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Conceitos básicos e princípios gerais da Psicopedagogia

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Prévia do material em texto

Conceitos básicos e princípios gerais da Psicopedagogia
Prof.ª Patricia Rossi Carraro
Prof.ª Carla Marçal Y Guthierrez
Descrição
Os fundamentos teórico-conceituais e o objeto de estudo da
Psicopedagogia relacionados ao desenvolvimento humano, ao papel da
escola e da família na aprendizagem e à formação profissional do
psicopedagogo.
Propósito
Compreender os fundamentos teóricos, os conceitos básicos e o objeto
de estudo da Psicopedagogia, assegurando que o valor que o
desenvolvimento, a aprendizagem e o papel que a escola e a família
assumem na formação educacional é importante para a atuação
profissional do psicopedagogo.
Objetivos
Módulo 1
Fundamentos e conceitos básicos da
Psicopedagogia
Identificar os fundamentos teóricos e os conceitos básicos da
Psicopedagogia.
Módulo 2
Desenvolvimento humano e aprendizagem
Descrever os aspectos gerais do desenvolvimento humano e da
aprendizagem.
Módulo 3
O papel da escola e da família na
aprendizagem
Definir o papel da escola e da família na aprendizagem.
Módulo 4
O objeto de estudo da Psicopedagogia
Reconhecer o objeto de estudo da Psicopedagogia na formação
profissional do psicopedagogo.
Introdução

A Psicopedagogia se constitui como uma área de estudos, pois
busca seu status de ciência e tem seu objeto de pesquisa. Embora
o termo lembre a união da Psicologia e da Pedagogia, a
Psicopedagogia procura construir-se como área de conhecimento.
Relaciona-se a uma prática e a um conhecimento direcionados
para a relação entre a subjetividade de cada indivíduo e o
processo de aprendizagem.
Quando iniciam sua trajetória nessa área, as pessoas pensam na
Psicopedagogia como algo voltado somente para a questão do
aprendizado no âmbito da escola. Contudo, todos os pré-
requisitos para a aprendizagem escolar decorrem da história da
aprendizagem humana, portanto ambas não estão desvinculadas.
A partir de agora, você está convidado a aprender mais sobre o
assunto e a dialogar conosco por meio deste material, que lhe
dará uma visão global e fascinante do que é a Psicopedagogia.
1 - Fundamentos e conceitos básicos da Psicopedagogia
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os fundamentos teóricos e os conceitos
básicos da Psicopedagogia.
Ligando os pontos
Refletir sobre os conceitos básicos da Psicopedagogia, a identificação
dos fundamentos teóricos e o desenvolvimento do principal objeto da
Psicopedagogia, o ser humano, é uma necessidade no cotidiano de
todos os profissionais. Relacionar as teorias com as práticas
encontradas no caminho contribui para uma aprendizagem significativa.
O caso de estudo a seguir é baseado em eventos reais e o nome original
de seus participantes foi protegido.
Estudante de Ciências Biológicas de um instituto federal, José tem 19
anos, possui deficiência intelectual (DI) e cursa o 1º período da
graduação. É um jovem, negro, educado e dedicado, mas, devido às suas
condições biológicas, tem suas peculiaridades para aprender.
Na instituição de ensino, existe um núcleo de atendimento especializado
para estudantes público-alvo da educação especial. José procurou o
núcleo e passou a ser atendido pela professora do Atendimento
Educacional Especializado (AEE), que também é psicopedagoga,
Carolina. O atendimento com José é individualizado, psicopedagógico e
acontece duas vezes na semana, com duração de uma hora e meia.
A Bioquímica tem sido um grande desafio para o estudante e os
encontros são destinados a essa disciplina. Devido à complexidade da
disciplina e ao desafio na compreensão abstrata de José, a
professora/psicopedagoga Carolina decidiu aproximar o conteúdo da
realidade do aluno. Além disso, tudo passou a ser uma conversa. Sim!
Isso mesmo! Uma conversa. José não se dispersa mais e interage muito
bem dessa maneira.
Como uma boa psicopedagoga, Carolina solicitou que José fizesse um
mapa mental durante essa conversa, sistematizando todo conteúdo. Isso
porque ela identificou que uma das dificuldades de José é a memória. O
mapa mental é visual, objetivo, simples e otimizado. Importante ressaltar
que Carolina não fez sozinha esse mapa para José, pelo contrário, ela o
orientou para que construíssem juntos.
No final, Carolina realizou um jogo quiz de conhecimento (perguntas e
respostas). José soube responder e sorria em cada acerto. Carolina
também!
Após a leitura do caso, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos
ligar esses pontos?
Questão 1
Um aluno como José chegar ao curso superior é aceitável? Muitas
pessoas consideram isso um problema, resultado de uma
equivocada política pública. Para outras, é um sinal positivo das
possibilidades de educação. A ação do AEE neste caso pode ser
observada como
Parabéns! A alternativa A está correta.
A atuação psicopedagógica tem por fim analisar o aluno como um
ser único, com anseios e demandas. A chegada ao ensino superior
de alunos incluídos não é um problema, mas parte de uma longa e
histórica jornada de inclusão. Cabe às instituições criar mecanismos
e ter profissionais capacitados a ajudar esses alunos a efetivamente
se desenvolverem e realizarem o seu curso. O acolhimento é saber
ouvir, ajudar na busca de soluções e rediscutir como meios e
estratégias podem ser estabelecidos para o desenvolvimento do
aprendizado.
Questão 2
A constituição de corpos psicopedagógicos por meios de Núcleo de
Atendimento Personalizado ou Atendimento Educacional
Especializado (AEE) é um compromisso institucional com o
desenvolvimento e a aprendizagem dos educandos. Sendo assim,
um dos focos importantes deve ser apontar ao aluno como ele pode
A um gesto importante de acolhimento.
B um ato inútil.
C
uma ação afirmativa, apesar de ser impossível a
formação do aluno.
D um gesto de paternalismo desnecessário.
E
um ato didático, uma vez que o aluno foi ensinado a
elaborar seu próprio material.
A aprender a aprender.
B atingir bons resultados.
Parabéns! A alternativa A está correta.
Pode parecer simples, mas não é. Aprender a aprender é um
mecanismo que exige tempo, adaptação e paciência, algo que todos
os alunos precisam desenvolver, mesmo aqueles que não possuem
necessidades educacionais especiais, o que muda é o suporte. A
instituição deve ter o compromisso de atuar nessa dinâmica, na sua
experimentação.
Questão 3
Existe culpado pelo fracasso na aprendizagem ou, para pessoas
como José, seria impossível aprender e apreender essa disciplina?
Quais as atuações possíveis de um psicopedagogo institucional
na sua opinião?
Digite sua resposta aqui
Chave de resposta
Cabe ao psicopedagogo ajudar no desenvolvimento
de estratégias de aprendizagens, dar suporte aos
docentes sobre as melhores formas de se adaptar
aos alunos e dialogar com a gestão da escola sobre
quais investimentos podem ser necessários para a
recepção e o desenvolvimento desse estudante.
Vamos ver um pouco melhor a partir do bate papo
entre a professora Nathália Serenado e a professora
Carla Marçal.
C ser salvo por direitos da educação especial.
D impor suas dificuldades aos professores.
E ser excluído se não se adaptar.

Atuação
psicopedagógica
Pedagogia, Psicologia Escolar,
Psicologia Educacional e
Psicopedagogia
Para que você compreenda melhor os fundamentos teóricos e os
conceitos básicos da Psicopedagogia, inicialmente, é necessário
mostrarmos a diferença entre Pedagogia, Psicologia Escolar, Psicologia
Educacional e Psicopedagogia.
 Pedagogia
É uma ciência da educação, uma área de
conhecimento acerca da problemática educativa em
sua totalidade e historicidade, bem como uma
diretriz orientadora da ação educativa (LIBÂNEO,
2001).
Psicologia Escolar
É d t ã d P i l i i

