Prévia do material em texto
Padre Rodrigo Maria
CATECISMO
DA TOTAL CONSAGRAÇÃO À
SANTÍSSIMA VIRGEM
segundo o método de São Luís Maria
Grignion de Montfort
Ficha Técnica
Coordenação
Padre Rodrigo Maria
Diagramação
Gráfica Microprint
Design
Adriano Maria
Editor
Opus Cordis Mariae
Revisão de Texto
Galdino Mello
Guarulhos, 2017
2ª Edição
Ampliada e Revisada
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer
forma e/ou quaisquer meios (eletrônicos ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão da Editora .
Se não se arriscar algo por Deus, nada de grande se fará.
São Luís Maria Grignion de Montfort
À Deus, por sua infinita misericórdia e porque nunca desiste de nós;
À Santíssima, pelo seu SIM. Porque é nossa Mãe, nos ama e nos
ensina a amar Jesus;
Ao meu pai, senhor Albertino Alves de Sousa, fervoroso membro da
gloriosa Legião de Maria e a todos os legionários.
Ao grande amigo Edmilson Camilo Almeida, que se fez presente em
momentos em que muito precisei, não poupando esforços para
ajudar;
A Ana Paula Barros, que teve a paciência e a dedicação de
organizar este livro e sua edição;
Aos soldados desconhecidos, que em meio às dificuldades e
oposições mais variadas, têm gastado seu tempo e dado de seus
dons e sua vida, combatendo o bom combate, para que Jesus seja
mais conhecido, amado e adorado por meio de sua Mãe Santíssima.
SUMÁRIO
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO
PRIMEIRA PARTE - Conhecendo a Consagração
SEGUNDA PARTE - Fundamentos e Características dessa Devoção
TERCEIRA PARTE - Entrega Total
QUARTA PARTE – Sobre o uso do termo “escravo”
QUINTA PARTE – Sobre a espiritualidade e escolhas cotidianas
SEXTA PARTE – Sobre a preparação para a consagração, a cerimônia, o uso das
correntes e outros
CONSIDERAÇÕES FINAIS e ANEXOS
REFERÊNCIAS
PREFÁCIO
Na preparação para o centenário das aparições de Nossa Senhora
em Fátima, onde a Santa Mãe de Deus fez-nos um magnífico apelo
à conversão, Ela pediu que rezássemos o terço todos os dias e
profetizou o Triunfo do Seu Imaculado Coração. Também revelou o
meio pelo qual esse Triunfo se daria e que O mesmo,
necessariamente, levaria ao Reinado de Jesus Cristo no mundo.
Este meio escolhido pela Providência de Deus é, como revela a
própria Senhora, a Devoção ao Imaculado Coração de Maria,
traduzida de modo perfeito, na total consagração ensinada por São
Luis Maria Grignion de Montfort no Tratado da Verdadeira
Devoção à Santíssima Virgem.
Em nossos dias, a Providência de Deus deu-nos na pessoa de São
João Paulo II, um dos maiores apóstolos desta consagração. O seu
“Totus Tuus’’, lema pontifical que resumia sua total entrega, feita
desde a juventude, ecoou pelo mundo inteiro, ajudando a recuperar
a dimensão mariana de nossa fé, tão anemizada por um
ecumenismo mal compreendido. O testemunho deste grande Papa,
juntamente com o empenho de muitos sacerdotes, comunidades e
apóstolos desconhecidos, fez com que muitíssimas pessoas
redescobrissem a Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem e
encontrassem na Escravidão Marial um grande auxílio para viver
melhor seus votos batismais e perseverar na graça de Deus.
A grande e rápida difusão da Santa Escravidão de Amor, tem feito
um bem enorme a muitíssimas almas e por meio delas à Santa
Igreja de Deus. Hoje, boa parte dos católicos mais fervorosos que
militam pela vida e pela família, pela sã doutrina e pela digna liturgia
e que têm lutado, em meio a muitos sofrimentos e desgastes, para
defender e viver a fé católica, são consagrados a Nossa Senhora
como Escravos por Amor.
Entretanto, em meio aos muitos que se consagram, há também os
que vivem de maneira equivocada esta espiritualidade por não a
compreender bem. Outros tantos ficam muito aquém do que
poderiam viver, pela mesma razão. Outros, mais numerosos ainda,
deixaram de se consagrar, pelo fato de esta consagração lhes ter
sido apresentada de uma forma errônea, fazendo crer que a mesma
se tornaria mais um peso que uma ajuda... ou, que seria um
conjunto de normas e regras muito difíceis em seu cumprimento ou
mesmo um ideal muito sublime e difícil de ser atingido pelos reles
mortais.
Com o objetivo de ajudar a compreender melhor a natureza e a
finalidade desta grande devoção, bem como para sanar muitas
dúvidas que surgem entre aqueles que se consagraram ou querem
se consagrar, apresentamos este pequeno catecismo da Total
Consagração à Santíssima Virgem, com introdução, perguntas e
respostas, conclusão e alguns artigos anexos que poderão ser úteis
àqueles que querem viver, compreender e transmitir de maneira
correta a Santa Escravidão de Amor à Jesus por Maria.
INTRODUÇÃO
Quando contemplamos a história da salvação, pondo atenção no
que diz a Palavra de Deus, nos damos conta que vivenciamos
continuamente uma batalha espiritual. Uma luta, renhida e
incessante, entre as potências do bem e as forças do mal.
Existem dois - e apenas dois - exércitos que se embatem nesse
confronto: aquele de Deus sob o comando da Mulher e o de satanás
composto pelos anjos caídos, pelas almas condenadas e por todos
aqueles que ainda neste mundo lutam contra a graça e a verdade
de Cristo.
Esta é uma guerra sem tréguas e sem possibilidade de acordos,
uma vez que o autor desse ódio entre as duas partes foi o próprio
Deus. Foi o Altíssimo mesmo, quem estabeleceu esta inimizade
entre “a serpente e a mulher’’; “entre a descendência da
serpente e a descendência da mulher’’. E o objeto da disputa são
as almas imortais, criadas à imagem e semelhança de Deus, mas
que satanás e seus anjos querem arrastar para o inferno.
É muito significativo que o anúncio desse confronto tenha sido feito
no primeiro livro da Bíblia (Gen.3,15), já no início do gênero humano
e depois reapareça, de modo muito expressivo, no último livro da
Bíblia (Ap.12,1-18) que, entre outras coisas, versa sobre realidades
que se darão nos últimos tempos e que ainda iremos vivenciar. Esta
luta perpassa toda a história e envolve as potências do céu e do
inferno, bem como neste mundo, as descendências da Mulher e da
serpente.
Ninguém está fora deste conflito, no qual não existe neutralidade,
pois ou estamos de um lado ou estamos de outro.
Juntamente com o estabelecimento dessa inimizade entre os dois
lados, Deus profetizou a derrota da serpente, que teria a sua cabeça
esmagada pela Mulher e sua descendência.
Estamos vivenciando esse combate espiritual todos os dias, em
todos os momentos, e quem não tem conhecimento ou
simplesmente não se importa com esta realidade, está fadado a ser
derrotado e ter a sua cabeça esmagada pelo inimigo. Precisamos
ter consciência deste conflito e usar as armas que o próprio Deus
nos põe à disposição para vencermos as batalhas do dia-a-dia e
não nos deixarmos seduzir e subjulgar pelo inimigo.
Na Santa Igreja temos todos os meios de santificação: A Palavra de
Deus, os Sacramentos, a segurança do Magistério, o exemplo
luminoso de tantos homens e mulheres que nos precederam na fé e
se santificaram... porque, então, a maior parte do nosso povo
renega seus votos batismais e ao invés de servir a Cristo e seguir
seus ensinamentos, estão servindo ao mundo e ao pecado,
colaborando (conscientes ou não) para instaurar no mundo o reino
de satanás? Porque, mesmo muitos dos que estão conscientes
dessa luta espiritual, sucumbem ante as investidas do inimigo? Por
que os católicos desconhecem as verdades mais básicas de sua fé
e não têm consciência do que é uma Santa Missa, da importância
de uma Confissão, da necessidade da oração? Porque a indiferença
para com Deus e as heresias, têm crescido e se generalizado
sempre mais?
Diria o grande Pe. Faber, douto e santo sacerdote do Oratório que
viveu no sec. XIX na Inglaterra, e juntamente com ele uma multidão
de santos, que a causa de todos esses males é uma insuficiente,
fraca e mesquinha devoção a Nossa Senhora. E a razão não é difícil
de se compreender...
Deus Pai estabeleceu que a Mulher e sua descendência
esmagariam a cabeça da serpente.Jesus, na Cruz, nos fez
compreender de modo inequívoco que essa mulher profetizada em
Gênesis 3, 15 é sua Mãe Santíssima, quando diz: “Mulher eis o teu
filho’’(Jo.19,26). Na pessoa do discípulo amado toda a Igreja é
entregue e consagrada à Santíssima Virgem pelo próprio Jesus que,
portanto, estabelece sua maternidade espiritual e lhe dá toda uma
descendência, ou seja, uma multidão de filhos, a quem Ela terá a
função de ensinar e formar como verdadeiros adoradores de Deus,
ou seja, de os ensinar a rejeitar as obras do mal e realizar em suas
vidas a vontade de Deus. Em Apocalipse 12 o Espírito Santo nos
narra como a antiga serpente persegue a Mulher e sua
descendência, e também como a Mulher ensina os seus a derrotar o
inimigo. Diz aí (Ap.12,17) que os filhos da mulher são aqueles que
observam os mandamentos de Deus e guardam o testemunho de
Jesus.
Ora, foi Jesus quem estabeleceu a maternidade espiritual de Nossa
Senhora e fez dela a formadora daqueles que Ele resgatou com Seu
Sangue. A missão d’Ela é nos ensinar a amar a Deus de verdade,
levando-nos a fazer tudo o que Jesus mandou (Jo.2,5). Ao mesmo
tempo, essa Virgem Fiel, nos levará a esmagar a cabeça de
satanás, ensinando-nos a rejeitar as suas obras e seduções. Maria
é a mulher do sim a Deus. É Ela quem nos ensina a fazer a vontade
do Pai e a combater contra os inimigos e vencê-los.
Esta é a razão pela qual a maior parte dos cristãos, mesmo muitos
que se contam entre os crentes e “católicos praticantes’’, têm sido
derrotados por satanás, mantidos prisioneiros e escravos do
pecado: estão longe de Maria e não têm por Ela uma sólida e
verdadeira devoção... não entraram dentro da escola bendita de
seu Imaculado Coração, para aí aprender a amar Jesus de modo
mais profundo e perseverante. Também não aprenderam a usar as
armas espirituais de modo adequado e eficiente para vencer o
inimigo infernal e as seduções do mundo; especialmente as armas
da oração, da Confissão, da Santa Comunhão, da penitência e da
caridade... muitos são derrotados porque não têm noção do perigo e
porque não sabem usar bem as armas que Deus nos deixou em sua
Igreja.
A verdadeira devoção à Santíssima Virgem, tal como nos ensina
Montfort, nos coloca dentro dessa “academia’’ do Coração de Maria
onde aprenderemos a viver de maneira mais madura e profunda a
nossa fé e onde seremos treinados para essa guerra espiritual,
aprendendo a identificar o perigo, as artimanhas dos inimigos, o
modo de neutralizá-los e vencê-los, com o auxílio da graça de Deus
e sob o comando de Nossa Senhora, assistidos pela legião dos
Santos Anjos.
A situação atual do mundo e dos cristãos, no que se refere à busca
da santidade, é de fato dramática, pois menos de 5% dos católicos
vão à Santa Missa dominical... e, desses que cumprem o preceito
dominical, uma parte muito significativa não tem vivido de acordo
com o que pede Deus e sua Santa Igreja.
Mas além da busca de nossa santificação pessoal, devemos
também considerar a grande massa do povo que segue o “caminho
largo’’.
Quando temos verdadeiro desejo do céu e nos esforçamos para
amar a Deus, naturalmente somos impelidos a buscar não apenas a
nossa salvação, mas também o bem e a salvação de nossos
irmãos, especialmente daqueles que têm vivido fora da graça, ou
seja, em pecado mortal. Há muitas pessoas que estão cativas do
diabo, aprisionadas em toda espécie de mentiras e vícios. Mas
como fazer para ajudar os outros, em meio a essa luta, se muitas
vezes nós mesmos temos dificuldades para nos mantermos em pé?
Como buscar a santidade e, ao mesmo tempo, contribuirmos de
modo eficaz para salvação de nossos irmãos?
Foi em meio a essa batalha espiritual, que em Fátima, em 1917, a
Santíssima Virgem revelou a extraordinária “estratégia de Deus’’
para santificar o seu povo e salvar “os pobres pecadores’’. Disse aí
Nossa Senhora, após ter mostrado o inferno aos pastorinhos: “Para
salvar as almas dos pobres pecadores, meu Filho quer
estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração. ’’
A devoção ao Imaculado Coração, que Jesus quer que se
estabeleça no mundo, é traduzida de modo perfeito na Total
Consagração a Nossa Senhora, tal como ensina Montfort no
Tratado da Verdadeira Devoção.
Mas de que modo a total entrega ao Imaculado Coração de Maria
pode ajudar a salvar os pobres pecadores?
A resposta a essa pergunta revela a grandeza da sabedoria e da
misericórdia de Deus que quer salvar o seu povo, a importância
estratégica da Santa Escravidão de Amor e a razão do ódio e
revolta do inferno contra o Tratado da Verdadeira Devoção e a
essa grande consagração aí ensinada.
Pois bem, por meio da Verdadeira Devoção ao Imaculado Coração
de Maria se entrega à Santíssima Virgem tudo o que somos e
possuímos, incluindo os méritos de nossas boas obras ou tesouro
espiritual, cuja parte doável (valores satisfatórios e impetratórios)
será usada por Nossa Senhora para resgatar os pobres pecadores
que, se não alcançarem a graça da conversão, irão para o inferno.
Deste modo, a Total Consagração ajuda a santificar e salvar não
apenas os que a fazem e se esforçam para vivenciá-la, mas, pela
entrega dos méritos, contribui para salvar os pobres pecadores.
É muito impressionante a extensão dessa “tática” de Deus, pois, por
esta total entrega a Jesus por Maria, não apenas crescemos e
perseveramos na graça (se lutarmos para sermos fiéis), mas
também pela doação dos méritos espirituais, forneceremos à
Santíssima Virgem os meios para resgatar muitos irmãos que estão
prisioneiros no campo do inimigo, sendo alimentados nos vícios
para serem precipitados no inferno.
Para cada pessoa que se consagra, dezenas, centenas, milhares,
dezenas de milhares - ou ainda mais - de pecadores, serão salvos
por causa da doação de seus méritos. Se houvesse consagrados
suficientes, NENHUMA pessoa iria para o inferno, pois por meio da
disponibilização desses “recursos” espirituais, todos poderiam
alcançar, ainda antes de morrer, a graça da conversão. Daí se
entende porque Jesus quer que se estabeleça no MUNDO esta
Total Consagração ao Imaculado Coração de Maria. Ele quer salvar
o seu povo, remido pelo seu Preciosíssimo Sangue.
Se, portanto, queremos atender o apelo do Coração de Jesus
transmitido por Nossa Senhora em Fátima, ajudar a santificar e
salvar muitas almas, procuremos conhecer bem, vivenciar, difundir
por todos os cantos e por todos os meios essa magnífica
consagração ensinada pelo santo de Montfort.
A luta espiritual está acontecendo e o combate não pára. Façamos
todo o possível para levar ao Imaculado Coração de Maria, por meio
da Total Consagração, o maior número de pessoas possível.
Não nos acomodemos, ao contrário, combatamos valorosamente
para que esta consagração, que levará ao Triunfo do Imaculado
Coração de Maria e o Reinado de Jesus, seja estabelecida no
mundo. Não esperemos, pois no mundo espiritual, tempo vale
almas.
PRIMEIRA PARTE
Conhecendo a Consagração
1. O que é a Total Consagração à Santíssima Virgem ou Santa
Escravidão de Amor?
A Total Consagração à Santíssima Virgem ou Santa Escravidão de
Amor é a entrega de tudo o que somos e possuímos a Nossa
Senhora, para que por meio d’Ela possamos mais perfeitamente
pertencer a Deus. É uma perfeita renovação de nossas promessas
batismais, através da qual reafirmamos a nossa fé em Cristo e em
sua Santa Igreja, nos propondo a renunciar ao mal e suas obras e,
sob a condução materna de Maria Santíssima, realizar em nossa
vida a vontade de Deus.
2. Por esta devoção se consagra a Jesus ou a Maria?
Por está prática se consagra ao mesmo tempo a Jesus e a Maria. A
Jesus como nosso fim último e a Maria como meio para nos unirmos
mais perfeitamente a Ele.
3. O que se entrega a Jesus e Maria com esta consagração?
Por meio desta Total Consagração, entregamos a Jesus pelas mãos
de Maria, nosso corpo com os seus sentidos, nossa alma com suas
faculdades (inteligência e vontade), nossos bens exteriores (bens
materiais) e nossos bens interiores (bens espirituais); tudo, sem
reservas, para que a Santíssima Virgem mesma administrenossa
vida e tudo o que nos pertence para nosso bem e santificação, para
maior benefício de nosso próximo e para maior glória de Deus.
4. Quem iniciou ou estabeleceu a consagração a Nossa
Senhora?
Quem estabeleceu a consagração à Santíssima Virgem foi o próprio
Jesus, que na Cruz nos entregou aos cuidados de sua Mãe
Santíssima. A Igreja nos ensina que São João, “o discípulo amado’’,
representava todos os fiéis, ou seja, a Igreja inteira, de modo que ao
entregar o “discípulo amado’’, Jesus estava entregando toda a Igreja
à Nossa Senhora. Quando Jesus diz: “Filho, eis aí a tua Mãe” e
“Mulher, eis aí o teu filho” (Jo 19, 26-27), Ele está estabelecendo
a Maternidade Espiritual de Nossa Senhora e dando a Ela a
autoridade de Mãe, Mestra e Formadora sobre todos aqueles que
Ele resgatava com seu sangue.
5. Foi São Luís de Montfort quem inventou a Santa
Escravidão de Amor à Maria Santíssima?
Não foi São Luís de Montfort quem inventou ou estabeleceu a Total
Consagração à Santíssima Virgem. Quem estabeleceu a
consagração à Nossa Senhora foi o próprio Jesus ao entregar e
colocar aos seus cuidados todos os que redimira com seu Sangue
(Jo. 19,26).
6. Por que Jesus nos consagrou à Sua Mãe Santíssima,
colocando-nos sob os seus cuidados?
Jesus nos consagrou aos cuidados de sua Mãe Santíssima para
que Ela nos ajudasse a alcançar a salvação, ensinando-nos a amar
a Deus de verdade, ou seja, a fazer tudo o que Ele mandou, de
forma que perseveremos na amizade e na comunhão com Ele e
alcancemos a Eterna Bem Aventurança.
7. Quando a consagração a Nossa Senhora começou a ser
entendida como Escravidão de Amor ou Escravidão
Marial?
A Santa Escravidão de Amor, assim como muitas outras práticas e
doutrinas dentro da Igreja, passou por um desenvolvimento
orgânico, no sentido que com o passar do tempo foi sendo sempre
melhor e mais profundamente compreendida. Já se encontram nos
primeiros séculos as orações realizadas pelo povo cristão onde se
invocava a Santíssima Virgem e suplicava sua materna intercessão,
como por exemplo: o “Sub Tuum Praesidium” (“A vossa proteção
recorremos ò Santa Mãe de Deus...”). Os cristãos compreenderam,
desde os tempos apostólicos, os gestos e as palavras de Jesus, e
tal como o discípulo amado, acolheram Maria em suas casas,
aceitando a sua autoridade materna, pois assim foi determinado
pelo próprio Cristo. No séc. VII Santo Idelfonso, bispo de Toledo na
Espanha, escreve um livro intitulado “Da Virgindade Perpétua de
Santa Maria” no qual se intitulava “Escravo da Escrava do Senhor”.
A doutrina a cerca da Total Consagração ou Escravidão Marial, foi
se desenvolvendo com o passar do tempo, e da Espanha - ocupada
pelos mulçumanos - foi levada a vários países, especialmente a
França, onde essa prática encontrou terreno fértil. Passando pelo
Cardeal de Bérulle, Boudon, Olier, São João Eudes e outros
grandes nomes, foi em São Luís Maria Grignion de Montfort, que a
Santa Escravidão de Amor encontrou sua expressão mais perfeita,
sendo também por meio desse grande apóstolo de Maria que essa
prática devocional tornou-se mais popular. A doutrina e a
espiritualidade da Santa Escravidão de Amor foram imortalizadas no
célebre escrito: O Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima
Virgem, escrito em 1712 pelo padre de Montfort.
8. Por que se diz que o demônio escondeu o Tratado da
Verdadeira Devoção por 130 anos?
Diz-se que o inimigo escondeu o Tratado da Verdadeira Devoção
por 130 anos, porque o santo autor, deixando registrada no próprio
Tratado uma visão profética dada por Deus, indica que o inimigo
infernal, tentaria destruir o pequeno livro, ou ao menos encerrá-lo no
silêncio de uma Arca. Mas profetiza também o reencontro e o
grande êxito que alcançaria.
A profecia registrada pelo santo missionário se cumpriu à risca.
Morreu em 1716 sem publicar sua obra prima, que simplesmente
desapareceu e só foi reencontrada em 1842, numa Arca contendo
livros velhos. Logo se reconheceu pela letra e pelo autógrafo que se
tratava do livro da profecia, seguindo-se sua publicação no ano de
1843 com o título de “Tratado da Verdadeira Devoção à
Santíssima Virgem”, dado pelo editor, uma vez que o manuscrito
foi encontrado sem as primeiras páginas, não se sabendo em um
primeiro momento, o título original dado pelo autor.
Após sua publicação o livro foi traduzido em dezenas de idiomas e
espalhou-se por todo o mundo. Tornando-se o livro Mariano mais
lido e mais estudado de todos os tempos.
9. Por que o demônio quis destruir o Tratado da Verdadeira
Devoção e o escondeu por 130 anos?
