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408 ciÊncias da natureZa e suas tecnologias Biologia IV Anual – Volume 1 Certas doenças, como no caso do câncer, surgem por causa de mutações genéticas ou gênicas que atingem as células da linhagem germinativa, como os gametas, sendo, portanto, hereditárias. Porém, em outros casos, as mutações atingem somente células da linhagem somática, não sendo, por isso, hereditárias. Dessa forma, concluímos que nem toda doença genética é hereditária. As características adquiridas são as promovidas integralmente pela ação de fatores do ambiente. Uma pessoa que nasceu geneticamente normal para a capacidade de enxergar, por exemplo, pode fi car cega, caso seja infestada pelo verme Onchocerca volvulus, um nematoide transmitido por moscas negras. As características congênitas são as que se apresentam desde o nascimento, independentemente de sua causa ser genética (hereditária) ou ambiental (adquirida). Se durante a gravidez uma mulher adquirir sífi lis, por exemplo, a bactéria poderá atingir o embrião e a criança nascerá com anomalias (congestão nasal, erupção bolhosa, desprendimento da pele, hepatomegalia, distúrbios esqueléticos, entre outras), assim, teremos uma característica congênita adquirida. Mas se o indivíduo já nascer com fenilcetonúria, doença genética de herança autossômica recessiva, na qual há falta de uma enzima capaz de metabolizar o aminoácido fenilalanina, assim, teremos uma característica congênita hereditária. Cruzamento-teste e retrocruzamento O objetivo do cruzamento-teste é saber se o indivíduo de fenótipo dominante possui genótipo homozigoto ou heterozigoto. Para realizá-lo, é preciso cruzar o indivíduo de fenótipo dominante com um de fenótipo recessivo. A escolha deste deve-se ao fato de que ele possui somente um tipo de genótipo, formado por dois alelos recessivos. Vamos agora avaliar, utilizando a característica forma da semente da ervilha-de-cheiro: P: X F 1 : Semente lisa R? 1ª Possibilidade Todos os descendentes têm sementes lisas Semente rugosa rr 2ª Possibilidade 50% dos descen- dentes têm sementes lisas e 50%, rugosas. Após realizar o cruzamento-teste, poderemos ter duas possibilidades. Na primeira, houve a formação de 100% de descendentes com sementes lisas. Isto ocorre, pois, o indivíduo parental (P) de fenótipo dominante só produz provavelmente gametas com o alelo R, sendo possivelmente RR. Semente lisa Semente rugosa Meiose Meiose Tipo de gameta Tipo de gameta RR R Rr Todos os descendentes têm sementes lisas. r rr X Na segunda, houve a formação de 50% de descendentes com fenótipo dominante e 50% com fenótipo recessivo. Isto ocorre, pois, o indivíduo parental de fenótipo dominante produz dois tipos de gametas, um com o alelo R e o outro com o alelo r. Semente lisa Semente rugosaX Rr rr Meiose Meiose Tipos de gametas Tipo de gameta r Rr: Sementes lisasR rr: Sementes rugosasr O retrocruzamento consiste em cruzar descendentes (geração fi lial) com ascendentes (geração parental). Cruzamento-teste somente é sinônimo de retrocruzamento quando se cruza um descendente com fenótipo dominante com um ascendente de fenótipo recessivo. Variações da Primeira Lei de Mendel Alterações nas proporções fenotípicas na Primeira Lei de Mendel Numa herança de uma característica determinada por um par de alelos com relação de dominância e recessividade, quando se cruza dois heterozigóticos, podemos observar que a: • Proporção fenotípica = 3 dominantes: 1 recessivo; • Proporção genotípica = 1 homozigoto dominante: 2 heterozigotos: 1 homozigoto recessivo. Entretanto, em determinados experimentos com características determinadas