É um campo de atuação da Psicologia que possui
um compromisso teórico e prático com as questões
relativas à escola e a seus processos, à sua
dinâmica, a seus resultados e atores.
 Psicologia Educacional
Psicologia Educacional, ou Psicologia da Educação,
envolve questões mais amplas, como pesquisa,
ensino, processos de aprendizageme intervenção
de psicólogos que atuam em estreita relação com o
campo educativo (MARINHO-ARAÚJO; ALMEIDA,
2014).
 Psicopedagogia
Pensar acerca da Psicopedagogia não é o mesmo
que pensar na Psicologia Escolar ou Psicologia
Educacional. A Psicopedagogia é uma área nova,
resultante da articulação de conhecimentos do
campo educacional e de outros, que aponta novos
rumos para a solução de problemas antigos.
Quem atua nessa área de aplicação é o psicopedagogo. Esse
profissional se ocupa dos problemas de aprendizagem — estudados,
inicialmente, pela Medicina e pela Pedagogia —, os quais são hoje
tratados por um corpo teórico que vem se organizando a partir das
contribuições de outros campos (BOSSA, 2011).
Você já parou para refletir acerca dessas definições? A importância de
compreendermos esses diferentes conceitos é justamente a
possibilidade de esclarecer prováveis confusões ou distorções que
possam surgir no campo de estudo da Psicopedagogia.
Fundamentos teóricos da
Psicopedagogia
Para entender como a Psicopedagogia surgiu, você precisa conhecer sua
história. A área nasceu da necessidade de uma melhor compreensão do
processo de aprendizagem e não se restringe somente à aplicação da
Psicologia e da Pedagogia. Os inúmeros autores que estudam a
Psicopedagogia e se interessam pela área enfatizam sua relação com
diversos campos de conhecimento.
Admitir tal aspecto significa reconhecer sua especificidade como área de
estudos, uma vez que, buscando uma diversidade de saberes e
conhecimentos, ela cria seu próprio objeto — condição essencial da
interdisciplinaridade.
Como área de aplicação, a Psicopedagogia antecede o
status de área de estudos, procurando, assim,
sistematizar um corpo teórico próprio, definir seu
objeto de estudo e delimitar seu campo de atuação.
Para isso, recorre à Psicologia, à Psicanálise, à
Linguística, à Fonoaudiologia, à Medicina e à
Pedagogia.
Os autores brasileiros que são referências na Psicopedagogia, como
Neves, Kiguel, Scoz, Golbert, Rubinstein, Weiss, Barone e outros, assim
como os argentinos Fernández, Paín, Visca e Müller, concordam quanto à
necessidade de conhecimentos de várias áreas, que, articulados, devem
fundamentar a constituição de uma teoria psicopedagógica (BOSSA,
2011). Veja, a seguir, alguns conhecimentos específicos de diversas
outras teorias que contribuem para a área da Psicopedagogia.
Psicologia Genética
Procura analisar e descrever o processo construtivo do
conhecimento pelo sujeito em interação com os outros e com os
objetos.
Psicanálise
Estuda o mundo inconsciente, das representações profundas e
operantes, por meio da dinâmica psíquica que se expressa por
sintomas e símbolos, permitindo-nos levar em conta o desejo do
homem.
Neurologia
Possibilita a compreensão dos mecanismos cerebrais, que são
fundamentais no aprimoramento das funções mentais,
apontando-nos a que correspondem, o enfoque orgânico e todas
as evoluções ocorridas no contexto psíquico.
Linguística
Traz a compreensão da linguagem como um dos meios que
caracterizam o tipicamente humano e cultural: a língua como
código disponível a todos os membros de uma sociedade e a fala
como fenômeno subjetivo, evolutivo e historiado de acesso à
estrutura simbólica.
Psicologia Social
Estuda a constituição dos sujeitos, respondendo às relações
familiares, grupais e institucionais, em condições socioculturais e
econômicas específicas, o que inclui a aprendizagem.
Nenhuma dessas áreas surgiu especificamente para responder à
problemática da aprendizagem humana. Contudo, elas nos oferecem
caminhos para refletir cientificamente e operar no campo
psicopedagógico (BOSSA, 2011).
Vamos pensar um pouco sobre a atuação do psicopedagogo diante do
problema de aprendizagem de uma criança a partir das áreas de
conhecimento mencionadas.
Suponhamos que a escola encaminhou uma criança ao psicopedagogo
por apresentar problemas de produção textual e dificuldades em
Matemática. O profissional recorre a um corpo teórico para investigar
sobre o que está originando essas dificuldades e analisa, então, algumas
questões para auxiliar a criança. Veja:
 Psicologia Genética
Ao entrar em contato com a Pedagogia, ele pode
questionar se a metodologia utilizada no processo
de alfabetização está adequada. Afinal, essa área
envolve aspectos do processo de ensino e
aprendizagem que podem ser compreendidos a
partir das teorias pedagógicas, como a Psicologia
Genética, que estuda os processos cognitivos.
 Psicanálise
Se o psicopedagogo analisar o problema a partir da
Psicanálise, poderá supor que o processo se
inviabiliza na relação professor-aluno. Essa área
pode identificar mecanismos psíquicos e
dificuldades emocionais de ordem inconsciente
que favorecem a não aprendizagem da criança.
Como você percebeu, o psicopedagogo busca conhecimentos de
diversas áreas. Contudo, nenhum desses campos surge, em sua
totalidade, para responder aos problemas de aprendizagem. As diversas
combinações entre esses conhecimentos resultam em posturas teórico-
práticas diversificadas, mas com vários aspectos de convergência.
Assim, a partir de pressupostos teóricos iniciais da Medicina, da
Psicologia e da Pedagogia, foram constituídos saberes acerca dos
problemas de aprendizagem, os quais se transformaram e,
 Neurologia
Em outro cenário, imagine que, no contexto inicial
com a família da criança, o psicopedagogo
descubra que faltou oxigênio no parto, o que
ocasionou nela uma lesão cerebral. Nesse caso,
alguns princípios da Neurologia são essenciais ao
profissional da Psicopedagogia para o devido
encaminhamento a outros profissionais, bem como
para verificar como será o tratamento da criança.
 Linguística
O psicopedagogo pode descobrir, ainda, que a
dificuldade na produção textual do aluno resultou
de diferenças culturais e de linguagem. Nessa
questão, a Linguística pode auxiliar o profissional
na causa da problemática e — quem sabe? — na
intervenção.
 Psicologia Social
Já a Psicologia Social possibilita ao psicopedagogo
pensar na natureza do grupo a que pertence o
sujeito da aprendizagem e nas interferências
socioculturais de tal grupo nesse indivíduo.
consequentemente, modificaram a prática psicopedagógica até chegar à
configuração atual.
Atualmente, a Psicopedagogia refere-se a um saber e a um saber-fazer,
às condições subjetivas e relacionais — em especial familiares e
escolares —, às inibições, aos atrasos e aos desvios do sujeito ou grupo
a ser diagnosticado (BOSSA, 2011).
Conceitos básicos da Psicopedagogia
A área da Psicopedagogia surge da necessidade de buscar soluções
para a questão do problema de aprendizagem e dos fatores que
interferem no ato de aprender. A Psicopedagogia busca colaborar para
uma melhor compreensão desse processo.
A Psicopedagogia preocupa-se com duas práticas. São elas:
Nesta prática, a área tem-se transformado em campo de estudos
para investigadores interessados no processo de construção do
conhecimento e nas dificuldades que se apresentam nessa
construção.
Já nesta, a área busca criar uma relação saudável com o
conhecimento, de modo a facilitar sua construção.
A área da Psicopedagogia tem como propósito:
[...] investigar a forma de aprender
de cada indivíduo, ou a de não
aprender, ou a de aprender com
Prática clínica 
Prática preventiva 
dificuldade, de não revelar o que
aprendeu, de fugir de situações
possíveis de aprendizagem,
observando fatores objetivos e
subjetivos implicados no processo.
(PAÍN, 1992, p. 24)
No Brasil, o psicopedagogo ocupa-se das seguintes funções (MACEDO,
1990 apud BOSSA, 2011):
 Orientação de estudos
Organização da vida escolar da criança, quando
esta não consegue fazê-lo espontaneamente.
Busca-se promover o melhor uso do tempo, a
elaboração de uma agenda e tudo aquilo que é
necessário a “como estudar” (como ler um texto,
como escrever, como estudar para a prova etc).
 Acomodação dos conteúdos escolares
Visa ao domínio de disciplinas escolaresem que a
criança não está tendo um bom desempenho. O
conteúdo escolar será utilizado apenas como uma
estratégia para ajudar e fornecer ao aluno o domínio
de si próprio e as condições necessárias ao
desenvolvimento cognitivo.
 Desenvolvimento do raciocínio
Trabalham-se os processos de pensamento
necessários ao ato de aprender. Utilizam-se os
jogos, pois promovem a criação de um contexto de
observação e diálogo sobre processos de pensar e
de construir o conhecimento.
 Atendimento de crianças
Esse atendimento também se estende a pessoas
com deficiências, com transtorno do espectro
autista (TEA) ou com comprometimentos orgânicos
mais graves.
Conforme vimos, a Psicopedagogia atua nos processos da
aprendizagem e se interessa por eles. Pertence a um campo de
conhecimentos com diversas áreas — cada uma influencia a outra e
dispõe de elementos que podem ser compartilhados e utilizados.
O que é a Psicopedagogia?
Entenda o conceito de Psicopedagogia, o processo da aprendizagem e
as diversas áreas que auxiliam a construção deste estudo.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Ao considerarmos a complexidade da questão do processo de
aprendizagem, com todas as variáveis e todos os elementos que
interferem nesse processo, nem a Psicologia nem a Pedagogia e
muito menos a Psicologia Escolar dão conta dessa dimensão
sozinhas. Sobre o assunto, analise as asserções a seguir:
I. Quando recorremos à Psicopedagogia para resolver os problemas
de aprendizagem, não é o mesmo que utilizar os procedimentos e as
técnicas da Psicologia, da Pedagogia, da Psicologia Escolar ou da
Psicologia Educacional.
PORQUE
II. A Psicologia, a Pedagogia, a Psicologia Escolar e a Psicologia
Educacional são áreas de conhecimento distintas, e cada uma traz
suas contribuições à Psicopedagogia.