No próprio Tratado da Verdadeira Devoção quando São Luís narra
à visão que teve da revolta do inferno, por causa da composição do
Tratado, ele diz que a razão pela qual o inimigo infernal quis destruir
este pequeno livro ou ao menos escondê-lo no silêncio de um baú,
foi para que não aparecesse, e assim as pessoas não tivessem
acesso, ao conhecimento da sublimidade e importância desta
consagração que tem o objetivo de esmagar a cabeça da serpente,
neutralizar a ação do mal e estabelecer no mundo o Reinado de
Jesus Cristo.
10. Por que Deus permitiu que o demônio escondesse o
Tratado por praticamente 130 anos?
Deus, em sua sabedoria, permitiu que o inimigo escondesse o
Tratado por tanto tempo, para que deste modo o próprio inimigo
expusesse todo o medo e pavor que possui da consagração, ali
ensinada e assim nos mostrasse com mais clareza o poder e o valor
desta arma com a qual nós poderemos derrotá-lo com mais
facilidade.
11. O nome “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima
Virgem” foi dado pelo próprio autor?
Não. Esse nome não foi dado pelo autor, mas sim pelos editores,
depois da obra ter sido encontrada, após 130 anos. Pois a mesma
foi encontrada, sem as primeiras e sem as últimas páginas, não
ficando, portanto, conhecido naquele momento o título dado pelo
autor. Só mais tarde, após um estudo mais aprofundado se
descobriu que o nome original dado pelo santo autor àquela obra foi:
“Preparação para o Reino de Jesus Cristo”.
12. Por que São Luis deu ao Tratado da Verdadeira Devoção
o título original de: “Preparação para o Reino de Jesus
Cristo”?
Porque na doutrina e na espiritualidade de São Luís Maria, a
popularização da consagração ensinada no Tratado da Verdadeira
Devoção levará ao Triunfo – Reinado de Maria e este ao Reino de
Jesus Cristo. Portanto, o Tratado da Verdadeira Devoção escrito
por Monfort tem a finalidade de ser um instrumento para ajudar a
estabelecer no mundo o Reinado de Jesus Cristo que se dará por
meio da Verdadeira Devoção a Maria Santíssima. A primeira frase
do Tratado expressa bem a ideia do autor e a finalidade do livro.
“Foi pela Santíssima Virgem, que Jesus Cristo veio ao mundo, e
também por Ela que deve reinar no mundo.”
13. Qual é o fim principal desta devoção?
A finalidade desta total entrega a Nossa Senhora é nos unir mais
perfeitamente a Jesus Cristo e nos ajudar a perseverar e crescer em
sua graça. Aceitando a Maternidade Espiritual de Nossa Senhora
estabelecida por Cristo (Jo 19,26), nos entregamos totalmente a
essa boa Mãe, para que ela nos ensine a cumprir em nossa vida a
Santíssima Vontade de Deus, ou seja, a obedecer tudo quanto
Jesus mandou, de forma que perseveremos na comunhão com Ele
e assim nos tornemos verdadeiros seguidores de Cristo e
alcancemos a nossa eterna salvação.
SEGUNDA PARTE
Fundamentos e Características dessa
Devoção
14. Em que consiste esta devoção?
Consiste em entregar-se inteiramente à Santíssima Virgem, a fim
de, por Ela, pertencer mais perfeitamente a Jesus Cristo. Por meio
desta consagração, damos a Maria o nosso corpo com todos os
seus membros e sentidos, a nossa alma com as suas potências,
inteligência e vontade, os nossos bens exteriores (bens materiais) e
os nossos bens interiores (bens espirituais), que são os valores
espirituais de nossas boas obras passadas, presentes e futuras,
sem nenhuma reserva.
15. O que significa a entrega dos bens exteriores? Ficamos
obrigadosa dar algo do que temos a alguém, à Igreja ou a
alguma instituição?
Esta total entrega de tudo que possuímos à Santíssima Virgem, não
significa que temos que entregar ou doar nossos bens materiais à
Igreja ou a alguma instituição. Significa tão somente que tudo o que
era nosso passa a pertencer a Nossa Senhora e que, sem que
tenhamos que tirar nada de nosso nome, nos tornamos
administradores dos bens que pertencem à nossa Mãe Celeste.
Poderemos continuar a fazer todos os negócios (comprar, vender,
trocar, doar, etc.) desde que honestamente, como faria Nossa
Senhora mesma.
16. Quais são os princípios fundamentais nos quais se
baseiam essa devoção?
Como ensina São Luís de Montfort no Tratado da Verdadeira
Devoção, Deus que é imutável não muda seu sentir, nem seu modo
de agir. “Foi pela Santíssima Virgem que Jesus Cristo veio ao
mundo, e é por Ela que deve reinar no mundo.” Os princípios
fundamentais nos quais se baseiam a devoção e a consagração à
Santíssima Virgem são dois:
1- Deus quis servir-se de Maria na encarnação;
2- Deus quer servir-se de Maria na santificação das almas.
17. Quais são as verdades fundamentais da Devoção à
Virgem Maria?
As verdades fundamentais da devoção a Santíssima Virgem são
cinco:
1- Jesus Cristo é o fim último da devoção a Virgem Maria;
2- Pertencemos a Jesus e Maria na qualidade de escravos;
3- Devemos esvaziar-nos do que há de mal em nós;
4- Temos necessidade de um mediador, junto ao mediador
mesmo que é Jesus Cristo;
5- É-nos muito difícil conservar as graças e os tesouros
recebidos de Deus.
18. Quais são os tipos de falsos devotos da Santíssima
Virgem?
1- Os devotos críticos: são os que se consideram
sábios e criticam a devoção, o amor e a confiança
que o povo simples tributa a Nossa Senhora;
2- Os devotos escrupulosos: são os que temem
desagradar ao Filho honrando a Mãe;
3- Os devotos exteriores: são os que fazem sua
devoção consistir apenas em práticas externas.
Abraçam muitas devoções e não fazem bem feito
nenhuma.
4- Os devotos presunçosos: são os pecadores
entregues às suas paixões, que não fazem violência,
nem esforço para mudarem de vida, entretanto crêem
que se salvarão porque se dizem devotos de Nossa
Senhora;
5- Os devotos inconstantes: são aqueles que abraçam
a devoção com um entusiasmo inicial, mas não
perseveram nas práticas e logo desistem ou se
tornam frios e medíocres;
6- Os devotos hipócritas: são os que vivem em pecado
e buscam a devoção a Nossa Senhora para tentar
encobrir sua vida infiel, a fim de passarem por aquilo
que não são;
7- Os devotos interesseiros: são aqueles que
recorrem a Nossa Senhora apenas para obter favores
e graças, mas uma vez atendidos, já não a buscam
nem se esforçam para honrá-la.
19. Quais são as notas características da Verdadeira
Devoção?
As notas que caracterizam a Verdadeira Devoção são cinco. A
Verdadeira Devoção é:
1- Interior: ou seja, parte do espírito e do coração; provém
do amor que se tem a essa boníssima Mãe e do
reconhecimento de suas virtudes e grandezas, bem como
de sua sublime missão;
2- Terna: isto é, cheia de uma grande confiança; como
aquela que um filho tem em sua boa mãe;
3- Santa: ou seja, leva a alma a evitar o pecado e a imitar as
virtudes de Maria;
4- Constante: fortalece a alma no bem, levando-a a não
abandonar com facilidade os seus exercícios de devoção.
Mas se cai, estende a mão à sua boa Mãe e levanta-se;
5- Desinteressada: ou seja, busca servir à Santíssima não
pelo que pode dela receber, mas por reconhecer que Ela
merece ser servida e honrada e Deus n’Ela.
20. Qual a diferença desta consagração da que se costuma
fazer por ocasião do Batismo ou de outras consagrações
que existem?
Por esta devoção, damos a Jesus Cristo pelas mãos de Maria, tudo
o que somos e possuímos na ordem da natureza e da graça,
incluindo o valor espiritual de nossas boas obras, presentes,
passadas e futuras. As demais consagrações são simples, ou seja,
dão uma parte do que possuímos e têm a finalidade de nos colocar
sob a proteção de Nossa Senhora ou obter suas graças e auxílios.
Existem centenas de consagrações à Santíssima Virgem e todas
são boas, mas são consagrações simples, que não têm a pretensão
de ser uma total entrega como o é a Santa Escravidão de Amor,
ensinada no Tratado da Verdadeira Devoção por São Luís Maria
Grignion de Montfort. Essa total entrega é mais abrangente em certo
sentido, do que aquela que faz uma religiosa de clausura estrita, por
exemplo, pois ainda que essa tenha renunciado sua vontade pelo
voto de obediência, os bens materiais pelo voto de pobreza, os
prazeres do corpo pelo voto de castidade e mesmo a liberdade
física pelo voto de clausura, ela conserva contudo para si o direito
de oferecer o valor de suas orações, sacrifícios e boas obras nas
intenções que bem entender, enquanto pela Total Consagração
mesmo esse direito entregamos e consagramos a Nossa Senhora.
21. Por que se diz que esta consagração é uma renovação
de nossos votos batismais?
Porque o que se faz nessa consagração é justamente reafirmar
nossa fé em Deus e nosso desejo de sermos fiéis a Ele, seguindo
seus mandamentos como nos ensina a Santa Igreja. Ao mesmo
tempo reafirmamos nossa renúncia ao diabo e a todas as suas
obras, para nos mantermos sempre na graça e na comunhão com
Deus. No Santo Batismo, diz São Tomás de Aquino, os homens
fazem o voto de renunciar ao demônio e suas pompas. E este voto,
afirma Santo Agostinho, é o maior e mais indispensável. É também
o que dizem os canonistas: o voto principal é o que fazemos no
Batismo. Pela Total Consagração, renovamos nossas promessas
batismais, recuperando a consciência de nosso estado de pertença
a Deus. Tudo isso através de Maria, para que Ela nos ensine a
sermos mais fiéis à nossa adesão a Cristo, bem como à renúncia a
todo mal.
22. Qual a diferença que existe entre está consagração e
aquela apresentada por São Maximiliano Maria Kolbe?
Essencialmente não existe nenhuma diferença, pois o mestre de
São Maximiliano no que se refere à consagração foi São Luís Maria
de Montfort. A diferença fica apenas por conta de alguma
metodologia e alguma nomenclatura. Ambas as consagrações são
uma entrega total de tudo que se é e possui a Jesus pelas mãos de
Maria.
23. Quem pode fazer esta Total Consagração?
Todos os batizados que buscam ajuda para manter a fidelidade aos
votos de seu batismo podem e devem fazer esta consagração. Ou
seja, todos os que conscientes de sua fragilidade e limitação,
buscam auxílio para amar a Deus de verdade e perseverar em sua
graça.
Em outras palavras, podem fazer esta consagração todos os que
querem ser santos, que acreditam em Jesus Cristo e em toda a sua
doutrina, tal qual nos transmite a Santa Igreja. Quem faz restrições à
doutrina de Jesus Cristo ensinada pela Santa Igreja, ou quem não
pode (ou não quer) viver em comunhão Eucarística, não pode fazer
esta consagração.
24. Quem não pode fazer essa consagração?
Não pode fazer essa consagração quem excluiu a graça de Deus de
sua própria vida, ou seja, quem vive em situação de pecado grave e
por isso não pode comungar o Santíssimo Corpo de Deus. É o caso,
por exemplo, dos que vivem juntos (maritalmente) e não são
casados, casais de segunda união, quem faz uso de métodos
contraceptivos com a finalidade de evitar filhos, quem é inscrito na
maçonaria, quem é filiado ao PT, PC do B, PSOL, PSTU ou
qualquer organização socialista/comunista e/ou abortista ou que
defenda ideologia de gênero e afins.
25. Esta consagração é uma devoção particular?
A consagração à Nossa Senhora deixou de ser uma simples
devoção particular para ter uma dimensão pública e oficial a partir
do momento em que a Igreja, por meio de sua máxima autoridade
neste mundo, o Santo Padre, o Papa, consagrou nações e também
o mundo ao Imaculado Coração de Maria. Foram vários os Papas
que o fizeram, de forma pública e solene.26. As pessoas consagradas na vida religiosa podem fazer
esta consagração? Não seria supérfluo uma vez que já
fizeram seus votos e já têm o seu carisma?
As pessoas que pertencem a comunidades ou institutos religiosos
podem sim fazer esta consagração, pois a entrega total à
Santíssima Virgem não é algo estranho ou alheio a qualquer
carisma que seja, ao contrário, por meio desta total entrega, Nossa
Senhora ajudará cada consagrado a compreender e viver ainda
melhor o seu próprio carisma. Ela é a Virgem fiel e Mãe zelosa e
nos ajudará a realizar bem nossos deveres e a cumprir com mais
perfeição a nossa missão.
27. As pessoas que vivem objetivamente em uma situação
de pecado grave, como é o caso das pessoas de segunda
união, poderiam ao menos fazer essa consagração de
forma “espiritual’’?
A razão de ser desta consagração é ajudar as pessoas a viver e
perseverar na graça de Deus. Portanto, não tem sentido alguém que
excluiu voluntariamente a graça de Deus de sua própria vida, fazer
esta consagração, ainda que “espiritualmente’’. Para se consagrar é
necessário que a pessoa se disponha a renunciar o pecado que a
separa de Deus e se proponha a ser fiel e a esforçar-se para viver
na graça. Fazer esta consagração ainda que “espiritualmente”.
Poderia gerar uma falsa sensação de segurança em relação a vida
espiritual e certamente faria a pessoa cair na lista dos falsos
devotos enumerados por São Luís, no Tratado da Verdadeira
Devoção, que chama de devotos hipócritas, os que usam a devoção
para encobrir seus pecados e vícios.
28. Essa consagração não seria apenas para os membros
de comunidades religiosas?
Não. Esta consagração é para todo católico que queira ajuda para
viver melhor os votos do Batismo, bem como para crescer no amor
a Jesus e perseverar na graça de Deus.
29. Esta consagração pertence a algum movimento ou
congregação religiosa?
A consagração não pertence a nenhum grupo ou congregação
religiosa, antes é um patrimônio espiritual da Igreja, podendo ser
feita por qualquer católico que queira ajuda para viver bem o seu
Batismo.
30. Também sacerdotes ou bispos podem fazer esta
consagração? Lhes será de alguma utilidade, uma vez que
já são ungidos do Senhor?
Também os sacerdotes e bispos podem fazer esta consagração.
Mesmo muitos Papas a fizeram, pois Nossa Senhora ajudará ainda
mais seus filhos prediletos a cumprirem melhor sua missão, a
crescerem no amor a Deus e no zelo pela salvação do rebanho de
seu Filho. Como lhe confiaram totalmente sua vida e seu ministério
Ela terá uma liberdade maior para formá-los e conduzi-los de modo
a fazê-los sacerdotes segundo o Coração de seu Filho, cópias fiéis
do Sumo e Eterno Sacerdote e Bom Pastor que é Jesus.
31. O membro de algum grupo ou movimento da Igreja pode
dispensar esta consagração alegando que a mesma “não
faz parte da espiritualidade de seu movimento ou
comunidade’’?
Embora seja um grande auxílio que Deus nos proporcione para nos
ajudar a alcançar o céu, ninguém está obrigado a fazer esta
consagração.
Porém, não se pode alegar que esta consagração não faça parte de
algum carisma ou espiritualidade que exista dentro da Igreja
Católica, pois a consagração é um patrimônio da Igreja e faz parte
de seu depósito espiritual. A consagração é proposta a todo
batizado, pois nos ajuda a viver as promessas assumidas no
mesmo. Não é algo extrínseco a nenhum carisma ou espiritualidade
verdadeiramente católica, ao contrário, os membros de qualquer
comunidade ou movimento que fazem esta consagração, obtêm da
Santíssima Virgem as graças necessárias para compreender melhor
e viver com mais profundidade e fidelidade seu próprio carisma.
Para quem quer ajuda para perseverar na graça, a Total
Consagração não tem nenhuma contra indicação... e o único “efeito
colateral” é a santidade.
32. Quais Papas aprovaram e/ou recomendaram essa Total
Consagração a Nossa Senhora?
1. Clemente VIII (1592-1605) – Confere grande indulgência a
Confraria dos Escravos, estabelecida nos conventos
religiosos do Hospital de Caridade, no Bairro São
Germano, em Paris, assim como aos que trazem consigo e
recitam a Coroinha de Nossa Senhora;
2. Gregório XV (1621-1623) – Confere indulgências aos
Escravos de Nossa Senhora;
3. Urbano VIII (1623-1644) – Este Soberano Pontífice,
consultado sobre as práticas exteriores da Santa
Escravidão de Amor, aprovou de modo elogioso tão
louvável fervor, escrevendo a Bula “Cum sicut
accepimus’’(de 20 de julho de 1631), onde concede grande
número de indulgências aos escravos de Maria;
4. Alexandre VII (1655-1667) – Expediu um bula, a 23 de
junho de 1658, na qual, por motivo da organização da
“Sociedade da Escravidão’’ em Marselha, no Convento dos
Padres Agostinianos de Provença, acrescenta muitas
outras consideráveis indulgências àquelas já concedidas
por Urbano VIII aos escravos da Santíssima Virgem;
5. Pio IX (1846-1878) – É sob seu pontificado que, a 12 de
maio de 1853, se promulga em Roma o decreto que
declara que os escritos do Padre Luís Maria Grignion de
Montfort eram isentos de todo erro que pudesse obstar-
lhe a beatificação;
6. Leão XIII (1878-1904) – Beatificou o Padre de Montfort e
morreu renovando sua Total Consagração a nossa
Senhora e invocando o nome do então Beato Luís Maria
de Montfort;
7. São Pio X (1904-1914) – Tinha uma singular estima à
Total Consagração, e especialmente ao Tratado da
Verdadeira Devoção. Quando pensou em compor a
encíclica comemorativa do Jubileu da Imaculada
Conceição, disse ter lido muitas vezes o Tratado escrito
por Montfort. Releu-o tantas vezes, que chegou a
reproduzir o pensamento, e não raro, as expressões
utilizadas pelo santo missionário. Ao responder ao pedido
do Procurador Geral dos Padres Monfortinos para que
abençoasse seu apostolado de difusão da Total
Consagração à Santíssima Virgem, o Santo Papa disse:
“Atendendo ao vosso pedido, recomendamos vivamente o
Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, tão
admiravelmente escrito belo Beato de Montfort; e a
quantos lerem este Tratado concedemos, de todo coração,
a benção apostólica’’. Sob o pontificado deste grande
Papa a Santa Escravidão foi definitivamente organizada
em associação, tanto para os sacerdotes, como para os
fiéis. A Arquiconfraria de Nossa Senhora, cujo fim é a
prática da Santa Escravidão foi ereta canonicamente pelo
Papa São Pio X a 28 de abril de 1913. São Pio X foi o
primeiro a se inscrever na confraria dos padres escravos
de Nossa Senhora, seu nome figura como o primeiro da
lista.
8. Bento XV (1914-1922) – Em carta a família Monfortana
escreveu: “O Tratado da Verdadeira Devoção é um livro
pequeno em tamanho, mas de uma grande autoridade e
de uma grande unção. Possa ele espalhar-se mais e mais,
e avivar o espírito cristão em um grande número de
almas.’’;
9. Pio XII (1939-1958) – Canonizou São Luís de Montfort em
1947 e tinha uma grande relíquia desse santo em sua
capela particular;
10. João Paulo II (1978-2005) – Fez sua Total
Consagração quando ainda era seminarista. Foi um
grande devoto de São Luís G. de Montfort a quem
chamava de mestre da vida espiritual. Foi um dos maiores
apóstolos da Santa Escravidão Mariana em nossos
tempos, ao ponto de fazer da Total Consagração o lema
de seu pontificado. Seu ‘’Totus tuus’’, correu o mundo e
deu testemunho de sua grande estima a esta grande
espiritualidade. Escreveu a família Monfortana dizendo
que “não se deve deixar escondida’’ esta consagração;
11. Bento XVI (2005-2013) – Durante seu pontificado
foi convocado o ano sacerdotal (2009-2010) em cujo
encerramento foi distribuído para todos os sacerdotes
presentes na Praça da Basílica de São Pedro, uma cópia
do Segredo de Maria, uma espécie de resumo do
Tratado da Verdadeira Devoção, escrito também por São
Luís de Montfort.
33. Como fazer esta Consagração?
Para se fazer esta consagração é necessário primeiro conhecê-la;
lendo e estudando o Tratado da Verdadeira Devoção à
Santíssima Virgem,escrito por São Luís Grignion de Montfort, e
outros livros sobre a Santa Escravidão; ouvindo palestras e
participando de encontros e retiros sobre o tema.
Após se ter a consciência do que é esta consagração e de como se
deve vivê-la, marcar-se-á uma data e começar-se-á a fazer os
exercícios preparatórios que irão durar 30 dias. Estes exercícios são
meditações e orações diárias que podem ser encontradas no livro
“Exercícios Espirituais para a Total Consagração à Santíssima
Virgem” ou outros semelhantes.
A sequência de preparação é a seguinte:
Doze dias preliminares: Para desapego do espírito do mundo e
aquisição do Espírito de Deus. Onde se medita nossa vocação à
santidade, desprendendo-se de tudo que possa nos atrapalhar a
sermos santos e irmos para o céu.
Primeira Semana: Para o conhecimento de si mesmo. Trata-se de
um período para fazermos um profundo exame de consciência a
partir do que devemos nos aperfeiçoar, buscando em tudo sermos
agradáveis a Deus. Após essa semana convém fazer a confissão
geral, em preparação para a consagração.
Segunda Semana: Para o conhecimento da Santíssima Virgem, de
sua pessoa, sua missão, das graças das quais Ela é repleta, de
suas sublimes virtudes, de seus privilégios, etc. De forma que a
conhecendo melhor, possamos amá-la mais e honrá-la como Ela
merece ser honrada.
Terceira Semana: Para o conhecimento de Jesus Cristo nosso fim
último, nosso grande Deus e Senhor. Aqui devemos meditar no
Mistério da Vinda, da Vida, Paixão, Morte e Glorificação de Jesus
Cristo, o Filho de Deus. Devemos contemplar sua encantadora vida,
sua pessoa e doutrina, para que assim possamos crer Nele com
mais profunda convicção e amá-lo com amor abrasado, de forma a
despertar em nós um grande desejo de fazê-lo conhecido, amado e
adorado por todos.
