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Direito Penal - Seção 2 - Revogação da Prisão Preventiva

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO PAULO – SP.
JOÃO DAS COUVES, já qualificado nos autos, vem por meio de seu advogado (procuração anexa), apresentar REVOGAÇAO DE PRISÃO PREVENTIVA, com fundamento no 316 do Código de Processo Penal, pelos seguintes fatos e fundamentos:
DOS FATOS
Conforme ocorrência policial já inserida nos autos, o acusado foi flagrado dentro de sua residência praticado atos libidinosos consistentes com sexo oral e conjunção carnal com sua namorada Luluzinha, que na época dos fatos tinha 13 anos de idade. Os fatos se deram da seguinte forma:
Os policiais civis, cientes de toda a ocorrência, foram até a sua residência e bateram à porta, solicitando a entrada. João das Couves não atendeu ao chamado, pois estava em um momento íntimo com sua namorada, praticando atos libidinosos e conjunção carnal, tendo os policiais civis invadido o local sem terem a certeza de que o investigado estaria praticando os mencionados atos sexuais. Ademais, ingressaram na residência sem qualquer consentimento do morador.
Com sua prisão em flagrante, João das Couves fora encaminhado para audiência de custódia, que fora realizada 72 horas após os fatos, pelo juiz de direito da 1ª Vara Criminal da Comarca de São Paulo/SP.
Foi requerido o relaxamento da prisão em flagrante, tendo em vista que ela não fora feita de forma legal, uma vez que se descumpriu o art. 310, caput, CPP, que exige o prazo de 24 horas para a sua realização, bem como não estavam presentes os requisitos da prisão preventiva, forte, ainda, que a investigação foi lastreada em denúncia anônima e o flagrante foi feito sem observar os balizamentos jurisprudenciais de consentimento do morador.
Todavia, o magistrado com atuação na audiência de custódia, entendeu por bem decretar a prisão preventiva com base nos seguintes fundamentos: “Entendo que o prazo legal de 24 horas para a realização da audiência de custódia é impróprio e não merece ser cumprido à risca; a invasão de domicílio feita pelos policiais é justificável, pois estava ali sendo praticado um crime hediondo, constituindo a ausência de consentimento mera irregularidade; eventuais abusos cometidos contra o acusado devem ser resolvidos na via própria”.
Dessa forma, o réu, neste momento, encontra-se preso preventivamente na cidade de São Paulo/SP, mais precisamente por ordem da 1ª Vara Criminal da Capital. Cumpre ressaltar que até o presente momento não houve indiciamento, já se ultimando 120 dias de investigação, sem qualquer análise posterior da necessidade de manutenção da prisão preventiva.
Por fim, o magistrado entendeu que por tratar-se de crime permanente, o flagrante poderia ser dado a qualquer tempo, independentemente de autorização judicial, bem como que a inexistência de consentimento do morador para o ingresso em sua residência constitui mera irregularidade.
Cumpre ressaltar que até o presente momento não houve indiciamento, já se ultimando 120 dias de investigação, ultrapassando-se o prazo previsto no artigo 51 da Lei nº 11.343/06.
Além disso, até o presente momento, o laudo pericial acerca da perda ou não da virgindade de Luluzinha ainda não ficou pronto, inexistindo nos autos qualquer materialidade acerca dos eventuais atos sexuais perpetrados.
Assim, vem requerer a liberdade do acusado, de acordo com os fundamentos a seguir expostos.
DOS FUNDAMENTOS 
DA INEXISTENCIA DOS REQUISITOS DO ART. 312, CPP
Inicialmente, deve ser alertado o mandamento constitucional de que ninguém deve ser considerado culpado, senão depois do trânsito em julgado de uma sentença condenatória, com base no artigo 5º, LVII, CF.
Além disso, destaca-se que o artigo 312, CPP deveria ter sido preenchido de forma exaustiva, o que nem de longe ocorrera no presente feito.
