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O que é anestesiologia? Estudo da ciência e da arte da anestesia. Como surgiu? - Antiguidade - Plantas, magias, orações, asfixia, álcool, compressão das carótidas, entre outros. - Em 1540 o alquimista Paracelsus produziu o éter mas nada foi alcançado até o fim do século XVIII quando isolaram os gases, oxigênio, óxido nitroso. Conceitos básicos Droga: matéria-prima de origem animal ou vegetal que contém um ou mais fármacos. Fármaco: é uma substância de estrutura definida que, quando em contato ou introduzida em um sistema biológico, modifica uma ou mais de suas funções. Terminologia Analgesia: Abolição da sensibilidade à dor sem diminuição da consciência. Nocicepção: é o processo neural da codificação de estímulos nocivos. É processo fisiológico subjacente à percepção consciente da dor. Não requer consciência e pode continuar durante a anestesia geral, se não forem incluídas as técnicas que interrompam ou inibam a transdução, a transmissão e a modulação dos estímulos nociceptivos. Dor: Dor é uma experiência sensorial e emocional associada à lesão tecidual real ou potencial, ou descrita em termos de tal lesão. Tranquilização: resulta em uma alteração do comportamento sempre que a ansiedade é aliviada e o paciente fica relaxado, mas continua ciente do que está acontecendo em torno dele. Narcose: é um estado de sono profundo, induzido por algum fármaco, no qual o paciente não pode ser despertado com facilidade. Ela pode ser acompanhada ou não por antinocicepção, dependendo das técnicas e medicamentos usados Hipnose: é uma condição de sono induzida artificialmente, ou um estado de transe que lembra o sono, resultante da depressão moderada do SNC e da qual o paciente é despertado sem dificuldade. Anestesia: Termo genérico, perda total da sensibilidade localizada ou generalizada. Sedação: Estado caracterizado por depressão do córtex cerebral acompanhado por discreta sonolência. Em geral, o paciente não tem consciência do que o rodeia, mas pode despertar e responder a algum estímulo nocivo. Os sedativos não são recomendados para imobilizar um paciente durante um período em que há probabilidade de ocorrerem estímulos dolorosos. Neuroleptoanalgesia: Estado de indiferença ao meio que o cerca usualmente com sedação e analgesia produzida pela combinação de um fármaco neuroléptico (medicamentos antipsicóticos → efeitos sedativos e psicomotores) e outro analgésico. Anestesia geral: Perda da consciência (narcose ou hipnose), induzida por um ou mais fármacos, caracterizada por depressão reversível do SNC. De modo ideal, deve causar hipnose, analgesia e miorrelaxamento. Anestesia loco-regional: Produção de insensibilidade de uma área específica do corpo devido a interrupção nervosa pelo (s) nervo (s) sensitivo (s) da região. Anestesia dissociativa: é aquela induzida por fármacos (p. ex., cetamina) que promovem a dissociação dos sistemas talamocortical e límbico. Tal tipo de anestesia caracteriza-se por um estado de catalepsia em que os olhos permanecem abertos e os reflexos da deglutição mantêm-se intactos (reflexos protetores → laríngeo e faríngeo). Breve história da anestesia em animais Em 1800, Sir Humphrey Davy sugeriu que o óxido nitroso poderia ter propriedades anestésicas. Vinte e quatro anos depois, H. H. Hickman demonstrou que a dor associada à cirurgia em cães poderia ser aliviada pela inalação de uma mistura de óxido nitroso e dióxido de carbono. Ele argumentou que o último aumentava a frequência e a profundidade da Anestesiologia Veterinária Introdução à Anestesiologia respiração, acentuando assim os efeitos do óxido nitroso. Até 1842, usava-se éter dietílico para anestesia humana. Dois anos depois (1844), um dentista, Horace Wells, redescobriu as propriedades anestésicas do óxido nitroso. O clorofórmio foi descoberto por Liebig em 1831, mas só foi usado pela primeira vez em 1847 para induzir anestesia em animais e pessoas em Edimburgo, na Escócia. Com a introdução do clorofórmio, começaram a surgir relatos sobre seu uso em animais na literatura veterinária. George Dadd usava rotineiramente anestesia geral em animais e foi um dos primeiros nos EUA a defender o tratamento humanitário de animais e a sua aplicação científica (i. e., em anestesia) na cirurgia veterinária. Em 1875, Ore publicou a primeira monografia sobre anestesia intravenosa com hidrato de cloral; três anos depois, Humbert descreveu seu uso em cavalos. Após o isolamento inicial da cocaína por Albert Niemann, da Alemanha, em 1860, Anrep, em 1878, sugeriu a possibilidade do uso de cocaína como um anestésico local. Em 1884, Kohler usou cocaína como anestésico local no olho e, 1 ano depois, Halsted descreveu a anestesia regional com cocaína. Seu uso foi popularizado por Sir Frederick Hobday, um veterinário inglês. Século XX → Domínio de técnicas IV e inalatórias. Nos pequenos animais domésticos, já era comum a administração de éter dietílico e clorofórmio no início do século XX. Entretanto, a anestesia geral passou a ser mais aceita após a descoberta dos barbitúricos. A anestesia geral nos grandes animais criados em fazendas passou por um avanço ainda maior com a descoberta dos hidrocarbonetos fluorados e o desenvolvimento do equipamento anestésico inalatório para ‘animais de grande porte’, que proporcionava uma administração segura. Século XXI → Qualidade da analgesia – bem estar. A era moderna da anestesia veterinária começou nas últimas três décadas do século XX, facilitada pelo estabelecimento da especialidade em anestesia nas faculdades da América do Norte e da Europa. As metas dessas instituições eram a maior segurança do paciente e o desenvolvimento de novas técnicas e do conhecimento, em paralelo com os avanços conseguidos na anestesia humana. Novos fármacos e técnicas estão sendo criados continuamente para uso clínico em uma variedade de espécies e patologias de cada paciente. Além disso, o monitoramento do paciente, visando à maior segurança, levou à adaptação de tecnologias como a oximetria de pulso, a capnografia e a medida da pressão arterial. O valor do anestesiologista veterinário como um membro da equipe de cuidados com o paciente levou à sua presença cada vez maior na prática veterinária. Definição Realizar um planejamento anestésico, verificando o estado clínico do paciente diminuindo assim a mortalidade. Compensação da saúde antes da cirurgia. Termo de anestesia Com a ajuda de quem fará a anestesia, o proprietário pode contar com a avaliação dos riscos significativos associados ao procedimento proposto para seu animal e assim tomar a decisão de aceitar os riscos ou recusar a realização do procedimento por considerar que não podem ser mitigados. Avaliação da saúde do animal A avaliação pré-operatória do estado de saúde do animal é valiosa para identificar os riscos anestésicos, as prioridades no manejo e alertar apropriadamente os clientes (proprietários dos animais) antes da anestesia e da cirurgia. Dessa forma, a avaliação pré-anestésica tem como base: - Definir a condição do paciente - Escolha do protocolo anestésico - Prever problemas e tratamentos - Diminuir o índice de mortalidade Risco anestésico-cirúrgico Paciente → estado físico. Cirurgia → extensas, órgãos vitais, emergências, instalação e experiência do cirurgião. Anestesia → técnica anestésica, duração e experiência do anestesista. É importante saber que: • Os agentes anestésicos causam depressão cardiopulmonar, sendo provável que a presença de uma patologia preexistente predisponha a um distúrbio fisiológico maior induzido pela anestesia.