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Conceitos básicos e princípios gerais da Psicopedagogia Prof.ª Patricia Rossi Carraro Prof.ª Carla Marçal Y Guthierrez Descrição Os fundamentos teórico-conceituais e o objeto de estudo da Psicopedagogia relacionados ao desenvolvimento humano, ao papel da escola e da família na aprendizagem e à formação profissional do psicopedagogo. Propósito Compreender os fundamentos teóricos, os conceitos básicos e o objeto de estudo da Psicopedagogia, assegurando que o valor que o desenvolvimento, a aprendizagem e o papel que a escola e a família assumem na formação educacional é importante para a atuação profissional do psicopedagogo. Objetivos Módulo 1 Fundamentos e conceitos básicos da Psicopedagogia Identificar os fundamentos teóricos e os conceitos básicos da Psicopedagogia. Módulo 2 Desenvolvimento humano e aprendizagem Descrever os aspectos gerais do desenvolvimento humano e da aprendizagem. Módulo 3 O papel da escola e da família na aprendizagem Definir o papel da escola e da família na aprendizagem. Módulo 4 O objeto de estudo da Psicopedagogia Reconhecer o objeto de estudo da Psicopedagogia na formação profissional do psicopedagogo. Introdução A Psicopedagogia se constitui como uma área de estudos, pois busca seu status de ciência e tem seu objeto de pesquisa. Embora o termo lembre a união da Psicologia e da Pedagogia, a Psicopedagogia procura construir-se como área de conhecimento. Relaciona-se a uma prática e a um conhecimento direcionados para a relação entre a subjetividade de cada indivíduo e o processo de aprendizagem. Quando iniciam sua trajetória nessa área, as pessoas pensam na Psicopedagogia como algo voltado somente para a questão do aprendizado no âmbito da escola. Contudo, todos os pré- requisitos para a aprendizagem escolar decorrem da história da aprendizagem humana, portanto ambas não estão desvinculadas. A partir de agora, você está convidado a aprender mais sobre o assunto e a dialogar conosco por meio deste material, que lhe dará uma visão global e fascinante do que é a Psicopedagogia. 1 - Fundamentos e conceitos básicos da Psicopedagogia Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os fundamentos teóricos e os conceitos básicos da Psicopedagogia. Ligando os pontos Refletir sobre os conceitos básicos da Psicopedagogia, a identificação dos fundamentos teóricos e o desenvolvimento do principal objeto da Psicopedagogia, o ser humano, é uma necessidade no cotidiano de todos os profissionais. Relacionar as teorias com as práticas encontradas no caminho contribui para uma aprendizagem significativa. O caso de estudo a seguir é baseado em eventos reais e o nome original de seus participantes foi protegido. Estudante de Ciências Biológicas de um instituto federal, José tem 19 anos, possui deficiência intelectual (DI) e cursa o 1º período da graduação. É um jovem, negro, educado e dedicado, mas, devido às suas condições biológicas, tem suas peculiaridades para aprender. Na instituição de ensino, existe um núcleo de atendimento especializado para estudantes público-alvo da educação especial. José procurou o núcleo e passou a ser atendido pela professora do Atendimento Educacional Especializado (AEE), que também é psicopedagoga, Carolina. O atendimento com José é individualizado, psicopedagógico e acontece duas vezes na semana, com duração de uma hora e meia. A Bioquímica tem sido um grande desafio para o estudante e os encontros são destinados a essa disciplina. Devido à complexidade da disciplina e ao desafio na compreensão abstrata de José, a professora/psicopedagoga Carolina decidiu aproximar o conteúdo da realidade do aluno. Além disso, tudo passou a ser uma conversa. Sim! Isso mesmo! Uma conversa. José não se dispersa mais e interage muito bem dessa maneira. Como uma boa psicopedagoga, Carolina solicitou que José fizesse um mapa mental durante essa conversa, sistematizando todo conteúdo. Isso porque ela identificou que uma das dificuldades de José é a memória. O mapa mental é visual, objetivo, simples e otimizado. Importante ressaltar que Carolina não fez sozinha esse mapa para José, pelo contrário, ela o orientou para que construíssem juntos. No final, Carolina realizou um jogo quiz de conhecimento (perguntas e respostas). José soube responder e sorria em cada acerto. Carolina também! Após a leitura do caso, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? Questão 1 Um aluno como José chegar ao curso superior é aceitável? Muitas pessoas consideram isso um problema, resultado de uma equivocada política pública. Para outras, é um sinal positivo das possibilidades de educação. A ação do AEE neste caso pode ser observada como Parabéns! A alternativa A está correta. A atuação psicopedagógica tem por fim analisar o aluno como um ser único, com anseios e demandas. A chegada ao ensino superior de alunos incluídos não é um problema, mas parte de uma longa e histórica jornada de inclusão. Cabe às instituições criar mecanismos e ter profissionais capacitados a ajudar esses alunos a efetivamente se desenvolverem e realizarem o seu curso. O acolhimento é saber ouvir, ajudar na busca de soluções e rediscutir como meios e estratégias podem ser estabelecidos para o desenvolvimento do aprendizado. Questão 2 A constituição de corpos psicopedagógicos por meios de Núcleo de Atendimento Personalizado ou Atendimento Educacional Especializado (AEE) é um compromisso institucional com o desenvolvimento e a aprendizagem dos educandos. Sendo assim, um dos focos importantes deve ser apontar ao aluno como ele pode A um gesto importante de acolhimento. B um ato inútil. C uma ação afirmativa, apesar de ser impossível a formação do aluno. D um gesto de paternalismo desnecessário. E um ato didático, uma vez que o aluno foi ensinado a elaborar seu próprio material. A aprender a aprender. B atingir bons resultados. Parabéns! A alternativa A está correta. Pode parecer simples, mas não é. Aprender a aprender é um mecanismo que exige tempo, adaptação e paciência, algo que todos os alunos precisam desenvolver, mesmo aqueles que não possuem necessidades educacionais especiais, o que muda é o suporte. A instituição deve ter o compromisso de atuar nessa dinâmica, na sua experimentação. Questão 3 Existe culpado pelo fracasso na aprendizagem ou, para pessoas como José, seria impossível aprender e apreender essa disciplina? Quais as atuações possíveis de um psicopedagogo institucional na sua opinião? Digite sua resposta aqui Chave de resposta Cabe ao psicopedagogo ajudar no desenvolvimento de estratégias de aprendizagens, dar suporte aos docentes sobre as melhores formas de se adaptar aos alunos e dialogar com a gestão da escola sobre quais investimentos podem ser necessários para a recepção e o desenvolvimento desse estudante. Vamos ver um pouco melhor a partir do bate papo entre a professora Nathália Serenado e a professora Carla Marçal. C ser salvo por direitos da educação especial. D impor suas dificuldades aos professores. E ser excluído se não se adaptar. Atuação psicopedagógica Pedagogia, Psicologia Escolar, Psicologia Educacional e Psicopedagogia Para que você compreenda melhor os fundamentos teóricos e os conceitos básicos da Psicopedagogia, inicialmente, é necessário mostrarmos a diferença entre Pedagogia, Psicologia Escolar, Psicologia Educacional e Psicopedagogia. Pedagogia É uma ciência da educação, uma área de conhecimento acerca da problemática educativa em sua totalidade e historicidade, bem como uma diretriz orientadora da ação educativa (LIBÂNEO, 2001). Psicologia Escolar É d t ã d P i l i i É um campo de atuação da Psicologia que possui um compromisso teórico e prático com as questões relativas à escola e a seus processos, à sua dinâmica, a seus resultados e atores. Psicologia Educacional Psicologia Educacional, ou Psicologia da Educação, envolve questões mais amplas, como pesquisa, ensino, processos de aprendizageme intervenção de psicólogos que atuam em estreita relação com o campo educativo (MARINHO-ARAÚJO; ALMEIDA, 2014). Psicopedagogia Pensar acerca da Psicopedagogia não é o mesmo que pensar na Psicologia Escolar ou Psicologia Educacional. A Psicopedagogia é uma área nova, resultante da articulação de conhecimentos do campo educacional e de outros, que aponta novos rumos para a solução de problemas antigos. Quem atua nessa área de aplicação é o psicopedagogo. Esse profissional se ocupa dos problemas de aprendizagem — estudados, inicialmente, pela Medicina e pela Pedagogia —, os quais são hoje tratados por um corpo teórico que vem se organizando a partir das contribuições de outros campos (BOSSA, 2011). Você já parou para refletir acerca dessas definições? A importância de compreendermos esses diferentes conceitos é justamente a possibilidade de esclarecer prováveis confusões ou distorções que possam surgir no campo de estudo da Psicopedagogia. Fundamentos teóricos da Psicopedagogia Para entender como a Psicopedagogia surgiu, você precisa conhecer sua história. A área nasceu da necessidade de uma melhor compreensão do processo de aprendizagem e não se restringe somente à aplicação da Psicologia e da Pedagogia. Os inúmeros autores que estudam a Psicopedagogia e se interessam pela área enfatizam sua relação com diversos campos de conhecimento. Admitir tal aspecto significa reconhecer sua especificidade como área de estudos, uma vez que, buscando uma diversidade de saberes e conhecimentos, ela cria seu próprio objeto — condição essencial da interdisciplinaridade. Como área de aplicação, a Psicopedagogia antecede o status de área de estudos, procurando, assim, sistematizar um corpo teórico próprio, definir seu objeto de estudo e delimitar seu campo de atuação. Para isso, recorre à Psicologia, à Psicanálise, à Linguística, à Fonoaudiologia, à Medicina e à Pedagogia. Os autores brasileiros que são