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PERGUNTA 1 1. Fez parte do projeto modernista a busca por uma "língua certa para o povo”, considerando a confluência do popular com o erudito. Um dos mais representativos poemas modernistas é “Evocação do Recife”, de Manuel Bandeira. Leia a seguir um fragmento desse poema. Evocação do Recife “Recife Não a Veneza americana Não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais Não o Recife dos Mascates Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois — Recife das revoluções libertárias Mas o Recife sem história nem literatura Recife sem mais nada Recife da minha infância (...) Rua da União... Como eram lindos os nomes das ruas da minha infância Rua do Sol (Tenho medo que hoje se chame do Dr. Fulano de Tal) Atrás de casa ficava a Rua da Saudade... ...onde se ia fumar escondido Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora... ...onde se ia pescar escondido (...) E o vendedor de roletes de cana O de amendoim que se chamava midubim e não era torrado era cozido Me lembro de todos os pregões: Ovos frescos e baratos Dez ovos por uma pataca Foi há muito tempo…”. BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira (poesias reunidas). 2. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1970. p. 114-117. Acerca do fragmento do poema, analise as afirmações a seguir. I. Na medida em que se utiliza de um vocabulário coloquial no poema, Manuel Bandeira critica a fala popular presente em Recife. II. O poema enaltece a cidade de Recife antes do turismo ou das influências estrangeiras, por isso menciona “Recife da minha infância”. III. A linguagem popular não deve ser considerada como cultura, por isso as ruas deveriam se chamar “Dr. Fulano de Tal”. IV. A língua certa para o povo é a língua popular, espontânea, por isso o eu-lírico menciona “o de amendoim que se chamava midubim”. Está correto o que se afirma em: a. I e III, apenas. b. II e IV, apenas. c. III e IV, apenas. d. I, II e III, apenas. e. I, II e IV, apenas. 3,33 pontos PERGUNTA 2 1. Na aula ministrada pelo professor Eucanaã Ferraz, no IMS Rio, além da análise do poema “Evocação do Recife”, são citadas outras produções de Manuel Bandeira, como o poema “Pneumotórax” e “Satélite”. Leia e avalie os fragmentos desses poemas a seguir. Texto 1 Satélite “Fim de tarde. No céu plúmbeo A Lua baça Paira Muito cosmograficamente Satélite. Desmetaforizada, Desmitificada, Despojada do velho segredo de melancolia, Não é agora o golfão de cismas, O astro dos loucos e dos enamorados, Mas tão-somente Satélite. Ah Lua deste fim de tarde, Demissionária de atribuições românticas, Sem show para as disponibilidades sentimentais! Fatigado de mais-valia, Gosto de ti assim: Coisa em si, – Satélite”. BANDEIRA, M. Satélite. In: BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p. 268. Texto 2 Pneumotórax “Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos. A vida inteira que podia ter sido e que não foi. Tosse, tosse, tosse. Mandou chamar o médico: — Diga trinta e três. — Trinta e três… trinta e três… trinta e três… — Respire. .................................................................................................................. — O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado. — Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax? — Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino”. BANDEIRA, M. De bolso: uma antologia poética. Porto Alegre: L&PM, 2009. p. 73. Realize uma análise comparativa dos fragmentos dos poemas, identificando as características da produção poética de Manuel Bandeira, e indique se as afirmativas a seguir são (V) Verdadeiras ou (F) Falsas. I. ( ) No poema “Satélite”, Manuel Bandeira busca a “poesia em si” e desmistifica a Lua, expondo-a como um satélite, diferente dos românticos e simbolistas. II. ( ) A Lua do poema “Satélite” não brilha à noite, por isso representa a idealização da Lua como “O astro dos loucos e dos enamorados.” III. ( ) Os poemas mostram uma arquitetura mais intuitiva, apresentam liberdade poética e o romantismo de Bandeira. IV. ( ) No poema “Pneumotórax”, a temática autobiográfica é apresentada com o humor típico da própria lírica de Bandeira. V. ( ) O verso “A única coisa a fazer é tocar um tango argentino” representa um sentido comemorativo, dando sentido à vida. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. a. V, F, F, V, F. b. F, F, V, V, F. c. V, V, V, F, V d. F, V, V, F, V. e. V, V, F, V, F. 3,34 pontos PERGUNTA 1 1. A obra considerada a mais representativa de João Cabral de Melo Neto é chamada “Morte e vida severina”, também conhecido como “Auto de Natal pernambucano” (1956). Ela narra a trajetória de Severino, retirante, do sertão ao litoral. O autor dedicou-se à cultura popular e à temática do trabalho e ao trabalhador. João Cabral de Melo Neto é um dos expoentes da poesia Modernista da Geração de 45 (3ª Geração). Leia um trecho a seguir. “— O meu nome é Severino, não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos, que é santo de romaria, deram então de me chamar Severino de Maria; como há muitos Severinos com mães chamadas Maria, fiquei sendo o da Maria do finado Zacarias. [...] E se somos Severinos iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte severina: que é a morte de que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia. [...] — Como aqui a morte é tanta, só é possível trabalhar nessas profissões que fazem da morte ofício ou bazar. [...] Desde que estou retirando, só a morte vejo ativa só a morte deparei e às vezes até festiva; só a morte tem encontrado quem pensava encontrar vida e o pouco que não foi morte foi de vida severina (aquela que é menos vivida que defendida, e ainda mais severina para o homem que retira).” MELO NETO, J. C. de. Morte e vida severina e outros poemas para vozes. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. p. 127. Considerando a obra, analise as afirmativas a seguir. I. O autor denuncia os problemas sociais do sertão nordestino, por meio dos retirantes que abandonam suas terras por causa da seca em busca de melhores condições. II. A fome e a morte estão tão presentes na vida dos “Severinos” que o poema menciona que as profissões possíveis são ligadas à morte. III. O poema “Morte e vida severina” desenvolve temas relacionados aos aspectos sociais, morais e políticos do sertão nordestino e enaltece o amor à pátria. IV. Ao mencionar uma “vida severina”, o poeta denuncia o sofrimento do povo nordestino, ou seja, é uma “vida miserável”. Está correto o que se afirma em: a. III e IV, apenas. b. I e III, apenas. c. I, II e III, apenas. d. I, II e IV, apenas. e. II e IV, apenas.
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