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U N I D A D E Representação gráfica dos métodos específicos do desenho tridimensional Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Distinguir desenho tridimensional de desenho bidimensional. Identificar os métodos dos desenhos tridimensionais. Explicar a relevância da representação gráfica em desenhos tridimensionais. Introdução A maneira como as pessoas se relacionam com os objetos e os espaços abertos ou fechados está intimamente ligada ao sentido da visão, pois as coisas do mundo têm altura, largura e profundidade, as três dimensões. Neste capítulo, você vai ver as diferentes formas de representar o processo de criação do projeto de design de interiores. A escolha de uma representação depende do que você pretende informar ao seu cliente e às equipes de execução de elementos, como mobiliário e revestimentos. Como você vai ver, é possível desenvolver desenhos em duas dimensões — altura e largura (bidimensionais) — ou aliar a profundidade para compor desenhos tridimensionais. Desenho tridimensional × desenho bidimensional As diferentes formas de representação do design de interiores geram abordagens distintas de cada um dos elementos do ambiente a ser projetado. Nesse sentido, as projeções em duas dimensões (bidimensionais) permitem 2 Representação gráfica dos métodos específicos do desenho tridimensional apresentar informações para atender a objetivos relacionados com a execução. Isso ocorre pois essas projeções podem apresentar ao cliente e às equipes de execução medidas de alturas e larguras, por meio de especificações constantes em plantas baixas, cortes ou secções e vistas ou elevações. Por outro lado, os desenhos tridimensionais permitem a visualização desses ambientes aliando a terceira dimensão, que é a profundidade. Assim, as perspectivas (uma das formas de se fazer essa representação) mostram um edifício ou um espaço interno de modo mais aproximado daquilo que é percebido pelo olho humano a partir de determinado ângulo (LEGGIT, 2008, p. 44). Na Figura 1, você pode ver as diferentes formas de representação bidimensionais e tridimensionais. A tarefa central da arquitetura e do design de interiores é mostrar as formas, construções e ambientes — que por natureza são tridimensionais — em uma superfície bidimensional, como o papel ou a tela de um computador. Autores como Ching (2017, p. 37) e Ching e Bingelli (2013, p. 71) reforçam essa relação com desenhos de múltiplas vistas, paraline ou em linhas paralelas e perspectivas, constituindo uma linguagem gráfica que é governada por um conjunto de regras e princípios. A forma de desenvolvimento das perspectivas pode ser bastante variada. Você pode fazer desenhos à mão livre ou croquis, com ou sem o auxílio de instrumentos como esquadros e escalímetros, ou mesmo por meio de programas computacionais. A simulação do ambiente poderia ser simplificada, assemelhando-se a uma fotografia desse ambiente ainda nas etapas de concepção e projeto, a fim de que se possa mostrar uma aproximação do resultado ao cliente. Representação gráfica dos métodos específicos do desenho tridimensional 3 Métodos de desenho tridimensional De acordo com as necessidades de representação dos objetos e dos ambientes internos ou externos, são empregadas distintas maneiras de apresentação gráfica tridimensional. Conforme a classificação de Ching e Bingelli (2013), além dos desenhos de múltiplas vistas ortogonais, que são as plantas baixas, cortes e vistas ou elevações, os desenhos tridimensionais do tipo paraline ou 4 Representação gráfica dos métodos específicos do desenho tridimensional de linhas paralelas utilizam as projeções axonométricas ou oblíquas. Já as perspectivas adotam um ou mais pontos de fuga. Você pode ver essas projeções na Figura 2. Nas projeções ortogonais, as linhas são projetadas paralelamente entre si e perpendicularmente ao plano do desenho. É necessário preservar o que se chama de verdadeira grandeza, pois a relação de dimensões em todos os planos é a mesma, sem apresentar distorções ou escorço. Nas projeções oblíquas, as linhas projetadas são paralelas entre si, porém oblíquas ao plano de desenho, como você também pode ver na Figura 1. As diferenças entre cada um dos sistemas se devem aos distintos ângulos entre as faces e o plano de desenho: Representação gráfica dos métodos específicos do desenho tridimensional 5 isométricas, em que os três eixos principais são representados com ângulos iguais ao do plano de desenho; dimétricas, em que dois dos três eixos principais estão em ângulos iguais ao do plano de desenho; trimétricas, em que os três eixos estão em ângulos diferentes. Dependendo de cada uma das metodologias e tipos de representações oblíquas, são aplicados fatores de redução de algumas das projeções. A mais comum dessas representações axonométricas é a isométrica, pois é uma representação com todos os ângulos iguais e com a igualdade de medidas. Na Figura 3, você pode perceber essa aplicação em um conjunto de edifícios e em uma visão “explodida” ou expandida de elementos de um desses edifícios, que serve para a identificação de cada um dos componentes do ambiente. Por outro lado, nas projeções em perspectiva, também chamadas de perspectivas cônicas, as linhas projetadas convergem de um ponto central que coincide com o olho do observador. Dessa maneira, elas são uma forma mais realista de se representar o ambiente construído e a paisagem urbana. Nelas são aplicados métodos para a redução de dimensões de acordo com as linhas convergentes. Yee (2016, p. 225) apresenta as vantagens de adotar as 6 Representação gráfica dos métodos específicos do desenho tridimensional perspectivas de projetos preliminares e croquis à mão livre para demonstrar forma, escala, textura, iluminação, contornos