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Sistemas de Informação Helton Molina Sapia Presidente Prudente Unoeste - Universidade do Oeste Paulista 2016 Sapia, Helton Molina. Sistemas de Informação. / Helton Molina Sapia. – Presidente Prudente: Unoeste - Universidade do Oeste Paulista, 2016. 126 p.: il. Bibliografia. ISBN: 1. Sistemas de Informação. 2. Tecnologia da Infor- mação. 3. Computação. II. Título CDD\22ª. ed. © Copyright 2016 Unoeste - Todos os direitos reservados Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Universidade do Oeste Paulista. Sistemas de Informação Helton Molina Sapia Reitora: Ana Cristina de Oliveira Lima Vice-Reitor: Brunno de Oliveira Lima Aneas Pró-Reitor Acadêmico: José Eduardo Creste Pró-Reitor Administrativo: Guilherme de Oliveira Lima Carapeba Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão: Adilson Eduardo Guelfi Diretor Geral: Augusto Cesar de Oliveira Lima Núcleo de Educação a Distância: Dayene Miralha de Carvalho Sano, Marcelo Vinícius Creres Rosa, Maria Eliza Nigro Jorge, Mário Augusto Pazoti e Sonia Sanae Sato Coordenação Tecnológica e de Produção: Mário Augusto Pazoti Projeto Gráfico: Luciana da Mata Crema Diagramação: Aline Miyamura Takehana e Luciana da Mata Crema Ilustração e Arte: Antônio Sérgio Alves de Oliveira, Fernanda Sutkus de Oliveira Mello e Luciana da Mata Crema Revisão: Gelson Venério Neto e Renata Rodrigues dos Santos Colaboração: Vanessa Nogueira Bocal Direitos exclusivos cedidos à Associação Prudentina de Educação e Cultura (APEC), mantenedora da Universidade do Oeste Paulista Rua José Bongiovani, 700 - Cidade Universitária CEP: 19050-920 - Presidente Prudente - SP (18) 3229-1000 | www.unoeste.br/ead S000 Catalogação na fonte: Rede de Bibliotecas Unoeste Helton Molina Sapia Possui graduação em Ciência da Computação pela Universidade do Oeste Paulista (1995) e especialização em Segurança da Informação em Redes e Sistemas (2005) pela mesma instituição de ensino. Atualmente, é professor titular da Faculdade de Informática de Presidente Prudente (Fipp), da Unoeste. Sobre o autor Carta ao aluno O ensino passa por diversas e constantes transformações. São mudanças importantes e necessárias frente aos avanços da sociedade na qual está inserido. A Educação a Distância (EAD) é uma das alternativas de estudo, que ganha cada vez mais espaço, por comprovadamente garantir bons referenciais de qualidade na formação pro- fissional. Nesse processo, o aluno também é agente, pois organiza o seu tempo confor- me suas atividades e disponibilidade. Maior universidade do oeste paulista, a Unoeste forma milhares de profissio- nais todos os anos, nas várias áreas do conhecimento. São 40 anos de história, sendo responsável pelo amadurecimento e crescimento de diferentes gerações. É com esse mesmo compromisso e seriedade que a instituição iniciou seus trabalhos na EAD em 2000, primeiramente com a oferta de cursos de extensão. Hoje, a estrutura do Nead (Núcleo de Educação a Distância) disponibiliza totais condições para você obter os co- nhecimentos na sua área de interesse. Toda a infraestrutura, corpo docente titulado e materiais disponibilizados nessa modalidade favorecem a formação em plenitude. E o mercado precisa e busca sempre profissionais capacitados e que estejam antenados às novas tecnologias. Agradecemos a confiança e escolha pela Unoeste e estamos certos de que suas expectativas serão atendidas, pois você está em uma universidade reconhecida pelo MEC, que oportuniza o desenvolvimento constante de Ensino, Pesquisa e Extensão. Aqui, além de graduação, existe pós-graduação lato e stricto sensu, com mestrados e doutorado recomendados pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), prêmios conquistados em âmbito nacional por suas ações extensivas e pesquisas que colaboram com o desenvolvimento da cidade, região, estado e país; en- fim, são inúmeros os referenciais de qualidade. Com o fortalecimento da EAD, a Unoeste reforça ainda mais a sua missão que é “desenvolver a educação num ambiente inovador e crítico-reflexivo, pelo exercício das atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão nas diversas áreas do conhecimento cien- tífico, humanístico e tecnológico, contribuindo para a formação de profissionais cidadãos comprometidos com a responsabilidade social e ambiental”. Seja bem-vindo e tenha bons estudos! Reitoria Sumário Capítulo 1 ConCeitos Fundamentais de sistemas de inFormação 1.1 O Desafio da “Infoera” .....................................................................................12 Capítulo 2 dimensões dos sistemas de inFormação 2.1 As Dimensões dos Sistemas de Informação .......................................................34 2.1.1 Dimensão Organizacional ..............................................................................35 2.1.2 Dimensão Humana ........................................................................................36 2.1.3 Dimensão Tecnológica ...................................................................................37 2.2 Sistemas de Informação e as Organizações .......................................................37 2.3 O Valor dos Sistemas de Informação para as Organizações .................................41 2.3.1 Quando Usar Sistemas de Informação ............................................................44 2.3.2 Controle Interno ...........................................................................................46 2.3.3 Riscos Associados à Utilização de Sistemas de Informação ...............................47 2.4 Implementando Sistemas de Informação ...........................................................48 2.4.1 Plano Estratégico de Sistemas ........................................................................52 Capítulo 3 ClassiFiCação dos sistemas de inFormação 3.1 Sistemas de Informação como Instrumento Administrativo .................................58 3.2 Classificação dos Sistemas de Informação Baseada nos Níveis de Decisão ...........60 3.4 Classificação dos Sistemas de Informação Baseada em Funções ..........................63 3.4 Hierarquia dos Sistemas de Informação .............................................................66 3.4.1 Sistemas de Nível Operacional .......................................................................66 3.4.2 Sistemas de Nível Tático ................................................................................68 3.4.3 Sistemas de Nível Estratégico ........................................................................72 3.5 Sistemas que Abrangem toda a Empresa ...........................................................74 Capítulo 4 sistemas de inFormação que abrangem toda a empresa 4.1 Sistemas Integrados de Gestão Empresarial .......................................................78 4.1.1 O Processo de Evolução Histórica ...................................................................79 4.1.2 Os Problemas da Falta de Integração .............................................................81 4.2 Definições de ERP ............................................................................................82 4.2.1 Modularização e Integração ...........................................................................83 4.2.2 Módulos Distribuídos nas Estações de Trabalho ...............................................85 4.2.3 Módulos do ERP Concentrados em Servidor Específico .....................................86 4.2.4 Módulos do ERP Concentrados em Servidor Específico com Banco de Dados Operando em Plataforma Diferente ............................................................................................... 87 4.2.5 Vantagens do Uso de Sistemas Integrados de Gestão ......................................904.2.6 Desenvolvimento Interno Versus Aquisição .....................................................91 4.2.7 Implantação de Sistemas Integrados de Gestão ..............................................91 4.3 Componentes Estendidos do ERP: CRM e SCM ...................................................94 4.3.1 Gestão de Relacionamento com o Cliente .......................................................94 4.3.2 Gestão da Cadeia de Suprimento ...................................................................97 4.4 Integração de SCM, CRM e ERP ........................................................................99 Capítulo 5 negóCios e ComérCio eletrôniCo 5.1 A Internet como Oportunidade de Negócios .....................................................104 5.1.1 O Internauta como Consumidor ...................................................................108 5.1.2 O Processo de Decisão de Compra do Consumidor ........................................110 5.2 Tipos de Comércio Eletrônico e Outros Relacionamentos ..................................111 5.2.1 Características da Tecnologia de Comércio Eletrônico .....................................112 5.2.2 Vitrine On-line ............................................................................................113 5.2.3 Leilão On-line .............................................................................................115 5.2.4 Portal .........................................................................................................116 5.2.5 Modelos de Precificação Dinâmica ................................................................116 5.2.6 Modelo de Descontos ..................................................................................117 5.2.7 Oferta de Produtos e Serviços Gratuitos ........................................................118 5.3 Negócios com Estrutura Física e Virtual ...........................................................118 5.4 Fatores Críticos e de Sucesso ..........................................................................118 Referências .........................................................................................................123 