Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A humanização da EAD Apresentação As práticas tradicionais de ensino têm sido revistas e têm dado lugar a abordagens que levam ao desenvolvimento de competências, entendidas como a capacidade de mobilização dos conhecimentos já construídos para o enfrentamento de diferentes demandas, em contextos diversos. O currículo voltado para o desenvolvimento de competências deve ser adotado tanto na educação presencial como no ensino a distância. Na educação a distância, as competências socioemocionais ganham um lugar central, na medida em que são fundamentais para que o aluno se engaje em seu curso e nas atividades propostas e para que possa estabelecer vínculos tanto com a instituição de ensino como com os demais atores dos ambientes virtuais de aprendizagem. Algumas estratégias, voltadas sobretudo para o estabelecimento de uma comunicação efetiva, têm se mostrado eficientes para a humanização dos ambientes virtuais de aprendizagem e para a motivação dos alunos. Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá compreender a importância de um currículo voltado para o desenvolvimento de competências, com destaque para as competências socioemocionais. Também irá refletir sobre os aspectos que contribuem para o estabelecimento de vínculos entre o aluno da educação a distância, a instituição de ensino e os demais atores dos processos de ensino e aprendizagem, além de conhecer práticas que contribuem para a humanização do ensino a distância. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar a importância da competência socioemocional no currículo. • Analisar o vínculo do estudante com a IES e os envolvidos nos processos de ensino e aprendizagem. • Descrever atividades práticas relacionadaa à humanização no EAD.• Desafio A humanização dos ambientes virtuais de aprendizagem é fundamental para a motivação dos alunos dos cursos de EAD. Uma vez motivados, os estudantes se engajam mais efetivamente nas atividades propostas e se evadem menos dos cursos a distância. Analise a situação a seguir: Ciente de que as características do ambiente deveriam estar causando a desmotivação dos estudantes e sua evasão, elabore uma proposta de revisão do ambiente virtual de aprendizagem, para torná-lo mais motivador e humanizado. Infográfico Entre as competências necessárias para a formação oportunizada por cursos na modalidade EAD, estão as competências do domínio tecnológico. Intimamente relacionadas às competências socioemocionais, as competências de domínio tecnológico fazem referência ao uso competente das tecnologias para a promoção de avanços no percurso de aprendizagem. Neste Infográfico, você vai conhecer as competências necessárias para o domínio tecnológico e refletir sobre como elas são construídas na interação dos estudantes com as ferramentas digitais disponibilizadas nos ambientes virtuais de aprendizagem na EAD. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/427b0819-1bc1-421c-9bab-df86ae48acc7/947436f6-a876-4a05-9955-5d7ea37dafcf.jpg Conteúdo do livro Os alunos que optam por realizar um curso na modalidade a distância precisam desenvolver competências socioemocionais capazes de lhes permitir gerenciar seus tempos, bem como seus processos de aprendizagem, para que possam ter sucesso em seu percurso formativo. A motivação para a aprendizagem e o engajamento no curso escolhido dependem de fatores pessoais, mas também das estratégias pedagógicas adotadas pela instituição de ensino concedente do curso. No capítulo A humanização da EAD, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai ampliar os seus conhecimentos sobre as competências socioemocionais, refletir sobre quais estratégias podem ser adotadas pelos proponentes de curso na modalidade EAD para garantir o estabelecimento de vínculos com os estudantes e conhecer alguns aspectos que devem ser contemplados para humanizar os ambientes virtuais de aprendizagem. Boa leitura. INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - EAD OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Identificar a importância da competência socioemocional no currículo. > Analisar o vínculo do estudante com a IEs e os envolvidos