por um par de alelos, a proporção fenotípica nem sempre ocorria, no entanto, a proporção genotípica continuava a mesma. Nessas situações, não há redução e nem invalidação dos princípios estabelecidos por Mendel, mas sua ampliação. Em todos eles, os pares de alelos separam-se na formação dos gametas, indo um alelo de cada par para um gameta diferente. Dessa forma, a Primeira Lei de Mendel continua válida. Dominância incompleta A dominância incompleta representa uma situação na qual o indivíduo heterozigoto (para um par de alelos) possui um fenótipo intermediário, em termos quantitativos, entre o fenótipo dos dois indivíduos homozigóticos, não havendo uma relação de dominância e recessividade entre os alelos do gene relacionado à característica. O fenótipo intermediário não manifesta nenhum dos fenótipos dos indivíduos homozigóticos, mas sim um terceiro fenótipo com suas particularidades. Esses casos de dominância incompleta também podem ser denominados de ausência de dominância, semidominância ou herança intermediária. Dessa forma, a proporção genotípica (1:2:1) é igual à fenotípica (1:2:1), pois cada genótipo manifesta um fenótipo diferente. Um exemplo desse tipo de herança é a cor das fl ores da maravilha (Mirabilis jalapa). Elas podem ser vermelhas, brancas ou róseas. Plantas que produzem fl ores cor-de-rosa são heterozigotas, enquanto os outros dois fenótipos são devido à condição homozigota. Supondo que o gene V determine a cor vermelha e o gene B, a cor branca, teríamos: VV = fl or vermelha / BB = fl or branca / VB = fl or cor-de-rosa 409 ciÊncias da natureZa e suas tecnologiasBiologia IV Anual – Volume 1 Nesses casos, nos quais não há dominância de um alelo em relação ao outro, certos autores usam, para nomear os alelos, a primeira letra escrita em maiúsculo do fenótipo de cada indivíduo homozigótico (B para fenótipo branco e V para fenótipo vermelho). Vamos analisar agora a herança da cor da fl or na planta conhecida como maravilha. Neste caso, há plantas com flores vermelhas, róseas e brancas. Observe agora os seguintes cruzamentos: Geração P: X Geração F 1 : Geração F 2 : Agora analisando os resultados genotípicos da geração F 1 e F 2 , teríamos: P: Flor Branca B B Flor vermelha V BV cor-de-rosa BV cor-de-rosa V VBcor-de-rosa VB cor-de-rosa F1 = 100% VB (fl ores cor-de-rosa) Cruzando, agora, duas plantas heterozigotas (fl ores cor-de-rosa), teríamos: F1 Flor cor-de-rosa V B Flor cor-de-rosa V VVVermelha BV cor-de-rosa B VBcor-de-rosa BB Branca F2 = Genótipos: 1/4 VV, 1/2 VB, 1/4 BB Fenótipos: 1/4 plantas com fl ores vermelhas; 1/2 plantas com fl ores cor-de-rosa; 1/4 plantas com fl ores brancas. Na geração parental, as fl ores de maravilha são vermelhas e brancas. A primeira geração de descendentes (F 1 ) não apresenta o fenótipo vermelho nem o branco, mas um fenótipo intermediário róseo. O fenótipo vermelho decorre de um par de alelos VV, o fenótipo branco decorre de um par de alelos BB, e o fenótipo róseo, de um par de alelos VB. Dessa maneira, para os fenótipos vermelho e branco essa planta é homozigótica, enquanto para o fenótipo róseo ela é heterozigótica. Na autofecundação das flores róseas da geração F 1 , originam-se, na geração F 2 , plantas que produzem fl ores vermelhas, fl ores róseas e fl ores brancas, em uma proporção fenotípica que é igual à genotípica: Proporção dos genótipos – 1VV : 2VB : 1BB ↓ ↓ ↓ Proporção dos fenótipos – 1 vermelha : 2 róseas : 1 branca Codominância A codominância representa a situação na qual dois alelos diferentes de um gene se expressam no indivíduo heterozigoto, e este, portanto, apresentará de forma bem nítida, ambos os fenótipos