9 Apresentação Caro (a) estudante. Observando o passado, vemos claramente como a Revolução Industrial repre- sentou um grande desafio para os gestores do seu tempo. Hoje, vivemos outra revolução, a Revolução da Informação. Da mesma forma que a Revolução Industrial exigiu que os gestores acompanhassem as mudanças, a Revolução da Informação hoje requer do gestor plena consciência do valor da informação, assim como dos vários sistemas que permitem a sua correta utilização. Em um passado recente, os gestores não precisavam saber detalhadamente como a informação era coletada, processada e distribuída em suas organizações. A tecno- logia envolvida para gerar informações era mínima. A informação não era considerada um recurso importante para a empresa. O processo administrativo era considerado uma arte pessoal, face a face, e não um processo de coordenação global. O livro “Sistemas de Informação” tem por objetivo fornecer os conhecimentos necessários para ajudá-lo (a) a compreender a infraestrutura básica dos Sistemas de In- formação, bem como as principais características de um Sistema de Informação Gerencial, além de auxiliá-lo (a) na escolha de sistemas mais adequados para o processo decisório de gestão empresarial. Você está convidado (a) a embarcar em uma jornada com o objetivo de compre- ender os sistemas Enterprise Resource Planning (ERP) e Customer Relationship Management (CRM), além de avaliar a necessidade de uso dessas ferramentas, seus benefícios e suas estruturas. Você compreenderá a importância da informação como vantagem competitiva para o negócio, bem como a relevância da segurança da informação e os riscos da Internet. Ainda terá a oportunidade de entender o desafio que a Internet provocou nas organizações, o e-commerce e os diferentes modelos de negócios que o compõem. 11 ConCeitos Fundamentais de sistemas de inFormação Capítulo 1 12 Para entender claramente a importância dos Sistemas de Informação e como eles tornaram-se ferramentas de grande destaque no cenário atual, inicialmente existe a necessidade de contextualizar o mercado em que as empresas estão inseridas. A In- ternet promoveu a integração mundial de forma que significativas e rápidas mudanças ocorrem a todo momento. A esse cenário, soma-se a acirrada concorrência provocada pelo mercado global. Antes de explorar as características e funcionalidades dos Sistemas de Informação, é necessário compreender previamente alguns conceitos fundamentais, tais como: • Dados • Informação • Processo • Conhecimento • Sistema É necessário ainda compreender que o mercado atual é composto por con- sumidores mais exigentes em relação ao custo e à qualidade dos produtos e serviços oferecidos. Aproveite este conteúdo, pois, com certeza, o ajudará a tornar-se um gestor alinhado às necessidades da nova era do mundo dos negócios. Introdução 1.1 O Desafio da “Infoera” Gordon Moore (1965), no artigo “Cramming more components onto integra- ted circuits”, publicado pela revista “Electronics”, propôs que o número de transistores que podiam ser impressos em uma pastilha dobraria a cada ano. De fato, avaliando a evolução dos processadores desde então, pode-se constatar que a afirmação estava muito próxima da realidade. Há alguns anos, as comunicações corporativas ou pessoais eram realizadas por meio do sistema postal ou telefônico. Com toda essa evolução, atualmente, as co- municações ocorrem também por meio de computadores conectados à Internet. As co- municações do mundo, em especial as utilizadas pelas empresas para realizar negócios, ocorrem por meio de redes de comunicação de dados (LAUDON, K.; LAUDON, J., 2010). Toda essa evolução não se limitou aos laboratórios e centros de pesquisa. Ela invadiu a sociedade, provocando-lhe uma enorme transformação. Essa transformação é muito profunda, alcançando escalas revolucionárias, já que altera por completo o rela- cionamento social da humanidade. 13 As mudanças ocorrem de forma drástica e em um curto espaço de tempo, sem que as pessoas e as organizações consigam se adaptar completamente ao novo paradigma. Essa é a Era da Informação ou “Infoera” (ZUFFO, 2003). Somente nos Estados Unidos, em 2009, 1 trilhão de dólares foi investido em hardware e software para Sistemas de Informação, além de 275 bilhões de dólares em consultoria e serviços de gestão – a maior parte com foco no redesenho das operações das empresas sempre com o objetivo de agregar vantagem competitiva por meio de novas tecnologias. Todo esse investimento não ocorre por “modismo” ou simplesmente para acompanhar “tendências”. Os objetivos são buscar excelência operacional, aprimorar os modelos de negócio, desenvolver um estreito relacionamento com os clientes e for- necedores de forma a atender às demandas de produtos e serviços requisitados pelo mercado e melhorar o processo de tomada de decisões, sempre buscando vantagem competitiva para garantir a sobrevivência. Então, o gestor, para cumprir a função de gerenciar os recursos humanos, materiais e financeiros, utiliza a informação como matéria-prima, fator essencial para o planejamento e o controle das atividades empresariais. Mas, enfim, o que é um sistema? O Dicionário Aurélio de Língua Portuguesa (2009, p. 1856) oferece uma ex- tensa lista de definições: 1. Conjunto de elementos, materiais ou ideais, entre os quais se possa encontrar ou definir alguma relação. 2. Disposição das partes ou dos elementos de um todo, coordenados entre si, e que funcionam como estrutura organizada: sistema peniten- ciário; sistema de refrigeração. 3. Reunião de elementos naturais da mesma espécie, que constituem um conjunto intimamente relacionado: sistema fluvial; sistema cristalino. 4. Conjunto de instituições políticas ou sociais, e dos métodos por elas adotados, encaradosquer do ponto de vista teórico, quer do de sua aplicação prática: sistema parlamentar; sistema de ensino. 5. Conjunto das entidades relacionadas com determinado setor de ati- vidade: sistema bancário; sistema financeiro. 6. Reunião coordenada e lógica de princípios ou ideias relacionadas de modo que abranjam um campo do conhecimento: o sistema de Kant; o sistema de Ptolomeu. 7. Conjunto ordenado de meios de ação ou de ideias, tendente a um resultado; plano, método: sistema de vida; sistema de trabalho; sistema de defesa. 8. Técnica ou método empregado para um fim precípuo: sistema Taylor (de Frederick W. Taylor - 1856-1915); sistema Braille (de Louis Braille - 1809-1852). 14 9. Modo, maneira, forma, jeito. Ex.: “Adotou um novo sistema de pentear os cabelos”. 10. Complexo de regras ou normas: um sistema de futebol; um sistema de corte e costura. 11. Qualquer método ou plano especialmente destinado a marcar, medir ou classificar alguma coisa: sistema métrico; sistema decimal. 12. Hábito particular; costume, uso. Ex.: “A cozinheira tinha o sistema de preparar as refeições com antecedência”. 13. Anat. Conjunto de órgãos ou de estruturas que desempenham determinada(s) função/funções como, p. ex., o sistema digestório ou o sistema imunitário. 14. Biol. Coordenação hierarquizada dos seres vivos em um esquema lógico e metódico, segundo o princípio de subordinação dos caracte- res. [É um produto da inteligência humana derivado da necessidade de compreender a natureza o mais próximo possível da realidade.] 15. Comun. Conjunto particular de instrumentos e convenções adota- dos com o fim de dar uma informação: sistema radiotelegráfico; siste- ma de computadores; sistema audiovisual. 16. E. Ling. Conjunto de elementos linguísticos solidários entre si: sistema fonológico; sistema sincrônico. 17. E. Ling. A própria língua quando encarada sob o aspecto estrutural. 18. Filos. Totalidade. 19. Fís. Parte limitada do Universo, sujeita à observação imediata ou mediata, e que, em geral, pode caracterizar-se por um conjunto finito de variáveis associadas a grandezas físicas que a identificam univocamente. 20. Geol. Conjunto de terrenos que corresponde a um período geológico. 21. Inform. Conjunto de programas destinados a realizar funções específicas. 22. Mús. Qualquer série determinada de sons consecutivos. Para compreender melhor, vamos ver um pouco de história. Há séculos, cientistas dedicam-se a encontrar soluções para os mais diver- sos problemas que acometem a humanidade. Os estudos mostraram que existe algo de comum nas diferentes áreas do conhecimento. Percebeu-se que problemas similares podem ser resolvidos com soluções similares. Essa proposta de abordagem para reso- lução de problemas observando todo o seu contexto ficou conhecida como pensamento sistêmico, sendo Ludwig von Bertalanffy um dos primeiros cientistas a aplicar esse tipo de abordagem para resolver os problemas do seu campo de estudo, a biologia. Bertalan- ffy sugeriu que o enfoque sistêmico ou visão sistêmica poderia ser utilizado para abordar problemas de outras áreas além da biologia. Surge, então, a Teoria Geral dos Sistemas, apresentada pela primeira vez em 1937, na Universidade de Chicago. A Teoria Geral dos Sistemas desenvolve uma visão holística de um complexo de componentes em interação, observando suas características, como competição, orga- nização, controle e finalidade, entre outras. A análise de sistemas pode ser considerada a aplicação do pensamento sistêmico na tentativa de solucionar problemas. 