Ora, a prisão preventiva deve ser decretada quando houver a existência de periculum libertatis e fumus comissi delicti, como bem preleciona o Professor Avena, in verbis:
Como qualquer medida cautelar, a preventiva pressupõe a existência de periculum in mora (ou periculum libertatis) e fumus boni iuris (ou fumus comissi delicti), o primeiro significando o risco de que a liberdade do agente venha a causar prejuízo à segurança social, à eficácia das investigações policiais/apuração criminal e à execução de eventual sentença condenatória, e o segundo, consubstanciado na possibilidade de que tenha ele praticado uma infração penal, em face dos indícios de autoria e da prova da existência do crime verificados no caso concreto. (AVENA, 2020, p. 1054)
Por sua vez, o art. 312 do CPP demonstra os requisitos indispensáveis para a realização da prisão preventiva, verbis:
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. (BRASIL, 1941, [s. p.])
Assim, antes de analisar os requisitos necessários à decretação da prisão preventiva, o juiz deverá ter certeza da existência do crime e indícios suficientes de autoria, pressupostos fundamentais para a sua imposição. No escólio de Nestor Távora e Osmar Rodrigues:
Temos a necessidade de comprovação inconteste da ocorrência do delito, seja por exame pericial, testemunhas, documentos, interceptação telefônica autorizada judicialmente ou quaisquer outros elementos idôneos, impedindo-se a segregação cautelar quando houver dúvida quanto à existência do crime. Quanto a autoria, são necessários apenas indícios aptos a vincular o indivíduo à prática da infração. Não se exige a concepção de certeza, necessária para uma condenação. A lei se conforma com o lastro superficial mínimo vinculando o agente ao delito. (TÁVORA; ALENCAR, 2019, p. 980)
O Código de Processo Penal estabelece no art. 312 os pontos necessários para fundamentação da prisão preventiva, pois, além de ser necessária a prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria, a decretação deverá motivar-se em um dos seus requisitos, sob pena de ilegalidade da prisão.
O primeiro requisito consiste na garantia da ordem pública. A doutrina majoritária critica esse requisito autorizador da medida cautelar, pois o conceito de tal expressão é bastante amplo. Para alguns doutrinadores, como Leonardo Barreto:
[...] violam a ordem pública: aqueles que afetam a credibilidade do judiciário; os que contam com a divulgação pela mídia (não confundir com sensacionalismo, clamor público); os crimes cometidos com violência ou grave ameaça ou com outra forma de execução cruel; se o agente delitivo possui longa ficha de antecedentes etc. (ALVES, 2019, p. 117)
Nessa linha de pensamento, o Superior Tribunal de Justiça entende que a prisão preventiva decretada para garantir a ordem pública não pode basear-se em dados abstratos, como, a título de exemplificação, estar o indivíduo submetido a processo criminal ou já ter sido condenado por outro crime, bem como o fato de a capacidade econômica dele ser elevada e isso, por si só, já configurar elemento suficiente para consubstanciar-se na chamada na garantia da ordem pública.
No caso concreto deve ser demonstrado exaustivamente que a liberdade do indivíduo coloca a ordem pública em perigo, por ser uma exceção tal prisão, não pode basear-se em fatos abstratos. Nesses termos, é o pensamento do Superior Tribunal de Justiça:
EMENTA
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS.
PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA QUANTO AO PERICULUM LIBERTATIS. QUANTIDADE REDUZIDA DE DROGAS. MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS. SUFICIÊNCIA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. RECURSO MINISTERIAL DESPROVIDO.
1. Para a decretação da prisão preventiva, é indispensável a demonstração da existência da prova da materialidade do crime e a presença de indícios suficientes da autoria. Exige-se, ainda, que a decisão esteja pautada em lastro probatório que se ajuste às hipóteses excepcionais danorma em abstrato (art. 312 do CPP), demonstrada, ainda, a imprescindibilidade da medida. Precedentes do STF e STJ.
2. Na espécie, as instâncias ordinárias não apontaram elementos concretos robustos, relativos à conduta perpetrada pelo agravado, que demonstrem a imprescindibilidade da medida restritiva da liberdade, nos termos do art. 312 do CPP. Além disso, a gravidade abstrata do delito, por si só, não justifica a decretação da prisão preventiva. Precedentes.
