturas se misturam, não sem provocar polêmica e discussões que muitas vezes não arranham mais que a superfície da questão. Enquadra-se aí o debate sobre “apropriação cultural”, tema que vem dividindo opiniões desde que sites e jornais repercutiram o caso de uma garota branca que teria sido repreendida por duas mulheres negras porque usava um turbante. A educadora e pesquisadora de dinâmicas raciais Suzane Jardim afirma que, toda vez que emerge, essa discussão é erroneamente deslocada para o âmbito do “purismo cultural”, na qual apenas os responsáveis pela criação de um determinado elemento teriam autorização de utilizá-lo. Longe disso, o que está em jogo segunda ela é a forma como se dá a interação entre grupos historicamente marginalizados e seus antagonistas – relação que seria marcada por “preconceito, exclusão, etnocentrismo, poder e capitalismo”. “Vemos a diferença sistêmica entre os que usam esses elementos como adorno e os que usam por princípio, religião ou resgate de uma identidade”, diz Jardim. “Quando falam em cultura, os negros se referem muito mais a resistência e racismo do que à origem dos elementos, propriamente”. Disponível em: revistacult.uol.com.br. Acesso em: 23/07/2019. Texto 2 Ultimamente tem se falado muito sobre apropriação cultural nas redes sociais. Textos e mais textos sobre o tema, discussões, muitas vezes infrutíferas, e esvaziamento de conceitos. Sim, acredito que é necessário se discutir essa questão com seriedade, porém, sem intransigências e desonestidade. Há colunistas, por exemplo, escrevendo que apropriação cultural não existe, e por outro lado, pessoas colocando a responsabilidade nos indivíduos, ignorando as questões estruturais. Acredito que ambos os caminhos são equivocados. Precisamos entender como o sistema funciona. Por exemplo: durante muito tempo, o samba foi criminalizado, tido como coisa de “preto favelado”, mas, a partir do momento que se percebe a possibilidade de lucro do samba, a imagem muda. E a imagem mudar significa que se embranquece seus t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 93 símbolos e atores para com o objetivo de mercantilização. Para ganhar dinheiro, o capitalista coloca o branco como a nova cara do samba. Por que isso é um problema? Porque esvazia de sentido uma cultura com o propósito de mercantilização ao mesmo tempo em que exclui e invisibiliza quem produz. Essa apropriação cultural cínica não se transforma em respeito e em direitos na prática do dia a dia. Mulheres negras não passaram a ser tratadas com dignidade, por exemplo, porque o samba ganhou o status de símbolo nacional. E é extremamente importante apontar isso: falar sobre apropriação cultural significa apontar uma questão que envolve um apagamento de quem sempre foi inferiorizado e vê sua cultura ganhando proporções maiores, mas com outro protagonista. Disponível em: https://azmina.com.br/. Acesso em: 23/07/2019. A partir dos textos acima, que têm caráter unicamente motivador, redija, utilizando a modalidade padrão da língua escrita, um texto dissertativo-argumentativo que verse acerca do seguinte tema: Apropriação cultural: soma de culturas ou violência cultural? 8. (UEA) Epidemia de sífilis no Brasil Texto 1 O Brasil vive uma nova epidemia de sífilis, uma doença sexualmente transmissível que parecia existir, para a maior parte da população, apenas nos livros de história. A doença, causada por uma bactéria, pode levar a problemas de fertilidade e até a morte, se não tratada. O Ministério da Saúde divulgou dados recentes mostrando que o número de pessoas infectadas no Brasil aumentou 32,7% entre 2014 e 2015 e algumas mudanças comportamentais ajudam a entender porque a bactéria voltou a assustar. Os jovens de 13 a 15 anos estão se protegendo menos na hora do sexo, segundo um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2012, 75% dos entrevistados usaram preservativo em sua última relação sexual. No ano passado, apenas 66% fizeram uso da camisinha. Para reverter esse quadro, será preciso investir mais do que em campanhas que elucidem sobre os perigos do sexo sem camisinha, mas que contemplem a prevenção nas diferentes formas de exercer a sexualidade. A camisinha, seja masculina ou feminina, ainda é o único método contraceptivo capaz de impedir a transmissão de DSTs. “Os adolescentes estão transando e não há nada que os impeça. O objetivo é apostar em conhecimento, e não no medo, como foi feito anos atrás”, diz Lena Vilela, educadora sexual. As campanhas de prevenção devem focar nas novas formas de exercer a sexualidade, dando abertura para que as pessoas possam discutir abertamente com seus médicos seus comportamentos e as melhores formas de se prevenir. (Bruna de Alencar. “Por que o Brasil vive uma epidemia de sífilis?”. www.epoca.globo.com, 01.11.2016. Adaptado.) Texto 2 Segundo o ginecologista e obstetra Dr. Ricardo Luba, na década de 70, o Brasil também passou por uma epidemia de sífilis semelhante a que estamos vendo agora devido à liberação sexual e aos valores que foram contestados na época. Para ele, a falta de cuidado consigo mesmo é algo muito t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 94 enraizado na mentalidade dos brasileiros. Isso rebate conceitos preconceituosos, tanto é que pessoas do mais alto nível intelectual também podem contrair, devido à negligência com o próprio corpo, algo que vem acontecendo com homens e mulheres ao redor do mundo. O principal fator é a falta do uso de preservativo associado a um comportamento de risco, que implica na rotatividade de parceiros e parceiras. Não há problema em ter uma vida sexual agitada desde que você se proteja e faça exames de rotina com certa regularidade. Quando descoberta no estágio primário, a sífilis pode ser tratada com uma dose única de penicilina benzatina intramuscular. O problema maior começa a surgir quando o diagnóstico não é feito rapidamente. (Débora Stevaux. “5 perguntas para entender a epidemia de sífilis no Brasil”. www.claudia.abril.com.br, 21.04.2017. Adaptado.) Texto 3 Segundo a médica colaboradora da Organização Mundial de Saúde (OMS), Nemora Barcellos, o esgotamento do impacto das campanhas de uso de preservativos e da sua ampla disponibilização parece ser um dos fatores do agravamento dos casos de sífilis. Para ela, a principal forma de prevenção é o uso de preservativos no ato sexual. Por outro lado, a implicação do desabastecimento de penicilina afeta a evolução individual da doença e a possibilidade de cura, já que o tratamento correto e completo também é considerado uma forma eficaz de controle, pois interrompe a cadeia de transmissão. Além disso, o tratamento de ambos os parceiros é muito importante na prevenção para impedir que ocorra a reinfecção, garantindo que o ciclo seja interrompido. Para a médica, o histórico de prática sexual sem uso de preservativos deve ser investigado com seriedade em consultas, seja na atenção básica, seja com especialistas da área de ginecologia ou urologia. A existência de testes rápidos para sífilis facilita muito a investigação. (Marina Wentzel. “Como se proteger da epidemia de sífilis no Brasil?”. www.bbc.com, 24.09.2016. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: A epidemia de sífilis no Brasil é resultado do comportamento dos jovens ou de problemas do sistema de saúde? 9. (FAMEMA 2020) Redução da maioridade penal t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Cadernode Propostas Caderno de Proposta 95 Texto 2 Tema bastante controverso, a redução da maioridade penal vem conquistando um número cada vez maior de adeptos, que, pressionados pela sensação generalizada de insegurança, veem a sua implantação como a única solução imediatamente possível para a diminuição da criminalidade praticada por menores. Vige desde o século XIX a teoria de que crianças e adolescentes não possuiriam o desenvolvimento intelectual e psicológico completo, necessário e essencial para a responsabilização criminal nos termos do Código Penal. Considerando-se as transformações ocorridas na sociedade, em que os jovens têm maior acesso às informações e participam de forma cada vez mais autônoma das diversas relações sociais, ter-se-ia por indispensável o conhecimento daquilo que é ou não lícito. Tanto é assim, que o Código Civil prevê a capacidade relativa da pessoa com 16 anos completos, permitindo-lhe casar, continuar atividade empresária já iniciada, dispor de seu patrimônio em testamento, ser emancipado, dentre outras hipóteses. Além disso, a Constituição Federal autoriza que os menores púberes (com 16 anos) possam exercer o direito de voto. Ora, seria inconcebível pressupor a capacidade intelectiva para tais atos e sustentar que os jovens infratores não possuem plena consciência dos atos ilícitos porventura cometidos. A impunidade, certamente, é a causa principal da ocorrência, cada vez maior, de atos ilícitos entre os adolescentes. Certos de que se capturados sofrerão restrição de liberdade por não mais de 03 anos, os jovens infratores se sentem atraídos por essa vantagem. A impunidade, além de constranger, desrespeitar e violar os direitos das vítimas de crimes cometidos por menores infratores, incentiva a prática de novos crimes, bem como a formação de novos infratores. Izabelle Rhaissa F. Moreira. “Argumentos favoráveis à redução da maioridade penal”. https://jus.com.br, fevereiro de 2017. Adaptado. Texto 3 “Se prisão resolvesse alguma coisa, nós deveríamos ser um país muito mais seguro”, comenta Rafael Custódio, coordenador do programa de justiça da ONG Conectas Direitos Humanos. O sistema prisional brasileiro atravessa problemas históricos, como a superlotação e o alto índice de reincidência criminal. De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça, um em cada quatro condenados volta a cometer crimes. Nesse cenário, Custódio aponta que inserir menores de idade no sistema penal adulto t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 96 contribuiria para que a violência aumentasse ao invés de diminuir. “O Brasil criou um sistema carcerário que viola direitos, não recupera ninguém e só produz mais violência. Diante dessa realidade, nós queremos trazer os adolescentes para essa lógica? Não faz sentido”. Heloisa de Souza Dantas, mestre em Psicologia Comunitária pela Michigan State University, também afirma que a redução da maioridade penal não é o caminho para combater a violência. Além de investimentos em educação e saúde, a psicóloga defende que a sociedade deve mudar o tratamento dado a esse assunto. “É um país que precisa olhar os adolescentes como seus filhos e não como inimigos”. Sobre o debate acerca do assunto, a psicóloga acha que está se formando uma “cortina de fumaça” que desvia as atenções do problema real. A maioria dos atos infracionais cometidos por jovens estão relacionados ao tráfico de drogas, enquanto crimes hediondos representam um número menor. Souza aponta que um investimento maior em inteligência policial ajudaria a pegar os “peixes grandes” do tráfico de drogas ao invés de manter a política de encarceramento em massa, que não tem ajudado a reduzir os índices de violência no Brasil. Natália Silva. “Os riscos da redução da maioridade penal”. www.cartacapital.com.br, 08.11.2018. Adaptado. Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo- argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: A redução da maioridade penal pode colaborar para a diminuição da violência no Brasil? 10. (Faculdade Israelita Albert Einstein 2020) “Uberização” do trabalho Texto 1 Nem só de grupos, influenciadores e jogos vivem os aplicativos. Com a queda do número de vagas formais no mercado de trabalho, as pessoas vêm buscando novas fontes de renda e trabalhar para aplicativos de serviços é uma delas. Se, por um lado, as novas plataformas propiciam um espaço para que as pessoas possam obter rendimentos, por outro, geram também questões inerentes ao século XXI, sobre transformação das relações de trabalho, qualidade de vida e saúde. No novo modelo, o trabalhador tem mais autonomia sobre seu processo produtivo e horários de trabalho. Para isso, no entanto, muitos abrem mão de direitos garantidos pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), como o décimo terceiro salário e as férias e, em muitos casos, abdicam até mesmo dos finais de semana. O fenômeno já é conhecido como “uberização do trabalho” e está sendo estudado por áreas que vão do direito às ciências sociais. (Mariana Ceci. “Autônomos usam aplicativos para driblar crise financeira no RN”. http://tribunadonorte.com.br, 19.05.2019. Adaptado.) Texto 2 Uma massa de 5,5 milhões de profissionais brasileiros já trabalha para ou com aplicativos, segundo a Associação Brasileira Online to Offline, que representa as empresas do setor. Se esses trabalhadores fossem considerados empregados formais, grupos como Uber, iFood ou Rappi seriam os maiores do país em número de funcionários. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 97 O Diretor da associação, Marcos Carvalho, contesta, no entanto, a tese defendida por muitos atualmente de que haja vínculo trabalhista entre esses profissionais e as empresas. Segundo ele, “o profissional tem total autonomia e flexibilidade para definir sua jornada de trabalho de acordo com o que for conveniente, sem ter que prestar nenhuma satisfação com relação ao horário ou à forma como ele vai realizar entregas, por exemplo. São pessoas que possivelmente estariam com grandes dificuldades de ter uma fonte de renda. Isso mostra o impacto de inclusão social desses trabalhos num momento de tanta fragilidade econômica como o que estamos tendo no país.” (Guilherme Balza. “Brasil já tem mais de 5 milhões trabalhando para aplicativos”. https://cbn.globoradio.globo.com, 05.06.2019. Adaptado.) Texto 3 As empresas responsáveis pelos aplicativos afirmam que apenas fazem a “ponte” entre as partes, as quais trabalham de forma autônoma e com liberdade de acordo com sua disposição e necessidades — um argumento frequente em tempos de “uberização” do trabalho. Mas, para especialistas, não é bem assim. “Este modelo de trabalho se apoia no discurso do empreendedorismo, na ideia de você não ter patrão e poder fazer o seu próprio horário”, afirma Selma Venco, socióloga do Trabalho e professora da Unicamp. Segundo ela, este “discurso neoliberal camufla a real situação, que é a de precarização não apenas nas relações de trabalho, mas também nas condições de vida. Há uma superexploração do trabalhador, pois ele terá que trabalhar uma jornada de 14 ou 15 horas para ter um ganho mínimo, ou seja, irá além dos limites físicos para poder sobreviver. E sem nenhuma proteção, nenhum direito associado a isso.” (Gil Alessi. “Jornada maior que 24 horas e um salário menor que o mínimo, a vida dos ciclistas de aplicativo em SP”. https://brasil.elpais.com, 13.08.2019. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo- argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: “Uberização”: entre a autonomia do trabalhador e a perda de direitos trabalhistas 11. (Autoral 2020/ UNESP) Coronavírus TextoI t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 98 Disponível em https://www.agazeta.com.br/charge/charge-do-amarildo-panico-boliche-e-o-coronavirus-0320, acessado em 12.10.2019. Texto II Folha de São Paulo, 28/03/2020 Pandemia leva a guerra estúpida entre 'arautos da vida' e 'campeões da economia' (Demétrio Magnoli) Em nome da coerência, a conta da crise precisa chegar às grande fortunas Economia é vida: inexiste a alternativa de proteger a saúde pública às custas do desligamento indefinido da produção e do consumo. O humanismo com vista para o mar é tão nocivo quanto o negacionismo que nasce do desprezo pela ciência. Além de indivíduos com espessos colchões financeiros, há profissionais de empresas que adotaram o home office, empregados de setores que seguem funcionando, funcionários públicos estáveis. Desses estratos brotam torrentes incontroláveis de humanismo. Vidas não têm preço, valem qualquer sacrifício do vil metal, explicam-nos os que não sacrificarão seus empregos ou meios de sobrevivência. Mas, apesar deles, economia é vida. Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/colunas/demetriomagnoli/2020/03/pandemia-leva-a-guerra-estupida-entre- arautos-da-vida-e-campeoes-da-economia.shtml , acessado em 12.10.2019. Texto III El país (28/03/2020): OCDE calcula que cada mês de confinamento tira dois pontos do PIB O organismo calcula que a Espanha será uma das economias mais afetadas Conforme a pandemia de coronavírus avança, a OCDE traça um panorama cada vez mais sombrio para a atividade. Segundo seus cálculos, por cada mês de confinamento as economias sofrerão uma perda de aproximadamente dois pontos percentuais do PIB. A conta é a seguinte: o PIB de uma semana é aproximadamente 2% do de todo o ano (52 semanas). Se este cair 25% durante quatro semanas, então estão se esfumando dois pontos do PIB ao mês. (disponível em https://brasil.elpais.com/economia/2020-03-28/ocde-calcula-que-cada-mes-de- confinamento-tira-dois-pontos-do-pib.html, acessado em 30.03.2020). t.me/CursosDesignTelegramhub https://www.agazeta.com.br/charge/charge-do-amarildo-panico-boliche-e-o-coronavirus-0320 https://www1.folha.uol.com.br/colunas/painelsa/2020/03/herdeiro-do-giraffas-perde-cargo-na-rede-apos-video-sobre-desemprego-no-coronavirus.shtml https://www1.folha.uol.com.br/colunas/painel/2020/03/advogado-reclama-que-funcionarios-fazem-home-office-com-pijama-e-olho-remelento.shtml https://www1.folha.uol.com.br/colunas/demetriomagnoli/2020/03/pandemia-leva-a-guerra-estupida-entre-arautos-da-vida-e-campeoes-da-economia.shtml https://www1.folha.uol.com.br/colunas/demetriomagnoli/2020/03/pandemia-leva-a-guerra-estupida-entre-arautos-da-vida-e-campeoes-da-economia.shtml https://brasil.elpais.com/ciencia/2020-03-27/evolucao-dos-casos-de-coronavirus-no-brasil.html https://brasil.elpais.com/economia/2020-03-27/empatia-ou-pragmatismo-o-dilema-de-empresas-entre-o-respeito-a-vidas-e-a-retomada-da-economia.html https://brasil.elpais.com/economia/2020-03-27/empatia-ou-pragmatismo-o-dilema-de-empresas-entre-o-respeito-a-vidas-e-a-retomada-da-economia.html https://brasil.elpais.com/noticias/pib/ https://brasil.elpais.com/economia/2020-03-28/ocde-calcula-que-cada-mes-de-confinamento-tira-dois-pontos-do-pib.html https://brasil.elpais.com/economia/2020-03-28/ocde-calcula-que-cada-mes-de-confinamento-tira-dois-pontos-do-pib.html ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 99 Nesse ano, a crise do coronavirus trouxe à tona uma antiga dicotomia entre economia e vidas humanas. Dentro desse contexto e com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Crise do coronavirus: entre a economia e a saúde. 12. (Unifesp 2011) A intolerância em xeque TEXTO I Num restaurante de classe média, pessoas torcem o nariz e pagam a conta antecipadamente, sem concluir a refeição, porque na mesa ao lado senta-se um casal negro, com uma filha e um filho adolescentes. Ninguém comenta ou reclama de que se trata de uma demonstração criminosa de racismo, não comprovável, mas evidente. A adolescente discriminada põe-se a chorar e pede aos pais para irem embora também. A família comemorava ali o 14º aniversário dela. Uma mulher decide sair de um casamento infeliz e pede a separação. O marido, que certamente também não está feliz, recusa qualquer combinação amigável e quer uma separação litigiosa. As duas filhas moças tomam o partido do pai, como se de repente a mãe que delas cuidara por mais de vinte anos tivesse se transformado em alguém desprezível, irreconhecível e inaceitável. Nenhuma das duas lhe pergunta os seus motivos; ninguém deseja saber de suas dores; nenhuma das duas jovens mulheres lhe dá a menor chance de explicação, o menor apoio. Parece-lhes natural que, diante de um passo tão grave da parte de quem as criara, educara, vestira, acarinhara e acompanhara devotadamente por toda a vida, fosse negado qualquer apoio, carinho e respeito. Os casos se multiplicam, são muito mais cruéis do que estes, existem em meu bairro, em seu bairro. Nossa postura diante do inesperado, do diferente, raramente é de atenção, abertura, escuta. Pouco nos interessam os motivos, o bem, as angústias e buscas, direitos e razão de quem infringe as regras da nossa acomodação, frivolidade ou egoísmo. Queremos todos os privilégios para nós, a liberdade, a esperança. Para os outros, mesmo se antes eram muito próximos, queremos a imobilidade, a distância. Cassamos sem respeitar os seus direitos humanos mais básicos. A intolerância, que talvez não conste no índex das religiões mais castradoras, é com certeza um feio pecado capital. Do qual talvez nenhum de nós escape, se examinarmos bem. (Lya Luft. Veja, 15.12.2004. Adaptado.) TEXTO II Entrevista com Zilda Márcia Gricoli, historiadora e diretora-executiva do Laboratório de Estudos da Intolerância da Universidade de São Paulo (USP), que investiga e discute o tema em todas suas vertentes. Qual a proposta do Laboratório de Estudos da Intolerância? Trata-se de um centro multidisciplinar da Universidade de São Paulo (USP) que investiga todos os dilemas da intolerância, seja ela política, religiosa, cultural, sexual. Incluímos também o que chamamos de tolerância ao intolerável: prostituição infantil e massacres de populações indígenas e de rua, por exemplo. Trabalhamos ainda com os direitos dos animais. Refletindo sobre a forma como os homens os tratam, descobrimos como eles agem em relação aos seres humanos. Faremos um grande seminário sobre o assunto, aberto ao público. Dê exemplos da intolerância no Brasil, Não toleramos o pobre, por exemplo. Pobre é lixo, não queremos ver, queremos jogá-los fora. Pode ser índio, negro, branco. Em São Paulo, há praças que contam com o banco “antimendigo”, com braçadeiras t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 100 especiais, que não permitem que ninguém durma ali. Gradearam chafarizes para que a população não tome banho. Tudo para “limpar” a cidade dos pobres. Como se eles fossem responsáveis pela sujeira. É possível desenvolver a tolerância? Sim. A intolerância é totalmente cultural. A cultura foi criada pelo homem para a sobrevivência da espécie. Ela tem esse objetivo, que é a proteção da vida, e não a destruição. A autonomia cultural não pode ir além da vida humana. Quando a cultura se apropria da negação do outro, é preciso uma intervenção. (http://planetasustentavel.abril.com.br. Adaptado.) Texto III Fascismo, comunismo, nazismo e todos os outros ismos totalitários produziram ao longo dos tempos algumas das mais pavorosas cenas de intolerância perpetradas pelo homem contra alguém que ele julga diferente. “Fogueiras, patíbulos,decapitações, guilhotinas, fuzilamentos, extermínios, campos de concentração, fornos crematórios, suplícios dos garrotes, as valas dos cadáveres, as deportações, os gulags, as residências forçadas, a Inquisição e o índex dos livros proibidos”, descreveu o jurista italiano Italo Mereu, são algumas das mais bárbaras manifestações de ódio adotadas por quem julga “possuir a verdade absoluta e se acha no dever de impô-la a todos, pela força”. A praga da intolerância só atinge esse patamar de perversidade quando um outro valor já não vigora mais há muito tempo: a democracia. É mais ou menos assim que as coisas funcionam. Aniquila-se a democracia em nome de um ideal revolucionário que promete semear a liberdade e o fim da opressão dos mais fracos. Essa é a promessa, mas o que se colhe jamais é a libertação, apenas abuso e intolerância. Numa primeira fase, o abuso é interno e concentrado contra os inimigos políticos do regime. Depois, todos se tornam inimigos em potencial e até a delação de vizinhos vira uma arma de controle social. Na fase seguinte, surgem as guerras contra os inimigos externos. (Amauri Segalla. Veja, 16.04.2003. Adaptado.) Com base nas informações e reflexões dos textos apresentados – ou, ainda, agregando a eles outros elementos que você julgar pertinentes –, redija uma dissertação em prosa e em norma padrão sobre o seguinte tema: A intolerância em xeque 13 .(Famerp 2018) Fracasso de lei de cotas para deficientes TEXTO I A Lei de Cotas para Deficientes (Lei no 8.213/91) determina um percentual (de 2% a 5% das vagas no quadro de efetivos) para empresas, a partir de 100 funcionários, contratarem pessoas com deficiência. Apesar de ter completado 25 anos de vigência, a Lei não alcança nem a metade da meta estabelecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Isso gera questionamentos sobre quais são as dificuldades para que sejam feitas as contratações, uma vez que há vagas disponíveis. Uma das barreiras a ser ultrapassada é a forma como as companhias entendem a contratação de pessoas com deficiência. A principal desculpa para não empregar é a de que não são encontrados profissionais qualificados para as oportunidades oferecidas. Entretanto, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem quase três milhões de pessoas com deficiência no país com ensino superior, sendo que muitos possuem mestrado e doutorado. Outro ponto em discussão é a maneira pela qual as empresas estabelecem os parâmetros de contratação. Muitas, inclusive, exigem qualificações que não condizem com a realidade salarial. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 101 É claro que a admissão da pessoa com deficiência exige adaptações para cada caso. “Cabe às empresas encontrar a forma mais adequada de incluir o funcionário no quadro de empregados”, diz Mizael Conrado de Oliveira, medalhista paralímpico na categoria futebol de cinco, para cegos, e presidente da Comissão de Direitos das Pessoas com Deficiência da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB SP). Parte significativa das companhias acredita que a contratação de colaboradores com deficiência implica gastos exorbitantes em acessibilidade física e tecnologia assistiva, fato que pode ser rebatido com exemplos de companhias que conseguiram adequar instalações sem comprometer seu orçamento, conforme informação do secretário municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Cid Torquato Júnior. De acordo com o secretário, o Brasil conta cada vez mais com ampla diversidade de recursos, inclusive tecnológicos, que auxiliam as pessoas com deficiência em suas atividades. “Muitos deles são gratuitos ou de baixo custo, caso de alguns softwares leitores de tela”, pondera. (Jornal do Advogado. “Lei de Cotas para Deficientes está longe de atingir metas”. www.oabsp.org.br, 12.04.2017. Adaptado.) TEXTO II Passados 25 anos de vigência da Lei de Cotas para Deficientes, o que temos para festejar é o nosso sonho de que um dia a realidade social possa ser perfeita. As pessoas com deficiência não devem ser destinatárias de atos de caridade, mas de políticas públicas e privadas que lhes garantam a dignidade humana. O não cumprimento das cotas definidas pela Lei tem acarretado a aplicação de multas injustas às empresas, mas não é fácil cumprir a lei por conta da ineficiência das ações estatais. Um exemplo: é comum que uma empresa, depois de enfrentar todas as dificuldades para selecionar um empregado com deficiência, ainda assim não possa contratá-lo pelo fato de não existir um serviço de transporte público nas imediações da empresa que seja adaptado às necessidades da pessoa com deficiência. E a multa sancionada pelo não cumprimento da cota é fixada contra o empresário. As empresas enfrentam muita burocracia: provar, por laudo, a deficiência do empregado; adotar um programa de acompanhamento para garantir a integração ao ambiente de trabalho; não poder contratar trabalhadores com um único tipo de deficiência – por exemplo, contratar apenas cegos seria discriminação às outras deficiências; não poder exigir experiência anterior, porque existe um débito social com o trabalhador com deficiência; idem quanto à escolaridade; prover as adequações físicas, sendo que as entrevistas, por exemplo, precisam estar aparelhadas com os meios necessários – intérprete de sinais, testes em braile etc. O não atendimento a essas exigências, assim como o não cumprimento das cotas, pode ser punido com multas pesadíssimas e a negativa de emprego pode ser considerada crime. Temos uma lei atrasada, cujo ideal jamais foi alcançado em 25 anos. Não só as ações oficiais de políticas inclusivas são irrisórias, como temos um sistema apto a sancionar empresas, mas inapto a sancionar o maior devedor social: o Estado. Com base em seus conhecimentos e nos textos apresentados, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: O fracasso da lei de cotas para deficientes: negligência das empresas ou falha do Estado? t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 102 14.( Famerp 2016) Impostos sobre grandes fortunas IMPOSTOS SOBRE GRANDES FORTUNAS TEXTO I O Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF) é um imposto previsto na Constituição brasileira de 1988, mas ainda não regulamentado. Trata-se de um tributo federal que, por ainda não ter sido regulamentado, não pode ser aplicado. Uma pessoa com patrimônio considerado grande fortuna pagaria sobre a totalidade de seus bens uma porcentagem de imposto. Em determinados projetos de lei apresentados no Senado Federal, as alíquotas previstas são progressivas, ou seja, quanto maior o patrimônio, maior a porcentagem incidente sobre a base de cálculo. No Brasil, políticos e economistas divergem se o IGF é um instrumento eficaz de arrecadação ou de diminuição da concentração de renda e de riqueza. (“Imposto sobre Grandes Fortunas”. http://pt.wikipedia.org. Adaptado.) Texto II Sempre que o governo se vê acuado, a discussão sobre o IGF volta à baila, sob o argumento de que o “andar de cima” precisa ser mais taxado. De acordo com uma proposta do Psol, seriam taxados em 1% aqueles que têm patrimônio entre R$ 2 milhões e R$ 5 milhões. A taxação aumentaria para 2% para aqueles cujos bens estejam estimados entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões. Para quem tem entre R$ 10 milhões e R$ 20 milhões, a taxação prevista é de 3%. De R$ 20 milhões a R$ 50 milhões, a mordida será de 4%. E para os felizardos que têm acima de R$ 50 milhões, a cobrança será de 5%. Trocando em miúdos, todo aquele que, por ventura, adquira um patrimônio acima de 2 milhões de reais será punido anualmente com alíquotas progressivas, que variarão de 1 a 5%. Seu crime? Poupar e investir a renda, no lugar de consumi-la.Sim, pois “fortuna” nada mais é do que o estoque de riqueza que alguém acumula ao longo do tempo, resultado da poupança e/ou da transformação desta em capital (investimento). Como a renda no Brasil já é fortemente taxada, caso aprovem essa aberração, estaremos diante de um caso típico de bitributação, pois a fortuna é a renda (já tributada originalmente) não consumida transformada em ativos (financeiros e não financeiros). Sem falar que os ativos imóveis já são taxados anualmente através do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e do ITR (Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural). Ademais, taxar o patrimônio é absolutamente contraproducente para a economia do país. Será mais um desincentivo à poupança e ao investimento, vale dizer, menos produção, menos empregos, menos riqueza. (Rodrigo Constantino. “Tributando a poupança”. www.veja.abril.com.br, 05.03.2015. Adaptado.) Texto III A estrutura tributária brasileira faz com que as camadas menos favorecidas economicamente sejam as mais oneradas pela tributação no Brasil. De acordo com estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os 10% mais pobres da população mobilizam 32% da sua renda no pagamento de impostos, enquanto os 10% mais ricos gastam apenas 21%. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 103 A auditora Clair Hickmann explica por que isso não deveria ocorrer: “Há alguns princípios básicos de justiça fiscal que estão na Constituição. Um dos princípios consagrados é o da capacidade contributiva – ou seja, cada cidadão tem que contribuir para o financiamento fiscal de acordo com seu poder aquisitivo e econômico –, mas isso não acontece no Brasil. Outro princípio muito importante é o da progressividade, que significa: quanto maior a renda, maior a alíquota.” Justamente para modificar esse quadro de desigualdade é que surgem as propostas de taxação das grandes fortunas. “A CUT tem defendido o imposto sobre grandes fortunas porque é preciso desonerar a classe trabalhadora e onerar aqueles com maior capacidade de pagamento”, pontua o também economista Miguel Huertas, da Central Única dos Trabalhadores. Cabe ressaltar que uma maior taxação sobre bens e propriedades não é exatamente uma pauta “de esquerda”. “Muitos reclamam de impostos no Brasil, mas eles na realidade são baixos quando comparados com os EUA, Reino Unido ou Alemanha”, disse o economista francês Thomas Piketty. “Em muitos países extremamente ricos, a taxação sobre a riqueza é maior do que a taxação sobre o consumo, e são países capitalistas que são mais competitivos que o Brasil”, afirmou. (Anna Beatriz Anjos e Glauco Faria. “A desigualdade traduzida em impostos”. www.revistaforum.com.br. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: O Imposto sobre Grandes Fortunas é uma injustiça com os mais ricos? 