Considerando o exposto, assinale a alternativa que apresenta a
relação entre as asserções.
Parabéns! A alternativa B está correta.
Por mais que a Psicopedagogia sugira uma junção da Psicologia e
da Pedagogia, ou tenha alguma relação com a Psicologia Escolar e
a Psicologia Educacional, essa área de estudos vai mais além, pois
envolve conhecimentos de diversos campos do saber e tem suas
particularidades.
Questão 2
Os fundamentos teóricos da Psicopedagogia estão vinculados a
vários campos do conhecimento que contribuíram para a evolução
dessa área. Que campo do saber não tem relação com a
Psicopedagogia?
A A primeira é verdadeira, e a segunda é falsa.
B
Ambas são verdadeiras, e a segunda justifica a
primeira.
C
Ambas são verdadeiras, mas a segunda não justifica
a primeira.
D A primeira é falsa, e a segunda é verdadeira.
E Ambas são falsas.
A
Psicanálise, que estuda o universo psíquico do
indivíduo e seus processos inconscientes.
B
Psicologia Social, que estuda os processos grupais,
institucionais e familiares.
Parabéns! A alternativa D está correta.
A área da Enfermagem também cuida das pessoas. No entanto, o
enfermeiro oferece assistência ao paciente no que diz respeito às
doenças orgânicas, aos exames clínicos, à aplicação de injeção e
curativos, ao bem-estar do paciente em clínicas, hospitais e
domicílios, e não necessariamente aos aspectos relacionados ao
aprendizado.
2 - Desenvolvimento humano e da aprendizagem
Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever os aspectos gerais do desenvolvimento
humano e da aprendizagem.
C
Psicologia Genética, que estuda os aspectos
cognitivos e a construção do conhecimento.
D
Enfermagem, que presta assistência às pessoas e
promove a saúde.
E
Linguística, que estuda os aspectos da linguagem,
da língua e da fala.
Ligando os pontos
Você conhece o termo aprendizagem significativa? Ele foi discutido e
trabalhado a partir das influências de importantes pesquisadores da
Psicologia da Educação.
Sabe-se que os seres humanos estão em processo de desenvolvimento e
aprendizagem durante toda a sua vida. A interação social contribui para
isso, além da aprendizagem significativa. Segundo o psicólogo da
educação David Ausubel (2012), para a aprendizagem ser significativa,
precisamos partir do conhecimento prévio do estudante, ou seja, daquilo
que ele já sabe. Para entendermos melhor, vamos analisar o caso a
seguir.
Carla é uma professora do 5º ano do ensino fundamental. Ao ensinar
sobre fungos na disciplina de Ciências, ela não trouxe nada concreto,
apenas a parte conceitual para sua aula expositiva. A professora
escreveu no quadro, desenhou e, ao tentar interagir com os estudantes,
percebeu que eles não estavam entendendo nada.
Confusa, ela resolveu parar a aula e pediu às crianças que levassem
frutas maduras no dia seguinte. Os estudantes levaram as frutas, e a
professora também levou uma banana bem madura que tinha em sua
casa.
A turma foi dividida em pequenos grupos. As frutas foram cortadas e
colocadas em um recipiente. Enquanto uns cortavam, outros pegavam
água e precisavam medir: 50ml, 100ml etc. (trabalhando, assim, com a
matemática). Outro grupo estava registrando o método e trabalhando a
escrita, a linguagem e a sistematização.
A professora dizia que, para os fungos se reproduzirem, era preciso um
ambiente fechado, úmido e escuro. Pois bem, eles colocaram água no
recipiente em que estavam as frutas, o fecharam e colocaram uma fita
adesiva para não deixar que o ar circulasse. Então, um aluno disse:
“agora falta o lugar escuro”. “Isso!”, respondeu a professora.
Decidiram, então, colocar o recipiente no armário da professora e o
experimento ficou por vários dias. Os fungos foram sendo reproduzidos
e os alunos vibrando com aquela experiência.
Após algumas semanas, uma aluna chegou com um remédio e disse ter
ido ao médico. Ela estava com micose no pé, que é causada por fungos.
Então, um estudante disse: “Lógico! É um lugar bem propício: o pé
também sua e fica dentro do tênis, que é fechado”.
Como podemos perceber, os estudantes vivenciaram a experiência. Não
foi um aprendizado distante da realidade deles.
Após a leitura do caso, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos
ligar esses pontos?
Questão 1
Vamos pensar sobre o ponto primordial. Para você, como estudante
de Psicopedagogia, qual é a importância da relação entre família e
escola?
Parabéns! A alternativa B está correta.
A práticas relativas ao planejamento escolar não são de
fiscalização, mas de suporte. Mais do que isso, o planejamento não
é algo feito somente no início do semestre, mas, sim, algo
constantemente refeito, rediscutido, para dar subsídios aos docentes
para a melhoria constante de seu trabalho. Ainda que não apareça
de forma clara no caso visto, está no seu princípio e
desenvolvimento.
Questão 2
É preciso saber lidar com os conhecimentos que os alunos
possuem? Professores mais tradicionais entendem que
“significativo” é o conteúdo que o aluno precisa aprender, o que é um
princípio completamente diverso ao de Ausubel. Para o autor, a
aprendizagem significativa
A A atuação do psicopedagogo na gestão escolar.
B A atuação do psicopedagogo no planejamento.
C A atuação do psicopedagogo no suporte do docente.
D A atuação do psicopedagogo na disciplina.
E
A atuação do psicopedagogo na fiscalização do
trabalho docente.
Parabéns! A alternativa D está correta.
Para Ausubel, a construção de significados é adquirida a partir das
linguagens, daí os novos significados, que, por sua vez, são
produtos da aprendizagem significativa. A emergência de novos
significados no aluno reflete o complemento de um processo de
aprendizagem significativa, em outras palavras: se eu sei algo e sou
capaz de me relacionar com isso, de reconhecê-lo, manipulá-lo e
discuti-lo, significa que esse conhecimento se tornou efetivamente
significativo.
Questão 3
Explique a relação entre as teorias de Ausubel e o caso de Maria e
como isso é fundamental aos profissionais que atuam na equipe
pedagógica.
Digite sua resposta aqui
A
é a emergência de novos significados no aluno e
reflete a verdade sobreo conhecimento.
B
derruba o paradigma de social e o substitui por um
paradigma psicológico.
C
estabelece uma hierarquia entre os saberes sociais,
significativos, e os escolarizados mecânicos.
D
envolve a aquisição de novos significados e os
novos significados, por sua vez, são produtos da
aprendizagem significativa.
E
envolve a aquisição de novos saberes que, ao
entrarem no esquema cerebral, geram um incômodo
e abrem espaço para um novo esquema
organizativo.
Chave de resposta
A discussão aqui deve ser bastante variada. É preciso
passar pelo ponto fundamental, no qual se ancora o
conhecimento, não em uma relação tácita ou
hierarquizada. Maria precisou sentir-se forte para
usar seu conhecimento e buscar outros novos.
Precisou também trabalhar com os professores para
que esse movimento fosse valorizado e o
conhecimento ganhasse sentido. Por fim, é
fundamental que o psicopedagogo estude sobre o
papel da aprendizagem significativa e a maneira
como ele é debatido.
Mas espere! O módulo trata de outros autores e não
de Ausubel. Por que aprendemos mais sobre
Ausubel? Vamos estabelecer esse link em um bate-
papo entre a professora Nathália Serenado e a
professora Carla Marçal.
David Ausubel e a
aprendizagem
signi�cativa
Desenvolvimento humano
A área do desenvolvimento humano relaciona-se ao estudo científico dos
processos sistemáticos de mudança e estabilidade que acontecem com

as pessoas. Aqueles que se dedicam a estudar essa área observam os
aspectos de transformação do indivíduo, desde a concepção até a
maturidade, bem como as características que permanecem
razoavelmente estáveis. É um processo que dura a vida toda, também
denominado desenvolvimento do ciclo da vida (PAPALIA; FELDMAN,
2013).
Estudar o desenvolvimento humano é uma condição para tentar
responder o porquê das condutas do bebê, da criança, do adolescente, do
jovem, do adulto e dos mais velhos. O desenvolvimento é um processo
contínuo e ininterrupto, em que os aspectos biológicos, físicos, sociais e
culturais se interconectam, influenciam-se reciprocamente, produzindo
indivíduos com um modo de pensar, sentir e estar no mundo
absolutamente singulares e únicos.
O desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento
mental e ao crescimento orgânico.
O desenvolvimento mental é uma construção contínua, que se
caracteriza pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais: formas
de organização da atividade mental que se vão aperfeiçoando e
solidificando até o momento em que todas, plenamente desenvolvidas,
caracterizarão um estado de equilíbrio superior quanto aos aspectos da
inteligência, da vida afetiva e das relações sociais (BOCK; FURTADO;
TEIXEIRA, 2008).
Cada pessoa tem suas próprias características que a distinguem das
demais e seu próprio ritmo de desenvolvimento. As motivações e
mudanças de comportamento podem ser as mais diversas. Muitas
vezes, os pesquisadores discordam a respeito dos fatores que levam
uma pessoa a se comportar de uma ou de outra maneira.
Por mais que estudemos e nos esforcemos para compreender o
comportamento humano e seu desenvolvimento, este sempre nos
reservará surpresas e imprevistos. Antes de ser desfavorável, essa
imprevisão e certeza são o que dão graça e beleza à vida humana. Essa
aparente desordem do ser humano, que não se ajusta a padrões
preestabelecidos, produz o avanço, o progresso e a mudança.
Re�exão
Pare e pense no que acontece quando várias pessoas estão juntas. Com
certeza, cada uma tem suas características, com pensamentos,
sentimentos e posturas distintos. E precisa ser assim. Você já pensou
como seria nossa vida se realizássemos todos os dias as mesmas
tarefas e repetíssemos sempre os mesmos comportamentos? E se as
outras pessoas fizessem tudo igual a você, tudo programado desde a
concepção, como acontece com as outras espécies animais? O que faz a
vida ser fascinante é essa constante incerteza quanto ao momento
seguinte. Esse aspecto nos estimula a inventar, a criar, a realizar, a tentar
melhorar nosso mundo.
Apesar das diferenças e da incerteza que marcam o desenvolvimento
humano, é possível estabelecer alguns princípios básicos, algumas
tendências gerais que se verificam no desenvolvimento de todas as
pessoas e de cada indivíduo em particular (PILETTI, 2008).
Ao analisar o desenvolvimento de grande número de pessoas, muitos
pesquisadores chegaram a estabelecer certas fases para esse processo.
São períodos regidos por certa sequência e por princípios. Ao se
desenvolverem, todas as pessoas experimentam essas etapas, embora
varie a idade em que cada uma delas inicia cada fase. Vamos estudar a
respeito?
Fases do ciclo vital
Não há períodos de ruptura radical no desenvolvimento humano, afinal, a
evolução é gradual e contínua. Entretanto, em alguns momentos, as
mudanças são maiores que em outros. Ao considerarmos o crescimento
físico, a infância e a adolescência são os períodos em que as mudanças
são mais visíveis. Agora, se pensarmos na vida adulta, sob esse ponto
de vista, vamos notar que é um período de maior estabilidade.
Aqueles que estudam o desenvolvimento contínuo dividem o processo
em cinco fases, as quais têm características próprias. São elas:
Vida pré-natal
Antes do nascimento.
Infância
Do nascimento aos 12 anos.
Adolescência
Dos 12 aos 21 anos.
Idade adulta
Dos 22 aos 65 anos.
Velhice
Depois dos 65 anos.
No entanto, essa divisão é arbitrária. O período da adolescência, por
exemplo, varia de pessoa para pessoa. Se um menino começa a
trabalhar aos 13 anos para ajudar no sustento de sua família, já está
assumindo responsabilidades de adulto. E se um rapaz apenas estuda
até os 28 anos, sem trabalhar, sua adolescência foi mais estendida.
A divisão das fases do desenvolvimento humano
depende dos critérios estabelecidos para concluir que
alguém é adulto. A idade cronológica não pode ser o
único critério.
A fase da velhice também aponta para a arbitrariedade dessa divisão. Se
considerarmos velhice o momento em que a pessoa já não pode
trabalhar, em que tem suas funções orgânicas bastante prejudicadas,
veremos que essa idade varia de acordo com a situação social e
econômica de um país. No Brasil, por exemplo, a maioria das pessoas
começa a velhice antes dos 65 anos, pois poucos conseguem chegar até
essa idade.
Os psicólogos divergem muito quanto à classificação das diversas fases
do desenvolvimento humano e quanto às características mais
importantes de cada etapa. Entre todos aqueles que realizaram estudos
sobre o desenvolvimento humano no século XX, Sigmund Freud e Jean
Piaget merecem um destaque especial.
Sigmund Freud
Neurologista austríaco que fundou a Psicanálise, teoria que teve grande
efeito na Psicologia e na Psiquiatria, a qual diz respeito a uma camada
profunda de nossa mente, o inconsciente, e à forma como este influencia as
ações dos homens.
Jean Piaget
Psicólogo suíço apaixonado pela teoria do conhecimento, que acreditava na
Psicologia como via científica para elaborar a epistemologia genética: uma
base estabelecida por natureza para o desenvolvimento da habilidade da
criança de pensar. De acordo com sua teoria, a mente da criança evolui ao
longo de uma série de estágios até atingir a fase adulta.
Estudo do desenvolvimento humano
Agora, vamos compreender como os cientistas estudam o
desenvolvimento humano. Você já parou para pensar nesse assunto?
Os cientistas do desenvolvimento humano centralizam seus estudos em
três grandes aspectos do indivíduo (PAPALIA; FELDMAN, 2013):