• Anormalidades hematológicas e bioquímicas: Anemia → reduz a capacidade de oxigenação e predispõe à hipoxia. **Hipoproteinemia → aumenta a resposta do paciente aos fármacos que se ligam com maior afinidade à proteína, o que resulta em sobredose relativa. • Doença renal: em condições que o sistema renal tem menor tolerância a anestesia o paciente pode ser mais sensível a alguns anestésicos e fármacos pré-operatórios. • Doença neurológica: ocorrência de convulsões no pós-operatório. A avaliação é dividida em: - Identificação - Anamnese - Exame físico - Exames complementares Uma forma de avaliação das condições físicas de saúde foi graduada conforme o estado geral do paciente → gradação ASA (American Society of Anesthesiologist) I, II, III, IV, V, E. Identificação - Espécie - Raça - Sexo - Idade - Escore corporal Avaliação pré-anestésica Anamnese - Alimentação, micção, defecação - Convulsão, desmaio → evitar alguns fármacos - Intolerância ao exercício, tosse → cardiopulmonar - Vômito, gastro, alimentar, renal ou hepático → fluidoterapia - Hemorragia → transfusão - Afecção médica/cirúrgica → evolução da doença e medicações utilizadas - Jejum: • Evitar vômito e aspiração (pneumonia) • Manter retorno venoso (menor pressão sobre os vasos sanguíneos gastrintestinais) • Melhor ventilação • Facilitar manipulação visceral Tempo de jejum: Obs 1: no caso de filhotes em aleitamento não é necessário fazer jejum. Obs 2: cautela em animais com menos de 8 semanas → jejum não superior a 2h. Exame físico • Temperamento • Coloração de mucosas • TPC • Grau de desidratação • Auscultação cardiopulmonar • Avaliação do pulso • Temperatura Alterações na coloração das mucosas: Parâmetros nas diferentes espécies domésticas: Exames complementares • Avaliação laboratorial • Avaliação cardíaca - ECG e Eco • Exames de imagem - Radiografias e Ultrassonografia - Tomografia e Ressonância Magnética Exames laboratoriais: disponibilizam informações importantes sobre a condição geral do paciente. • Hemograma - Eritrócitos ou hemácias - PPT → importante para análise pré- anestésica pois, alguns fármacos possuem uma alta taxa de ligação às proteínas. Por isso, a hipoproteinemia resulta em sobredose relativa. • Perfil Bioquímico - Avaliação hepática: ALT, FA, GGT - Avaliação renal: ureia, creatinina - Glicemia: diabetes, estresse em felinos, sedativos, filhotes. • Urinálise - Proteinúria: lesão renal - Glicosúria: hiperglicemia → diabetes; normoglicemia → lesão renal. - Cetonúria: cetoacidose diabética - Bilirrubinúria: hemólise Eletrocardiograma: Exame que avalia a função elétrica do coração. - Principal exame no diagnóstico das arritmias cardíacas - Informações do tamanho das câmaras cardíacas - Sobrecarga atrial e ventricular Ecocardiografia: diagnóstico não invasivo para doenças cardíacas. Fornece detalhes anatômicos, como: - Tamanho e espessura - Válvulas - Contração do músculo - Fluxo sanguíneo Radiografias: avaliação da cavidade torácica - Edema pulmonar - Metástase Considerações finais A avaliação pré-anestésica consiste em: • Verificar o estado clínico do paciente • Definir o risco cirúrgico do paciente • Escolha do protocolo anestésico • Prever complicações e tratamento • Exames complementares não substituem a anamnese e o exame físico. • Checar o aparelho de anestesia e circuito anestésico • Antes da indução anestésica - Todos os componentes: fonte de gás, vaporizador, circuito, cal sodada. Introdução O objetivo da MPA é preparar o paciente para a anestesia, proporcionando: • Redução do estresse: evita a liberação de catecolaminas • Sedação → redução da consciência, porém não entra em hipnose, ex: Xilazina. • Tranquilização → não há redução da consciência, ex: Acepromazina. • Analgesia (- dor) • Relaxamento muscular • Potencialização de agentes anestésicos: sinergismo → possibilita a utilização de uma menor dose do anestésico geral. • Coibir o segundo estágio (fase de excitação ou delírio) • Reduzir efeitos indesejáveis de outros fármacos Obs: pode fazer a combinação da sedação + tranquilização dependendo do caso. Diversos fármacos A escolha do fármaco depende de vários fatores, como: • Tipo de procedimentos • Dor • Espécie • Temperamento • Estado geral • Grau de sedação • Patologias existentes Classificação Anticolinérgicos: Atropina, Escopolamina, Glicopirrolato → não são mais utilizados como MPA, apenas na emergência. Tranquilizantes: Fenotiazínicos (Acepromazina, Clorpormazina,Levomepromazina); Butirofenonas (Azaperone, Droperidol) → utilizado em suínos. Ansiolíticos: Benzodiazepínicos (Diazepam, Midazolam) Agonistas de receptores a-2 adrenérgicos: Xilazina, Romifidina, Detomidina, Dexmedetomidina Opióides: morfina, meperidina, tramadol, butorfanol, fentanil → controle da dor, porém em alguns casos pode ser utilizado na MPA. AINE´s: meloxicam, cetoprofeno, flunixim, carprofeno → são pouco utilizados na MPA e mais utilizados no trans ou pós-operatório. Tranquilizantes Diminuem a ansiedade sem causar sedação, sem causar perda da consciência. • Fenotiazínicos → Acepromazina, Clorpromazina, Levomepromazina, Prometazina. • Butirofenonas → Azaperone, Droperidol. Mecanismo de ação: Bloqueiam as vias serotoninérgicas, dopaminérgicas e catecolinérgicas. Existe um antagonismo competitivo pelo receptor de serotonina, dopamina e noradrenalina. • Esse bloqueio de receptores acoplados à proteína G pré- e pós-sinápticos leva a diminuição do cAMP e da atividade da adenilato ciclase, condutância do cálcio e alterações na condutância pós-sináptica do cálcio. O bloqueio dos receptores α1- adrenérgicos, muscarínicos e histamínicos (H1) também pode desempenhar um papel na sedação. Possui as seguintes ações: - Ação antiarrítmica: taquiarritmias do nodo sinu atrial - Ação anti-histamínica - Ação anti-sialagoga - Ação potencializadora - Ação antiemética: ação na formação reticular lateral do bulbo. Fenotiazínicos Acepromazina • Muito utilizada em cães, gatos, silvestres, suínos, ruminantes e equinos • Ação tranquilizante • Baixa toxicidade • Efeito potencializador (50 a 60%) • Não possui ação miorrelaxante Medicação Pré-Anestésica (MPA) • A acepromazina não tem propriedades analgésicas em si e, com frequência, é administrada em associação com opioides para produzir neuroleptanalgesia, que é um estado caracterizado por sedação e analgesia. • A acepromazina tem propriedades anti- eméticas. A administração de acepromazina 15 min antes de uma variedade de opioides reduziu a incidência de vômitos de 45 para 18%. Alterações visíveis - Ptose palpebral → equino - Protusão da membrana nictitante → felino - Relaxamento peniano → priapismo em equinos; o relaxamento peniano pode fazer com que o pênis do animal seja exposto por muito tempo e isso cause um edema de difícil reversão. - Abaixamento da cabeça - Ataxia Alterações fisiológicas - Hipotensão: bloqueio alfa-1 adrenérgico, levando a vasodilatação periférica e diminuição da contratilidade do miocárdio. - Depressão do SNC → Produz