15 Quando analisamos o todo, eventualmente podemos observar que um siste- ma é composto de outros sistemas relacionados entre si de forma hierárquica. A forma como essa hierarquia se revela mostra-nos subconjuntos de elementos que podem ser chamados de subsistemas. A medida de aprofundamento na análise dos subsistemas está diretamente ligada ao nosso interesse ou à nossa necessidade de obter conheci- mento sobre sistema. Ainda devemos levar em consideração que todo sistema está inse- rido em um contexto. Então, da mesma forma que olhamos para o interior do sistema, também devemos lançar um olhar sobre o exterior dele para compreender o ambiente. A figura 1, a seguir, ajuda a visualizar os elementos mencionados: FIGURA 1 – O sistema e seu ambiente Fonte: Audy (2005, p. 30). Considerando que S seja o sistema que deve ser analisado, observamos que A, B e C são subsistemas do primeiro nível de hierarquia de S. Observamos ainda que b1 e b2 são subsistemas de B, assim como c1 e c2 são subsistemas de C. As setas indicam o relacionamento existente entre os subsistemas dos diferentes níveis hierárquicos. Essa foi a análise obtida por meio da visão interna do sistema. Entretanto, a figura nos revela ainda que, olhando externamente, o sistema S, junto a todas as partes que ele contém, faz parte de um ambiente. Assim, o observador, motivado por interesse ou necessidade, irá determinar o domínio de sua análise. Poderia ser suficiente saber que o sistema S é composto de A, B e C ou ainda a análise deveria abranger também os subsistemas b1, b2, c1 e c2. Considerando que o sistema S realize interações com o ambiente e que o sistema se relacione com o ambiente, concluímos que o ambiente fornece entradas para o sistema e o sistema S, por sua vez, fornece saídas para o ambiente. Observe a figura 2. 16 A figura ilustra que o ambiente fornece entradas para o sistema que podem ser dados, como as notas das avaliações de cada aluno. O sistema transforma essas entradas e gera a saída, como a informação da média final da disciplina que cada aluno obteve. Dica Os sistemas possuem quatro características básicas: • Elementos • Relação entre os elementos • Objetivo comum • Meio ambiente Em muitos sistemas, a saída também pode ser utilizada pelo próprio sistema, permitindo ajustes ou ainda provocando ações. Retomando o exemplo utilizado anterior- mente, caso a saída (a média final) seja abaixo da média necessária para obter apro- vação, o sistema deverá solicitar a realização da ação “exame final”. Esse mecanismo é conhecido como feedback ou retroalimentação. Introduzido o conceito de sistema, podemos dizer que Sistema de Infor- mação é um conjunto de componentes com relacionamentos que interagem coletando, transformando e disseminando informações e utilizam um mecanismo de retroalimenta- ção para atingir um objetivo. No cotidiano, comumente encontramos e utilizamos Sistemas de Informa- ção. Realizar uma operação em um caixa eletrônico bancário, verificar a disponibilidade de um determinado produto no estoque de uma loja e localizar com facilidade o destino desejado com o auxílio de um GPS são apenas alguns exemplos simples de Sistemas de Informação. FIGURA 2 – Interações entre o ambiente e o sistema Fonte: Audy (2005, p. 31). 17 Pare e Reflita Sendo a informação tão importante, como obtê-la? As informações são recursos valiosos para a organização. Entretanto, comu- mente essa expressão é confundida com o termo “dados”. Dados são compostos por fatos básicos, como nome ou quantidade em estoque de um determinado item. Representam objetos reais e fatos diretos; possuem pouco valor além da sua existência. Os fatos podem ser representados por diversos tipos de dados, conforme apresenta o quadro a seguir: QUADRO 1 – Tipos de dados Dados Representados por Dados alfanuméricos Números, letras e outros caracteres Dados de imagens Imagens gráficas e figuras Dados de áudio Sons, ruídos ou tons Dados de vídeo Imagens ou figuras em movimento Fonte: Adaptado de Stair (2009, p. 5). Como vimos, a informação é o grande objetivo. Um gestor bem aparelhado de informações com certeza fará toda diferença para a obtenção do sucesso da empresa no mundo competitivo dos negócios. Já a informação é um conjunto de fatos organizados de modo a terem va- lor adicional, além do valor dos fatos propriamente ditos. Por exemplo, o nome do cliente que mais compra e os produtos com quantidade insuficiente emestoque são os dados tornados úteis, pois transmitem uma mensagem. Imagine se fosse possível oferecer a um determinado cliente um produto exatamente no momento em que ele tivesse inte- resse: a chance de realização da venda seria consideravelmente maior. Separar os dados das vendas de uma determinada filial por cliente, somá-los e depois ordená-los do maior para o menor revelaria a informação do nome do cliente que mais compra. A relação definida entre os dados determina qual informação será criada, bem como o acréscimo de novos dados gerará uma nova informação com valor consideravelmente maior do que a informação anterior. O conjunto de tarefas logicamente relacionadas desenvolvidas para atingir um resultado definido é conhecido como processo. O processo é o responsável pela transformação dos dados em informações. Para definição do processo, é necessário conhecimento, ou seja, a consciência e o entendimento de um conjunto de informa- ções e formas de utilizá-las para apoiar uma tarefa específica ou tomar uma decisão. O conhecimento também será utilizado no processo de conversão de dados, possibilitando escolher ou rejeitar fatos com base na sua relevância para a tarefa específica. 18 FIGURA 3 – Processo de transformação de dados em informações Fonte: Adaptado de Stair (2009, p. 6). O valor da informação está diretamente ligado a como ela auxilia os tomado- res de decisões a atingir seus objetivos organizacionais. Assim, informações que ajudam a decidir mais rapidamente, a aumentar o lucro nas vendas ou, ainda, a diminuir o custo do processo produtivo são consideradas valiosas. Na economia atual, o preço final de um determinado produto normalmente é ditado pelo mercado. O acesso à tecnologia e à globalização aproximou a qualidade dos produtos similares fabricados por indústrias diferentes. Indústrias tradicionais enfrentam a concorrência de mercado com indústrias emergentes. Marcas novas oferecem produ- tos de qualidade semelhante à dos produtos tradicionais. Toda essa pressão promove a informação a uma condição de diferencial entre os negócios, podendo significar, em muitos casos, a diferença entre a perpetuação ou a falência da empresa. Para ser valiosa para as organizações, a informação deve ter algumas carac- terísticas. Informações precisas diminuem o tempo necessário para determinada ação. Uma empresa de transporte pode rapidamente informar em qual transbordo ou cami- nhão encontra-se um determinado pacote, sem a necessidade de designar um funcio- nário ou uma equipe para fisicamente procurar pelo pacote. Informações imprecisas ou incompletas poderão levar o gestor a tomar decisões equivocadas, provocando prejuízo à organização. As informações complexas podem demandar tempo para o seu enten- dimento. Essa dificuldade poderá provocar o descarte da informação, pois a demora a transformará em informação de pouco valor. Alguns atributos de qualidade podem variar em determinadas situações. Por exemplo, informações sobre previsões de comportamento de mercado admitem certa imprecisão, podendo até ser incompletas. Mas poderão ser úteis, desde que fornecidas no momento essencial. Essas informações imprecisas e incompletas apontam uma dire- ção que provavelmente o mercado deverá tomar e permitem à empresa que se organize a tempo de fazer frente a uma nova realidade. Já informações contábeis não admitem essas características. Podem até ser demoradas, mas requerem precisão e devem consi- derar todos os fatos que as compõem, ou seja, devem ser completas. 19 QUADRO 2 – Características de informações valiosas Características Definições Precisas Não podem conter erros. Eventualmente, o processo de trans-formação de dados pode ocasionar esse tipo de problema. Completas Contêm todos os fatos importantes. Nenhum fato relevante ao processo decisório pode ficar de fora. Econômicas O custo de produção da informação deve justificar a sua utilização. O ganho com a utilização da informação deve sempre ser maior do que o custo de produzi-la. Flexíveis Informações que podem ser utilizadas por vários departa- mentos de uma mesma empresa são consideradas flexíveis e o seu custo de produção pode ser rateado entre os vários utilizadores. Confiáveis Nem sempre os dados são obtidos em fontes confiáveis. Então, cuidado! Se uma das fontes de dados utilizadas para a geração da informação não for confiável, a informação também não será confiável. Relevantes A informação deve estar inserida com relativa significância no contexto da análise. Se um determinado insumo partici- pa com 0,01% no custo de fabricação de um produto, pro- vavelmente o esforço em adicionar os dados desse insumo não produzirão efeito na informação final. Simples Informações exageradamente complexas ou sofisticadas podem provocar uma sobrecarga, dificultando para o to- mador de decisão a tarefa de determinar o que realmente é importante. Apresentadas no momento exato Algumas informações somente serão úteis se apresentadas em prazo hábil para tomada de decisão. Se uma indústria demora 30 dias para entregar um determinado produto, saber a demanda de mercado com 10 dias de antecedência em nada adiantará. Verificáveis Possibilidade de checar a exatidão da informação. Por exemplo: fontes diferentes gerando a mesma informação. Acessíveis Devem ser de fácil acesso e disponíveis no formato correto para os usuários autorizados. Seguras Devem ser protegidas contra os acessos não autorizados. Afinal, valem dinheiro. Fonte: Adaptado de Stair (2009, p. 6). Um Sistema de Informação é, então, um tipo especializado de sistema com um conjunto de elementos ou componentes inter-relacionados que realizam um processo em uma entrada, gerando uma saída. Oferecem ainda um mecanismo de realimentação para atingir um objetivo. FIGURA 4 – Componentes de um Sistema de Informação Fonte: Adaptado de Stair (2009, p. 12). 