Durante esta preparação de um mês (ou 33 dias), após se fazer
uma confissão geral, em um dia já escolhido (de preferência uma
festa mariana), participa-se do Santo Sacrifício da Missa e se
recebe Jesus no Santíssimo Sacramento. Depois da ação de graças
(e em ação de graças) se recita a fórmula da consagração, que já
deve estar previamente impressa ou copiada, e se assina. Quando o
sacerdote tem conhecimento da consagração e apoia, pode se pedir
que ele assine a folha como testemunha e abençoe as correntes (se
serão usadas).
34. O que é a Confissão Geral e como se deve fazê-la?
A confissão geral é a confissão de todos os pecados mortais que já
fizemos durante nossa vida, ou ao menos os pecados graves que
fizemos após a última confissão geral, caso já a tenhamos feito
alguma vez. Se faz a confissão geral, como recomenda a Igreja, não
porque se duvide do perdão já recebido nas confissões anteriores,
mas porque se renova a contrição e o arrependimento de todos os
pecados, neste que é um recomeço de uma vida espiritual mais
intensa.
35. Como deve viver um consagrado e quais as práticas que
deve realizar?
Práticas Interiores: O essencial dessa prática consiste em fazer
tudo por Maria, com Maria e em Maria e para Maria, para mais
perfeitamente fazê-las por Jesus, com Jesus, em Jesus e para
Jesus. Viver num estado de abandono e confiança para com Nossa
Senhora, confiando a Ela todas as nossas necessidades,
problemas, sofrimentos, alegrias, decisões, negócios, etc. Como
uma criança pequenina, devemos segurar nas mãos desta boa Mãe
e deixar-nos conduzir por Ela. Em tudo devemos recorrer a Ela,
procurando fazer tudo do jeito d’Ela. Devemos louvar a Deus e
adorá-Lo com o coração d’Ela.
Práticas externas: Também devemos cantar as glórias de Maria,
honrá-La com todo amor, anunciando a todos e em todo lugar o que
é a verdadeira devoção a Ela. Devemos contemplar os mistérios do
Santo Rosário, participar de suas festas, inscrever-se em suas
confrarias, fazer e renovar sempre a consagração a Ela e levar as
pessoas a fazerem o mesmo. Usar as pequenas cadeias de ferro ou
correntes como sinal de nosso amor e de nossa Consagração, etc.
É preciso, entretanto, observar que estas práticas exteriores não
são essenciais, embora sejam utilíssimas para exteriorizar nosso
amor a Jesus e Maria e para edificar nosso próximo.
36. No que consiste fazer tudo por Maria, com Maria, em
Maria e para Maria?
Fazer tudo por Maria é obedecer-lhe em todas as coisas, é
conduzir-se por seu espírito, é proceder sob o impulso da graça que
Ela nos comunica. É ainda, servir-nos d’Ela como de uma
medianeira, para chegarmos a Jesus e nos unirmos a Ele. É fazer
passar todas as nossas ofertas por suas mãos, apoiar-nos em sua
intercessão, recorrer a seu auxilio para melhor conhecer e amar a
Jesus.
Fazer tudo com Maria significa fazer todas as coisas como Maria, ou
seja, consiste em imitar suas virtudes, como uma criança imita a sua
mãe. É ficar calmo e resignado nas contrariedades. Maria não faria
assim? É esforçar-se para sorrir diante das palavras irônicas ou
más, que irritam ou ofendem. É perseverar, ainda quando não
tenhamos êxito. É ir até o fim nos bons propósitos, apesar do
aborrecimento que se sente às vezes. Em uma palavra, é aceitar
tudo como vindo das mãos de Maria: as contrariedades para nos
formar e os sucessos para nos animar. O olhar da Virgem Maria
deve sempre ensinar-nos a sobrenaturalizar toda a nossa vida.
Fazer tudo em Maria é a realização e aplicação da palavra de Nosso
Senhor: “Permanecei em mim e eu em vós” (Jo.15). Não se trata
aqui de uma permanência substancial, mas de uma presença moral,
de uma presença de pensamento, dum laço moral que põe duas
pessoas em relações mútuas e que, por assim dizer, faz passar os
afetos de uma a outra. Quando renunciamos a nosso modo de ver,
as nossas intenções e vontades, para nos identificarmos com Maria,
então operamos e permanecemos n’Ela, do mesmo modo que ela
opera e permanece em nós. Fazer tudo em Maria significa estar de
tal modo mergulhado em Maria, que possamos dizer: “Não sou eu
que vivo, é Maria que vive em mim’’...e em mim adora Jesus, em
mim glorifica o Pai, em mim exalta o Espírito Santo, em mim serve e
ama os irmãos... Fazer todas as coisas em Maria é mais do que
apenas imitar ou tomar Maria como modelo, é na verdade deixar
que Ela, em nós, faça todas as coisas.
Fazer tudo para Maria significa oferecer tudo o que fazemos à
Santíssima Virgem para que, por meio d’Ela, Deus receba as
nossas obras de um modo mais perfeito. É, portanto, dedicar-lhe
todas as nossas ações e realizações e honrá-la sempre com o
oferecimento de tudo quanto fazemos.
37. Por que Santo Agostinho chama Nossa Senhora de
“Forma Dei’’?
Santo Agostinho assim chama Nossa Senhora, porque Deus feito
homem foi aí plasmado. Com efeito, Ela foi molde onde Jesus foi
formado.
38. Quais são, em resumo, os admiráveis efeitos desta
consagração na alma de quem a faz?
1- O conhecimento e desprezo de si mesmo. Que nos leva
a desprezar tudo o que de mal exista em nós, para
colocarmos nossa confiança unicamente em Deus;
2- Participação na fé de Maria. Que no céu Ela não
necessita, mas obteve de Deus a graça de guardá-la, para
fazer dela participar seus filhos e eleitos. Uma fé pura,
viva, firme, ativa, corajosa e reluzente;
3- A graça do puro amor. Que tirará do coração todo
escrúpulo e temor servil, para que a alma se dirija a Deus
com toda confiança como um bom filho ao melhor e mais
bondoso dos pais;
4- A graça de uma grande confiança em Deus e em Maria.
Porque nos levará a nos aproximarmos de Jesus sempre
com Maria. E tendo nos entregado totalmente a essa boa
Mãe, Ela por sua vez, nos comunicará suas virtudes e
seus méritos infundindo-nos uma confiança ainda maior;
5- Comunicação da alma e do Espírito de Maria. A
Santíssima Virgem nos comunicará sua alma para
glorificar o Senhor e seu espírito para nos regozijarmos
em Deus, contanto que permaneçamos fiéis às práticas
dessa devoção;
6- Transformação das almas em Maria à imagem de
Jesus Cristo. Maria é o molde perfeito onde foi plasmado
Jesus Cristo. Pela consagração entramos nesse molde e,
se aí nosdesmancharmos (como que nos derretermos)
pelo esforço em viver essa espiritualidade, pouco a pouco
iremos adquirir as feições espirituais de Jesus Cristo, pois
Nossa Senhora irá nos ensinar a pensar como Jesus
pensou, viver como Jesus viveu, amar como Jesus amou
e servir como Jesus serviu;
7- A maior Glória de Deus. Porque, por está prática,
fielmente observada, se glorificará muito mais a Deus em
um só mês do que por qualquer outra em muitos anos,
pois por essa espiritualidade se renuncia à própria vontade
e às próprias operações, para tudo se realizar visando
agradar a Deus em tudo e fazer sua Santíssima Vontade
em todas as coisas.
39. Quais são os graus da Santa Escravidão de Amor a
Jesus por Maria?
São quatro os graus da Santa Escravidão e todos têm, por base, a
total entrega de si mesmo e do que se possui a Maria Santíssima:
1- O Primeiro grau: consiste em nos entregarmos à
Santíssima Virgem como Escravos, abandonando-lhe a
parte satisfatória e impetratória de nossas boas obras,
para que Ela as use para promover a maior glória de
Deus, o bem e a salvação das almas;
2- O Segundo grau: consiste em viver com Maria em espírito
de imitação. Considerar Maria em suas orações,
contemplações, ações, sofrimentos, assim como em todas
as virtudes e buscar imitá-la segundo nossas forças;
3- O Terceiro grau: consiste, além de renunciar
completamente a si mesmo e entregar-se a Maria
Santíssima, também em esconder-se em seu Dulcíssimo
Coração para rezar, trabalhar e sofrer em sua companhia,
em suas disposições e em suas intenções; de tal modo
que não tenha mais vontade própria, mas em tudo
consulte a Maria, para fazer o que lhe for mais agradável.
Neste grau não apenas se imita à Santíssima Virgem, mas
se busca fazer desaparecer em nós o que é oposto as
qualidades admiradas em nossa boa Mãe. Trata-se de
morrer para si mesmo, a fim de que as virtudes de Maria
apareçam sempre mais. É como um agir sempre em Maria
cada vez que for agir, fazer tudo n’Ela e com o espírito
d’Ela;
4- O Quarto grau: consiste não apenas em ir a Maria quando
for agir, mas em viver em Maria de modo permanente, ao
ponto de em verdade se poder dizer: “Não sou eu que
vivo, é Maria que vive em mim”...e em mim adora a Jesus,
em mim serve a Deus, em mim serve os irmãos...
40. Por que São Luís diz que Maria Santíssima é um
caminho fácil, curto, perfeito e seguro para chegar até
Deus?
É um caminho fácil, devido à plenitude de graça e da unção do
Espírito Santo, de que está cheio. Ninguém que marche nesse
caminho se cansa, nem recua.
É um caminho curto, que em pouco tempo nos leva a Jesus Cristo.
É um caminho perfeito, onde não há lama, nem poeira, nem a
menor sujeira do pecado.
É um caminho seguro, que, de um modo reto e garantido, sem
voltas para a direita ou para a esquerda, nos conduz a Jesus Cristo
e à vida eterna. A Virgem Maria é o caminho trilhado por Jesus
Cristo, a Sabedoria Encarnada, nosso único chefe, assim, todos os
fiéis que o trilharem não irão jamais se enganar.
Qualquer pessoa de oração, que quiser avançar no caminho da
perfeição e achar segura e perfeitamente a Jesus Cristo, deve
abraçar de todo o coração, esta devoção à Santíssima Virgem, que
talvez ainda desconheça. Entremos neste caminho, e marchemos
dia e noite, até a plenitude da idade de Jesus Cristo, ou seja, à
maturidade espiritual.
TERCEIRA PARTE
Entrega Total dos Méritos
41. O que é o tesouro espiritual ou valor espiritual de
nossas boas obras e como devemos compreender sua
entrega a Nossa Senhora?
Jesus disse que até um copo de água que déssemos ao nosso
próximo não ficaria sem recompensa. Assim, existe uma paga ou
“salário’’ por todas as boas obras que realizamos. Essa paga por
cada boa obra, assim como a recompensa que Deus nos dá pelo
bem que realizamos, compõe o nosso tesouro espiritual, que vai
aumentando sempre mais na medida em que realizamos boas
obras. O que determina o valor de cada boa obra é o grau de amor
com que a realizamos. Quando morremos, se na graça de Deus
(sem pecados mortais), esse tesouro espiritual se transforma em
glória ou grau de felicidade. Quanto maior o tesouro espiritual, maior
será nosso grau de felicidade. Nesse tesouro espiritual existe uma
parte pessoal e intransferível que é o valor meritório de nossas boas
obras; existe também uma parte doável que são os valores
impetratório (pelo qual se alcança graças para si ou para alguma
pessoa viva) e o valor satisfatório ou indugencial (pelo qual se
apaga as penas dos pecados pessoais ou das almas do purgatório).
Quando nos consagramos a Nossa Senhora como escravos por
amor, entregamos-lhe todo nosso tesouro espiritual; o valor meritório
para que ela possa guardar e fazer crescer e os valores
impetratórios e satisfatórios para que ela possa utilizá-los como bem
lhe aprouver para glorificar mais a Deus, socorrer as almas do
purgatório e, sobretudo, alcançar a conversão dos pobres
pecadores que, se não se converterem ainda antes de morrer, irão
irremediavelmente para o inferno.
42. Por que Nossa Senhora em Fátima (1917) disse que
Jesus quer que se estabeleça no mundo a Devoção ao
Imaculado Coração de Maria?
Como a própria Santíssima Virgem disse em Fátima, Jesus quer
que se estabeleça no mundo a Devoção ao Imaculado Coração para
“salvar as almas dos pobres pecadores’’. Trata-se de uma grande
“estratégia’’ de Deus para salvar o seu povo nesse tempo de
apostasia generalizada e perdição. Os pobres pecadores são as
pessoas que vivem em estado de pecado mortal, na iminência de ir
para o inferno a qualquer momento, se assim morrerem. A única
forma de salvar os que se encontram nessa situação é alcançando-
lhes a graça do arrependimento e da contrição ainda antes da
morte, para que reconciliando-se com Deus voltem à graça e se
salvem.
43. De que forma a devoção ao Imaculado Coração de Maria
poderá ajudar a salvar os pobres pecadores?
Com a entrega de nossos méritos espirituais, a Santíssima Virgem
passa a ter à sua disposição “recursos espirituais’’ com os quais
poderá resgatar os “pobres pecadores’’, alcançando-lhes a graça da
contrição e da reconciliação com Deus ainda antes da morte. A Total
Consagração a Jesus por Maria nos transforma em doadores de
bens espirituais, de modo que quanto maior o número de
consagrados por esse método, mais doadores de dons espirituais
Nossa Senhora terá e assim poderá ajudar a salvar muitas almas
mais. Se houvesse muitos milhões a mais de consagrados, talvez
Nossa Senhora conseguisse alcançar a graça da conversão para
todos os seus filhos, de modo que nenhuma alma mais cairia no
inferno, pois a todos seria alcançada a graça da contrição. Daí se
entende o ódio do inferno contra o Tratado da Verdadeira Devoção
ao ponto de tentar destruí-lo e de o ter escondido por 130 anos
(1712-1842)...e também se entende essa grande estratégia de Deus
e a razão pela qual Jesus quer que se estabeleça no mundo a
Verdadeira Devoção ao Imaculado Coração de Maria.
44. Quais serão as consequências da difusão desta Total
Consagração pelo mundo?
Como disse São Luís de Montfort no início do Tratado da
Verdadeira Devoção: “Foi por intermédio da Santíssima Virgem que
Jesus Cristo veio ao mundo e é também por Ela que Ele deve reinar
no mundo’’. Sendo assim, a Total Consagração à Santíssima Virgem
levará não apenas à santificação daqueles que a fizerem e se
esforçarem por vivenciá-la, mas beneficiará a muitíssimos outros
que serão salvos graças aos méritos daqueles que, por meio da
Santa Escravidão de Amor, doaram à Mãe Santíssima o seu tesouro
espiritual... e mais ainda: é pela difusão desta Total Consagração
que Nossa Senhora, juntamente com sua descendência, esmagará
a cabeça da serpente, destruindo o reinado de satanás e
neutralizando a ação do mal no mundo. É pela difusão da
verdadeira devoção
que
virá o Triunfo do Imaculado Coração, queconsiste em fazer
Jesus reinar em cada coração e deste modo no mundo.
45. A difusão e a prática generalizada da Santa Escravidão
de Amor levará ao Triunfo do Imaculado Coração de Maria
e ao Reinado de Jesus?
Sim, é importante lembrar que a Santa Escravidão de Amor, no
pensamento e na doutrina de São Luís de Montfort, não é "mais
uma devoção", e muito menos “uma devoção qualquer”, mas sim, o
meio que a Providência Divina escolheu para estabelecer no mundo
o Triunfo de Maria e em consequência o Reinado de Jesus. Se,
portanto, queremos que venha logo o prometido Triunfo do
Imaculado Coração de Maria e o Império de Jesus sobre toda a
humanidade, procuremos todos fazer, viver e propagar a Santa
Escravidão de Amor.
46. De que forma se dará o Triunfo do Imaculado Coração
de Maria?
O Triunfo do Imaculado Coração de Maria, profetizado em Fátima,
se dará pelo estabelecimento da Devoção ao Imaculado Coração no
mundo, ou seja, pela difusão da Total Consagração em todos os
lugares. O Triunfo do Imaculado Coração acontece quando Maria
leva o coração de uma pessoa a se submeter à vontade de seu
Filho, fazendo d’Ele Rei e Senhor daquela vida e daquele coração.
47. Qual a dimensão escatológica da Total Consagração à
Santíssima Virgem?
A dimensão escatológica da Total Consagração é aquela que se
refere ao fato de ter sido escolhida por Deus como estratégia de
santificação e salvação de seu povo nesses últimos tempos. Uns
terão grande auxílio para a própria santificação e salvação fazendo
e vivendo esta consagração, outros alcançaram a graça da
contrição e do arrependimento antes de morrerem por causa da
doação dos méritos daqueles que se consagraram. O Imaculado
Coração de Maria é o refúgio seguro que Deus nos deu nesses
últimos tempos.
48. Por que São Luís de Montfort diz no Tratado que a Total
Consagração seria ainda mais útil nos últimos tempos?
São Luís diz que a Total Consagração seria ainda mais útil e
necessária nesses últimos tempos, sobretudo porque cresceria
muito a iniquidade e a apostasia, fazendo-se necessária uma
grande e extraordinária Misericórdia de Deus para salvar o seu
povo. Também, segundo ensina Montfort, competirá à Santíssima
Virgem a formação dos grandes santos e dos apóstolos dos últimos
tempos.
49. Quem são os Apóstolos dos últimos tempos?
São Luís profetiza que serão sacerdotes do Altíssimo, preparados e
acrisolados no fogo das provações, das perseguições e dos
sofrimentos. Diz o santo missionário no “Tratado da Verdadeira
Devoção” que:
“Serão “ministros do Senhor”, que qual fogo crepitante, levarão a
toda parte as chamas do Amor divino.
Serão “setas nas mãos do Todo Poderoso”, flechas agudas nas
mãos poderosas de Maria.
Serão “filhos de Levi”, bem purificados no fogo das grandes
tribulações, bem apegados a Deus, que trarão o ouro do amor em
seus corações, o incenso da oração no espírito e a mirra da
mortificação no corpo.
Serão por toda parte “o bom odor de Cristo”: odor de vida para os
pobres, os pequenos e os humildes; odor de morte para os grandes,
os ricos e orgulhosos mundanos.
Serão “nuvens tonitruantes”, que voarão pelos ares ao menor sopro
do Espírito Santo.
Serão verdadeiros apóstolos dos últimos tempos, a quem o Senhor
das Virtudes dará a palavra e a força para operar maravilhas e
arrebatar gloriosos despojos ao inimigo.
Serão verdadeiros discípulos de Jesus Cristo, que seguirão da sua
pobreza, humildade, desprezo do mundo e caridade. Ensinarão o
estreito caminho de Deus na pura verdade, segundo o Santo
Evangelho e não segundo as máximas do mundo, sem se colocar
em inquietação nem fazer acepção de pessoas, sem poupar,
escutar ou temer nenhum mortal, por poderoso que seja.
Terão nos lábios a espada de dois gumes, que é a Palavra de Deus;
trarão aos ombros o estandarte sangrento da Cruz, o crucifixo na
mão direita, o Rosário na esquerda, os sagrados nomes de Jesus e
Maria no coração, e a modéstia e a mortificação de Jesus Cristo em
toda a sua conduta”.
50. Quais são as principais vantagens que obteremos,
fazendo-nos escravos por amor?
1- Tendo tão boa Mãe aceitado a nossa consagração, pelo
que se digna nos considerar sempre como propriedade
sua, de nos proteger e defender contra nossos inimigos e
de nos obter todas as graças que necessitamos nesta
vida;
2- Maria tira todas as imperfeições das nossas boas obras -
que antes de chegar a Deus, passam pelas suas boas
mãos - dá-lhes um aumento de pureza, enfeita-as com
suas virtudes e pessoalmente as oferece a Deus, de modo
que se tornam muito mais meritórias e mais
favoravelmente aceitas;
3- A Santíssima Virgem, pelo fato de nos termos consagrado
a Ela livremente, passa a ter uma liberdade muito maior
para nos formar interiormente, ensinando-nos a amar
Jesus de um modo muito mais perfeito, profundo e
perseverante;
4- Tendo-nos mostrado generosos e desinteressados, a
ponto de nos despojarmos inteiramente de nossos bens,
para colocá-los em suas mãos, Maria também nos será
generosíssima, neste mundo e no outro, tanto na ordem
da natureza, como da graça e da glória;
5- Aprendemos com a Mãe a vencer com mais facilidade as
tentações e a rejeitar as obras do mal, esmagando a
cabeça do inimigo e rechaçando suas más inspirações, a
fim de fazermos valer em nossa vida a vontade de Deus.
51. Como poderemos assistir os nossos parentes, amigos e
benfeitores, vivos e mortos, uma vez que não podemos
mais oferecer por eles os valores satisfatórios e
impetratórios de nossas boas obras?
De modo algum nossos parentes, amigos e benfeitores ficarão sem
socorro, pois mesmo que não possamos aplicar os méritos
espirituais nas intenções destes ou daqueles, podemos, contudo,
lhes socorrer de modo muito mais eficaz... Ao invés de oferecermos
um terço ou uma novena em suas intenções, podemos oferecê-los
com suas intenções, problemas e preocupações à Nossa Senhora e
Ela cuidará muito melhor do que poderíamos fazer. É preciso crer e
saber que Nossa Senhora jamais será indiferente aos pedidos e às
pessoas que lhe apresentamos. Ela não deixará de demonstrar sua
gratidão e generosidade para com aqueles que se despojaram de
tudo para honrá-la; ao contrário, será pródiga em retribuir tão
singular ato de amor e confiança, atendendo aos pedidos e
socorrendo as pessoas que seus escravos de amor lhe
recomendarem.
QUARTA PARTE
Sobre o uso do termo Santa
Escravidão e Escravos de Amor
52. Por que a Consagração é chamada de Santa Escravidão
e os consagrados de Escravos de Amor?