hipotermia - Depressão respiratória (tranquilizante e potencializadora). A administração de acepromazina tem pouco efeito sobre a função pulmonar. A frequência respiratória frequentemente diminui, porém os gases e o pH do sanguetipicamente não são afetados, visto que ocorre aumento do volume corrente para manter uma ventilação minuto adequada. - ↓FR e o VC: ↓sensibilidade dos quimiorreceptores ao dióxido de carbono. Outras alterações - Esplenomegalia: vasodilatação esplênica → reduz Ht e concentração de hemoglobina. A atuação em receptor alfa influencia no hematócrito do animal. O baço é inervado por fibras adrenérgicas (receptores α1-adrenérgicos) e quando ocorre o bloqueio dessas fibras há dilatação esplênica e sequestro de hemácia refletindo no Ht. - Reduz o limiar convulsivo → SNC mais excitável → evitar usar em animais epilépticos - Evitar uso em casos de choque (hipovolemia), geriátricos e cardiopatas. Doses - Cães: 0,02 a 0,05 mg/Kg IM, IV - Gatos: questionável. Em alguns gatos muito agressivos pode não surtir efeito. - Equinos: 0,03 a 0, 05 mg/Kg IV ou até 0,1 IM - Ruminantes: 0,02 mg/Kg (???) - Suínos: 0,05 a 0,1 mg/kg Latência: - IV: 3 a 5 minutos (cães e gatos); 10 a 20 minutos (equinos); IM: 5 a 15 minutos (cães e gatos); 30 minutos (equinos) Obs: preferível que seja feito via IM. Efeito Clínico: 4 a 8 horas. Clorpromazina • Ação tranquilizante menos potente (leve ataxia) • Pouca ação anti-histamínica • Potente ação: antiemética Doses - Cães e Gatos: 0,2 a 0,5 mg/kg (nunca exceder 25 mg) - Equinos: 0,1 a 0,5 mg/kg - Ruminantes: 0,2 a 0,5 mg/kg - Suínos: 1 mg/kg Levomepromazina (Metotrimeprazina) • Potente ação: Antiarrítmica e anti- histamínica • Ação potencializadora (50%) • Analgesia IV questionável Doses - Cães e Gatos: 0,2 a 0,5 mg/kg (nunca exceder 25 mg) - Eqüinos: 0,2 a 0,5 mg/kg - Ruminantes: 0,2 a 0,5 mg/kg - Suínos: 0,5 a 1 mg/kg Butirofenonas Mecanismo de ação: Bloqueiam a transmissão dopaminérgica (substância reticular mesencefálica). • Pouco usadas atualmente • Poucos efeitos cardiovasculares e respiratórios • Ação antiemética Droperidol • Efeito semelhante ao da acepromazina em cães - boa tranquilização (atividade motora) • Potente ação anti-emética • Discreto efeito sobre o DC • Hipotensor (↓RVP) • Leve depressão respiratória Características gerais - Recuperação: alucinações e agressividade - Irritabilidade no local da injeção (IM) - Associado ao fentanil: Potente sedação e analgesia (neuroleptoanalgesia) Doses - Cães e Gatos: 1 a 2 mg/kg IV ou IM Latência: 3 minutos IV Duração: até 3 horas Azaperone • Alterações fisiológicas leves com boa margem de segurança • Tranquilização de suínos (1 a 4 mg/kg IM) - IV – risco de excitação • Duração: 3 a 6 horas (transporte seguro) Breve resumo – Tranquilizantes - Não produz analgesia - Não produz relaxamento muscular - Potencialização da anestesia/outros fármacos - Diminui o estresse - Hipotensão - Hipotermia - Diminui limiar convulsivo - Diminui Ht Ansiolíticos (tranquilizantes) Possui ação: - Ansiolítica - Anticonvulsivante - Miorrelaxante - Hipnótica - Amnésia - Alterações psicomotoras Benzodiazepínicos Diazepam e Midazolam: propriedades farmacocinéticas: latência, duração e intensidade de efeito. Mecanismo de ação: Possuem ação depressora no sistema límbico, potencializando a ação do GABA (principal neurotransmissor inibitório) resultando em aumento da condutância do cloreto e hiperpolarização das membranas celulares pós-sinápticas, o que leva a diminuição da atividade cerebral. Características gerais • Reduzem a ansiedade e a agressividade • Miorrelaxamento de ação central • Ação anticonvulsivante • Indução com máscara • Não produz analgesia • Depressão do SNC • Mantém estabilidade cardiovascular • Pode também ser utilizado como indução anestésica em associação com outros fármacos Diazepam • Efeito calmante nos animais (reduz medo e ansiedade) • Parâmetros fisiológicos: Pouca alteração (PA, DC, FC, FR e VC) • O diazepam é pouco hidrossolúvel e, portanto, é fornecido para injeção em uma solução de solvente orgânico, incluindo propilenoglicol e etanol. Tem pH de 6,6 a 6,9 e é viscoso, o que causa doença potencial com injeção intravenosa ou intramuscular → absorção irregular e dor (por ser bastante oleoso). • Em termos gerais, o diazepam não é um sedativo confiável, porém é útil para produzir relaxamento muscular central e como anticonvulsivante. • É frequentemente administrado a muitas espécies antes ou em associação com cetamina para aliviar os efeitos excitatórios centrais associados às ciclo- hexaminas. Características gerais • Potente ação anticonvulsivante • Ação miorrelaxante • Incoordenação motora (agitação, principalmente em gatos) • Excitação paradoxal e agressividade (IV em animais sadios, hígidos) • Ação potencializadora (até 50%) • Alta lipossolubilidade (barreiras placentária e hematoencefálica) • Ligam-se a proteínas plasmáticas: 98% • Biotransformação hepática e eliminação urinária • Ação mais longa Doses - Pequenos animais: 0,1 a 0,5 mg/Kg IV, IM ou VO - Grandes animais: 0,05 a 0,2 mg/kg (potros; indução adultos) Midazolam • É altamente hidrossolúvel. Em pH fisiológico, ocorre fechamento do anel diazepínico, tornando o fármaco lipossolúvel e capaz de atravessar rapidamente a barreira hematencefálica, causando seus efeitos centrais. • Efeitos fisiológicos brandos • Efeito ansiolítico e anticonvulsivante similares ao diazepam • Meia-vida menor que a do Diazepam • Potente efeito hipnótico no homem • Potente efeito amnésico • À semelhança do diazepam, o midazolam não é previsível como sedativo. Cães aos quais foi administrado midazolam IV, em uma dose de 0,5 mg/kg, exibem sedação leve e relaxamento muscular, porém também apresentam, em certas ocasiões, agitação. Os gatos tendem a apresentar menos sedação, com excitação ou agitação evidentes à medida que se aumenta a dose. OBS: Quando administrados em animais hígidos e em estado de alerta normal, o diazepam e o midazolam podem provocar agitação e excitação, denominado excitação paradoxal. Antagonista: Flumazenil Utilização: casos de agitação excessiva → intoxicação por Rivotril (clonazepam) por exemplo. • Tranquilizante • Alta afinidade pelos receptores benzodiazepínicos • 2 a 4 minutos • Período hábil de 60 minutos • Via IV • Doses: 0,07 a 0,1 mg/kg IV ou IM Anticolinérgicos Mecanismo de ação: Bloqueiam a acetilcolina (Ach) nas terminações das fibras colinérgicas antagonizando seus efeitos muscarínicos. São também denominados agentes parassimpatolíticos ou vagolíticos devido ao fato de bloquearem os efeitos do nervo vago (principal nervo do SNPS). Bloqueiam os efeitos parassimpáticos: - Aumenta a FC - Reduzem porção hídrica e secreções salivares - Diminuem a motilidade gástrica e intestinal: cautela em ruminantes (timpanismo) e equinos (cólicas) - Bloqueiam ações do nervo vago (taquicardia em torno de 30 a 40%) - Causam midríase (dilatação da pupila) Atropina • Taquicardia sinusal: - ↓ tempo de enchimento ventricular - ↑ consumo de O2 pelo miocárdio • Não usar em pacientes taquicárdicos • Não altera PA • Reduz porção hídrica secreções salivar e respiratória • Broncodilatação • Reduz a motilidade gástrica e intestinal (timpanismo e Íleo paralítico) • Atravessa a barreira hematoencefálica (efeito SNC