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TC036 - Mecânica das Estruturas II Prof. Marcos Arndt 3. Método dos Deslocamentos – Parte 1 3 Método dos Deslocamentos 3.1 Metodologia Básica O método dos deslocamentos consiste em “somar uma série de soluções básicas (casos básicos) que satisfazem as condições de compatibilidade, mas não satisfazem as condições de equilíbrio da estrutura original, para na superposição restabelecer as condições de equilíbrio”. Condições a serem atendidas pelo modelo: 1. Condições de compatibilidade; 2. Condições sobre o comportamento dos materiais (leis constitutivas); 3. Condições de equilíbrio. 3.2 Deslocabilidades e Sistema Hipergeométrico (SH) Pode-se determinar a configuração deformada de qualquer barra a partir dos deslocamentos e rotações dos nós extremos da barra e do seu carregamento. Deslocabilidades são as componentes de deslocamentos e rotações nodais que estão livres, isto é, que devem ser conhecidas para determinar a configuração deformada de uma estrutura. São os parâmetros que definem completamente a configuração deformada de uma estrutura. São as incógnitas do método dos deslocamentos. Na estrutura da figura abaixo verificamos a existência de 6 deslocabilidades. Fonte: Martha (2001) Uma estrutura que tem todas as suas deslocabilidades definidas (com valores conhecidos) é chamada de estrutura cinematicamente determinada. O método dos deslocamentos utiliza nos casos básicos, uma estrutura cinematicamente determinada obtida através da estrutura original pela adição de vínculos. Esta estrutura é chamada de sistema hipergeométrico (SH). Existe um único sistema hipergeométrico (SH) para uma dada estrutura. Fonte: Martha (2001) Por exemplo, o SH do pórtico anterior é obtido pela adição de 6 vínculos restringindo as 6 deslocabilidades existentes. 3.3 Desenvolvimento do método Seja a estrutura hiperestática abaixo: Analisando a estrutura verificamos a existência de 3 deslocabilidades: os deslocamentos horizontal e vertical, e a rotação do nó C. a)Condições de compatibilidade entre deslocamentos: Esta estrutura pode ser encarada como sendo o Sistema Hipergeométrico correspondente com as deslocabilidades do sistema original impostas: Impedimos todas as deslocabilidades pela colocação de vínculos e aplicamos os deslocamentos e rotações impedidas. As deslocabilidades D1, D2 e D3 são as incógnitas do método. b) Leis constitutivas: Conceitos e hipóteses utilizados nos cálculos dos coeficientes utilizados no método. c) Condições de equilíbrio: Para garantir o equilíbrio do SH é necessário que as reações de apoio nos vínculos fictícios sejam todas nulas, pois estes vínculos não existiam na estrutura original. Pelo Princípio da Superposição de Efeitos, a estrutura pode ser analisada através da soma dos casos básicos O método consiste, portanto, em construir casos básicos de carregamento (caso 0) e deslocamentos impostos (recalques) aplicados ao sistema hipergeométrico (SH). O caso 0 corresponde ao sistema hipergeométrico sujeito ao carregamento externo original. Os demais casos (casos i) correspondem ao sistema hipergeométrico sujeito a apenas uma das deslocabilidades consideradas unitárias (Di = 1). As reações nos apoios fictícios nas direções das deslocabilidades Di são obtidas, em cada caso, através da utilização de tabelas que sintetizam resultados obtidos pelo Método das Forças. Logo: 𝛽𝑖0 é a reação de apoio fictício associado à deslocabilidade Di causada pela solicitação externa (caso 0). É conhecido como termo de carga. 