3. No caso, embora haja um aparente risco de reiteração delitiva, por se tratar de réu que já responde a processo por delito da mesma natureza, não há registro de excepcionalidades para justificar a medida extrema. Além disso, a quantidade de droga apreendida não se mostra expressiva (2g de crack em 25 pedras e 2g de cocaína em 5 trouxinhas) e não há qualquer dado indicativo de que o acusado, que é primário, integre organização criminosa ou esteja envolvido de forma profunda com a criminalidade, contexto que evidencia a possibilidade de aplicação de outras medidas cautelares mais brandas. Constrangimento ilegal configurado. Precedentes.
4. Agravo regimental a que se nega provimento (AgRg no RHC 167773 / CE).
O segundo requisito é para garantir a ordem econômica. In casu, deve ficar comprovado que a liberdade do acusado possa gerar um grave abalo à ordem econômica. Todavia, essa forma de prisão cautelar é totalmente genérica e de difícil constatação no caso concreto, muito em razão de ser bem parecida com a garantia da ordem pública.
A par de ilustrar, citam-se os crimes de sonegação fiscal com cifras exponenciais, lavagem de capitais praticada por meio de uma avançada engenharia econômica de forma a ocultar valores estratosféricos desviados de empresas públicas ou graves fraudes em licitações públicas que possam comprometer toda a estabilidade social local.
No sentido da inocuidade do requisito, Nestor Távora e Osmar Rodrigues prelecionam: “ (...) afinal, havendo temor da prática de novas infrações, afetando ou não a ordem econômica, já haveria o enquadramento na expressão maior, que é a garantia da ordem pública (TÁVORA; ALENCAR, 2019 p. 984).
O terceiro requisito consiste na garantia da instrução criminal. Nesse ponto, a lei prevê a possibilidade de prisão preventiva de alguém que esteja desafiando a produção probatória, ameaçando testemunhas ou destruindo provas. Mais uma vez, é bom lembrar que tais situações devem ser concretamente comprovadas nos autos.
Como último requisito, a prisão pode ser decretada para garantia da aplicação da lei penal. In casu, a possibilidade de prisão preventiva diz respeito àquela situação em que o agente evade e fica difícil o cumprimento da penalidade a ele imposta no final do processo.
Logo, a invocação da gravidade em abstrato do crime não constitui motivo suficiente para a decretação dessa medida extrema.
Por outro lado, inovando-se no Código de Processo Penal, o pacote anticrime estabeleceu ser a prisão cautelar medida extrema, ou seja, antes de decretar o encarceramento do indivíduo, cumpre ao magistrado estudar a possibilidade de decretar medidas cautelares diversas da prisão, caso sejam suficientes para proteger o bem jurídico protegido e o resguardo do devido processo legal, sendo que essas cautelares estão dispostas no art. 319, CPP.
Outra observação relevante para fins de análise da prisão preventiva é a regra inscrita no artigo 316, CPP, determinando-se ao juiz a necessidade de revisão da prisão preventiva decretada após o decurso do prazo de 90 dias, sob pena de ela ser classificada como ilegal, nestes termos:
Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva se, no correr da investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela subsista, bem como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal.
DO DESCUMPRIMENTO DO MANDAMENTO LEGAL PREVISTO NO ART. 316, CPP
De acordo com o artigo 316, CPP, assim transcrito:
Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva se, no correr da investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela subsista, bem como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal. (BRASIL, 1941, [s. p.])
No caso em tela, o magistrado que decretou a prisão preventiva ainda não se manifestou, mesmo após o período de 120 dias, acerca da necessidade ou não de manutenção da prisão preventiva, sendo que até a presente data inexiste decisão nesse sentido.
Ora, o Pacote Anticrime, com a novel disposição legal, veio com o intuito de impedir as famigeradas prisões sem prazo determinado, em que o acusado era esquecido nas masmorras estatais e entregue a sua própria sorte.
Assim, torna-se obrigatório ao magistrado rever se os fundamentos da prisão preventiva ainda persistem, o que não é o caso do presente processo, conforme exaustivamente demonstrado no item anterior.
