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Resumo - Mahler e a subfase de Treinamento no processo de separação-individuação

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O PROCESSO DE SEPARAÇÃO-INDIVIDUAÇÃO 
Antecedido pelas fases autista normal e simbiótica, o processo de separação-
individuação tem início por volta do quinto mês de idade, no auge da simbiose. Este 
processo trata da separação física e da individuação cognitiva entre o bebê e sua 
mãe, ocorrendo em quatro etapas: (1) subfase de diferenciação; (2) subfase de 
treinamento; (3) subfase de reaproximação; e (4) subfase de consolidação. 
 
A SUBFASE DE TREINAMENTO 
A segunda subfase do processo de individuação-separação – o período de 
treinamento ou prática – se sobrepõe à subfase de diferenciação, dividindo-se em 
duas partes: (1) a primeira fase de treinamento, quando a criança se afasta 
fisicamente da mãe nas primeiras tentativas de engatinhar, escalar e ficar em pé; e 
(2) o treinamento propriamente dito, quando a criança pode se locomover livremente. 
A diferenciação corporal da mãe, o estabelecimento de um elo com ela, o 
desenvolvimento do aparelho psíquico em proximidade com o da mãe e a maturação 
das habilidades motoras e psíquicas contribuem para que a criança possa explorar o 
mundo ao seu redor e espalhar seu interesse objetal pela mãe para objetos 
inanimados, como cobertores, pelúcias, brinquedos e mamadeiras. A criança investiga 
o visual, a textura, o gosto e o cheiro desses objetos com os órgãos do sentido; seu 
centro do universo, porém, permanece sendo a mãe, a partir do qual a criança se 
afasta cada vez mais para explorar o mundo “outro-que-não-a-mãe”. 
A expansão da capacidade de locomoção durante a fase inicial de treinamento 
possibilita ao bebê assumir uma postura cada mais ativa para desbravar o ambiente. 
Há mais para ver, mais para ouvir, mais para tocar, mais para experimentar. As 
explorações do ambiente servem para estabelecer familiaridade com o mundo e 
perceber, reconhecer e se relacionar com a mãe através de distâncias maiores. 
O elevado investimento no exercício da autonomia é o aspecto característico 
da segunda subfase, marcada principalmente pelo narcisismo das crianças, pelo teste 
da realidade em expansão e pelo investimento em suas próprias ações, corpo e 
prazer. Muitas vezes, a criança fica tão absorta neste processo que parece “esquecer” 
da presença da mãe – mas, de tempos em tempos, retorna a ela, como se precisasse 
de sua presença física. Durante toda esta subfase, a mãe permanece sendo 
necessária à criança como uma base segura e estável para a qual ela pode retornar 
e se reabastecer emocionalmente por meio do contato físico e afetivo para, então, 
continuar suas atividades exploratórias – como se suas baterias fossem recarregadas 
pelo simples toque materno. 
O ato de andar ereto é de grande importância para o desenvolvimento 
emocional e a experiência de nascimento psicológico do bebê, proporcionando um 
aumento nas possibilidades de descoberta da realidade e de teste da mesma sob seu 
domínio e controle mágico. Nesta subfase, a criança percebe seus limites corporais, 
desenvolvendo a postura e a marcha. Paralelamente, ocorre a descoberta dos órgãos 
genitais, considerada um marco na formação da identidade. 
Ao andar ereta, a criança parece provar que já obteve seu diploma para entrar 
no mundo dos seres humanos independentes, o que tem um significado importante 
também para a mãe, que deposita expectativa e confiança no êxito do filho no mundo. 
Esta confiança é um gatilho para o sentimento de segurança da criança e um 
encorajamento inicial para o desenvolvimento de sua autonomia e autoestima. 
Ao final da subfase de treinamento, que ocorre por volta dos quatorze meses, 
o bebê, que anteriormente manifestou sentimentos de grande exaltação e animação 
com as descobertas, apresenta uma baixa geral na atividade quando esta é consolada 
por outra pessoa que não a mãe ou se encontra distante dela. Ocorre também uma 
espécie de ansiedade de afastamento e um desejo de retornar ao estado de unidade 
com a mãe e bem-estar, levando à terceira subfase: reaproximação. 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
MAHLER, M.S.; PINE, F.; BERGMAN, A. A segunda subfase: treinamento. 
In: _______. O nascimento psicológico da criança: simbiose e individuação. 
Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

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