escopolamina) • Metabolização hepática (cães: parte inalterada) • Gatos, coelhos e ratos: atropinaesterase no fígado → quebra atropina, reduzindo o seu efeito. Uso Não deve ser utilizado na MPA, a não ser em casos de bradicardia ou estimulação do nervo vago. - Tratamento da bradicardia sinusal (Previamente a fármacos vagotônicos) - Reduzir secreções - Procedimentos cirúrgicosoculares, cervicais Doses - 0,03 a 0,05 mg/kg (cães e gatos) - 0,02 mg/kg (equinos e bovinos) Vias: Todas (IV, IM, SC, intratraqueal) Hábil: 30 minutos Escopolamina • Ação semelhante à da atropina, porém com efeito mais curto • Bloqueio vagal de menor intensidade • Ação mais acentuada sobre glândulas (salivares, brônquicas e sudoríparas) • Ação antiespasmódica • Grandes animais: 0,01 a 0,02 mg/kg IV. Glicopirrolato • Ação semelhante à da atropina com efeitos mais duradouros • Duração: 2 a 3 horas • Efeito anti-sialagogo: 6 a 8 horas • Produz taquicardia mais branda • Não atravessa a barreira hematoencefálica Alfa-2 agonistas (sedativos) Mecanismo de ação: Promovem a estimulação de receptores a-2 adrenérgicos do SNC e do SN periférico reduzindo a liberação de noradrenalina. Obs: os agonistas alfa 2 promovem a inibição da liberação de noradrenalina, por isso, na prática, funcionam como antagonistas. Os fármacos agonistas de receptores alfa 2 adrenérgicos são amplamente utilizados em medicina veterinária na medicação pré-anestésica, como coadjuvantes no tratamento da dor e, eventualmente, na anestesia epidural, para fornecer sedação, miorrelaxamento e analgesia para procedimentos médicos e cirúrgicos. Os agonistas atuais dos receptores α2- adrenérgicos de uso clínico também têm algum efeito sobre os receptores α1-adrenérgicos. Tipicamente, a ação agonista nos receptores α1- adrenérgicos resulta em excitação e aumento da atividade motora nos animais. Quanto menos seletivo for um fármaco para os receptores α2- adrenérgicos, maior a probabilidade teórica de observação de rigidez e/ou excitação paradoxal. A injeção arterial também pode resultar nesses sinais e, portanto, deve ser evitada. Características gerais • Agentes sedativos clássicos, dose- dependente • Promove analgesia • Promove acentuado relaxamento muscular • Efeitos cardiopulmonares importantes • Inibição da formação do hormônio anti- diurético (ADH) → aumenta a diurese Outros efeitos • Ataxia • Ptose labial • Abaixamento da cabeça • Aumento da glicemia – efeito hiperglicemiante, receptor alfa 2 nas células beta do pâncreas • Reduzem a motilidade intestinal • Pode produzir vômitos em cães e gatos (80%) • Aumentam a tonicidade uterina (Bovinos: parto prematuro) • Reduz o hematócrito • Potente ação analgésica Xilazina • Depressão do SNC • Miorrelaxamento de ação central • Analgesia visceral • Muito útil na contenção farmacológica (animais hígidos) • Pouco seletivo para alfa-2 → maiores efeitos adversos. • A xilazina é usada em cães e gatos para sedação e analgesia a curto prazo em procedimentos diagnósticos e cirúrgicos de menor porte. • Nos equinos, a xilazina é usada para contenção em estação/sedação e analgesia. Com frequência, é usada como medicação pré-anestésica para indução de anestesia geral. • O gado necessita de uma dose muito menor para produzir sedação equipotente. Efeitos cardiopulmonares - A administração de xilazina produz bradicardia reflexa, que é persistente, visto que os efeitos centrais da ação agonista nos receptores α2- adrenérgicos superam os efeitos periféricos (Bloqueio atrioventricular (BAV) de 1, 2 e 3 graus). - A hipertensão inicial é relativamente breve, seguida frequentemente de hipotensão. - O débito cardíaco (DC) é reduzido em até 50% em cães e equinos - O volume sistólico tende a ser preservado à medida que a frequência cardíaca diminui, e a redução do débito cardíaco está ligada principalmente a diminuições da frequência cardíaca. - Redução da frequência respiratória (FR), porém a PaO2, a PaCO2 e o pH tipicamente permanecem inalterados com o uso de doses clínicas de xilazina. Doses - Cães e gatos: 0,5 a 1 mg/kg - Equinos: 0,5 a 1 mg/kg - Ruminantes: 0,05 a 0,1 mg/kg Vias: IV, IM, SC e epidural. Detomidina • Potente efeito • Amplamente utilizada em equinos: - Procedimentos clínicos - Procedimentos diagnósticos (radiografias, endoscopias, odontologia) - Doses: 10 a 20mg/kg Infusão contínua: cirurgia simples → Detomidina (10 a 20mg/kg) + butorfanol (20mg/kg) • Garante boa analgesia, porém a sua duração e os efeitos cardiovasculares associados a tornam menos interessante para alguns veterinários como medicação pré-anestésica para cirurgia. • Mais seletivo para alfa-2 do que a Xilazina. Dexmedetomidina • A dexmedetomidina é principalmente usada em cães e gatos, mas também em outras espécies. • Utilizado em animais muito agressivos • Alta seletividade por alfa-2 • Potentes sedativos/analgésicos • Rápido início de ação • Com frequência, é usada juntamente com opioides para aumentar a analgesia. • Mostra-se útil como medicação pré- anestésica para anestesia geral, pressupondo que o paciente não tenha nenhuma comorbidade que impeça o seu uso. • É administrada frequentemente como único agente sedativo para radiografia ou com um anestésico local para procedimentos cirúrgicos de pequeno porte. • Cautela com a dose da bula • Doses ideais: - 3 mg/kg pequenos - 2,5 a 5 mg/kg equinos • Infusão contínua: equinos Alfa-2 Agonistas (Antagonista) Ioimbina - Aumenta a liberação de noradrenalina e outros neurotransmissores - Doses: 0,05 a 0,2 mg/kg Atipamezole - Dose: 0,1 a 0,3 mg/kg Neuroleptoanalgesia Tranquilização + intensa analgesia Objetivo: redução de doses com somatória de efeitos desejáveis e diminuição dos efeitos indesejáveis de cada fármaco. Comumente utilizada na MPA. Opioides associados a: - Tranquilizantes (Ex: morfina + acepromazina; meperidina + clorpromazina) - Ansiolíticos (Ex: fentanil + droperidol; tramadol + midazolam) - Alfa-2 agonista (Ex: meperidina + xilazina; detomidina + morfina) Dor e nocicepção A definição oficial de dor da International Association for the Study of Pain (IASP) é: uma sensação e uma experiência desagradáveis, associadas a dano tecidual real ou potencial, ou descritas em termos de tal dano. Nocicepção é o processo neural de codificar estímulos nocivos, cujas consequências podem ser comportamentais – um simples complexo motor de retirada ou comportamentos mais complexos para evitar tais estímulos – ou autonômicas (p. ex., elevação na pressão arterial). Classificação da dor Dor aguda: ocorre em grande parte em resposta a dano tecidual (geralmente agudo), que se resolve em um período de dias, ou possivelmente semanas. A intensidade da dor aguda varia de leve a excruciante. Ela costuma estar associada à cirurgia, ao traumatismo e/ou algumas condições clínicas. - Duram no máximo 7 dias - Decorrente de traumas imediatos - Bem localizada - Responde ao tratamento Dor crônica: dura períodos mais longos e está associada classicamente a doença inflamatória ou uma condição degenerativa, ou ocorre após lesão ou danos a um nervo. - Duram em torno de 3 meses - São mais complicadas - Difícil localização - Refratária a tratamentos - Muito frequente em pacientes oncológicos, osteoartrites e lesões nervosas. Dor somática: Está relacionada a dores em tecidos periféricos