20 Em um Sistema de Informação, a entrada é a atividade de coletar dados básicos necessários ao processamento. Considerando um sistema acadêmico, os profes- sores devem fornecer as notas individuais das várias avaliações realizadas pelos alunos, bem como a fórmula que indica o peso de cada atividade, com o objetivo de calcular as médias, para que elas possam ser enviadas para os estudantes. As entradas podem ter vários tipos. Em um sistema de folha de pagamento, uma das entradas pode ser o valor da hora trabalhada de cada colaborador. Já em um sistema de controle de acesso, a en- trada pode ser um cartão magnético ou ainda a leitura biométrica da digital. As entradas podem ser obtidas por meio de processo manual ou automatizado, como a leitura de código de barras. O importante nesse processo é que a coleta ocorra de forma precisa. Caso contrário, a saída estará comprometida. O processamento executado pelos Sistemas de Informação consiste na transformação ou conversão das entradas em saídas úteis. Pode envolver cálculos, com- parações ou ainda ações alternativas, tais como o armazenamento de dados para uso futuro. O objetivo do processamento é sempre transformar as entradas em saídas úteis para a administração do negócio. Em um sistema de folha de pagamento, o processa- mento usará entradas como o valor da hora trabalhada, a quantidade de horas trabalha- das e fórmulas, como o cálculo dos impostos a serem descontados. Já a saída consiste na produção de informações úteis, em geral na forma de documentos e relatórios. Considerando o sistema de folha de pagamento, as saídas podem incluir o cheque de pagamento para o colaborador, relatórios para o gestor con- tendo informações sobre os funcionários que mais faltaram no mês ou ainda a média de horas extras. Não raro, a saída de um sistema pode ser utilizada como a entrada de outro. O sistema de emissão de notas fiscais pode ter como entradas os pedidos e como saídas as notas fiscais. Essas saídas, ou seja, os dados das notas fiscais, por sua vez, podem ser a entrada do sistema de contabilidade, que terá como saída as razõese o balanço. A saída ainda pode ser produzida de diferentes formas. Considerando um com- putador, a tela e a impressora são dispositivos de saída corriqueiros. Mas saída também pode ser armazenada para utilização futura. O feedback ou realimentação é a saída usada para alterar a entrada ou as atividades realizadas no processo. Retomando o sistema de folha de pagamento, va- mos supor que uma das entradas registrasse que o colaborador trabalhou 2.200 horas, quando o correto seriam 220 horas no mês. Ora, esse valor de entrada estaria fora dos limites. Então, provocaria uma mensagem de erro para que fossem verificada a entrada e realizada a devida correção. Se a verificação do erro, a mensagem de alerta e a corre- ção do valor de entrada não fossem realizadas ou previstas no processo, isso resultaria em um pagamento de alta monta para o colaborador. O uso adequado da realimentação permite que o Sistema de Informação seja pró-ativo, prevendo eventos futuros e ini- ciando ações para evitar problemas. Imagine um produto que tenha uma venda diária de 30 unidades. Este mesmo produto requer um prazo de 15 dias entre a solicitação ao fabricante e a entrega no ponto de venda. Assim, o estoque nunca deveria ser inferior a 21 450 unidades, sob pena de a empresa deixar de realizar vendas devido à falta. Atuando de forma pró-ativa, a realimentação detectaria o momento em que o estoque atingisse o seu “ponto de pedido” e já enviaria a solicitação de compra ao fabricante ou alertaria o gestor da necessidade de tal ação. Apesar do termo Sistemas de Informação normalmente nos remeter a siste- mas computadorizados, existem muitos sistemas de informação manuais. Em um passado não muito distante, muitas empresas utilizavam uma ficha para o controle do estoque. QUADRO 3 – Sistema de informação manual Produto: Calcário Unidade de Medida Ton Data Entrada Saída Saldo Quantidade Valor Quantidade Valor Quantidade Valor Saldo Inicial 5,0 R$ 425,00 01/12/2011 25,0 R$ 2.125,00 30,0 R$ 2.550,00 05/12/2011 10,0 R$ 850,00 40,0 R$ 3.400,00 06/12/2011 15,0 R$ 1.275,00 25,0 R$ 2.125,00 10/12/2011 15,0 R$ 1.275,00 10,0 R$ 850,00 Saldo Final 10,0 R$ 850,00 Ficha para Controle de Estoque Fonte: Piteli (2012). Como pôde ser observado no quadro 3, em cada ficha eram anotados dados gerais do produto e o saldo inicial tanto em valor quanto em quantidade. Na sequência, a cada movimentação de entrada ou saída, a quantidade e o valor movimentados eram anotados nas respectivas colunas e atualizados no saldo. Alguns modelos mais elabo- rados de ficha previam ainda que fosse anotado o documento que havia originado a movimentação de entrada ou de saída. Comumente, muitos Sistemas de Informação começam nas empresas de forma manual e, com o passar do tempo, provada a sua utilidade, são convertidos em sistemas de informação computadorizados. O sistema de informação computadorizado ou Sistema de Informação Baseado em Computadores (SIBC) necessita de recursos como: • hardware • software • bases de dados • telecomunicações • pessoas • processos de negócios 22 As telecomunicações são a transmissão eletrônica de sinais que permite às organizações executar seus processos e tarefas por meio de redes eficazes de compu- tadores. Quando vários computadores estão interligados, podemos dizer que se encon- tram em rede. A rede composta pelos computadores de um escritório ou em um mesmo prédio é chamada de Local Area Network (LAN). O alcance de cada lance em uma rede local (LAN) é de aproximadamente 100 metros. Empresas de telecomunicação disponibilizam redes com alcance muito supe- rior. Cada lance pode medir milhares de quilômetros. As redes utilizadas para interligar cidades, estados ou países são chamadas de Wide Area Network (WAN), redes remotas ou redes de longa distância. Os provedores de serviço de telecomunicação disponibilizam esse tipo de produto com diferentes nomes comerciais. Uma empresa com vários pontos de presença em diferentes locais geográfi- cos pode possuir em cada escritório uma rede local que interligue os seus computado- res. Utilizando os serviços de um provedor de links de comunicação de longa distância, a empresa conseguirá interligar os seus vários pontos de presença em uma única rede, acessível somente aos seus colaboradores – chamamos essa rede de Intranet. Quando recursos autorizados da Intranet de uma empresa são disponibili- zados a terceiros selecionados, como clientes ou fornecedores, parceiros de negócio, a rede é chamada de Extranet. Existe uma rede de computadores que, na verdade, é composta pela interco- nexão de milhares de redes que trocam informações livremente: é a Internet, a maior rede de computadores do mundo. A utilização das telecomunicações possibilitou um novo estágio para os ne- gócios das empresas, por meio da modernização dos seus Sistemas de Informação, para que explorassem a potencialidade desse novo recurso. As informações trafegam pelas redes em alta velocidade, permitindo atualização em tempo real independentemente do local onde aconteceu o fato. Empresas com muitas filiais conseguem informações do total de vendas em tempo real, consolidando dados de todas as suas unidades em um ponto central. Mas existe um fator que deve ser considerado: o custo desses links de comunicação, em alguns casos, é muito alto para o modelo de operação da empresa. O gestor tem inúmeras possibilidades de obter informações on-line. O seu conhecimento do negócio permitirá escolher quais informações realmente são importantes o suficiente para justificar os investimentos nesses sistemas. Softwares são os programas de computador que comandam a operação. Os programas “ensinam” ao computador os procedimentos que necessitam ser execu- tados na sequência correta de forma a obter o resultado esperado. Os programas são desenvolvidos para fins específicos. Assim, existem programas que realizam o cálculo da folha de pagamento, que realizam o controle de estoque e que permitem a criação e a 23 formatação de arquivos de texto – estes são conhecidos como processadores de texto. O sistema operacional, como o Windows XP, também é um programa de computador. Ele controla as operações básicas, como inicialização e impressão. Os softwares são escritos em forma de código chamado linguagem de pro- gramação. Existem linguagens que se aproximam mais do código como o computador o entende e outras têm sua escrita muito próxima da linguagem do ser humano, sendo mais facilmente compreendidas. Apenas para constar, COBOL, C, Java e Ajax são exem- plos de linguagens de programação. O software pode ser escrito para funcionar de forma independente em um único computador. Pode ser escrito para funcionar em duas porções cliente/servidor. Ou ainda pode ser escrito em camadas. Neste caso, normalmente, temos três camadas: usuário, aplicação e dados. A disponibilização em camadas propiciou que várias empresas fornecedoras de software pudessem oferecer seus sistemas como um serviço. Assim, em vez de com- prar e instalar programas, a empresa pode simplesmente alugar o sistema e utilizá-lo mediante o pagamento de uma assinatura ou taxa por transação. O usuário utiliza o software que está instalado remotamente no datacenter do fornecedor. Esses sistemas são chamados de Software as a Service (SaaS). Quanto a sua forma de licenciamento, o software pode ser pago ou gratuito – no caso deste último, também conhecido como software de código aberto. O software de código aberto ou software livre é desenvolvido por uma comunidade de programa- dores distribuídos geograficamente em vários locais. Eles utilizam a Internet para se co- municarem e alinharem o desenvolvimento em grupo. Atualmente, é possível encontrar muitos softwares disponibilizados sob esta modalidade. Vão desde sistemas operacio- nais, passando por suítes de escritório e chegando até a Sistemas de Informação. Uma coleção organizada de fatos e informações pode ser chamada de base de dados ou simplesmente banco de dados.Os fatos e informações ficam armazena- dos de forma organizada, agrupando informações dentro de um mesmo contexto. Uma