nos processos de ensino e aprendizagem. > Descrever atividades práticas relacionadas à humanização no EAD. Introdução Já há alguns anos, as práticas tradicionais de ensino têm sido revistas, dando lugar aos currículos voltados para o desenvolvimento de competências. As competências pressupõem a capacidade de mobilização e uso dos conhecimentos adquiridos nas instituições educacionais, para o enfrentamento de demandas diversas. Assim como no ensino presencial, na educação a distância (EAD) o currículo deve estar voltado para o desenvolvimento de competências. As competências socioemocionais ganham uma grande relevância, por serem necessárias para que os educandos construam uma identidade digital e se engajem nos conteúdos e atividades propostos. Cabe às instituições de ensino (IEs) que oferecem cursos EAD identificar o perfil do aluno e propor ações educativas. Essas ações devem não só possibilitar o desenvolvimento das competências previstas no currículo, mas também oportunizar as competências socioemo- cionais necessárias ao estabelecimento de vínculos entre elas e os estudantes. Neste capítulo você vai estudar o papel da competência socioemocional no currículo e o vínculo entre os alunos, a IES e outros envolvidos nos A humanização da EAD Maria Elena Roman de Oliveira Toledo processos de ensino e aprendizagem. Vai, além disso, conhecer algumas ações já desenvolvidas e bem-sucedidas, a fim de desenvolver subsídios para o planejamento e a implantação de ações pertinentes às especificidades da sua realidade educativa. Competência socioemocional no currículo O termo “competência” surgiu nos anos 1970, no âmbito empresarial, para nomear o que caracteriza uma pessoa que é capaz de realizar determinada tarefa de maneira eficiente. Desde então, esse termo passou a ser utilizado de forma bastante generalizada, estando presente em quase todas as propostas de desenvolvimento e formação profissional. No mundo empresarial, expressões como “gestão por competências”, “formação por competências”, “desenvolvimento profissional por competências”, dentre outras, são bastante comuns (ZABALA; ARNAU, 2010). De acordo com Perrenoud (2000, p. 16), a noção de competência designa “uma capacidade de mobilizar diversos recursos cognitivos para enfrentar um tipo de situação”. As competências não se constituem como saberes e atitudes, mas promovem a mobilização, a integração e a orquestração de tais recursos. Essa mobilização ocorre quando o indivíduo se depara com situações análogas a outras, já vivenciadas anteriormente. São múltiplos os significados da noção de competência. Eu a definirei aqui como sendo uma capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiada em conhecimentos, mas sem limitar-se a eles. Para enfrentar uma situação da melhor maneira possível, deve-se, via de regra, pôr em ação e em sinergia vários recursos cognitivos complementares, entre os quais estão os conhecimentos (PERRENOUD, 1999, p. 4). Portanto, um indivíduo é considerado competente quando consegue, diante de uma situação-problema determinada, identificar e mobilizar os saberes já construídos e criar estratégias utilizando recursos cognitivos diversos que lhe possibilitem o enfrentamento da demanda. Pouco tempo depois que o termo foi usado nos contextos empresariais, essas ideias passaram a permear discussões na área da educação, primeiramente em relação à formação profissional dos educadores e, depois, em relação às diferentes etapas e aos diferentes níveis educacionais. A relevância do desenvolvimento das competências a partir das práticas educativas começou a ser discutida, sobretudo, porque as práticas tradicionaisde ensino precisavam A humanização da EAD2 ser revisadas (ZABALA; ARNAU, 2010). Algumas mudanças eram necessárias, como passar a considerar o contexto de vida do estudante e rever a forma de avaliação baseada em memorização. O currículo tradicional baseado em conteúdo, muitas vezes, impõe obstáculos na identificação do significado em relação ao contexto em que o aluno vive e sua função social, quer histórica, científica, cultural, profissional, cotidiana. Além disso, tendo provas ou verificações como forma de avaliação, acaba-se destacando a