Físico
Ao explorarmos o crescimento do corpo e do cérebro, as capacidades
sensoriais, as habilidades motoras e a saúde, estamos dando ênfase ao
desenvolvimento físico.

Cognitivo
Quando pensamos em aprendizagem, atenção, memória, linguagem,
inteligência, pensamento, raciocínio e criatividade, voltamos nosso olhar
para o desenvolvimento cognitivo.

Psicossocial
No entanto, quando estudamos aspectos relacionados às emoções, à
personalidade e às relaçõessociais, estamos falando do
desenvolvimento psicossocial.
Atenção!
Por mais que estudemos cada aspecto separadamente, todos estão
interrelacionados, conectados e unificados.
O estudo do desenvolvimento humano está em constante evolução. As
questões que os cientistas procuram responder, os métodos que
empregam e as explicações que oferecem são mais bem elaborados e
diversificados do que há anos.
Vários avanços contribuíram para esse cenário e impactaram o
desenvolvimento, como, por exemplo, a tecnologia digital, que
revolucionou diversos exames e muitas técnicas nessa área (PAPALIA;
FELDMAN, 2013).
Como os profissionais de Psicologia atuam nas fases do
desenvolvimento humano (MORRIS; MAISTO, 2004):
Os psicólogos infantis se concentram em estudar os bebês e as
crianças. Preocupam-se em saber se os bebês nascem com
personalidades e temperamentos distintos, de que maneira se
relacionam com pais e babás, como as crianças aprendem uma
língua e desenvolvem sua moral, a idade na qual surgem as
diferenças sexuais no comportamento, além das mudanças no
significado e na importância da amizade durante a infância.
Os psicólogos da adolescência especializam-se nesse estágio do
desenvolvimento humano, interessam-se em saber de que modo
a puberdade, as mudanças nos relacionamentos com os colegas
e com os pais e a busca de identidade podem tornar esse período
da vida bastante difícil para alguns jovens.
Os psicólogos da maturidade preocupam-se com a idade adulta e
as diferentes maneiras por meio das quais os indivíduos se
ajustam aos parceiros, ao papel dos pais, à meia-idade, à
aposentadoria e, por fim, à perspectiva da morte.
Fatores in�uenciadores do
desenvolvimento
Você sabe se são os aspectos inatos, a hereditariedade ou a carga
genética que influenciam o desenvolvimento humano, ou se são as
Psicólogos infantis 
Psicólogos da adolescência 
Psicólogos da maturidade 
influências externas produzidas no ambiente (meio) que exercem esse
papel?
Resposta
Antigamente, esse debate era constante e presente entre os
pesquisadores, mas, na atualidade, os teóricos contemporâneos do
desenvolvimento estão mais preocupados em descobrir meios de
explicar como a genética e o ambiente atuam juntos do que apresentar
qual dos fatores é o mais importante nesse contexto (PAPALIA;
FELDMAN, 2013).
Vamos conhecer, agora, os fatores indissociáveis e em permanente
interação que influenciam o desenvolvimento humano (BOCK; FURTADO;
TEIXEIRA, 2008). São eles:
 Heditariedade
Está relacionada aos aspectos genéticos, os quais
estabelecem o potencial do indivíduo, que pode não
se desenvolver. Existem pesquisas que comprovam
os aspectos genéticos da inteligência, a qual, no
entanto, pode se desenvolver aquém ou além de seu
potencial, dependendo das condições do meio.
 Crescimento orgânico
Refere-se ao aspecto físico. O aumento de altura e a
estabilização do esqueleto permitem ao indivíduo
comportamentos e um domínio do mundo que
antes não existiam. Pense nas possibilidades de
descobertas de uma criança quando começa a
engatinhar e, depois, a andar em relação a quando
estava no berço, com alguns semanas de vida.
 Maturação neuro�siológica
É o que torna possível determinado padrão de
comportamento. Para andar, subir e descer uma
escada sem apoio ou andar de bicicleta, é
á i d l i t ló i
Para entender o desenvolvimento humano, é necessário (PAPALIA;
FELDMAN, 2013):
necessário um desenvolvimento neurológico que
uma criança entre 6 e 8 meses não tem.
 Meio
É o conjunto de influências e estimulações
ambientais que altera os padrões de
comportamento do indivíduo. Vamos pensar no
seguinte exemplo: se a estimulação verbal for muito
intensa, uma criança de 3 anos poderá ter um
repertório verbal muito maior do que a média das
crianças de sua idade, mas, ao mesmo tempo, pode
não subir e descer uma escada com facilidade, se
essa situação não fez parte de sua experiência de
vida.
Considerar as
características herdadas, as
quais oferecem a cada
indivíduo determinadas
condições para iniciar sua
vida.
Dar a devida importância
aos diversos fatores
ambientais, às experiências
ou aos contextos (família,
amigos, escola) que afetam
o desenvolvimento.
De�nições de aprendizagem
Com certeza, você já deve ter ouvido que tal pessoa tem facilidade ou
dificuldade em aprender, ou, ainda, que a gente aprende a todo momento.
Mas você sabe o que realmente significa a palavra aprendizagem? Já
parou para pensar no significado desse conceito?
A aprendizagem é um processo que ocorre durante toda a vida e que nos
permite adquirir algo novo em qualquer idade (BOCK; FURTADO;
TEIXEIRA, 2008).
Considerar como a
hereditariedade e o
ambiente interagem, e
entender quais processos
de desenvolvimento são
maturacionais ou não.
Observar as in�uências que
afetam muitas ou a maioria
das pessoas em
determinada idade ou em
determinado momento
histórico.
Observar como o momento
da ocorrência de
determinado evento pode
afetar o impacto de certas
in�uências.
Aprendizagem também pode ser considerada o
resultado da estimulação do ambiente sobre o
indivíduo já maduro, que se expressa, diante de uma
situação-problema, sob a forma de uma mudança de
comportamento em função da experiência (JOSÉ;
COELHO, 2008).
Quando repetimos comportamentos já realizados, não estamos
aprendendo. Só há aprendizagem quando ocorre uma mudança no
comportamento. A maior parte dos nossos comportamentos é aprendida,
por exemplo: andar, falar, gritar, nadar, telefonar, sentar etc. (PILETTI,
2008).
Existem pelo menos sete fatores para que a aprendizagem se efetive,
independentemente da teoria de aprendizagem considerada (DROUET,
2006). São eles:
 Saúde física e mental
 Motivação
 Prévio domínio
Entre os teóricos do desenvolvimento, há variações sobre a definição de
aprendizagem. Alguns acreditam na importância do ambiente. Outros
destacam mais os fatores orgânicos. E há aqueles que consideram a
relevância da parte emocional e intelectual. De modo geral, os teóricos
dessa área concordam que a aprendizagem envolve necessariamente
mudança de comportamento, resultante da experiência.
Os teóricos da aprendizagem consideram o comportamento humano
bastante plástico, moldado por processos de aprendizagem previsíveis,
apesar de não negarem a importância da genética e do meio ambiente
em todos esses processos.
Principais teorias da aprendizagem
Vejamos as três das teorias da aprendizagem mais importantes (BEE;
BOYD, 2011)!
Modelo de condicionamento clássico
De acordo com essa teoria de Ivan Pavlov, a aprendizagem é igual ao
condicionamento. Para que uma pessoa aprenda um novo
 Maturação
 Inteligência
 Concentração ou atenção
 Memória
comportamento, devemos condicioná-la.
O condicionamento clássico envolve a aquisição de novos sinais para
respostas já existentes.
Ivan Pavlov
Fisiologista russo, autor da teoria do reflexo condicionado (inato), que
influenciou o desenvolvimento das teorias comportamentais da Psicologia
até as primeiras décadas do século XX.
Exemplo
Suponhamos que você toque um bebê no queixo. Ele se voltará à direção
do toque e começará a sugar. Na terminologia técnica do
condicionamento clássico, o toque no queixo é o estímulo não
condicionado, e a virada e a sucção são as respostas não
condicionadas. O bebê já está programado para fazer tudo aquilo. Esses
condicionamentos são reflexos automáticos.
De acordo com a teoria de Pavlov, a aprendizagem ocorre quando algum
estímulo novo é introduzido ao sistema.
Exemplo
Inúmeros estímulos ocorrem aproximadamente ao mesmo tempo do
toque no queixo do bebê antes da amamentação: o som dos passos da
mãe se aproximando, o fato de ser pego, ser tocado e ser segurado nos
braços pela mãe. Todos esses estímulos podem, eventualmente, tornar-
se estímulos condicionados e ativar a resposta do bebê de virada e
sucção, mesmo sem qualquer toque no queixo.
Modelo de condicionamento operante
Nesse modelo de Frederic Skinner,o processo consiste em apresentar
estímulos agradáveis — chamados de reforços — quando a pessoa
manifesta o comportamento que queremos que ela aprenda.
Os reforços devem ser apresentados quando o indivíduo emite
comportamentos desejados, como receber um sorriso ou um abraço
após um comportamento esperado.
Frederic Skinner
Psicólogo norte-americano que questionou parcialmente a teoria de Pavlov
ao explicar o comportamento como resultado de um condicionamento de
“primeiro tipo", de estímulo mecânico, e de um condicionamento de
“segundo tipo”, quando, no processo de adaptação ao meio, o sujeito
alcança uma satisfação que provoca a repetição desse comportamento.
Exemplo
Os pais querem que o filho obtenha bons resultados na escola e
prometem que, se ele tirar boas notas, ganhará um celular novo em seu
aniversário. Aqui, podemos considerar o presente um reforço positivo.
No entanto, o indivíduo pode evitar comportamentos considerados
indesejáveis para esquivar-se dos chamados reforços negativos, como
repreensões e ameaças. Além disso, não é preciso dar o reforço todas as
vezes em que o indivíduo manifesta o comportamento desejado. Reforço
intermitente (ora sim, ora não) também funciona e pode ser duradouro.
Skinner trabalhou muito com animais em laboratório. Para os seres
humanos, criou as máquinas de ensinar e um método didático
conhecido como instrução programada ou aprendizagem programada,
que é individual e por meio do qual o aluno estuda sem a intervenção
direta do professor e progride em sua própria velocidade.
Skinner em seu laboratório.
A metodologia apresenta-se sob a forma de textos especiais (livros,
apostilas etc). A matéria aprendida é mostrada em pequenas partes e, na
sequência, aparece uma atividade, cujos acertos e erros são
imediatamente verificados. Nesse momento, surge o reforço.
Teoria sociocognitiva
Essa teoria de Albert Bandura é a mais influente na atualidade entre os
psicólogos do desenvolvimento. A partir da base dos conceitos de
aprendizagem tradicionais, o psicólogo acrescentou diversas outras
ideias fundamentais a sua teoria.
Primeiro, Bandura afirma que a aprendizagem nem sempre requer
reforço direto, pois também pode ocorrer como resultado de observar
alguém realizando uma ação, conhecida como aprendizagem
observacional ou modelação, a qual está envolvida em uma ampla
variedade de comportamentos.
Albert Bandura
Psicólogo norte-americano que desenvolveu a teoria da aprendizagem
social, segundo a qual a aprendizagem se processa por observação e
imitação. Suas investigações também envolveram o estudo dos meios de
comunicação social na aquisição de comportamentos.
Exemplo
As crianças aprendem a bater assistindo a outras pessoas em seu
cotidiano e na televisão. Elas aprendem a ser generosas observando
outros doarem dinheiro ou compartilharem bens.
Bandura contribuiu muito para a transposição de uma lacuna entre a
teoria da aprendizagem e a teoria cognitivo-comportamental ao
enfatizar elementos cognitivos (mentais) importantes na
aprendizagem observacional.
A teoria chamada por ele de sociocognitiva enfatiza o fato de que a
modelação pode ser veículo para aprender informação abstrata e
habilidades concretas. Na modelação abstrata, o observador deduz uma
regra que pode ser a base do comportamento específico.
Exemplo
Uma criança que vê seus pais como voluntários um dia por mês em um
banco de alimentos pode deduzir uma regra sobre a importância de
“ajudar os outros”, mesmo que os pais nunca a articulem. Portanto, por
meio da modelação, uma criança pode adquirir atitudes, valores, formas
de resolver problemas e até padrões de autoavaliação (BEE; BOYD,
2011).
A partir do conhecimento das teorias do desenvolvimento, podemos
constatar que o indivíduo aprende de diferentes modos. As maneiras
como cada teórico do desenvolvimento e da aprendizagem aborda seus
construtos são importantes para pensarmos no indivíduo em toda a sua
magnitude. O mais interessante é que as teorias se complementam. Não
existe a melhor.
Resumindo
É fundamental que o psicopedagogo conheça as fases do
desenvolvimento e suas características, bem como os diversos fatores
que influenciam e impactam o desenvolvimento humano. Além disso,
como esse profissional lidará diretamente com os processos cognitivos
do indivíduo e suas dificuldades, precisará compreender o que é
aprendizagem, como o indivíduo aprende e quais são as principais
teorias envolvidas nesse processo.
Aspectos gerais da aprendizagem
humana
Veja mais, neste vídeo, sobre o processo de aprendizagem humana, a
interação do sujeito com o objeto de conhecimento e a modificação da
forma de pensar a realidade.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O desenvolvimento ocorre em vários domínios ou dimensões do eu.
Os psicólogos da área fazem distinção entre desenvolvimento físico,
cognitivo e psicossocial. Tomando por base as considerações
apresentadas sobre o desenvolvimento humano, assinale a
alternativa incorreta.