referências na Psicopedagogia, como Neves, Kiguel, Scoz, Golbert, Rubinstein, Weiss, Barone e outros, assim como os argentinos Fernández, Paín, Visca e Müller, concordam quanto à necessidade de conhecimentos de várias áreas, que, articulados, devem fundamentar a constituição de uma teoria psicopedagógica (BOSSA, 2011). Veja, a seguir, alguns conhecimentos específicos de diversas outras teorias que contribuem para a área da Psicopedagogia. Psicologia Genética Procura analisar e descrever o processo construtivo do conhecimento pelo sujeito em interação com os outros e com os objetos. Psicanálise Estuda o mundo inconsciente, das representações profundas e operantes, por meio da dinâmica psíquica que se expressa por sintomas e símbolos, permitindo-nos levar em conta o desejo do homem. Neurologia Possibilita a compreensão dos mecanismos cerebrais, que são fundamentais no aprimoramento das funções mentais, apontando-nos a que correspondem, o enfoque orgânico e todas as evoluções ocorridas no contexto psíquico. Linguística Traz a compreensão da linguagem como um dos meios que caracterizam o tipicamente humano e cultural: a língua como código disponível a todos os membros de uma sociedade e a fala como fenômeno subjetivo, evolutivo e historiado de acesso à estrutura simbólica. Psicologia Social Estuda a constituição dos sujeitos, respondendo às relações familiares, grupais e institucionais, em condições socioculturais e econômicas específicas, o que inclui a aprendizagem. Nenhuma dessas áreas surgiu especificamente para responder à problemática da aprendizagem humana. Contudo, elas nos oferecem caminhos para refletir cientificamente e operar no campo psicopedagógico (BOSSA, 2011). Vamos pensar um pouco sobre a atuação do psicopedagogo diante do problema de aprendizagem de uma criança a partir das áreas de conhecimento mencionadas. Suponhamos que a escola encaminhou uma criança ao psicopedagogo por apresentar problemas de produção textual e dificuldades em Matemática. O profissional recorre a um corpo teórico para investigar sobre o que está originando essas dificuldades e analisa, então, algumas questões para auxiliar a criança. Veja: Psicologia Genética Ao entrar em contato com a Pedagogia, ele pode questionar se a metodologia utilizada no processo de alfabetização está adequada. Afinal, essa área envolve aspectos do processo de ensino e aprendizagem que podem ser compreendidos a partir das teorias pedagógicas, como a Psicologia Genética, que estuda os processos cognitivos. Psicanálise Se o psicopedagogo analisar o problema a partir da Psicanálise, poderá supor que o processo se inviabiliza na relação professor-aluno. Essa área pode identificar mecanismos psíquicos e dificuldades emocionais de ordem inconsciente que favorecem a não aprendizagem da criança. Como você percebeu, o psicopedagogo busca conhecimentos de diversas áreas. Contudo, nenhum desses campos surge, em sua totalidade, para responder aos problemas de aprendizagem. As diversas combinações entre esses conhecimentos resultam em posturas teórico- práticas diversificadas, mas com vários aspectos de convergência. Assim, a partir de pressupostos teóricos iniciais da Medicina, da Psicologia e da Pedagogia, foram constituídos saberes acerca dos problemas de aprendizagem, os quais se transformaram e, Neurologia Em outro cenário, imagine que, no contexto inicial com a família da criança, o psicopedagogo descubra que faltou oxigênio no parto, o que ocasionou nela uma lesão cerebral. Nesse caso, alguns princípios da Neurologia são essenciais ao profissional da Psicopedagogia para o devido encaminhamento a outros profissionais, bem como para verificar como será o tratamento da criança. Linguística O psicopedagogo pode descobrir, ainda, que a dificuldade na produção textual do aluno resultou de diferenças culturais e de linguagem. Nessa questão, a Linguística pode auxiliar o profissional na causa da problemática e — quem sabe? — na intervenção. Psicologia Social Já a Psicologia Social possibilita ao psicopedagogo pensar na natureza do grupo a que pertence o sujeito da aprendizagem e nas interferências socioculturais de tal grupo nesse indivíduo. consequentemente, modificaram a prática psicopedagógica até chegar à configuração atual. Atualmente, a Psicopedagogia refere-se a um saber e a um saber-fazer, às condições subjetivas e relacionais — em especial familiares e escolares —, às inibições, aos atrasos e aos desvios do sujeito ou grupo a ser diagnosticado (BOSSA, 2011). Conceitos básicos da Psicopedagogia A área da Psicopedagogia surge da necessidade de buscar soluções para a questão do problema de aprendizagem e dos fatores que interferem no ato de aprender. A Psicopedagogia busca colaborar para uma melhor compreensão desse processo. A Psicopedagogia preocupa-se com duas práticas. São elas: Nesta prática, a área tem-se transformado em campo de estudos para investigadores interessados no processo de construção do conhecimento e nas dificuldades que se apresentam nessa construção. Já nesta, a área busca criar uma relação saudável com o conhecimento, de modo a facilitar sua construção. A área da Psicopedagogia tem como propósito: [...] investigar a forma de aprender de cada indivíduo, ou a de não aprender, ou a de aprender com Prática clínica Prática preventiva dificuldade, de não revelar o que aprendeu, de fugir de situações possíveis de aprendizagem, observando fatores objetivos e subjetivos implicados no processo. (PAÍN, 1992, p. 24) No Brasil, o psicopedagogo ocupa-se das seguintes funções (MACEDO, 1990 apud BOSSA, 2011): Orientação de estudos Organização da vida escolar da criança, quando esta não consegue fazê-lo espontaneamente. Busca-se promover o melhor uso do tempo, a elaboração de uma agenda e tudo aquilo que é necessário a “como estudar” (como ler um texto, como escrever, como estudar para a prova etc). Acomodação dos conteúdos escolares Visa ao domínio de disciplinas escolaresem que a criança não está tendo um bom desempenho. O conteúdo escolar será utilizado apenas como uma estratégia para ajudar e fornecer ao aluno o domínio de si próprio e as condições necessárias ao desenvolvimento cognitivo. Desenvolvimento do raciocínio Trabalham-se os processos de pensamento necessários ao ato de aprender. Utilizam-se os jogos, pois promovem a criação de um contexto de observação e diálogo sobre processos de pensar e de construir o conhecimento. Atendimento de crianças Esse atendimento também se estende a pessoas com deficiências, com transtorno do espectro autista (TEA) ou com comprometimentos orgânicos mais graves. Conforme vimos, a Psicopedagogia atua nos processos da aprendizagem e se interessa por eles. Pertence a um campo de conhecimentos com diversas áreas — cada uma influencia a outra e dispõe de elementos que podem ser compartilhados e utilizados. O que é a Psicopedagogia? Entenda o conceito de Psicopedagogia, o processo da aprendizagem e as diversas áreas que auxiliam a construção deste estudo. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Ao considerarmos a complexidade da questão do processo de aprendizagem, com todas as variáveis e todos os elementos que interferem nesse processo, nem a Psicologia nem a Pedagogia e muito menos a Psicologia Escolar dão conta dessa dimensão sozinhas. Sobre o assunto, analise as asserções a seguir: I. Quando recorremos à Psicopedagogia para resolver os problemas de aprendizagem, não é o mesmo que utilizar os procedimentos e as técnicas da Psicologia, da Pedagogia, da Psicologia Escolar ou da Psicologia Educacional. PORQUE II. A Psicologia, a Pedagogia, a Psicologia Escolar e a Psicologia Educacional são áreas de conhecimento distintas, e cada uma traz suas contribuições à Psicopedagogia. Considerando o exposto, assinale a alternativa que apresenta a relação entre as asserções. Parabéns! A alternativa B está correta. Por mais que a Psicopedagogia sugira uma junção da Psicologia e da Pedagogia, ou tenha alguma relação com a Psicologia Escolar e a Psicologia Educacional, essa área de estudos vai mais além, pois envolve conhecimentos de diversos campos do saber e tem suas particularidades. Questão 2 Os fundamentos teóricos da Psicopedagogia estão vinculados a vários campos do conhecimento que contribuíram para a evolução dessa área. Que campo do saber não tem relação com a Psicopedagogia? A A primeira é verdadeira, e a segunda é falsa. B Ambas são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira. C Ambas são verdadeiras, mas a segunda não justifica a primeira. D A primeira é falsa, e a segunda é verdadeira. E Ambas são falsas. A Psicanálise, que estuda o universo psíquico do indivíduo e seus processos inconscientes. B Psicologia Social, que estuda os processos grupais, institucionais e familiares. Parabéns! A alternativa D está correta. A área da Enfermagem também cuida das pessoas. No entanto, o enfermeiro oferece assistência ao paciente no que diz respeito às doenças orgânicas, aos exames clínicos, à aplicação de injeção e curativos, ao bem-estar do paciente em clínicas, hospitais e domicílios, e não necessariamente aos aspectos relacionados ao aprendizado. 