memorização em vez da aprendizagem. Pouco conteúdo é construído como conhecimento, porque não há uma participação ativa do indivíduo no processo (BEHAR, 2013, p. 24). O desenvolvimento de competências demanda um rompimento com as práticas tradicionais pautadas pela memorização e pela mecanização dos procedimentos. Isso significa mudar a perspectiva de centralização das ações educativas na figura do professor para o aluno e a aprendizagem (BEHAR, 2013). O currículo voltado para o desenvolvimento de competências deve fazer parte de todas as modalidades educativas (presencial, híbrida e a distância). Na EAD, as competências socioemocionais são muito importantes, porque, para que o aluno faça o curso virtual com sucesso, é fundamental que ele tenha automotivação e autodisciplina, já que o ambiente on-line é livre e, justamente por isso, demanda responsabilidade, comprometimento e disciplina (BEHAR, 2013). As competências socioemocionais têm sido compreendidas como um construto multidimensional que abarca variáveis emocionais (como autoconhecimento e autocontrole), cognitivas (como empatia) e comportamentais (perseverança, decisões responsáveis e comportamentos prossociais). Essas variáveis contribuem para um desenvolvimento saudável ao longo de toda a vida do indivíduo (DAMÁSIO, 2017). Além disso, o aluno precisa saber trabalhar em conjunto com seus colegas (que em geral são apenas conhecidos nos ambientes virtuais) para atingir os objetivos de aprendizagem propostos (BEHAR, 2013). Pesquisas têm demonstrado que os indivíduos com maiores níveis de competências socioemocionais apresentam atitudes mais positivas em relação a si mesmos, como autoestima mais alta, mais autoeficiência e persistência frente aos objetivos, melhores relacionamentos interpessoais, além de mais comprometimento e melhor desempenho acadêmico. Essas atitudes são A humanização da EAD 3 fundamentais para que o aluno dos cursos a distância assuma um compromisso com sua formação acadêmica, a partir da construção de vínculos sólidos com a IE em que está matriculado e com os parceiros de aprendizagem (professores, tutores e colegas) (DAMÁSIO, 2017). Uma competência socioemocional muito importante nos ambientes virtuais de aprendizagem é a empatia. Entende-se por empatia a capacidade de assumir a perspectiva dos outros e de utilizar habilidades para entender suas necessidades e sentimentos, agindo com generosidade e consideração. Uma pessoa considerada empática é capaz de construir relacionamentos próximos, bem como ajudar, apoiar e dar assistência tanto material quanto imaterial para outras pessoas. A empatia deve ser praticada tanto entre alunos e professores/tutores quanto entre os próprios estudantes, contribuindo para a construção de um ambiente mais humanizado (INSTITUTO AYRTON SENNA, 2020). Como vimos, a adoção de um currículo voltado para o desenvolvimento de competências é fundamental, nos cursos de ensino a distância, para que os conhecimentos construídos possam ser utilizados em diferentes contex- tos. Além das competências previstas no currículo, a partir dos conteúdos propostos, as competências socioemocionais têm um papel fundamental na trajetória acadêmica dos alunos de cursos em EAD, por possibilitarem a tomada de atitudes fundamentais para o engajamento no curso e nas ati- vidades e, para o estabelecimento de vínculos com a IE e com os diferentes atores envolvidos nos processos de ensino e de aprendizagem. O estudante e as IEs A EAD demanda bastante disciplina e autonomia por parte dos alunos, dada a natureza das situações de ensino e de aprendizagem. Exige do estudante uma postura ativa diante do conhecimento, porque ele não vai apenas sentar-se em uma cadeira e ouvir o professor falar e transmitir os conteúdos, como ocorre em muitos cursos presenciais. Precisa ler os materiais e organizar seus estudos por conta própria. Por não conseguirem isso, muitos alunos acabam tendo dificuldade para aprender e abandonando o curso (CARVALHO JUNIOR; BARBOSA; CASTRO, 2021). Os alunos da EAD têm perfis bastante diversos no que diz respeito aos gostos, conhecimentos, culturas e idades. Conhecer esses perfis é fundamental para todos aqueles que trabalham