3.1.1 Comentário – Questão social 1. (UNESP 2018) Liberação do porte de armas Em 2018, a UNESP forneceu 3 textos de apoio e um tema explícito: Liberar o porte de armas de fogo a todos os cidadãos diminuirá a violência no Brasil? Os textos eram bastante informativos e possibilitavam ao candidato entrar em contato com diferentes opiniões sobre o tema. O primeiro trazia fatos relevantes: a maioria dos brasileiros são contra a liberação de armas; o Estatuto do Desarmamento não reduziu a criminalidade; Especialistas discordam disso. O texto 2 trazia um histórico do Estatuto. Antes do Regulamento, qualquer cidadão poderia andar armado. Esse fato não contribui para a diminuição dos índices de violência. O texto reafirma a tese de que também o Estatuto, aprovado em 2003, não diminui substancialmente os índices de violência. O pesquisador do IPEA, Daniel Cerqueira, atribuiu os altos índices de violência até 2003 à crise de 1980. Para ele, o acesso à arma, na época, retroalimentou a tendência de alta. No último parágrafo do texto, há o depoimento de Benê Barbosa, militante pró-armas. Para ele, as pessoas se sentiam mais seguras. Finalmente, o candidato se deparava com duas opiniões contraditórias baseadas em dois argumentos não desenvolvidos. A favor da liberação do porte de armas o argumento se pauta no direito t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 104 à autodefesa. Contra a liberação, o ex-secretário da Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro afirmava que isso seria um fator de risco. Encaminhamentos Possíveis Primeiramente, pense nas possibilidades de tese. Não há apenas 2, a favor e contra a liberação, pois você poderia defender um meio termo, ou seja, uma liberação menos radical, em algumas circunstâncias que você indicaria no seu texto. Óbvio que, para isso, você deveria conhecer bem o assunto. Os argumentos não são complicados e são até bem conhecidos. A favor do porte de armas: - Não há prova substancial de que o porte de arma aumente ou diminua os índices de homicídios. - O cidadão deve ter o direito de se defender. - A proibição é uma ingerência do Estado na vida do cidadão. - Pode ser até que o porte não tenha efeito prático para o cidadão, mas tem um efeito psicológico importante: o indivíduo se sente mais seguro. Contra o porte de armas: -O Estatuto, se não diminuiu o número de homicídios, pelo menos estancou o crescimento do índice de mortes. -Aumenta-se o risco de acidentes com armas de fogo. -O cidadão comum teria que ser muito bem treinado para usar uma arma com propriedade. - Aumentaria o número de armas em circulação e, portanto, os criminosos também teriam acesso facilitado seja pela forma legal, seja pelo roubo de armas. - A restrição de uso de armas de fogo fortalece o poder público e a polícia, quem deve ter o direito de uso da violência dentro dos parâmetros legais. Essa enumeração argumentativa não esgota o assunto e você deve ter notado que as ideias não são exatamente criativas. Trata-se de um tema comum para o qual os argumentos tanto a favor quanto contrários são bem conhecidos. Nesse caso, o diferencial ficará por conta dos fatos, exemplos, raciocínios que você vai usar para dar apoio a cada uma dessas sequências argumentativas. Com certeza, numa proposta assim, que beira o senso comum, o corretor estará bastante atento à força dos recursos argumentativos, à coerência e à coesão. 2. (UNESP/ 2015)Legado da escravidão e preconceito contra negros no Brasil Essa proposta de cunho social solicitava que o candidato refletisse sobre a questão do racismo no Brasil. A partir de uma coletânea de textos, a banca solicitava que o candidato produzisse uma redação de gênero dissertativo sobre o seguinte tema explícito: O LEGADO DA ESCRAVIDÃO E O PRECONCEITO CONTRA NEGROS NO BRASIL. No geral, os textos apresentavam um recorte temático interessante e delimitado a dois fatores: o preconceito ainda existente nos dias de hoje e há déficit de emancipação econômica. Para fazer uma leitura mais atenta, fiz um mapa mental tentando apreender as ideias principais que serviram de parâmetro para os textos da coletânea. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 105 O texto 1 ressaltava, basicamente, o fato de que a libertação dos escravos não havia encerrado a grande vergonha da escravidão, pois a liberdade jurídica não significou liberdade de fato. Os outros três textos discutiam o racismo “enrustido” do brasileiro. O mais enigmático dos textos é o segundo. Nele, o autor destaca que algo que parece ser manifestação da “democracia racial” é justamente o seu contrário. Numa pesquisa entre as 500 maiores empresas do país sobre o número de funcionários negros, 27% não tinham registro de raça nos departamentos de RH. À primeira vista, essa despreocupaçãoracial dá a entender que não há nenhuma restrição racista. Na prática ocorre o contrário. Bem documentados, os dados sobre os negros mostrariam “os horrores da escravidão”. Não documentar significa apagar dos registros as injustiças sociais, reafirmando a ideia falsa de que no Brasil não existe ódio racial. O texto 3 vai nessa direção, afirmando que o racismo no Brasil é tabu. A palavra “tabu” é utilizada no sentido de ser um tema do qual não se fala, para que se tenha a impressão de que ele não existe. Finalmente, o texto 4 critica fortemente o senso comum de que o racismo no Brasil é mais humano e brando. Segundo Lilia Schwarcz, essa postura configuraria a tentativa de manifestar uma “boa consciência”. Para provar o quanto somos racistas e o quanto nos enganamos, ela cita uma pesquisa na qual 97% dos brasileiros dizem que não são racistas e 98% dizem conhecer alguém racista. Ou seja, a conta não fecha. Esboço Tema: O LEGADO DA ESCRAVIDÃO E O PRECONCEITO CONTRA NEGROS NO BRASIL. Com esse tema, a UNESP direcionou a redação. Não deixou espaço para uma polêmica em que seria possível se posicionar a favor ou contra. Ideias do senso comum sobre o assunto: ✓ Não há preconceito de forma descarada no Brasil; ✓ O problema no Brasil não é ser negro, mas ser pobre; ✓ A escravidão já foi há muito tempo, nós não temos nada a ver com isso; ✓ Todo negro é uma vítima da escravidão; ✓ Piadas sobre negro. Legado social (situação dos negros) Preconceito t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 106 ✓ Depois da escravidão, os negros não receberam apoio (emancipação econômica); ✓ Demora para reconhecimento dos direitos dos negros no que diz respeito à educação; ✓ A polícia detém, com frequência, mais negros do que brancos; ✓ Há uma relação entre cor da pele e pobreza no Brasil; ✓ O aspecto físico do negro ainda é considerado inferior. ✓ A negação do racismo é um racismo às avessas; ✓ Em nome da democracia de raça no Brasil, deixou-se pouco espaço para a luta por direitos, como ocorreu nos EUA; ✓ Perduram xingamentos em que nivelam o negro a animais; ✓ Enraizou-se, na cultura brasileira, uma certa tolerância para com a crueldade com o outro, já que as relações entre brancos e negros, até a escravidão, eram pautadas pela violência permitida. Possibilidades de intertexto/referência histórica/repertório: ✓ A estatística apresentada pela Lilia; ✓ Rui Barbosa queimou os arquivos para não pagar indenizações aos senhores; hoje, apagamos registros para não percebermos que o preconceito existe; ✓ A escola pública só se tornou universal no Brasil depois da década de 50, até então, o acesso do negro à educação era bastante restrito; ✓ Comparação entre a situação dos negros no Brasil e a situação dos negros nos EUA; ✓ Citação da Constituição, que prevê que todos os homens são iguais perante a lei; ✓ Os negros são mais abordados em batidas policiais e o número de presidiários negros e pardos é maior do que a porcentagem que eles representam no total da população; ✓ A cena de Memórias Póstumas de Brás Cubas, na qual Brás Cubas brinca de cavalinho com o menino Prudêncio, um filho de escravos negros que vivia na casa. Tese (resumo do que você irá defender no seu texto): Novamente, trata-se um tema que leva o candidato a fazer uma redação expositiva. Na medida do possível, tente transformá-la em argumentativa. Lembre-se de que você deve usar as palavras-chave do tema na tese. Exemplos: ✓ A negação do racismo é um legado da escravidão que não conseguimos apagar; ✓ São dois os legados vergonhosos que permanecem no Brasil, no que diz respeito aos negros: a situação econômica e social de boa parcela deles, como também o preconceito. ✓ O racismo no Brasil, legado da Escravidão, não é explícito, mas existe; ✓ Etc. Elabore a sua tese e pense nos argumentos. Bom texto. Argumento 1: _____________________________________________________________________________ Fatos, exemplos, citações______________________________________________________________________ Argumento 2: _____________________________________________________________________________ Fatos, exemplos, citações:_______________________________________________________ t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 107 3. (FAMEMA 2018) Atletas transexuais Em 2018, a FAMEMA solicitou que o candidato discorresse sobre o tema explícito: Atletas transexuais devem participar de esportes competitivos sob o novo gênero? Para isso, a Banca ofereceu 4 excertos como apoio para a reflexão. O primeiro texto narra o recorde de uma jogadora transexual, ela conseguiu marcar 39 pontos em um mesmo jogo. Tal fato atiçou o questionamento sobre permissão de atletas trans atuarem nos esportes, e, ao mesmo tempo, deu visibilidade a um grupo normalmente marginalizado, pois o fato poderia abrir oportunidades de inserção de pessoas trans no esporte. O segundo texto explica melhor a polêmica. Tifany, a jogadora, ainda não estaria nos níveis hormonais em que uma mulher se encontra, portanto, seria injusto que ele participasse em competições femininas. O texto 3, era uma “Carta aberta ao Comitê Olímpico Internacional” de Ana Paulo Henkel. Nela, Henkel demonstrava respeito pela pauta de luta dos transexuais, mas afirmava que a inclusão de alguém que tinha originalmente corpo e hormônio masculinos humilhava as jogadoras. Por fim, o último texto da coletânea esclarecia como realiza-se a transformação. Atualmente, é possível medir a taxa de hormônios e fazê-los atingir a taxa média do que se espera para uma mulher, isso traz consequências. No caso da Tifany, ela teve alteração na densidade óssea, na musculatura e na proporção de células vermelhas. Ela perdeu potência e explosão. Teses possíveis Esse é um tipo de proposta que permite uma variação de resposta muito pequena. Há três possibilidades: 1. As atletas transexuais devem participar de esportes competitivos. 2. As atletas transexuais não devem participar de esportes competitivos. 3. As atletas transexuais podem participar, mas.... Argumentos possíveis (entre outros) Primeira tese: as atletas transexuais devem participar - O controle hormonal permite que o trans tenha o mesmo nível de hormônio que uma mulher ou um homem. - A participação de uma trans nessa área tão exclusiva poderia abrir portas para os transgêneros na luta pelo reconhecimento. - No próprio esporte, desde a década de 80, tornou-se comum o uso de substâncias que potencializam a capacidade dos atletas; ora, uma atleta trans poderia ser equiparada a um atleta que usa anabolizantes, prática comum no esporte. - Não se trata de má-fé; o atleta quer apenas ser reconhecido, não se vale de alguma vantagem física por malandragem. - O que uma trans manifesta, um nível hormonal alterado e musculatura um pouco mais robusta, também é encontrado em mulheres; ou seja, ela não está acima do espectro feminino. Segunda tese: as atletas transexuais não devem participar - Por mais que o indivíduo use hormônios e os estabilize, a formação inicial de homem deixa marcas que faz com que o atleta tenha vantagens diante de outras mulheres. - Naturalmente, as mulheres têm taxas de explosão muscular e de força mais baixas que as dos homens, por isso foi criada uma categoria só para elas. - A necessidade constante de bloqueadores de testosterona indica que o corpo, no que diz respeito ao seu funcionamento, mantém características masculinas. - Como a condição feminina é mantida artificialmente, jamais se poderá saber qual seria, de fato, as potencialidades do atleta se ele nascesse mulher. Terceira tese: As atletas transexuais deveriam participar, mas... t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta108 Nesse caso, seria importante destacar em quais circunstâncias isso seria possível. Pode-se pensar que não haveria restrições... -quando a transição do gênero fosse do masculino para o feminino; - se houvesse acompanhamento médico constante que avaliasse os níveis hormonais; - para os esportes que não exigissem explosão ou potência de forma significativa, como tênis de mesa, tiro, esgrima etc... Obviamente haveria muitas outros encaminhamentos argumentativos. Repertório A questão da sexualidade e da transexualidade As recentes discussões sobre sexualidade poderiam ser incluídas no texto implícita ou explicitamente. Acredita-se, atualmente, que a identidade sexual desenvolve-se a partir de dois fatores: um fisiológico, seus órgãos genitais; e pela posterior orientação sexual. Não se deve usar a expressão “opção sexual”, pois a criança, a partir de dois anos, começa a manifestar que talvez ela não aceite sua determinação fisiológica. Ora, na infância, uma criança não poderia escolher, ou seja, não se trata de uma “opção”, palavra que dá a entender que o indivíduo escolheu conscientemente sua sexualidade. No caso de transsexuais, a pessoa apresenta uma discordância entre o seu sexo biológico e o seu senso de pertencer a um determinado gênero. Cultura versus natureza Quem não aceita as outras formas de orientação sexual, normalmente se apegam a ideia de que existe uma sexualidade natural. A existência dos órgãos genitais expressaria isso. Essa é uma tese complicada, pois não temos provas de que isso é verdadeiro, já que, se apenas a genitália bastasse, não haveria tanta variação de desejos sexuais. A tese contrária, a de que a orientação sexual não se reduz ao dado da natureza, encontra apoio em Freud, por exemplo, o pai da psicanálise. O alemão observou que diferentemente dos animais, a sexualidade humana não se restringe à genitália, aos fins reprodutivos e nem ao coito simplesmente. Outra ideia interessante que poderia ser utilizada é a dos existencialistas, e, entre eles, a de Jean-Paul Sartre, para quem a existência precede a essência. Isso significa que o homem não tem determinações biológicas (essência), ele se produz como homem nas suas práticas e nas suas escolhas. Um trans nasce com seu sexo biológico, mas isso nada significa, pois como ele vai lidar com isso é que determinará o que ele de fato será. 4. (UEA 2018) Trabalho escravo O estilo da proposta da UEA segue o modelo já consagrado da banca VUNESP, uma coletânea média e instruções com tema explícito. Nesse caso, o candidato foi convidado a refletir sobre o tema explícito: “Lista suja do trabalho escravo: entre a proteção aos trabalhadores afetados e o direito de defesa das empresas.” Uma das grandes dificuldades em relação a esse tema se relaciona à falta de conhecimento em relação ao tema. O que é escravidão moderna? O que é lista suja? Como isso funciona? A coletânea fornecia dados para que o aluno se inteirasse da questão. O texto 1 era bastante informativo. Traduzia a prática análoga a escravidão em números: 187 empregadores estão na lista suja, 2.375 trabalhadores foram submetidos a tais condições e são 5, as áreas em que se observa esse tipo de trabalho: fazenda, construção civil, oficina de costura, garimpo e mineração. Além disso, o texto define o que é trabalho análogo à escravidão, uma atividade forçada exercida sob condições degradantes e jornadas exaustivas. Classifica-se da mesma forma a servidão por dívida. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 109 Já o texto seguinte esclarecia o que era lista suja. Trata-se de um registro de empresas que se valeram desse tipo de trabalho. Há consequências para quem tem o seu nome inserido nessa lista. Não receberá qualquer aporte de bancos públicos e nem poderá negociar com estatais. Além disso, outras empresas, que precisam manter o bom nome diante do consumidor, não vão querer vincular seus produtos a fornecedores que se valem do trabalho análogo ao escravo. Trata-se de um mecanismo de transparência. Nessa polêmica, fica difícil defender as empresas, ainda mais que a Banca não oferece muitos detalhes dos problemas que as empresas podem enfrentar. No texto 3, há uma declaração vaga das empresas de que, depois da suposta autuação, não têm a oportunidade de se manifestar nos autos. Teses possíveis Esse é um tipo de proposta bastante comum nessa banca. O candidato fica entre dois extremos podendo admitir uma situação intermediária de conciliação. 1. A lista suja deve ser defendida, pois protege os trabalhadores afetados. 2. A lista suja é injusta em relação às empresas. 