A
O desenvolvimento é um processo contínuo e
ininterrupto, em que os aspectos biológicos, físicos,
sociais e culturais se interconectam, influenciam-se
reciprocamente, produzindo a subjetividade de cada
ser.
Parabéns! A alternativa E está correta.
O desenvolvimento humano preocupa-se em conhecer o indivíduo
como um todo, e não somente os aspectos de seu desenvolvimento
físico (doenças orgânicas) e os fatores protetivos e de risco de sua
saúde.
Questão 2
A aprendizagem ocupa um papel primordial na vida dos indivíduos e
no campo de estudo da Psicopedagogia. Ela se faz presente
constantemente no contexto familiar e escolar. Sobre o conceito e
os aspectos gerais da aprendizagem, assinale a alternativa
incorreta:
B
A psicologia do desenvolvimento é uma área do
conhecimento que estuda o desenvolvimento do
indivíduo em todos os seus aspectos — físico-motor,
intelectual, afetivo-emocional e social —, desde o
nascimento até a idade adulta.
C
O estudo do desenvolvimento humano possibilita
conhecer as características comuns a cada faixa
etária — formas de perceber, compreender e se
comportar diante do mundo.
D
A compreensão do desenvolvimento implica
descrever, tão completa e exatamente quanto
possível, as funções psicológicas das crianças em
diferentes faixas etárias e descobrir como tais
funções mudam com a idade.
E
O estudo do desenvolvimento humano se baseia
especificamente no histórico familiar de doenças
orgânicas e nos fatores protetivos e de risco
presentes no contexto psicossocial.
A
A aprendizagem é um processo e, em suas unidades
mais primárias ou básicas, ocorre quando a pessoa,
em virtude de determinadas experiências, que
Parabéns! A alternativa D está correta.
A aprendizagem é influenciada por diversos fatores internos do
indivíduo, bem como por fatores externos. No caso dos aspectos
internos, não há como negar a importância dos fatores orgânicos e
psicológicos.
incluem necessariamente inter-relações com o
contexto, produz respostas novas e modifica as
existentes.
B
A aprendizagem envolve fatores individuais — como
memória, atenção e pensamento, autoestima e
autoconfiança, visão e audição, bem como a
capacidade de estabelecer relacionamentos.
C
A aprendizagem é um processo que ocorre durante a
vida, permitindo-nos adquirir algo novo em qualquer
idade. Há diversos fatores que nos levam a
apresentar um comportamento que anteriormente
não apresentávamos.
D
Os estudiosos costumam afirmar que, para
acontecer a aprendizagem, não precisamos das
interferências de fatores específicos, como, por
exemplo, a saúde física e mental, a motivação, a
maturação etc.
E
A aprendizagem é a modificação do comportamento
diante de uma situação e implica progresso e
evolução.
3 - O papel da escola e da família na aprendizagem
Ao �nal deste módulo, você será capaz de de�nir o papel da escola e da família na
aprendizagem.
Ligando os pontos
A aprendizagem nãoé algo limitado. Não está exclusivamente na fala do
professor, tampouco é restrita à família. Todo o conjunto de vivências
nos faz pensar sobre aprendizagens e seus papéis cotidianos.
Lara é uma criança de 9 anos de idade e cursa o 3º ano do ensino
fundamental. Ela precisou refazer o 2º ano devido à pandemia da covid-
19. Durante esse período, Lara mudou de escola em função da logística
familiar. Em sua escola anterior, a leitura era valorizada e os estudantes
liam assim que chegavam. Por essa razão, Lara passou a ter muito
interesse pela leitura. Além disso, seus pais são professores, por isso ela
sempre conviveu no meio dos livros e da educação. Sua antiga escola
potencializou o prazer pela leitura.
Então, ela mudou para uma escola com uma proposta pedagógica bem
diferente, na qual o interesse por livros e pela leitura não era algo
estimulado. Apesar de ter rodas literárias, não se discutia a leitura nem
mesmo com os amigos. O desejo de ler de Lara passou a diminuir, ela
não tinha nem mesmo mais a liberdade de ir à biblioteca sozinha para
escolher seus livros. Era preciso marcar um dia e ir acompanhada da
professora.
Sua mãe, que é psicopedagoga, percebeu o desinteresse e solicitou um
atendimento com a coordenação para entender melhor a proposta
pedagógica e dizer o que vinha percebendo. Ela pediu ajuda à escola,
não querendo que Lara perdesse seu desejo pelos livros. No entanto, ela
sabe que a escola sozinha não é a única responsável para que haja essa
mudança.
A mãe de Lara passou a oferecer mais livros à filha, mas ela recusava.
Então conheceu uma coleção em que uma menina viajava pelo mundo
em cada livro. Com isso, a personagem apresentava o lugar, as culturas,
as comidas, os costumes, a natureza, a religião e tantas outras
curiosidades.
Juntas, começaram a ler o livro sobre a Amazônia, embora Lara
continuasse resistente. Sua mãe iniciava a leitura, e Lara fingia não
ouvir. Mas a imaginação, a aventura e tudo que a leitura proporciona não
permitiram que a menina ficasse distante, logo ela começou a ter
interesse pela história. Lara voltou a ler.
Antes de terminar as aventuras pelo Brasil, seu aniversário estava
chegando e sua mãe comprou a aventura pelo Machu Picchu. Que
alegria de Lara ao receber esse livro no dia de seu aniversário! As duas
ficaram ansiosas para conhecer as aventuras e curiosidades sobre o
Peru e querem viajar para lá.
Lara pediu ao seu pai o próximo livro da coleção para conhecer a África
assim que terminar as suas aventuras em Machu Picchu.
Após a leitura do caso, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos
ligar esses pontos?
Questão 1
Vamos pensar sobre o ponto primordial. Para você, na qualidade de
estudante de Psicopedagogia, qual é a importância da relação entre
família e escola?
A
A família é a base de tudo, então ela é que define o
potencial de educação.
B
Escola ensina e família educa, logo possuem
relações e papéis diferentes e complementares.
C
Cabe à família cobrar que o aluno cumpra o
determinado pela escola.
Parabéns! A alternativa E está correta.
A aprendizagem não é estanque e linear. Não existem os alunos que
são bons e o enorme contingente fadado ao fracasso. Escola e
família se influenciam e a manifestação disso é no discente. Por
isso, a atenção necessária de professor e da equipe multidisciplinar,
sendo necessária, muitas vezes, a intervenção da Psicopedagogia.
Questão 2
A sociedade e a escola devem ser separadas. São dois mundos
diferentes, dois conhecimentos distintos. Será? A discussão sobre
as transformações de uma criança na mudança de ambiente é
recorrente e um desafio para a equipe pedagógica. Por que é
importante compreender esse desafio?
D
A escola deve exigir a participação dos pais, pois
sem isso está fadada ao fracasso.
E
Pais e escolas têm uma relação intrínseca e
mudanças em um e em outro afetam a
aprendizagem.
A
A criança traz uma formação educacional diferente,
então não se adapta.
B
Cada escola, cada turma tem uma formação
singular, sendo assim o aluno está sempre em
sofrimento.
C
Falta à escola padrão e acolhimento, uma vez que o
currículo é único e as variações não deveriam existir.
D
A dinâmica de saberes, aceitação e estímulo é
sempre individual, mas impactada pelo coletivo.
E É função da escola refrear os estímulos sociais.
Parabéns! A alternativa D está correta.
A família, a comunidade, os amigos, a escola, tudo isso impacta a
aprendizagem e a transformação. Quando indivíduos se aceitam e
são reconhecidos, mudam roupas, falas e hábitos. É isso que a mãe
de Lara notou. As famílias, as escolas e a sociedade devem estar
sempre atentos a esses pontos.
Questão 3
Silêncio! Professor bom é aquele com o qual o aluno não dá nem
um “pio”. Sua filha é boa aluna, ou seu filho é bom aluno, mas
fala muito com os colegas em sala de aula.
Esse tipo de retorno é recorrente no cotidiano escolar. Como deve
ser a interação e o aprendizado dos estudantes entre si? Se a mãe
de Lara não fosse psicopedagoga, quem deveria ter esse olhar
voltado para o interesse pela aprendizagem de Lara e dos demais
alunos da escola?
Digite sua resposta aqui
Chave de resposta
As duas perguntas se entrelaçam em sua resposta e
têm o mesmo viés de redução da importância de
troca entre os alunos no ambiente. Os estudantes se
influenciam, dialogam e não é porque fazem barulho
ou debatem que devem e precisam ser silenciados
em sala de aula. A psicopedagoga institucional
precisa estar atenta a essas trocas, bem como
manter a escuta ativa, o que pode proporcionar
pesquisas e abordagens mais ampliadas do que o
imaginado.
Vamos ver um pouco melhor a partir do bate papo
entre a professora Nathália Serenado e a professora
Carla Marçal.