Trata-se de regra importante para que não persistam as famigeradas prisões sem prazo, em que o acusado permanecia preso a totalidade da persecução penal sem qualquer fundamentação robusta, não havendo, ainda, nenhuma revisão do decreto prisional. Com a novel modificação legal, o juiz que decretou a prisão preventiva deverá atentar-se, após o prazo de 90 dias, para a necessidade ou não de sua manutenção, conforme vem decidindo o Supremo Tribunal Federal, in verbis:
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA ARMADA, TRÁFICO DE DROGAS E ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. PRISÃO CAUTELAR. PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE. OFENSA. INEXISTÊNCIA. RAZÕES RECURSAIS. DIALETICIDADE. AUSÊNCIA. INCOGNOSCIBILIDADE DO WRIT. INSTRUÇÃO DEFICITÁRIA. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. EMENDA À INICIAL. INVIABILIDADE. EXCESSO DE PRAZO E REVISÃO PERIÓDICA. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIAS. TERATOLOGIA OU FLAGRANTE ILEGALIDADE. INEXISTÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO.
1. Nos termos do Regimento Interno desta Suprema Corte, está o Relator autorizado a decidir monocraticamente o habeas corpus quando, como in casu, patente a ausência de teratologia ou flagrante ilegalidade, não havendo que se falar em ofensa ao princípio da colegialidade ou em cerceamento de defesa.
2. A inexistência de argumentação apta a infirmar o julgamento monocrático conduz à manutenção da decisão agravada, até mesmo por ofensa ao princípio da dialeticidade.
3. Esta Suprema Corte, ao julgar o mérito das ações de controle concentrado nº 43, 44 e 54, muito embora haja declarado a constitucionalidade do art. 283 do Código de Processo Penal – de maneira a obstar o início da execução da pena tão logo esgotadas as instâncias ordinárias – reservou o recolhimento prisional aos casos verdadeiramente enquadráveis no artigo 312 do mencionado diploma processual, conforme cada situação específica e identificável pelo juízo natural da causa.
4. Na esteira da jurisprudência desta Suprema Corte, incognoscível o habeas corpus que, a despeito de instruído com farta documentação, padece da apresentação de um dos acórdãos inquinados coatores, com a integridade dos votos exarados no julgamento colegiado.
5. Ainda consoante pacífico entendimento deste Supremo Tribunal Federal, inviável a emenda à inicial do writ, seja para suprimir deficiência instrumental seja para alterar o pedido e/ou a causa de pedir.
6. No tocante ao suposto excesso de prazo, melhor sorte não socorre ao paciente, se vindicada a soltura, junto à Corte antecedente, “por excesso de prazo na formação da culpa” e reconhecido por aquele Tribunal Superior estar o pleito “prejudicadoante a superveniência de sentença condenatória”. Precedentes. O conhecimento originário desse tema pelo Supremo Tribunal Federal, partindo de nova premissa – a prolação de sentença condenatória – configuraria supressão de instância, uma vez que não examinada pela autoridade ora inquinada coatora.
7. Outrossim, consoante tese fixada pelo Plenário desta Suprema Corte, no julgamento da SL n. 1395 MC-Ref, “A inobservância da reavaliação prevista no parágrafo único do artigo 316 do Código de Processo Penal (CPP), com a redação dada pela Lei 13.964/2019, após o prazo legal de 90 (dias), não implica a revogação automática da prisão preventiva, devendo o juízo competente ser instado a reavaliar a legalidade e a atualidade de seus fundamentos” (DJe 04.02.2021). De toda forma, o enfrentamento dessa matéria também, diretamente na presente oportunidade, representaria não apenas a compactuação com a deturpação do sistema recursal, como da própria competência constitucional conferida.
8. Agravo regimental não provido (HC 199991 AgR).
Pelo dispositivo legal e pela visão jurisprudencial, o magistrado que decretou a prisão preventiva deve analisar se os pressupostos e requisitos da prisão preventiva subsistem para fins de manutenção da custódia cautelar, devendo ser observado o prazo legal de 90 dias.
Outro ponto fundamental que deve ser observado nos crimes sexuais é que os laudos periciais devem ser juntados aos autos do processo para demonstrar que houve a materialidade do delito em testilha, uma vez que a palavra da vítima sozinha não pode ser levada ao extremo. Além disso, nos casos em que há consentimento para a prática do ato sexual, é mais difícil ainda de se afirmar que houve algum tipo de lesão ou violência, sendo o exame de corpo de delito de suma importância.
