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ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL E COGNITIVO COMO ESTRATÉGIA PARA PROMOVER O BEM-ESTAR EM ZOO

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XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. 
 
ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL E COGNITIVO COMO 
ESTRATÉGIA PARA PROMOVER O BEM-ESTAR EM UM GRUPO 
DE Sapajus flavius (Schreber, 1774) (CEBINAE, PRIMATES) 
 
Juliana Ribeiro de Albuquerque 
1
, Leonardo César de Oliveira Melo
 2
 e Maria Adélia Borstelmann de Oliveira
 3
 
 
 
Introdução 
Os zoológicos têm como propostas promover a educação, conservação, pesquisa e recreação (Wemmer, 2006) e entre 
as suas ações se incluem as que promovem o bem-estar de animais (Broon e Molento, 2004) com a utilização do 
enriquecimento ambiental (Pizzuto et al.,2009). De acordo com Del-Claro (2004) é muito importante que animais 
mantidos em zoológicos tenham seu recinto enriquecido com algum objeto ou detalhe que lhes permitam exercitarem 
alguns de seus instintos básicos. O macaco-prego-galego, Sapajus flavius (Schreber, 1774) (Figura 1) é uma espécie de 
primata redescoberta há alguns anos e se caracteriza por possuir pelos de coloração que varia do amarelo-camurça a 
castanho amarelado, não apresentando contraste marcado entre a cor do corpo e das extremidades dos membros e a 
cauda (Valença-Montenegro, 2011). Segundo Oliveira e Langguth (2006) a espécie S. flavius esta distribuída 
geograficamente ao longo da Floresta Atlântica do Nordeste brasileiro, ocorrendo entre os Estados do Rio Grande do 
Norte e Alagoas. Considerando-se a importância da realização de programas de conservação em zoológicos, este 
estudo objetivou identificar e descrever a influência do enriquecimento ambiental e cognitivo no comportamento de 
macacos-prego-galegos cativos, visando o bem-estar, a reabilitação e a reprodução do grupo de animais para posterior 
soltura de indivíduos e/ou grupos na natureza. 
 
Material e métodos 
A. Área de estudo 
O estudo foi realizado no zoológico do Parque Estadual Dois Irmãos (PEDI), Recife-PE. O parque tem uma área de 
384,42 hectares, sendo 14 hectares ocupados pelo zoológico do Recife, no qual vivem cerca de 690 animais entre aves, 
répteis e mamíferos distribuídos em 127 espécies, tanto nativas do Brasil quanto exóticas e sua reserva ecológica é 
considerada uma das maiores áreas de Mata Atlântica de Pernambuco (Pedi, 2013). 
 
B. Os animais e características do recinto 
O grupo de S. flavius alvo desta pesquisa e pertencente ao plantel do zoológico do PEDI, era formado por quatro 
animais - dois machos, um jovem e um adulto e duas fêmeas, uma jovem e uma adulta – mantidos em um recinto 
retangular telado, presente na ala dos primatas, com aproximadamente 6m de comprimento, 4,5m de largura e 5m de 
altura. Este recinto apresentava um cambiamento (abrigo feito de alvenaria), para proteção dos animais contra as 
intempéries, um abrigo feito de cordas trançadas, que permitia maior contato com o meio externo, cordas penduradas 
para permitir o deslocamento ao longo do recinto e troncos secos (Figura 2). 
 
C. O enriquecimento ambiental e cognitivo 
O enriquecimento ambiental e cognitivo foi realizado no recinto de S. flavius nos dias 13 e 14 de julho de 2011. Foram 
utilizados para esse fim plantas da Família Myrtaceae (jabuticabeiras) e novelos feitos de cipós incrementados com 
ração no primeiro dia. Para o segundo dia, foram colocadas caçabas no recinto. A coleta de dados foi feita utilizando-
se o método ad libitum, ou seja, fazendo-se registros de todos os comportamentos que os animais exibiam. Segundo 
Del-Claro (2004) essa técnica de amostragem à vontade é vantajosa, pois permite o registro de comportamentos 
fortuitos, raros ou inesperados e a qualificação dos comportamentos para a elaboração de um repertório 
comportamental. 
 
Resultados e discussão 
No primeiro dia, O macho adulto e um dos jovens que não foi possível identificar o sexo morderam e manipularam os 
novelos (Figura 3), tentando quebrá-los com batidas sobre as cordas para deslocamento objetivando retirar a ração 
inserida, enquanto a fêmea adulta e o outro animal jovem se deslocavam pelo recinto. O macho jovem saltou sobre as 
 
1
 Aluna do Programa de Pós-graduação (mestrado) em Ciência Animal Tropical da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manuel de 
Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife-PE, Cep. 52171-900. E-mail: albuquerque_juliana@hotmail.com 
2
 Mestre em Biologia Animal pela Universidade Federal de Pernambuco e biólogo do Parque Estadual Dois Irmãos. Praça Farias Neves s/n, Dois Irmãos, 
Recife-PE, Cep. 52171-011. 
3
 Laboratório de Ecofisiologia e Comportamento Animal. Professora associada III do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal da Universidade 
Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manuel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife-PE, Cep. 52171-900. 
 