3. A lista suja deve ser mantida, mas a inclusão das empresas só pode ocorrer depois de meticulosa averiguação. Argumentos A tese a favor das empresas é mais difícil de defender, e os argumentos possíveis foram assinalados na coletânea: não se permite uma defesa ampla, pois o nome do possível infrator já é listado nesse cadastro logo depois do flagrante. Pode-se, talvez, apelar para o livre mercado ou para o fato de que tal lista suja acaba tornando a situação do empresário que deseja regularizar sua situação muito difícil. Os argumentos a favor dos trabalhadores são mais consistentes e permitem abertura para uso do repertório. Na relação entre trabalhador e empregado, obviamente, o segundo, por não ter os meios de produção (Marx), submete-se ao empregador numa situação de desigualdade de reconhecimento de diretos fundamentais. A prática de escravidão, sempre se pautou pelo uso do indivíduo como sendo um objeto para manipulação. Ideia que vai contra todos os parâmetros de direitos reconhecidos inclusive pela legislação brasileira. Pode-se citar Kant, que afirma ser totalmente antiético tratar um outro ser humano como meio e não como um fim. Outra estratégia consiste em explorar o que foi a escravidão no Brasil, só que, nesse caso, é preciso cuidado para não dar a impressão de que a escravidão daquela época “é a mesma” que podemos encontrar no Brasil de hoje. Outro veio argumentativo passa pela configuração do Liberalismo dada pelos contratualistas. Hobbes, por exemplo, entendia o Estado como regulador de contratos entre as partes (empresas/empresas ou empresas/pessoas). Ora, um contrato exige que as duas pessoas sejam livres. Sendo assim, a escravidão remete a uma fase pré-contratualista e pré-capitalista. O hábito é francamente antimoderno. Quanto à argumentação desses empresário de que não teriam direito à defesa, basta lembrar que a inclusão no cadastro só ocorre depois da atuação dos fiscais. Não há registros de ações desse tipo tenham sido fraudulentas. Quando os fiscais conseguem um mandato para realizar a operação, já há provas suficientes de que os trabalhadores estejam vivendo sob péssimas condições. A terceira via permite a produção de um texto mais equilibrado, mas não necessariamente melhor. Tudo vai depender da organização textual e do repertório que você consegue inserir na sua redação para torná-la mais interessante. Pode-se defender os direitos dos trabalhadores e, no final, apresentar alguma ressalva a favor dos empresários. Conceder que lhes seja permitido um prazo maior de defesa, por exemplo. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 110 5. (Famerp 2019) Obrigatoriedade da vacinação A banca trouxe 3 textos de apoio e a frase tema “Obrigatoriedade da vacinação: entre a prevenção a doenças e o respeito às escolhas individuais”. Essa frase tema traz os dois direcionamentos entre os quais os candidatos devem escolher para confeccionar seu texto. Seu posicionamento deve ficar claro pela argumentação da dissertação. O texto 1 discute o retorno de ocorrências de várias doenças que haviam sido consideradas erradicadas há anos. Por fim, no último parágrafo, o texto destaca que uma possívelcausa desse retorno seja o descuido da população com a vacinação, já que as pessoas consideraram desnecessário vacinar-se se as doenças em questão “não existem” mais. Nesse caso, é um texto que oferece mais argumentos para aqueles candidatos que escolherem defender a importância das vacinas como métodos eficientes de prevenção de doenças. Aqui, é possível expandir a argumentação levando-se em conta a contradição entre a disseminação de informação atualmente e a concentração de informação em alguns nichos específicos, como a área da medicina. Apesar da internet e de toda a informação disponível, conhecimentos acerca de saúde foram democratizados a todos? É importante tomar muito cuidado aqui com “lugar de fala”, pois a realidade de miséria e falta de acesso a direitos básicos ainda é recorrente em parte do Brasil, então, atente-se para não fazer generalizações que façam seu texto perder credibilidade. Mais uma expansão argumentativa poderia estar na discussão a seguir: Se há uma quantidade tão imensa de informações disponíveis, as informações corretas ou de qualidade perdem espaço e visibilidade no fluxo intenso de banalidades e acabam não atingindo o público. Quantas vezes você está rolando o feed do facebook ou do instagram e só vê superficialidades? Será que se houvesse alguma informação relevante sobre saúde (aviso do ministério da educação ou da saúde, por exemplo) não passaria despercebida? O inverso também pode ser refletido: será que o grande acesso à informação fez com que mais pessoas fossem informadas? O exemplo do preservativo talvez seja algo que se encaixe nessa linha de raciocínio. Lembrando sempre de atentar para não fugir do tema nas discussões. Já o texto 2 discute a questão da vacinação especificamente no Brasil. Apesar de possuir um sistema de vacinação admirado por todo o mundo, o país sofre retaliações de parcela da população que acredita se tratar de uma espécie de plano governamental que prejudicaria a saúde do povo. O texto explicita como existem grupos defensores desse pensamento e sua organização elaborada para se ajudarem, tanto a não serem pegos pelas autoridades quanto para encontrarem alternativas às vacinas, visto por eles como nocivas. O principal ponto a ser percebido e discutido nesse texto, em termos de sociedade, seria a relação do brasileiro com a figura da autoridade. Em geral, a população não dá muito crédito aos órgãos públicos e suas autoridades e representantes políticos. Para fundamentar esse ponto de vista, é possível utilizar o ciclo vicioso em que os processos geralmente são ineficientes no serviço público, o que faz com que as pessoas procurem não os utilizar (talvez preferindo o meio privado) e acomodem-se com essa situação, aceitando-a; e aí, sem cobrança/fiscalização/demanda, o serviço público também se acomoda. Você já ouviu alguém dizer que "no serviço público ninguém trabalha?", pois então. E existe também o outro lado da moeda, em que a pergunta é "você sabe com quem está falando?". O texto 3 funciona como uma sumarização das ideias anteriormente discutidas. Ele mostra que são antigos a desconfiança da vacinação e o pensamento de que talvez haja algum prejuízo por trás. Além disso, ele reforça a desinformação da população. Por último, aqui é possível discutir (e usar a alusão histórica para fundamentar) como a falta de informação gera medo do desconhecido e atitudes por vezes extremas, como mostrado pelo texto. Encaminhamentos possíveis: t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 111 1) Fundamentando-se nas manifestações de especialistas da área da saúde sobre o enorme efeito benéfico das vacinas, não se vacinar é uma forma de se arriscar a contrair doenças outrora consideradas erradicadas. Argumentos: - Argumentos de autoridades médicas; - Estatísticas que afirmam o retorno de doenças que estavam erradicadas. 2) Embora a liberdade individual seja defendida por lei, escolher não se vacinar ou não vacinar seus filhos não se trata apenas de uma decisão individual, visto que afeta a coletividade em que se está inserido. Argumentos: - Conceito de democracia representativa, em que os representantes escolhidos, em teoria, tomam decisões em benefício de uma maioria; - Dado que vivemos em sociedade, se uma parcela não se vacina, corre o risco de haver contaminação interna. 3) Visto que se trata de uma decisão que demanda a ingestão de componentes não naturais/químicos, vacinar-se torna-se uma decisão individual sobre como cuidar do próprio corpo. Argumentos: - Liberdade de escolha individual; - (é um caminho argumentativo um pouco mais trabalhoso) Analogia com as grávidas que recusam anestesia total ou parcial ao darem a luz, a fim de não contaminar o filho com nenhuma substância não natural. 6. (Autoral 2020 Wagner Santos) Formação identitária de grupos minoritários Nessa proposta, será necessário construir um texto dissertativo-argumentativo, também conhecido como dissertação-escolar. Nesse texto, você precisará tomar um posicionamento sobre o tema que, como podemos perceber, é um pouco mais complicado, ainda que extremamente interessante. O tema trata de uma das discussões comuns para o momento atual: como os grupos de exclusão e minorias se definem em uma sociedade massificada. Esse ponto é a origem de seu texto: você deverá olhar para o momento atual e ver como esses grupos se comportam socialmente, principalmente no que constrói sua identidade. Nesse ponto, é interessante que você pense no que é a identidade em meio à massificação social, no sentido de que todos acabam apresentando as mesmas formas de comportamento, muito influenciadas, por exemplo, pela organização econômica da sociedade e suas formas de relação pessoal. Aqui, você pode usar e abusar da teoria de Modernidade Líquida de Bauman, por exemplo, visto que ele apresenta as modificações que vêm ocorrendo, nos últimos anos, com relação às relações humanas em meio ao que ele entende como uma sociedade líquida. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 112 Vale destacar, ainda, que seu texto deve apresentar dois elementos já pedidos pela própria banca: a definição de minorias e grupos de exclusão, entendidos como aqueles grupos que não têm seus direitos respeitados e cumpridos em meio à sociedade; bem como a apresentação das práticas sociais que auxiliam na construção identitária desses grupos. Acreditamos que o primeiro conceito pode, facilmente, fazer parte de sua introdução, visto que ela fica extremamente interessante quando apresenta contextualização e não aborda diretamente sua tese. O segundo elemento pode aparecer ou em seu desenvolvimento, como fundamentação para seus argumentos, ou em sua conclusão, em que você apresentaria o conceito como retomada das ideias apresentadas. Não se esqueça de que, ainda que essa redação não seja uma redação para o ENEM, é interessante que você fundamente suas ideias, seus argumentos, sempre por meio de repertório que seja pertinente às suas ideia, para que elas não fiquem pairando, por assim dizer, no senso comum. Essa é uma dica que se aplica a todas as suas construções argumentativas: use repertório para fundamentar suas ideias. Seguindo o que a proposta pede, você produzirá uma redação que será bem avaliada na correção feita. 7. (Autoral – Modelo UNESP/ Wagner Santos) Apropriação cultural A redação da Unesp, aplicada na segunda fase desse vestibular, organizado pela Vunesp, tem um valor importante para a composição de nota (28% da nota total) e apresenta sempre um tema em forma de pergunta, com um tema atual e, na maior parte das vezes, mais polêmico. Dessa forma, tentamos reproduzir, aqui, o que você encontrará na hora de sua prova, apresentando um tema de importância social, em forma de pergunta e com uma boa variedade de opções de argumentação, para podermos avaliara sua capacidade de organização de ideias e de organização textual. Esse, inclusive, é o principal objetivo de uma redação escolar, como chamamos esse tipo de dissertação que são cobradas em vestibulares. O tema, então, é bastante transversal, visto que, ao falarmos sobre apropriação cultural, passamos, necessariamente, por temas como o racismo e a condição do negro no país. Em uma nação que “bate no peito” para dizer que vivemos uma democracia racial, determinada apenas pelo esforço dos envolvidos, vemos que determinados símbolos da cultura negra, em especial, são vistos de maneira diferente quando utilizados por pessoas de etnias diferentes. Por exemplo, uma negra que utiliza um turbante pode ser – e é – muitas vezes muitas vezes entendidas como uma afronta à sociedade. Por outro lado, uma mulher branca usando um turbante pode ser entendida como alguém que “homenageia” outra etnia. Olhando a partir de uma outra perspectiva, é possível entender que a utilização de símbolos pode ser vista como fruto de uma construção cultural miscigenada. Esse é um caminho possível, claro, que não necessariamente será fácil de entender, principalmente quando pensamos que os símbolos são esvaziados ao serem utilizados por aqueles que não estão envolvidos culturalmente com os próprios símbolos. É o que vejo, por exemplo, com o uso constante de fantasias de índios em escolas e durante o carnaval, momentos em que a simbologia das penas e da ausência de roupas não é considerada um aspecto religioso e, principalmente, cultural. Esse é um bom exemplo comparativo para a sua construção textual. Dessa forma, pensar em uma apropriação cultural, em um país como o nosso, pode ser difícil, se levarmos em consideração a apropriação, bem como pode ser uma saída para a discussão dessa miscigenação na cultura. É inegável que o verdadeiro brasileiro é uma mistura de raças (hoje, já chamamos de raça porque consideramos a completude da etnia com os aspectos culturais), contudo é mais complicado entendermos que há, realmente, uma configuração miscigenada em nossa cultura, visto que os símbolos são ressignificados ao serem utilizados de forma mais ampla. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 113 8. (UEA) Epidemia de sífilis no Brasil O tema toca em um assunto de enorme preocupação social: o retorno da sífilis como um problema de saúde sério. Os fatores que levam a esse retorno são muito controversos e se tornam o tema dessa redação, visto que o tema, em forma de pergunta, apresenta duas das possíveis motivações para que a epidemia aconteça. Segundo especialistas, há uma diminuição absurda no número de pessoas que usam a camisinha, principalmente com relação aos jovens. Além disso, temos um sistema de saúde exemplar em muitos aspectos – como os de atendimento de toda a população – e precário em muitos outros, principalmente com o desvio constante de verbas para a saúde. Segundo o tema, você pode escolher um desses dois caminhos para a tese, apesar de entendemos que pode haver um equilíbrio entre eles. Ou seja, você pode colocar “na conta” dos jovens que não se protegem a culpa pela maior parte das contaminações; pode dizer que isso é culpa do sistema de saúde, principalmente pela falta de prevenção e de tratamento, dado o desabastecimento de penicilina que, volta e meia, assola o país; ou, ainda, pode dividir a culpa. Os jovens, descuidados, ao buscarem tratamento não o encontram e, sem se curar, dão continuidade ao ciclo de contaminação entre outros jovens. Um dos seus argumentos, ou caminho argumentativo, é trabalhar com a necessidade de que o Estado, ainda que não seja o completo culpado pelo problema, tem como principal função cuidar dos seus cidadãos, como afirmam Aristóteles e Hobbes em momentos diferentes. Como os textos indicam, o arrefecimento das campanhas governamentais de conscientização dos jovens é um dos problemas que afeta diretamente a transmissão dessa doença. Além disso, podemos entender que a enorme discussão acerca da disciplina de “orientação sexual” nas escolas atrapalha um momento em que os jovens poderiam aprender sobre as formas de prevenção não somente à sífilis, problema mais específico, como a todas as demais doenças sexualmente transmissíveis. Com relação à estrutura de seu texto, recomendamos que, em sua introdução, você apresente contextualização de seu tema. É importantíssimo que você pense que não o leitor de seu texto não terá conhecimento de seu tema até ler seu texto. Sei que temos uma relação estranha com isso, uma vez que já sabemos que nosso leitor é o corretor de nosso texto, claro, já sabendo do nosso tema. Eu sempre digo pra fingirmos que não sabemos quem lerá o texto, para que você coloque essa contextualização em sua introdução. Além dela, recomendamos que você já apresente sua tese, para que fique claro aquilo que será defendido por você. Depois de apresentada a tese e o tema, é hora de argumentarmos para sustentar o que estamos defendendo, ou seja, devemos sustentar a nossa tese sempre por meio de argumentos. Tais argumentos, claro, precisam de sustentação também. Essa segunda sustentação é aquilo que se convencionou chamar de repertório, ou seja, você argumenta e, ao apresentar repertório, sustenta o argumento e o tira do senso comum, dando profundidade e conteúdo que, literalmente, agrada o leitor. Pense sempre nisso: argumentou? Então, é necessário que haja repertório para sustentar o tema. Por fim, sua conclusão, a partir do tema trazido na proposta, não combina com uma proposta de intervenção, que vocês têm usado com cada vez mais frequência, por apresentar uma fórmula que auxilia vocês na escrita. Recomendamos que, aqui vocês usem uma conclusão no estilo clássico, com retomada de tese em seu início, reafirmando o que você defendeu; e resumo dos argumentos. Se, ainda assim, vocês decidirem ir para o “lado” da proposta, muito cuidado para não ferir nenhum direito garantido pela legislação brasileira ou que fira os direitos humanos. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 114 A seguir, apresentamos um resumo do que deve ser colocado por você em seu texto. Vamos lá! Coletânea de textos Na coletânea de textos dessa proposta, temos textos extremamente diretos e que corroboram nossa ideia de que a epidemia é uma relação que conjuga o descaso governamental e o comportamento preocupante dos jovens brasileiros. Atente-se para o fato de que o tema fala diretamente dos jovens, a parcela atualmente mais afetada pela epidemia. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 115 Teses e caminhos argumentativos Como apresentei antes, nesse caso, com a construção da pergunta, ainda que essa só indique duas possibilidades de resposta, entendemos que há uma terceira, mais lógica, de que a culpa da epidemia é uma mistura de culpas, visto que somente o governo não consegue resolver e causar o problema, e que o comportamento dos jovens pode ser influenciado pelo governo, por meio de campanhas. Tente, assim, construir uma argumentação que seja condizente com essa ideia. A seguir, apresentamos alguns argumentos que podem servir como ponto de partida de seu texto. 9. (FAMEMA 2020) Redução da maioridade penal Tema e proposta O tema apresentado propõe a construção de uma dissertação-argumentativa, em que será defendida uma das teses que serão apresentadas mais à frente. Sua defesa, claro, deverá ser feita por t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 116 meio de argumentos que se combinem com a tese. Importante destacar que, de posse de um tema tão complexo, é necessário que seus argumentos sejam extremamente fundamentados, por meio de base argumentativa, que, hoje, é mais conhecidacomo repertório, depois do ENEM. O tema em sim, que trata da redução da maioridade penal no país, é extremamente contemporâneo e polêmico, principalmente porque as pessoas se dividem, hoje, em dois grupos, essencialmente, o daqueles que são contra e o daqueles que são a favor, polarizadamente. Dessa maneira, é importante que você pondere bastante com relação à sua escolha de tese e, claro, de argumentos. Como é um tema que trata de seres humanos e punição, diretamente, é interessante notar que há sempre perigo de ferirmos os direitos humanos. Ainda que isso não seja motivo de anulação da sua redação, é comum que a nota de argumentação caia substancialmente quando esse desrespeito ocorra. Assim, organize suas ideias antecipadamente, posicionando-se diante da pergunta que é o tema. Ah sim, vale sempre destacar que, como o tema está em forma de pergunta, é necessário que vocês a respondam de maneira indireta, sem ser “sim ou não”, ou sem qualquer referência a ela. O tema deve ser apresentado e sua tese será a resposta à pergunta do tema. Pense bastante nisso antes mesmo de escrever. Coletânea de textos É interessante notar que a coletânea de textos apresenta dois textos bastante posicionados contra a redução da maioridade, no caso, a charge e o último texto; e um texto posicionado a favor da redução, com viés de análise dos direitos e respeito às vítimas. Com relação ao posicionamento contrário à redução, temos a charge, que é o texto mais “pesado”, por assim dizer, porque inclui a classe social na discussão; e o texto 3, que aponta evidências científicas para a não redução. A favor do processo de redução, temos o texto 2, que apresenta a ideia de que as vítimas, nessa relação, não estão sendo respeitadas. A seguir, como já é praxe, apresentamos um pequeno resumo dos textos. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 117 Não se esqueça de não usar os textos que, necessariamente, são somente motivadores, sem que sejam copiados de forma alguma. Teses e argumentos possíveis para o tema A construção de um tema em forma de pergunta é muito interessante, porque as teses ficam bastante diretas. Assim, seu posicionamento poderá ser: 03. A redução auxiliará na diminuição dos números da violência no Brasil • Adolescentes de 16 e 17 anos, na proposta de redução para os 16 anos, já têm discernimento para responder pelo que faz, sabendo o que faz e porque faz. • Há grande apoio popular à redução, por pressão social e de aumento na criminalidade. • O fato de só poderem permanecer presos por 3 anos aumenta a sensação de impunidade para os adolescentes e jovens, fato que amplia a vontade de cometer crimes. • As medidas de redução são muito comuns em outros países, como os Estados Unidos e a Nova Zelândia. • O ECA, apesar de ser um documento interessante, é insuficiente para resolver o problema da violência cometida por menores. • Os crimes cometidos antes dos 18 anos não configuram “reincidência” após os 18, fato que atrapalha a análise de vida do criminoso. • Com um maior rigor nas punições e consequente redução, temos que os menores serão menos aliciados pelos traficantes, por exemplo. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 118 04. A redução não auxiliará na diminuição dos números da violência no Brasil • Sabe-se que educar é melhor do que punir, como provam os estudiosos. • A redução da maioridade será muito prejudicial para as classes mais pobres. • O sistema prisional é conhecido, de maneira correta, como “escola do crime”, visto que não garante a reinserção dos ex-detentos na sociedade. • O sistema carcerário, sobrecarregado, seria ainda mais prejudicado com a entrada desses jovens nos presídios. • Apesar de países com maioridade inferior a 18 anos, a maior parte dos países mantém a maioridade em 18 anos. • Há um processo protetivo e educativo na idade da maioridade e na existência do ECA. Sempre gosto de destacar que esse são argumentos que podem servir de direcionamento para o que você escreverá, bem como os repertórios apresentados a seguir. Sabemos, inclusive, que este costuma ser um problema de início para vocês, visto que arrumar argumentos costuma ser muito complicado na produção de um texto. Repertórios • Aproximadamente 85% da população brasileira é favorável à redução, segundo pesquisa do Datafolha. • Os crimes hediondos correspondem a cerca de 20% dos crimes cometidos por menores, que são encabeçados por crimes mais leves ou relacionados ao tráfico de drogas. • A população pobre e preta é afetada de forma mais direta por qualquer modificação relacionada a crimes no país, visto corresponder a 75% dos presos em presídios no país. • Há um fortalecimento de discurso das classes dominantes nesse caso, visto que, ainda que os criminosos sejam cidadãos brasileiros também com direitos, somente a segurança da classe dominante será defendida com essa redução. • O pensamento egocêntrico, segundo Bauman, torna-se cada vez mais presente na sociedade pós-moderna. Há uma necessidade de cuidar-se exclusivamente, independente dos outros. • No Brasil, são 600 mil presidiários para 350 mil vagas nas cadeias. • A Constituição garante o cuidado e a proteção especial para os menores de 18 anos. 10. (Faculdade Israelita Albert Einstein 2020) “Uberização” do trabalho Tema e proposta t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 119 O tema é bastante atual e se mostra necessário para a discussão na sociedade, principalmente porque temos um país em que a crise econômica é extremamente presente, acompanhada de um número recorde de desempregados que encontram, na chamada economia informal, a sua forma de sustento e sobrevivência. Aproveitando-se desse problema, as empresas de aplicativos crescem pelo mundo, colocando em questão uma série de direitos e de ideias antigas sobre o trabalho. Para muitos, esse momento é criado pela própria ideia neoliberal que promete combater o problema. Seria mais ou menos o seguinte: criamos o problema e prometemos resolvê-lo. É essa a ideia desses “salvadores da pátria” que são os aplicativos, tanto os de entrega e compras, quanto os de aluguel de carros e casas. A proposta é que você lucre com a sua capacidade, colocando em xeque os seus direitos e prometendo uma enorme liberdade, pensando no momento em que você monta seu horário e dias em que quer trabalhar. Seu texto, em meio a essa discussão, deverá apresentar um posicionamento, claro, visto tratar-se de um texto dissertativo argumentativo. Por isso, você deve acrescentar, em sua introdução, a sua tese, demonstrando o que será defendido por você durante a redação. Assim, você deverá apresentar argumentos que comprovem que você está defendendo uma ideia lógica, que pode ser defendida. Por fim, não é interessante apresentar uma proposta de intervenção, como vocês têm feito com muita frequência. É importante que você termine sua redação retomando suas ideias. Coletânea de textos Nessa coletânea de textos, temos uma relação ampla para o tema, fazendo com que o pensamento dos candidatos seja extremamente amplo também na escrita. Dessa forma, percebemos que devemos considerar as diferentes formas de pensar esse assunto. Ainda mais porque há uma possibilidade de pensarmos no meio do caminho das duas formas apresentadas, afinal, temos aspectos importantes dos dois lados de pensar, seja a favor da uberização, seja contra ela. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 120 Tese, argumentos e repertórios Da forma como o tema se apresenta, percebemos a possibilidade de somente duas colocações: a uberização como um processo ruim, ainda que “vendendo” a ideia de que o trabalhador élivre para trabalhar somente quando e como quiser; e a ideia de que a uberização garante essa liberdade e que isso é muito mais importante que ter direitos trabalhistas garantidos, como acontece nos empregos regidos pela chamada CLT. Há, ainda uma opção de colocar as ideias dos dois misturados, mostrando que a uberização tem fatores positivos e negativos. nesse caso, basta que você una as ideias mais interessante dos dois elementos colocados a seguir. 11. (Autoral 2020/ UNESP) Coronavírus t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 121 Tema e proposta O tema apresentado propõe a construção de uma dissertação-argumentativa, em que será defendida uma das teses que serão apresentadas mais à frente. Sua defesa, claro, deverá ser feita por meio de argumentos que se combinem com a tese. Importante destacar que, de posse de um tema tão complexo, é necessário que seus argumentos sejam extremamente fundamentados, por meio de base argumentativa, que, hoje, é mais conhecida como repertório, depois do ENEM. O tema em si, Crise do coronavirus: entre a economia e a saúde, coloca em choque os dois elementos de discussão mais severa nesse momento no mundo, a economia e a saúde colocadas frente a frente em um contexto de pandemia que pede isolamento social como forma de não crescimento da epidemia. Países que demoraram demais a propor o isolamento social, como a Itália, hoje apresentam um volume de mortes absurdo, percentualmente falando. Outros, como os EUA, que também demoraram a admitir a existência e a seriedade da pandemia, hoje são o epicentro do vírus. Independente do caminho que você escolher, sempre coloque em sua cabeça que é um argumento muito complicado aquele que fala sobre vidas valerem menos do que a economia. É uma equação muito complicada, pensar que poucas mortes são aceitáveis, desde que não tenhamos um colapso financeiro. Leve em consideração, também, que os incentivadores da não quarentena completa são aqueles que mais acumulam capital, ou seja, as grandes fortunas não querem deixar de ser grandes. Coletânea de textos Nossa coletânea de textos apresenta dois pensamentos opostos, exatamente para não direcionar o pensamento de vocês. Desses, antes do resumo, destaco a charge que trabalha com a relação entre a morte e o vírus. Esse é o cerne da discussão. Os contrários à economia como foco nesse momento, trabalham com a ideia de que as mortes causadas pelo vírus não são em volume absurdo, principalmente no Brasil, fato que pode justificar a relação de não parar o país. Tese e argumentos possíveis (já trazendo alguns repertórios) t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 122 Ao analisarmos de forma lógica a relação proposta no tema, encontramos três teses possíveis. Uma que coloca a economia acima do resto; outra que coloca a saúde acima de tudo; e, por fim, nossa tese preferida, que é a que busca o equilíbrio entre os dois casos. Claro que, a título de argumentação, apresentaremos os argumentos a favor e os contra, visto que, para a tese que prega o equilíbrio, basta pegar os melhores argumentos de cada um. Vamos ver a seguir essa relação. Como dito na introdução dessa seção, para a nossa tese preferida, aquela que aponta a necessidade de cuidar do problema sem, necessariamente, frear a economia, você pode aproveitar-se de argumentos dos dois lados. Entenda que sua posição, seja ela qual for, deve ser objetiva e centrada. É necessário que tenhamos clareza da sua defesa durante a escrita. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 123 12. (Unifesp 2011) A intolerância em xeque Análise da proposta Tema e proposta O tema “A intolerância em xeque” nos leva a refletir sobre um problema muito caro ao Brasil. Nosso país comporta uma miscigenação muito ampla, também é fruto de muita desigualdade. Esses fatos geram muito preconceito na sociedade, e a intolerância acaba sendo o reflexo dessa desordem social. Culturalmente um país em que a separação entre as classes é evidente, o Brasil amarga a posição de ser composto por um povo que quer dominado e que ver os outros como dominados. Percebe-se isso nas relações entre brancos e negros, homens e mulheres, estrangeiros e nativos, criando uma cadeia de intolerância que impossibilita a convivência pacífica entre os povos. Portanto, em posse dessas informações, vejamos, a seguir, possibilidades de se trabalhar o tema. A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalhado a partir de variadas perspectivas. Assim, um caminho para você desenvolver seu texto é pensar que a intolerância é gerada exatamente pelo sentimento de superioridade de certos grupos sobre outros. Assim, eles se sentem na possibilidade de manifestar seu sentimento oprimindo o outro. Portanto, esse pode ser um argumento que possibilite um desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a serem desenvolvidas. Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou você fale que a intolerância se deve à tentativa de manutenção de poder de grupos sobre outros; por outro lado, você pode falar que ela causa o preconceito e a segregação de grupos sociais. Dessa forma, caso você queira focalizar a primeira premissa, saliente, por exemplo, que grupos dominantes se veem superiores a outras classes sociais. Isso faz com que eles se vejam melhores que o restante da população e passem a segregar essas outras pessoas. Por outro lado, caso você queira focalizar a segunda perspectiva, saliente, por exemplo, as discriminações por motivo de cor, por religião, por poderes aquisitivos diferenciados. Tudo isso leva a confrontos e também a coerção social, mortes. Portanto, você tem caminhos variados para está desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e escolher as ideias que melhor se articulem para desenvolver uma argumentação consistente. Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela UNIFESP, compõe-se de três partes essenciais: t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 124 Na elaboração do texto dissertativo-argumentativo, deve-se apontar uma tese clara e consistente para que você, ao longo de seu texto, consiga argumentar com facilidade, sem necessitar recorrer a ideias que possam enfraquecer sua argumentação. Assim, em sua introdução, você deverá delimitar o seu tema, visto que, como comentamos acima, é amplo, e apresentar a sua tese. A partir disso, você estará construindo seu projeto de texto, elemento fundamental na escrita de uma redação. Quando uma produção apresenta um projeto de texto, o leitor, na introdução, já focaliza o assunto que está sendo abordado e o seu ponto de vista sobre ele, o que você irá defender sobre esse tema. Logo, com o projeto de texto, mostra-se, antes de argumentar, qual o caminho opinativo, ou seja, qual a tese que você apresentará em seu texto. Pense que o seu leitor, ainda que seja um corretor, não “conhece” o seu tema. É como se estivesse entrando em contato com ele pela primeira vez. Tudo caminha para que ele compreenda o tema a partir do seu texto. Se, por acaso, você costuma se perder na argumentação, principalmente quando tratamos da organização dos argumentos na cabeça, indique, logo na introdução, os argumentos que irá trabalhar ao longo da sua redação. Isso facilita a coerência de suas ideias. Por sua vez, no desenvolvimento, você deverá apresentar seus argumentos. Comumente, recomendamos dois argumentos pela extensão da redação. Pode parecer muito, mas 30 linhas, para um texto bem desenvolvido, acaba sendo pouco. Assim, com dois argumentos,fica um pouco mais fácil de desenvolver as ideias como deve. É importante destacar que o repertório deve estar presente, fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório. Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto. Retome aos argumentos explanados para poder dar um fechamento geral no texto, sempre articulando ao tema de sua redação. Coletânea de textos t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 125 Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever, nós realmente só aprendemos escrevendo. Os textos motivadores da coletânea apresentam caminhos para que você, na hora de sua escrita, consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Portanto, o texto motivador fala das diferenças no conceito de amizade, que antes representava proximidade, e nos dias atuais, devido à ascensão das redes sociais, representa um maior número, porém com um maior distanciamento entre as pessoas. TEXTO I TEXTO II TEXTO III t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 126 Tese e argumentos possíveis Como observamos ao longo dessa descrição, é possível pensar, sem se desligar do tema, em diferentes argumentos para o desenvolvimento textual. Buscamos sinalizar que encontrar um problema para dá solução ao assunto é um dos caminhos mais fáceis para o desenvolvimento de seu texto, desviando da possibilidade de sua redação ficar muito descritiva. Assim, o processo argumentativo, que inclui defender um posicionamento acerca de uma temática específica, fica facilitado quando se enxerga problemas, sendo possível, assim, argumentar sobre a razão da existência desses problemas. Dessa forma, a tese de seu texto pode problematizar tanto a tentativa de manutenção da supremacia de uma classe sobre a outra, quanto os preconceitos gerados pela intolerância. Lembramos a você, ainda, que quando se utiliza o argumento de tese como um problema, existe a possibilidade de se descrever o porquê desse problema, o que possibilita articular causas de consequências. É, literalmente, construir a motivação da existência do problema e, a partir disso, apresentar argumentamos em favor de comprovar essa existência. A seguir, apresentamos algumas possibilidades de argumentação. O objetivo não é apresentarmos uma verdade absoluta, mas somente indicar um caminho para que vocês possam argumentar mais claramente, visto que este costuma ser um problema para muitos estudantes. Apresentaremos argumentos para a tese que, como dissemos anteriormente, é indicada pelos textos motivadores e pelo próprio tema. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 127 Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes, livros que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota mais elevada. 13. (Famerp 2018) Fracasso da lei de cotas para deficientes Análise da proposta Tema e proposta O tema “O fracasso da lei de cotas para deficientes: negligência das empresas ou falha do Estado?” nos convida a pensar um problema que nunca foi solucionado no Brasil: a inserção de deficientes no mercado de trabalho. Sabemos que nosso país conta com uma infraestrutura precária para a atender deficientes. Esse artefato elementar para a concretização da inclusão desse grupo social na sociedade reflete diretamente o descaso das variadas esferas sociais no concerne ao trato de pessoas deficientes. Assim, como a sociedade não conseguiu oferecer o mínimo para essas pessoas, que é o direito de ir e vir, alcançar postos de trabalho se situa em uma distância ainda muito maior. Tudo isso reflete a despreocupação dos órgãos governamentais em criar políticas que facilitem a inclusão, bem como o desinteresse das empregas em facilitar o acesso do deficiente ao mercado de trabalho. Assim, mesmo que exista uma lei que garanta uma porcentagem de vagas a essas pessoas, esse direito ainda é negado. Em posse dessas informações, vejamos, a seguir, possibilidades de se trabalhar o tema. A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalho a partir de variadas perspectivas. Assim, percebemos que o preconceito é um dos maiores implicadores no que concerne à inserção do deficiente no mercado de trabalho, o que acaba causando o distanciamento dessas pessoas dos espaços, seja trabalhista, seja educativo. Portanto, esse pode ser um argumento que possibilite um desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a serem desenvolvidas. Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou você aponte que o preconceito é um dos fatores principais para que as empresas não contratem funcionários que apresentem algum tipo de deficiência; por outro lado, você pode salientar que o descaso do governo é o elemento principal da falta de empregabilidade de pessoas deficientes. Veja que, caso você queira desenvolver seu texto a partir da segunda perspectiva, você pode argumentar que a falta de • O preconceito contra os deficientes, ao achar que eles vão produzir menos que outros funcionários. • A precária política de inclusão social deixa os deficientes à margem da sociedade; • A falta de estrutura dos espaços para deficientes dificulta o acesso dessas pessoas aos diferentes ambientes. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 128 estrutura nos espaços representa a ausência de inclusão social, que impossibilita o trânsito dessas pessoas, deixando-as à margem da sociedade. Se o deficiente não tem como transitar, ele também não possui condições de ir atrás de qualificação, de ir atrás de um emprego. O suporte governamental, portanto, falha profundamente no acolhimento desse grupo social e se torna o principal responsável pela não respeitabilidade da lei pelas empresas. Portanto, você tem caminhos variados para está desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e escolher as ideias que melhor se articulem para desenvolver uma argumentação consistente. Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela FAmerp, compõe-se de três partes essenciais: Na elaboração do texto dissertativo-argumentativo, deve-se apontar uma tese clara e consistente para que você, ao longo de seu texto, consiga argumentar com facilidade, sem necessitar recorrer a ideias que possam enfraquecer sua argumentação. Assim, em sua introdução, você deverá delimitar o seu tema, visto que, como comentamos acima, é amplo, e apresentar a sua tese. A partir disso, você estará construindo seuprojeto de texto, elemento fundamental na escrita de uma redação. Quando uma produção apresenta um projeto de texto, o leitor, na introdução, já focaliza o assunto que está sendo abordado e o seu ponto de vista sobre ele, o que você irá defender sobre esse tema. Logo, com o projeto de texto, mostra-se, antes de argumentar, qual o caminho opinativo, ou seja, qual a tese que você apresentará em seu texto. Pense que o seu leitor, ainda que seja um corretor, não “conhece” o seu tema. É como se estivesse entrando em contato com ele pela primeira vez. Tudo caminha para que ele compreenda o tema a partir do seu texto. Se, por acaso, você costuma se perder na argumentação, principalmente quando tratamos da organização dos argumentos na cabeça, indique, logo na introdução, os argumentos que irá trabalhar ao longo da sua redação. Isso facilita a coerência de suas ideias. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 129 Por sua vez, no desenvolvimento, você deverá apresentar seus argumentos. Comumente, recomendamos dois argumentos pela extensão da redação. Pode parecer muito, mas 30 linhas, para um texto bem desenvolvido, acaba sendo pouco. Assim, com dois argumentos, fica um pouco mais fácil de desenvolver as ideias como deve. É importante destacar que o repertório deve estar presente, fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório. Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto. Retome aos argumentos explanados para poder dar um fechamento geral no texto, sempre articulando ao tema de sua redação. Coletânea de textos Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever nós realmente aprendemos escrevendo. A seguir, apresentamos uma pequena análise de cada um dos textos constantes da proposta. TEXTO I TEXTO II • A Lei de Cotas para Deficientes determina um percentual (de 2% a 5% das vagas no quadro de efetivos) para empresas, a partir de 100 funcionários, contratarem pessoas com deficiência; • A lei não alcança a meta prevista pelo MTE. • A principal desculpa para não empregar é a de que não são encontrados profissionais qualificados. • Existem quase três milhões de pessoas com deficiência no país com ensino superior, sendo que muitos possuem mestrado e doutorado. • As empresas oferecem salários menores para deficientes. • Parte significativa das companhias acredita que a contratação de colaboradores com deficiência implica gastos exorbitantes em acessibilidade física e tecnologia assistiva. • As pessoas com deficiência não devem ser destinatárias de atos de caridade, mas de políticas públicas e privadas que lhes garantam a dignidade humana. • O não cumprimento das cotas definidas pela Lei tem acarretado a aplicação de multas injustas às empresas, mas não é fácil cumprir a lei por conta da ineficiência das ações estatais. • As empresas enfrentam muita burocracia. • Temos uma lei atrasada, cujo ideal jamais foi alcançado em 25 anos. • Temos uma lei atrasada, cujo ideal jamais foi alcançado em 25 anos. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 130 Tese e argumentos possíveis Como observamos ao longo dessa descrição, é possível pensar, sem se desligar do tema, em diferentes argumentos para o desenvolvimento textual. Buscamos sinalizar que encontrar um problema para dá solução ao assunto é um dos caminhos mais fáceis para o desenvolvimento de seu texto, desviando da possibilidade de sua redação ficar muito descritiva. Assim, o processo argumentativo, que inclui defender um posicionamento acerca de uma temática específica, fica facilitado quando se enxerga problemas, sendo possível, assim, argumentar sobre a razão da existência desses problemas. Dessa forma, a tese de seu texto pode problematizar tanto o preconceito ainda existente aos deficientes, como também pode focar na ineficácia do Estado para possibilitar a inclusão desse grupo social. Quando você utiliza o argumento de tese como um problema, existe a possibilidade de se descrever o porquê desse problema, o que possibilita articular causas de consequências. É, literalmente, construir a motivação da existência do problema e, a partir disso, apresentar argumentamos em favor de comprovar essa existência. 14.( Famerp 2016) Impostos sobre grandes fortunas Análise da proposta Tema e proposta O tema “O Imposto sobre Grandes Fortunas é uma injustiça com os mais ricos?” nos põe em confronto com um grande dilema. Está claro que todo cidadão brasileiro paga imposto, e não são poucos. Por sua vez, independente da renda desses cidadãos, a porcentagem de impostos é a mesma. Mas, ao se comparar as rendas, sabemos que quanto menor ela é, mais imposto se recai sobre o cidadão, uma vez que o montante o qual ela é retirada é menor, levando à constatação de que quanto mais pobre, mais imposto se paga. Entretanto, mesmo por morarmos em um país o qual o valor dos impostos é considerado relativamente alto, cobrar além do cidadão, independente do valor de sua fortuna, é visto como uma injustiça social que, inclusive, pode atrapalhar o desenvolvimento econômico do país. Em posse dessas informações, vejamos, a seguir, possibilidades de se trabalhar o tema. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 131 A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalho a partir de variadas perspectivas. Assim, em seu texto, você pode trabalhar a perspectiva favorável, devido à arrecadação, ou mesmo apontar ser uma injustiça social fazer com que o cidadão pague mais um tipo de imposto. A escolha de uma dessas perspectivas, por trazer intrínseco um problema, pode ser uma argumentação que possibilite um desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a serem desenvolvidas. Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou você aponta que a cobrança de impostos sobre grandes fortunas representa um benefício social, uma vez que o governo pode arrecadar mais para investir em benfeitorias; por outro lado, você pode argumentar que isso representa uma injustiça social, uma vez que essas pessoas já pagam impostos, assim como qualquer cidadão. Assim, caso você queira apontar como problemática que se deve taxar as grandes fortunas, pode utilizar, por exemplo, o argumento de que, se o governo taxar os mais ricos, pode diminuir os impostos que recaem sobre os mais pobres. Isso contribuiria para a diminuição das desigualdades sociais, em vista de que sobraria mais renda para as populações mais carentes. Por sua vez, se em sua argumentação você preferiu falar sobre a injustiça social que recai na taxação, uma possibilidade seria discutir que se o indivíduo é mais taxado, menos ele investe em ações que tragam retorno para a economia do país, devidoà diminuição de seu capital. Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela FAmerp, compõe-se de três partes essenciais: • A cobrança de impostos sobre grandes fortunas é importante para a arrecadação do país, podendo promover outros benefícios sociais. • A cobrança de impostos sobre grandes fortunas é injusta à população, uma vez que essas pessoas já pagam, normalmente, impostos; • A cobrança de impostos sobre grandes fortunas pode representar, mais ainda, o alargamento das desigualdades, em vista da separação mais clara das classes. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 132 Na elaboração do texto dissertativo-argumentativo, deve-se apontar uma tese clara e consistente para que você, ao longo de seu texto, consiga argumentar com facilidade, sem necessitar recorrer a ideias que possam enfraquecer sua argumentação. Assim, em sua introdução, você deverá delimitar o seu tema, visto que, como comentamos acima, é amplo, e apresentar a sua tese. A partir disso, você estará construindo seu projeto de texto, elemento fundamental na escrita de uma redação. Quando uma produção apresenta um projeto de texto, o leitor, na introdução, já focaliza o assunto que está sendo abordado e o seu ponto de vista sobre ele, o que você irá defender sobre esse tema. Logo, com o projeto de texto, mostra-se, antes de argumentar, qual o caminho opinativo, ou seja, qual a tese que você apresentará em seu texto. Pense que o seu leitor, ainda que seja um corretor, não “conhece” o seu tema. É como se estivesse entrando em contato com ele pela primeira vez. Tudo caminha para que ele compreenda o tema a partir do seu texto. Se, por acaso, você costuma se perder na argumentação, principalmente quando tratamos da organização dos argumentos na cabeça, indique, logo na introdução, os argumentos que irá trabalhar ao longo da sua redação. Isso facilita a coerência de suas ideias. Por sua vez, no desenvolvimento, você deverá apresentar seus argumentos. Comumente, recomendamos dois argumentos pela extensão da redação. Pode parecer muito, mas 30 linhas, para um texto bem desenvolvido, acaba sendo pouco. Assim, com dois argumentos, fica um pouco mais fácil de desenvolver as ideias como deve. É importante destacar que o repertório deve estar presente, fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório. Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto. Retome aos argumentos explanados para poder dar um fechamento geral no texto, sempre articulando ao tema de sua redação. Coletânea de textos Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever nós realmente aprendemos escrevendo. A seguir, apresentamos uma pequena análise de cada um dos textos constantes da proposta. TEXTO I TEXTO II t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 133 TEXTO III Tese e argumentos possíveis Como observamos ao longo dessa descrição, é possível pensar, sem se desligar do tema, em diferentes argumentos para o desenvolvimento textual. Buscamos sinalizar que encontrar um problema para dá solução ao assunto é um dos caminhos mais fáceis para o desenvolvimento de seu texto, desviando à possibilidade de sua redação ficar muito descritiva. Assim, o processo argumentativo, que inclui defender um posicionamento acerca de uma temática específica, fica facilitado quando se enxerga problemas, sendo possível, assim, argumentar sobre a razão da existência desses problemas. • O Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF) é um imposto previsto na Constituição brasileira de 1988, mas ainda não regulamentado. • Uma pessoa com patrimônio considerado grande fortuna pagaria sobre a totalidade de seus bens uma porcentagem de imposto • No Brasil, políticos e economistas divergem se o IGF é um instrumento eficaz de arrecadação ou de diminuição da concentração de renda e de riqueza. • Sempre que o governo se vê acuado, a discussão sobre o IGF volta à baila, sob o argumento de que o “andar de cima” precisa ser mais taxado. • Trocando em miúdos, todo aquele que, por ventura, adquira um patrimônio acima de 2 milhões de reais será punido anualmente com alíquotas progressivas, que variarão de 1 a 5%. Seu crime? Poupar e investir a renda, no lugar de consumi-la. • Como a renda no Brasil já é fortemente taxada, caso aprovem essa aberração, estaremos diante de um caso típico de bitributação, pois a fortuna é a renda (já tributada originalmente) não consumida transformada em ativos (financeiros e não financeiros • taxar o patrimônio é absolutamente contraproducente para a economia do país. Será mais um desincentivo à poupança e ao investimento, vale dizer, menos produção, menos empregos, menos riqueza. • A estrutura tributária brasileira faz com que as camadas menos favorecidas economicamente sejam as mais oneradas pela tributação no Brasil. De acordo com estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os 10% mais pobres da população mobilizam 32% da sua renda no pagamento de impostos, enquanto os 10% mais ricos gastam apenas 21%. • Cada cidadão tem que contribuir para o financiamento fiscal de acordo com seu poder aquisitivo e econômico –, mas isso não acontece no Brasil. Outro princípio muito importante é o da progressividade, que significa: quanto maior a renda, maior a alíquota.” t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 134 Dessa forma, a tese de seu texto pode problematizar tanto as benesses em se taxar as grandes fortunas, quanto os malefícios sociais desse ato. Quando você utiliza o argumento de tese como um problema, existe a possibilidade de se descrever o porquê desse problema, o que possibilita articular causas de consequências. É, literalmente, construir a motivação da existência do problema e, a partir disso, apresentar argumentamos em favor de comprovar essa existência. 3.2 ÉTICA 15. (Facisb 2019) O papel do consumidor no combate à escravidão moderna Texto 1 Cerca de 45,8 milhões de pessoas em todo o mundo estão sujeitas a alguma forma de escravidão moderna. A estimativa é do relatório Índice de Escravidão Global 2016, da Fundação Walk Free, divulgado em maio deste ano. Segundo o último relatório, de 2014, cerca de 35,8 milhões de pessoas vivem nessa situação. A escravidão moderna ocorre quando uma pessoa controla a outra, de tal forma que retire dela sua liberdade individual, com a intenção de explorá-la. Entre as formas de escravidão está o trabalho forçado em condições degradantes, com extensas jornadas, sob coerção, violência ou ameaça. Este é um crime oculto que afeta todos os países, por isso é preciso o envolvimento dos governos, da sociedade civil, do setor privado e da comunidade para proteção da população vulnerável. A pobreza e a falta de oportunidades são fatoresdeterminantes para o aumento da vulnerabilidade à escravidão moderna. (Andreia Verdélio. “Escravidão moderna atinge 45,8 milhões de pessoas no mundo”. www.agenciabrasil.ebc.com.br, 30.05.2016. Adaptado.) Texto 2 “Desenvolvemos nossos produtos com o objetivo de atender mulheres que valorizam a sofisticação, o requinte e o conforto sempre com um olhar contemporâneo”, dizem peças publicitárias de uma marca de roupas femininas. Mas uma investigação do Ministério do Trabalho e Emprego sugere que esse objetivo possa estar sendo cumprido com ajuda da exploração de trabalho escravo. Cinco trabalhadores bolivianos foram encontrados em uma pequena oficina de confecção, cuja produção era 100% destinada à marca. Sem carteira assinada ou férias, eles trabalhavam e dormiam com suas famílias em ambientes com cheiro forte, onde camas eram separadas de máquinas de costura por placas de madeira e plástico. Os salários desses trabalhadores eram de R$ 6,00, em média, por roupa costurada. Segundo o Ministério, a empresa, cujas peças podem custar mais de R$ 500,00 nas lojas, recusou-se a pagar os direitos trabalhistas dos resgatados. Conforme o relatório da fiscalização, “no modelo adotado nesse núcleo fabril, não havia qualquer limitação de jornada, sendo inexistentes os limites, inclusive de espaço físico entre a vida fora e dentro do trabalho”, afirmam os auditores do Ministério. “Esta jornada, agravada pelo ritmo intenso, pelo nível de dificuldade, detalhamento e concentração exigido no trabalho de costura de peças de vestuário e pela remuneração por produção, leva os trabalhadores ao esgotamento físico e mental.” (Ricardo Senra. “Fiscalização flagra trabalho escravo e infantil em marca de roupas de luxo em SP”. www.bbc.com, 20.06.2016. Adaptado.) Texto 3 t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 135 É preciso entender o porquê da existência de trabalho escravo em pleno 2016. São muitos os fatores e, entre eles, está o estilo de consumo que se tem perpetuado nos dias de hoje. Tomemos como exemplo o sujeito que, no Pará, cata e vende castanhas a R$ 5,00 o quilo, produto que, nas cidades grandes, é vendido a R$ 40,00 o quilo, na lojinha de produtos orgânicos. Ou as lojas de roupas que, muito embora vendam seus produtos por preços exorbitantes, pagam R$ 5,00 às costureiras para cada peça feita. Como desconfiar de que esses produtos têm origem em trabalho escravo contemporâneo? Em que medida o consumidor, indivíduo pensante, coopera para a manutenção desses trabalhadores em situações análogas à escravidão? Talvez a sociedade precise refletir mais sobre o produto que consome. Não dá mais para continuar a transferir a responsabilidade desse problema tão grave ao outro. Devemos parar de responsabilizar só o empresário e o empregador, sem parar para pensar em toda a cadeia que alimenta e colabora para a perpetuação desse crime. Esse problema é social. É de todos nós e de cada um de nós. Está na hora de sermos mais responsáveis pelos problemas que assolam nossa sociedade, que estão mais próximos da nossa vida do que podemos imaginar e que, ainda que inconscientemente, acabamos por alimentar. (Flávia Guth. “Sociedade precisa assumir a responsabilidade pelo trabalho escravo”. www.metropoles.com, 19.06.2016. Adaptado.) Texto 4 Campanhas para não consumir produtos de determinadas lojas ou marcas foram lançadas nas redes sociais. Mas como funciona: você deve deixar de comprar aqui para fazê-lo em outro lugar porque sua consciência manda? Certo. Mas, em alguns meses, mais uma denúncia acontece; dessa vez, é a outra marca que explora as pessoas, e o consumidor se vê, mais uma vez, tendo que mudar seu destino de compra. Quer dizer, então, que cabe ao cliente punir as empresas acusadas de trabalho escravo? Não deveria caber ao governo e às outras empresas? Ou à fiscalização relacionada a essa prática? Será que as leis não deveriam ser mais duras e a fiscalização mais certeira? É tão absurdo quanto horrendo saber que pessoas trabalham em situações sub-humanas, mas não cabe ao consumidor ser o fiscal nem o promotor dessas ações de combate. Ele deve, sim, denunciar quando houver suspeita, claro. Mas, além disso, combater o trabalho escravo é ou deveria ser de total responsabilidade do Estado e das empresas e marcas. Algumas delas estão tomando medidas proativas para abordar a escravidão em sua cadeia de abastecimento, no âmbito do Plano Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo. As empresas utilizam uma lista suja para identificar os fornecedores com evidência de escravidão. Empresas de abastecimento identificadas nessa lista não são elegíveis para crédito financeiro e enfrentam sanções econômicas e jurídicas. Ou seja, os esforços parecem aumentar, mas ainda precisa melhorar muita coisa. (“Trabalho escravo: a culpa é de quem?”. www.consumidormoderno.com.br, 13.05.2015. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma--padrão da língua portuguesa, sobre o tema: “O papel do consumidor no combate à escravidão moderna”. 16. (FAMEMA 2018) Violência contra o professor Texto 1 Uma pesquisa mundial da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com mais de 100 mil professores e diretores de escola do segundo ciclo do ensino fundamental e do ensino médio (alunos de 11 a 16 anos) põe o Brasil no topo de um ranking de violência em escolas: 12,5% dos professores ouvidos no país disseram ser vítimas de agressões verbais ou de intimidação de alunos pelo menos uma vez por semana. Trata-se do índice mais alto entre os 34 países pesquisados. A pesquisadora Rosemeyre de Oliveira, da PUC-SP, atribui a violência nas escolas à impunidade dos estudantes. “O aluno que agride o professor sabe que vai ser aprovado. Pode ser transferido de colégio t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 136 – às vezes é apenas suspenso por oito dias”, diz. “Os regimentos escolares não costumam sequer prever esse tipo de crime. Aí, quando ele ocorre, nada acontece.” (Luiza Tenente e Vanessa Fajardo. “Brasil é #1 no ranking da violência contra professores: entenda os dados e o que se sabe sobre o tema”. g1.globo.com, 22.08.2017. Adaptado.) Texto 2 A presidente-executiva da organização Todos Pela Educação, Priscila Cruz, acredita que o primeiro passo para diminuir as agressões contra os professores é reconhecer que a escola sozinha não é capaz de prevenir a violência. “Muitas vezes, essa é a referência em casa, na comunidade. É preciso trabalhar a cultura de paz na escola, motivar a solução não violenta de conflitos. Qualquer violência escolar não é um problema só da educação.” Para a coordenadora executiva da Comunidade Educativa (Cedac), Roberta Panico, esse tipo de violência é uma reprodução do que ocorre fora da escola, mas há outro tipo de agressão praticada pela escola contra o aluno, da qual pouco se fala. “A sociedade está mais violenta. Ir para uma escola suja, quebrada, não aprender o que deveria, isso também é violência.” (Maiza Santos. “Brasil é campeão em atos violentos de alunos contra professores”. www.em.com.br, 23.08.217. Adaptado.) Texto 3 No contexto escolar, a partir do conjunto de regras que ditam os comportamentos e as relações – incluído aí o exercício da autoridade por parte do professor – desenvolvem-se sentimentos, atitudes e percepções variadas acerca da própria escola, que podem, muitas vezes, levar a desinteresse, indisciplina e atos de violência por parte dos alunos. Esses reclamam que os próprios adultos infringem as regras e que há abuso de poder por parte das instituições, que impõem regras sem margens de defesa ou possibilidades de contestação por parte dos jovens. Por outro lado, os professores sugerem que a estrutura familiar e a falta de sintonia entre escola e família em relação ao papelque desempenham na formação do aluno contribuem para a incidência de agressões. Segundo os docentes, a violência contra o professor é um reflexo da classe social a que pertencem os alunos, das comunidades em que estão inseridos, da família da qual fazem parte e das mídias a que têm acesso. (Kátia dos Santos Pereira. “Violência contra os professores nas escolas”. www2.camara.leg.br, maio de 2016. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma- -padrão da língua portuguesa, sobre o tema: A violência contra o professor é consequência de regras escolares impostas aos alunos de forma autoritária ou reflexo de uma sociedade violenta? 17 . (UEA 2019) Comportamentos machistas na internet Texto 1 Atitudes machistas de torcedores na Copa do Mundo de 2018 na Rússia geraram polêmicas com a divulgação de vídeos em que mulheres são constrangidas ao repetirem palavras ofensivas em idiomas que não conhecem. O caso que gerou maior repercussão no país envolve um grupo de brasileiros que, sob pretexto de ensinar cantos de torcida, fez com que uma jovem repetisse palavras que remetessem ao órgão sexual feminino. Ela sorri e repete animada. A jurista e ativista russa Alena Popova fez um abaixo-assinado on-line para denunciar a atitude dos torcedores brasileiros. Segundo ela, a petição pode ser usada pelo governo russo para uma possível t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 137 punição. Popova diz que os torcedores poderiam ser punidos com uma multa por humilhar publicamente a honra e a dignidade da mulher russa e por violar a ordem pública. (“Vídeos machistas de torcedores na Rússia se espalham pela web e causam revolta”. https://g1.globo.com.br, 19.06.2018. Adaptado.) Texto 2 O jornalista âncora do RedeTV News, Boris Casoy, causou grande polêmica ao comentar o vídeo machista de brasileiros, gravado durante a Copa do Mundo de 2018 na Rússia: “O que esses turistas fizeram é reprovável, mas tudo isso não passa de uma molecagem que não é inédita, uma cafajestagem de péssimo gosto. Nada comparável a um crime. Portanto, nada justifica o linchamento desses moleques, que está circulando pelo Brasil inteiro como se tivessem cometido o pior crime do mundo. São apenas moleques e cafajestes”, avaliou Casoy. (Leandro Mendonça. “Boris Casoy causa polêmica ao defender brasileiros de vídeo de assédio na Copa do Mundo”. https://minutolivre.com, 20.06.2018. Adaptado.) Texto 3 ]O ambiente virtual favorece a formação de aglomerações espontâneas que se dedicam tanto a castigar pessoas específicas quanto a atacar grupos sociais. Em seu livro “Is Shame Necessary?” (“A vergonha é necessária?”, ainda sem tradução no Brasil), a professora Jennifer Jacquet enxerga o lado positivo do fenômeno. Segundo ela, o constrangimento público facilitado pela tecnologia pode ser útil para que a sociedade civil exponha autoridades e empresas, reprovando ações que considere nocivas. “A punição pela exposição pública age não apenas para desestimular um indivíduo a repetir comportamentos, mas para sinalizar à sociedade que um comportamento não é apropriado”, reforça a professora. (Walter Porto. “Redes sociais empoderam indivíduos, mas viram nova praça de linchamento”. www1.folha.uol.com.br, 24.04.2015. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: A exposição de autores de comportamentos machistas na internet contribui para desestimular tais comportamentos? 18 . (Autoral 2020 Wagner Santos) Depressão na adolescência Texto I Depressão na adolescência (Drauzio Varella) Depressão é uma doença crônica, recorrente, muitas vezes com alta concentração de casos na mesma família, que ocorre não só em adultos, mas também em crianças e adolescentes. O que caracteriza os quadros depressivos nessas faixas etárias é o estado de espírito persistentemente irritado, tristonho ou atormentado que compromete as relações familiares, as amizades e a performance escolar. (...) A doença é recorrente: para quem já apresentou um episódio de depressão a probabilidade de ter o segundo em dois anos é de 40%, e de 72% em 5 anos. Em pelo menos 20% dos pacientes com depressão instalada na infância ou adolescência, existe o risco de surgirem distúrbios bipolares, nos quais fases de depressão se alternam com outras de mania, caracterizadas por euforia, agitação psicomotora, diminuição da necessidade de sono, ideias de grandeza e comportamentos de risco. t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 138 Antes da puberdade, o risco de apresentar depressão é o mesmo para meninos ou meninas. Mais tarde, ele se torna duas vezes maior no sexo feminino. A prevalência da enfermidade é alta: depressão está presente em 1% das crianças e em 5% dos adolescentes. Ter um dos pais com depressão aumenta de 2 a 4 vezes o risco da criança. O quadro é mais comum entre portadores de doenças crônicas como diabetes, epilepsia ou depois de acontecimentos estressantes como a perda de um ente querido. Negligência dos pais e/ou violência sofrida na primeira infância também aumentam o risco. É muito difícil tratar depressão em adolescentes sem os pais estarem esclarecidos sobre a natureza da enfermidade, seus sintomas, causas, provável evolução e as opções medicamentosas. Uma classe de antidepressivos conhecida como a dos inibidores seletivos da recaptação da serotonina (fluoxetina, paroxetina, citalopran, etc.) é considerada como de primeira linha no tratamento em crianças e adolescentes e os estudos mostram que 60% respondem bem a esse tipo de medicação, que apresenta menos efeitos colaterais e menor risco de complicações por “overdose” do que outras classes de antidepressivos. (https://drauziovarella.uol.com.br/drauzio/depressao-na-adolescencia/. Fragmento) Texto II Considerando as ideias apresentadas no texto e outras que julgar importantes, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema: como os jovens devem lidar com as mudanças em sua vida para tentar evitar a depressão? Instruções: • A dissertação deve ser redigida de acordo com a norma culta da língua portuguesa. • Escreva, no mínimo, 20 linhas, com letra legível, e não ultrapasse o limite de 30 linhas. • Dê, se achar necessário, um título à sua redação. 