como pele, ossos, nas extremidades em geral. São bem localizadas e mais fáceis de tratar. Dor visceral: Envolve dores torácicas, abdominais ou pélvicas. Geralmente são dores difusas com difícil localização. Dor neuropática: Geralmente está relacionada a amputação, quimioterapia ou lesão química de nervos. É complicada pois envolve asensibilização periférica e central, geralmente caminhando para dor crônica. - Formigamento - Queimação - Ferroadas - Agulhadas - Difícil tratamento • Dor nociceptiva (ativação de receptores): respondem bem aos analgésicos. - Somática: localizada e superficial - Visceral: pouco localizada e profunda • Dor neuropática (alteração ou lesão do SNC e ou periférico): melhora mais dificilmente, tratada por analgésicos comuns. - Compressão, infiltração, trauma, infecção - Em humanos: queimação, formigamento - Em animais: automutilação, lambedura Fisiologia da dor A experiência consciente de dor aguda resultante de um estímulo nocivo é mediada por um sistema sensorial nociceptivo de alto limiar. Os nociceptores representam as terminações livres de neurônios sensoriais primários. As fibras nervosas aferentes primárias que levam informação dessas terminações nervosas livres para sua localização central consistem em dois tipos principais: fibras A- β mielinizadas, fibras C não mielinizadas e fibras A-δ mielinizadas. Fibras A- β: transmitem informações sensoriais não nocivas da periferia ao SNC, como tato, vibração e pressão. - Receptores de baixo limiar Fibras A- δ e Fibras C: são responsáveis por levar o estímulo nocivo/lesivo da periferia para o SNC. Estão nas vísceras, pele, vasos e músculos. Fibras A- δ: - Receptores de alto limiar - Resposta aguda - Velocidade de condução alta Fibras C: - Receptores de alto limiar - Resposta crônica - Velocidade de condução lenta Fisiopatologia da dor Nocicepção A atividade dos receptores é modulada por substâncias químicas presentes nos tecidos e liberadas no processo inflamatórios, traumático ou isquêmico. Prostaglandinas, histaminas, bradicininas, substância P, tromboxanos, serotonina, acetilcolina são responsáveis pela hiperalgesia e vasodilatação. Quando ocorre a inflamação os receptores que estavam silenciosos em condições normais são ativados. A nocicepção, portanto, é um conjunto de eventos neurais através dos quais os estímulos nocivos são detectados, convertidos em impulsos nervosos e transmitidos da periferia para o SNC. Ocorre mesmo com o paciente inconsciente. - Receptores sensitivos primários: pele, articulações e órgãos. Como a dor chega no córtex? A sensação que ocorre na periferia segue um caminho até o cérebro. A primeira fase é a transdução, onde acontece a transformação do estímulo mecânico, térmico ou químico para elétrico. Em seguida, as fibras aferentes levam esse estímulo elétrico até a medula espinhal, no processo chamado de transmissão. Penetram até chegar no corno dorsal (substância cinzenta) e fazem sinapse com os neurônios de projeção. Na medula espinhal, temos a fase de modulação, onde o estímulo pode ser exacerbado ou inibido, dependendo da situação. - Substâncias químicas envolvidas na modulação: • Excitatórias: glutamato, substancia P, ATP, prostaglandinas etc. • Inibitórias: opióides endógenos, GABA, glicina, serotonina, acetilcolina, noradrenalina. Essas substancias atuam em receptores que estão na membrana dos interneurônios ou nos neurônios de projeção. Na projeção, o estímulo doloroso é transmitido do corno dorsal da medula aos centros por neurônios de projeção. As regiões relacionadas são o tálamo, formação reticular e mesencéfalo. Por fim, temos a percepção, momento que o estímulo chega ao cérebro. Permite a integração, processamento e reconhecimento dos estímulos sensoriais. Ocorre em diversas áreas do córtex e tronco cerebral e ativa várias áreas do cérebro. A percepção só ocorre com o paciente consciente. Em um processo inflamatório qualquer, no momento em que há a liberação de subprodutos da inflamação (PGE, PGI2, Bradicinina, Serotonina, Histamina, K+, H+, etc) eles sensibilizam aquela área e as fibras então diminuem o seu limiar de excitabilidade. Com isso, estímulos que antes deveriam ser maiores para desencadear o processo de levar a informação até o cérebro (fibras A- δ e fibras C), passa a ser um pouco menor, dado o nome de Hiperalgesia (primária, na região da lesão e secundária, na periferia da lesão). Isso vai sendo agravado, ocorrendo uma retroalimentação do processo, onde há maior liberação de subprodutos da inflamação e a dor se intensifica. Neste momento, as fibras A- β também começam a carrear dor para o SNC, o que se denomina como Alodinia, ou seja, uma sensação que não é dolorosa anteriormente, passa a ser. Gradação da dor com base no comportamento Pacientes veterinários são incapazes de dizer o que sentem, razão pela qual os clínicos confiam em sistemas de gradação que dependem da avaliação subjetiva da dor. Tradicionalmente, a avaliação da dor aguda é realizada usando-se escalas unidimensionais simples para avaliar a intensidade da dor. Escala descritiva simples: são escalas básicas e altamente subjetivas que tipicamente têm quatro ou cinco descritores. Esse tipo de escala não demonstra sensibilidade na detecção de alterações pequenas na intensidade da dor. Esse tipo de escala foi usado pela Colorado State University (CSU). Embora ainda não validada, sem dúvida representa um recurso útil e disponível amplamente para a avaliação da dor em gatos. Escala numérica de gradação (ENG): Usa números em vez de descritores para pontuação da dor. Geralmente é usada para dar uma pontuação a características individuais de comportamento em escalas multidimensionais. Escala visual analógica: é bastante utilizada e consiste em uma linha de 100 mm, ancorada em cada extremidade a nenhuma dor (0) e (100) à pior dor imaginável (causada pelo procedimento). O observador marca na linha um ponto que se correlaciona com a avaliação da dor. Tratamento da dor Dor pós-operatória - Leve: AINEs e adjuvantes analgésicos - Moderadas: Opioides parciais, AINEs e adjuvantes - Intensas: Opioides agonistas totais (potentes), AINEs e adjuvantes. Obs: não deve ser um padrão, depende do caso cirúrgico, o paciente em questão e a evolução da dor. Conclusão • A dor é dinâmica e pode se perpetuar caso não seja bem tratada • Todos os animais sentem dor, independente da espécie • A familiaridade a espécie é fundamental para o reconhecimento da dor • O tratamento da dor deve ser adequado a cada caso e geralmente é baseado em AINEs, adjuvantes e opioides. Uso de AINEs - Inflamação = dor - Garantem uma boa analgesia - São relativamente seguros, comparados a outros grupos analgésicos - Biodisponibilidade oral - Fácil aquisição Processo inflamatório A partir do momento que há a lesão tecidual, uma migração de células de defesas é feita no local, como plaquetas, que são capazes de conter a hemorragia por meio da coagulação, os mastócitos liberam histamina para promover vasodilatação e com isso facilitar o recrutamento celular, os macrófagos e neutrófilos possuem a função de promover a fagocitose como primeira barreira de proteção, além de os macrófagos secretarem citocinas que ativam o sistema imune e aceleram o processo de cicatrização. Há uma intensa liberação