dos indivíduos homozigóticos. Nesses casos, o heterozigoto não apresenta um fenótipo intermediário, mas sim os dois fenótipos simultaneamente. Como exemplo, temos a herança da cor da pelagem no gado da raça Shorthon. Os indivíduos homozigóticos VV possuem pelagem vermelha, os homozigóticos BB possuem pelagem branca, e os heterozigóticos VB possuem fenótipo chamado ruão, no qual pelos brancos alternam-se com pelos vermelhos. Podemos observar, no cruzamento a seguir, os possíveis resultados do cruzamento entre indivíduos de pelagem ruão. Ruão VB × Ruão VB ↓↓ Gametas Gametas V B V VV VB B VB BB • Proporção genotípica: 1 4 VV : 2 4 VB : 1 4 BB • Proporção fenotípica: 1 4 2 4 1 4 vermelho ru o branco: :ã Ru ud M or ijn /1 23 RF /E as yp ix Gado ruão, branco com manchas vermelhas, sendo um caso de codominância. Alelos letais Os alelos letais são aqueles que promovem a morte de seus portadores. O alelo letal que se manifesta com apenas uma cópia no genótipo, será considerado dominante, mas, caso só se manifeste com duas cópias, será considerado recessivo. Os alelos letais completos são os que matam seus portadores antes que atinjam idade reprodutiva. Já os alelos semiletais são os que permitem a sobrevivência de alguns portadores além da idade reprodutiva. A evidência desses alelos letais foi sugerida pela primeira vez em 1905, a partir das experimentações do geneticista francês Cuénot, logo após o redescobrimento dos trabalhos de Mendel. Cuénot estudava a herança da cor do pelo de camundongos, que é determinada por um par de alelos com relação de dominância completa. O alelo A para pelagem amarela e o alelo a para pelagem cinza, também denominada de aguti ou selvagem. Ele verifi cou que todos os camundongos amarelos eram heterozigóticos, os agutis eram homozigóticos recessivos e que não havia camundongos amarelos homozigóticos. Ao cruzar camundongos amarelos entre si, esse pesquisador obtinha uma proporção fenotípica de 2 amarelos para 1 aguti (2 : 1), não ocorrendo a proporção mendeliana clássica de 3 : 1. 410 ciÊncias da natureZa e suas tecnologias Biologia IV Anual – Volume 1 Para Cuénot, a explicação para o fato era de que o espermatozoide com o alelo A, para amarelo, não fecundava o óvulo A. Esta explicação foi rechaçada posteriormente por outros pesquisadores. Estes chegaram à correta conclusão de que os embriões amarelos homozigóticos formam-se, mas não se desenvolvem, pois, o alelo responsável por pelo amarelo em dose dupla é letal, provocando a morte do embrião no útero. Observe que o alelo A em dose dupla era letal, ou seja, provocava a morte dos indivíduos. Assim, apesar de ser dominante para a cor do pelo, esse alelo é recessivo para a letalidade, pois apenas em homozigose provoca a morte do indivíduo. Vale também destacar que o alelo A está associado à manifestação da pelagem amarela, como também à morte, tratando-se de um efeito pleiotrópico. A pleotropia é o fenômeno no qual, um determinado alelo, ao se expressar, condiciona mais de um efeito fenotípico. A a ÓvulosEspermatozoides AaAa Fêmea amarelaMacho amarelo Geração P: Geração F1: Abortado AA Amarelo Aa Amarelo Aa Cinzento aa Gametas A a Esquema do cruzamento entre camundongos amarelos. O alelo que determina a cor amarela é letal, em dose dupla, e por isso não existe camundongos amarelos homozigóticos. (Elementos representados em diferentes escalas; cores-fantasia). Há também na espécie humana alelos letais que provocam a morte do portador durante o período de desenvolvimento embrionário, logo após o nascimento ou mesmo após alguns anos de vida. A acondroplasia é o tipo mais comum de nanismo, sendo causado por