área de informações contendo nome, números de documentos, gênero, data de nasci- mento, último endereço conhecido e último local de trabalho é um conjunto de fatos e informações que normalmente é chamado de base de dados de clientes. A base de da- dos de um Sistema de Informação pode conter informações e fatos de clientes, fornece- dores, produtos, vendas, estoque e muito mais. O modelo do negócio e a habilidade dos gestores em transformar dados em informações para suportar a operação da empresa determinarão o que deverá conter a base de dados. As bases de dados são gerenciadas por um sistema específico para esse fim, o Sistema Gerenciador de Bases de Dados (SGBD). Muitos são os fabricantes que dispo- nibilizam esse tipo de sistema. Por exemplo: 24 • Oracle • SQL-Server • Sybase • MySQL • Firebird • PostgreSQL O gestor eventualmente necessitará de apoio técnico especializado para ajudá-lo a analisar qual o sistema mais adequado à empresa. A análise levará em conta informações como o custo de aquisição, a facilidade de suporte e a possibilidade de ad- ministrar grandes bases de dados, entre outras. O sistema gerenciador de bases de dados possui uma linguagem de coman- dos padrão – Structured Query Language (SQL). Por intermédio dela, é possível extrair, manipular, definir e controlar dados, além de controlar transações. Originalmente criada pela IBM, atualmente essa linguagem é padronizada pelo American National Standards Institute (ANSI). O hardware consiste no equipamento computacional usado para realizar as atividades de entrada, processamento e saída. Os dispositivos de entrada incluem teclados, leitores de código de barras, mídias de armazenamento de dados, dispositivos capazes de converter a fala em caracteres processáveis pelo sistema, entre outros. Os dispositivos de processamento incluem a unidade de processamento central e a memória principal. E os dispositivos de saída podem ser impressoras, telas e unidades de arma- zenamento de dados. Em especial, quando falamos dos computadores, é interessante classificá-los para melhor compreendermos a sua utilização pela empresa. Vamos abordar apenas o computador portátil, o computador de mesa, o computador de rede e o computador de médio porte. Existem ainda muitos outros tipos de computadores. Entretanto, como objeto de estudo da disciplina Sistemas de Informação, ter uma clara noção da forma de utilização de cada um desses tipos de equipamentos é suficiente. O computador portátil ou notebook, em virtude do seu barateamento, tem se tornado muito comum. Algumas empresas fornecem esses dispositivos para os seus colaboradores desempenharem suas funções e permitem que os levem consigo ao final do expediente. Outras empresas permitem que o colaborador traga o seu próprio equipamen- to e o conecte à rede da companhia para trabalhar. A condição de dispositivo móvel exige um cuidado especial com a segurança, pois o equipamento pode ser utilizado em redes vulneráveis e corre o risco de ser infectado por vírus de computador. Quando conectado ao ambiente de rede local da empresa, poderá infectar os demais computadores, causando vários problemas. 25 Desktop ou computador de mesa é o modelo mais comum. Assim como o computador portátil, é um equipamento de uso pessoal, sua utilidade é ampla e pode ser configurado com certa facilidade para uso em atividades específicas, como processamento de imagens gráficas ou ainda cálculos matemáticos avançados. Os co- laboradores utilizam esse tipo de computador para desenvolver suas tarefas cotidianas por meio de programas que estão no próprio equipamento ou ainda disponibilizados através da Intranet da empresa. Como alternativa ao computador de mesa, algumas empresas têm utilizado o computador de rede. Trata-se de equipamento com poucos recursos. A sua configuração destina-se a simplesmente fornecer o básico para o seu funcionamento, pois, através da rede da empresa, ele disponibiliza os sistemas alocados em servidores. Assim, quando o usuário armazena algum dado ou ainda realiza o processamento de um relatório que consome muito poder computacional, são utilizados recursos do servidor e não do com- putador localmente. Seu custo é bem inferior ao de um computador de mesa. Entretan- to, para que ele funcione satisfatoriamente, existe a necessidade de uma boa rede de computadores e servidores com poder computacional adequado à situação. O computador de porte médio é destinado ao uso de toda a empresa. Não é um equipamento para apenas um usuário. Em grandes empresas, esse tipo de equi- pamento pode ser destinado ao uso de um determinado departamento. Devido à sua característica de servir a toda a empresa, é comumente chamado de servidor. Esse equi- pamento pode ser utilizado para armazenar dados e informações de toda a empresa. Neste caso, é chamado de servidor de banco de dados. Ele também pode ser utilizado para disponibilizar os Sistemas de Informação e, neste caso, ser chamado de servidor de aplicação. Perceba que a disponibilização do serviço de banco de dados e do serviço de aplicação pode ocorrer no mesmo computador ou em equipamentos separados. O importante a salientar para esse tipo de computador é que, devido à utilização por toda a empresa, cuidados especiais devem ser tomados para que o equi- pamento não pare. Uma pane pode significar a paralisação de todos os negócios da empresa. Aconselha-se que ele seja instalado em sala separada e protegida contra acessos não autorizados, bem como tenha um suprimento de energia elétrica alternativo para o caso de interrupção de fornecimento. Existem ainda o computador de grande porte e o supercomputador. A uti- lidade destes é similar à do computador de porte médio, mas a sua capacidade de processamento e armazenamento é muito maior. O hardware deve ser ajustado à necessidade do negócio. O seu poder de processamento e armazenamento de dados deve ser condizente com a realidade da empresa. Um hardware mal dimensionado pode causar sérios problemas. Caso o har- 26 dware seja subestimado, poderá gerar lentidão no processamento, atrapalhando o fun- cionamento da empresa. Poderá ainda limitar os dados a serem armazenados por falta de espaço disponível, deixando de guardar entradas importantes para a realização de alguns processos. Caso o hardware seja superestimado, o valor investido com certeza será maior do que o necessário. A diferença, caso tivesse sido economizada, poderia ser aplicada, por exemplo, no capital de giro, incrementando os negócios e gerando mais lucro para a empresa. Então, é muito importante que profissionais capacitados auxiliem o gestor a dimensionar o hardware necessário em conformidade com a realidade do negócio, levando em consideração a previsão de crescimento futuro. As empresas, devido ao seu ramo de atividade, possuem um fluxo de serviço sazonal, ou seja, em determinados períodos o movimento é maior do que em outros. Empresas do varejo possuem um grande aumento nas vendas no mês de dezembro. Às vezes, um único dia de venda em dezembro representa o mesmo volume de um mês inteiro em outros períodos do ano. A sazonalidade gera um desafio para o gestor, pois os equipamentos de tecnologia, na maioria das vezes, não são facilmente ampliados em sua capacidade. Se o hardware for dimensionado levando em consideração a média do movimento, quando chegar ao período sazonal, aquele em que a empresa pode realizar muitos negócios, os sistemas operarão com dificuldade, pois lhes faltará recurso computacional. Apesar de aparentemente parecer um desperdício, o que normalmente os profissionais de Tecnologia da Informação recomendam é projetar o hardware levando em consideração o momento de maior movimento esperado. Alguns fabricantes de hardware projetaram seus equipamentos para ofere- cer a facilidade de escalabilidade, ou seja, a capacidade de aumentar o poderde pro- cessamento de um sistema computacional para que ele possa tratar de mais transações em um dado período. Nessa modalidade, a empresa necessariamente não compra o equipamento, mas sim é adquirida uma capacidade de processamento. O equipamento é projetado para facilmente ter a sua capacidade de armazenamento e processamento expandida. Em alguns casos, isso pode ser feito até com os sistemas funcionando em pleno atendimento aos clientes. Se a operação da empresa apresenta picos de movi- mento muito superiores à média de utilização, essa é uma possibilidade que deve ser considerada. Ainda pensando no custo do hardware, devemos considerar que o preço de compra é apenas a primeira variável do cálculo. É preciso considerar também custos que ocorrem durante a vida útil do equipamento, como manutenção e atualizações, bem como custos indiretos, como energia elétrica, infraestrutura, instalações e mobiliário. Quando consideramos todos esses componentes, estamos calculando o Custo Total de Propriedade – Total Cost of Ownership (TCO). Algumas análises apontam que o TCO de um computador pode atingir até três vezes o seu valor original de aquisição. 