2 - Desenvolvimento humano e da aprendizagem Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever os aspectos gerais do desenvolvimento humano e da aprendizagem. C Psicologia Genética, que estuda os aspectos cognitivos e a construção do conhecimento. D Enfermagem, que presta assistência às pessoas e promove a saúde. E Linguística, que estuda os aspectos da linguagem, da língua e da fala. Ligando os pontos Você conhece o termo aprendizagem significativa? Ele foi discutido e trabalhado a partir das influências de importantes pesquisadores da Psicologia da Educação. Sabe-se que os seres humanos estão em processo de desenvolvimento e aprendizagem durante toda a sua vida. A interação social contribui para isso, além da aprendizagem significativa. Segundo o psicólogo da educação David Ausubel (2012), para a aprendizagem ser significativa, precisamos partir do conhecimento prévio do estudante, ou seja, daquilo que ele já sabe. Para entendermos melhor, vamos analisar o caso a seguir. Carla é uma professora do 5º ano do ensino fundamental. Ao ensinar sobre fungos na disciplina de Ciências, ela não trouxe nada concreto, apenas a parte conceitual para sua aula expositiva. A professora escreveu no quadro, desenhou e, ao tentar interagir com os estudantes, percebeu que eles não estavam entendendo nada. Confusa, ela resolveu parar a aula e pediu às crianças que levassem frutas maduras no dia seguinte. Os estudantes levaram as frutas, e a professora também levou uma banana bem madura que tinha em sua casa. A turma foi dividida em pequenos grupos. As frutas foram cortadas e colocadas em um recipiente. Enquanto uns cortavam, outros pegavam água e precisavam medir: 50ml, 100ml etc. (trabalhando, assim, com a matemática). Outro grupo estava registrando o método e trabalhando a escrita, a linguagem e a sistematização. A professora dizia que, para os fungos se reproduzirem, era preciso um ambiente fechado, úmido e escuro. Pois bem, eles colocaram água no recipiente em que estavam as frutas, o fecharam e colocaram uma fita adesiva para não deixar que o ar circulasse. Então, um aluno disse: “agora falta o lugar escuro”. “Isso!”, respondeu a professora. Decidiram, então, colocar o recipiente no armário da professora e o experimento ficou por vários dias. Os fungos foram sendo reproduzidos e os alunos vibrando com aquela experiência. Após algumas semanas, uma aluna chegou com um remédio e disse ter ido ao médico. Ela estava com micose no pé, que é causada por fungos. Então, um estudante disse: “Lógico! É um lugar bem propício: o pé também sua e fica dentro do tênis, que é fechado”. Como podemos perceber, os estudantes vivenciaram a experiência. Não foi um aprendizado distante da realidade deles. Após a leitura do caso, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? Questão 1 Vamos pensar sobre o ponto primordial. Para você, como estudante de Psicopedagogia, qual é a importância da relação entre família e escola? Parabéns! A alternativa B está correta. A práticas relativas ao planejamento escolar não são de fiscalização, mas de suporte. Mais do que isso, o planejamento não é algo feito somente no início do semestre, mas, sim, algo constantemente refeito, rediscutido, para dar subsídios aos docentes para a melhoria constante de seu trabalho. Ainda que não apareça de forma clara no caso visto, está no seu princípio e desenvolvimento. Questão 2 É preciso saber lidar com os conhecimentos que os alunos possuem? Professores mais tradicionais entendem que “significativo” é o conteúdo que o aluno precisa aprender, o que é um princípio completamente diverso ao de Ausubel. Para o autor, a aprendizagem significativa A A atuação do psicopedagogo na gestão escolar. B A atuação do psicopedagogo no planejamento. C A atuação do psicopedagogo no suporte do docente. D A atuação do psicopedagogo na disciplina. E A atuação do psicopedagogo na fiscalização do trabalho docente. Parabéns! A alternativa D está correta. Para Ausubel, a construção de significados é adquirida a partir das linguagens, daí os novos significados, que, por sua vez, são produtos da aprendizagem significativa. A emergência de novos significados no aluno reflete o complemento de um processo de aprendizagem significativa, em outras palavras: se eu sei algo e sou capaz de me relacionar com isso, de reconhecê-lo, manipulá-lo e discuti-lo, significa que esse conhecimento se tornou efetivamente significativo. Questão 3 Explique a relação entre as teorias de Ausubel e o caso de Maria e como isso é fundamental aos profissionais que atuam na equipe pedagógica. Digite sua resposta aqui A é a emergência de novos significados no aluno e reflete a verdade sobreo conhecimento. B derruba o paradigma de social e o substitui por um paradigma psicológico. C estabelece uma hierarquia entre os saberes sociais, significativos, e os escolarizados mecânicos. D envolve a aquisição de novos significados e os novos significados, por sua vez, são produtos da aprendizagem significativa. E envolve a aquisição de novos saberes que, ao entrarem no esquema cerebral, geram um incômodo e abrem espaço para um novo esquema organizativo. Chave de resposta A discussão aqui deve ser bastante variada. É preciso passar pelo ponto fundamental, no qual se ancora o conhecimento, não em uma relação tácita ou hierarquizada. Maria precisou sentir-se forte para usar seu conhecimento e buscar outros novos. Precisou também trabalhar com os professores para que esse movimento fosse valorizado e o conhecimento ganhasse sentido. Por fim, é fundamental que o psicopedagogo estude sobre o papel da aprendizagem significativa e a maneira como ele é debatido. Mas espere! O módulo trata de outros autores e não de Ausubel. Por que aprendemos mais sobre Ausubel? Vamos estabelecer esse link em um bate- papo entre a professora Nathália Serenado e a professora Carla Marçal. David Ausubel e a aprendizagem signi�cativa Desenvolvimento humano A área do desenvolvimento humano relaciona-se ao estudo científico dos processos sistemáticos de mudança e estabilidade que acontecem com as pessoas. Aqueles que se dedicam a estudar essa área observam os aspectos de transformação do indivíduo, desde a concepção até a maturidade, bem como as características que permanecem razoavelmente estáveis. É um processo que dura a vida toda, também denominado desenvolvimento do ciclo da vida (PAPALIA; FELDMAN, 2013). Estudar o desenvolvimento humano é uma condição para tentar responder o porquê das condutas do bebê, da criança, do adolescente, do jovem, do adulto e dos mais velhos. O desenvolvimento é um processo contínuo e ininterrupto, em que os aspectos biológicos, físicos, sociais e culturais se interconectam, influenciam-se reciprocamente, produzindo indivíduos com um modo de pensar, sentir e estar no mundo absolutamente singulares e únicos. O desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental e ao crescimento orgânico. O desenvolvimento mental é uma construção contínua, que se caracteriza pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais: formas de organização da atividade mental que se vão aperfeiçoando e solidificando até o momento em que todas, plenamente desenvolvidas, caracterizarão um estado de equilíbrio superior quanto aos aspectos da inteligência, da vida afetiva e das relações sociais (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008). Cada pessoa tem suas próprias características que a distinguem das demais e seu próprio ritmo de desenvolvimento. As motivações e mudanças de comportamento podem ser as mais diversas. Muitas vezes, os pesquisadores discordam a respeito dos fatores que levam uma pessoa a se comportar de uma ou de outra maneira. Por mais que estudemos e nos esforcemos para compreender o comportamento humano e seu desenvolvimento, este sempre nos reservará surpresas e imprevistos. Antes de ser desfavorável, essa imprevisão e certeza são o que dão graça e beleza à vida humana. Essa aparente desordem do ser humano, que não se ajusta a padrões preestabelecidos, produz o avanço, o progresso e a mudança. Re�exão Pare e pense no que acontece quando várias pessoas estão juntas. Com certeza, cada uma tem suas características, com pensamentos, sentimentos e posturas distintos. E precisa ser assim. Você já pensou como seria nossa vida se realizássemos todos os dias as mesmas tarefas e repetíssemos sempre os mesmos comportamentos? E se as outras pessoas fizessem tudo igual a você, tudo programado desde a concepção, como acontece com as outras espécies animais? O que faz a vida ser fascinante é essa constante incerteza quanto ao momento seguinte. Esse aspecto nos estimula a inventar, a criar, a realizar, a tentar melhorar nosso mundo. Apesar das diferenças e da incerteza que marcam o desenvolvimento humano, é possível estabelecer alguns princípios básicos, algumas tendências gerais que se verificam no desenvolvimento de todas as pessoas e de cada indivíduo em particular (PILETTI, 2008). Ao analisar o desenvolvimento de grande número de pessoas, muitos pesquisadores chegaram a estabelecer certas fases para esse processo. São períodos regidos por certa sequência e por princípios. Ao se desenvolverem, todas as pessoas experimentam essas etapas, embora varie a idade em que cada uma delas inicia cada fase. Vamos estudar a respeito? Fases do ciclo vital Não há períodos de ruptura radical no desenvolvimento humano, afinal, a evolução é gradual e contínua. Entretanto, em alguns momentos, as mudanças são maiores que em outros. Ao considerarmos o crescimento físico, a infância e a adolescência são os períodos em que as mudanças são mais visíveis. Agora, se pensarmos na vida adulta, sob esse ponto de vista, vamos notar que é um período de maior estabilidade. Aqueles que estudam o desenvolvimento contínuo dividem o processo em cinco fases, as quais têm características próprias. São elas: Vida pré-natal Antes do nascimento. Infância Do nascimento aos 12 anos. Adolescência Dos 12 aos 21 anos. Idade adulta Dos 22 aos 65 anos. Velhice Depois dos 65 anos. No entanto, essa divisão é arbitrária. O período da adolescência, por exemplo, varia de pessoa para pessoa. Se um menino começa a trabalhar aos 13 anos para ajudar no sustento de sua família, já está assumindo responsabilidades de adulto. E se um rapaz apenas estuda até os 28 anos, sem trabalhar, sua adolescência foi mais estendida. A divisão das fases do desenvolvimento humano depende dos critérios estabelecidos para concluir que alguém é adulto. A idade cronológica não pode ser o único critério. A fase da velhice também