No contexto bíblico e também de nossa fé, a palavra ESCRAVO
significa tão somente propriedade. Também é importante observar
que nesse mesmo contexto as palavras ESCRAVO e SERVO são
sinônimas e, portanto, designam a mesma realidade. Quando
alguém se proclama ou é denominado escravo ou servo de alguém
significa que é uma propriedade de quem o possui. Quando a
Santíssima Virgem se proclamou “escrava’’ do Senhor, ela
simplesmente estava dizendo que era uma propriedade de Deus,
que a Ele pertencia. Também nós, quando, por meio da Total
Consagração, nos fazemos “escravos por amor’’, simplesmente
estamos dizendo que escolhemos ser de Deus, ou seja, fizemos a
opção de pertencer a Jesus de um modo mais perfeito, uma vez que
o fazemos por meio de Maria, que nos purifica a nós e as nossas
obras, nos tornando mais apresentáveis a Deus. Esta consagração
se chama Santa Escravidão de Amor, porque tem o objetivo de
reafirmar nossa escolha de pertencermos a Deus, para lhe sermos
fiéis e assim nos santificarmos.
A Santa Escravidão é uma garantia maior de nos conservarmos na
graça e vivenciarmos a verdadeira liberdade dos filhos de Deus.
53. Não é mais adequado nos dizermos filhos do que
escravos?
A pessoa que se consagrou, não deixou de ser filho, apenas foi
muito além disso. O que é um escravo por amor, senão um filho que
amando ternamente sua Mãe e n’Ela confiandoplenamente, se
entregou totalmente a Ela, para que melhor o conduza e o oriente?
Um escravo por amor é um filho que se fez pertença de sua Mãe,
para que assim, Ela o faça mais perfeitamente pertencer a Deus.
Nós nos fazemos escravos e propriedade d’Ela, mas Ela sempre
nos trata como filhos muito amados. Além do mais, nos fazemos
escravos, porque filhos têm vontade própria, mas escravos não, pois
estes escolheram renunciar a própria vontade para fazer somente a
vontade de Deus.
54. O termo escravo não seria inadequado para o nosso
tempo devido à realidade opressora que já designou?
O termo escravo significa tão somente propriedade e embora tenha
sido utilizado para designar a escravidão negra, indígena ou de
outros povos, em nada afeta a sua utilização para designar o estado
de pertença de uma pessoa a Deus ou à Santíssima Virgem. Na
escravidão negra ou indígena estes foram forçados a serem
propriedade de alguém, na Santa Escravidão por Amor, se faz
livremente a opção de pertencer a Deus. Na escravidão forçada e
opressora se perdia a liberdade e a dignidade, na santa escravidão
por amor, se conserva a verdadeira liberdade e se restaura a
dignidade perdida pelo pecado.
55. A Igreja concorda com o uso do termo escravo para
designar essa consagração de total entrega?
A Igreja não apenas concorda como também o utiliza. Desde as
primeiras aprovações oficiais dadas a esta consagração, os Papas
utilizaram os termos "escravos de Maria", "escravos de Nossa
Senhora", " Santa escravidão à Mãe de Deus", etc. Desde o Papa
Clemente VIII (1592-1905) até São João Paulo II (1978-20015),
todos os Papas que falaram do assunto utilizaram o termo “escravo”
ou “escravidão” para se referirem a essa Total Consagração.
56. São Paulo nos diz que recebemos o espírito de filhos e
não de escravos. Não seria, portanto, errado se dizer
“escravos de Jesus” ou “escravos de Maria”?
De modo algum. A escravidão à qual São Paulo se refere é a
escravidão ao pecado e não a escravidão ou pertença a Deus, pois
o mesmo apóstolo em várias ocasiões se apresenta a si mesmo
como “servo” de Jesus Cristo (Rm 1, 1; 1Cor 7,22; Rm 6, 22; Efésios
6, 6; Gálatas 1, 10), que no contexto bíblico significa exatamente
escravo ou propriedade (o termo usado por, São Paulo e também
por São Pedro, em grego é “doulos” que significa “escravo e servo”,
no sentido de total submissão). Além do mais, a Palavra de Deus
nos diz que Nossa Senhora e Nosso Senhor se fizeram escravos
(Isaías 42; 49; 50; 52.13; 53.12; 61; Lc 1,38; Fl 2; 7) por amor ao Pai
e a nós. Nós, portanto, temos muito mais razão de nos fazermos
escravos por amor a Eles e assim pertencermos mais perfeitamente
a Deus.
QUINTA PARTE
Sobre a espiritualidade e escolhas
cotidianas
57. Quem faz esta Total Consagração pode continuar
rezando e intercedendo pelas pessoas?
Pode e deve continuar rezando e intercedendo por todos os que
quiser ou que lhe solicitam orações. Agora com mais confiança
ainda, uma vez que Nossa Senhora, que não se deixa vencer em
generosidade, será muito pronta em acolher e atender aos pedidos
de seus escravos por amor em favor daqueles por quem
intercedem, pois a honra destes será sua honra também.
58. Se nesta consagração me entrego totalmente a Maria,
então não posso mais recorrer diretamente a Jesus ou
rezar diretamente a Deus?
A total entrega à Santíssima Virgem longe de nos atrapalhar em
nosso relacionamento com Deus, antes o favorece, pois
aprenderemos com nossa Mãe do Céu a nos aproximarmos de
Deus com muito mais fé e confiança do que antes.
Nossa Senhora nos ensina a falar com Deus e nos inspira esse filial
abandono nas mãos do Pai.
Podemos e devemos recorrer diretamente a Jesus, ocorre que, uma
vez consagrados, não iremos sozinhos, mas acompanhados dessa
boníssima Mãe, a maior entre todos os intercessores, de forma que
falaremos a Jesus com muito mais segurança e confiança, sem
medo de sermos repelidos. Em nossos diálogos com o Senhor ou
nas adorações a Jesus Sacramentado, a Mãe estará sempre ali
conosco, inspirando-nos as melhores palavras, alcançando-nos a
graça da sinceridade, da confiança, de um amor mais terno a seu
Filho Jesus.
Portanto, não falamos com Deus “por tabela”, mas diretamente,
junto com nossa Mãe para o fazermos de modo mais confiante e
perfeito.
59. Mas não se diz que quando entregamos tudo a Nossa
Senhora, Ela passa a oferecer todas as nossas boas obras
a Deus e não mais nós diretamente?
Sim. Quando nos consagramos totalmente à Santíssima Virgem,
tudo passa a pertencer a Ela, de modo que é Ela mesma quem
passa a oferecer a Deus todas as nossas boas obras, depois de
purificá-las e revesti-las com suas virtudes. Sendo assim, de fato,
depois de consagrados, não somos mais nós mesmos que
oferecemos nossas boas obras a Deus, mas a Santíssima Virgem...
Porém não se deve confundir a apresentação de nossas boas obras
por parte da Santíssima Virgem com o nosso diálogo ou
relacionamento com Deus. Ela apresenta nossas boas obras a
Deus, mas NÃO nos substitui em nosso diálogo com Ele... ao
contrário, ajuda-nos a não termos medo d’Ele, e a nos dirigir a Ele
com muito mais segurança e confiança.
60. Ao se consagrar, quais as normas ou regras os
consagrados passam a ter a obrigação de observar em sua
vida?
A pessoa que faz a Total Consagração e se torna um escravo por
amor, NÃO passa a ter NENHUMA obrigação a mais do àquelas
que toda pessoa batizada já possui. A Total Consagração não
possui um conjunto de normas ou regras que os consagrados
passam a ser obrigados a fazer após essa total entrega. A Santa
Escravidão de Amor é um grande AUXÍLIO que Deus põe a nossa
disposição, para nos ajudar a viver as obrigações que já adquirimos
no Santo Batismo, pois se nós não formos santos, ou seja, se não
perseverarmos na graça, nós nos condenaremos ao inferno. A
Santa Escravidão de Amor nos coloca dentro da “Escola do
Imaculado Coração de Maria’’, para aí aprendermos a fazer bem a
vontade de Deus e assim perseverarmos na graça, sem a qual não
podemos nos salvar.
61. Quer dizer que para se consagrar não é preciso ser
santo ou não se exige uma perfeição maior?
A exigência de sermos santos não decorre da Total Consagração,
mas de nosso Batismo mesmo e é condição necessária para se
entrar no céu, uma vez mas, quem ao morrer não estiver em estado
de santidade (na graça de Deus) não entra no céu. Não se exige
que a pessoa, que queira se consagrar, seja uma pessoa muito
elevada espiritualmente ou que tenha alcançado uma maior
perfeição em sua prática religiosa. Tudo o que se exige, é que a
pessoa queira amar a Deus de verdade e tenha sincero desejo de
ser santa e de seguir a Jesus com fidelidade, colocando em prática
seus mandamentos.
62. Mas as pessoas que se consagram não são obrigadas a
deixar de assistir as novelas e programas lascivos? Deixar
de frequentar os ambientes e festas mundanas como
bares, carnaval, discoteca, shows mundanos? Não fica a
pessoa obrigada a deixar de usar roupas indecentes e
imodestas e a ter um comportamento mais recatado?... e
tantas outras coisas mais, necessárias para sermos
santos e vivermos na graça?
As pessoas devem deixar de assistir as novelas imundas ou
programas imorais; devem deixar de frequentar ambientes
mundanos (carnaval, boates, discotecas, bares, shows mundanos);
devem deixar de usar as vestes sensuais e provocativas; devem
deixar os partidos ou organizações abortistas; as falsas doutrinas; o
ódio e o egoísmo, etc....não porque se consagraram, mas porque
são católicas, ou seja, porque foram batizadas e prometeram em
seu santo batismo renunciar todas as obras de satanás e manter
fidelidade e obediência a Jesus Cristo e à sua Santa Igreja. A
santidade – e, portanto, a obediência a Deus - deve ser vivida por
todo cristão independente de ter feito ou não esta total consagração.
A consagração irá nos ajudar a viver os votos ou promessas de
nosso batismo e a perseverar na obediência aos mandamentos.A
consagração é um auxílio que Deus nos proporciona para nos
ajudar a colocar em prática o que Ele nos mandou para que assim
possamos nos salvar.
63. Mas ao menos não ficamos obrigados a rezar o terço ou
a coroinha de Nossa Senhora e a usarmos as correntes ou
cadeias? E no caso das mulheres a usar apenas saias e
vestidos longos, assim como o véu?
Mais uma vez é preciso dizer: A Total Consagração não nos
obriga a nada. Nada é exigido sob pena de se estar cometendo
pecado. Rezar o terço ou a Coroinha, usar as correntes de ferro; e
no caso das senhoras e senhoritas, usar o véu ou apenas saias e
vestidos longos, não são condições para se consagrar, embora se
recomende vivíssimamente todas essas piedosas práticas.
A única condição para se consagrar é que a pessoa seja batizada e
queira realmente viver de modo fiel o seu Batismo, ou seja, que
queira ser santa e viver na graça de Deus.
As pessoas que se consagram e se deixam formar por Nossa
Senhora, se ainda não têm praticado uma piedade mais perfeita,
seguramente a isso serão conduzidas, desde que sejam dóceis e se
deixem formar por esta boa Mãe e Mestra incomparável.
64. Qual o modo que São Luís Maria de Montfort ensinou a
receber a Santíssima Eucaristia para obtermos mais
abundantes frutos?
O modo que São Luís Maria ensinou para praticar a comunhão
Eucarística, dentro desta devoção, aperfeiçoa esse que é o maior
entre os atos da vida cristã. Eis o que nos aconselha a respeito:
1- Humilhar-nos na presença de Deus antes da comunhão,
renunciando as próprias disposições e pedindo a Maria
para nos emprestar seu coração para que assim
possamos receber Jesus Sacramentado com as
disposições com que Ela O recebia.
2- Suplicar a Nosso Senhor, na hora da comunhão, que não
repare a nossa indignidade, mas somente as virtudes e os
méritos de sua Mãe Santíssima, que é toda a nossa
esperança;
3- Depois da Comunhão suplicamos que sejam nossas as
mesmas disposições de fé, de amor, de reconhecimento
com as quais Nossa Senhora adorava a Jesus em suas
santas comunhões, para que possamos as oferecer a
Jesus por toda a ação de graças.
65. Mesmo não possuindo obrigações a mais do que os
demais batizados, possui o consagrado a Nossa Senhora
alguma restrição que os outros não têm?
Os consagrados não possuem nenhuma obrigação a mais e nem
mesmo alguma restrição, salva a de que não devem oferecer os
méritos de suas orações e boas obras, pelo fato de não os possuir
mais, uma vez que tudo entregaram à Santíssima Virgem.
66. A espiritualidade dos Consagrados é diferente?
A espiritualidade de um consagrado é diferente, no sentido que
este, consciente de suas fraquezas e limitações, resolveu confiar
todo o governo de sua vida à Virgem Santíssima, para nada fazer
sem sua instrução, de modo que tenha assim mais garantias de se
manter na graça de Deus e de esmagar a cabeça do inimigo quando
sobrevierem as tentações.
Os consagrados não são uma casta a parte... são apenas
simplesmente batizados que recorreram à Santíssima Virgem, para
que Ela os ensine a amar Jesus e a perseverar em seus
ensinamentos.
67. O que acontece se um consagrado cometer um pecado
mortal? O fato de ser consagrado torna os pecados mais
graves ainda?
Se um consagrado cometer um pecado mortal, ocorre com ele o que
ocorre com qualquer outro batizado, ou seja, perde a graça de Deus
e coloca-se no caminho do inferno, até que, arrependido se
confesse com um sacerdote e se reconcilie com Deus e com a
Santa Igreja.
O fato de sermos consagrados não torna os nossos pecados mais
ou menos graves.
Devemos sempre recordar que um consagrado, é simplesmente um
católico que consciente de sua fragilidade, confiou sua vida à
Santíssima Virgem para que Ela o ajude a ser fiel a Jesus.
68. Como posso lidar com o medo de não conseguir honrar
Nossa Senhora?
Esse tipo de medo geralmente é resultado da imaturidade espiritual
e da pouca confiança em Deus. Um dos efeitos da consagração na
alma da pessoa que busca vivenciar essa entrega é justamente o
aumento da confiança em Deus e a mudança na forma de se
relacionar com Ele, pois Nossa Senhora nos ajuda a superar o
medo de Deus e nos leva a vê-lo como um Pai bondoso que nos
ama ternamente e em quem podemos confiar plenamente. Nossa
Senhora é muito honrada por nós quando fazemos a consagração,
uma vez que por esse ato estamos confiando-lhe toda nossa vida e
tudo o que possuímos. E continuaremos a honrando, à medida em
que confiarmos n’Ela e nos deixarmos conduzir por Ela, para que
Ela nos torne mais autênticos seguidores de Cristo.
69. Depois da consagração é necessário modificar o modo
de se vestir? Também ficam proibidos os adornos e
maquiagens?
Tudo o que em nós não estiver de acordo com a vontade de Deus,
precisamos mudar, independente de sermos ou não consagrados. A
vantagem como consagrados é que teremos uma graça especial
para isso, uma vez que nos entregamos completamente a Nossa
Senhora, justamente para que Ela nos ajude a fazer cumprir em
nossa vida a vontade de Deus, fazendo o que lhe agrada e
rejeitando o que Ele não quer.
Em relação às vestes, todos temos que renunciar qualquer tipo de
vestimenta que seja imodesta e/ou sensual. E no que se refere aos
adornos e pinturas, vale a descrição e o bom senso. Nunca se
mostrar de maneira espalhafatosa, exagerada, regalada ou
chamativa, mas sim, ser discreta e modesta. Em outras palavras,
nunca se apresentar de uma forma que Nossa Senhora não se
apresentaria. Essa é uma regra geral.
70. Uma senhora ou senhorita consagrada pode continuar
usando calças compridas?
A consagração não trás consigo nenhuma norma de conduta
específica, mas renova os votos batismais pelos quais renunciamos
o pecado e todas as obras de satanás. A calça em si não seria
pecaminosa, se fosse frouxa e se usasse uma camisa ou camiseta
que tampasse os quadris de forma a não permitir se retratar e expor
o corpo da mulher. Na realidade raramente se usam calças
descentes, que não sejam apertadas e modeladoras do corpo, pelo
que se recomenda evitar o uso das mesmas. Entretanto, se alguma
senhora ou senhorita as quiser utilizar de modo descente não estará
pecando.
71. Como viver a modéstia de Maria sendo homem?
A modéstia é uma virtude que vale para todos, homens e mulheres.
Refere-se à sobriedade e pureza no modo de vestir-se, falar, olhar,
brincar, e demais áreas do comportamento. Sendo assim,
relativamente à modéstia, um homem não deve vestir-se de forma
sensual e provocativa, deve sim, renunciar a roupas coladas, curtas
ou que de alguma forma retrate o corpo e transmita sensualidade.
Também deve guardar a modéstia no falar e nas demais atividades.
Como disse São Paulo, tudo o que fizermos, devemos fazer para o
Senhor, com o intuito de em tudo agradá-Lo.
72. Como os homens podem imitar Maria, sem afetar sua
masculinidade?
A imitação de Maria refere-se às suas virtudes que, portanto,
independe do ser homem ou mulher. Todos nós necessitamos ser
santos e Maria é o modelo acabado de todas as virtudes. A imitação
das virtudes de Maria torna um homem ainda mais sólido em sua
virilidade.
73. Podemos, depois de consagrados, continuar a possuir
"gostos mundanos"? Por exemplo: gostar de uma
determinada banda ou programa que não seja religioso?
Depende... Como qualquer pessoa cristã, um consagrado deve
evitar tudo o que é pecado e ofende a Deus e buscar fazer tudo
quanto possa honrá-Lo. Se a música for contra a fé e a moral cristã,
devemos rejeitá-la prontamente, do contrário poderemos ouvi-la. O
mesmo se diga do programa ou outra atividade. Mas isso não se
deve ao fato de sermos consagrados e sim pelo fato de sermos
católicos, que acreditam em Deus e querem honrá-Lo com sua
obediência.
74. Como explicar para a família a Consagração?
A consagração é um ato pessoal. Algo entre a pessoa e Deus. Uma
prática aprovada e recomendada pela Igreja, que, portanto não
carece da permissão ou aprovação da família,pois não comporta
nenhum tipo de prática que ponha em risco a saúde do corpo ou da
alma, ao contrário, nos ajuda a sermos melhores como pessoas,
como cristãos, como filhos, como irmãos, como pais, como mães,
como padres, como religiosos (as), etc.
Podemos comunicar nossa família e mesmo incentivá-los a fazer
também essa total entrega à Jesus por Maria.
Em se tratando de crianças, estas devem ser preparadas pelos pais
ou com o consentimento deles.
75. É necessário colocar "Maria" no nome quando se faz
essa consagração?
Não é necessário. Trata-se de algo opcional para quem não possui
esse dulcíssimo nome no seu. Aliás, o privilégio é todo nosso. É
uma grandíssima graça podermos acrescentar ao nosso nome o
glorioso nome de nossa Mãe Santíssima, pois lá no céu, se
perseverarmos na graça, assim seremos chamados, com o nosso
nome acrescido com o nome da Santíssima Virgem.
76. Com quantos anos se pode consagrar?
Pode-se consagrar após o uso da razão (mais ou menos 07 anos),
de preferência depois que já se aprendeu a ler e escrever, desde
que a criança seja adequadamente preparada e seus pais ou
responsáveis lhe proporcione uma vida cristã. É necessário que ao
menos de modo básico a criança compreenda o que está fazendo.
77. Podemos consagrar os bebês por esse método?
Não podemos consagrar bebês ou quem não tenha entendimento
por esse método, porque se trata de uma entrega pessoal, ou seja,
de uma consagração que a pessoa faz de si mesma a Deus por
meio de Nossa Senhora, o que exige um mínimo de consciência e
conhecimento do que se está fazendo.
78. É necessário "estarmos prontos" para nos
consagrarmos? Como sabemos se já estamos prontos?
O que se exige para podermos nos consagrar é simplesmente
sermos batizados e termos o sincero desejo de viver os votos
batismais.
Fora isso o que necessitamos é ler e estudar o Tratado da
Verdadeira Devoção e fazermos os 30 dias de preparação.
Não é necessário nada, além disso.
79. O que dizer às pessoas que dizem que “não são dignas’’
de fazer esta consagração?
Normalmente, as pessoas que assim dizem, não sabem o que estão
falando. Consagrar-se ou não, não é uma questão de ser ou não ser
digno, pois, rigorosamente falando, ninguém é digno das coisas
sagradas, mas Deus mesmo nos tornou capazes de recebê-las,
assim como à sua graça. Se uma pessoa não se acha digna de
fazer esta consagração, como poderá então receber a Santíssima
Eucaristia que é o próprio Deus?...A consagração não é apenas
para os perfeitos mas, sobretudo, para os que querem auxílio para ir
para o céu. Nos consagramos, não porque somos dignos, mas
porque necessitamos de ajuda para sermos fiéis a Deus e aos votos
de nosso batismo.
80. Não é Nossa Senhora que escolhe os que Ela quer que
sejam seus escravos por amor? Não é preciso um sinal ou
uma “moção espiritual’’ para podermos nos consagrar?
Nossa Senhora já escolheu a todos os seus filhos para que sejam
consagrados e escravos por amor, o que é necessário é que nós a
escolhamos para ser nossa Mãe, Mestra e Formadora como o
determinou Jesus. E fazemos isso por meio desta total entrega ou
santa Escravidão de Amor.
O maior incentivo para nos fazermos escravos por amor já foi dado
pelo Espírito Santo e está nas Sagradas Escrituras quando Ele nos
diz: “Sede santos, porque Eu Sou Santo’’ ou se preferirmos
podemos escutar as Palavras saídas da boca do próprio Jesus: “Eís
aí a tua Mãe’’...precisamos ainda de alguma confirmação?
Quem entendeu que a consagração é um auxílio que Deus nos
proporciona para nos ajudar a sermos santos e perseverarmos na
graça não fica vacilando para fazer sua total entrega... do contrário,
certamente sua dúvida não será se quer ou não se consagrar, mas
se quer ou não ir para o céu.
81. Não seria imprudência fazer essa consagração muito
jovem?
Imprudência é dispensarmos ou adiarmos meio tão excelente que
Deus nos deu para nos ajudar a sermos santos.
O quanto antes fizermos, tanto melhor para crescermos no amor a
Deus e nos preservarmos do mal e do pecado.