27 FIGURA 5 - Exemplos de equipamentos computacionais Fonte: Acervo NEAD/Unoeste (2013). Segundo Chiavenato (2003, p. 218), “um processo é um conjunto de ativi- dades estruturadas destinadas a resultar em um produto especificado para um determi- nado cliente ou mercado”. Assim, os processos de negócio são ações logicamente organizadas para a execução de uma tarefa pertinente ao trabalho na empresa. Os processos incluem regras formais e políticas, métodos que são desenvolvidos ao longo da existência da empresa. Não é surpresa dizer que pessoas são o elemento mais importante de um Sistema de Informação. Inclui todos aqueles que gerenciam, usam, programam ou man- têm o sistema. Nesse ponto, é importante salientar que não somente profissionais de Tecnologia da Informação compõem esse grupo de pessoas. Como já foi dito, os usuá- rios também fazem parte e, nesse grupo, estão incluídos todos aqueles que trabalham diariamente em qualquer tarefa que seja executada pelo Sistema de Informação. Pen- sando no sistema de folha de pagamento, o colaborador do departamento de pessoal que lança os dados de horas extras não é profissional de Tecnologia da Informação, mas pertence ao grupo de pessoas que usam o Sistema de Informação. Os gestores também estão incluídos nesse grupo e eles, além de usar os Sistemas de Informação, podem sugerir melhorias. Os sistemas destinam-se a apoiar a operação da empresa e, consequentemente, a execução do seu trabalho. Se o Sistema de Informação alterou a forma como as organizações operam, não há dúvida de que também o trabalho dos gestores foi transformado a ponto de ser praticamente impos- sível administrar uma empresa sem fazer uso de Sistemas de Informação, mesmo que seja um pequeno negócio. Pensando na realidade das organizações, existem algumas competências básicas de Sistemas de Informação que interessam aos gestores, como conhecer os novos itens de hardware e software que podem contribuir com o negócio, entender o pa- pel dos bancos de dados na tarefa de administrar os recursos de informação e as novas 28 tecnologias da informação e da comunicação. Também entra na lista verificar sistemas que possam apoiar as operações da empresa, tais como os sistemas colaborativos. Mais especificamente com relação aos Sistemas de Informação, conhecer profundamente o seu relacionamento com as várias atividades da empresa, como gestão da produção, gestão da força de vendas, gestão de fornecedores, gerenciamento do relacionamento com o cliente com foco no aumento da efetividade das operações e melhoria no processo decisório. Vamos agora entender a importância dos profissionais de Tecnologia da In- formação. Existem muitos profissionais atuando nessa área. Não será nossa intenção listar aqui uma relação completa dos profissionais, mas, antes, apresentar aqueles cuja força de trabalho seja matéria importante para a área da Administração. Analistas e programadores são profissionais que se dedicam ao desen- volvimento e à manutenção de sistemas. O analista está mais próximo do usuário final, sendo sua função ajudá-lo a definir como o Sistema de Informação pode colaborar no desenvolvimento de suas tarefas. Utilizando métodos e técnicas próprios, documenta entradas, processos, saídas e controles que devem ser desenvolvidos. O programador está mais próximo dos recursos de hardware e software. Usando como matéria-prima os documentos escritos pelo analista, o programador implementa o sistema solicitado. Os métodos e técnicas utilizados pelo analista são padronizados. Já o programador tem a necessidade de estar familiarizado com a linguagem de programação em que o sistema foi ou será escrito. Como já foi dito, existem várias linguagens de programação e de várias gerações diferentes. Sempre que o administrador for contratar um programador, precisa verificar se ele possui os conhecimentos necessários na linguagem utilizada pela empresa. Muitas empresas têm contratado um profissional conhecido como analis- ta desenvolvedor. Ele combina os dois profissionais citados anteriormente: é capaz de documentar tudo do que o usuário final necessita que aconteça e já implementar no sistema. Convém salientar que o analista requer características de relacionamento interpessoal para realizar o seu trabalho, pois depende diretamente do usuário final e, por isso, necessita de sensibilidade para compreender o que realmente é necessário, o que é meramente desejo ou, ainda, o que não foi falado explicitamente, mas pode ser entendido implicitamente. Já o programador tem um perfil extremamente técnico, com grande capacidade de concentração e excelente raciocínio lógico. Perceba que encontrar todas essas características em uma única pessoa pode ser complicado. Para obter sucesso na utilização dos Sistemas de Informação baseados em computador, o usuário precisará de apoio especializado, pessoas que o treinem ou ainda realizem a manutenção nos equipamentos. Apesar de injustamente não receber a merecida atenção, o treinamento dos usuários em muitos casos pode significar a diferença entre o sucesso e o fracasso na 29 utilização de um Sistema de Informação. Aos poucos, as empresas têm compreendido isso e reforçado a criação de elementos de treinamento na equipe de apoio. Algumas empresas fornecedoras de Sistemas de Informação realizam treinamentos sobre a utili- zação e, não raro, isso pode ser o diferencial na contratação de uma grande corporação. Além do treinamento no uso do Sistema de Informação, o pessoal de apoio também oferece auxílio sobre processadores de texto, planilhas eletrônicas e outros aplicativos que eventualmente possam ser utilizados pela organização. Um Sistema de Informação invariavelmente irá requerer uma base de dados. Na medida em que essa base cresce, faz-se necessária a utilização de um profissional administrador de bases de dados. Ele foca planejamento, políticas e procedimentos relativos ao uso das informações da organização, disponibilizando a base de dados para os desenvolvedores de aplicações de Sistemas de Informação e ainda realizando contro- le, monitoramento e ajustes para o uso adequado da base de dados. No uso corporativo, os computadores estão sempre conectados em rede, por meio da qual os vários usuários acessam os servidores que contêm a base de dados e o Sistema de Informação. A utilização de redes de computadores requer, em especial, um profissional: o administrador de redes. O responsável pela administração da rede local define e gerencia o hardware, o software e os processos de segurança. É de sua responsabilidade adicionar novos usuários nos sistemas ou dispositivos utilizados através da rede. Ele também mantém os sistemas em pleno funcionamento, localizando, isolan- do e resolvendo os problemas que envolvam o uso da tecnologia. Dependendo da quantidadede pessoas trabalhando diretamente com a Tec- nologia da Informação, pode ser necessária a contratação de um Chief Information Offi- cer (CIO) – ou simplesmente gerente de tecnologia da informação. Este profissional está diretamente ligado à alta direção da empresa. Podendo até ocupar a posição de vice-presidente, ele é responsável pelo planejamento, pela aquisição e pelo gerencia- mento dos Sistemas de Informação. Sua função mais importante é alinhar todos os re- cursos, como hardware, software e profissionais da equipe de Tecnologia da Informação, às necessidades do negócio da empresa. O sucesso do seu trabalho ocorre na medida em que consegue, com êxito, integrar as operações dos Sistemas de Informação com as estratégias corporativas. Engana-se quem pensa que esse profissional limita-se ao de- partamento de Tecnologia da Informação da empresa. Sua atuação é ampla, por meio da comunicação entre todas as áreas da empresa, para determinar as necessidades globais. É inegável que a Internet provocou mudanças no comportamento da so- ciedade em geral. Também as empresas estão mudando para se adaptar no uso desse recurso de forma a agregar valor a sua operação. Diante dessa necessidade, surge uma nova especialidade de profissionais de Tecnologia da Informação: são os especialistas em Internet. São profissionais diversos, como analistas, programadores, administra- dores de rede e até gerentes, que aprofundaram os seus conhecimentos no uso da Internet. 30 Resumo Uma visão holística do sistema nos revela que ele está inserido em um meio ambiente que contém entidades que interagem. Os sistemas possuem sua matéria- -prima, as entradas, que são transformadas por meio de processo organizado de ações e utilização de recursos, produzindo assim a saída, que geralmente possui maior valor agregado do que a entrada. O mecanismo utilizado para controlar ou fiscalizar o processo é conhecido como feedback. Não podemos esquecer que as trocas entre os vários elementos ocorrem por meio de relações. Os Sistemas de Informação podem ser manuais ou baseados em compu- tador. Sua característica básica é receber uma entrada, realizar um processo e gerar uma saída normalmente utilizada como realimentação do processo ou da entrada. Os Sistemas de Informação baseados em computador necessitam de recur- sos como hardware, software, telecomunicações, processos de negócio e pessoas, para que possam efetivamente produzir efeito dentro do ambiente empresarial. Os recursos Os profissionais de Tecnologia da Informação podem fazer parte do quadro de funcionários da empresa ou ainda ser contratados como prestadores de serviço. Para saber qual modalidade é mais adequada ao negócio, o gestor deve encontrar o equilíbrio entre o investimento necessário e o seu retorno. Ou ainda detectar posições em que o sigilo da informação se faz necessário. Em situações de desenvolvimento inicial de sistemas, a demanda de mão de obra de analistas e programadores é grande. Mas, depois de implantados, os sistemas requerem menos profissionais. Assim, durante o processo de desenvolvimento, pode- ria ser considerada uma força de trabalho mista, contendo funcionários da empresa e pessoas contratadas como prestadoras de serviço. Após a implantação, permaneceriam apenas os funcionários da empresa. Situações similares são comuns aos profissionais de Tecnologia da Informação e o gestor deve ponderar a melhor solução. O gestor, ao realizar o processo de seleção de profissionais de Tecnologia da Informação, pode considerar a verificação de certificação. A certificação é um processo para testar habilidades e conhecimentos que resulta em um endosso por parte de au- toridade competente que indica um indivíduo como capaz de efetuar um tipo específico de trabalho. Frequentemente, esse processo envolve cursos específicos de capacitação fornecidos e endossados pelos fornecedores de produtos ou serviços de Tecnologia da Informação. É importante que o gestor saiba quais são os pontos críticos do seu negócio, pois medidas preventivas devem ser tomadas para garantir a continuidade da operação da empresa. 