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. 
 
jabuticabeiras enquanto os demais foram indiferentes em relação a elas. No segundo dia todos os animais 
manipularam as caçabas, quebrando-as com batidas para retirar as sementes (Figura 3). Demonstraram um interesse 
aparente nas plantas pulando sobre elas, arrancando suas folhas, cheirando-as, além de permanecerem em constante 
deslocamento ao longo do recinto. Muhle e Bicca-Marques (2008) em pesquisa realizada com primatas da espécie 
Alouatta guariba clamitans identificaram um aumento na locomoção das fêmeas sob influência de enriquecimento 
ambiental, entretanto, o mesmo padrão não foi registrado para o macho, discordando dos nossos resultados visto que 
os animais avaliados em nosso estudo, de ambos os sexos, se deslocaram de forma permanente no recinto. Moraes et 
al. (2012) em estudo com outro mamífero da espécie Arctocephalus tropicalis, verificou que a inclusão de objetos ou 
itens, com a finalidade de estimular a cognição, através da manipulação e exploração, promoveu a redução de 
estereotipias. Durante as observações do grupo de S. flavius não foram vistos comportamentos estereotipados. Del-
Claro (2004) afirma que um ambiente inadequado para a manutenção de animais pode causar prejuízos à integridade 
física e mental desses, além de provocar nos animais comportamentos estereotipados. 
 
Agradecimentos 
A Gerência do Parque Estadual Dois Irmãos por permitir o desenvolvimento desta pesquisa. 
 
Referências 
Broom, D. M. e Molento, C. F. M. Bem-estar animal: conceito e questões relacionadas – revisão. Archives of 
Veterinary Science v.9, n.2, p.1-11, 2004 
 
Del-Claro, K. Comportamento Animal: uma introdução à ecologia comportamental. Editora-livraria Conceito, 2004. 
132 p. 
 
Moraes, K. L.; Santos, J. L.; Moura, L. I.; Reisfeld, L. C.; Pereira, T. S. M. e Moraes, K. S. Enriquecimento ambiental 
e comportamento em cativeiro do lobo marinho subantártico (Arctocephalus tropicalis) (Gray, 1872) no aquário de 
São Paulo. Revista Ceciliana Jun 4(1): 90-96, 2012. 
 
Muhle, C. B. e Bicca-Marques, J. C. Influências do enriquecimento ambiental sobre o comportamento de bugios-
ruivos (Alouatta guariba clamitans) em cativeiro. In: Ferrari, S. F e Rímoli, J. A Primatologia no Brasil – volume 9. 
Sociedade Brasileira de Primatologia, 2008. p 38-48. 
 
Oliveira, M. M e Langguth, A. Rediscovery of Marcgrave’s Capuchin Monkey and Designation of a neotype for 
Simia flavia Schreber, 1774 (Primates, Cebidae). Boletim do Museu Nacional - Nova Série Zoologia-, Rio de Janeiro, 
n.523, p.1-16, jul. 2006. 
 
Pedi, 2013. Disponível em < http://www.portaisgoverno.pe.gov.br/web/parque-dois-irmaos/sobre-o-parque >. Acesso 
em 29 de setembro de 2013. 
 
Pizzuto, C. S.; Sgai, M. G. F. G. e Guimarães, M. A. B. V. O enriquecimento ambiental como ferramenta para 
melhorar a reprodução e o bem-estar de animais cativos. Rev. Bras. Reprod. Anim., Belo Horizonte, v.33, n.3, p.129-
138, jul./set. 2009. 
 
Valença-Montenegro, M. M. Ecologia de Cebus flavius (Schreber, 1774) em remanescentes de Mata Atlântica no 
estado da Paraíba. Universidade de São Paulo, 2011. 131 p. Tese de doutorado.Wemmer, C. Manual Técnico do Zoológico – 3ª edição: Sociedade dos Zoológicos do Brasil, 179 p. 2006. 
 
http://www.portaisgoverno.pe.gov.br/web/parque-dois-irmaos/sobre-o-parque
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. 
 
 
Figura 1: Macaco-prego-galego, Sapajus flavius, pertencente ao grupo de estudo se deslocando sobre uma corda no Parque 
Estadual Dois Irmãos, Recife-PE, em julho de 2011. 
 
 
Figura 2: Vista frontal do recinto do grupo de macacos-prego-galegos, Sapajus flavius alvo do estudo (A), abrigo feito de cordas 
trançadas localizado no canto superior direito do recinto (B) e vista lateral do recinto, com o cambiamento ao fundo (C). 
 
 
Figura 3: Macaco-prego-galego macho adulto sobre um tronco seco, manipulando um novelo de cipós incrementado com ração (A) 
e um macho jovem tentando quebrar uma caçaba sobre uma das cordas para deslocamento no recinto (B), no Parque Estadual Dois 
Irmãos, Recife-PE, em julho de 2011.

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