e sombras, além da organização espacial. Como representação final, a perspectiva é uma aproximação bastante fiel do resultado proposto. A importância da representação gráfica em desenhos tridimensionais As representações tridimensionais podem ser um recurso valioso para os profissionais do design de interiores. Elas permitem uma apresentação mais rápida das intenções projetuais por meio de croquis. Nelas, são perceptíveis as noções de escala e as proporções do projeto. Afinal, sempre são observadas relações geométricas nos desenhos e seus componentes, como paredes, pisos e tetos, no caso de ambientes internos. Durante a criação do projeto, desde a sua conceituação geral, as representações tridimensionais contribuem para a sua viabilização. Contudo, em um primeiro momento, não há a necessidade de utilizar muitos elementos ou detalhes. A ideia é auxiliar eficazmente o processo de tomada de decisões, inicialmente do(s) projetista(s). Com o avanço do processo projetual, o objetivo é promover a comunicação com os clientes e usuários, geralmente leigos e sem conhecimentos técnicos de visualização de esquemas e desenhos bidimensionais, como plantas baixas e elevações. Por meio de perspectivas, é possível desenvolver os elementos verticais e horizontais e suas associações. Além disso, é possível estudar os efeitos de cores no ambiente, ampliando ou reduzindo a percepção pelo usuário. Podem ser feitas representações bidimensionais e tridimensionais para a concepção de um ambiente e das relações entre espaços adjacentes. Representação gráfica dos métodos específicos do desenho tridimensional 7 Na Figura 4, os projetistas exploram as relações internas e externas com o objetivo de atrair os clientes até a loja, inserida em um edifício histórico atrás de edifícios adjacentes. Na Figura 5, os projetistas utilizam a representação em perspectiva oblíqua para definir a integração entre os elementos e o mobiliário em umdormitório. 8 Representação gráfica dos métodos específicos do desenho tridimensional 1. A representação axonométrica do tipo isométrica é uma das mais utilizadas no design de interiores. Qual é a sua principal característica? a) Todos os ângulos são diferentes uns dos outros. b) Dois ângulos são iguais. c) Todos os ângulos são iguais. d) Apresenta a visão do observador em um ponto de fuga. e) Os três eixos são diferentes. 2. As representações expandidas são também uma forma de Representação gráfica dos métodos específicos do desenho tridimensional 9 apresentar os componentes e elementos do ambiente. Em qual dos tipos elas podem ser melhor classificadas e visualizadas? a) Cônica com dois pontos de fuga. b) Bidimensional ortogonal. c) Perspectiva com um ponto de fuga. d) Oblíqua isométrica. e) Obliqua trimétrica. 3. A representação gráfica é uma excelente ferramenta para auxiliá-lo no design de interiores. Em qual das etapas de projeto as perspectivas manuais podem contribuir para demostrar as intenções gerais do ambiente? a) Na etapa de apresentação para o cliente. b) Na etapa de criação e conceituação. c) Nas etapas de criação e desenvolvimento da proposta. d) Em todas as etapas. e) Apenas na conceituação inicial. 4. Os desenhos são uma simulação dos objetos e ambientes desenvolvidos pelos profissionais de arquitetura e design de interiores. Nesse sentido, o que é verdadeira grandeza em uma representação bidimensional ou tridimensional? a) É a aplicação de fatores de redução das proporções e medidas dos elementos. b) Consiste em mostrar todos os componentes com suas dimensões reais. c) É a projeção das proporções do objeto de acordo com a sua distância do observador. d) Consiste em permitir que o observador escolha seu ponto de vista para perceber o espaço desenhado. e) São as medidas reais do objeto representadas segundo a escala de desenho adotada. 5. É importante compreender as diferenças entre as características de uma planta baixa e de uma perspectiva. Qual é o principal elemento para a diferenciação entre os desenhos bidimensionais e tridimensionais? a) A localização do observador em relação ao plano de desenho. b) As plantas baixas apresentam distorções de proporções entre os seus elementos, enquanto as perspectivas sempre são representadas em verdadeira grandeza. c) A etapa de desenvolvimento do processo de projeto de design de interiores a ser adotada. d) A forma como as projeções do objeto são representadas no plano de desenho. e) O modo como as linhas axiais do objeto representado são percebidas pelo observador. CHING, F. D. K.; BINGGELI, C. Arquitetura de interiores ilustrada. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. CHING, F. D. K. Representação gráfica em arquitetura. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2017. FERNANDO, P. H. L. et al. Desenho de perspectiva. Porto Alegre: Sagah, 2018. 10 Representação gráfica dos métodos específicos do desenho tridimensional HIGGINS, I. Planejar espaços para o design de interiores. São Paulo: GG, 2015. LEGGITT, J. Desenho de arquitetura: técnicas e atalhos que usam a tecnologia. Porto Alegre: Bookman, 2008. YEE, R. Desenho arquitetônico: um compêndio visual de tipos e métodos. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. Leituras recomendadas CHING, F. D. K. Desenho para arquitetos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. DOMINGUEZ, F. Croquis e perspectivas. Porto Alegre: Masquatro, 2011. GALESSO, L. Como desenhar perspectiva: aprenda a desenhar #3. ABRA — Escola de Arte, 17 maio 2013. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=15RNlEtXuko>. Acesso em: 11nov. 2018. KUBBA, S. A. A. Desenho técnico para construção. Porto Alegre: Bookman, 2014. QUADROS, E. S.; SANZI, G. Desenho de perspectiva. São Paulo: Érica, 2014.
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