19. (FAMERP 2017) Selfies Texto 1 O respeitabilíssimo Dicionário Oxford, o mais extenso da língua inglesa, anunciou que um novo verbete passaria a figurar em suas páginas: selfie, que reúne o substantivo “self” (eu, a própria pessoa) e o sufixo “-ie”. Eis sua definição: “Fotografia que alguém tira de si mesmo, em geral com smartphone ou webcam, e carrega em uma rede social.” (Rafael Sbarai. “Selfie é a nova maneira de expressão e autopromoção”. veja.abril.com.br, 23.11.2013. Adaptado.) t.me/CursosDesignTelegramhub https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwiyzaKVu-3bAhWCTJAKHa-ZAUoQjRx6BAgBEAU&url=https://matematicaeafins.com.br/blog/2018/05/03/atualidades-xxiv-2018-depressao-entre-adolescentes-e-suicidio-entre-adolescentes-e-na-populacao-em-geral/&psig=AOvVaw1Unu9XFNB4KMEcfetMiIiY&ust=1529969610476827 ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 139 Texto 2 O professor de psicologia da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, Keith Campbell, sugere que um dos motivos que nos fazem amar selfies é porque elas são uma forma de expressão criativa. Ele afirma que a selfie é uma variação moderna dos autorretratos dos artistas. As selfies também nos permitem exercer um nível de controle maior sobre como os outros nos enxergam online, e isso é um grande apelo. Graças às câmeras doscelulares localizadas na frente, podemos tirar inúmeras fotos de nós mesmos até conseguir a imagem que nos mostra exatamente como queremos – uma imagem a qual nos sentimos felizes de compartilhar com o mundo online. Curioso notar que uma pesquisa sugere que essa “auto representação seletiva” pode na verdade aumentar nossa autoestima e confiança. E os benefícios potenciais da selfie não param aí. As selfies têm uma característica espontânea e íntima que vem mudando a maneira com que documentamos, compartilhamos e celebramos eventos. Quando encontramos uma celebridade, não buscamos mais um autógrafo impessoal, nem precisamos usar cartões postais para dividir as memórias de uma viagem bacana. Pelo contrário, capturamos esses momentos únicos e compartilhamos com nossos amigos imediatamente. A Dra. Andrea Letamendi explica que “psicologicamente, podem haver benefícios em se compartilhar selfies porque essa prática está impregnada em nossa cultura e é uma maneira de se interagir socialmente com outros.” (“O que seu selfie diz sobre você? A ciência por trás da nossa obsessão”. www.shutterstock.com. Adaptado.) Texto 3 Na mitologia grega, Narciso era conhecido por sua beleza, mas, ao ver-se refletido nas águas de uma fonte, apaixonou-se por si mesmo. E, em busca desse amor impossível, fundiu-se consigo mesmo e sucumbiu na própria imagem. Trazendo para o atual contexto, podemos ver o narcisismo nas tecnologias, principalmente com o uso das redes sociais e as tão faladas selfies, que não estariam ligadas apenas à intenção de se expor, através de um autorretrato, mas também a uma busca pelo elogio e pelo olhar do outro para ser admirado, reconhecido e, assim, amado. O que é muito discutido atualmente é se toda essa exposição e busca revela um sintoma da sociedade, cada vez menos interessada nas relações de fato e reais, à medida que apenas investe na proliferação de imagens, que não necessariamente traduzem o sentido real, ou seja, se o indivíduo de fato está feliz e bem. Mas essa busca por ser admirado e amado, de modo tão instantâneo, traduz os reais sentimentos? E, ao final, o indivíduo que terá muitas curtidas e elogios realmente se sentirá melhor? Dessa forma, cada vez mais as relações se tornam superficiais, ou seja, quando o indivíduo está realmente em contato com o outro, pouco expõe o que deseja, sente, pensa, já que está tão voltado para a sua selfie. (“O narcisismo na contemporaneidade: o mal-estar da era das selfies”. http://lounge.obviousmag.org, setembro de 2014. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o seguinte tema: Selfies: mecanismo de interação social ou narcisismo em excesso? t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 140 20. (FAMECA 2016) Remoção de órgãos saudáveis para prevenir o câncer Texto 1 A decisão de Angelina Jolie de remover um órgão para prevenir a incidência de câncer gerou repercussão mundial mais uma vez, lançando luz sobre a solução indicada por especialistas para os casos de quem apresenta mutação no gene BRCA1. Angelina, que perdeu a mãe, a avó e a tia para a doença, retirou as mamas (mastectomia) em 2013 e, recentemente, fez cirurgia para a remoção de ovários e trompas de Falópio (tubas uterinas). Patricia Prolla, professora de Genética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenadora da Rede Nacional de Câncer Familial, ressalta que a decisão da atriz em nada tem a ver com exagero ou automutilação: “O que ela está fazendo é alertar para um risco muito alto e está tentando desmistificar uma conduta que é agressiva, mas necessária.”. (“Entenda a mutação do gene de Angelina Jolie”. http://zh.clicrbs.com.br, 27.03.2015. Adaptado.) Texto 2 Segundo o Dr. Antonio Luiz Frasson, mastologista do Hospital Albert Einstein, tumores nas mamas associados à mutação do gene BRCA1 afetam mulheres mais jovens, justamente uma faixa etária na qual alguns métodos de rastreamento, como a mamografia tradicional, podem se revelar menos eficientes. O rastreamento familiar e os exames moleculares permitem identificar se há suscetibilidade hereditária a mutações. Quando confirmada a mutação genética, particularmente do gene BRCA1, a mastectomia é, sim, um eficiente recurso preventivo. (“Mastectomia profilática: fazer ou não?”. www.einstein.br, 12.06.2013. Adaptado.) Texto 3 Uma mulher com alto risco para câncer de mama pode optar por não fazer a mastectomia preventiva. Uma alternativa é redobrar o acompanhamento das mamas, partindo para exames de rastreamento, como ultrassom e mamografias, em intervalos de tempos mais curtos, por exemplo. O objetivo, nesse caso, é identificar o câncer numa fase muito precoce e iniciar o tratamento adequado a partir desse diagnóstico. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam que, se a doença for detectada em estágio inicial, a chance de cura chega a 90%. (“Mastectomia preventiva: cirurgia”. www.minhavida.com.br. Adaptado.) Texto 4 A cirurgia de retirada dos ovários, das trompas e das mamas não é a única forma de prevenir o câncer nesses locais. Uma alimentação equilibrada, aliada a exercícios físicos e a um rigoroso acompanhamento médico, pode evitar o crescimento de tumores e impedir a mutilação. “A retirada dos órgãos diminui em 90% a possibilidade de a mulher ter a doença, mas não a extingue por completo”, afirma Reynaldo Augusto Machado Júnior, ginecologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo. Outro agravante da retirada dos ovários é a menopausa precoce, que pode trazer sintomas depressivos, osteoporose desencadeada pela perda de massa óssea e queda na libido. A reposição hormonal pode ajudar a evitar esses sintomas, mas, por ter potencial cancerígeno, também aumenta a chance de desenvolver outros tipos de câncer. (“Cirurgia de Angelina para evitar câncer leva à menopausa e queda da libido”. http://noticias.uol.com.br, 24.03.2015. Adaptado.) t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 141 Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Remoção de órgãos saudáveis para evitar o câncer: prevenção necessária ou conduta exagerada? 21. (Faculdade Albert Einstein/Medicina 2017 ) O papel da argumentação nas redes sociais TEXTO I As pessoas não estão prontas para opiniões nas redes sociais A “liberdade” das redes sociais é algo interessante de discutir. Conversando com um colega de profissão, por meio de um aplicativo de uma rede social, é claro, falávamos sobre as pessoas expressarem suas opiniões nas redes sociais. Que fique claro que, em minha# , isso é bom! Mas claro que estou Opinião sendo “educado” em dizer “expressar suas opiniões”, pois, muitas vezes, eles impõem suas opiniões e mais, transformam a liberdade de expressão em “discurso de ódio”. Grande número de participantes das discussões perde, rapidamente, a capacidade de “argumentação” e passa para grosseria. [...] A democracia tem sido posta em prática nas todos redes sociais os dias. O grande problema, em minha opinião, não é a liberdade democrática expressa em postagens curtas, longas, imagens ou textos, como este texto, publicado em redes sociais, mas sim, a falta de prática democrática nos discursos/textos.[...] Lendo algumas postagens e suas discussões, chego à seguinte conclusão: a prática da argumentação inteligente é uma importante maneira de expressar a liberdade de opinião e entender que a liberdade começa na capacidade de interpretar e respeitar a opinião do outro, até porque, isso tudo que escrevi, é a minha opinião. Especialistas garantem que estudar a arte de convencer os outros virou necessidade não só para quem quer persuadir, mas tambémpara não ser enrolado pela conversa alheia. Uma boa argumentação abre portas. É no que se acredita desde a Antiguidade, quando as primeiras técnicas retóricas foram criadas para convencer e persuadir o público de uma ideia que, independentemente de ser verdadeira, é eloquente. Numa era de informação global, no entanto, em que comunicar está na base das relações pessoais e profissionais, estar familiarizado com as principais formas de convencimento virou um trunfo de mão dupla: quem sabe a importância de convencer alguém saberá também não cair tão fácil na primeira lábia de um interlocutor. "Num mercado altamente competitivo e em acelerada mudança, a habilidade de comunicar ideias e convencer as pessoas da necessidade de mudanças é essencial. Nestas circunstâncias, o domínio das técnicas de persuasão cria um diferencial valioso", diz Jairo Siqueira, consultor em criatividade e negociação. [...] Mestre em estudos literários pela Unesp, o linguista Victor Hugo Caparica lembra que mesmo as relações interpessoais são, em última análise, relações interdiscursivas. Ou seja: na maior parte do tempo, estamos argumentando em maior ou menor grau com as pessoas que nos cercam, influenciando e sendo por elas influenciados. Disponível em: http://br.blastingnews.com/sociedade-opiniao/2016/06/as-pessoas-nao-estaoprontas-para-opinioes-nas-redes-sociais- 00993347.html. Acesso em: 06 set. 2016. Adaptado TEXTO II A Arte de Argumentar Todos nós teríamos muito mais êxito em nossas vidas, produziríamos muito mais e seríamos muito mais felizes, se nos preocupássemos em gerenciar nossas relações com as pessoas que nos rodeiam, desde o campo profissional até o pessoal. Mas para isso é necessário saber conversar com t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 142 elas, argumentar, para que exponham seus pontos de vista, seus motivos e para que nós também possamos fazer o mesmo. Segundo o senso comum, argumentar é vencer alguém, forçá-lo a submeter-se à nossa vontade. Definição errada! [...] Seja em família, no trabalho, no esporte ou na política, saber argumentar é, em primeiro lugar, saber integrar-se ao universo do outro. E também obter aquilo que queremos, mas de modo cooperativo e construtivo, traduzindo nossa verdade dentro da verdade do outro. In: ABREU, A.S. A Arte de Argumentar: gerenciando razão e emoção. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 1999, p. 10. Fonte da imagem: Revista Língua. Ano 8. N. 88, 2013, p. 7 TEXTO III PROPOSTA DE REDAÇÃO Diante da inquestionável necessidade de domínio da argumentação na vida em sociedade – seja nas redes sociais ou em outras situações de interlocução –, construa um texto dissertativo- argumentativo que apresente seu ponto de vista sobre o papel da argumentação nas redes sociais, em tempos em que a exposição intensa na web é uma constante. Sustente seu posicionamento com argumentos relevantes e convincentes, articulados de forma coesa e coerente. Dê um título ao texto. Seu trabalho será avaliado de acordo com os seguintes critérios: espírito crítico, adequação do texto ao desenvolvimento do tema, estrutura textual compatível com o texto dissertativo-argumentativo e emprego da modalidade escrita formal da língua portuguesa. 22.( FAMEMA 2017) Excesso de cirurgias plásticas Texto I Em 2013, o Brasil chegou ao primeiro lugar no ranking dos países que mais faziam cirurgias plásticas no mundo. Segundo a mais recente pesquisa da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, o Brasil realizou 1,22 milhão de procedimentos em 2015. O Brasil está agora em segundo lugar no ranking, superado apenas pelos Estados Unidos que, em 2015, registraram 1,41 milhão de cirurgias. (Mariana Lenharo. “Cai número de plásticas no Brasil, mas país ainda é 2o no ranking, diz estudo”. http://g1.globo.com, 27.08.2016. Adaptado.) Texto II Que modelo de mulher é a Barbie, que reinou por mais de meio século como um ideal feminino a ser atingido? Um que não existe. E não é que Barbie não exista por ser linda demais, inatingível para pobres mortais com seus genes imperfeitos, mas sim por ser bizarra demais, uma arquitetura que t.me/CursosDesignTelegramhub ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas Caderno de Proposta 143 literalmente não para em pé. Graças a sua cinturinha, Barbie só teria espaço para acomodar metade de um rim e alguns centímetros de intestino. Como o pescoço é duas vezes maior do que o de uma mulher e 15 centímetros mais fino, ela não teria como manter a cabeça erguida. Andar, só como um quadrúpede. (Eliane Brum. “Quem precisa da Barbie, tenha o corpo que tiver?”. http://brasil.elpais.com, 01.02.2016. Adaptado.) Texto III Sabe-se que há riscos para a pessoa que faz uma cirurgia plástica. Podem ocorrer infecções, sangramentos, perfuração de órgãos e hematomas. Além disso, não são raros casos de morte na sala cirúrgica ou por complicações posteriores. Por que essa incessante busca pelo corpo perfeito, à custa de bisturi e sangue? A mídia tem uma grande influência sobre seu público. Homens e mulheres comuns estão cercados de anúncios que utilizam modelos esteticamente perfeitos. Numa guerra contra o espelho, há pessoas que não aceitam sua imagem fora do padrão estético vigente. Assim, não bastam academias de ginástica, dietas, cosméticos e salões de beleza. É preciso cortar a própria carne. Tudo bem quando isso é feito de forma responsável e conforme o mais alto grau de profissionalismo. Contudo, a recorrência ao bisturi para alterar a aparência é um problema quando se torna obsessão. Na mitologia grega, Procusto era um malfeitor que capturava viajantes para fazê-los caber numa espécie de leito de ferro. Se fossem maiores que o leito, cortava-lhes pedaços a golpes de machado. Se menores, os esticava. Metaforicamente, eu prefiro não caber no leito de Procusto. (Márcio Chocorosqui. “À procura do corpo perfeito”. http://lounge.obviousmag.org. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma- -padrão da língua portuguesa, sobre o tema: O excesso de cirurgias plásticas em uma sociedade de padrões estéticos opressores impostos pela mídia 23. (Unifesp 2019) Eutanasia Texto 1 A morte continua sendo um tabu. Por isso não falamos dela. Mas quando perguntamos às pessoas se têm medo da morte, elas costumam responder que, na verdade, têm medo do sofrimento. Da dor física, claro, mas também da dor psicológica de ter que continuar vivendo em condições insuportáveis. “Sinto- me preso numa jaula”, dizia Fabiano Antoniani, um tetraplégico italiano que vivia prostrado desde que sofreu um grave acidente, em 2014, que o deixou sem visão nem mobilidade. Sabia que ainda podia viver bastante tempo, porque o organismo de um homem forte de 40 anos pode aguentar muito, mas não queria seguir assim. No final de fevereiro, Antoniani foi à Suíça – o único país, entre os seis nos quais a eutanásia (a ajuda ao suicídio) está legalizada, que admite estrangeiros. Ele mesmo, com um movimento dos lábios, acionou o mecanismo que introduziu o coquetel da morte em sua boca. A perspectiva de uma longa e penosa deterioração faz com que muitos cidadãos queiram decidir, por si sós, quando e como morrer. Nas palavras de Ramón Sampedro (tetraplégico espanhol que recorreu em vão aos tribunais para que o ajudassem a morrer), existe o direito à vida, mas não a obrigação de viver a qualquer preço. Este é o princípio no qual se baseiam os que propõem a despenalização da eutanásia. Ter acesso a uma morte medicamente assistida significaria uma extensão dos direitos civis. Romper o tabu da morte exige poder falar com naturalidade dela. A regulamentação da eutanásia precisa de uma deliberação informada, distante dos apriorismos e dos sectarismos ideológicos. Sempre haverá opositores porque consideram que as pessoas não podem dispor