82. Como consagrado corro o risco de passar mais tempo
no Purgatório pelo fato de ter doado todo o valor
satisfatório ou indulgêncial de meus méritos?
Como diz São Luís Grignion de Montfort, esse pensamento é fruto
do amor próprio e do egoísmo e se destrói por si mesmo. Deixaria
Nossa Senhora passar mais tempo do que o necessário no
Purgatório aquele que se despojou completamente para mais honrá-
La? Claro que não!...Ao contrário, Ela que é a ecônoma de Deus e o
“banco sagrado’’, onde seus filhos e escravos por amor depositam
todo seu tesouro espiritual, poderá usar dos valores espirituais aí
depositados para abreviar em muito nosso tempo ou mesmo nos
livrar do Purgatório. Amemos e façamos o bem da melhor maneira
possível e todo o restante confiemos a Ela que nos ama ternamente
e quer o nosso bem.
83. Quando fazemos esta consagração precisamos renová-
la todos os anos?
Sim, é importante renovar todos os anos essa consagração fazendo
novamente os exercícios espirituais. Como temos sempre a
tendência de esquecer nossos propósitos e de esfriar o fervor inicial,
essa prática nos ajuda a sempre pensar de novo na entrega que um
dia fizemos para que possamos vivenciá-la ainda melhor e colher
mais e melhores frutos dessa grande espiritualidade.
84. É possível que uma pessoa que se consagrou por este
método, se “desconsagre’’?
A consagração é perpétua, ou seja, uma vez feita é para sempre, a
não ser que o revoguemos expressamente. O que na prática
significaria renunciar a Jesus Cristo e a Santíssima Virgem para se
entregar ao diabo.
85. Quando um consagrado se confessa e o sacerdote dá
como penitência rezar por uma determinada intenção,
como deve proceder o consagrado, uma vez que entregou
seus méritos à Santíssima Virgem?
Deve cumprir a penitência dada pelo sacerdote na confissão, pois
Nossa Senhora como serva obedientíssima quer também que seus
filhos o sejam.
86. Quem tudo entregou à Santíssima Virgem por esta
consagração pode fazer novenas aos outros santos ou
mesmo consagrações como a São José ou aos Santos
Anjos?
Sim. A consagração a Nossa Senhora nos fará ainda mais devotos
e amigos dos santos. Podemos sim, rezar e nos consagrar aos
anjos e santos, pois essa entrega ajudará a fazer de modo mais
perfeito todas as boas práticas devocionais.
87. Então podemos dizer que fazemos voto de pobreza,
obediência e castidade ao se consagrarmos?
Não. Não fazemos votos de pobreza, obediência e castidade, que
são próprios das congregações ou ordens religiosas. Esta
consagração pode ser feita por todas as pessoas batizadas que
querem ajuda para conservar, crescer e perseverar na graça de
Deus, independentemente do estado de vida à qual sejam
chamadas a viver.
SEXTA PARTE
Sobre a preparação para a
Consagração, a cerimônia, o uso das
correntes e outros
88. É necessário que esta consagração seja feita na
presença de um sacerdote?
Não. Pois se trata de uma consagração pessoal, ou seja, de uma
entrega de si mesmo a Deus, que, portanto, independe da presença
ou aprovação de um sacerdote.
Entretanto, sem dúvida, seria muito desejável a presença de um
sacerdote para abençoar essa entrega e também as cadeias que
serão usadas como sinal externo da consagração.
89. O que fazer se o padre de nossa paróquia ou bispo da
diocese não aceitam esta consagração?
A consagração, tal como é ensinada por São Luís Maria Grignion de
Montfort no Tratado da Verdadeira Devoção, é uma prática
totalmente aprovada pela Igreja. Foi aprovada, indulgenciada e
recomendada por diversos Papas. Vivenciada e testemunhada por
numerosos santos, de modo que NÃO carece da aprovação de
nenhuma outra autoridade para ser praticada pelos fiéis católicos.
Por se tratar de uma prática pessoal já aprovada e recomendada
pela Igreja, o fiel NÃO necessita da autorização ou da concordância
de qualqueroutra autoridade para realizá-la.
Contudo, em geral, será muito mais útil para a causa da divulgação
da consagração o apoio das autoridades locais para que outros fiéis
sintam-se mais motivados a se consagrarem também.
90. Para a consagração ser válida é necessária a assinatura
de um sacerdote na fórmula de consagração?
Não. Para uma consagração ser válida não é necessária a
assinatura de um sacerdote. Mas, caso haja um sacerdote que
acolha e abençoe, este poderá assinar como testemunha.
Entretanto, não se trata de algo essencial ou necessário.
91. Essa Total Consagração tem que ser feita na Missa ou
pode ser feita fora da mesma?
É mais adequado e recomendável que se faça na Santa Missa, após
a comunhão, em ação de graças. Mas também poderá ser feita fora
da Santa Missa, diante de uma imagem de Nossa Senhora.
92. A Total Consagração poderá ser feita em qualquer
momento da Missa?
Não. A consagração só poderá ser feita após a comunhão e ação de
graças.
Então se faz a leitura da fórmula, se assina, e se for o caso, o
sacerdote abençoa e faz a imposição das cadeias.
93. Quando se faz a consagração com o acolhimento do
sacerdote como deve ser a cerimônia?
A cerimônia deve ser digna como manda a Santa Igreja e prescreve
o Missal Romano. Pode-se, se a liturgia do dia o permitir, dar um
acento mais mariano, especialmente se for alguma Festa de Nossa
Senhora.
Se possível, que a Igreja esteja bem ornamentada com flores
naturais e que o sacerdote use todos os paramentos como é
prescrito no Missal.
A critério do celebrante, os consagrandos poderão tomar parte na
procissão de entrada, se possível com vestes especiais para o dia
(recomenda-se que as senhoras e senhoritas usem vestidos ou
saias longas e também o véu para horarem, ainda mais, Nossa
Senhora buscando imitá-la interior e exteriormente testemunhando a
modéstia com mais vigor).
Se possível, os consagrandos permaneçam juntos nos bancos mais
centrais e o mais adiante possível.
Participa-se da Missa normalmente, com piedade, devoção e
profunda adoração a Deus Nosso Senhor.
No momento do ofertório, os consagrandos poderão levar rosas a
Nossa Senhora.
Usa-se o método ensinado por São Luís de Montfort, para se
comungar com mais fruto.
Após a comunhão e ação de graças pessoal, se acende as velas
(que cada um deve portar para indicar que será feita a renovação
das promessas do batismo) e se procede à leitura da fórmula de
consagração (que já deve estar impressa).
Terminada a leitura da fórmula, se apagam as velas e cada um deve
assinar a fórmula da consagração, como que passando a “escritura’’
da própria vida e de tudo o que possui a Nossa Senhora.
Uma vez assinadas as fórmulas, o sacerdote irá dar a benção nas
cadeias e aspergir as mesmas e aos neo consagrados (se pode
fazer um breve canto de ação de graças).
As cadeias podem ser colocadas pelos próprios consagrados ou
pelo sacerdote.
Seguem-se os ritos finais ordinários da Santa Missa.
Se o sacerdote quiser assinar como testemunha, poderá fazê-lo
após a Santa Missa.
Também neste dia (pode ser também em dia próximo), conforme
aconselha São Luís no Tratado da Verdadeira Devoção, se oferece
a Nossa Senhora algum tributo ou presente.
94. Qual oração para a benção e imposição das cadeias os
sacerdotes poderão utilizar na cerimônia de consagração?
Na cerimônia de consagração o sacerdote poderá utilizar a seguinte
fórmula (ou outras semelhantes) para fazer a bênção e imposição
das cadeias:
S- Nossa proteção está no nome do Senhor.
T- Que fez o Céu e a Terra.
S- O Senhor esteja convosco.
T- Ele está no meio de nós.
Benção:
S- + Abençoai Senhor, estas cadeias que os vossos filhos aqui
apresentam como sinal de sua entrega total a vós por meio de sua
Mãe Santíssima. Fazei Senhor com que todos aqueles que as
usarem com fé e devoção de acordo com a vossa Lei e vontade,
alcancem a graça da libertação das cadeias de todos os vícios e
pecados e se unam, mas perfeitamente a Vós com laços de amor,
por meio da Santíssima Virgem. Vós que viveis com o Pai, na
unidade do Espírito Santo. Amém.
Imposição:
S- Recebam estas cadeias, que voluntariamente quisestes usar e
trazer durante vossa vida, como símbolo de vossa total entrega e de
vossa escravidão de amor à Santíssima Virgem Maria, nossa Mãe,
Mestra e Rainha e, por meio d’Ela, a Jesus Cristo Nosso Senhor.
Para que por meio d’Ela, Ele vos receba e vos guarde bem em Seu
Santíssimo Coração, já aqui nesta Terra, e por suas mãos vos
acolha quando entrares na Eternidade.
T- Amém
95. O que, e como deve ser o tributo que São Luís de
Montfort diz que se deve oferecer a Nossa Senhora no dia
da consagração?
O tributo ou presente que São Luís diz que se deve oferecer a
Nossa Senhora no dia da consagração, pode ser qualquer
oferenda (penitência, renúncia, ato de caridade, etc.), desde
que feito de todo coração. Seria de grande utilidade, se o
consagrando, fizesse uma oferta especial que exigisse um grau
de sacrifício e desapego um pouco maior, especialmente tendo
em vista a difusão da Total Consagração. Seja o empenho para
difundir a consagração, para formar grupos de consagrados e
de preparação, para que mais pessoas se consagrem ou ainda
ajudar materialmente a obra de propagação da consagração.
96. A fórmula que se usa na consagração deve ser copiada
a mão ou deve ser impressa?
Tanto faz. Pode-se usar um modo ou outro. Em geral se recomenda
a fórmula impressa porque se torna mais organizado, legível e
apresentável. O próprio São Luís de Montfort, fazia imprimir as
fórmulas que recitava com o povo ao fim de cada missão que
realizava.
97. Quando alguém se consagra por este método no dia de
alguma Festa de Nossa Senhora, se diz que a pessoa se
consagrou, por exemplo, a Nossa Senhora Aparecida, a
Nossa Senhora de Fátima, à Virgem de Guadalupe ou
outros títulos?
Quando se consagra por este método, se consagra simplesmente a
Nossa Senhora e não a algum de seus títulos específicos, ainda que
seja na data de uma festa mariana.
98. É obrigatório o uso da cadeia para quem se consagra?
O uso das cadeias não é obrigatório, mas muito recomendado, pois
uma vez abençoadas são sacramentais, que nos alcançam graças e
proteção. Além do que, nos recordam sempre que pertencemos a
Jesus e Maria, de forma a nos ajudar a evitar a funesta escravidão
aos vícios e ao demônio.
Além disso, o uso da corrente é um poderoso meio de propaganda
da consagração, uma vez que desperta em muitos a curiosidade a
cerca da mesma, dando-nos a oportunidade de falar a respeito da
consagração. Torna-se um “marketing” de Maria e da Total
Consagração a Ela.
99. O uso das correntes como um sacramental e sinal
externo da consagração é algo aprovado pela Igreja?
Toda a doutrina, bem como as práticas ensinadas por São Luís
Grignion de Montfort no Tratado da Verdadeira Devoção e demais
escritos seus, foram aprovadas pela Igreja e declarados isentos de
erros pelo Papa Pio IX em 12 de maio de 1853. O uso das cadeias
é recomendado pelo santo de Montfort no Tratado da Verdadeira
Devoção. As cadeias de ferro foram utilizadas por vários santos
como sinal e testemunho de sua total entrega.
100. Onde devemos usar a corrente?
Poderemos usar as correntes no punho, no tornozelo, no pescoço
ou na cintura.
Entretanto, é recomendável que se use em lugar visível, justamente
para nos recordar a nós e aos outros que pertencemos a Jesus e
Maria. Em geral, o uso no punho cumpre melhor a função acima
descrita, de recordar-nos a nós e aos outros a nossa pertença a
Deus, ao mesmo tempo em que se torna mais visível se faz melhor
propaganda da consagração. Entretanto não há uma obrigação
quanto a isso e cada um pode usar como desejar.
101. Como devem ser as correntes? De qual espessura? De
que material?
Como descrito no Tratado, as correntes devem ser simples, de
ferro... não de ouro ou de prata, mas humildes. No caso das
pessoas que têm alergia a ferro, sepode usar algum outro material.
Não devem ser tão finas de forma que se pareçam com quaisquer
correntinhas ou cordões que as pessoas estão acostumadas a usar,
nem exageradamente grossas. Cabe aqui uma dose de bom senso
e discernimento.
102. No lugar das correntes pode-se utilizar medalhas, anéis,
escapulários ou crucifixos como símbolo da consagração?
As correntes, embora não sejam obrigatórias, são o único sinal
externo que identifica a Santa Escravidão de Amor. Os outros
símbolos, embora excelentes e recomendados para o uso de todos,
não são sinais externos específicos da Total Consagração. Apenas
as correntes são sinais externos específicos da Total Consagração a
Nossa Senhora.
103. Existem padrinhos para essa consagração?
Não existem padrinhos para esta consagração. O que pode haver
são pessoas que nos ajudam a conhecer e/ou nos preparar para
essa total entrega, mas não convém chamá-los de padrinhos para
não banalizar essa que é uma função específica dentro da Igreja.
104. Não seria esta consagração uma pratica já muito antiga e
inadequada para o nosso tempo?
Esta total consagração é uma renovação de nosso Batismo e tem
por finalidade nos ajudar a sermos mais fiéis a nossa vida cristã.
Sendo assim, a Total Consagração ou Santa Escravidão de Amor é
de uma atualidade pastoral perene, pois viver o batismo é uma
exigência mesma de nossa fé para que possamos nos salvar. Esta
consagração nunca se torna ultrapassada justamente porque ela
nos ajuda a vivermos melhor a nossa consagração batismal.
Aliás, um dos maiores apóstolos desta consagração em nossos dias
foi o grande Papa João Paulo II, sendo, portanto um testemunho
atualíssimo.
105. Qualquer pessoa ou grupo pode divulgar essa
consagração ou é necessária à permissão de alguma
autoridade?
Qualquer pessoa ou grupo pode divulgar essa consagração e
preparar pessoas para se consagrar, desde que tenham se
preparado e o façam de modo correto. Para tal não necessitam de
nenhum tipo de autorização, pois se trata de uma consagração já
aprovada e recomendada pela Igreja. Entretanto é evidente que
tudo o que for possível ser feito em comunhão com a autoridade
local, certamente favorecerá a causa da difusão da Total
Consagração.
106. Pode-se renovar a consagração em uma data diferente
daquela em que fizemos?
É muito adequado que se renove na mesma data em que se
realizou a consagração, mas esta pode ser renovada também em
outras datas.
107. Quais são as datas em que ganhamos indulgência
plenária ao se fazer ou renovar esta consagração?
As datas em que se pode lucrar indulgência plenária se
consagrando ou renovando a consagração são quatro:
1- 28 de Abril: Dia de São Luís Maria de Montfort;
2- 25 de Março: Solenidade da Encarnação do Verbo;
3- 08 de dezembro: Solenidade da Imaculada Conceição;
4- 01 de Janeiro: Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus.
108. De que forma a difusão da Santa Escravidão a Maria
pode tornar uma Paróquia ou Comunidade mais fervorosa?
A difusão da Consagração em uma comunidade ou paróquia a
tornará mais fervorosa na prática religiosa, na oração, na frequência
aos sacramentos, nas práticas de piedade, bem como na vivência
de todas as virtudes, no sentido que, na medida em que seus
membros se entregam totalmente ao governo de Maria Santíssima,
aprendem com essa boa Mãe a fazer melhor todas as coisas. Com
o tempo passam a ter uma consciência maior da vida espiritual, de
forma a compreender muito melhor o que é uma Santa Missa e
como dela participar, a importância da Confissão, a grande
necessidade da oração e tudo o que é útil para se viver na graça e
se salvar.
109. É possível que uma pessoa que não saiba ou não possa
ler venha a fazer esta consagração?
Sim, é possível, desde que haja quem a instrua no conhecimento da
Verdadeira Devoção de modo que possa ter uma ideia clara do que
é esta consagração para fazê-la conscientemente. Poderá também
escutar o Tratado em áudio e igualmente escutar as meditações
para cada dia de preparação, bem como acompanhar as orações.
No dia poderá repetir a fórmula da consagração lida por alguém e
concordar com “Assim seja”.
110. Se não se renovar a consagração a cada ano ela perde a
validade?
Esta consagração é perpétua e não possui data de validade. Ainda
que não se renove, a consagração continua a valer igualmente e
nossa pertença a Deus e à Santíssima, na condição de escravo por
amor, continua a mesma. A importância de se renovar anualmente a
consagração realizando os exercícios espirituais, é para que nós
possamos sempre reavivar a consciência de nossa total entrega,
afim de que possamos vive-la melhor.
Considerações
Finais
Se temos a consciência de que é vontade expressa do Coração de
Jesus que se estabeleça no mundo a Verdadeira Devoção ao
Coração de Sua Mãe Santíssima, tudo façamos para cumprir esse
desejo de Nosso Senhor.
Isso redundará na Maior Glória de Deus e no bem e salvação de
numerosíssimas almas.
Divulgar a Santa Escravidão de Amor e levar as pessoas a se
consagrar é a mais excelente forma de ajudá-las a perseverar na
graça de Deus e de contribuir para resgatar muitíssimas outras
pessoas das garras de satanás.
Procuremos compreender bem essa Total Entrega...
Procuremos vivenciá-la melhor ainda, para que, transmitindo-a de
um modo simples, claro e convincente, possamos dar à Santíssima
Virgem um grande e destemido batalhão de escravos por amor, para
que ao comando dessa Soberana Rainha se conquiste o mundo e
todos os corações para seu único e grande Jesus.
Anexos
ANEXO I
A necessidade e urgência da propagação da
Total Consagração à Santíssima Virgem
Amados irmãos e irmãs, todos estamos unidos no amor de Cristo e
queremos que Deus seja glorificado e que todos os seus filhos se
salvem. Cada qual, de acordo com as suas forças e com o estado
de vida inspirado por Deus, tem contribuído para a realização
desses desígnios celestes. Nós desejamos e trabalhamos para que
Jesus reine no mundo e para que todos se salvem. É preciso,
porém, estarmos atentos à vontade de Deus e a sua pedagogia.
Diz São Luís Grignion de Montfort na introdução do Tratado da
Verdadeira Devoção: “Foi por meio da Santíssima Virgem que
Jesus Cristo veio ao mundo e por meio dela que Ele deve reinar no
mundo (T.V.D. 1)”. É, portanto, sabido por todos, que Jesus Cristo
vai reinar no mundo e que o “Reinado de Maria” vai ser o meio pelo
qual se dará o “Reinado de Jesus”.
Em Fátima, a Santíssima Virgem confirma a profecia de São Luís
quando diz “Por fim meu Imaculado Coração triunfará”, e nos
indica o meio que a Providência Divina estabeleceu para que
aconteça este Triunfo: “Meu filho quer estabelecer no mundo a
devoção ao meu Imaculado Coração”. É justamente aqui onde
devemos estar atentos, pois a devoção que Jesus quer que se
estabeleça ao Imaculado Coração de sua Mãe Santíssima não é
qualquer devoção, mas a perfeita devoção, a Total Consagração ou
Santa Escravidão de Amor, tal como ensina São Luís Grignion de
Montfort; que elucidando a profecia de Fátima diz: Esse tempo (do
Triunfo-Reinado de Maria) chegará quando se conhecer e praticar a
devoção que eu ensino (T.V.D.217).
Os desígnios de Deus são claros e simples: O Reino de Cristo se
estabelecerá pelo Reino de Maria e o Reino de Maria, pela
propagação da Total Consagração a Santíssima Virgem ou
Escravidão de Amor ensinada por São Luís de Montfort no Tratado
da Verdadeira Devoção. Daí se compreende a razão que levou o
demônio a ter tanto ódio deste pequeno livro, Tratado da
Verdadeira Devoção, e a escondê-lo durante 130 anos (1712-
1842). O inimigo infernal queria (e quer) estabelecer o seu reino
diabólico e impedir o Triunfo-Reinado da Santíssima Virgem e,
assim, o Reinado de Jesus. Sendo assim, é urgente e necessário
que todos (independentemente de grupos, movimentos e
comunidades que participem) conheçam, façam, vivam e
propaguem a Total Consagração a Nossa Senhora, pois esta Total
Consagração é patrimônio da Igreja Católica, não atrapalhando a
vivênciade nenhum carisma particular, ao contrário, quando alguém
se consagra totalmente a Nossa Senhora, Ela mesma leva a pessoa
a viver com mais intensidade e fidelidade o seu próprio carisma.
A Total Consagração consiste numa total entrega de si mesmo a
Nossa Senhora com tudo que se tem, possui ou se possa possuir,
na ordem da natureza, da graça e da glória. A missão que Jesus
deu a Nossa Senhora foi a de formar verdadeiros adoradores de
Deus. Pela Total Consagração, nós acolhemos Maria em nossa
casa e ela nos acolhe na escola do seu Imaculado Coração, onde
aprendemos o verdadeiro amor a Deus e ao próximo, bem como as
demais virtudes que farão de nós verdadeiros cristãos. Fazer a Total
Consagração é dar o nosso sim a Jesus que nos deu Maria por
Mãe, Mestra e Formadora.
Irmãos, não sejamos indiferentes à vontade de Deus, façamos tudo
o que estiver ao nosso alcance para propagarmos a Santa
Escravidão de Amor ensinada por São Luís. Não deixemos que o
demônio continue a esconder de nós e dos outros esta doutrina
celeste. Nestes últimos tempos em que se intensifica a batalha
espiritual entre a Santíssima Virgem e o inimigo, sejamos apóstolos
da Total Consagração para que venha logo o Triunfo de Maria e o
Reinado de Jesus.
“Quando virá esse tempo feliz em que Maria será estabelecida
Senhora e Soberana dos corações, para submetê-los plenamente
ao império de seu grande e único Jesus? Quando chegará o dia em
que as almas respirarão Maria, como o corpo respira o ar? Então,
coisas maravilhosas acontecerão neste nosso mundo, onde o
Espírito Santo, encontrando sua querida Esposa como que
reproduzida nas almas, a elas descerá abundantemente, enchendo-
as de seus dons, particularmente do dom da sabedoria, a fim de
operar maravilhas de graça. Meu caro irmão, quando chegará esse
tempo feliz, esse século de Maria, em que inúmeras almas
escolhidas, perdendo-se no abismo de seu interior, se tornarão
cópias vivas de Maria, para amar e glorificar a Cristo? Esse tempo
só chegará quando se conhecer e praticar a devoção que ensino:“Ut
adveniat regnum tuum, adveniat regnum Mariae”. (T.V.D.n.217).