𝐾𝑖𝑗 é a força ou momento que deve atuar na direção Di para manter a estrutura (SH) em equilíbrio quando é imposta uma configuração deformada onde Dj = 1 e as demais deslocabilidades são nulas (caso j). É conhecido como coeficiente de rigidez global da estrutura. Os coeficientes 𝛽𝑖0 e 𝐾𝑖𝑗 são obtidos utilizando formulário apropriado. Das condições de equilíbrio do nó C, obtemos um sistema linear na forma: d) Sistema de equações: Escrevendo o sistema de equações de equilíbrio na forma matricial, obtemos: 𝛽10 + 𝐾11𝐷1 + 𝐾12𝐷2 + 𝐾13𝐷3 = 0 𝛽20 + 𝐾21𝐷1 + 𝐾22𝐷2 + 𝐾23𝐷3 = 0 𝛽30 + 𝐾31𝐷1 + 𝐾32𝐷2 + 𝐾33𝐷3 = 0 𝛽10 𝛽20 𝛽30 + 𝐾11 𝐾12 𝐾13 𝐾21 𝐾22 𝐾23 𝐾31 𝐾32 𝐾33 𝐷1 𝐷2 𝐷3 = 0 0 0 𝛽0 + 𝐾 𝐷 = 0 Vetor das deslocabilidades Vetor dos termos de carga Matriz de rigidez global Do teorema de Maxwell temos que 𝐾𝑖𝑗 = 𝐾𝑗𝑖 . Verificamos portanto que a matriz de rigidez 𝐾 é quadrada e simétrica, além de ser independente do carregamento externo e única para cada estrutura. 𝛽10 𝛽20 𝛽30 + 𝐾11 𝐾12 𝐾13 𝐾21 𝐾22 𝐾23 𝐾31 𝐾32 𝐾33 𝐷1 𝐷2 𝐷3 = 0 0 0 𝛽0 + 𝐾 𝐷 = 0 e) Obtenção dos Esforços Finais: Os esforços finais (momentos fletores, esforços cortantes, esforços normais e reações de apoio) da estrutura hiperestática são obtidos por superposição dos efeitos, a partir dos seus valores nos casos básicos, pela expressão: Por exemplo, para determinar o momento fletor em um ponto qualquer da estrutura exemplo, utilizamos: 𝐸 = 𝐸0 +𝐸𝑖𝐷𝑖 𝑀 = 𝑀0 +𝑀1𝐷1 +𝑀2𝐷2 +𝑀3𝐷3 f) Roteiro para o Método dos Deslocamentos: 1. Escolha o sistema hipergeométrico (SH); 2. Obtenção dos termos de carga 𝛽𝑖0 (caso 0); 3. Obtenção dos coeficientes de rigidez ( 𝐾𝑖𝑗 ) (demais casos); 4. Formulação do sistema de equações (equilíbrio); 5. Solução do sistema de equações (obter deslocabilidades); 6. Obtenção dos efeitos finais (superposição dos efeitos). 3.4 Termos de Carga ( 𝛽𝑖0) e Coeficientes de Rigidez (𝐾𝑖𝑗) Ao aplicarmos o Método dos Deslocamentos devemos utilizar a convenção de sinais do método para deslocabilidades, cargas, reações de apoio e também para esforços internos. A figura abaixo apresenta as direções positivas da convenção de sinais. Como o método dos deslocamentos não necessita de combinação de diagramas de momentos fletores dos casos básicos, é comum a utilização de diagramas esquemáticos que indicam apenas os momentos fletores nas extremidades das barras e com o sinal conforme a convenção de sinais do método. A figura abaixo mostra o diagrama esquemático conforme essa convenção: a) Termos de carga ( 𝛽𝑖0): Os termos de carga 𝛽𝑖0 são obtidos de soluções básicas de vigas bi engastadas, também chamadas de soluções de engastamento perfeito. Estas soluções são obtidas pelo método das forças. Por exemplo, os termos de carga para carregamento distribuído são obtidos do quadro abaixo. b) Coeficientes de rigidez globais (𝐾𝑖𝑗): Os coeficientes de rigidez globais 𝐾𝑖𝑗 são obtidos pela combinação de coeficientes de rigidez locais, ou seja, coeficientes de rigidez associados a cada uma das barras que se conectam ao nó considerado. Os coeficientes de rigidez locais são obtidos das soluções para deslocamentos ou rotações impostas isoladamente em uma das extremidades de uma viga bi engastada. A figura abaixo apresenta os coeficientes de rigidez locais para barras bi engastadas com comprimento L, e módulo de elasticidade E, inércia I e área A, constantes. Estruturas que possuem cargas ou momentos aplicados ao longo do comprimento da barra, ou seja, fora dos nós, podem a ser resolvidas com a utilização da tabela anterior considerando o ponto de aplicação de carga como um nó. Considerado como nó, o ponto de aplicação de carga no SH teria a inclusão de vínculos fictícios e a carga ou momento atuaria diretamente sobre apoios. Uma outra opção para a situação descrita acima é a utilização de soluções de viga bi engastada para cargas concentradas e momentos aplicados ao longo de barras. Estas soluções estão apresentadas no formulário do método. Estruturas que possuem rótulas em apoios ou rótulas internas, também podem ter sua solução simplificada pela utilização de soluções básicas para vigas engastadas em uma extremidade e rotuladas na outra extremidade. Os termos de carga e coeficientes de rigidez locais para estas soluçõesencontram-se também no formulário.
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