aponta para a arbitrariedade dessa divisão. Se considerarmos velhice o momento em que a pessoa já não pode trabalhar, em que tem suas funções orgânicas bastante prejudicadas, veremos que essa idade varia de acordo com a situação social e econômica de um país. No Brasil, por exemplo, a maioria das pessoas começa a velhice antes dos 65 anos, pois poucos conseguem chegar até essa idade. Os psicólogos divergem muito quanto à classificação das diversas fases do desenvolvimento humano e quanto às características mais importantes de cada etapa. Entre todos aqueles que realizaram estudos sobre o desenvolvimento humano no século XX, Sigmund Freud e Jean Piaget merecem um destaque especial. Sigmund Freud Neurologista austríaco que fundou a Psicanálise, teoria que teve grande efeito na Psicologia e na Psiquiatria, a qual diz respeito a uma camada profunda de nossa mente, o inconsciente, e à forma como este influencia as ações dos homens. Jean Piaget Psicólogo suíço apaixonado pela teoria do conhecimento, que acreditava na Psicologia como via científica para elaborar a epistemologia genética: uma base estabelecida por natureza para o desenvolvimento da habilidade da criança de pensar. De acordo com sua teoria, a mente da criança evolui ao longo de uma série de estágios até atingir a fase adulta. Estudo do desenvolvimento humano Agora, vamos compreender como os cientistas estudam o desenvolvimento humano. Você já parou para pensar nesse assunto? Os cientistas do desenvolvimento humano centralizam seus estudos em três grandes aspectos do indivíduo (PAPALIA; FELDMAN, 2013): Físico Ao explorarmos o crescimento do corpo e do cérebro, as capacidades sensoriais, as habilidades motoras e a saúde, estamos dando ênfase ao desenvolvimento físico. Cognitivo Quando pensamos em aprendizagem, atenção, memória, linguagem, inteligência, pensamento, raciocínio e criatividade, voltamos nosso olhar para o desenvolvimento cognitivo. Psicossocial No entanto, quando estudamos aspectos relacionados às emoções, à personalidade e às relaçõessociais, estamos falando do desenvolvimento psicossocial. Atenção! Por mais que estudemos cada aspecto separadamente, todos estão interrelacionados, conectados e unificados. O estudo do desenvolvimento humano está em constante evolução. As questões que os cientistas procuram responder, os métodos que empregam e as explicações que oferecem são mais bem elaborados e diversificados do que há anos. Vários avanços contribuíram para esse cenário e impactaram o desenvolvimento, como, por exemplo, a tecnologia digital, que revolucionou diversos exames e muitas técnicas nessa área (PAPALIA; FELDMAN, 2013). Como os profissionais de Psicologia atuam nas fases do desenvolvimento humano (MORRIS; MAISTO, 2004): Os psicólogos infantis se concentram em estudar os bebês e as crianças. Preocupam-se em saber se os bebês nascem com personalidades e temperamentos distintos, de que maneira se relacionam com pais e babás, como as crianças aprendem uma língua e desenvolvem sua moral, a idade na qual surgem as diferenças sexuais no comportamento, além das mudanças no significado e na importância da amizade durante a infância. Os psicólogos da adolescência especializam-se nesse estágio do desenvolvimento humano, interessam-se em saber de que modo a puberdade, as mudanças nos relacionamentos com os colegas e com os pais e a busca de identidade podem tornar esse período da vida bastante difícil para alguns jovens. Os psicólogos da maturidade preocupam-se com a idade adulta e as diferentes maneiras por meio das quais os indivíduos se ajustam aos parceiros, ao papel dos pais, à meia-idade, à aposentadoria e, por fim, à perspectiva da morte. Fatores in�uenciadores do desenvolvimento Você sabe se são os aspectos inatos, a hereditariedade ou a carga genética que influenciam o desenvolvimento humano, ou se são as Psicólogos infantis Psicólogos da adolescência Psicólogos da maturidade influências externas produzidas no ambiente (meio) que exercem esse papel? Resposta Antigamente, esse debate era constante e presente entre os pesquisadores, mas, na atualidade, os teóricos contemporâneos do desenvolvimento estão mais preocupados em descobrir meios de explicar como a genética e o ambiente atuam juntos do que apresentar qual dos fatores é o mais importante nesse contexto (PAPALIA; FELDMAN, 2013). Vamos conhecer, agora, os fatores indissociáveis e em permanente interação que influenciam o desenvolvimento humano (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008). São eles: Heditariedade Está relacionada aos aspectos genéticos, os quais estabelecem o potencial do indivíduo, que pode não se desenvolver. Existem pesquisas que comprovam os aspectos genéticos da inteligência, a qual, no entanto, pode se desenvolver aquém ou além de seu potencial, dependendo das condições do meio. Crescimento orgânico Refere-se ao aspecto físico. O aumento de altura e a estabilização do esqueleto permitem ao indivíduo comportamentos e um domínio do mundo que antes não existiam. Pense nas possibilidades de descobertas de uma criança quando começa a engatinhar e, depois, a andar em relação a quando estava no berço, com alguns semanas de vida. Maturação neuro�siológica É o que torna possível determinado padrão de comportamento. Para andar, subir e descer uma escada sem apoio ou andar de bicicleta, é á i d l i t ló i Para entender o desenvolvimento humano, é necessário (PAPALIA; FELDMAN, 2013): necessário um desenvolvimento neurológico que uma criança entre 6 e 8 meses não tem. Meio É o conjunto de influências e estimulações ambientais que altera os padrões de comportamento do indivíduo. Vamos pensar no seguinte exemplo: se a estimulação verbal for muito intensa, uma criança de 3 anos poderá ter um repertório verbal muito maior do que a média das crianças de sua idade, mas, ao mesmo tempo, pode não subir e descer uma escada com facilidade, se essa situação não fez parte de sua experiência de vida. Considerar as características herdadas, as quais oferecem a cada indivíduo determinadas condições para iniciar sua vida. Dar a devida importância aos diversos fatores ambientais, às experiências ou aos contextos (família, amigos, escola) que afetam o desenvolvimento. De�nições de aprendizagem Com certeza, você já deve ter ouvido que tal pessoa tem facilidade ou dificuldade em aprender, ou, ainda, que a gente aprende a todo momento. Mas você sabe o que realmente significa a palavra aprendizagem? Já parou para pensar no significado desse conceito? A aprendizagem é um processo que ocorre durante toda a vida e que nos permite adquirir algo novo em qualquer idade (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008). Considerar como a hereditariedade e o ambiente interagem, e entender quais processos de desenvolvimento são maturacionais ou não. Observar as in�uências que afetam muitas ou a maioria das pessoas em determinada idade ou em determinado momento histórico. Observar como o momento da ocorrência de determinado evento pode afetar o impacto de certas in�uências. Aprendizagem também pode ser considerada o resultado da estimulação do ambiente sobre o indivíduo já maduro, que se expressa, diante de uma situação-problema, sob a forma de uma mudança de comportamento em função da experiência (JOSÉ; COELHO, 2008). Quando repetimos comportamentos já realizados, não estamos aprendendo. Só há aprendizagem quando ocorre uma mudança no comportamento. A maior parte dos nossos comportamentos é aprendida, por exemplo: andar, falar, gritar, nadar, telefonar, sentar etc. (PILETTI, 2008). Existem pelo menos sete fatores para que a aprendizagem se efetive, independentemente da teoria de aprendizagem considerada (DROUET, 2006). São eles: Saúde física e mental Motivação Prévio domínio Entre os teóricos do desenvolvimento, há variações sobre a definição de aprendizagem. Alguns acreditam na importância do ambiente. Outros destacam mais os fatores orgânicos. E há aqueles que consideram a relevância da parte emocional e intelectual. De modo geral, os teóricos dessa área concordam que a aprendizagem envolve necessariamente mudança de comportamento, resultante da experiência. Os teóricos da aprendizagem consideram o comportamento humano bastante plástico, moldado por processos de aprendizagem previsíveis, apesar de não negarem a importância da genética e do meio ambiente em todos esses processos. Principais teorias da aprendizagem Vejamos as três das teorias da aprendizagem mais importantes (BEE; BOYD, 2011)! Modelo de condicionamento clássico De acordo com essa teoria de Ivan Pavlov, a aprendizagem é igual ao condicionamento. Para que uma pessoa aprenda um novo Maturação Inteligência Concentração ou atenção Memória comportamento, devemos condicioná-la. O condicionamento clássico envolve a aquisição de novos sinais para respostas já existentes. Ivan Pavlov Fisiologista russo, autor da teoria do reflexo condicionado (inato), que influenciou o desenvolvimento das teorias comportamentais da Psicologia até as primeiras décadas do século XX. Exemplo Suponhamos que você toque um bebê no queixo. Ele se voltará à direção do toque e começará a sugar. Na terminologia técnica do condicionamento clássico, o toque no queixo é o estímulo não condicionado, e a virada e a sucção são as respostas não condicionadas. O bebê já está programado para fazer tudo aquilo. Esses condicionamentos são reflexos automáticos. De acordo com a teoria de Pavlov, a aprendizagem ocorre quando algum estímulo novo é introduzido ao sistema. Exemplo Inúmeros estímulos ocorrem aproximadamente ao mesmo tempo do toque no queixo do bebê antes da amamentação: o som dos passos da mãe se aproximando, o fato de ser pego, ser tocado e ser segurado nos braços pela mãe. Todos esses estímulos podem, eventualmente, tornar- se estímulos condicionados e ativar a resposta do bebê de virada