Padre Rodrigo Maria,
escravo inútil da Santíssima Virgem
ANEXO II
A Total Consagração e a Estratégia de Deus para
salvar seu povo, revelada por Nossa Senhora em
Fátima
Nosso Senhor Jesus Cristo veio ao mundo para nos salvar, ou seja,
para pagar o preço pelos nossos pecados, nos livrar do inferno e
nos possibilitar a felicidade eterna, que consiste na união com Deus
no amor.
O objetivo de qualquer boa devoção ou prática de piedade é nos
ajudar a conhecer e colocar em prática a vontade de Deus de forma
que possamos perseverar na comunhão com Ele aqui e deste modo
chegar à eterna bem aventurança.
A Palavra de Deus e a Igreja nos ensinam que vão para o céu as
pessoas que no momento de sua morte estão em estado de graça,
ou seja, na comunhão com Deus, livres de pecados mortais. Por
outro lado, vão para o inferno todas as pessoas que no momento de
sua morte estão em pecado mortal, ou seja, sem a graça de Deus.
A graça de Deus que recebemos no Batismo é absolutamente
necessária para a nossa salvação. Se, no momento de nossa morte
nos apresentarmos a Deus sem a graça santificante (ou habitual),
seremos precipitados no inferno. A graça santificante é um dom
sobrenatural que nos torna capazes de termos comunhão com
Deus, ou em outras palavras, a graça de Deus é a presença de
Deus em nós.
Após o início do uso da razão (mais ou menos 07 anos), poderemos
perder a graça de Deus se cometermos algum pecado mortal, ou
seja, se desobedecermos a Deus em matéria grave. O pecado
mortal assim se chama justamente porque nos faz perder a graça
que é a vida de nossa alma, deixando-nos mortos
sobrenaturalmente. Se cometermos um pecado mortal, estamos
rompendo a amizade com Deus, rejeitando sua autoridade sobre
nós e desprezando seus mandamentos. A pessoa que está em
estado de pecado mortal, está em perigo de ir para o inferno a
qualquer momento se assim morrer.
Nosso grande esforço como cristãos é exatamente o de amar a
Deus de verdade, colocando em prática seus mandamentos de
forma a conservarmos em nós sua graça, ou seja, na vida de
comunhão com Ele que concretamente se expressa na digna
recepção da Santíssima Eucaristia.
Jesus Cristo fundou a Igreja justamente para que continuasse sua
obra salvífica, ensinando a verdade e comunicando a sua graça por
meio dos Sacramentos. Sendo assim, se alguém perdeu a graça de
Deus cometendo algum pecado grave, poderá recuperar essa
mesma graça, através do arrependimento e da Confissão
Sacramental.
Qualquer pecado grave nos faz perder a graça de Deus e nos torna
merecedores do inferno. Por exemplo: faltar missas dominicais ou
de preceito por preguiça e/ou comodismo; ter ódio do próximo;
frequentar falsas doutrinas; viver em situação de adultério
(amasiamento, segunda união), prática sexual fora do matrimônio,
pornografia e masturbação, frequentar ambientes gravemente
pecaminosos (boates, discotecas, carnavais, bailes funks, festas
raves, etc.); evitar filhos por meios artificiais; abortar ou apoiar o
aborto; ingressar, apoiar ou votar em partidos ou organizações de
cunho socialista/comunista ou que defendem o aborto e a ideologia
de gênero; prejudicar o próximo com calúnias e difamações; etc, etc,
etc... a lista é grande... É sempre útil recordar que um pecado para
ser grave, além da matéria grave, necessita que se tenha
conhecimento de causa e vontade deliberada.
Quem quer ir para o céu deve se esforçar para rejeitar todo pecado,
especialmente os graves (ou mortais) que nos fazem perder a graça
de Deus. Para isso precisamos, além da ascese (esforço pessoal),
do auxílio da graça de Deus (graças atuais) que são obtidas pela
oração, penitências, caridade e digna recepção dos sacramentos.
A Total Consagração à Santíssima Virgem ou Santa Escravidão de
Amor, tem exatamente a finalidade de nos ajudar a perseverar na
graça de Deus, ensinando-nos a amar Jesus de verdade, colocando
em prática seus ensinamentos, de modo a fazermos tudo o que
Jesus mandou. A Total Consagração, como ensina São Luís Maria
Grignion de Montfort, é um auxílio que Deus põe à nossa disposição
para nos ajudar a viver melhor nosso Batismo e a perseverarmos na
graça que garantirá nossa entrada no céu.
A doutrina sobre essa Total Consagração a Jesus por Maria foi
imortalizada por São Luís de Montfort no célebre escrito ''Tratado
da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem''. Este pequeno livro
abalou o inferno e provocou grande pavor e ódio em satanás.
Pavor, porque o inimigo sabia que a popularização daquela
consagração levaria ao cumprimento da profecia feita pelo Pai no
Antigo Testamento (Gen.3,15), onde Deus disse ao demônio que A
Mulher e sua descendência esmagariam sua cabeça... Ódio porque,
por meio da Consagração ali ensinada, os fiéis fariam a entrega de
tudo que eram e possuíam a Nossa Senhora, inclusive dos méritos
de suas boas obras, através dos quais a Santíssima Virgem poderia
salvar muitas almas, alcançando a graça da contrição e da
conversão a muitos pecadores que de outro modo iriam para o
inferno.
Por essa doação dos méritos à Nossa Senhora muitíssimas almas
seriam arrancadas das garras do demônio, pois lhes seriam
alcançadas as graças do arrependimento e do retorno à comunhão
com Deus ainda antes de morrer. Foi por isso que a antiga serpente,
o demônio, quis destruir o Tratado ou ao menos escondê-lo, a fim de
que o povo continuasse a não o conhecer, e assim a não
compreender a grande utilidade que esta Consagração teria para as
pessoas que a fizessem e para as outras que pela doação dos
méritos seriam resgatadas para Deus pela Santíssima Virgem.
O grande diferencial dessa Total Consagração em relação às
demais Consagrações é justamente a entrega dos bens espirituais a
Nossa Senhora, pois por esse meio ela passa a ser a
administradora de nosso tesouro espiritual (toda recompensa que
Deus nos concede pelas boas obras), guardando e fazendo crescer
a parte pessoal e intransferível (valor meritório) e administrandoa
parte doável desse tesouro (valor impetratório e valor satisfatório ou
indulgencial ), de modo que possa utilizar essa parte doável
sobretudo para resgatar as almas, alcançando-lhes a graça do
arrependimento, para que retornem à comunhão com Deus e se
salvem.
Quando em Fátima (1917) Nossa Senhora mostrou o inferno aos
pastorinhos e disse que “muitos vão para o inferno porque não
há quem reze e se sacrifique por eles’’, Ela revelou também uma
grande estratégia de Deus para salvar o seu povo: “Para salvar as
almas dos pobres pecadores, meu Filho quer estabelecer no
MUNDO a devoção ao meu Imaculado Coração’’.
Devemos nos perguntar:
No que consiste a devoção ao Imaculado Coração de Maria e de
que forma esta devoção ajudará a salvar os pobres pecadores?
Lúcia de Fátima disse que a devoção ao Imaculado Coração de
Maria consiste em uma consagração de abandono e entrega. A
forma pela qual essa devoção poderá ajudar a salvar “os pobres
pecadores’’, é justamente pela entrega dos méritos espirituais a
Nossa Senhora, por meio da Total Consagração.
A total entrega à Santíssima Virgem transforma automaticamente a
pessoa consagrada em doadora de méritos espirituais, ainda que a
mesma não tenha compreendido bem essa realidade. Sempre
recordando que pelo simples fato de nos consagrarmos por esse
método temos um grande aumento no valor de nosso tesouro
espiritual, uma vez que Nossa Senhora é quem passa a oferecer
todas as nossas boas obras a Deus, que antes de por Ela serem
ofertadas são purificadas de suas imperfeições e enriquecidas pelo
perfume de suas virtudes.
Por causa da comunhão dos santos os nossos merecimentos
podem ser aplicados para alcançar graças e socorrer nossos irmãos
vivos e também as almas que estão no Purgatório, por isso o Papa
Pio XII disse que “é um mistério como muitos se salvam não
graças aos seus merecimentos, mas aos de outros’’... na
realidade esse ensinamento do Papa é a mesma verdade dita por
Nossa Senhora em Fátima; embora de uma forma inversa: “muitos
se perdem, porque não têm quem reze e se sacrifique por
eles’’... ou seja, embora os que se condenam o fazem por sua
própria culpa, eles não se condenariam se houvesse pessoas que
alcançassem para eles a graça do arrependimento e do retorno à
comunhão, ainda antes da morte.
Na verdade, especialmente em nossos dias, a grandíssima maioria
dos que se salvam, se salvam graças à intercessão e merecimentos
de outros.
A uma religiosa Canadense chamada Dina Bélanger (1897-1929) a
qual Jesus revelou os mistérios da vida religiosa, uma vez disse o
próprio Salvador que se os religiosos (as) que existiam no mundo
simplesmente vivessem sua regra, nenhuma alma iria para o
inferno... NENHUMA!!!!... pelos merecimentos e intercessão dos
religiosos todos se converteriam antes da morte e juízo de Deus...
mesmo os assassinos e abortistas, os ladrões e corruptos, os
blasfemadores, satanistas, etc... até os petistas alcançaram o
arrependimento de seus erros e a salvação... Calculem, menos de
1,5 milhões de pessoas (total de religiosos + sacerdotes existentes
no mundo) ajudariam a salvar 08 bilhões de pessoas... mas,
infelizmente, a maior parte de nossos religiosos, não vivem bem as
regras de suas comunidades.
Não há forma mais eficiente de ajudar a salvar almas do que
disponibilizando nossos dons espirituais à Santíssima Virgem, por
isso Nosso Senhor escolheu esse meio para salvar o seu povo
nesses tempos difíceis. Daí a palavra de Nossa Senhora: “MEU
FILHO QUER estabelecer no mundo a devoção ao meu
Imaculado Coração’’.
Se quisermos ajudar a salvar muitíssimas pessoas, nada melhor do
que fazer e divulgar a Total Consagração, levando todos quantos for
possível a se consagrar, disponibilizando a Nossa Senhora os seus
dons espirituais para que ela socorra as almas...
Em 1917 Nossa Senhora mostrou que muitas almas caíam no
inferno... naquele tempo quase não havia divórcios, abortos, prática
homossexual... ainda não havia filmes pornográficos, nem rock, nem
baile funk, nem festas haves, etc... os sacerdotes e bispos
pregavam a mesma doutrina em todos os lugares... havia muito
mais preocupação com a salvação das pessoas. Como seria se ela
mostrasse o inferno hoje?
Todos os dias morrem centenas de milhares de pessoas. Quantas
estão na graça de Deus? Quantas estão preparadas para enfrentar
o juízo?
Todos os dias, melhor ainda, em todos os momentos, Nossa
Senhora recolhe e usa todos os méritos, que lhe foram entregues
por seus filhos e escravos por amor, para que por esse meio Ela
possa alcançar a graça do arrependimento para os que estão em
pecado mortal e no perigo de ir para o inferno a qualquer momento.
Todos os dias Ela resgata muitíssimas almas para Deus, mas ainda
assim muitíssimos vão para o inferno. FALTAM DONS ESPITUAIS
PARA RESGATAR MAIS ALMAS... FALTAM DOADORES DE
MÉRITOS... Se Ela tivesse mais méritos à sua disposição,
resgataria mais e mais almas. Se muitas mais pessoas fizerem a
Total Consagração, haverá muitos mais doadores de dons
espirituais.
Por tudo isso na celebração dos 3OO anos da morte de São Luís
Maria de Montfort (1716-2016) e dos 100 anos de Fátima (1917-
2017), precisamos fazer uma grande campanha para divulgar a
Total Consagração e assim garantir muitos novos doadores de
méritos espirituais a Nossa Senhora, para que muitos pecadores
sejam salvos.
No jubileu dos 100 anos de Fátima, é preciso colocar em evidência
essa estratégia de Deus para salvar o seu povo nesses tempos de
perdição e apostasia. É preciso fazer compreender como a Total
Consagração à Santíssima Virgem corresponde à devoção ao
Imaculado Coração de Maria que Jesus quer que se estabeleça no
mundo e como pela doação dos méritos poderão ser salvos os
pobres pecadores que, de outro modo, se condenarão.
Cada alma custou o Sangue de Cristo. E o maior ato de caridade
que podemos ter para com nosso próximo é ajudá-lo a se salvar.
Empenhemo-nos todos nessa grande campanha.
Padre Rodrigo Maria,
escravo inútil da Santíssima Virgem.
ANEXO III
Serviço de Utilidade Pública!
Ajude a salvar almas!
Doe seus Méritos a Nossa Senhora.
Seja um Escravo por Amor!
Aos combatentes que dedicam à vida lutando para estabelecer
no mundo o Reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo, sob o
comando da Soberana Senhora.
Caríssimos,
A celebração dos 300 anos de São Luís de Montfort , (1716 – 2016)
e dos 100 anos das aparições de Fátima (1917 –2017) nos
apresenta como ocasião e meio privilegiado para cumprirmos a
missão de estender no mundo o Reinado de Jesus Cristo por meio
da propagação da Total Consagração à Santíssima Virgem.
A profecia deve se cumprir… E para tal, devemos fazer a nossa
parte e dar tudo o que há de melhor em nós.
Nossa vida não deve ser preciosa aos nossos olhos, não devemos
nos poupar.
Devemos gastar minuto após minuto, os nossos esforços, suores e
lágrimas, para levar todos quantos for possível ao refúgio do
Imaculado Coração de Nossa Mãe Santíssima.
O grande desejo do coração de Jesus é salvar o seu povo; para isso
Ele veio ao mundo; por isso Ele morreu na cruz; para isso Ele
instituiu os sacramentos e fundou a Santa Igreja.
A Total Consagração à Santíssima Virgem leva não apenas à
santificação daqueles que a fazem e se esforçam por vivenciá-la,
mas beneficia a muitos outros que são salvos graças aos méritos
daqueles que, por meio desta total entrega, doaram o seu tesouro
espiritual à Santíssima Virgem, ou seja, o valor espiritual de todas
as suas boas obras.
Em 1917 em Fátima, Nossa Senhora disse aos pastorinhos, após
mostrar-lhes o inferno e as numerosas almas que aí caiam: “Muitos
se perdem porque não há quem reze e se sacrifique por eles”,
ou seja, embora os que se condenam o fazem pela sua própria
culpa, se houvesse quem rezasse e se sacrificasse por eles,
certamente não se condenariam. Se houvesse quem se importasse
com eles, oferecendo orações e sacrifícios pela sua conversão;
quem gastasse o seu tempo para ensinar-lhes o caminho de
santidade e de salvação, eles não se condenariam.Todos os dias (ou em todos os momentos) Nossa Senhora – que é o
“banco” de Deus – recolhe os méritos das orações, boas obras e
sacrifícios que lhe são oferecidos pelos seus filhos e escravos de
amor e com esses méritos resgata almas que iriam se perder,
adquirindo-lhes as graças necessárias para a sua conversão e o
arrependimento ainda antes da morte. Mas, se Ela própria nos diz
que muitas almas estão se perdendo é porque tem faltado
doadores de méritos.
O simples fato de uma pessoa entregar à Santíssima Virgem todos
os seus bens espirituais, por meio da Total Consagração, faz com
que os merecimentos de suas boas obras alcancem um admirável
aumento em seu valor, uma vez que Nossa Senhora purifica as
nossas boas obras e as reveste do perfume de suas virtudes antes
de oferecê-las a Deus. Desse modo, cresce muito o valor meritório
de nossas boas obras (parte pessoal e intransferível), assim como a
parte doável de nosso tesouro espiritual, de forma que a Santíssima
Virgem passa a ter à sua disposição mais méritos para socorrer os
seus filhos, especialmente aqueles que estão para comparecer
diante do Tribunal de Deus.
Foi por isso que nesta mesma mensagem de Fátima ela
acrescentou: “Para salvar as almas dos pobres pecadores, Meu
Filho quer estabelecer no mundo a Devoção ao meu Imaculado
Coração”. Pois a Total Consagração ao Imaculado Coração de
Maria ou Santa Escravidão de Amor, nos transforma em “doadores
de méritos” para a Santíssima Virgem. Assim sendo, não há melhor
maneira de se santificar e ajudar a salvar muitas outras pessoas do
que fazendo e propagando por toda parte a Total Consagração à
Santíssima Virgem.
A escrita do Tratado da Verdadeira Devoção por São Luís de
Montfort abalou profundamente o inferno e fez tremer os demônios.
Deus mesmo mostrou em visão ao santo de Montfort toda a revolta,
ódio e medo do inimigo infernal, que ante a perspectiva da difusão
de uma consagração que levaria ao cumprimento da profecia feita
no Antigo Testamento (Gên. 3,15), tentou destruir ou ao menos
esconder o Tratado da Verdadeira Devoção. Deus não permitiu que
os demônios destruíssem o pequeno livro, mas curiosamente não
impediu que o escondesse por 130 anos (1712 – 1842). Satanás e
seus sequazes queriam impedir uma maior divulgação deste livro
que ensina no que consiste a consagração e a devoção à
Santíssima Virgem, bem como sua missão de ajudar a formar,
santificar e salvar os que Cristo lhe confiou como filhos (Jo 19, 26) e
assim o escondeu no “silêncio de uma arca” afim de que não
aparecesse... pois ele bem sabia que por meio desta consagração
muitas almas lhe seriam arrancadas, seu reino seria destruído e sua
cabeça seria esmagada.
A difusão da Total Consagração em nossos dias possui um
significado e um apelo muito mais profundo do que possa parecer à
primeira vista. A Total Consagração tem um carácter escatológico,
pois faz parte da estratégia de Deus para salvar o seu povo nestes
últimos tempos (T.D.V. 110 – 114). O próprio São Luís de Montfort
no Tratado da Verdadeira Devoção diz que esta total entrega a
Nossa Senhora seria mais necessária sobretudo nestes últimos
tempos, devido à grande corrupção no qual este iria se encontrar.
De novo Jesus aponta para o seu povo e diz: “Eis aí a tua Mãe”...
foi por isso que Nossa Senhora disse que Jesus quer que se
estabeleça no mundo a devoção ao Seu Imaculado Coração, pois
essa é a sua estratégia para neutralizar a ação do mal, esmagar a
cabeça do inimigo e salvar o seu povo.
Como dizia o grande Papa São João Paulo II, referindo-se à Total
Consagração: “Esse tesouro não pode ficar escondido”. Por isso
devemos fazer o contrário daquilo que o demônio fez e nos
esforçarmos para tornar conhecida esta grande consagração que
ele tanto se esforçou para esconder.
Jesus quer que se estabeleça no mundo a Verdadeira Devoção à
sua Mãe Santíssima para santificação e salvação do seu povo, pois
a profecia diz que a Mulher e sua descendência irão esmagar a
cabeça da serpente (Gen. 3,15), uma vez que a Mulher, por ordem e
vontade do Altíssimo, ensinará seus filhos a rejeitarem as obras das
trevas e a obedecerem os mandamentos de Deus (Ap. 12,17).
É tempo de combate, e a luta é cada vez mais intensa. Há muitas
pessoas se perdendo e numerosíssimas almas se condenando…
Não podemos ser indiferentes a essa realidade, pois apesar de
nossa insignificância, tornamo-nos “ânsia eterna de almas que
esperam”. Por isso nos empenhemos na campanha da difusão da
Total Consagração e gritemos ao mundo inteiro: “Ajudem a Salvar
almas! Doem seus méritos a Nossa Senhora… Façam-se
“escravos por amor!”
Consagrem-se!
Nossa determinação e zelo em fazer o que Jesus mandou selará o
destino de muitas pessoas. Certamente, o que “fizermos nesta
vida ecoará na eternidade”.
Quanto vale uma alma?… O que você daria para salvar alguém?…
Trabalhemos, pois o tempo está muito abreviado. Aproveitemos as
graças proporcionadas nestes dois jubileus e tornemo-nos apóstolos
da Total Consagração, para Glória de Deus e salvação das almas.
Coloquemos o nosso tempo, nossos bens, nossos dons e nossa
vida à disposição de Nossa Senhora e Ela mesma fará o resto.
Peçamos a Deus que aumente e purifique em nós o dom da
caridade, pois só quem tem um amor autêntico é capaz de se
sacrificar pelos outros.
Combatamos na oração e na entrega. Sejamos prontos, pois tempo
vale almas!
Pe. Rodrigo Maria,
escravo inútil de Nossa Senhora
ANEXO IV
Tempo de Formar Heróis
A luta contra satanás e o reino das trevas se intensifica à medida
em que o tempo se torna mais breve. Pouco tempo resta, diz o livro
do Apocalipse. Precisando ainda mais esta profecia, disse a
Santíssima Virgem à Lúcia de Fátima: “Estou reunindo meu
exército para a derradeira batalha contra satanás…”.
A vitória do exército de Deus sob o comando da Santíssima Virgem
é certa, porém, é preciso ajudar a conscientizar e salvar todos
quantos for possível. Mas quem combaterá pelo Reino de Deus?
Quem estará disposto a enfrentar toda a contradição do mundo
moderno para ser fiel a Cristo? Quem será capaz de sofrer a
incompreensão e a perseguição para defender e testemunhar a fé?
Quem estará disposto a dar a vida por Jesus e pela Santa Igreja?…
Verdadeiramente para sermos capazes de viver a fé até as últimas
consequências em nossos tempos, precisamos de uma graça
especialíssima, a graça do espírito de martírio bem como, do
abandono e da total confiança em Deus.