A escola, a família e a
educação: um dever
coletivo
Papel da família na aprendizagem
Para compreendermos a família, precisamos lembrar que ela é
considerada uma instituição social fundamental na vida do indivíduo.
Apesar das diversas críticas que recebe, não podemos negar a grande
importância que exerce no desenvolvimento e na formação do indivíduo.
A partir da segunda metade do século XX, a família passou por diversas
transformações tanto em sua estrutura e organização quanto nas
funções de seus membros (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008).
Geralmente, as primeiras experiências educacionais da
criança são proporcionadas pela família. Depois de
nascer, a criança começa a sofrer influências familiares
que, aos poucos, vão modelando seu comportamento.
Muitos pais não têm plena consciência de que seus comportamentos,
sua maneira de ser e de falar, de andar e cumprimentar as pessoas, de
olhar para os outros e até mesmo de carregar o filho no colo têm enorme
influência sobre o desenvolvimento da criança (PILETTI, 2008).
A primeira instituição mediadora entre o homem e a cultura é a família.
Ela estimula as relações sociais, afetivas e cognitivas da criança, e
possui significados e práticas culturais prontas que moldam nossa
construção individual e coletiva, além de criar modelos comportamentais
predefinidos para resolução de problemas (DESSEN; POLONIA, 2007).
Além de ser responsável por garantir a sobrevivência da criança, a
família deve fornecer afeto, considerar sempre suas necessidades
básicas e novos aprendizados para que ela seja capaz de viver em
sociedade (CASARIN; RAMOS, 2007).
Os sentimentos que os pais têm em relação à criança durante os anos
anteriores à escola são essenciais para seu desenvolvimento posterior e
para sua aprendizagem escolar. Parte da influência dos pais provém da
maneira como encaram a aprendizagem escolar.
Certamente, o atraso do filho pode estar relacionado com a atitude dos
pais em relação à leitura. Eles podem influenciar a aprendizagem que os
filhos vão ter na escola por meio de atitudes e valores que lhes passam,
sem a intenção de ensinar (PILETTI, 2008).
Não basta comprar livros e dizer à criança que leia. Os pais
também precisam ler e valorizar a leitura.
A família também deveestabelecer com as crianças alguns limites, pois
a existência de regras a serem cumpridas favorece que a convivência
entre todos os membros do ambiente familiar seja harmoniosa e
amigável. Essa instituição deve fornecer à criança um sentimento de
segurança e compreensão, para que possa existir estabilidade
emocional e um processo de socialização saudável em sua vida
(CASARIN; RAMOS, 2007).
Papel da escola na aprendizagem
A partir do momento em que a criança começa a frequentar o contexto
escolar, amplia seu meio social e desenvolve significativamente suas
competências cognitivas e habilidades sociais. Como instituição social,
a escola assume um papel relevante para a formação do indivíduo como
cidadão. Após o ambiente familiar, a escola é a instituição social mais
importante e tem o dever de proporcionar ao aluno um preparo
intelectual e ético, bem como a inclusão social.
A escola também é um lugar em que os indivíduos iniciam o convívio
com diferentes pessoas, de raças, cor, etnia e religião distintas, pois a
diversificação cultural é enorme (SILVA; FERREIRA, 2014).
Conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente:
Art. 53. A criança e o adolescente
têm direito à educação, visando ao
pleno desenvolvimento de sua
pessoa, preparo para o exercício da
cidadania e qualificação para o
trabalho [...].
(BRASIL, 1990, n. p.)
Cabe aos professores ajudar na procura de conhecimentos, além de
agregar suportes teóricos à construção do indivíduo e auxiliar os alunos
nas suas dificuldades por meio da afetividade.
No espaço escolar, também ocorrem a vivência e a aquisição de cultura,
competências e conhecimentos do indivíduo. Logo, a escola não pode se
limitar a passar apenas informações sobre as matérias e meramente
transmitir o conteúdo do livro didático (LIBÂNEO, 2004).
Atenção!
A escola tem o objetivo de desenvolver as potencialidades corporais,
intelectuais e afetivas dos indivíduos, formando sujeitos cooperativos no
meio em que vivem mediante conteúdos aprendidos, bem como
cidadãos íntegros, éticos e reflexivos (COSTA, 2006).
Como você percebeu, a instituição escolar é uma ferramenta importante
e indispensável para o desenvolvimento do aluno, pois, ao adentrar esse
universo, a criança começa a ampliar seu meio social e a moldar sua
personalidade a partir de sua rotina, suas amizades e dos
conhecimentos adquiridos (MAHONEY, 1999).
Além disso, o ambiente escolar proporciona ao indivíduo o controle dos
conhecimentos, da cultura e da ciência, e envolve um progresso nas
habilidades de pensamento. A escola precisa torná-lo capaz de interferir
criticamente na realidade em que vive, para que ele possa transformá-
la, e não apenas para integrar-se ao mercado de trabalho.
A função da escola é preparar o aluno para exercer a
cidadania, desenvolver sua autonomia, atuar e se
comunicar com os conceitos educativos, participar dos
processos organizacionais internos escolares, bem
como dos movimentos e das organizações da
sociedade (LIBÂNEO, 2004).
Como a escola é uma instituição social, suas ideias estão relacionadas
ao contexto político, econômico, social e cultural de uma comunidade.
Nesse sentido, é importante que os educadores saibam suas metas e
funções, e possibilitem a fluidez no desempenho da aprendizagem e no
trabalho da escola (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012).
Outro ponto importante a destacar é a divergência que ocorre entre
escola e família. Veja (OLIVEIRA; MARINHO-ARAÚJO, 2010):

Escola
A escola tem a função
de favorecer a
aprendizagem dos
conhecimentos
construídos socialmente
em determinado
momento histórico, de