e sucção, mesmo sem qualquer toque no queixo. Modelo de condicionamento operante Nesse modelo de Frederic Skinner,o processo consiste em apresentar estímulos agradáveis — chamados de reforços — quando a pessoa manifesta o comportamento que queremos que ela aprenda. Os reforços devem ser apresentados quando o indivíduo emite comportamentos desejados, como receber um sorriso ou um abraço após um comportamento esperado. Frederic Skinner Psicólogo norte-americano que questionou parcialmente a teoria de Pavlov ao explicar o comportamento como resultado de um condicionamento de “primeiro tipo", de estímulo mecânico, e de um condicionamento de “segundo tipo”, quando, no processo de adaptação ao meio, o sujeito alcança uma satisfação que provoca a repetição desse comportamento. Exemplo Os pais querem que o filho obtenha bons resultados na escola e prometem que, se ele tirar boas notas, ganhará um celular novo em seu aniversário. Aqui, podemos considerar o presente um reforço positivo. No entanto, o indivíduo pode evitar comportamentos considerados indesejáveis para esquivar-se dos chamados reforços negativos, como repreensões e ameaças. Além disso, não é preciso dar o reforço todas as vezes em que o indivíduo manifesta o comportamento desejado. Reforço intermitente (ora sim, ora não) também funciona e pode ser duradouro. Skinner trabalhou muito com animais em laboratório. Para os seres humanos, criou as máquinas de ensinar e um método didático conhecido como instrução programada ou aprendizagem programada, que é individual e por meio do qual o aluno estuda sem a intervenção direta do professor e progride em sua própria velocidade. Skinner em seu laboratório. A metodologia apresenta-se sob a forma de textos especiais (livros, apostilas etc). A matéria aprendida é mostrada em pequenas partes e, na sequência, aparece uma atividade, cujos acertos e erros são imediatamente verificados. Nesse momento, surge o reforço. Teoria sociocognitiva Essa teoria de Albert Bandura é a mais influente na atualidade entre os psicólogos do desenvolvimento. A partir da base dos conceitos de aprendizagem tradicionais, o psicólogo acrescentou diversas outras ideias fundamentais a sua teoria. Primeiro, Bandura afirma que a aprendizagem nem sempre requer reforço direto, pois também pode ocorrer como resultado de observar alguém realizando uma ação, conhecida como aprendizagem observacional ou modelação, a qual está envolvida em uma ampla variedade de comportamentos. Albert Bandura Psicólogo norte-americano que desenvolveu a teoria da aprendizagem social, segundo a qual a aprendizagem se processa por observação e imitação. Suas investigações também envolveram o estudo dos meios de comunicação social na aquisição de comportamentos. Exemplo As crianças aprendem a bater assistindo a outras pessoas em seu cotidiano e na televisão. Elas aprendem a ser generosas observando outros doarem dinheiro ou compartilharem bens. Bandura contribuiu muito para a transposição de uma lacuna entre a teoria da aprendizagem e a teoria cognitivo-comportamental ao enfatizar elementos cognitivos (mentais) importantes na aprendizagem observacional. A teoria chamada por ele de sociocognitiva enfatiza o fato de que a modelação pode ser veículo para aprender informação abstrata e habilidades concretas. Na modelação abstrata, o observador deduz uma regra que pode ser a base do comportamento específico. Exemplo Uma criança que vê seus pais como voluntários um dia por mês em um banco de alimentos pode deduzir uma regra sobre a importância de “ajudar os outros”, mesmo que os pais nunca a articulem. Portanto, por meio da modelação, uma criança pode adquirir atitudes, valores, formas de resolver problemas e até padrões de autoavaliação (BEE; BOYD, 2011). A partir do conhecimento das teorias do desenvolvimento, podemos constatar que o indivíduo aprende de diferentes modos. As maneiras como cada teórico do desenvolvimento e da aprendizagem aborda seus construtos são importantes para pensarmos no indivíduo em toda a sua magnitude. O mais interessante é que as teorias se complementam. Não existe a melhor. Resumindo É fundamental que o psicopedagogo conheça as fases do desenvolvimento e suas características, bem como os diversos fatores que influenciam e impactam o desenvolvimento humano. Além disso, como esse profissional lidará diretamente com os processos cognitivos do indivíduo e suas dificuldades, precisará compreender o que é aprendizagem, como o indivíduo aprende e quais são as principais teorias envolvidas nesse processo. Aspectos gerais da aprendizagem humana Veja mais, neste vídeo, sobre o processo de aprendizagem humana, a interação do sujeito com o objeto de conhecimento e a modificação da forma de pensar a realidade. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O desenvolvimento ocorre em vários domínios ou dimensões do eu. Os psicólogos da área fazem distinção entre desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial. Tomando por base as considerações apresentadas sobre o desenvolvimento humano, assinale a alternativa incorreta. A O desenvolvimento é um processo contínuo e ininterrupto, em que os aspectos biológicos, físicos, sociais e culturais se interconectam, influenciam-se reciprocamente, produzindo a subjetividade de cada ser. Parabéns! A alternativa E está correta. O desenvolvimento humano preocupa-se em conhecer o indivíduo como um todo, e não somente os aspectos de seu desenvolvimento físico (doenças orgânicas) e os fatores protetivos e de risco de sua saúde. Questão 2 A aprendizagem ocupa um papel primordial na vida dos indivíduos e no campo de estudo da Psicopedagogia. Ela se faz presente constantemente no contexto familiar e escolar. Sobre o conceito e os aspectos gerais da aprendizagem, assinale a alternativa incorreta: B A psicologia do desenvolvimento é uma área do conhecimento que estuda o desenvolvimento do indivíduo em todos os seus aspectos — físico-motor, intelectual, afetivo-emocional e social —, desde o nascimento até a idade adulta. C O estudo do desenvolvimento humano possibilita conhecer as características comuns a cada faixa etária — formas de perceber, compreender e se comportar diante do mundo. D A compreensão do desenvolvimento implica descrever, tão completa e exatamente quanto possível, as funções psicológicas das crianças em diferentes faixas etárias e descobrir como tais funções mudam com a idade. E O estudo do desenvolvimento humano se baseia especificamente no histórico familiar de doenças orgânicas e nos fatores protetivos e de risco presentes no contexto psicossocial. A A aprendizagem é um processo e, em suas unidades mais primárias ou básicas, ocorre quando a pessoa, em virtude de determinadas experiências, que Parabéns! A alternativa D está correta. A aprendizagem é influenciada por diversos fatores internos do indivíduo, bem como por fatores externos. No caso dos aspectos internos, não há como negar a importância dos fatores orgânicos e psicológicos. incluem necessariamente inter-relações com o contexto, produz respostas novas e modifica as existentes. B A aprendizagem envolve fatores individuais — como memória, atenção e pensamento, autoestima e autoconfiança, visão e audição, bem como a capacidade de estabelecer relacionamentos. C A aprendizagem é um processo que ocorre durante a vida, permitindo-nos adquirir algo novo em qualquer idade. Há diversos fatores que nos levam a apresentar um comportamento que anteriormente não apresentávamos. D Os estudiosos costumam afirmar que, para acontecer a aprendizagem, não precisamos das interferências de fatores específicos, como, por exemplo, a saúde física e mental, a motivação, a maturação etc. E A aprendizagem é a modificação do comportamento diante de uma situação e implica progresso e evolução. 3 - O papel da escola e da família na aprendizagem Ao �nal deste módulo, você será capaz de de�nir o papel da escola e da família na aprendizagem. Ligando os pontos A aprendizagem nãoé algo limitado. Não está exclusivamente na fala do professor, tampouco é restrita à família. Todo o conjunto de vivências nos faz pensar sobre aprendizagens e seus papéis cotidianos. Lara é uma criança de 9 anos de idade e cursa o 3º ano do ensino fundamental. Ela precisou refazer o 2º ano devido à pandemia da covid- 19. Durante esse período, Lara mudou de escola em função da logística familiar. Em sua escola anterior, a leitura era valorizada e os estudantes liam assim que chegavam. Por essa razão, Lara passou a ter muito interesse pela leitura. Além disso, seus pais são professores, por isso ela sempre conviveu no meio dos livros e da educação. Sua antiga escola potencializou o prazer pela leitura. Então, ela mudou para uma escola com uma proposta pedagógica bem diferente, na qual o interesse por livros e pela leitura não era algo estimulado. Apesar de ter rodas literárias, não se discutia a leitura nem mesmo com os amigos. O desejo de ler de Lara passou a diminuir, ela não tinha nem mesmo mais a liberdade de ir à biblioteca sozinha para escolher seus livros. Era preciso marcar um dia e ir acompanhada da professora. Sua mãe, que é psicopedagoga, percebeu o desinteresse e solicitou um atendimento com a coordenação para entender melhor a proposta pedagógica e dizer o que vinha percebendo. Ela pediu ajuda à escola, não querendo que Lara perdesse seu desejo pelos livros. No entanto, ela sabe que a escola sozinha não é a única responsável para que haja essa mudança. A mãe de Lara passou a oferecer mais livros à filha, mas ela recusava. Então conheceu uma coleção em que uma menina viajava pelo mundo em cada livro. Com isso, a personagem apresentava o lugar, as culturas, as comidas, os costumes, a natureza, a religião e tantas outras curiosidades. Juntas, começaram a ler o livro sobre a Amazônia, embora Lara continuasse resistente. Sua mãe iniciava