Na linha da determinação de Cristo, que nos deu Maria por mãe,
mestra e formadora, São Luís Maria Grignion de Montfort profetizou
que compete à Santíssima Virgem em união com o Espírito Santo,
seu Divino Esposo, a formação dos grandes santos dos últimos
tempos, que deverão fazer ressoar no mundo inteiro o nome de
Cristo, pela heroicidade de suas vidas e pela unção de suas
palavras.
Serão perseguidos e pisados como é o calcanhar em relação aos
demais membros do corpo, mas ao mesmo tempo sustentarão o
peso do Corpo Místico de Cristo, e mais… é com este calcanhar —
os fiéis filhos e escravos da Santíssima Virgem — que Ela
esmagará a cabeça de satanás, neutralizando a ação do mal e
estendendo o Reinado de Jesus nos corações dos homens de boa
vontade.
Se queremos que venha a nós o Reino de Deus, procuremos nos
alistar no Exército da Santíssima Virgem, entreguemo-nos a Ela,
deixemo-nos formar por Ela, a fim de que Ela nos ensine a amar a
Deus com todo nosso coração, com toda nossa força e com todo
nosso entendimento.
Todos somos chamados a fazer esta total entrega a Jesus por meio
de Maria Santíssima, expressa de maneira muito simples, profunda
e perfeita por São Luís Grignion de Montfort no “Tratado da
Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”.
Devemos ler este sublime escrito, realizar o exercício espiritual (30
dias) e fazer nossa total consagração. Devemos igualmente falar
para todos sobre a importância da Verdadeira Devoção à
Santíssima Virgem, sobretudo nestes últimos tempos. Devemos
formar ou ajudar a formar grupos de consagrados a Nossa Senhora,
e Elaem comunhão com o Espírito Santo nos formará na santidade
e suscitará os grandes santos, os verdadeiros heróis que os nossos
tempos precisam. Coragem!!!
Padre Rodrigo Maria
escravo inútil da Santíssima Virgem
ANEXO V
A Mulher, a Serpente e a Profecia
Por que o diabo quis impedir que as pessoas conhecessem o
Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem?
O Papa Bento XV classificou o “Tratado da Verdadeira Devoção à
Santíssima Virgem”, escrito por São Luís Maria Grignion de
Montfort, como um “livro da mais suave unção”. De fato, todo seu
conteúdo é sublime e nos apresenta não apenas uma
espiritualidade que eleva e enriquece aqueles que procuram
vivenciá-la e que beneficia imensamente o próximo por causa da
doação dos méritos, mas também porque nos apresenta de modo
claro a estratégia estabelecida por Deus para neutralizar a ação do
inimigo e estabelecer no mundo o Reinado de Jesus Cristo.
Em Gênesis 3,15 lê-se que o próprio Deus estabeleceu o ódio entre
a serpente e a mulher, entre sua descendência e a dela; e fazendo
ver que estamos em uma batalha espiritual, antecipa o
conhecimento do resultado final dessa guerra entre o bem e o mal,
confiando à mulher e à sua descendência a missão de esmagar a
cabeça do inimigo, que por sua vez procurará sempre armar-lhe
ciladas.
O diabo – melhor do que nós – conhecia a profecia e sabia que mais
cedo ou mais tarde ela se cumpriria. Com efeito, o inimigo sabia que
Deus não fez uma mera ameaça, mas uma promessa onde
decretava sua derrota.
A mulher é claramente Nossa Senhora, razão pela qual Jesus no
alto da cruz, quando nos consagra a Ela, entregando-nos a seus
cuidados, não utiliza o termo “mãe”, mas “mulher” (Jo 19,26). A
palavra “mulher” aqui não é uma palavra de desprezo, ou que
denote qualquer frieza para com a Mãe Santíssima, mas sim uma
palavra técnica, precisa, muito bem colocada, pela qual Jesus
queria nos fazer compreender que a Virgem Maria era a mulher
destinada pelo Pai através da qual se cumprirá a profecia (Gen
3,15). Ele, seu único filho segundo a carne, entrega a Ela uma
numerosíssima descendência quando na pessoa de João diz:
“Mulher eis aí o teu filho”. A interpretação da Igreja sobre este gesto
do Senhor é que todos fomos entregues à Maria Santíssima, razão
pela qual o Papa Paulo VI declarou Maria “Mãe da Igreja”. Ela é a
mulher da profecia. Cristo, a cabeça da Igreja, e nós, seus
membros, somos a descendência da mulher.
Jesus nos entregou a Maria, dando a Ela a amorosa autoridade de
mãe sobre todos, para que Ela nos ensinasse a amá-Lo, levando-
nos a fazer tudo o que Ele mandou, e assim nos mantivéssemos em
comunhão com Ele e com mais facilidade perseverássemos em sua
graça.
O desejo do inimigo é arrastar-nos para o inferno, tentando-nos de
todos os modos possíveis para nos desviar do caminho de Deus e
renegarmos a sua vontade, perdendo a sua graça e, portanto a
comunhão com Ele. Jesus nos deu Maria como antídoto contra o
inimigo. É Ela que, como boa Mãe, nos ajudará a acolher e
compreender melhor a vontade de Deus e a rejeitar as tentações do
inimigo, levando-nos a esmagar sua cabeça, ou seja, a rejeitar suas
propostas que nos fariam perder a amizade e a comunhão com
Deus.
O povo cristão sempre venerou a Santíssima Virgem e recorreu à
sua materna intercessão, mas só pouco a pouco se foi
compreendendo seu papel no plano da salvação e como
efetivamente Ela contribuiria em nosso processo de santificação e
salvação.
Quando São Luís Maria Grignion de Montfort escreve o Tratado da
Verdadeira Devoção mostrando de modo claro e elevado a
importância e a necessidade de uma verdadeira devoção para com
a Virgem Santíssima para nossa santificação pessoal, para
benefício do próximo e cumprimento da profecia, ou seja, do plano
salvífico de Deus para o homem, o inferno se revolta e satanás
mostra todo seu pavor e ódio da consagração ali ensinada, por isto
ele reconhece que se o mundo conhecesse a devoção e a
consagração, do modo como Montfort a apresentava, a profecia se
cumpriria, sua cabeça seria esmagada, sua ação neutralizada e seu
reino destruído.
Tal é o pavor que o conteúdo do Tratado impõe ao inferno, que o
inimigo em uma atitude ousada, jamais vista na história, tenta
destruir o pequeno livro. Não sendo, entretanto permitido por Deus
tal coisa, ele empreende todos os esforços para escondê-lo, de
“modo que não apareça” (T.V.D. 144) e o mundo não o conheça…
Em sua sabedoria Deus permite tal ação, de modo que o Tratado
da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem escrito em 1712
desapareceu e só foi reencontrado 130 anos depois, ou seja, em
1842, sendo prontamente publicado e posteriormente traduzido em
mais de 60 línguas. Deus permitiu que o inimigo escondesse o
Tratado por tanto tempo para que assim ficasse manifesto todo o
medo que ele tem da consagração ali ensinada e assim
compreendêssemos bem com que arma deveríamos derrotá-lo.
Após 75 anos que o Tratado da Verdadeira Devoção foi
encontrado, em 1917 Nossa Senhora aparece em Fátima e depois
de mostrar o inferno aos pastorinhos e muitas almas que aí caíam
“por não haver quem rezasse e se sacrificassem por elas” diz: “Para
salvar as almas dos pobres pecadores, meu Filho quer estabelecer
no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração”. É Jesus que
novamente volta seu olhar para nós e apontando para sua Mãe diz:
“Eis aí tua mãe”… Ele quer que se estabeleça no mundo a
verdadeira devoção ao Coração da Virgem Imaculada, ou seja,
aquela devoção e aquela entrega que Ele mesmo quis que
tivéssemos para com sua Mãe Santíssima quando no-La deu por
Mãe, e a fez Senhora, submetendo a Ela os nossos corações.
Em Fátima nada de novo é dito. Ao manifestar o desejo do coração
de seu Filho a Santíssima Virgem simplesmente recorda a todos a
profecia do Pai (Gen. 3,15) e a ordem do Filho (Jo. 19,26), que
respectivamente lhe confiou a missão de derrotar o inimigo,
esmagando-lhe a cabeça e de proteger e educar a descendência
que Deus lhe confiou ensinando-a a amá-Lo verdadeiramente.
Em Fátima Nossa Senhora nos faz compreender, que por vontade
de Deus, a devoção e a consagração ao Seu Imaculado Coração
precedem toda e qualquer devoção, não por serem mais
importantes, mas por serem uma condição para se fazer e viver bem
qualquer outra devoção ou espiritualidades, sendo assim, aqueles
que pela Total Consagração entram na Escola do Imaculado
Coração de Maria, aprendem com ela a adorar de modo mais
profundo a Jesus no Santíssimo Sacramento, a venerar de maneira
mais elevada o Seu Sacratíssimo Coração, a deixar-se conduzir
com muita mais docilidade pelo Espírito Santo, a honrar com mais
perfeição os anjos e santos de Deus.
Mais… Deus nos faz compreender que nesta batalha espiritual, seu
plano para combater o inimigo e estabelecer o reinado de seu Filho
no mundo, continua exatamente o mesmo, pois disse Nossa
Senhora: “Por fim meu Imaculado Coração triunfará”. O triunfo do
Imaculado Coração de Maria consiste tão somente em fazer de
Jesus o Senhor de todos os corações. Consiste em acolher todos
em Seu Coração Imaculado para ensiná-los a fazer tudo que Jesus
mandou. Maria reina em nós quando Jesus é feito Rei de nossos
corações.
O inimigo sabe que se todos forem a Maria Santíssima, então
aprenderão com Ela a amar a Deus e a rejeitar as seduções do mal,
por isso escondeu por tanto tempo o Tratado da Verdadeira
Devoção, que nos ensina quem é Nossa Senhora e qual sua
missão no processo de nossa santificação e salvação, como
devemos nos entregar e consagrar a Ela, para que Ela tenha a
liberdade de nos formar na fé e nos consolidar no amor a Jesus
Cristo Nosso Senhor.
No diário da Divina Misericórdia de Santa Faustina Kowalska, Jesus
dizia à santa que da Polônia faria surgir uma centelha, através da
qual incendiaria o mundo. Sem dúvida, essa centelha foi São João
Paulo II, que em sua vida e doutrina nos deu a síntese de Montfort e
Fátima.
São João Paulo II tornou-se uma centelha que incendiou o mundo,
sobretudo no que se refere à sua devoção e consagração a Nossa
Senhora.Ele fez perceber pelo seu exemplo e doutrina a
importância e o lugar de Nossa Senhora na vida dos cristãos e de
toda a Igreja. Colocou a base para uma profunda e extensa
divulgação de Total Consagração, uma vez que leu o Tratado e fez a
Consagração Total quando ainda era seminarista e adotou como
lema de seu pontificado o “Totus Tuus”, resumo de sua total entrega
a Mãe de Deus. Recomendando a todos que fizessem essa
consagração, escreveu à família Monfortana pedindo que não se
“deixasse escondido esse tesouro de graça”.
Tomando consciência do plano e da estratégia de Deus para salvar
o seu povo e dar cumprimento à profecia, derrotando o inimigo de
nossa salvação, compete a nós hoje, nas pegadas de São Luís de
Montfort, respondendo ao apelo de Fátima a exemplo de São João
Paulo II, fazer de tudo para conhecer, viver e divulgar a Total
Consagração para que venha logo o prometido Triunfo do
Imaculado Coração e o Reinado de Jesus Cristo Nosso Senhor.
O demônio teve grande pavor e ódio do Tratado da Verdadeira
Devoção, o que o levou a escondê-lo por 130 anos, façamos nós o
contrário! Trabalhemos para difundi-lo em todo o mundo, levando
todos à Escola do Imaculado Coração onde o mundo compreenderá
aquilo que não somos capazes de explicar, e entender o que não
somos capazes de fazer compreender com palavras. Que todos
amem a Jesus com toda a força, com toda alma, com todo coração
e com todo entendimento. Que Ele reine no mundo e em nossos
corações.
Trabalhemos para que se cumpra a profecia!
Padre Rodrigo Maria
escravo inútil da Santíssima Virgem
Anexo VI
Decretum Contra Communismum
Papa Pio XII
Decreto do Santo Ofício de 1949
Q. 1 Utrum licitum sit, partibus communistarum nomen dare vel
eisdem favorem praestare.
(Acaso é lícito dar o nome ou prestar favor aos partidos
comunistas?).
R. Negative: Communismum enim est materialisticus et
antichristianus; communistarum autem duces, etsi verbis quandoque
profitentur se religionem non oppugnare, se tamen, sive doctrina
sive actione, Deo veraeque religioni et Ecclesia Christi sere infensos
esse ostendunt.
(Não. O comunismo, com efeito, é materialista e anti-cristão; e os
chefes comunistas, incluso se às vezes por palavra professam não
combater a religião, na realidade sem embargo, tanto na doutrina
como na ação, se mostram hostis à Deus, à verdadeira religião e à
Igreja de Cristo.)
Q. 2 Utrum licitum sit edere, propagare vel legere libros, periodica,
diaria vel folia, qual doctrine vel actioni communistarum
patrocinantur, vel in eis scribere.
(Acaso é lícito publicar, propagar ou ler livros, diários ou folhas que
defendam a ação ou a doutrina dos comunistas, ou escrever
nelas?).
R. Negative: Prohibentur enim ipso iure
(Não: estão proibidos, com efeito, pelo próprio direito - cf. CIC, can.
1399).
Q. 3 Utrum Christifideles, qui actus, de quibus in n.1 et 2, scienter et
libere posuerint, ad sacramenta admitti possint.
(Se os cristãos que realizarem concientemente e livremente, as
ações conforme os n°s 1 e 2 podem ser admitidos aos
sacramentos?)
R. Negative, secundum ordinaria principia de sacramentis
denegandis iis, Qui non sunt dispositi
(Não, segundo os princípios de caráter geral referentes à negação
dos sacramentos aos que não têm a disposição requerida.)
Q. 4 Utrum Christifideles, Qui communistarum doctrinam
materialisticam et anti Christianam profitentur, et in primis, Qui eam
defendunt vel propagant, ipso facto, tamquan apostatae a fide
catholica, incurrant in excommunicationem speciali modo Sedi
Apostolicae reservatam.
(Se os fiéis de Cristo, que declaram abertamente a doutrina
materialista e anticristã dos comunistas, e, principalmente, a
defendam ou a propagam, "ipso facto" caem em excomunhão
("speciali modo") reservada à Sé Apostólica?)
R. Affirmative
(Sim.)
Esse decreto do Santo Ofício de Pio XII, que foi confirmado por
João XXIII em 1959, continua válido. Aliás, Pio XII trabalhou
pessoalmente contra o comunismo na Itália.
Tal condenação do comunismo se soma às condenações feitas por
Pio IX, Leão XIII, São Pio X, Pio XI, Pio XII (ele também condenou
em outras oportunidades), João XXIII, Paulo VI, Concílio Vaticano II
(reiterou as condenações precedentes) e João Paulo II.
A Igreja Católica condena o comunismo, socialismo e qualquer tipo
de materialismo e igualdade material. A pena para os que
desobedecem a proibição de ajudar o comunismo (ou suas
variantes) sob qualquer aspecto (incluindo a votação nos partidos
filo-comunistas) é a excomunhão automática.
"Socialismo religioso, socialismo cristão, são termos
contraditórios: ninguém pode ao mesmo tempo ser bom
católico e socialista verdadeiro" (Pio XI)
Anexo VII
Pecado Mortal
O pecado mortal (ou grave) é uma desobediência grave à Deus e à
sua Lei.
O pecado é mortal quando:
1- A matéria é grave (ou seja, quando se trata de algo importante)
2- Existe o conhecimento de causa (ou seja, quando a pessoa sabe
o que está fazendo)
3- Há a vontade deliberada (ou seja, quando se faz por querer)
Se faltar um desses três itens o pecado é leve ou venial.
O pecado mortal é assim chamado porque nos faz perder a graça
de Deus, ou seja, a comunhão com Deus, levando nossa alma a um
estado de morte.
Quem comete um pecado mortal, rompe por própria escolha a
amizade com Deus e coloca-se debaixo da julgo de satanás. É por
isso que a Bíblia diz que todo aquele que peca é do diabo (IJo. 3,8).
O pecado mortal é o maior mal e a maior desgraça que um ser
humano pode fazer nesta vida, justamente porque nos faz
perder nosso maior bem que é Deus.
Quem comete um pecado mortal torna-se réu de condenação e
merecedor do castigo eterno, de modo que se morrer nesse estado,
sem arrependimento, irá direto para o inferno.
Os pecados mortais mais comuns hoje são: faltar missa
dominical por preguiça ou comodismo, viver junto sem ser casado
(amasiados ou casados só no civil), pratica sexual fora do
casamento (adultério, fornicação, prática homossexual,etc),
pornografia (incluindo novelas com cenas imorais, BBBs, etc),
masturbação, namoro indecente, ter ódio das pessoas (quando se
deseja o mal ao próximo), frequentar falsas doutrinas (espiritismo,
macumbaria, maçonaria, magia, etc.), difamar e/ou caluniar
pessoas, inscrever-se ou votar em associações ou partidos
abortistas ou que defendem ideias gravemente contrárias à família
(como PT, PC do B, PSOL, PV, PSTU, PDT, etc.), praticar ou apoiar
a prática do aborto, evitar filhos por métodos artificiais (pílulas,
camisinhas, DIU, etc), embriagar-se ou fazer uso de drogas,
frenquentar festas ou shows mundanos (carnaval, discotecas,
boates, raves, bailes funks, etc.), etc….
A pessoa que está em estado de pecado mortal NÃO pode
comungar, pois a Santíssima Eucaristia é sacramento dos vivos, ou
seja, só pode comungar quem está na graça de Deus, sem pecados
mortais. Quem comunga estando em pecado mortal comete o
gravíssimo pecado do sacrilégio, ou seja, da profanação do
Santíssimo Corpo e Sangue de Deus.
Aquele se arrepende de seus pecados, por mais numerosos e
graves que sejam, poderá recuperar a graça de Deus e portanto a
amizade com Cristo, se arrependido confessar seus pecados com o
sacerdote e receber a absolvição sacramental (Jo. 20,22-23).
Quem morre em estado de pecado mortal se condena para sempre
ao inferno (Mt. 25, 41). Por isso devemos nos esforçar para amar a
Deus de verdade e fugir de todo pecado e de toda ocasião de
pecado, pois só se salvam aqueles que no momento de sua
morte estão na graça de Deus, ou seja, sem pecados mortais.
Mas se por fraqueza, ilusão ou orgulho cairmos em algum pecado
mortal, não devemos permanecer neste modo, fora da comunhão
com Deus… busquemos um sacerdote e contritos confessemos
nossos pecados. Deus não rejeita ninguém que arrependido lhe
suplica seu perdão. Devemos nos confessar com frequência
(quinzenalmente ou ao menos mensalmente) como ensina o Código
de Direito Canônico.
O amor de Deus é maior do que todos os nossos pecados, portanto
não há pecado que Deus não seja capaz de perdoar,desde que
haja arrependimento e verdadeiro propósito para deixar o
pecado e lutar para permanecer na comunhão com Deus.
Pe. Rodrigo Maria
escravo inútil da Santíssima Virgem
Anexo VII
CARTA DO PAPA JOÃO PAULO II
ÀS FAMÍLIAS MONFORTINAS
SOBRE A DOUTRINA DO SEU FUNDADOR
Aos Religiosos e às Religiosas
das Famílias Monfortinas
Um texto clássico da espiritualidade mariana
1. Há 160 anos foi publicada uma obra destinada a tornar-se um
clássico da espiritualidade mariana. São Luís Maria Grignion de
Montfort compôs o Tratado sobre a verdadeira devoção à Virgem
Santíssima no início de 1700, mas o manuscrito permaneceu
praticamente desconhecido por mais de um século. Quando
finalmente, quase por acaso, em 1842 foi descoberto e em 1843 foi
publicado, teve sucesso imediato, revelando-se uma obra de
eficiência extraordinária para a difusão da "verdadeira devoção" à
Virgem Santíssima. Eu próprio, nos anos da minha juventude, tirei
grandes benefícios da leitura deste livro, no qual "encontrei a
resposta às minhas perplexidades" devidas ao receio que o culto a
Maria, "dilatando-se excessivamente, acabasse por comprometer a
supremacia do culto devido a Cristo" (Dom e mistério, pág. 38). Sob
a orientação sábia de São Luís Maria compreendi que, quando se
vive o mistério de Maria em Cristo, esse risco não subsiste. O
pensamento mariológico do Santo, de facto, "está radicado no
Mistério trinitário e na verdade da Encarnação do Verbo de
Deus (ibid.).
A Igreja, desde as suas origens, e sobretudo nos momentos mais
difíceis, contemplou com particular intensidade um dos
acontecimentos da Paixão de Jesus Cristo, referido a São João:
"Junto à cruz de Jesus estavam, de pé, sua mãe e a irmã de sua
mãe, Maria, a mulher de Clopas, e Maria Madalena. Então, Jesus,
ao ver ali de pé a sua mãe e o discípulo que Ele amava, disse à
mãe: "Mulher, eis o teu filho!". Depois, disse ao discípulo: "Eis a tua
mãe!". E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como
sua" (Jo 19, 25-27). Ao longo da sua história, o Povo de Deus
experimentou esta doação feita por Jesus crucificado: a doação da
sua Mãe. Maria Santíssima é verdadeiramente a nossa Mãe, que
nos acompanha na nossa peregrinação de fé, esperança e caridade
rumo à união cada vez mais intensa com Cristo, único salvador e
mediador da salvação (cf. Const. Lumen gentium, 60 e 62).
Como se sabe, no meu brasão episcopal, que é a ilustração
simbólica do texto evangélico acima citado, o mote Totus tuus está
inspirado na doutrina de São Luís Maria Grignion de Montfort
(cf. Dom e mistério, págs. 38-39: Rosarium Virginis Mariae, 15).
Estas duas palavras exprimem a pertença total a Jesus por meio de
Maria: "Tuus totus ego sum, et omnia mea tua sunt", escreve São
Luís Maria; e traduz: "Eu sou todo teu, e tudo o que é meu te
pertence, meu amável Jesus, por meio de Maria, tua Santa
Mãe" (Tratado sobre a verdadeira devoção, 233). A doutrina deste
Santo exerceu uma profunda influência sobre a devoção mariana de
muitos fiéis e sobre a minha própria vida. Trata-se de uma doutrina
vivida, de grande profundidade ascética e mística, expressa com um
estilo vivo e fervoroso, que usa com frequência imagens e símbolos.