com a EAD, para que possam adotar A humanização da EAD4 estratégias que garantam o engajamento dos alunos nas atividades, bem como sua permanência nos cursos. Saber quem é o aluno virtual e quais são suas demandas ajuda o professor no planejamento de cursos que atendam às necessidades e que sejam, verdadeiramente, focados nos educandos (BEHAR, 2013). Para que o engajamento dos alunos nos cursos seja garantido, é necessário oportunizar a eles treinamento e suporte acerca das tecnologias utilizadas no curso, acesso a serviços como os do campus da universidade, serviços de apoio aos estudantes e um eficiente sistema de comunicação, com devolutivas e avaliações, dentre outros. Nem sempre os alunos virtuais conseguem se adaptar ao ensino a distância, seja por conta de questões pessoais (trabalho, família, vida social), seja pela falta de experiência com a tecnologia. Algumas pessoas estão na “fase de alfabetização e letramento digital”, o que significa que ainda estão aprendendo a lidar com as tecnologias geralmente usadas num curso a distância. Então, elas acabam tendo que aprender, além do conteúdo programado, os recursos tecnológicos necessários para acompanhar o curso (BEHAR, 2013, p. 162). De acordo com o Censo EAD.BR, publicado pela Associação Brasileira de Educação a Distância em 2010, muitos dos alunos que se matriculam na EAD estão longe dos estudos acadêmicos já há algum tempo e têm pouca experiência com o uso de recursos digitais. Por isso, é muito importante que as instituições que oferecem cursos nessa modalidade conquistem os alunos, apresentando a eles as inovações e as possibilidades da EAD e que identifiquem as competências exigidas nesse processo. Com isso, elas conseguirão antecipar e minimizar conflitos e problemas, aumentando a motivação necessária para os processos de aprendizagem (BEHAR, 2013). Além disso, muitas vezes, o aluno da EAD chega ao curso com concepções, estratégias e formas de atuar diferentes das necessárias, por trazerem, muito arraigadas, formas de agir características do ensino presencial. A mudança de paradigmas, portanto, embora demande tempo, deve ser objeto de atenção das IEs que oferecem cursos a distância (BEHAR, 2013). A criação de uma identidade virtual ocorre, com mais facilidade, para os estudantes que já têm mais experiência com o uso de tecnologias digitais. A familiaridade com as tecnologias, construída a partir das práticas cotidianas, auxilia o aluno a se apropriar das ferramentas e dos procedimentos. Para Behar (2013, p. 164), o desenvolvimento de tal identidade demanda os três pontos fundamentais a seguir. A humanização da EAD 5 � Atuação estratégica: organização do tempo, formas de comunicação, disposição, motivação para a temática, etc. � Compreensão das características do grupo, bem como das tarefas, dos objetivos do curso e do contexto em que está inserido; e, por fim, � Condições tecnológicas, que se referem à conexão do aluno, à utilização das ferramentas e à familiaridade com a tecnologia. Para que esses três pontos sejam contemplados, faz-se necessário que os responsáveis pelos cursos oferecidos na modalidade EAD conheçam e compreendam os diferentes perfisdos educandos e proponham ações edu- cativas que contemplem suas necessidades reais. Como vimos, nos ambientes de aprendizagem virtuais, assim como nos presenciais, é muito importante que as práticas tradicionais de ensino, centra- lizadas no professor, sejam substituídas por outras, centralizadas no aluno e nos processos de aprendizagem. A revisão das práticas educativas possibilita a adoção de um currículo voltado para o desenvolvimento de competências. Para que as competências do currículo sejam atingidas e os alunos se engajem no ensino, as IEs proponentes de cursos devem conhecer os perfis dos educandos, para identificar suas necessidades e propor ações educativas que possam atendê-las. Esse atendimento oportuniza o estabelecimento de vínculos entre o estudante e a IE e se constitui como um facilitador dos processos de aprendizagem. Práticas de humanização na EAD Muitas discussões sobre a EAD recaem sobre o relacionamento do estudante com a IE concedente dos cursos e com seus pares, que envolvem