a leitura, e Lara fingia não ouvir. Mas a imaginação, a aventura e tudo que a leitura proporciona não permitiram que a menina ficasse distante, logo ela começou a ter interesse pela história. Lara voltou a ler. Antes de terminar as aventuras pelo Brasil, seu aniversário estava chegando e sua mãe comprou a aventura pelo Machu Picchu. Que alegria de Lara ao receber esse livro no dia de seu aniversário! As duas ficaram ansiosas para conhecer as aventuras e curiosidades sobre o Peru e querem viajar para lá. Lara pediu ao seu pai o próximo livro da coleção para conhecer a África assim que terminar as suas aventuras em Machu Picchu. Após a leitura do caso, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? Questão 1 Vamos pensar sobre o ponto primordial. Para você, na qualidade de estudante de Psicopedagogia, qual é a importância da relação entre família e escola? A A família é a base de tudo, então ela é que define o potencial de educação. B Escola ensina e família educa, logo possuem relações e papéis diferentes e complementares. C Cabe à família cobrar que o aluno cumpra o determinado pela escola. Parabéns! A alternativa E está correta. A aprendizagem não é estanque e linear. Não existem os alunos que são bons e o enorme contingente fadado ao fracasso. Escola e família se influenciam e a manifestação disso é no discente. Por isso, a atenção necessária de professor e da equipe multidisciplinar, sendo necessária, muitas vezes, a intervenção da Psicopedagogia. Questão 2 A sociedade e a escola devem ser separadas. São dois mundos diferentes, dois conhecimentos distintos. Será? A discussão sobre as transformações de uma criança na mudança de ambiente é recorrente e um desafio para a equipe pedagógica. Por que é importante compreender esse desafio? D A escola deve exigir a participação dos pais, pois sem isso está fadada ao fracasso. E Pais e escolas têm uma relação intrínseca e mudanças em um e em outro afetam a aprendizagem. A A criança traz uma formação educacional diferente, então não se adapta. B Cada escola, cada turma tem uma formação singular, sendo assim o aluno está sempre em sofrimento. C Falta à escola padrão e acolhimento, uma vez que o currículo é único e as variações não deveriam existir. D A dinâmica de saberes, aceitação e estímulo é sempre individual, mas impactada pelo coletivo. E É função da escola refrear os estímulos sociais. Parabéns! A alternativa D está correta. A família, a comunidade, os amigos, a escola, tudo isso impacta a aprendizagem e a transformação. Quando indivíduos se aceitam e são reconhecidos, mudam roupas, falas e hábitos. É isso que a mãe de Lara notou. As famílias, as escolas e a sociedade devem estar sempre atentos a esses pontos. Questão 3 Silêncio! Professor bom é aquele com o qual o aluno não dá nem um “pio”. Sua filha é boa aluna, ou seu filho é bom aluno, mas fala muito com os colegas em sala de aula. Esse tipo de retorno é recorrente no cotidiano escolar. Como deve ser a interação e o aprendizado dos estudantes entre si? Se a mãe de Lara não fosse psicopedagoga, quem deveria ter esse olhar voltado para o interesse pela aprendizagem de Lara e dos demais alunos da escola? Digite sua resposta aqui Chave de resposta As duas perguntas se entrelaçam em sua resposta e têm o mesmo viés de redução da importância de troca entre os alunos no ambiente. Os estudantes se influenciam, dialogam e não é porque fazem barulho ou debatem que devem e precisam ser silenciados em sala de aula. A psicopedagoga institucional precisa estar atenta a essas trocas, bem como manter a escuta ativa, o que pode proporcionar pesquisas e abordagens mais ampliadas do que o imaginado. Vamos ver um pouco melhor a partir do bate papo entre a professora Nathália Serenado e a professora Carla Marçal. A escola, a família e a educação: um dever coletivo Papel da família na aprendizagem Para compreendermos a família, precisamos lembrar que ela é considerada uma instituição social fundamental na vida do indivíduo. Apesar das diversas críticas que recebe, não podemos negar a grande importância que exerce no desenvolvimento e na formação do indivíduo. A partir da segunda metade do século XX, a família passou por diversas transformações tanto em sua estrutura e organização quanto nas funções de seus membros (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008). Geralmente, as primeiras experiências educacionais da criança são proporcionadas pela família. Depois de nascer, a criança começa a sofrer influências familiares que, aos poucos, vão modelando seu comportamento. Muitos pais não têm plena consciência de que seus comportamentos, sua maneira de ser e de falar, de andar e cumprimentar as pessoas, de olhar para os outros e até mesmo de carregar o filho no colo têm enorme influência sobre o desenvolvimento da criança (PILETTI, 2008). A primeira instituição mediadora entre o homem e a cultura é a família. Ela estimula as relações sociais, afetivas e cognitivas da criança, e possui significados e práticas culturais prontas que moldam nossa construção individual e coletiva, além de criar modelos comportamentais predefinidos para resolução de problemas (DESSEN; POLONIA, 2007). Além de ser responsável por garantir a sobrevivência da criança, a família deve fornecer afeto, considerar sempre suas necessidades básicas e novos aprendizados para que ela seja capaz de viver em sociedade (CASARIN; RAMOS, 2007). Os sentimentos que os pais têm em relação à criança durante os anos anteriores à escola são essenciais para seu desenvolvimento posterior e para sua aprendizagem escolar. Parte da influência dos pais provém da maneira como encaram a aprendizagem escolar. Certamente, o atraso do filho pode estar relacionado com a atitude dos pais em relação à leitura. Eles podem influenciar a aprendizagem que os filhos vão ter na escola por meio de atitudes e valores que lhes passam, sem a intenção de ensinar (PILETTI, 2008). Não basta comprar livros e dizer à criança que leia. Os pais também precisam ler e valorizar a leitura. A família também deveestabelecer com as crianças alguns limites, pois a existência de regras a serem cumpridas favorece que a convivência entre todos os membros do ambiente familiar seja harmoniosa e amigável. Essa instituição deve fornecer à criança um sentimento de segurança e compreensão, para que possa existir estabilidade emocional e um processo de socialização saudável em sua vida (CASARIN; RAMOS, 2007). Papel da escola na aprendizagem A partir do momento em que a criança começa a frequentar o contexto escolar, amplia seu meio social e desenvolve significativamente suas competências cognitivas e habilidades sociais. Como instituição social, a escola assume um papel relevante para a formação do indivíduo como cidadão. Após o ambiente familiar, a escola é a instituição social mais importante e tem o dever de proporcionar ao aluno um preparo intelectual e ético, bem como a inclusão social. A escola também é um lugar em que os indivíduos iniciam o convívio com diferentes pessoas, de raças, cor, etnia e religião distintas, pois a diversificação cultural é enorme (SILVA; FERREIRA, 2014). Conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente: Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho [...]. (BRASIL, 1990, n. p.) Cabe aos professores ajudar na procura de conhecimentos, além de agregar suportes teóricos à construção do indivíduo e auxiliar os alunos nas suas dificuldades por meio da afetividade. No espaço escolar, também ocorrem a vivência e a aquisição de cultura, competências e conhecimentos do indivíduo. Logo, a escola não pode se limitar a passar apenas informações sobre as matérias e meramente transmitir o conteúdo do livro didático (LIBÂNEO, 2004). Atenção! A escola tem o objetivo de desenvolver as potencialidades corporais, intelectuais e afetivas dos indivíduos, formando sujeitos cooperativos no meio em que vivem mediante conteúdos aprendidos, bem como cidadãos íntegros, éticos e reflexivos (COSTA, 2006). Como você percebeu, a instituição escolar é uma ferramenta importante e indispensável para o desenvolvimento do aluno, pois, ao adentrar esse universo, a criança começa a ampliar seu meio social e a moldar sua personalidade a partir de sua rotina, suas amizades e dos conhecimentos adquiridos (MAHONEY, 1999). Além disso, o ambiente escolar proporciona ao indivíduo o controle dos conhecimentos, da cultura e da ciência, e envolve um progresso nas habilidades de pensamento. A escola precisa torná-lo capaz de interferir criticamente na realidade em que vive, para que ele possa transformá- la, e não apenas para integrar-se ao mercado de trabalho. A função da escola é preparar o aluno para exercer a cidadania, desenvolver sua autonomia, atuar e se comunicar com os conceitos educativos, participar dos processos organizacionais internos escolares, bem como dos movimentos e das organizações da sociedade (LIBÂNEO, 2004). Como a escola é uma instituição social, suas ideias estão relacionadas ao contexto político, econômico, social e cultural de uma comunidade. Nesse sentido, é importante que os educadores saibam suas metas e funções, e possibilitem a fluidez no desempenho da aprendizagem e no trabalho da escola (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012). Outro ponto importante a destacar é a divergência que ocorre entre escola e família. Veja (OLIVEIRA; MARINHO-ARAÚJO, 2010): Escola A escola tem a função de favorecer a aprendizagem dos conhecimentos construídos socialmente em determinado momento histórico, de Família A família tem a função de promover a socialização das crianças, incluindo o aprendizado de padrões comportamentais, ampliar as possibilidades de convivência social e de legitimar uma ordem social. atitudes e valores aceitos pela sociedade. A escola é um local que propicia aprendizagem a partir do modo