um alelo autossômico dominante em que a cabeça e o tronco possuem proporções normais e os braços e as pernas são bem curtos. Pessoas com acondroplasia são heterozigotas (Aa) e indivíduos sem o problema têm genótipo aa. O indivíduo de genótipo AA apresenta deformações tão acentuadas nos ossos que, comumente, morrem pouco tempo após o nascimento. Podemos também citar a doença de Tay-Sachs, degeneração progressiva do sistema nervoso em torno dos seis meses de idade causada por um alelo autossômico recessivo. Os indivíduos afetados morrem no início da infância, entre dois e quatro anos de idade. Já na doença de Huntington, os sintomas se manifestam tardiamente, entre 20 e 50 anos de idade. Nessa patologia, ocorre degeneração nervosa, com tremores generalizados e sinais de deterioração mental, sendo progressivos e irreversíveis, levando à morte dentro de 15 anos. Como ela se manifesta um tanto tardiamente, os seus portadores habitualmente casam-se e transmitem o alelo autossômico dominante aos seus descendentes, contribuindo para a disseminação da doença. O xeroderma pigmentoso é uma doença causada por um alelo autossômico recessivo, se manifestando na infância. Se caracteriza por uma alteração pigmentar da pele que culmina em câncer de pele em áreas expostas ao sol. A braquidactilia é outra doença genética causada por alelo letal. Os portadores desta anomalia apresentam os dedos das mãos muito curtos. Os indivíduos normais são bb, e os afetados são BB ou Bb. Os indivíduos BB, no entanto, morrem ao nascer, somente sobrevivem os heterozigóticos. Nos casos de herança que envolvem alelos letais, observam-se as mais variadas proporções genotípicas e fenotípicas, conforme o alelo letal seja dominante ou recessivo. Heredogramas (árvores genealógicas, genealogias ou pedigrees) Processos reprodutivos em organismos experimentais proporcionam muitos exemplos de herança monogênica, ou seja, para um par de alelos. No caso da espécie humana, em que não se pode realizar experiências com cruzamentos dirigidos, a determinação do padrão de herança das características depende de levantamentos do histórico das famílias em que certas características aparecem. Isso permite ao geneticista saber se uma dada característica é ou não hereditária e de que modo ela é herdada. Estes levantamentos dos registros de reproduções são chamados de heredogramas ou árvores genealógicas ou genealogias, ou pedigrees. Assim, na construção desses heredogramas, um membro de uma família que primeiro chama a atenção de um geneticista denomina-se probando, propósito ou caso índice. A pessoa que traz à família a atenção para a consulta a um geneticista é denominada de consulente. Em geral, o fenótipo do propósito é discrepante de algum modo, podendo sofrer de algum tipo de distúrbio clínico. O pesquisador então traça a história do fenótipo por meio da história da família e desenha uma árvore genealógica, ou heredograma, usando os símbolos padrão fornecidos na fi gura a seguir. 411 ciÊncias da natureZa e suas tecnologiasBiologia IV Anual – Volume 1 Homem Mulher Reprodução Pais e filhos: 1 menino; 1 menina (em ordem de nascimento) Dizigóticos (gêmeos não idênticos) Monozigóticos (gêmeos idênticos) Sexo não especificado Número de filhos do sexo indicado Indivíduos afetados Heterozigotos para autossômico recessivo Portadora de recessivo ligado ao sexo Aborto ou natimorto (sexo não especificado) Morte 1 1 2 2 3 I II Propósito ou probando Método de identificar pessoas em um heredograma: aqui o propósito é a criança 2 na geração II, ou II-2 Casamento consanguíneo SÍMBOLOS DE HEREDOGRAMAS Para a elaboração de um heredograma, temos que nos tentar para algumas normas: 1. Em cada casal, o homem deve ser colocado à esquerda, e a mulher, à direita, sempre que for possível. 