de bradicininas, serotonina, histamina, eicosanoides (prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos), tendo a função de reparar a lesão. Todo esse processo promove os 5 sinais cardinais da inflamação, sendo eles: Cascata do ácido araquidônico Se inicia na lesão celular. A estrutura de fosfolipídios da membrana é quebrada e a enzima fosfolipase A2 transforma esses fosfolipídios em ácido araquidônico. Este, por sua vez, segue duas vias: a via da lipoxigenase (LOX) que forma os leucotrienos e a via da cicloxigenase (COX-1 e COX-2), que origina as prostaglandinas, prostaciclinase tromboxanos. As principais funções dos eicosanoides é de promover vasodilatação, dor, quimiotaxia e agregação plaquetária. - Prostaglandinas: vasodilatação, dor, proteção GI - Prostaciclinas: vasodilatação e diminuição da agregação plaquetária - Tromboxanos: vasoconstrição ➔ Os corticoides agem diretamente sobre a enzima fosfolipase A2, obtendo alta analgesia. Porém, não são utilizados no pós-operatório pois eles são capazes de inibir a reparação tecidual (cicatrização) e resposta imunológica frente a infecções. ➔ Os AINEs atuam sobre COX-1 e COX-2. Relação COX-1 e COX-2 COX-1 - Constitutiva - Produzida pelas plaquetas - Faz parte da homeostase do organismo - Função: vasodilatação renal, vasodilatação hepática, proteção gastrointestinal Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) COX-2 - Induzível - Produzida pelo endotélio vascular e macrófagos em elevada quantidade quando há inflamação - Função: vasodilatação que ocorre na inflamação e dor, aumentando a excitabilidade da raiz dorsal da medula. Hoje, sabe-se que as duas não funcionam mais dessa maneira e possuem uma interdependência. Com isso, a COX-2 também participa do processo de proteção fisiológica (constitutiva). Porém, ainda que a COX-2 seja considerada constitutiva, é mais interessante que o medicamento bloqueie mais a COX-2 do que a COX-1. Seletividade dos AINEs: Obs: o efeito anti-inflamatório e analgésico basicamente são iguais, com pouca diferença. A grande questão são os efeitos indesejáveis e sua gravidade. Efeitos indesejáveis Todos AINEs podem causar efeitos indesejáveis, porém os preferenciais ou seletivos tendem a desencadear menores problemas do que os não seletivos (inespecíficos). Depende de alguns fatores como: - Dose - Condição fisiológica do paciente - Resposta individual (cada animal tem uma resposta diferente) Os efeitos mais comuns são: - Lesões gastrintestinais: diminuição da barreira protetora. Geralmente estão muito associadas aos fármacos não seletivos, como o flunixim, cetoprofeno e fenilbutazona em equinos. - Lesões renais: pacientes hipovolêmicos e hipotensos → preconiza-se não utilizar os AINEs nestes pacientes, independente se o fármaco é especifico ou não especifico. Importante monitorar a pressão arterial. - Distúrbios da coagulação: inibe tromboxanos (TBX). Principais AINEs Grupo inespecíficos • Flunixim meglumine: utilizado amplamente em equinos nos casos de cólicas e possui bom efeito em ruminantes submetidos a ruminotomia, castração e descorna. • Fenilbutazona: bastante utilizada em casos de dores osteomusculares. Menor período de ação comparado ao flunixim meglumine e tem maior potencial de causar lesões gastrintestinais. • Cetoprofeno: utilizado em casos de dores osteomusculares em grandes animais. Há indícios de que seja o que maior promove alteração de coagulação sanguínea. São muito utilizados na clínica de grandes animais pelo preço e resistência de alguns médicos veterinários a mudarem para outros medicamentos. Grupo preferenciais • Meloxicam • Carprofeno: + preferencial para COX-2 do que o meloxicam, exceto em equinos que é o contrário. São consideradas excelentes escolhas para o tratamento da dor aguda, podem ser administrados por um longo período principalmente em pequenos animais e os efeitos indesejáveis são mínimos. Grupo seletivos COX-2 (Coxibes) • Firocoxibe • Robenacoxibe • Mavacoxibe Os efeitos indesejáveis são praticamente nulos, ótimo efeito analgésico. Todos eles podem ser utilizados em cães, mas em gatos, apenas o Robenacoxibe é liberado. Para equinos, só há uma dose estabelecida do Firocoxibe. Dipirona e Paracetamol Possuem diminuto efeito anti-inflamatório, e sim analgésico e antipirético. Não é recomendado que se deixe de utilizar outros AINEs porque já está sendo utilizado a dipirona ou o paracetamol. Paracetomol é tóxico para gatos, visto que a sua biotransformação é feita por meio da glicuronidação. Já a dipirona tem um efeito anti-coagulante maior do que outros AINEs, devendo-se ter cautela em pacientes com distúrbio de coagulação. Medicamentos utilizados em infusões contínuas Podem ser administrados no período pré ou pós- operatório. Funções: - Diminuir a quantidade de anestésico geral, diminuindo os efeitos indesejáveis - Promover analgesia Obs: o ideal é utilizar fármacos que vão agir em locais diferentes, para que a terapia multimodal seja aprimorada. Lidocaína Muito utilizada em procedimentos trans e pós- operatórios. Mecanismo de ação: bloqueio dos canais de Na+ na fibra A-delta e fibra C, havendo inibição da excitabilidade dessas fibras. Também atua bloqueando os canais de Ca++ e K+ e é antagonista de receptores NMDA e glicina (na medula espinhal). - Excelente analgesia visceral e somática - Efeito pró-cinético: muito útil em analgesia trans e pós operatória de equinos com cólicas - Em cães é muito utilizada na infusão contínua em cães, diminuindo o requerimento de anestésicos gerais e confere excelente analgesia pós-operatória. - O uso em gatos por infusão contínua é questionável → depressão cardiovascular. Cetamina Mecanismo de ação: bloqueio não competitivo dos receptores NMDA e AMPA, que estão localizados principalmente na medula espinhal. Com isso, a cetamina age na modulação da dor, sendo muito eficiente em dor crônica. Obs: O NMDA é um aminoácido excitatório agonista do neurotransmissor, também aminoácido, glutamato. Age ativando receptores ionotrópicos conhecidos como receptores glutamatérgicos do tipo NMDA. A ativação de receptores NMDA está envolvida em mecanismos de aquisição de memórias e aprendizado. Agonistas Alfa-2 adrenérgicos Mecanismo de ação: atuam nos receptores alfa- 2 localizados na medula espinhal e outras áreas do cérebro. Podem ser administrados por via epidural e combinados ao anestésico local em bloqueios locoregionais. Associações IV Durante a analgesia por infusão contínua é muito comum a associação de 2 ou 3 medicamentos simultaneamente, dependendo da situação. Uma associação muito realizada é a de: Lidocaína + Cetamina + opioide ou Alfa-2 adrenérgico. Obs: todo medicamento possui efeito indesejável, por isso, essas associações precisam ser feitas de maneira adequada e segura. Gabapentina Começou a ser utilizada como anti-convulsivante, mas logo os médicos perceberam que ela tinha uma boa resposta em dor crônica, principalmente de origem neuropática. Mecanismo de ação: não é muito bem determinado, mas acredita-se que pela inibição dos canais Na+ e Ca++ age na modulação. Os efeitos benéficos da gabapentina no processo de dor aguda até o momento é questionável. Há diversos relatos e estudos fazendo a gabapentina associada a algum medicamento, mas ainda não há nada comprovado, isso