de ensinar, do contato e do conhecimento de várias pessoas, gerando reflexões distintas e interesse dos alunos em estudar por meio do diálogo (BONA; VAZ, 2016). Parceria entre escola e família Você já deve ter lido em algum livro ou artigo científico sobre a importância da parceria entre família e escola para o desempenho escolar da criança. Essa relação não é válida somente para questões educacionais e escolares, mas também para o desenvolvimento integral do indivíduo. A escola e a família destacam-se como duas instituições fundamentais que só se comparam à existência do Estado. Escola No ambiente escolar, uma vez atendidas as demandas psicológicas, sociais, culturais e, consequentemente, cognitivas, esse desenvolvimento acontece de maneira mais estruturada e pedagógica do que no ambiente doméstico-familiar (DESSEN; POLONIA, 2007). Tais instituições se complementam: uma depende da outra para alcançarem juntas o objetivo em comum de formar bons cidadãos que atuem positivamente na sociedade. Família Os pais e a escola devem atuar na função educativa do aluno, orientando sobre diversos assuntos, para que ambas as instituições possibilitem um desempenho escolar adequado e a socialização dessa criança. É essencial que a família esteja envolvida no processo de ensino e aprendizagem. Isso ajuda no desempenho escolar de maneira positiva, considerando que o convívio da criança com a família é maior do que o convívio com a escola (SOUZA, 2009). O ambiente familiar exerce grande influência na aprendizagem escolar, atuando junto com a escola para que ocorra o progresso intelectual e social do aluno (SOUZA, 2009). A instrução oferecida na escola está voltada para o processo de ensino e aprendizagem. Já na família, essa instrução é orientada para a socialização e proteção, e para que as necessidades básicas das crianças sejam garantidas (DESSEN; POLONIA, 2007). Nesse contexto, vários problemas afetam o processo de desenvolvimento e a aprendizagem do aluno. A falta de incentivo, de estímulos e de encorajamento, bem como as más condições de ensino, tem como consequência o baixo desempenho ou rendimento escolar. Quando falamos em desempenho escolar, não podemos rejeitar a instituição familiar, porque o aprendizado começa antes de a criança ser inserida na escola. Afinal, ela traz consigo uma considerável bagagem de conhecimento que adquiriu no ambiente familiar, além de valores e atitudes em relação ao processo de aprendizagem de forma geral (OLIVEIRA; MARINHO-ARAÚJO, 2010). Atenção! A família é responsável pelo desenvolvimento humano, e a escola se torna uma extensão do ambiente familiar, o intermédio entre a cultura e as gerações. Por meio da escola, são gerados cidadãos críticos e racionais (SILVA et al., 2015). A escola, porém, não trabalha sozinha. É necessário o diálogo entre pais, escola e alunos para ajudar nas necessidades diárias. O ambiente escolar pode até ser considerado a segunda casa da criança por ensinar os valores morais e afetivos, mas a obrigação moral é de total responsabilidade da família (SANTOS; PAULINO, 2014). De qualquer modo, as duas instituições precisam estar em harmonia e integradas para auxiliar, de maneira intensa, em relação ao processo de ensino e aprendizagem dos alunos. Já sabemos que a escola é um lugar essencial para realizar a aprendizagem, pois possibilita a criação de conhecimentos, para que os sujeitos atuem na sociedade de maneira determinada. Em parceria com a família no desenvolvimento da criança e com qualidade de ensino, proporciona oportunidades positivas que trazem o progresso cognitivo (BRITO; FREITAS, 2012). O comprometimento da escola e da família possui grandes benefícios para a formação da identidade e o avanço da autonomia do aluno, pois permite que ele se sinta seguro em relação aos pais e aos professores, que conheça suas dificuldades e que consiga atingir suas metas (OLIVEIRA; MARINHO-ARAÚJO, 2010). A dimensão familiar e a aprendizagem Compreenda, neste vídeo, a importância da família no processo de ensinoe aprendizagem. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A família é uma instituição social que tem passado por transformações significativas ao longo dos anos e é foco de interesse entre vários estudiosos dessa área. Sobre o assunto, assinale a alternativa incorreta: Parabéns! A alternativa E está correta. O ambiente familiar pode ser prejudicado pelo impacto de diversos fatores, como, por exemplo, o econômico e o social. Questão 2 A escola e a família devem estabelecer uma união e interação entre si, para que, juntas, possam influenciar e agir positivamente na vida escolar da criança e do jovem, visando a seu bom desempenho A Atualmente, existem muitas formas de estrutura familiar — de pais separados, chefiados por mãe, nuclear e externa. B A família é responsável pela sobrevivência física e psíquica das crianças e constitui o primeiro grupo de mediação do indivíduo. C A família também deve estabelecer limites às crianças, pois o cumprimento de regras contribui para uma boa convivência entre os membros do ambiente familiar. D A família reproduz a cultura que a criança internaliza, auxilia a convivência em sociedade e orienta condutas aceitáveis. E No contexto atual, fatores como dificuldade econômica, baixa escolaridade, baixa renda, trabalho instável e perda financeira são considerados insignificantes para prejudicar o bem-estar familiar. escolar e a seu pleno desenvolvimento. Sobre o assunto, assinale a alternativa incorreta: Parabéns! A alternativa E está correta. As ações, as posturas da família e da escola, bem como o afeto que essas instituições proporcionam às crianças e aos jovens, favorecem o aprendizado, os relacionamentos, a formação, ou seja, o desenvolvimento integral do indivíduo. A A família e a escola têm funções muito importantes na vida das pessoas. B A família e a escola contribuem para o desenvolvimento e para a aprendizagem do indivíduo em diversos aspectos, seja cognitivo, afetivo, biológico ou social. C Muitos pais não sabem que seus comportamentos influenciam o desenvolvimento dos filhos. D Na escola, o professor deve estar sempre atento às etapas do desenvolvimento do aluno, colocando-se na posição de facilitador da aprendizagem e calcando seu trabalho no respeito mútuo, na confiança e no afeto. E A família e a escola dificultam as interações das crianças e dos jovens com o mundo por meio da relação afetiva saudável, das atividades e das experiências que lhes oferecem. 4 - O objeto de estudo da Psicopedagogia Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer o objeto de estudo da Psicopedagogia na formação pro�ssional do psicopedagogo. Ligando os pontos Flávia é psicopedagoga institucional. Trabalha em uma escola do município e atende ao segundo segmento com os estudantes do 6º ao 9º ano do ensino fundamental II. Seu maior desafio é evitar o fracasso escolar. Para isso, precisa de um trabalho preventivo. Dessa maneira, Flávia traz uma sistematização em sua atuação psicopedagógica: 1º: Identificar o sintoma, ou seja, a doença. 2º: Elaborar métodos e técnicas da avaliação na Psicopedagogia institucional: a) Elaboração de hipóteses. b) Produção de informe psicopedagógico. c) Realização de devolutiva e especificidades. d) Monitoramento dos resultados. Flávia faz a prevenção e a intervenção psicopedagógica visando à solução de problemas de aprendizagem na instituição, utilizando métodos, instrumentos e técnicas. Assim, ela pode trazer um diagnóstico institucional: O lócus onde ocorre a aprendizagem e seus possíveis problemas. Os sujeitos diretamente envolvidos. Os sujeitos indiretamente envolvidos. A identificação dos problemas e sua caracterização. A identificação de diferentes contextos (sala de aula, sala de atendimento, setores de trabalho, relação professor X aluno; estratégias didáticas etc.). As diferentes áreas de interferência da diferença de aprendizagem (conteúdos específicos, dimensão afetiva, cognitiva, relacional etc.). Após a leitura do caso, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? Questão 1 A quem cabe o papel de atuar na detecção de uma necessidade educacional especial vinculada a uma doença? Parabéns! A alternativa C está correta. Muitas escolas esperam o laudo para que possam entender uma necessidade, outras acreditam que seus professores devem fazer “o diagnóstico”, e ainda há um grupo que entende que o profissional psicopedagogo é onipresente e deve, a todo o tempo, notar as A Aos professores. B Exclusivamente à família. C Ao coletivo e ao suporte e direcionamento do profissional. D Ao médico da escola. E Ao psicopedagogo. dificuldades. Esse profissional está focado nessa questão, mas precisa de toda a comunidade para efetivar seu trabalho. Questão 2 Quando tratamos de gestão participativa, pensamos muito nas questões financeiras, mas elas são mais amplas. Essas questões se manifestam no projeto político-pedagógico (PPP) das escolas e estão organizadas nas demandas coletivas. Nesse sentido, qual é o papel do psicopedagogo? Parabéns! A alternativa E está correta. Ficar atento, elaborar, investigar, acompanhar históricos e tratar dos desenvolvimentos, todas essas ações são fundamentais para as possibilidades de plena atuação do psicopedagogo no ambiente escolar. Não é esperar, e sim preparar, antecipar, estudar. Questão 3 A Estimular as famílias a levarem crianças com necessidades especiais a escolas especializadas. B Organizar um espelho para indicar ao professor como detectar problemas de ordem mental. C Ordenar a direção para que obrigue os pais a providenciar laudos de crianças quando detectada a necessidade. D Estruturar práticas pedagógicas inclusivas, independentemente das necessidades especiais do educando. E Investigar, reunir dados, dar suporte a docentes e famílias, mostrando que necessidades especiais não são o “fim do mundo” ou