2. Os fi lhos devem ser colocados em ordem de nascimento, da esquerda para a direita. 3. Cada geração que se sucede é indicada por algarismos romanos (I, II, III etc.). Dentro de cada geração, os indivíduos são indicados por algarismos arábicos, da esquerda para a direita. Outra possibilidade é se indicar todos os indivíduos de um heredograma por algarismos arábicos, começando-se pelo primeiro da esquerda, da primeira geração. Herança autossômica dominante CARACTERÍSTICAS DA HERANÇA AUTOSSÔMICA DOMINANTE • O fenótipo geralmente aparece em todas as gerações, com cada uma das pessoas afetadas possuindo um genitor afetado. As exceções, ou aparentes exceções, a essa regra na genética clínica são (1) casos originados de mutações recentes em um gameta de um genitor fenotipicamente normal e (2) casos nos quais o distúrbio não é expresso (não penetrante) ou só é expresso de modo sutil em uma pessoa que o alelo mutante responsável. • Qualquer fi lho de um genitorafetado tem 50% de risco de herdar a característica. Isso é verdadeiro para a maioria das famílias, nas quais o outro genitor é fenotipicamente normal. Uma vez que estatisticamente cada membro da família é o resultado de um “evento independente“, um amplo desvio da proporção esperada de 1:1 pode ocorrer por acaso em uma única família. • Membros fenotipicamente normais das famílias não transmitem o fenótipo para os seus fi lhos. O fracasso da penetrância ou a expressão sutil de uma condição podem levar a aparentes exceções a essa regra. • Homens e mulheres têm iguais probabilidades de transmitir o fenótipo a crianças de ambos os sexos. Em particular, a transmissão homem a homem pode ocorrer, e os homens podem ter fi lhas não afetadas. • Uma significativa proporção de casos isolados se deve a uma nova mutação. Quanto menor a adequação, maior é a proporção devida a uma nova mutação. NUSSBAUM, Robert; MCINNES, Roderick; WILLARD, Huntington. Thompson & Thompson, genética médica. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008; p. 133. I. II. III. IV. Heredograma típico de uma herança autossômica dominante. Herança autossômica recessiva CARACTERÍSTICAS DA HERANÇA AUTOSSÔMICA RECESSIVA • O fenótipo autossômico recessivo, ao surgir em mais de um membro de uma família, tipicamente só é observado nos irmãos do probando, não nos genitores, descendentes ou outros parentes. • Para a maioria dos distúrbio autossômico recessivos, os homens e as mulheres têm a mesma probabilidade de serem afetados. • O genitores de uma criança afetada são portadores assintomáticos de alelos mutantes. • Os genitores da pessoa afetada podem, em alguns casos, ser consanguíneos. Isso é especialmente provável se o gene responsável pela condição for raro na população. • O risco de recorrência para cada irmão do probando é de 1 em 4. NUSSBAUM, Robert; MCINNES, Roderick; WILLARD, Huntington. Thompson & Thompson, genética médica. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008; p. 129. I. II. III. IV. Heredograma típico de uma herança autossômica recessiva. 