porque: - Se for feito um estudo com cirurgias ortopédicas ou OSH, é impossível utilizar apenas a gabapentina no pós-operatório, sendo necessário lançar mão de outros grupos farmacológicos. - A resposta terapêutica, teoricamente, demora alguns dias. Ou seja, é necessário administrar a gabapentina alguns dias antes ao procedimento para que ela tenha algum efeito no pós- operatório imediato. - Titular as doses para que não haja efeitos indesejáveis em dor crônica. Adjuvantes analgésicos Amitriptilina É um anti-depressivo geralmenteutilizado no distúrbio de comportamento em gatos. Mecanismo de ação: inibição da recaptação de serotonina, mas também há indícios que ela bloqueie os receptores NMDA e os canais de Na+. Geralmente é a segunda escolha no tratamento da dor neuropática. Porém, demora de 2 a 4 semanas para começar a fazer efeito analgésico. Importante titular as doses para que não promova efeitos indesejáveis. - Associação com tramadol, meperidina ou fentanil, pois esses medicamentos também trabalham na recaptação de serotonina. - Cuidado com a Síndrome seratoninérgica → pode causar taquicardia, taquipneia, hipertensão, hipertonia e convulsão, podendo levar a morte. - Até o momento, não há doses seguras para uso em grandes animais. Amantadina Originalmente era utilizada como anti-viral e como tratamento da doença de Parkinson. Em seguida, começou a ser utilizada em pacientes com lesão do SNC, amputação ou outras neuropatias. Mecanismo de ação: bloqueio de receptores NMDA e inibição da recaptação de serotonina e dopamina. - Cuidado com a síndrome seratoninérgica - Importante fazer a titulação das doses Maropitant Seu principal efeito é anti-emético. Atua inibindo os receptores de neurocinina, sendo que esse receptor está interligado no estímulo nociceptivo da periferia. Acredita-se que o medicamento tenha algum efeito analgésico. Entretanto, vários estudos vêm mostrando o contrário quanto ao seu efeito analgésico no pós-operatório. Conclusão • Os adjuvantes, por si só, são incapazes de promover analgesia adequada, mas são interessantes para a terapia multimodal. • A administração por infusão contínua pode ser interessante em dores agudas. • Os adjuvantes em dor crônica devem ser titulados • A associação de medicamentos é benéfica, mas devem ser considerados possíveis efeitos indesejáveis, inclusive decorrente da associação. Introdução • Analgesia preventiva ou preemptiva → controle mais fácil da dor • Quanto menor a prevenção da dor, maior a liberação de mediadores químicos da dor • Arsenal terapêutico: - Opióides (morfina, tramadol...) - Antagonistas de NMDA (cetamina, tiletamina) - Agonistas alfa-2 (xilazina, medetomidina...) - AINES (meloxicam, cetoprofeno, carprofeno, flunixin...) - Anestésicos locais (lidocaína, bupivacaína) - Métodos físicos (gelo, compressão) - Acupuntura - Adjuvantes co analgésicos Porque tratar a dor? • Obrigação moral e humanitária • Objetivo do tratamento: - Deixar a dor fisiológica intacta, proteção → dor aceitável, que não incapacita - Não deixar que a dor fisiológica vire patológica - Prevenir o desconforto e desenvolvimento da dor clínica - Prevenir a dor é mais fácil do que tratá-la AINEs • Analgésicos mais utilizados no mundo • Motivos de uso: - Inflamação = dor - Boa analgesia - Seguro - Biodisponibilidade - Fácil aquisição - Propriedades anti-piréticas, analgésicas e anti-inflamatórias Como os analgésicos atuam? Opióides: Inibindo os impulsos aferentes do cérebro ou medula espinhal. Anestésicos locais: Interrompendo a condução do impulso nervoso. AINE´s: Prevenindo a sensibilização do nociceptor que acompanha o processo inflamatório. Opióides Mecanismo de ação: Ligam-se reversivelmente a receptores específicos no SNC e medula espinhal (pré e pós-sinapticamente) alterando a nocicepção e inibindo a percepção central da dor (córtex). ➔ A percepção só ocorre quando há consciência. ➔ A nocicepção ocorre mesmo quando há inconsciência. Mesencéfalo e medula: ativa vias descedentes e modulam a nocicepção Sistema límbico → componentes emocionais da dor Estimulação: centro do vago e centro do vômito Analgesia, sedação, euforia e excitação receptor sigma. Efeitos: tipos de receptores e grau de afinidade • mu (m) – analgesia, sedação, euforia, depressão respiratória e emese • Kappa (k) – analgesia e sedação • Delta (d) – efeitos pouco conhecidos: analgesia; depressão respiratória • Epsilon (e) – Analgesia Agonistas: afinidade em todos os receptores e ativa todos → morfina, meperidina, fentanil, alfentanil, remifentanil, oximorfona, codeína, metadona, sufentanil, carfentanil. Agonistas-Antagonistas: afinidade ao receptor → tartarato de butorfanol, nalbufina. Agonistas-Parciais: afinidade em algum receptor, se liga, mas não ativa todos → buprenorfina, cloridrato de nalorfina. Controle da dor Antagonistas: afinidade por todos, mas sem atividade intrínseca → cloridrato de naloxona. Agonistas de receptores mu (m) Morfina • Considerado padrão ouro • Alto grau de sedação e analgesia, muito utilizado para dor grave • NÃO administrar IV → causa liberação de histamina levando a hipotensão • Pode-se fazer na infusão contínua • Efeitos indesejáveis: Náusea, vômito, depressão respiratória (em caso do animal não está em jejum completo, a náusea e o vomito podem ajudar), constipação e retenção urinária. • Alívio da dor: 3 a 6 horas • Via epidural: 24 horas • Não aconselhada por VO pois é inativada na circulação enterohepática e no rúmen de ruminantes Doses: • Cães: 0,3 a 1 mg/kg IM • Gatos: 0,2 a 0,3 mg/kg IM - Via epidural: 0,1 mg/kg • Infusão contínua 0, 05 a 0,2 mg/kg/h • Equinos – bom para analgesia pós- operatória - 0,05 - 0,1 mg/kg IM - Via epidural: 0,1 mg/kg • Ruminantes 0.05 a 0,1 mg/kg IM - Analgesia pobre, cuidado com os movimentos ruminais Metadona • Efeitos farmacológicos similares aos da morfina → dor intensa • Agonista de receptores m e antagonista de receptores NMDA medulares → dor neuropática • Analgesia intensa de 4 a 8 h • Pouca ocorrência de vômito, retenção urinária e depressão respiratória. Doses: • Cães e gatos: 0,05 a 0,2 mg/kg SC, IM, VO, IV • Equinos: 0,05 - 0,1 mg/kg IM ou SC • Ruminantes 0,05 a 0,1 mg/kg IM ou SC Petidina (meperidina) • Analgesia moderada • Se IV: maior liberação de histamina do que com a morfina • Rápido início de ação (sedação e hipnose discretas) • Ação espasmolítica: obstrução (Os espasmolíticos são relaxantes do músculo esquelético que reduzem as contrações musculares fortes e involuntárias). • Pouca depressão respiratória e ↑ da FC: pacientes de risco • Reduz secreções salivares, gástricas e brônquicas Doses: Vias: SC, IM • Cães e gatos: 3 a 5 mg/kg • Equinos: 1 a 3 mg/kg • Ruminantes: 3 a 4 mg/kg Fentanil, Sulfentanil, Remifentanil • Potente ação hipnótica (associado a benzodiazepínicos e/ou propofol) • Dor intensa trans-operatória • Apnéia, hipotensão e bradicardia • Depressão respiratória: ↓VC, ↓FR • Reversão: Nalbufina • Pouco tempo de ação (Remifentanil → 4 min); utiliza-se na bomba de infusão em cirurgias. Doses: • Cães e gatos: 1 a 10 mg/kg IV; 2 a 5 mg/kg/h IV - Epidural: 1 a 5 mg/kg • Equinos: bom para analgesia pós- operatória; 1 a 2 mg/kg/h IV • Ruminantes 1 a 2 mg/kg/h IV Agonistas de receptores kappa (k) e antagonista de receptores mu (m) Butorfanol • Ótimo efeito sedativo e efeito teto (só faz efeito até a dose máxima, não adiantando usar mais doses. Deve-se mudar a classe de medicamento caso precise de uma maior analgesia) • Efeito analgésico menos intenso (visceral) • Duração: 2 h a 6 h • Não tem potencial emético • Muito utilizado em equinos e silvestres Doses: • Cães e gatos: 0,1 a 0,4 mg/kg IV, IM, SC • Equinos: 0,02 a 0,04 mg/kg IV, IM, SC - Epidural: 0,04 mg/kg • Ruminantes 0,01 a 0,04 mg/kg IV, IM, SC Antagonistas Naloxona • Antagonista puro de todos os receptores opiáceos• Reverte efeitos adversos (principalmente bradicardia e depressão respiratória) • Também reverte a analgesia • Não altera a pressão arterial (em normotensos) • Duração: 30 a 45 minutos (repetição → em casos de opioides com tempo de ação mais longo) Doses: • Cães, gatos e equinos: 0,02 a 1 mg/kg IV, IM ou SC • Ruminantes 0,01 mg/kg IV Tramadol • Opióide Atípico: metabólito O- desmetiltramadol → responsável por produzir analgesia • Bloqueia impulsos da medula espinhal: Ação mista (ação em mu e diminui a recaptação de serotonina e noradrenalina) • Naloxona e Ioimbina minimiza os efeitos • Menor depressão respiratória e discretas alterações cardiovasculares • Eficaz no controle da dor leve a moderada: pré e pós-operatória • Duração: 6 a 8 horas Doses: 2 a 6 mg/kg IV, IM, SC e VO - Associado a aine´s e dipirona → dor moderada a grave. Modalidade anestésica Anestesia: hipnose, sono, inconsciência. Somente com anestésicos gerais (depressão generalizada do SNC). Anestesia dissociativa: modalidade que não há depressão generalizada, inclusive tem partes que são estimuladas. Introdução A anestesia dissociativa se dá pela indução da anestesia por interrupção do fluxo de informações para o córtex sensitivo, deprimindo seletivamente alguns centros cerebrais. Derivados fenciclidínicos: Cetamina e Tiletamina. - Pode ser administrada por via IM - Promove analgesia - Janela terapêutica ampla Cetamina Mistura racêmica → 2 enantiômeros: - Molécula S+: responsável pela analgesia - Molécula R-: efeitos indesejáveis Mecanismo de ação O principal neurotransmissor excitatório é o glutamato e atua nos receptores NMDA presente nos neurônios. A ativação desses receptores promove excitação neuronal. Portanto, a Cetamina age por meio de: • Bloqueio de receptores do tipo N-metil-D- aspartato (NMDA) em neurônios do SNC não competindo com o glutamato. - Deprime córtex inibindo o SNC diminuindo os estímulos de tato, dor, temperatura e visão; excesso olfato. • Bloqueio da recaptação de catecolaminas - Bloqueio dos receptores NMDA e bloqueio da recaptação de serotonina estimulando o sistema límbico (cérebro emocional → aprendizagem, memórias, sonhos, sensação de prazer e outras). • Bloqueio de receptor muscarínico: ativação do sistema simpático e inibição do parassimpático. • Analgesia - Bloqueio de NMDA confere analgesia somática - Atua em receptores opioides Farmacodinâmica Sistema Nervoso Central • Aumento do fluxo sanguíneo cerebral e vasodilatação - Aumento da pressão intracraniana e do líquido cefalorraquidiano - Evitar em trauma cerebral e/ou hipertensão craniana, epilepsia • Manutenção dos reflexos protetores - Oculopalpebral - Laringotraqueal - Centralização do globo ocular - Nistagmo Sistema Cardiovascular • Aumento do tônus simpático (recaptação da norepinefrina) • Aumento da FC (taquicardia) • Elevação do DC e PA • Diminuição do volume sistólico • Aumento do consumo de O2 pelo miocárdio - Hipoxemia - Cautela em pacientes cardiopatas Efeitos respiratórios • Não produzem alterações respiratórias significativas • Apnéia transitória dose-dependente e velocidade-dependente - Respiração “apnêustica” I> E< (tempo inspiratório menor e expiratório maior) • Aumento de secreções nas vias respiratórias • Manutenção dos reflexos de tosse, espirro e deglutição • Geralmente os animais não são entubados e não recebem suplementação de oxigênio. Isso geralmente acontece porque o animal mantém o reflexo laringotraqueal e é mais difícil entubar. Porém, em grandes animais é possível entubar e lançar mão da suplementação Anestesia dissociativa de O2 → animal apresenta hipoxemia facilmente e em pouco tempo. Efeitos musculares • Rigidez muscular - Movimentos involuntários - Por isso, recomenda-se a associação da cetamina a um miorrelaxante. Outros efeitos • Aumentam a Pressão Intraocular (PIO) - Cautela em pacientes com instabilidades da PIO • Agem na inflamação: modulam a produção de citocina - Interessante em pacientes com endotoxemia Farmacocinética • Bem absorvida por vias IV, IM, intranasal ou oral • Dor e irritação no local de injeção • Dose: 2-5 mg/kg IV; 8-15 mg/kg IM • Período de latência: 1 minuto IV • Duração: 5 a 20 minutos, IV; 10 a 40 minutos IM • Metabolismo hepático: biotransformada e gera um metabólito → norcetamina (1/3 da capacidade anestésica da cetamina). - É biotransformada por canídeos e felídeos. Porém, os canídeos conseguem quebrar a norcetamina em metabólitos inativos. Já os felinos não conseguem e com isso, excretam a norcetamina de forma ativa. - Cautela em pacientes com distúrbios renais → prolongamento da anestesia dissociativa. É permitido utilizar em gatos, porém alguns cuidados precisam ser tomados, como, hidratar bastante o animal para que ele consiga excretar adequadamente. Associações • Muito associada a miorrelaxantes como benzodiazepínicos ou α2-agonista. - Midazolam ou Diazepam - Xilazina, detomidina, dexmedetomidina Infusão contínua de Morfina – Lidocaína – Cetamina • Bolus: - Morfina: dose utilizada p/ MPA (0,5-1 mg/kg) - Lidocaína s/ vasoconstritor: 1,5 mg/kg IV - Cetamina: 1 mg/kg IV (dose analgésica) • Taxa de Infusão: - 0,2 mg/Kg/h Morfina - 3 mg/Kg/h Lidocaína - 0,6 mg/Kg/h Cetamina • Taxa de infusão da Solução: - 10 ml/Kg/h Indicações • Analgesia • Procedimentos ambulatoriais rápidos - Suturas de pele, retirada de pino intramedular • Cirurgias como orquiectomia (desde que associada a um anestésico local) e dermorrafias • Indução da anestesia geral (associar a miorrelaxantes) - Essa anestesia não viabiliza acesso em cavidades. - Geralmente não produz sedação confiável. Tiletamina ✓ Formulação em pó associada ao Zolazepam. ✓ Custo alto Farmacocinética • Maior potência, maior duração de ação e maior poder analgésico • Comercialmente encontrada associada ao zolazepam (benzodiazepínico) • Biotransformação hepática e excreção renal • Dose: 2-5 mg/kg IV; 5 a 12 mg/kg IM • Período de latência: 2-3 minutos (IM) • Período hábil: 40 a 60 minutos até 90 IM Gatos: Zolazepam possui um período de ação maior que o da Tiletamina. Com isso, a recuperação desses animais tende a serem mais calmas. Cães: Tiletamina possui maior tempo de ação do que o Zolazepam. Praticamente todos os cães que recebem essa associação não tem uma boa recuperação → bastante excitação. Considerações gerais • Vantagens: diferentes vias de administração (IM, IV, oral, IN, SC), analgesia e ampla margem de segurança • Não deprime o cérebro como um todo, não promovendo hipnose • Promove rigidez muscular, devendo ser administrada sempre associada a um miorrelaxante • Não é indicada para pacientes com distúrbios neurológicos, cardiopatas ou cirurgias que envolvem dor moderada a intensa.
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