da vida de um estudante ou família. O olhar antecipado do psicopedagogo pode gerar resultados melhores efetivamente? Como você vê a atuação dessa investigação? Que passos ou sugestões você daria? Digite sua resposta aqui Chave de resposta Com um olhar atento e ciente do que está se investigando, é possível conseguir um diagnóstico diferencial e, com isso, criar planos de intervenção para o espaço institucional. Não existe improviso! Não se pode contar com sorte. É necessário que haja ação, observação, organização e planejamento por parte do profissional. Objeto de estudo da Psicopedagogia Nas décadas de 1980 e 1990, alguns teóricos e estudiosos das áreas da educação e da saúde já se preocupavam em definir o objeto de estudo da Psicopedagogia. Ao adentrarmos nesse universo, verificaremos que tal objeto de estudo passou por fases distintas, assim como os demais aspectos dessa área. Houve momentos em que o trabalho psicopedagógico valorizava mais a reeducação. O processo de aprendizagem era averiguado em função de seus déficits, e o trabalho procurava superar tais defasagens. Esse enfoque buscava estabelecer semelhanças entre grandes grupos de sujeitos, as regularidades, o esperado para determinada idade, visando reduzir as diferenças e acentuar a uniformidade (BOSSA, 2011). Em um outros momentos, a Psicopedagogia deu ênfase à noção de não aprendizagem de outra maneira: o não aprender era carregado de significados e não se opunha ao aprender. Essa fase da Psicopedagogia é fundamentada especialmente na Psicanálise e na Psicologia Genética. A nova concepção valorizou a singularidade do indivíduo ou grupo, buscando o sentido particular de suas características e suas alterações, segundo as circunstâncias de sua própria história e de seu mundo sociocultural. Na atualidade, a Psicopedagogia foca a concepção de aprendizagem — processo do qual participa um ser biológico com disposições afetivas e intelectuais que interferem na forma de se relacionar com o meio. Essas disposições influenciame são influenciadas pelas condições socioculturais do sujeito e de seu meio. A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que deriva de uma demanda: o problema de aprendizagem, colocado em um espaço pouco explorado, situado além dos limites da Psicologia e da própria Pedagogia. Essa área de estudos evoluiu devido à existência de recursos, ainda que embrionários, para atender a essa demanda, constituindo-se, assim, em uma prática. Como se preocupa com o problema de aprendizagem, a Psicopedagogia deve ocupar-se inicialmente do processo de aprendizagem (BOSSA, 2011). A Psicopedagogia estuda as características da aprendizagem humana: como se aprende, como essa aprendizagem varia evolutivamente e está condicionada por vários fatores, como se produzem as alterações na aprendizagem, como reconhecê-las, tratá-las e preveni-las. Esse objeto de estudo, que é um sujeito a ser estudado por outro sujeito, adquire características específicas, dependendo do trabalho clínico ou preventivo. (BOSSA, 2011, p. 24) Vejamos as diferenças entre os trabalhos clínico e preventivo (BOSSA, 2011): O trabalho clínico ocorre na relação de um sujeito com sua história pessoal e sua modalidade de aprendizagem, buscando compreender a mensagem de outro sujeito, implícita no não aprender. O profissional deve comprender o que, como e por que o sujeito aprende, além de perceber a dimensão da relação entre psicopedagogo e sujeito, de modo a favorecer a aprendizagem. No trabalho preventivo, a instituição, como espaço físico e psíquico da aprendizagem, é objeto de estudo da Psicopedagogia, uma vez que são avaliados os processos didático-metodológicos e a dinâmica institucional, que interferem no processo de aprendizagem (BOSSA, 2011). A partir dos aspectos apontados acerca do objeto de estudo da Psicopedagogia, consideramos que o psicopedagogo é alguém que está diante da interação de um indivíduo com o objeto de conhecimento. É importante que ele tenha um bom domínio e uma boa compreensão a respeito de quem é esse indivíduo e da natureza do objeto do conhecimento. Trabalho clínico Trabalho preventivo Formação pro�ssional do psicopedagogo A formação do psicopedagogo ocorre no curso de especialização, em instituições de ensino autorizadas pelo Ministério da Educação (MEC). Esse profissional pode ser formado em Psicologia, Pedagogia, Fonoaudiologia, Assistência Social ou qualquer outra área que esteja relacionada à educação e à saúde. No entanto, a formação do psicopedagogo não acontece somente nesse âmbito. Ela também pode ocorrer em nível de graduação. A respeito do assunto, a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) apresenta a ementa da Resolução nº 2, de 1º de julho de 2015, do MEC, que: Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) Associação brasileira própria para os psicopedagogos, que se originou a partir da Associação Estadual de Psicopedagogia de São Paulo. Foi fundada em 1980 por profissionais que atuavam na área, que pesquisavam e procuravam construir conhecimentos sobre os processos e problemas de aprendizagem. É uma associação de direito privado, sem fins lucrativos, que opera para fortalecer a atuação e os direitos dos psicopedagogos de todo Brasil. Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada. (BRASIL, 2015, n. p.) Já a Resolução nº 1, de 6 de abril de 2018, também do MEC: Estabelece diretrizes e normas para a oferta dos cursos de pós- graduação lato sensu denominados de especialização, no âmbito do Sistema Federal de Educação Superior, conforme prevê o Art. 39, § 3º, da Lei nº 9.394/1996 e dá outras providências. (BRASIL, 2015, n. p.) A Comissão de Formação e Regulamentação da ABPp apresentou ao Conselho Nacional os referenciais de seu estudo. Essa comissão compreende que deve propor uma política de formação com o intuito de indicar os princípios que organizam as ações. Tal política aponta diretrizes entendidas como direção e orientação que fundamentam o Projeto de Lei em tramitação no Senado Federal, o qual busca regulamentar a atividade de Psicopedagogia. Normalmente, a formação em Psicopedagogia é compreendida a partir de duas perspectivas, nas quais o psicopedagogo: Pensando por esse lado, a ABPp destaca que: É visto como um teórico especialista na área da aprendizagem. Apresenta-se como um prático, a partir de ações interventivas, utilizando instrumentos próprios da área, advindos de conhecimentos cientí�cos diversi�cados. [...] o psicopedagogo não é um mero técnico ou um profissional ‘espontaneísta’, pois sua ação implica refletir sobre as situações- problema apresentadas e indicar alternativas para a tomada de decisão construída em seu processo de formação pessoal e acadêmica, visando à transformação da pessoa rumo à qualidade de vida e ao enfrentamento de suas dificuldades. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA, 2019, n. p.) Nesse sentido, a ABPp se apoia nas seguintes dimensões de trabalho na perspectiva interdisciplinar: Cumprimento da esfera legal — normas e legislação. Organização e operacionalização dos componentes do processo de ensino e aprendizagem, teorias da aprendizagem e enfoque cognitivo-afetivo. Relações interpessoais, interação humana e pessoalidade, com ênfase nos processos relacionais individuais, grupais e institucionais. Dimensão normativa Dimensão técnica Dimensão humana Organização política do local ao qual a instituição pertence, enfoque socioeconômico, perspectiva cultural, social e laboral em que está inserida. Essas dimensões devem promover um processo de crescimento pessoal, interpessoal e grupal por meio de situações nas quais o psicopedagogo seja mediador de ações, a partir da relação entre teoria e prática. É prioritário que a formação do psicopedagogo também proporcione maneiras de (MASINI, 2006): Etapa 1 Ampliar a percepção e a acuidade às manifestações do indivíduo em situação de aprendizagem, considerando as relações que facilitam ou limitam seu ato de aprender. Etapa 2 Assegurar a atenção à totalidade do sujeito na situação do ato de aprender, considerando seu contexto, sua afetividade, seus valores, seus hábitos e sua linguagem. Etapa 3 Garantir a aquisição de conhecimentos sobre o desenvolvimento do indivíduo com base nas teorias da aprendizagem e nas relações com o outro. Etapa 4 Desenvolver visão crítica sobre as teorias que embasam a ação em relação ao contexto no qual atua profissionalmente e sobre a utilização dos recursos propostos (instrumentos e técnicas) para o desenvolvimento global do aprendiz, considerando-o em seu meio social específico e em seu momento histórico. Etapa 5 Dimensão do contexto Incutir o cuidado de análise quando os recursos científicos e tecnológicos da atualidade distanciem o aprendiz de si próprio e de seus significados. Sobre esse processo de formação, a ABPp tem a preocupação de propiciar aos indivíduos que escolhem a área da Psicopedagogia informações consistentes sobre a atuação profissional, apoio e um local a que possam recorrer caso necessitem. Competências do psicopedagogo As competências do psicopedagogo relacionam-se ao trabalho psicopedagógico, o qual, como já vimos, é preventivo e clínico, mas também teórico, uma vez que há necessidade de se refletir sobre a práxis (prática). Vamos retomar essa reflexão de forma mais detalhada. No trabalho preventivo, existem diferentes níveis de prevenção. São eles: 1º nível Nesse nível, o psicopedagogo atua nos processos educativos com o objetivo de atenuar a “frequência dos problemas de aprendizagem”. Seu trabalho reflete nas questões didático-metodológicas, bem como na formação e orientação de docentes, além de realizar aconselhamento aos pais. 2º nível O objetivo é atenuar os problemas de aprendizagem já estabelecidos e tratar deles. Elabora-se um plano diagnóstico
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