412 ciÊncias da natureZa e suas tecnologias Biologia IV Anual – Volume 1 I. II. III. IV. Heredograma mostrando um caso de consanguinidade promovendo a formação de descendente com doença genética. Herança de genes mitocondriais (em organelas ou uniparental ou materna) CARACTERÍSTICAS DA HERANÇA DE GENES MITOCONDRIAIS • Como apenas os óvulos passam as mitocôndrias aos descendentes, apenas as mulheres transmitirão os genes mitocondriais aos seus fi lhos do sexo masculino e feminino. • Somente as fi lhas passarão os genes aos seus descendentes masculinos e femininos. Dessa forma, os genes serão transmitidos apenas pela linhagem materna. • Caso um casal só tenha fi lhos do sexo masculino, seus genes mitocondriais recebidos da mãe, não poderão ser passados aos descendentes. I. II. III. HEREDOGRAMA DE UMA DOENÇA MITOCONDRIAL Esse heredograma mostra que uma doença mitocondrial humana é herdada apenas da mãe. Como exemplos de doenças mitocondriais, causadas por genes mitocondriais, temos: epilepsia mioclônica, encefalomiopatias mitocondriais, doença de Leigh e neuropatia óptica hereditária de Leber. Exercícios Resolvidos 01. No heredograma abaixo, aparecem indivíduos afetados (símbolo escuros) por alguma anomalia determinada por um par de alelos. Pelo estudo desse heredograma, podemos concluir se a anomalia é dominante ou recessiva? Podemos determinar o genótipo dos indivíduos? 2 3 41 5 6 7 8 9 121110 13 Resolução: Se observarmos o heredograma, podemos concluir que a anomalia é condicionada por um alelo recessivo a, pois o cruzamento de dois indivíduos normais (7 e 8) deu origem a uma fi lha afetada (11, aa). Dessa forma, os indivíduos 7 e 8 são portadores de alelo a, e, como não são afetados, têm genótipos Aa. Os indivíduos 2 e 3, por sua vez, são também afetados, possuindo, ambos, genótipo aa. Dessa forma, todos os fi lhos de 2 e 3 terão que apresentar pelo menos um alelo a, e, como esses fi lhos 5, 6, 7, 8 e 9 não são afetados, concluímos que eles apresentam genótipo Aa. Em relação aos indivíduos 10, 12 e 13, não podemos determinar se são AA ou Aa. 02. O problema a seguir foi proposto pela Fuvest (SP). Com base na genealogia abaixo, responda: 2 3 = Portadores de uma anomalia = Normais 4 1 A anomalia é acusada por um alelo dominante ou recessivo? Resolução: Quando se pretende determinar se um fenótipo é causado por alelo recessivo ou dominante, é necessário procurar primeiramente os cruzamentos entre indivíduos de mesmo fenótipo e dos quais resulte pelo menos um descendente de fenótipo diferente dos pais. Esse fenótipo diferente será determinado por alelos recessivos, indicando que seus pais são heterozigóticos. 1 Aa Aa aa Na geneologia em questão vamos encontrar essa situação no cruzamento 1, em que pais com anomalia tiveram um fi lho normal. Pela análise desse cruzamento já é possível responder que a anomalia é acusada por um alelo dominante. 03. (Fuvest-SP) Uma mulher normal, cujo pai apresentava surdo-mudez de herança autossômica recessiva, casou-se com um homem normal, cuja mãe era surda-muda. Quais os possíveis genótipos e os fenótipos correspondentes na prole desse casal? Resolução: O problema trata de um simples caso de herança mendeliana, explicado pela Primeira Lei. Com base nos dados fornecidos, podemos montar a seguinte genealogia: Pai surdo-mudo Mãe surda-muda Mulher normal ? ? Fenótipos? Genótipos? Homem normal ×× Mãe (sem informação) Pai (sem informação) Tendo montado a genealogia, colocam-se os genótipos. Para facilitar, colocamos primeiramente os genótipos que correspondem a fenótipos recessivos, pois estes são sempre homozigóticos. Neste caso, o recessivo é o surdo-mudo (ss). Em seguida, colocamos um alelo dominante nos indivíduos de fenótipo dominante; neste caso, fenótipo normal. Depois, é só completar os genótipos dos indivíduos da genealogia. 