racionalidade e o campo dos afetos humanos. Essas questões são vistas como limitações da EAD e, como tal, com potencial para mitigar o seu valor. Para que a desvalorização seja superada, as IEs devem adotar processos didáticos que favoreçam a parti- cipação, a comunicação e a interação entre todos os participantes do curso, em um ambiente de aprendizagem colaborativo (CLEMENTINO, 2011; VERGARA, 2007). Para que os cursos oferecidos na modalidade a distância sejam humani- zados, um aspecto relevante, que deve ser objeto de atenção por parte IEs, são os processos comunicativos. Isso porque: Em cursos a distância, como uma das formas prioritárias de conexão com os partici- pantes se dá por meio das palavras em uma tela, diferentes formas de comunicação e interação devem ser pensadas, para suprir as possíveis dificuldades que os alunos sintam: a distância física do grupo e do tutor; sentir-se sozinho com o computador; aguardar as respostas às perguntas feitas; etc... (CLEMENTINO, 2011, p. 3). A humanização da EAD6 Adotar processos comunicativos eficientes e adequados ao alunado do curso facilita o entendimento e a apropriação dos conteúdos, ao mesmo tempo que permite o desenvolvimento de sentimentos de relação pessoal que geram nos alunos prazer e motivação para a aprendizagem. Três são os elementos a serem contemplados nos processos comunicativos para a humanização dos ambientes de aprendizagem virtuais: as interações, os feedbacks e o atendimento personalizado (CLEMENTINO, 2011). As interações são pontos fundamentais para o sucesso das ações edu- cativas oferecidas na modalidade EAD. Confira no Quadro 1 três tipos de interações nos ambientes virtuais de aprendizagem: aluno-conteúdo, aluno- -professor e aluno-aluno. Quadro 1. Tipos de interações nos ambientes virtuais Interação aluno-conteúdo Interação entre o aprendiz e o conteúdo ou tema de estudo: processo fundamental para a aprendizagem, porque possibilita mudanças na compreensão do aprendiz. Interação aluno-professor Interação entre o aprendiz e o especialista que preparou o material ou algum outro especialista que atue como instrutor: na EAD, os instrutores buscam alcançar os objetivos compartilhados com todos os outros educadores. Procuram estimular e manter a motivação do estudante para a aprendizagem, incluindo a autodireção e a automotivação. Interação aluno-aluno Interação interaprendiz, entre um aprendiz e outros aprendizes, sozinhos ou em grupos, com ou sem a presença de um instrutor em tempo real: aspecto fundamental para a aprendizagem e para a manutenção do interesse dos alunos, por conta do sentimento de pertencer a um grupo. Fonte: Adaptado de Moore e Kearsley (2013). A interação entre o aprendiz e o conteúdo ou tema de estudo estabelece uma conversação didática interna (MOORE; KEARSLEY, 2013) e, por meio dela, os estudantes conversam consigo mesmos sobre as informações que encontram nos diferentes materiais disponibilizados no ambiente virtual de aprendizagem. Essa interação é fundamental, porque possibilita mu- danças na compreensão do aprendiz sobre os temas abordados e provoca transformações nas suas estruturas cognitivas a partir da construção de novos conhecimentos. A humanização da EAD 7 Os materiais didáticos dos cursos oferecidos na modalidade a distân- cia têm um papel fundamental para promover novas aprendizagens, manter a motivação e construir um ambiente virtual mais humanizado. A lingua- gem utilizada nesses materiais deve possibilitar a autonomia dos estudantes na realização dos seus estudos. Na EAD, a linguagem tem um papel fundamental para facilitar aprendizagens e ajudar no vínculo entre professor/tutor e aluno, porque permite a interlocução dos agentes do processo educativo. Por isso, ela precisa ser de fácil interpretação, adequada ao público que se pretende atender e passível de adaptações e atualizações (PERCILIO; OLIVEIRA, 2018). A interação entre o aluno e o professor que preparou o material ou outro profissional responsável pela mediação pedagógica nos ambientes virtuais é importante para que os estudantes se apropriem dos objetivos propostos ao curso e para que se mantenham motivados à aprendizagem. Nessa interação, os profissionais