Nesse espeque, cita-se o artigo 158 do Código de Processo Penal, que assim elucida a questão:
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva: (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018)
I - violência doméstica e familiar contra mulher; (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018)
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018)
Pelo que se observa, nos crimes que deixam vestígios, a necessidade do laudo pericial é fundamental, de forma a comprovar a existência da materialidade do crime contra a dignidade sexual, notadamente naqueles em que se apuram a prática de atos sexuais.
DA APLICAÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO – ART. 319, CPP
Caso não se entenda que seria justa a restituição integral da liberdade do acusado, pugna sejam aplicadas medidas cautelares diversas da prisão, na forma do artigo 319, CPP, nestes termos:
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades;
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações;
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante;
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução;
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos;
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais;
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável e houver risco de reiteração;
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial;
IX - monitoração eletrônica.
Portanto, antes de decretar a prisão preventiva, o Magistrado deverá analisar a possibilidade de decretação de medida cautelar diversa da prisão, isolada ou conjuntamente, desde que adequada ao caso concreto, devendo determinar o encarceramento do agente apenas se as demais cautelares se mostrarem insuficientes.
DO DESCUMPRIMENTO DAS DISPOSIÇÕES PREVISTAS NOS ARTIGOS 50 E SEGUINTES DA LEI N. 11.343/2006
Deve ser ressaltado como inobservância do princípio do devido processo legal que não se cumpriram as disposições previstas na lei própria de regência.
Ora, o prazo legal para o encerramento de um inquérito policial estando o réu preso é de 30 dias, o que já fora ultrapassado e permite a ideia de excesso de prazo, devendo a liberdade ser restituída de forma imediata. Além disso, não houve qualquer indiciamento até o presente momento e o acusado segue preso sem previsão de encerramento das investigações.
Não obstante, por motivo de já deixar a matéria prequestionada, inexistem os laudos periciais pertinentes para o correto processamento de alguém nos moldes da Lei nº 11.343/06, sendo caso patente de ausência de materialidade.
De forma a explicitar a matéria tratada nesse tópico, traz-se ao conhecimento de Vossa Excelência a redação legal, com o fito de facilitar a compreensão, in verbis:
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) horas.
§ 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.
§ 2º O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1º deste artigo não ficará impedido de participar da elaboração do laudo definitivo.
§ 3º Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no prazo de 10 (dez) dias, certificará a regularidade formal do laudo de constatação e determinará a destruição das drogas apreendidas, guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)
§ 4º A destruição das drogas será executada pelo delegado de polícia competente no prazo de 15 (quinze) dias na presença do Ministério Público e da autoridade sanitária. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)
§ 5º O local será vistoriado antes e depois de efetivada a destruição das drogas referida no § 3º , sendo lavrado auto circunstanciado pelo delegado de polícia, certificando-se neste a destruição total delas. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)
Art. 50-A. A destruição de drogas apreendidas sem a ocorrência de prisão em flagrante será feita por incineração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contado da data da apreensão, guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo, aplicando-se, no que couber, o procedimento dos §§ 3º a 5º do art. 50. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014). (BRASIL, 2006, [s. p.])
Destarte, houve flagrante descumprimento daquilo que consta da legislação específica e pertinente da matéria.
DOS PEDIDOS
Diante do exposto, respeitosamente, requer a revogação da prisão preventiva, haja visto que:
a) Não foram preenchidos, de forma concreta, os requisitos do art. 312, CPP, pois não se demonstrou com elementos hábeis a presença da garantia da ordem pública ou qualquer outro elemento autorizador.
b) Não se cumpriu o mandamento legal do art. 316 do CPP, inexistindo razão para o seu descumprimento, uma vez que trata de imposição legislativa, bem como não se atenderam aos dispositivos legais previstos na Lei nº 11.343/06,artigos 50 e seguintes.
c) Requer, caso não seja revogada a prisão preventiva, pelo princípio da eventualidade, a aplicação das medidas cautelares diversas da prisão, conforme prudente arbítrio de Vossa Excelência, na forma do art. 319, CPP.
c) Requer, ainda, a imediata expedição de alvará́ de soltura em nome do acusado, para que ele possa, em liberdade, defender-se no curso da ação penal, comprometendo-se a comparecer a todos os atos processuais.
d) Por fim, seja ouvido o ilustre representante do Ministério Público.
Nestes termos, pede-se deferimento
São Paulo,
Assinatura
OAB

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