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1 HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXA NA EMERGÊNCIA INTRODUÇÃO • Se refere à perda sanguínea originada de um local distal ao ligamento de Treitz (transição duodenojejunal), suspeitada quando os pacientes se queixam de hematoquezia (saída de sangue avermelhado ou coágulos sanguíneos pelo reto). • As causas possíveis podem ser agrupadas em algumas categorias: • Anatômica (diverticulose) • Vascular (angiodisplasia, isquêmica, induzida por radiação) • Inflamatória (doença inflamatória intestinal, infecção) • Neoplasia. • Diverticulose: É causa mais comum de hemorragia digestiva baixa. • Se caracteriza por uma protusão em forma de saco da parede do cólon, à medida que o divertículo se forma, o vaso penetrante se separa do lúmen intestinal apenas pela mucosa; esses vasos apresentam um adelgaçamento, provavelmente por lesão crônica, o que pode resultar em fraqueza da artéria e predispor à ruptura no lúmen. • A maior parte dos casos (75%) ocorrem no lado esquerdo do cólon e, quando presentes no lado direito, geralmente acometem o cólon esquerdo de forma associada. • O sangramento geralmente é indolor, porém pode haver desconforto abdominal devido aos espasmos do cólon diante do sangue intraluminal. Na maior parte dos casos o sangramento é autolimitado, porém a taxa de recidiva para aqueles que não se submetem à cirurgia é de cerca de 40%. • Fatores de risco para sangramento diverticular: uso de aspirina e AINE, idade avançada, obesidade, sedentarismo, hipertensão, cardiopatia isquêmica, insuficiência renal crônica e hiperlipidemia. ETIOLOGIA • Angiodisplasia: Refere-se a vasos submucosos dilatados e tortuosos. • Mais comum em idosos. • A perda de sangue é indolor e pode ser por hematoquezia ou melena, mas é mais frequentemente oculta, manifestada por pesquisa de sangue oculto positiva ou anemia ferropriva. • Colite: Representa uma inflamação da mucosa, em resposta à lesão (infecção, isquemia, doença inflamatória intestinal). • Os pacientes podem apresentar dor abdominal, hematoquezia (com ou sem diarreia), febre e desidratação. • Na endoscopia, pode haver edema, friabilidade, eritema e ulceração. • Neoplasia de cólon: É uma causa menos comum, porém grave, de hemorragia digestiva baixa, representando cerca de 10% dos casos em pacientes com mais de 50 anos. • O sangramento ocorre por erosão ou ulceração da neoplasia, sendo geralmente de pouca quantidade, porém recorrente. • Sangue vermelho vivo sugere lesões do cólon esquerdo; lesões do lado direito podem se apresentar sangue marrom ou melena. • Distúrbios anorretais diversos: Hemorroidas são veias submucosas dilatadas no ânus, que geralmente são assintomáticas, mas podem apresentar hematoquezia, trombose, estrangulamento ou prurido. • São frequentes, principalmente em menores de 50 anos, porém o sangramento costuma ser menor. • Outras lesões podem ocorrer, como úlceras retais únicas, fissuras anais e varizes retais. • Telangiectasia por radiação: Ocorre devido aos danos da radioterapia dos cânceres abdominais e pélvicos, podendo levar a um sangramento gastrointestinal menor como complicação precoce ou tardia. • Após biópsia ou polipectomia: Geralmente o sangramento é autolimitado, embora possa ocorrer sangramento arterial ativo. • Pode ocorrer até três semanas após o procedimento, provavelmente devido à descamação da cicatriz coagulada 2 HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXA NA EMERGÊNCIA QUADRO CLÍNICO • Hematoquezia na maioria das vezes, podendo ser sangue vermelho-vivo, vermelho-marrom ou coágulos sanguíneos. • É importante excluir uma hemorragia alta maciça em pacientes instáveis que apresentem hematoquezia. • HDB: SANGRAMENTO ABAIXO DO ÂNGULO DE TREITZ (JEJUNO, ILEO, COLON, RETO E ÂNUS) • ESTABILIZAR • AFASTAR HDA MACIÇA (EDA) • EDA NORMAL-> PARTIR PRA INVESTIGAÇÃO • MAIS COMUM DE ENCONTRAR NA EDA: ANGIODISPLASIA E DOENÇA DIVERTICULAR DOS CÓLONS. MANEJO INICIAL • Inclui medidas de suporte gerais, reposição volêmica e manejo de medicamentos utilizados. • Pacientes de alto risco, como instabilidade hemodinâmica, sangramento persistente, idade avançada, comorbidades significativas, com história prévia de sangramento devem ser acompanhados em UTI. • Muito importante acompanhar os dados laboratoriais do paciente para avaliar a necessidade de transfusão de hemoderivados; porém, os limiares específicos para transfusão variam muito de acordo com o cenário clínico e a decisão deve ser individualizada. • A decisão sobre o manejo de anticoagulantes e antiplaquetários, além da transfusão de plasma fresco e plaquetas também deve ser individualizada; sempre levar em consideração os medicamentos utilizados, o TP e RNI, e as comorbidades do paciente. • Objetivo de avaliar a gravidade do sangramento e verificar se pode ser originado no trato digestivo superior. Deve-se coletar história, realizar exame físico e laboratoriais; realizar EDA ou lavagem nasogástrica, se necessário. • Perguntar sobre uso de medicamentos como AINES, anticoagulantes, antiplaquetários. • Presença de dor abdominal ao exame físico sugere alguma etiologia inflamatória, colite isquêmica ou infecciosa ou uma perfuração. • Achado de instabilidade hemodinâmica ou sangue-vivo na lavagem nasogástrica sugerem origem da hemorragia no trato superior – sempre pesquisar! ESTUDOS DIAGNÓSTICOS • Diante da exclusão de hemorragia digestiva alta, a colonoscopia é o exame inicial, tanto para diagnóstico, como para tratamento. • Outros procedimentos podem ser úteis, como angio-TC e a angiografia mesentérica. • Colonoscopia: • Capaz de coletar amostras patológicas, além da intervenção terapêutica. • Tem a desvantagem de necessitar de preparo intestinal, má visualização se não houver boa preparação, além dos riscos da sedação. • A fonte de sangramento é visualizada em 45 a 90% dos casos. • Pode-se não visualizar um sangramento ativo, deve-se fazer um diagnóstico de presunção (e não descartar), diante do quadro clínico. • INDICAÇÕES DE CIRURGIA EM PACIENTE COM HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXA • Sangramento persistente por mais de 72 h • Sangramento recorrente severo com intervalo menor que 1 semana • Persistência da instabilidade hemodinâmica apesar das ressuscitações agressivas • Necessidade de mais de seis concentrados de hemácias OBSERVAÇÕES • Alguns pacientes podem apresentar parada da hemorragia, o que dificulta a identificação do local da fonte. • Devem permanecer em observação por 24 a 48 horas. • Não se deve fazer uso de vasodilatadores, anticoagulantes e/ou trombolíticos para ajudar no diagnóstico; esses métodos são usados em casos muito específicos e apenas por centros especializados. 3 HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXA NA EMERGÊNCIA • O tratamento específico do sangramento depende da fonte, porém em muitos casos a hemorragia pode ser controlada no momento da colonoscopia ou angiografia
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