Família
A família tem a função
de promover a
socialização das
crianças, incluindo o
aprendizado de padrões
comportamentais,

ampliar as
possibilidades de
convivência social e de
legitimar uma ordem
social.
atitudes e valores
aceitos pela sociedade.
A escola é um local que propicia aprendizagem a partir do modo de
ensinar, do contato e do conhecimento de várias pessoas, gerando
reflexões distintas e interesse dos alunos em estudar por meio do
diálogo (BONA; VAZ, 2016).
Parceria entre escola e família
Você já deve ter lido em algum livro ou artigo científico sobre a
importância da parceria entre família e escola para o desempenho
escolar da criança. Essa relação não é válida somente para questões
educacionais e escolares, mas também para o desenvolvimento integral
do indivíduo. A escola e a família destacam-se como duas instituições
fundamentais que só se comparam à existência do Estado.
Escola
No ambiente escolar, uma vez atendidas as demandas
psicológicas, sociais, culturais e, consequentemente, cognitivas,
esse desenvolvimento acontece de maneira mais estruturada e
pedagógica do que no ambiente doméstico-familiar (DESSEN;
POLONIA, 2007). Tais instituições se complementam: uma
depende da outra para alcançarem juntas o objetivo em comum
de formar bons cidadãos que atuem positivamente na sociedade.
Família
Os pais e a escola devem atuar na função educativa do aluno,
orientando sobre diversos assuntos, para que ambas as
instituições possibilitem um desempenho escolar adequado e a
socialização dessa criança. É essencial que a família esteja
envolvida no processo de ensino e aprendizagem. Isso ajuda no
desempenho escolar de maneira positiva, considerando que o
convívio da criança com a família é maior do que o convívio com
a escola (SOUZA, 2009).
O ambiente familiar exerce grande influência na aprendizagem escolar,
atuando junto com a escola para que ocorra o progresso intelectual e
social do aluno (SOUZA, 2009). A instrução oferecida na escola está
voltada para o processo de ensino e aprendizagem. Já na família, essa
instrução é orientada para a socialização e proteção, e para que as
necessidades básicas das crianças sejam garantidas (DESSEN;
POLONIA, 2007).
Nesse contexto, vários problemas afetam o processo
de desenvolvimento e a aprendizagem do aluno. A falta
de incentivo, de estímulos e de encorajamento, bem
como as más condições de ensino, tem como
consequência o baixo desempenho ou rendimento
escolar.
Quando falamos em desempenho escolar, não podemos rejeitar a
instituição familiar, porque o aprendizado começa antes de a criança
ser inserida na escola. Afinal, ela traz consigo uma considerável
bagagem de conhecimento que adquiriu no ambiente familiar, além de
valores e atitudes em relação ao processo de aprendizagem de forma
geral (OLIVEIRA; MARINHO-ARAÚJO, 2010).
Atenção!
A família é responsável pelo desenvolvimento humano, e a escola se
torna uma extensão do ambiente familiar, o intermédio entre a cultura e
as gerações. Por meio da escola, são gerados cidadãos críticos e
racionais (SILVA et al., 2015). A escola, porém, não trabalha sozinha. É
necessário o diálogo entre pais, escola e alunos para ajudar nas
necessidades diárias. O ambiente escolar pode até ser considerado a
segunda casa da criança por ensinar os valores morais e afetivos, mas a
obrigação moral é de total responsabilidade da família (SANTOS;
PAULINO, 2014). De qualquer modo, as duas instituições precisam estar
em harmonia e integradas para auxiliar, de maneira intensa, em relação
ao processo de ensino e aprendizagem dos alunos.
Já sabemos que a escola é um lugar essencial para realizar a
aprendizagem, pois possibilita a criação de conhecimentos, para que os
sujeitos atuem na sociedade de maneira determinada. Em parceria com
a família no desenvolvimento da criança e com qualidade de ensino,
proporciona oportunidades positivas que trazem o progresso cognitivo
(BRITO; FREITAS, 2012). O comprometimento da escola e da família
possui grandes benefícios para a formação da identidade e o avanço da
autonomia do aluno, pois permite que ele se sinta seguro em relação aos
pais e aos professores, que conheça suas dificuldades e que consiga
atingir suas metas (OLIVEIRA; MARINHO-ARAÚJO, 2010).
A dimensão familiar e a
aprendizagem
Compreenda, neste vídeo, a importância da família no processo de
ensinoe aprendizagem.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1