da educação devem apoiar os percursos de aprendizagem dos estudantes e orientá-los para que tenham cada vez mais autonomia, autodireção e automotivação. Por sua vez, a interação dos estudantes com seus pares, seja com a pre- sença de um mediador ou não, é fundamental para construir o sentimento de pertencimento a um grupo e para a motivação que é consequente dele. Os feedbacks dizem respeito às observações do aluno e às respostas das equipes a essas observações, constituindo-se como uma via de mão dupla. Mostram o acompanhamento da trajetória dos estudantes mediante a dispo- nibilização de informes e avaliações das atividades realizadas no ambiente virtual. Eles permitem, além disso, elucidar entendimentos errados e solucionar dúvidas sobre notas e atividades (CLEMENTINO, 2011; VERGARA, 2007). Vale ressaltar que os feedbacks aqui mencionados são aqueles que con- tribuem, efetivamente, para os processos de aprendizagem dos estudantes, não os que são automáticos, dados pelo próprio sistema. Isso porque as mensagens automáticas têm: […] elementos comunicativos frios e distantes que transmitem ao aluno a sensa- ção de estar conversando com uma máquina. Exatamente o contrário do que a intercomunicação didática para cursos on-line valoriza: comunicação interpessoal; mensagem em tom de conversação […]; atenção para com o aluno; atendimento pessoal e individualizado (CLEMENTINO, 2011, p. 8). Na escrita dos feedbacks, devemos sempre considerar quem vai recebê- -lo. A mensagem precisa ser sempre gentil e procurar transmitir confiança, A humanização da EAD8 para que seja um instrumento de humanização dos processos de ensino e aprendizagem e possa oferecer um atendimento personalizado a cada um. O atendimento personalizado é um elemento fundamental para a promoção do envolvimento emocional e sentimental dos participantes dos cursos de EAD. Nas interações constantes nos ambientes virtuais de aprendizagem, os estudantes acabam por compartilhar suas vivências individuais, bem como suas demandas e temores. Com isso, com o tempo, é possível identificar as especificidades dos alunos e buscar interagir com cada um de maneira individualizada e personalizada (CLEMENTINO, 2011). Como vimos, a EAD demanda dos alunos o desenvolvimento de competên- cias socioemocionais, para que avancem em seus percursos de aprendizagem num ambiente diferente do das aulas presenciais. No entanto, nesses per- cursos, ele não está sozinho. As IEs proponentes de cursos de EAD precisam adotar estratégias que oportunizem a construção dessas competências, no que diz respeito tanto ao conteúdo quanto a aspectos socioemocionais. É importante que essas estratégias, ao mesmo tempo, garantam um ambientevirtual de aprendizagem mais humanizado, porque eles favorecem a constru- ção de novos conhecimentos, o engajamento dos estudantes e minimizam a desmotivação e a evasão. Referências BEHAR, P. A. (org.). Competências em educação a distância. Porto Alegre: Penso, 2013. CARVALHO JUNIOR, A. F. P.; BARBOSA, L. G.; CASTRO, L. V. A relação entre as dificuldades na aprendizagem e a evasão de alunos na EaD: um estudo de caso. Revista Educação Pública, v. 21, n. 16, 2021. CLEMENTINO, A. Processos comunicativos que humanizam os cursos a distância online. In: CONGRESSO INTERNACIONAL ABED DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, 17., 2011, Manaus. Anais [...]. São Paulo: ABED, 2011. DAMÁSIO, B. F. Mensurando habilidades socioemocionais de crianças e adolescentes: desenvolvimento e validação de uma bateria (nota técnica). Trends in Psychology, v. 25, n. 4, 2017. INSTITUTO AYRTON SENNA. Empatia: como as competências socioemocionais podem ajudar você a atravessar o período de isolamento. Instituto Ayrton Senna, 2020. Dis- ponível em: https://institutoayrtonsenna.org.br/pt-br/socioemocionais-para-crises/ competencia-socioemocional-empatia.html. Acesso em: 19 jul. 2022. MOORE, M. G.; KEARSLEY, G. Educação a distância: sistemas de aprendizagem on-line. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2013. PERCILIO, A. C. M.; OLIVEIRA, P. V. A utilização da linguagem na elaboração do material didático para EAD. CIET:EnPED, 2018. PERRENOUD, P. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: Artmed, 1999. A humanização da EAD 9 PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Penso, 2000. VERGARA, S. C. Estreitando relacionamentos na educação a distância. Cadernos EBAPE.BR, v. 5, 2007. ZABALA, A.; ARNAU, L. Como aprender e ensinar competências. Porto Alegre: Penso, 2010. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. A humanização da EAD10 Dica do professor Nos processos de comunicação e humanização dos ambientes virtuais de aprendizagem, o feedback ocupa um lugar central. Tendo por objetivo oferecer aos estudantes uma devolutiva acerca das atividades realizadas, elaborados de maneira adequada, os feedbacks contribuem para a promoção de avanços nos percursos de aprendizagem e para o estabelecimento de vínculos entre o estudante e a instituição de ensino e entre ele e os mediadores pedagógicos presentes no ambiente virtual. Nesta Dica do Professor, você vai ampliar os seus conhecimentos sobre os aspectos que devem ser contemplados para que os feedbacks cumpram o seu papel nos cursos oferecidos na modalidade EAD. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/214a42df1eb4e57f25cdef21dfa4ae81 Exercícios 1) O conceito de competência passou a ser amplamente utilizado nos contextos empresariais, a partir dos anos 1970. Logo depois, ele começou a permear as discussões nos contextos educacionais. Sobre as competências na educação, leia as afirmativas a seguir: I. O desenvolvimento das competências demanda a proposição de atividades que priorizem a memorização e a mecanização de procedimentos. II. A discussão da importância das competências na educação provocou a revisão das práticas educativas tradicionais e mecanicistas. III. Um sujeito competente é capaz de mobilizar os conhecimentos já construídos e utilizá-los para o enfrentamento de diferentes demandas, em contextos diversos. IV. As competências desenvolvidas nos contextos escolares só são manifestadas quando o indivíduo se depara com uma situação idêntica àquela abordada pelo professor. São verdadeiras as afirmativas: A) II e III. B) I e II. C) III e IV. D) I e III. E) II e IV. 2) O desenvolvimento de competências pressupõe que os indivíduos sejam capazes de mobilizar os conhecimentos já construídos para o enfrentamento de demandas diversas na vida cotidiana e no mundo do trabalho. Sobre o currículo voltado para o desenvolvimento de competências, é correto afirmar o seguinte: A) O currículo voltado para o desenvolvimento de competências deve ser adotado apenas nas ações educativas realizadas no ensino presencial. B) O currículo voltado para o desenvolvimento de competências deve ser adotado apenas nas ações educativas que são híbridas. C) O currículo voltado para o desenvolvimento de competências também deve ser adotado apenas na educação a distância. D) O currículo voltado para o desenvolvimento de competências deve ser adotado nas modalidades presencial, híbrida e a distância. E) O currículo voltado para o desenvolvimento de competências deve ser adotado apenas na Educação Básica. 3) Muito se tem falado sobre as competências socioemocionais, compreendidas como um construto multidimensional que abarca variáveis emocionais e comportamentais, contribuindo para um desenvolvimento saudável ao longo de toda a vida dos indivíduos. Sobre as competências socioemocionais na educação a distância, é correto afirmar o seguinte: A) Nos ambientes virtuais, as competências socioemocionais são importantes, apenas, no que diz respeito aos trabalhos em grupo, porque os colegas são conhecidos só virtualmente. B) Nos ambientes virtuais de aprendizagem, as competências socioemocionais são importantes apenas para que o estudante consiga estabelecer uma boa relação com o professor/tutor. C) As competências socioemocionais são fundamentais na EAD, porque atitudes como a automotivação e a autodisciplina são fundamentais para que o educando aprenda. D) As competências socioemocionais requeridas e valorizadas nos ambientes e nas ações presenciais são as mesmas demandas nos ambientes virtuais de aprendizagem. E) Os níveis de competência socioemocional apresentados pelos estudantes nos cursos oferecidos na modalidade a distância não têm