31 Atividades 1. Leia a seção 2.3 - Valor e qualidade das informações, do livro “Sistemas de Infor- mações Gerenciais na Atualidade”, de Marco Antonio Masoller Eleuterio, disponível na Biblioteca Virtual Pearson. Agora, faça uma comparação entre os atributos propostos por Eleuterio e as características presentes no Quadro 2 - Características das informações valiosas, deste capítulo. 2. Descreva os componentes que devem ser considerados para calcular o TCO dos ativos de Tecnologia da Informação. 3. Pensando nos recursos de telecomunicação utilizados pelos Sistemas de Informação, explique: a) Intranet, Internet e Extranet. b) LAN e WAN. 4. Fale sobre as competências básicas dos Sistemas de Informação que interessam aos gestores e liste os profissionais cuja força de trabalho seja matéria importante para aqueles que são responsáveis pela tomada de decisão em uma empresa. devem ser alinhados às necessidades do negócio, para que possa ser obtido o máximo proveito de suas potencialidades. Anotações 32 33 dimensões dos sistemas de inFormação Capítulo 2 34 Como você já viu, os Sistemas de Informação tornaram-se um importante recurso para o gestor. Utilizando-os, o gestor é capaz de melhorar o seu desempenho profissional e gerir com mais assertividade os negócios. Agora, teremos a oportunidade de entender mais claramente as dimensões dos Sistemas de Informação e como elas interagem. Também verificaremos a importân- cia de ajustar às necessidades do negócio cada uma das dimensões listadas a seguir: • Organizacional • Tecnologia • Pessoas Abordaremos, ainda, questões sobre ciclo de vida dos Sistemas de Informa- ção, contemplando o processo de desenvolvimento e destacando onde se enquadra a participação do gestor. Valorize o seu passe, torne-se o gestor que as empresas estão procurando, saiba como retirar vantagem competitiva dos Sistemas de Informação. Este é o convite que fazemos a você neste capítulo. Introdução 2.1 As Dimensões dos Sistemas de Informação Como vimos no capítulo anterior, um Sistema de Informação pode ser defi- nido como um conjunto de componentes relacionados entre si que coletam/recuperam, processam, armazenam e distribuem informações com o objetivo de apoiar a coordena- ção, o controle ou ainda o processo de tomada de decisões. Falar em Sistemas de Informação nos remete o pensamento a computado- res, softwares, dados e telecomunicações. Entretanto, esse conjunto compõe apenas uma das dimensões dos Sistemas de Informação – a tecnológica. Existem ainda as dimensões humana e organizacional. 35 FIGURA 6 – As dimensões dos Sistemas de Informação Fonte: Laudon (2010, p. 14). 2.1.1 Dimensão Organizacional Uma Organização é um conjunto formal de pessoas e outros recursos esta- belecidos para atingir uma gama de objetivos. Existem organizações com fins lucrativos e organizações não lucrativas. As organizações não lucrativas podem estar vinculadas a grupos sociais e religiosos, universidades e outras instituições. Quando a organização tem fins lucrativos, o seu principal objetivo é maximizar o seu valor para os acionistas. Para tal, todos os recursos à disposição da organização cooperam para agregar valor às entradas de forma que as saídas possuam valor relativo maior do que as entradas. Diversos são os processos que agregam valor às saídas, atividades como: logística interna, armazenamento, produção, armazenamento de produtos acabados, logística externa, marketing e vendas e serviços a clientes. Essas atividades ocorrem em série e também podem ser chamadas de cadeia de valores (STAIR, 2009). Se inicialmente a necessidade das organizações moldou os primeiros Siste- mas de Informação, em um segundo momento as novas possibilidades criadas molda- ram as empresas e, desde então, vivemos em uma via de mão dupla: ora a necessidade empresarial dita as alterações nos sistemas,ora as novidades oferecidas por estes siste- mas geram um novo paradigma para as organizações. É um desafio para o gestor entender como um Sistema de Informação deve atuar dentro de uma organização. Para isso, existe a necessidade de conhecer a cultura da organização, sua estrutura e sua história. Somente assim ele poderá perceber a real necessidade da empresa. Como bom gestor, você já sabe que a empresa está organizada em hierar- quias estruturadas de forma a definir a relação entre os vários grupos em níveis super- postos. 36 FIGURA 7 – Organização de grupos superpostos Fonte: Chiavenato (2010, p. 114). Essa hierarquia revela uma clara divisão, definindo autoridade e responsa- bilidade dentro de cada nível da estrutura que é somada aos comportamentos e tarefas logicamente relacionados para a execução do trabalho. Dessa forma, ao longo do tempo, desenvolvem-se regras formais que orientam o comportamento dos funcionários. Não raro, parte destas regras, conhecidas como cultura organizacional, vai parar dentro dos Sistemas de Informação. Assim, numa empresa em que a cultura é manter um alto nível de controle dos processos, seus sistemas também realizarão um alto nível de controle dos processos. Já em empresas em que o mais importante é manter segredo sobre o valor dos totais de vendas, seus Sistemas de Informação certamente oferecerão confi- dencialidade a essa informação, garantindo que somente pessoas autorizadas tenham acesso a ela. Importante A cultura organizacional pode ser definida como um conjunto de crenças, valores e abordagens compartilhados para a tomada de decisão. Diferentes níveis ou departamentos de uma empresa podem desenvolver culturas próprias, conforme os seus interesses. Surgem, então, situações conflitantes que exigem acordos e compromissos para o bem maior da organização. Também esses acordos ou compromissos são implementados nos Sistemas de Informação. 2.1.2 Dimensão Humana John D. Rockefeller (1839-1937), empresário que fez grande fortuna e criou na época a maior empresa petrolífera dos Estados Unidos, disse uma frase que até hoje se mantém atual: “Pela habilidade para lidar com pessoas, pagarei mais do que qualquer outra habilidade que se possa imaginar”. Rockefeller sabia que uma empresa é tão boa quanto as pessoas que a formam. Os Sistemas de Informação também são extrema- mente dependentes das pessoas. A qualidade dos Sistemas de Informação depende da qualidade técnica das pessoas que os desenvolvem, mantêm e usam. 37 2.1.3 Dimensão Tecnológica Os recursos humanos decidem quais recursos tecnológicos serão utilizados pela organização para enfrentar o cenário de constante mudança. Hardware, software e redes de computadores são escolhidos conforme o modelo de negócio a ser atendido. Assim como a dimensão organizacional e a dimensão humana, a dimensão tecnológica também realiza um ciclo contínuo com os Sistemas de Informação. A evo- lução dos sistemas exige desenvolvimento de novas tecnologias e estas alavancam a potencialidade dos Sistemas de Informação. Ainda na dimensão tecnológica, destacam-se o armazenamento de dados, as comunicações e as redes de computadores. Pessoas com conhecimentos diversos são necessárias em uma empresa. Os gestores possuem papel fundamental. É deles a função de perceber as várias situações, os desafios presentes no ambiente empresarial, de forma a poder oferecer soluções aos problemas organizacionais. Os gestores também vislumbram o que há de vir e recriam a empresa de tempos em tempos. Nesse contexto, os Sistemas de Informação proporcionam grande apoio ao gestor para produzir soluções criativas. O ser humano é capaz de produzir soluções lançando mão da Tecnologia da In- formação a seu favor. Esse é o contexto da dimensão humana nos Sistemas de Informação. 2.2 Sistemas de Informação e as Organizações Num cenário tão dinâmico, mudanças são provocadas, constantemente, por fatores internos ou externos, e as organizações, sejam com ou sem fins lucrativos, pre- cisam lidar com essas alterações. Internamente, funcionários em todos os níveis podem promover atividades que resultam em alguma mudança organizacional. Assim, um novo diretor pode exigir que os relatórios de vendas sejam emitidos toda sexta-feira. Antes de sua gestão, os relatórios eram impressos apenas ao final do mês. A determinação pro- voca uma mudança na rotina de trabalho que deverá ser ajustada para atender à nova realidade. Existem ainda os fatores externos, como: mudanças na economia, mudanças na legislação fiscal e tendências de mercado. Pense, por exemplo, na mudança que várias organizações brasileiras sofreram e vêm sofrendo por conta dos diversos ajustes nos sistemas fiscais nacionais, como SPED Fiscal, SPED Contábil, Nota Fiscal Eletrônica, entre outros. A implantação de um novo sistema ou ainda a modificação em algum Siste- ma de Informação provocará mudanças na organização, pois afetará suas tarefas e ati- vidades relacionadas aos processos da cadeia de valores, causando, inclusive, alterações na forma como os colaboradores da empresa trabalham. 