A família é uma instituição social que tem passado por
transformações significativas ao longo dos anos e é foco de
interesse entre vários estudiosos dessa área. Sobre o assunto,
assinale a alternativa incorreta:
Parabéns! A alternativa E está correta.
O ambiente familiar pode ser prejudicado pelo impacto de diversos
fatores, como, por exemplo, o econômico e o social.
Questão 2
A escola e a família devem estabelecer uma união e interação entre
si, para que, juntas, possam influenciar e agir positivamente na vida
escolar da criança e do jovem, visando a seu bom desempenho
A
Atualmente, existem muitas formas de estrutura
familiar — de pais separados, chefiados por mãe,
nuclear e externa.
B
A família é responsável pela sobrevivência física e
psíquica das crianças e constitui o primeiro grupo de
mediação do indivíduo.
C
A família também deve estabelecer limites às
crianças, pois o cumprimento de regras contribui
para uma boa convivência entre os membros do
ambiente familiar.
D
A família reproduz a cultura que a criança
internaliza, auxilia a convivência em sociedade e
orienta condutas aceitáveis.
E
No contexto atual, fatores como dificuldade
econômica, baixa escolaridade, baixa renda, trabalho
instável e perda financeira são considerados
insignificantes para prejudicar o bem-estar familiar.
escolar e a seu pleno desenvolvimento. Sobre o assunto, assinale a
alternativa incorreta:
Parabéns! A alternativa E está correta.
As ações, as posturas da família e da escola, bem como o afeto que
essas instituições proporcionam às crianças e aos jovens,
favorecem o aprendizado, os relacionamentos, a formação, ou seja,
o desenvolvimento integral do indivíduo.
A
A família e a escola têm funções muito importantes
na vida das pessoas.
B
A família e a escola contribuem para o
desenvolvimento e para a aprendizagem do
indivíduo em diversos aspectos, seja cognitivo,
afetivo, biológico ou social.
C
Muitos pais não sabem que seus comportamentos
influenciam o desenvolvimento dos filhos.
D
Na escola, o professor deve estar sempre atento às
etapas do desenvolvimento do aluno, colocando-se
na posição de facilitador da aprendizagem e
calcando seu trabalho no respeito mútuo, na
confiança e no afeto.
E
A família e a escola dificultam as interações das
crianças e dos jovens com o mundo por meio da
relação afetiva saudável, das atividades e das
experiências que lhes oferecem.
4 - O objeto de estudo da Psicopedagogia
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer o objeto de estudo da Psicopedagogia
na formação pro�ssional do psicopedagogo.
Ligando os pontos
Flávia é psicopedagoga institucional. Trabalha em uma escola do
município e atende ao segundo segmento com os estudantes do 6º ao
9º ano do ensino fundamental II. Seu maior desafio é evitar o fracasso
escolar. Para isso, precisa de um trabalho preventivo. Dessa maneira,
Flávia traz uma sistematização em sua atuação psicopedagógica:
1º: Identificar o sintoma, ou seja, a doença.
2º: Elaborar métodos e técnicas da avaliação na Psicopedagogia
institucional:
a) Elaboração de hipóteses.
b) Produção de informe psicopedagógico.
c) Realização de devolutiva e especificidades.
d) Monitoramento dos resultados.
Flávia faz a prevenção e a intervenção psicopedagógica visando à
solução de problemas de aprendizagem na instituição, utilizando
métodos, instrumentos e técnicas.
Assim, ela pode trazer um diagnóstico institucional:
O lócus onde ocorre a aprendizagem e seus possíveis problemas.
Os sujeitos diretamente envolvidos.
Os sujeitos indiretamente envolvidos.
A identificação dos problemas e sua caracterização.
A identificação de diferentes contextos (sala de aula, sala de
atendimento, setores de trabalho, relação professor X aluno;
estratégias didáticas etc.).
As diferentes áreas de interferência da diferença de aprendizagem
(conteúdos específicos, dimensão afetiva, cognitiva, relacional etc.).
Após a leitura do caso, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos
ligar esses pontos?
Questão 1
A quem cabe o papel de atuar na detecção de uma necessidade
educacional especial vinculada a uma doença?
Parabéns! A alternativa C está correta.
Muitas escolas esperam o laudo para que possam entender uma
necessidade, outras acreditam que seus professores devem fazer “o
diagnóstico”, e ainda há um grupo que entende que o profissional
psicopedagogo é onipresente e deve, a todo o tempo, notar as
A Aos professores.
B Exclusivamente à família.
C
Ao coletivo e ao suporte e direcionamento do
profissional.
D Ao médico da escola.
E Ao psicopedagogo.
dificuldades. Esse profissional está focado nessa questão, mas
precisa de toda a comunidade para efetivar seu trabalho.
Questão 2
Quando tratamos de gestão participativa, pensamos muito nas
questões financeiras, mas elas são mais amplas. Essas questões se
manifestam no projeto político-pedagógico (PPP) das escolas e
estão organizadas nas demandas coletivas. Nesse sentido, qual é o
papel do psicopedagogo?
Parabéns! A alternativa E está correta.
Ficar atento, elaborar, investigar, acompanhar históricos e tratar dos
desenvolvimentos, todas essas ações são fundamentais para as
possibilidades de plena atuação do psicopedagogo no ambiente
escolar. Não é esperar, e sim preparar, antecipar, estudar.
Questão 3
A
Estimular as famílias a levarem crianças com
necessidades especiais a escolas especializadas.
B
Organizar um espelho para indicar ao professor
como detectar problemas de ordem mental.
C
Ordenar a direção para que obrigue os pais a
providenciar laudos de crianças quando detectada a
necessidade.
D
Estruturar práticas pedagógicas inclusivas,
independentemente das necessidades especiais do
educando.
E
Investigar, reunir dados, dar suporte a docentes e
famílias, mostrando que necessidades especiais não
são o “fim do mundo” ou da vida de um estudante ou
família.
O olhar antecipado do psicopedagogo pode gerar resultados
melhores efetivamente? Como você vê a atuação dessa
investigação? Que passos ou sugestões você daria?
Digite sua resposta aqui
Chave de resposta
Com um olhar atento e ciente do que está se
investigando, é possível conseguir um diagnóstico
diferencial e, com isso, criar planos de intervenção
para o espaço institucional. Não existe improviso!
Não se pode contar com sorte. É necessário que haja
ação, observação, organização e planejamento por
parte do profissional.
Objeto de estudo da Psicopedagogia
Nas décadas de 1980 e 1990, alguns teóricos e estudiosos das áreas da
educação e da saúde já se preocupavam em definir o objeto de estudo
da Psicopedagogia. Ao adentrarmos nesse universo, verificaremos que
tal objeto de estudo passou por fases distintas, assim como os demais
aspectos dessa área.
Houve momentos em que o trabalho psicopedagógico valorizava mais a
reeducação. O processo de aprendizagem era averiguado em função
de seus déficits, e o trabalho procurava superar tais defasagens. Esse
enfoque buscava estabelecer semelhanças entre grandes grupos de
sujeitos, as regularidades, o esperado para determinada idade, visando
reduzir as diferenças e acentuar a uniformidade (BOSSA, 2011).
Em um outros momentos, a Psicopedagogia deu ênfase à noção de não
aprendizagem de outra maneira: o não aprender era carregado de
significados e não se opunha ao aprender. Essa fase da Psicopedagogia
é fundamentada especialmente na Psicanálise e na Psicologia Genética.
A nova concepção valorizou a singularidade do indivíduo ou grupo,
buscando o sentido particular de suas características e suas
alterações, segundo as circunstâncias de sua própria história e de seu
mundo sociocultural.
Na atualidade, a Psicopedagogia foca a concepção de aprendizagem —
processo do qual participa um ser biológico com disposições afetivas e
intelectuais que interferem na forma de se relacionar com o meio.
Essas disposições influenciame são influenciadas pelas condições
socioculturais do sujeito e de seu meio.
A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana,
que deriva de uma demanda: o problema de
aprendizagem, colocado em um espaço pouco
explorado, situado além dos limites da Psicologia e da
própria Pedagogia.
Essa área de estudos evoluiu devido à existência de recursos, ainda que
embrionários, para atender a essa demanda, constituindo-se, assim, em
uma prática. Como se preocupa com o problema de aprendizagem, a
Psicopedagogia deve ocupar-se inicialmente do processo de
aprendizagem (BOSSA, 2011).
A Psicopedagogia estuda as
características da aprendizagem
humana: como se aprende, como
essa aprendizagem varia
evolutivamente e está condicionada
por vários fatores, como se
produzem as alterações na
aprendizagem, como reconhecê-las,
tratá-las e preveni-las. Esse objeto
de estudo, que é um sujeito a ser
estudado por outro sujeito, adquire
características específicas,
dependendo do trabalho clínico ou
preventivo.
(BOSSA, 2011, p. 24)
Vejamos as diferenças entre os trabalhos clínico e preventivo (BOSSA,
2011):
O trabalho clínico ocorre na relação de um sujeito com sua
história pessoal e sua modalidade de aprendizagem, buscando
compreender a mensagem de outro sujeito, implícita no não
aprender. O profissional deve comprender o que, como e por que
o sujeito aprende, além de perceber a dimensão da relação entre
psicopedagogo e sujeito, de modo a favorecer a aprendizagem.
No trabalho preventivo, a instituição, como espaço físico e
psíquico da aprendizagem, é objeto de estudo da
Psicopedagogia, uma vez que são avaliados os processos
didático-metodológicos e a dinâmica institucional, que interferem
no processo de aprendizagem (BOSSA, 2011).
A partir dos aspectos apontados acerca do objeto de estudo da
Psicopedagogia, consideramos que o psicopedagogo é alguém que está
diante da interação de um indivíduo com o objeto de conhecimento. É
importante que ele tenha um bom domínio e uma boa compreensão a
respeito de quem é esse indivíduo e da natureza do objeto do
conhecimento.
Trabalho clínico 
Trabalho preventivo 
Formação pro�ssional do
psicopedagogo
A formação do psicopedagogo ocorre no curso de especialização, em
instituições de ensino autorizadas pelo Ministério da Educação (MEC).
Esse profissional pode ser formado em Psicologia, Pedagogia,
Fonoaudiologia, Assistência Social ou qualquer outra área que esteja
relacionada à educação e à saúde. No entanto, a formação do
psicopedagogo não acontece somente nesse âmbito. Ela também pode
ocorrer em nível de graduação. A respeito do assunto, a Associação
Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) apresenta a ementa da Resolução
nº 2, de 1º de julho de 2015, do MEC, que:
Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)
Associação brasileira própria para os psicopedagogos, que se originou a
partir da Associação Estadual de Psicopedagogia de São Paulo. Foi
fundada em 1980 por profissionais que atuavam na área, que pesquisavam
e procuravam construir conhecimentos sobre os processos e problemas de
aprendizagem. É uma associação de direito privado, sem fins lucrativos, que
opera para fortalecer a atuação e os direitos dos psicopedagogos de todo
Brasil.
Define as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a formação inicial
em nível superior (cursos de
licenciatura, cursos de formação
pedagógica para graduados e
cursos de segunda licenciatura) e
para a formação continuada.
(BRASIL, 2015, n. p.)
Já a Resolução nº 1, de 6 de abril de 2018, também do MEC:
Estabelece diretrizes e normas para
a oferta dos cursos de pós-
graduação lato sensu denominados
de especialização, no âmbito do
Sistema Federal de Educação
Superior, conforme prevê o Art. 39, §
3º, da Lei nº 9.394/1996 e dá outras
providências.
(BRASIL, 2015, n. p.)
A Comissão de Formação e Regulamentação da ABPp apresentou ao
Conselho Nacional os referenciais de seu estudo. Essa comissão
compreende que deve propor uma política de formação com o intuito de
indicar os princípios que organizam as ações. Tal política aponta
diretrizes entendidas como direção e orientação que fundamentam o
Projeto de Lei em tramitação no Senado Federal, o qual busca
regulamentar a atividade de Psicopedagogia.
Normalmente, a formação em Psicopedagogia é compreendida a partir
de duas perspectivas, nas quais o psicopedagogo:
Pensando por esse lado, a ABPp destaca que:
 É visto como um teórico especialista na
área da aprendizagem.
 Apresenta-se como um prático, a partir de
ações interventivas, utilizando instrumentos
próprios da área, advindos de
conhecimentos cientí�cos diversi�cados.
[...] o psicopedagogo não é um mero
técnico ou um profissional
‘espontaneísta’, pois sua ação
implica refletir sobre as situações-
problema apresentadas e indicar
alternativas para a tomada de
decisão construída em seu processo
de formação pessoal e acadêmica,
visando à transformação da pessoa
rumo à qualidade de vida e ao
enfrentamento de suas dificuldades.
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA,
2019, n. p.)
Nesse sentido, a ABPp se apoia nas seguintes dimensões de trabalho na
perspectiva interdisciplinar:
Cumprimento da esfera legal — normas e legislação.
Organização e operacionalização dos componentes do processo
de ensino e aprendizagem, teorias da aprendizagem e enfoque
cognitivo-afetivo.
Relações interpessoais, interação humana e pessoalidade, com
ênfase nos processos relacionais individuais, grupais e
institucionais.
Dimensão normativa 
Dimensão técnica 
Dimensão humana 
Organização política do local ao qual a instituição pertence,
enfoque socioeconômico, perspectiva cultural, social e laboral em
que está inserida.
Essas dimensões devem promover um processo de crescimento pessoal,
interpessoal e grupal por meio de situações nas quais o psicopedagogo
seja mediador de ações, a partir da relação entre teoria e prática. É
prioritário que a formação do psicopedagogo também proporcione
maneiras de (MASINI, 2006):
Etapa 1
Ampliar a percepção e a acuidade às manifestações do indivíduo
em situação de aprendizagem, considerando as relações que
facilitam ou limitam seu ato de aprender.
Etapa 2
Assegurar a atenção à totalidade do sujeito na situação do ato de
aprender, considerando seu contexto, sua afetividade, seus
valores, seus hábitos e sua linguagem.
Etapa 3
Garantir a aquisição de conhecimentos sobre o desenvolvimento
do indivíduo com base nas teorias da aprendizagem e nas
relações com o outro.
Etapa 4
Desenvolver visão crítica sobre as teorias que embasam a ação
em relação ao contexto no qual atua profissionalmente e sobre a
utilização dos recursos propostos (instrumentos e técnicas) para
o desenvolvimento global do aprendiz, considerando-o em seu
meio social específico e em seu momento histórico.
Etapa 5
Dimensão do contexto 
Incutir o cuidado de análise quando os recursos científicos e
tecnológicos da atualidade distanciem o aprendiz de si próprio e
de seus significados.
Sobre esse processo de formação, a ABPp tem a preocupação de
propiciar aos indivíduos que escolhem a área da Psicopedagogia
informações consistentes sobre a atuação profissional, apoio e um local
a que possam recorrer caso necessitem.
Competências do psicopedagogo
As competências do psicopedagogo relacionam-se ao trabalho
psicopedagógico, o qual, como já vimos, é preventivo e clínico, mas
também teórico, uma vez que há necessidade de se refletir sobre a práxis
(prática). Vamos retomar essa reflexão de forma mais detalhada.
No trabalho preventivo, existem diferentes níveis de prevenção. São eles:
1º nível
Nesse nível, o psicopedagogo atua nos processos educativos com o
objetivo de atenuar a “frequência dos problemas de aprendizagem”. Seu
trabalho reflete nas questões didático-metodológicas, bem como na
formação e orientação de docentes, além de realizar aconselhamento
aos pais.
2º nível
O objetivo é atenuar os problemas de aprendizagem já estabelecidos e
tratar deles. Elabora-se um plano diagnóstico

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