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Avaliativa Literatura e cultura semana3

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PERGUNTA 1 
1. Fez parte do projeto modernista a busca por uma "língua certa para o povo”, 
considerando a confluência do popular com o erudito. Um dos mais 
representativos poemas modernistas é “Evocação do Recife”, de Manuel 
Bandeira. Leia a seguir um fragmento desse poema. 
 
Evocação do Recife 
 
“Recife 
Não a Veneza americana 
Não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais 
 
Não o Recife dos Mascates 
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois 
— Recife das revoluções libertárias 
Mas o Recife sem história nem literatura 
Recife sem mais nada 
Recife da minha infância 
(...) 
Rua da União... 
Como eram lindos os nomes das ruas da minha infância 
Rua do Sol 
(Tenho medo que hoje se chame do Dr. Fulano de Tal) 
Atrás de casa ficava a Rua da Saudade... 
...onde se ia fumar escondido 
Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora... 
...onde se ia pescar escondido 
(...) E o vendedor de roletes de cana 
O de amendoim 
que se chamava midubim e não era torrado era cozido 
Me lembro de todos os pregões: 
Ovos frescos e baratos 
Dez ovos por uma pataca 
Foi há muito tempo…”. 
 
BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira (poesias reunidas). 2. ed. Rio de 
Janeiro: José Olympio, 1970. p. 114-117. 
 
Acerca do fragmento do poema, analise as afirmações a seguir. 
 
I. Na medida em que se utiliza de um vocabulário coloquial no poema, Manuel 
Bandeira critica a fala popular presente em Recife. 
II. O poema enaltece a cidade de Recife antes do turismo ou das influências 
estrangeiras, por isso menciona “Recife da minha infância”. 
III. A linguagem popular não deve ser considerada como cultura, por isso as ruas 
deveriam se chamar “Dr. Fulano de Tal”. 
IV. A língua certa para o povo é a língua popular, espontânea, por isso o eu-lírico 
menciona “o de amendoim que se chamava midubim”. 
 
Está correto o que se afirma em: 
 
a. I e III, apenas. 
 
b. II e IV, apenas. 
 
c. III e IV, apenas. 
 
d. I, II e III, apenas. 
 
e. I, II e IV, apenas. 
3,33 pontos 
PERGUNTA 2 
1. Na aula ministrada pelo professor Eucanaã Ferraz, no IMS Rio, além da análise 
do poema “Evocação do Recife”, são citadas outras produções de Manuel 
Bandeira, como o poema “Pneumotórax” e “Satélite”. 
 
Leia e avalie os fragmentos desses poemas a seguir. 
 
Texto 1 
 
Satélite 
 
“Fim de tarde. 
No céu plúmbeo 
A Lua baça 
Paira 
Muito cosmograficamente 
Satélite. 
Desmetaforizada, 
Desmitificada, 
Despojada do velho segredo de melancolia, 
Não é agora o golfão de cismas, 
O astro dos loucos e dos enamorados, 
Mas tão-somente 
Satélite. 
Ah Lua deste fim de tarde, 
Demissionária de atribuições românticas, 
Sem show para as disponibilidades sentimentais! 
Fatigado de mais-valia, 
Gosto de ti assim: Coisa em si, 
– Satélite”. 
 
 
BANDEIRA, M. Satélite. In: BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Rio de 
Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p. 268. 
 
Texto 2 
 
Pneumotórax 
“Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos. 
A vida inteira que podia ter sido e que não foi. 
Tosse, tosse, tosse. 
Mandou chamar o médico: 
— Diga trinta e três. 
— Trinta e três… trinta e três… trinta e três… 
— Respire. 
.................................................................................................................. 
— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito 
infiltrado. 
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax? 
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino”. 
 
BANDEIRA, M. De bolso: uma antologia poética. Porto Alegre: L&PM, 2009. p. 
73. 
 
Realize uma análise comparativa dos fragmentos dos poemas, identificando as 
características da produção poética de Manuel Bandeira, e indique se as 
afirmativas a seguir são (V) Verdadeiras ou (F) Falsas. 
 
I. ( ) No poema “Satélite”, Manuel Bandeira busca a “poesia em si” e 
desmistifica a Lua, expondo-a como um satélite, diferente dos românticos e 
simbolistas. 
II. ( ) A Lua do poema “Satélite” não brilha à noite, por isso representa a 
idealização da Lua como “O astro dos loucos e dos enamorados.” 
III. ( ) Os poemas mostram uma arquitetura mais intuitiva, apresentam 
liberdade poética e o romantismo de Bandeira. 
IV. ( ) No poema “Pneumotórax”, a temática autobiográfica é apresentada com 
o humor típico da própria lírica de Bandeira. 
V. ( ) O verso “A única coisa a fazer é tocar um tango argentino” representa um 
sentido comemorativo, dando sentido à vida. 
 
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. 
 
 
a. V, F, F, V, F. 
 
b. F, F, V, V, F. 
 
c. V, V, V, F, V 
 
d. F, V, V, F, V. 
 
e. V, V, F, V, F. 
3,34 pontos 
PERGUNTA 1 
1. A obra considerada a mais representativa de João Cabral de Melo Neto é 
chamada “Morte e vida severina”, também conhecido como “Auto de Natal 
pernambucano” (1956). Ela narra a trajetória de Severino, retirante, do sertão ao 
litoral. O autor dedicou-se à cultura popular e à temática do trabalho e ao 
trabalhador. João Cabral de Melo Neto é um dos expoentes da poesia 
Modernista da Geração de 45 (3ª Geração). 
 
Leia um trecho a seguir. 
 
“— O meu nome é Severino, 
não tenho outro de pia. 
Como há muitos Severinos, 
que é santo de romaria, 
deram então de me chamar 
Severino de Maria; 
como há muitos Severinos 
com mães chamadas Maria, 
fiquei sendo o da Maria 
do finado Zacarias. 
[...] 
E se somos Severinos 
iguais em tudo na vida, 
morremos de morte igual, 
mesma morte severina: 
que é a morte de que se morre 
de velhice antes dos trinta, 
de emboscada antes dos vinte, 
de fome um pouco por dia. [...] 
— Como aqui a morte é tanta, 
só é possível trabalhar 
nessas profissões que fazem 
da morte ofício ou bazar. 
[...] 
Desde que estou retirando, 
só a morte vejo ativa 
só a morte deparei 
e às vezes até festiva; 
só a morte tem encontrado 
quem pensava encontrar vida 
e o pouco que não foi morte 
foi de vida severina 
(aquela que é menos 
vivida que defendida, 
e ainda mais severina 
para o homem que retira).” 
 
MELO NETO, J. C. de. Morte e vida severina e outros poemas para vozes. 
4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. p. 127. 
 
Considerando a obra, analise as afirmativas a seguir. 
I. O autor denuncia os problemas sociais do sertão nordestino, por meio dos 
retirantes que abandonam suas terras por causa da seca em busca de melhores 
condições. 
II. A fome e a morte estão tão presentes na vida dos “Severinos” que o poema 
menciona que as profissões possíveis são ligadas à morte. 
III. O poema “Morte e vida severina” desenvolve temas relacionados aos 
aspectos sociais, morais e políticos do sertão nordestino e enaltece o amor à 
pátria. 
IV. Ao mencionar uma “vida severina”, o poeta denuncia o sofrimento do povo 
nordestino, ou seja, é uma “vida miserável”. 
Está correto o que se afirma em: 
 
a. III e IV, apenas. 
 
b. I e III, apenas. 
 
c. I, II e III, apenas. 
 
d. I, II e IV, apenas. 
 
e. II e IV, apenas.

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