38 É importante que a organização esteja preparada para lidar com a mudança organizacional. Superar a resistência a mudanças pode ser uma grande dificuldade en- frentada pelo gestor no processo de implantação de novos Sistemas de Informação. A maioria dos usuários dificulta ao máximo e alguns até tentam sabotar o novo sistema. Para evitar essas situações ou, pelo menos, tentar minimizá-las, o gestor deve envolver os demais colaboradores, buscando informá-los sobre os motivos da mudança e os inú- meros benefícios que os novos Sistemas de Informação poderão trazer para a empresa. O sucesso da mudança organizacional depende muito da forma como ela é planejada. A adoção de um modelo que identifique as fases da mudança e a melhor maneira de interagir com cada uma delas pode ser uma boa alternativa para gerir esse processo. Um modelo de mudança bem aceito é o proposto por Kurt Lewin e Edgar Schein (1981). A abordagem é dividida em três estágios para a mudança: • Degelo • Mudança • Congelamento O degelo é o processo de interromper os antigos hábitos, visando criar um clima receptivo para as mudanças organizacionais. Nessa fase, vale a pena promover reuniões explicando as vantagens do novo sistema ou, ainda, veicular um comunicado interno divulgando os benefícios para os colaboradores e para a organização. É impor- tante que a linguagem utilizada seja adequada ao público para o qual se deseja transmitir a mensagem. Torna-se necessário, em alguns casos, preparar mais de um comunicado. Já a mudança é o processo de aprender os novos métodos de trabalho, comportamentos e sistemas. Nessa fase, é muito importante o treinamento adequado, partindo de como a tarefa era executada no sistema antigo para como ela agora deve ser realizada no novo Sistema de Informação. O redesenho dos processos deve ser claro e estar ligado à fase anterior, o degelo, de forma que seja nítida a evolução dos sistemas. Finalmente, chegamos à terceira fase (congelamento), ou seja, o reforço para tornar o novo processo natural, aceito e parte do trabalho. Nessa fase, o gestor deve deixar clara a impossibilidade de retornar aos sistemas antigos, minando, assim, qualquer esperança de que falhas possam provocar a volta do modelo anterior. O trei- namento continua a ser executado, mas agora o foco é exclusivo no novo sistema e no novo desenho de processo, não havendo mais a necessidade de demonstrar a evolução em relação ao sistema anterior. Para a condução da mudança organizacional, entre os membros da organi- zação, devem ser nomeados agentes que terão como missão principal defender o novo sistema e propagar os seus benefícios. 39 A cada processo de mudança organizacional, a empresa tem a oportunidade de desenvolver o seu aprendizado organizacional, ou seja, adaptações a novas condições ou alterações das práticas organizacionais que ocorrem ao longo do tempo. Esse aprendizadotambém pode ser obtido por meio dos ajustes realizados nos processos da organização baseados em experiências e ideias. As mudanças que ocorrem no ambiente organizacional podem ser radicais – conhecidas como “reengenharia” – ou brandas, apenas adicionando novas rotinas – chamadas, então, de “melhoria continuada”. Reengenharia ou revisão de processos: envolve uma análise aprofundada de todos os processos de negócio. Estruturas organizacionais, Sistemas de Informação e valores da organização são reavaliados em busca de alcançar um novo estágio nos resultados de negócios. Já a melhoria continuada busca o constante aperfeiçoamento dos processos de negócios, pode ser apoiada pelos Sistemas de Informação e tem por objetivo o aumento da qualidade dos produtos e serviços. A seguir, destacamos um comparativo entre os processos de reengenharia e melhoria continuada. QUADRO 4 – Comparativo: Reengenharia e Melhoria Continuada Reengenharia Melhoria Continuada Tipo de ações que provocam Ações vigorosas para resolver problema sério Ações rotineiras para obter pequenas melhorias Quem dirige Dirigida por altos executivos Dirigida pelos trabalhadores O que busca Atingir grande mudança Melhorias contínuas e graduais Como se relacionam com os Sistemas de Informação Sistema de Informação inte- grante da solução Sistemas de Informação for- necem dados de apoio Fonte: Adaptado de Stair (2009, p. 48). O gestor deve observar quanto a organização aceita e usa os Sistemas de In- formação colocados à sua disposição. Os critérios para realizar medição, nesse sentido, são a difusão, a infusão e a aceitação dos Sistemas de Informação. A medida de quanto o Sistema de Informação se espalha pela empresa é a difusão. Ela pode ser observada pela distribuição de computadores para uso do Sistema de Informação nos vários depar- tamentos da empresa. Quanto mais departamentos com computadores para uso do Sis- tema de Informação, maior o nível de difusão do Sistema de Informação na organização. Importante A medida de quanto o Sistema de Informação se espalha pela empresa é a difusão. A medida de quanto o Sistema de Informação se integra (em profundidade) em uma área ou departamento é a infusão. 40 O quanto o Sistema de Informação atende a um determinado departamen- to ou área da empresa é a infusão. Assim, quanto mais detalhes do departamento ou área estiverem previstos no Sistema de Informação, maior é a infusão do Sistema de Informação. Considere uma empresa que utiliza Sistemas de Informação em seus de- partamentos de contas a pagar, contas a receber, folha de pagamento e contabilidade. Entretanto, não prevê detalhes dos processos desses departamentos, bem como as interligações entre eles. Dizemos que, para a área administrativa, a empresa apresenta uma boa difusão, mas uma baixa infusão. Ainda nessa mesma empresa, pense que o sistema de vendas foi desenvolvido sob medida. É previsto o processo de vendas até nos mínimos detalhes, mas não existem sistemas para controle de clientes, de pedidos, de margem de lucro e de comissão. Nesse caso, dizemos que, para a área comercial, ocorre uma baixa difusão. Entretanto, com relação ao departamento de vendas, a infusão é alta. Possuir Sistemas de Informação em todos departamentos e áreas da orga- nização, devidamente ajustados à necessidade dos negócios, mas não utilizar toda a potencialidade disponível, revela outro problema, a aceitação. Várias pesquisas sobre o que leva à boa aceitação dos Sistemas de Informação nas empresas ou ainda o que impede a sua aceitação nas organizações revelaram quais são os fatores capazes de interagir nesse quesito. Essas pesquisas resultaram no modelo de aceitação de tec- nologia, que aponta os fatores que colaboram para uma maior aceitação e o uso dos Sistemas de Informação nas organizações. São eles: • Utilidade facilmente percebida • Facilidade de uso • Boa qualidade das informações • Forte apoio da direção Quando o usuário percebe que sua tarefa é facilitada pelo Sistema de Infor- mação, ele terá um incentivo para utilizá-lo. Para que isso ocorra, o sistema deve estar ajustado ao processo, gerando todas as informações importantes para a execução do trabalho do usuário, como também todos os apontamentos necessários para uso futuro. Dessa forma, o usuário percebe que, utilizando o Sistema de Informação, não terá mais a necessidade de gerar controles paralelos para consolidar informações ou recuperar informações passadas. O apoio da alta direção também é fator preponderante. Deve ficar claro para todos os usuários que o sistema até poderá receber algumas melhorias e ajustes, mas em hipótese alguma será desativado ou substituído. Quando a alta direção da empresa assume a bandeira da utilização do Sistema de Informação, aos poucos ficam minadas as tentativas de boicotar a implantação. 41 Não basta que os sistemas tenham informações sobre os vários departamen- tos e setores da empresa. É necessário que essas informações sejam de boa qualidade e estejam corretas e disponíveis no momento em que o usuário necessitar acessá-las. Atendendo a esse requisito, o Sistema de Informação adquire a confiança do usuário, que passa a alimentá-lo com zelo, pois sabe que, quando necessitar, poderá a partir do sistema obter informações precisas. Quando o usuário é bem treinado para a operação do Sistema de Informa- ção, ele se sente confortável em utilizá-lo. Os sistemas podem ainda apresentar uma interface amigável com o usuário que o auxilie no processo de trabalho e que seja facil- mente recuperável em caso de erros. Com essas características, o usuário não terá medo de utilizar o sistema à sua disposição. O sistema deixará de ser um “obstáculo“ e passará a ser uma ferramenta útil que facilitará a execução do seu trabalho. Pare e Reflita Como o gestor pode incentivar o uso dos Sistemas de Informação nas organizações? 2.3 O Valor dos Sistemas de Informação para as Organizações Os Sistemas de Informação podem ser grandes aliados do gestor na desa- fiante tarefa de gerir os negócios de uma empresa. Para entender melhor o valor do Sis- tema de Informação, vamos olhar para o passado e compreender a sua evolução como provedor de informação para o negócio (BIO, 2008). Pensando como gestor, a primeira preocupação com relação aos procedi- mentos administrativos é gerar uma boa documentação, escrita de forma clara, que garanta o seu entendimento para todos os colaboradores da empresa. Essa fase é cha- mada de manualização. Com o aumento da escala das operações, surge, então, uma preocupação maior com a racionalização dos recursos. Pequenas economias no processo multiplicadas pela escala poderão significar um aumento positivo para o resultado. Surge a fase da racionalização, em que já não basta simplesmente documentar os processos adminis- trativos, mas também examiná-los com o objetivo de torná-los os mais racionais possíveis. Até o momento, estamos falando simplesmente de informação. Com o sur- gimento dos computadores eletrônicos, começa outra fase: a mecanização. Entram em cena os computadores, que, aproveitando a fase anterior, a racionalização, foram utilizados em larga escala com o objetivo de processar os dados mais rapidamente em substituição ao trabalho manual da época. Assim, as rotinas administrativas de controle a apontamentos que eram executadas manualmente passaram a ser processadas por 42 computadores. A simples substituição da força de trabalho manual pela informatizada trouxe apenas velocidade ao processo. Os gestores esperavam mais. Iniciou-se, então, uma série de estudos nos subsistemas mecanizados em que foi observada a possibilidade de se extrair informações além daquelas inicialmente obtidas com a fase de mecaniza- ção. Temos nesse momento a fase de sistemas de informação. Os investimentos em Sistemas de Informação poderiam ser maiores do que o valor economizado pela racio- nalização, pois as novas informações alavancariam a empresa a um novo patamar nos negócios. Na
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