A partir do tempo em que São Luís Maria viveu, a teologia mariana
contudo desenvolveu-se muito, sobretudo mediante o contributo
decisivo do Concílio Vaticano II. Por conseguinte, hoje, deve ser lida
novamente e interpretada à luz do Concílio a doutrina monfortina,
que conserva de igual modo a sua substancial validade.
Com esta Carta, gostaria de partilhar convosco, Religiosos e
Religiosas das Famílias Monfortinas, a meditação de alguns trechos
dos escritos de São Luís Maria, que nos ajudam nestes momentos
difíceis a alimentar a nossa confiança na meditação da Mãe do
Senhor.
Ad Iesum per Mariam
2. São Luís Maria propõe com singular eficiência a contemplação
amorosa do mistério da Encarnação. A verdadeira devoção mariana
é cristocêntrica. Com efeito, como recordou o Concílio Vaticano II, "a
Igreja, meditando piedosamente na Virgem, e contemplando-a à luz
do Verbo feito homem, penetra mais profundamente, cheia de
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html
https://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/apost_letters/documents/hf_jp-ii_apl_20021016_rosarium-virginis-mariae.html
respeito, no insondável mistério da Encarnação" (Const. Lumen
gentium, 65).
O amor de Deus mediante a união a Jesus Cristo é a finalidade de
qualquer devoção autêntica, porque como escreve São Luís Maria
Cristo "é o nosso único mestre e deve instruir-nos, o nosso único
Senhor do qual devemos depender, a nossa única Cabeça à qual
devemos permanecer unidos, o nosso único modelo com o qual nos
devemos conformar, o nosso único médico que nos deve curar, o
nosso único pastor que nos deve alimentar, o nosso único caminho
que nos deve vivificar e o nosso único tudo, em todas as coisas, que
nos deve satisfazer" (Tratado sobre a verdadeira devoção, 61).
3. A devoção à Santa Virgem é um meio privilegiado "para encontrar
Jesus Cristo, para o amar com ternura e para o servir com
fidelidade" (Tratado sobre a verdadeira devoção, 62). Este desejo
central de "amar com ternura" é imediatamente dilatado numa
fervorosa oração a Jesus, pedindo a graça de participar na indizível
comunhão de amor que existe entre Ele e a sua Mãe. A relatividade
total de Maria a Cristo, e, n'Ele, à Santíssima Trindade, é antes de
mais experimentada na observação: "Todas as vezes que pensas
em Maria, Maria louva e honra contigo a Deus. Maria é toda relativa
a Deus, e eu chamá-la-ia muito bem a relação de Deus, que existe
unicamente em relação a Deus, o eco de Deus, que não diz e não
repete a não ser Deus. Se dizes Maria, ela repete Deus. Santa
Isabel louvou Maria e proclamou-a bem-aventurada porque
acreditou. Maria o eco fiel de Deus entoou: Magnificat anima mea
Dominum: a minha alma louva ao Senhor. Aquilo que Maria fez
naquela ocasião, repete-o todos os dias. Quando é louvada, amada,
honrada ou recebe algo, Deus é louvado, Deus é amado, Deus
recebe pelas mãos de Maria e em Maria" (Tratado sobre a
verdadeira devoção, 225).
É ainda na oração à Mãe do Senhor que São Luís Maria exprime a
dimensão trinitária da sua relação com Deus: "Saúdo-te Maria, Filha
predileta do Pai eterno! Saúdo-te Maria, Mãe admirável do Filho!
Saúdo-te Maria, Esposa fidelíssima do Espírito Santo!" (Segredo de
Maria, 68). Esta tradicional expressão, já usada por São Francisco
de Assis (cf. Fontes Franciscanas, 281), mesmo contendo níveis
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html
heterogéneos de analogia, é sem dúvida eficaz para exprimir de
certa forma a peculiar participação de Nossa Senhora na vida da
Santíssima Trindade.
4. São Luís Maria contempla todos os mistérios da Encarnação que
se realizou no momento da Anunciação. Assim, no Tratado sobre a
verdadeira devoção, Maria é apresentada como "o verdadeiro
paraíso terrestre do Novo Adão", a "terra virgem e imaculada" pela
qual Ele foi plasmado (n. 261). Ela é também a Nova Eva, associada
ao Novo Adão na obediência que repara a desobediência original do
homem e da mulher (cf. ibid., 53; Santo Ireneu Adversus
haereses, III 21, 10-22, 4). Por meio desta obediência, o Filho de
Deus entra no mundo. A mesma Cruz já está misteriosamente
presente no momento da Encarnação, no momento em que Jesus é
concebido no seio de Maria. Com efeito, o ecce venio, da Carta aos
Hebreus (cf. 10, 5-9) é o acto primordial da obediência do Filho ao
Pai, aceitação do seu Sacrifício redentor "quando entra no mundo".
"Toda a nossa perfeição escreve São Luís Maria Grignion de
Montfort consiste em ser conformes, unidos e consagrados a Jesus
Cristo. Por isso, a mais perfeita de todas as devoções é
incontestavelmente a que nos conforma, une e consagra mais
perfeitamente a Jesus Cristo. Mas, sendo Maria a criatura mais
conforme a Jesus Cristo, tem-se como resultado que, entre todas as
devoções, aque consagra e conforma mais uma alma a nosso
Senhor é a devoção a Maria, sua Mãe santa, e que quanto mais
uma alma estiver consagrada a Maria, tanto mais estará consagrada
a Jesus Cristo" (Tratado sobre a verdadeira devoção, 120).
Dirigindo-se a Jesus, São Luís Maria exprime como é maravilhosa a
união entre o Filho e a Mãe: "Ela é de tal forma transformada em ti
pela graça, que não vive mais, não existe mais: és unicamente Tu,
meu Jesus, que vives e reinas nela... Ah! se conhecêssemos a
glória e o amor que tu recebes nesta maravilhosa criatura... Ela está
tão intimamente unida... De facto, ela ama-te mais ardentemente e
glorifica-te mais perfeitamente do que todas as outras criaturas
juntas" (Ibid., 63).
Maria, membro eminente do Corpo místico e Mãe da Igreja
5. Segundo as palavras do Concílio Vaticano II, Maria "é saudada
como membro eminente e inteiramente singular da Igreja, seu tipo e
exemplar perfeitíssimo na fé e na caridade" (Const. Lumen
gentium, 53). A Mãe do Redentor é também redimida por ele, de
maneira única na sua Imaculada Conceição, e precedeu-nos
naquela escuta crente e cheia de amor da Palavra de Deus que nos
torna bem-aventurados (cf. ibid., 58). Também por isso, Maria "está
intimamente unida à Igreja: a Mãe de Deus é a figura (typus) da
Igreja, como já ensinava Santo Ambrósio, isto é, na ordem da fé, da
caridade e da união perfeita com Cristo. De facto, no mistério da
Igreja, que é também chamada justamente mãe e virgem, a Bem-
Aventurada Virgem Maria é a primeira, dando de modo eminente e
singular o exemplo de virgem e de mãe" (Ibid., 63). O próprio
Concílio contempla Maria como Mãe dos membros de
Cristo (cf. ibid., 53; 62), e assim Paulo VI a proclamou Mãe da
Igreja. A doutrina do Corpo místico, que exprime de maneira mais
forte a união de Cristo com a Igreja, é também o fundamento bíblico
desta afirmação. "A cabeça e os membros pertencem à mesma
mãe" (Tratado sobre a verdadeira devoção, 32), recorda-nos São
Luís Maria. Neste sentido, dizemos que, por obra do Espírito Santo,
os membros estão unidos e conformados com Cristo Cabeça, Filho
do Pai e de Maria, de tal modo que "qualquer verdadeiro filho da
Igreja deve ter Deus como Pai e Maria como Mãe" (Segredo de
Maria, 11).
Em Cristo, Filho unigénito, somos realmente filhos do Pai e, ao
mesmo tempo, filhos de Maria e da Igreja. Com o nascimento
virginal de Jesus, de certa forma é toda a humanidade que renasce.
À Mãe do Senhor "podem ser aplicadas, de maneira mais
verdadeira de quanto São Paulo as aplica a si mesmo, estas
palavras: "Meus filhos, por quem sinto outra vez dores de parto, até
que Cristo se forme entre vós" (Gl 4, 19). Dou à luz todos os dias os
filhos de Deus, enquanto não estiver formado neles Jesus Cristo,
meu Filho, na plenitude da sua idade" (Tratado sobre a verdadeira
devoção, 33). Esta doutrina encontra a sua expressão mais bela na
oração: "Oh! Espírito Santo, concede-me uma grande devoção e
uma grande inclinação para Maria, um apoio sólido sobre o seu seio
materno e um recurso assíduo à sua misericórdia, para que, nela, tu
possas formar Jesus dentro de mim" (Segredo de Maria, 67).
Uma das expressões mais nobres da espiritualidade de São Luís
Maria Grignion de Montfort refere-se à identificação do fiel com
Maria no seu amor por Jesus, no seu serviço a Jesus.
Meditando o conhecido texto de Santo Ambrósio: A alma de Maria
esteja em cada um para glorificar o Senhor, o espírito de Maria
esteja em cada um para exultar em Deus (Expos. in Luc., 12,
26: PL 15, 1561), ele escreve: "Como é feliz uma alma quando...
está totalmente arrebatada e guiada pelo espírito de Maria, que é
um espírito doce e forte, zeloso e prudente, humilde e corajoso, puro
e fecundo" (Tratado sobre a verdadeira devoção, 258). A
identificação mística com Maria está totalmente dirigida para Jesus,
como se exprime na oração: "Por fim, minha querida e amadíssima
Mãe, se for possível, faz com que eu não tenha outro espírito a não
ser o teu para conhecer Jesus Cristo e os seus desejos divinos; que
não tenha outra alma a não ser a tua para louvar e glorificar o
Senhor; que não tenha outro coração a não ser o teu para amar
Deus com caridade pura e ardente como tu" (Segredo de Maria, 68).
A santidade perfeição da caridade
6. A Constituição Lumen gentium recita ainda: "Mas, ao passo que,
na Santíssima Virgem, a Igreja alcançou já aquela perfeição sem
mancha nem ruga que lhe é própria (cf. Ef 5, 27), os fiéis ainda têm
de trabalhar por vencer o pecado e crescer na santidade; e por isso
levantam os olhos para Maria, que brilha como modelo de virtudes
sobre toda a família dos eleitos" (n. 65). A santidade é perfeição da
caridade, daquele amor a Deus e ao próximo que é o objecto do
maior mandamento de Jesus (cf. Mt 22, 38), e é também o maior
dom do Espírito Santo (cf. 1 Cor 13, 13). Assim, nos
seus Cânticos, São Luís Maria apresenta sucessivamente aos fiéis a
excelência da caridade (Cântico 5), a luz da fé (Cântico 6) e a
firmeza na esperança (Cântico 7).
Na espiritualidade monfortina, o dinamismo da caridade é expresso
especialmente através do símbolo da escravidão do amor a Jesus a
exemplo e com a ajuda materna de Maria. Trata-se da comunhão
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html
plena na kenosis de Cristo; comunhão vivida com Maria,
intimamente presente nos mistérios da vida do Filho. "Não há nada
entre os cristãos que faça pertencer de maneira mais absoluta a
Jesus Cristo e à sua Santa Mãe como a escravidão da vontade,
segundo o exemplo do próprio Jesus Cristo, que assumiu as
condição de escravo por amor a nós formam servi accipiens e da
Santa Virgem, que se considerou serva e escrava do Senhor. O
apóstolo honra-se do título de servus Christi. Várias vezes, na
Sagrada Escritura, os cristãos são chamados servi Christi" (Tratado
sobre a verdadeira devoção, 72). De facto, o Filho de Deus, que
veio ao mundo em obediência ao Pai na Encarnação (cf. Hb 10, 7),
humilhou-se depois fazendo-se obediente até à morte, e morte de
Cruz (cf. Fl 2, 7-8). Maria correspondeu à vontade de Deus com o
dom total de si, corpo e alma, para sempre, desde a Anunciação até
à Cruz, e da Cruz até à Assunção.
Certamente, entre a obediência de Cristo e a obediência de Maria
existe uma assimetria determinada pela diferença ontológica entre a
Pessoa divina do Filho e a pessoa humana de Maria, do que deriva
também a exclusividade da eficiência salvífica fontal da obediência
de Cristo, da qual a sua própria Mãe recebeu a graça para poder
obedecer de modo total a Deus e assim colaborar com a missão do
seu Filho.
Por conseguinte, a escravidão de amor deve ser interpretada à luz
do admirável intercâmbio entre Deus e a humanidade no mistério do
Verbo encarnado. É um verdadeiro intercâmbio de amor entre Deus
e a sua criatura na reciprocidade da doação total de si. "O espírito
desta devoção... é tornar a alma interiormente dependente e
escrava da Santíssima Virgem e de Jesus por meio dela" (Segredo
de Maria, 44). Paradoxalmente, este "vínculo de caridade", esta
"escravidão de amor" torna o homem plenamente livre, com a
verdadeira liberdade dos filhos de Deus (cf. Tratado sobre a
verdadeira devoção, 169). Trata-se de se entregar totalmente a
Jesus, respondendo ao Amor com que Ele nos amou primeiro.
Qualquer pessoa que viver neste amor pode dizer como São
Paulo: "Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim" (Gl 2,
20).
A "peregrinação da fé"
7. Na Novo millennio ineunte escrevi que "se alcança Jesus
unicamente pelo caminho da fé" (n. 19). Foi precisamente este o
caminho seguido por Maria durante toda a sua vida terrena, e é o
caminho da Igreja peregrina até ao fim dos tempos. O Concílio
Vaticano II insistiu muito sobre a fé de Maria, misteriosamente
partilhada pela Igreja, pondo em realce o itinerário de Nossa
Senhora desde o momento da Anunciação até ao momento da
Paixão redentora (cf. Const. Lumen gentium, 57 e 67; Carta
enc. Redemptoris Mater, 25-27).
Nos escritos de São Luís Maria encontramos a mesmaênfase sobre
a fé vivida pela Mãe de Jesus num caminho que vai da Encarnação
até à Cruz, uma fé na qual Maria é modelo e tipo da Igreja. São Luís
Maria expressa-o com riqueza de imagens quando expõe ao seu
leitor os "efeitos maravilhosos" da perfeita devoção mariana:
"Portanto, quanto mais ganhares a benevolência desta venerável
Princesa e Virgem fiel, tanto mais o teu comportamento de vida
estará inspirado pela fé pura. Uma fé pura, portanto não te
preocuparás minimamente de quanto é sensível e extraordinária.
Uma fé viva e animada pela caridade, que te fará agir unicamente
com motivo do amor puro. Uma fé firme e inabalável como uma
rocha, que te fará permanecer firme e constante no meio de
furacões e de tempestades. Uma fé laboriosa e penetrante que,
como misteriosa chave polivalente, te fará entrar em todos os
mistérios de Jesus Cristo, nos fins últimos do homem e no coração
do próprio Deus. Uma fé corajosa, que te fará empreender e
concretizar sem hesitações coisas grandes para Deus e para a
salvação das almas. Por fim, uma fé que será a tua chama ardente,
a tua vida divina, o teu tesouro escondido da Sabedoria divina e a
tua arma omnipotente, com a qual esclarecerás todos os que são
tíbios e têm necessidade do ouro ardente da caridade, darás de
novo vida aos que morreram por causa do pecado, comoverás e
perturbarás com as tuas palavras suaves e fortes os corações de
pedra e os cedros do Líbano e, por fim, resistirás ao demónio e a
todos os inimigos da salvação" (Tratado sobre a verdadeira
devoção, 214).
https://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/apost_letters/documents/hf_jp-ii_apl_20010106_novo-millennio-ineunte.html
http://www.vatican.va/edocs/POR0063/_INDEX.HTM
Como São João da Cruz, São Luís Maria insiste principalmente
sobre a pureza da fé e sobre a sua essencial e muitas vezes
dolorosa obscuridade (cf. Segredo de Maria, 51, 52). É a fé
contemplativa que, renunciando às coisas sensíveis ou
extraordinárias, penetra nas profundezas misteriosas de Cristo.
Assim, na sua oração, São Luís Maria dirige-se à Mãe do Senhor
dizendo: "Não te peço visões ou revelações, nem gostos ou delícias,
mesmo só espirituais... Aqui na terra, eu quero que me pertença
unicamente o que tu quiseres, isto é: crer com fé pura sem nada
provar ou ver" (ibid., 69). A Cruz é o momento culminante da fé que
Maria tem, como escrevi na Encíclica Redemptoris Mater: "Maria
participa mediante a fé no mistério desconcertante desse
despojamento... Isso constitui, talvez, a mais profunda "kenosis" da
fé na história da humanidade" (n. 18).
Sinal de esperança certa
8. O Espírito Santo convida Maria a "reproduzir-se" nos seus eleitos,
alargando até eles as raízes da sua "fé invencível", mas também da
sua "firme esperança" (cf. Tratado sobre a verdadeira devoção, 34).
O Concílio Vaticano II recordou quanto segue: "A Mãe de Jesus,
assim como, glorificada já em corpo e alma, é imagem e início da
Igreja que se há-de consumar no século futuro, assim também, na
terra, brilha como sinal de esperança segura e de consolação, para
o Povo de Deus ainda peregrinante, até que chegue o dia do Senhor
(Const. Lumen gentium, 68). Esta dimensão escatológica é
contemplada por São Luís Maria sobretudo quando fala dos "santos
dos últimos tempos", formados pela Virgem Santa para levar à Igreja
a vitória de Cristo sobre as forças do mal (cf. Tratado sobre a
verdadeira devoção, 49-59). Não se trata de modo algum de uma
forma de "milenarismo", mas do sentido profundo da índole
escatológica da Igreja, ligada à unicidade e universalidade salvífica
de Jesus Cristo. A Igreja espera a vinda gloriosa de Jesus no fim
dos tempos. Como Maria e com Maria, os santos são na Igreja e
para a Igreja, para fazer resplandecer a sua santidade, para alargar
até aos confins do mundo e até ao fim dos tempos a obra de Cristo,
único Salvador.
http://www.vatican.va/edocs/POR0063/_INDEX.HTM
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html
Na antífona Salve Regina, a Igreja chama a Mãe de Deus "nossa
Esperança". A mesma expressão é usada por São Luís Maria a
partir de um texto de São João Damasceno, que aplica a Maria o
símbolo bíblico da âncora (cf. Hom. 1ª in Dorm. B.V.M.: PG 96, 719):
"Nós unimos as almas a ti, nossa esperança, como a uma âncora
firme. A ela afeiçoaram-se em maior medida os santos que se
salvaram e fizeram afeiçoar os outros, para que perseverassem na
virtude. Portanto, bem-aventurados, infinitamente bem-aventurados
os cristãos que hoje se mantêm unidos a ela fiel e totalmente como
a uma âncora firme" (Tratado sobre a verdadeira devoção, 175).
Através da devoção a Maria, o próprio Jesus "alarga o coração com
uma santa confiança em Deus, fazendo com que ele seja visto como
Pai e inspirando um amor terno e filial" (Ibid., 169).
Juntamente com a Virgem Santa, com o mesmo coração de mãe, a
Igreja reza, espera e intercede pela salvação de todos os homens.
São as últimas palavras da constituição Lumen gentium: "Dirijam
todos os fiéis instantes súplicas à Mãe de Deus e mãe dos homens,
para que ela, que assistiu com as suas orações aos começos da
Igreja, também agora, exaltada sobre todos os anjos e bem-
aventurados, interceda, junto de seu Filho, na comunhão de todos
os santos, até que todos os povos, tanto os que ostentam o nome
cristão, como os que ainda ignoram o Salvador, se reúnam
felizmente, em paz e harmonia, no único Povo de Deus, para glória
da santíssima e indivisa Trindade" (n. 69).
Fazendo de novo meus estes votos, que juntamente com os outros
Padres Conciliares expressei há quase quarenta anos, envio a toda
a Família monfortina uma especial Bênção apostólica.
Vaticano, 8 de Dezembro de 2003, Solenidade da Imaculada
Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria.
PAPA JOÃO PAULO II
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html
Referências
Bíblia Ave Maria. 192ª edição, 2010, Editora Ave Maria.
Catecismo da Igreja Católica. Editora Loyola.
Papa Pio XII. Divinis Redemptoris, sobre o comunismo ateu.
Carta Enciclica, 19 de março de 1937.
Papa Pio XII. Decretum Contra Communismum, Santo Oficio, 1
de julho de 1949.
Frossard, André. “Não tenham medo”, entrevista com o Papa João
Paulo II, ed.Círculo do Livro, pág. 143-145.
Kowalska, Maria Faustina. Diário A Misericórdia Divina na Minha
Alma. 41ª edição, Editora Canção Nova.
Montfort, São Luís Grignion. Tratado da Verdadeira Devoção a
Santíssima Virgem. 22ª edição, 2016, Editora Opus Cordis Mariae.
Montfort, São Luís Grignion. O Segredo de Maria. 2016, Editora
Opus Cordis Mariae.
Pe. Lombaerde, Júlio Maria. O Segredo da Verdadeira Devoção
para com a Santíssima Virgem. Editora Opus Cordis Mariae, 1ºed.,
2016, págs. 176-185.
Adquira outros livros
Distribuidor no Brasil:
Opus Cordis Mariae - (19) 99116-0947
loja.totalconsagracao.com.br
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO
PRIMEIRA PARTE Conhecendo a Consagração
SEGUNDA PARTE Fundamentos e Características dessa Devoção
TERCEIRA PARTE Entrega Total dos Méritos
QUARTA PARTE Sobre o uso do termo Santa Escravidão e Escravos de Amor
QUINTA PARTE Sobre a espiritualidade e escolhas cotidianas
SEXTA PARTE Sobre a preparação para a Consagração , a cerimônia , o uso das correntes e outros
Considerações Finais
Anexos
ANEXO I
ANEXO II
ANEXO III
ANEXO IV
ANEXO V
Anexo VI
Anexo VII
Anexo VII
Referências
Adquira outros livros