413 ciÊncias da natureZa e suas tecnologiasBiologia IV Anual – Volume 1 Lembre-se de que os indivíduos de fenótipo dominante podem ser homozigótico (SS) ou heterozigóticos (Ss). Escreve-se S_ sempre que não houver certeza de tratar-se de SS ou de Ss. Embora o problema não esclareça, estes indivíduos são normais, pois, se não fossem, não poderiam cruzar com surdos-mudos e ter fi lhos normais. No entanto, não se sabe se eles são SS ou Ss. ? S_ Ss Ss ssss S_ Estes indivíduos são heterozigóticos, pois: • são normais, o que signifi ca que possuem pelo menos um alelo S; • são fi lhos de mãe ou pai surdo-mudo, o que signifi ca que herdaram um alelo s. O problema pede os possíveis genótipos e fenótipos da prole do cruzamento de Ss com Ss. Assim: Ss Ss Genótipos: Fenótipos: normais : surdos-mudos3 4 1 2 1 SS : Ss : ss 4 4 4 1 4 Aconselhamento genético Não Parentes Consanguíneos Aa A 100% normal ������������������ ��� 3/4 normais 1/4 afetado AA Aa AA Aa Aa a A A AAAA AaAa AaAa aaaa a aA O aconselhamento genético é um procedimento realizado pelo médico geneticista. Este procedimento clínico inclui o diagnóstico de doença genética numa determinada família. A estimativa do risco de recorrência para os membros da família, a indicação de tratamento disponível e as orientações de conduta para o paciente com distúrbio genético. Os casamentos consanguíneos, ou seja, casamentos entre pessoas da mesma família, merecem destaque na atuação do médico no processo de aconselhamento genético. Suponha que um alelo recessivo a, raro na população, determine alguma doença genética. Poucas pessoas serão portadoras desse alelo, isto é, terão genótipo Aa. Como o alelo defeituoso é recessivo, o indivíduo Aa é normal. Se esse indivíduo se casar com uma pessoa de outra família, esta pessoa, muito provavelmente, será AA, pois o alelo a, sendo raro, é encontrado em poucas famílias. Desse casamento (Aa com AA) nascerão fi lhos normais (AA ou Aa). Entretanto, se o indivíduo Aa se casarcom um parente, a probabilidade de esse parente também ser Aa é maior do que no casamento anterior, pois o alelo a está presente nessa família. O casamento Aa com Aa terá probabilidade de 1/4 (25%) de fi lhos aa, portadores do distúrbio genético. Exercícios de Fixação 01. (Unicamp/2018) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas nas defi nições a seguir. I. __________ é o conjunto de toda a informação genética de um organismo. II. __________ é um trecho do material genético que fornece instruções para a fabricação de um produto gênico. III. __________ é a constituição de alelos que um indivíduo possui em um determinado loco gênico. IV. __________ é a correspondência que existe entre códons e aminoácidos, relativa a uma sequência codifi cadora no DNA. A) I. Código genético; II. Alelo; III. Homozigoto; IV. Gene. B) I. Genoma; II. Gene; III. Genótipo; IV. Código genético. C) I. Código genético; II. DNA; III. Genótipo; IV. tRNA. D) I. Genoma; II. Código genético; III. Homozigoto; IV. tRNA. 02. (Unicamp/2018) Para um determinado caráter, fenótipo é o conjunto de características que o organismo exibe como fruto de seu genótipo. No entanto, no molusco hermafrodita Lymnaea peregra, ocorre algo diferente. Neste animal, há dois tipos de fenótipo da concha (ver fi gura a seguir), que não são determinados pelo genótipo do próprio indivíduo. A prole formada pela fertilização de óvulos vindos de um parental com genótipos AA ou Aa tem conchas dextrógiras; já a prole formada pela fertilização de óvulos vindos de um parental tem conchas levógiras. Re pr od uç ão /U ni ca m p 20 18 Concha dextrógira Concha levógira Se óvulos de um molusco Aa forem fertilizados por espermatozoides de um molusco aa, as probabilidades de ocorrência de indivíduos Aa dextrógiros, Aa levógiros, aa dextrógiros e aa levógiros na prole resultante são, respectivamente, A) 1 4 , 1 4 , 1 4 e 1 4 B) 1 2 , 0, 0 e 1 2 C) 1 2 , 0, 1 2 e 0 D) 1, 0, 0 e 0