qualquer relevância para os processos de aprendizagem. Nos ambientes virtuais de aprendizagem, alguns fatores são determinantes de um maior engajamento dos alunos e de sua permanência nos cursos. Sobre o estabelecimento de vínculos na educação a distância, leia as afirmativas a seguir: 4) I. Cabe à instituição de ensino conhecer o perfil dos seus alunos a fim de adotar estratégias que possam atender às suas necessidades e garantir o engajamento no curso. II. Os proponentes de cursos não precisam se preocupar com o domínio tecnológico dos educandos, uma vez que estudantes que procuram cursos em EAD já têm esse domínio. III. A falta de adaptação aos cursos oferecidos na modalidade a distância pode decorrer de fatores pessoais e, também, da falta de experiência com as ferramentas tecnológicas. IV. Os estudantes devem criar uma identidade digital, necessária ao sucesso nos cursos em EAD, sem que haja necessidade da adoção de ações com essa finalidade pela instituição de ensino. São verdadeiras as afirmativas: A) I e II. B) I e III. C) II e III. D) III e IV. E) II e IV. 5) A adoção de processos comunicativos eficientes e adequados aos estudantes dos cursos oferecidos na modalidade a distância tem um papel fundamental na promoção de aprendizagens e no engajamento dos alunos. Sobre os processos comunicativos, é correto afirmar o seguinte: A) Os feedbacks podem ser oferecidos pelo próprio sistema, apenas para que o aluno identifique seus erros e acertos. B) A linguagem adotada nos feedbacks, quando realizados pelo tutor, não precisa ser objeto de atenção, por não interferir nos processos de aprendizagem. C) Dada a natureza dos ambientes virtuais de aprendizagem, não é possível oferecer aos estudantes um atendimento personalizado. D) Os conteúdosdevem ser disponibilizados sempre sob a forma de textos escritos, claros e sucintos. E) As interações se constituem como pontos fundamentais para o sucesso das ações educativas, no que diz respeito aos conteúdos, ao professor e aos pares. Na prática Os polos de educação a distância, também chamados de polos de apoio presencial, são locais que têm como objetivo o desenvolvimento de atividades pedagógicas e administrativas relativas aos cursos e aos programas ofertados na modalidade a distância. As ações pedagógicas desenvolvidas nesses espaços podem ser fundamentais para a humanização dos cursos oferecidos em EAD. Conheça, Na Prática, uma ação desenvolvida nos polos de uma universidade virtual que atua em todo o Estado de São Paulo, visando a apoiar a realização dos estágios obrigatórios pelos alunos dos cursos oferecidos por ela. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/24bd05ee-ad08-44b7-8d1d-afdc74335069/86a2074c-7b52-4d48-b469-04df3dac77ab.jpg Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Competências socioemocionais: análise da produção científica nacional e internacional Nos últimos anos, as competências socioemocionais têm sido objeto de estudo de vários pesquisadores, em todo o mundo. Para conhecer a produção científica sobre o tema, leia este artigo. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Análise de perfis de engajamento de estudantes de ensino a distância Conhecer o perfil dos estudantes da EAD é fundamental para que as instituições de ensino possam adotar estratégias que contribuam para seu engajamento nas atividades propostas e no curso. Para saber mais sobre os perfis de engajamento de estudantes nos cursos oferecidos na modalidade a distância, leia este artigo. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Prêmio melhores práticas Sagah: cases que transformam a EAD (recurso eletrônico) Várias iniciativas têm sido desenvolvidas, por diferentes instituições de ensino que oferecem educação a distância, para a promoção de uma aprendizagem mais contextualizada e significativa. Para conhecer experiências realizadas em cursos de EAD que contribuíram para a aprendizagem e para o desenvolvimento das competências pelos alunos, leia esta obra. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/gerais/v11n1/02.pdf https://seer.ufrgs.br/index.php/renote/article/view/110248/60023 Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Compartilhar