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Pesquisas em Psicologia Educacional Apresentação O universo educacional é complexo, principalmente no que se refere às questões de ensino e aprendizagem. As escolas enfrentam diariamente problemas de toda ordem e buscam o apoio de sua comunidade para ajudar a resolvê-los. Um professor-pesquisador pode contribuir no enfrentamento das mais diversas questões do cotidiano escolar, pois estudos criteriosos auxiliam nas dificuldades encontradas nesse contexto. Por essa razão, a formação do professor como pesquisador se torna essencial no campo da Psicologia Educacional. Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá conhecer duas perspectivas básicas para investigação no cotidiano escolar, a empírico-analítica (ou quantitativa) e a humanista-interpretativa (ou qualitativa) e, assim, poderá desenvolver as capacidades iniciais para um professor-pesquisador. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a importância das pesquisas para a prática do ensino.• Diferenciar os principais métodos de pesquisa utilizados na Psicologia Educacional.• Identificar as oportunidades para a prática da pesquisa-avaliação e para a pesquisa-ação, como um potencial professor-pesquisador. • Desafio Em uma escola e, mais precisamente em uma sala de aula, encontramos muitos desafios, principalmente quanto à aprendizagem dos alunos. Imagine que você, professor(a) de uma sala de 5o ano do Ensino Fundamental, logo que chegou na escola foi informado(a) que a turma é fraca e apresenta sérios problemas de aprendizagem. Diante dessa informação, você resolve fazer uma investigação para identificar: a) Quantos alunos apresentam problemas de aprendizagem b) Quais são esses problemas c) Em quais disciplinas os alunos apresentam maiores dificuldades d) Que intervenções já foram realizadas para recuperar as aprendizagens desses alunos? Considere a possibilidade de adoção de uma abordagem qualitativa para o desenvolvimento de sua investigação e indique, nessa perspectiva, quais poderão ser a forma de levantamento de dados para que possa identificar as questões anteriormente levantadas? Infográfico Pesquisas quantitativas e qualitativas são métodos complementares que você pode combinar em suas pesquisas para obter resultados mais abrangentes e profundos. Em termos simples, os dados quantitativos fornecem os números para provar os amplos pontos gerais de sua pesquisa. Os dados qualitativos trazem os detalhes e a profundidade para entender completamente suas implicações. Para obter os melhores resultados com esses métodos em suas pesquisas, é importante que você entenda as diferenças entre eles e como eles podem ser aplicados em sala de aula para obter diferentes dados. Conheça, no Infográfico, as principais diferenças entre as pesquisas quantitativas e qualitativas aplicadas à sala de aula. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/f2ab4f7a-88b2-42bf-8fe8-bfa93eba767a/f4e22383-490d-4a71-8fd4-bb99f5e1789b.jpg Conteúdo do livro Para conhecer melhor os principais métodos de pesquisa e a importância das pesquisas educacionais, leia o capítulo Pesquisas em Psicologia Educacional, da obra Psicologia da Educação, base teórica para esta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO Eliane Dalla Coletta Pesquisa em psicologia educacional Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer a importância das pesquisas para a prática do ensino. � Diferenciar os principais métodos de pesquisa utilizados na psicologia educacional. � Identificar as oportunidades para a prática da pesquisa-avaliação e da pesquisa-ação, como um potencial professor-pesquisador. Introdução Neste capítulo, você estudará a pesquisa na área educacional, seus desafios e suas possibilidades e o quanto ainda necessitamos avançar para mudar uma realidade brasileira que se apresenta com muitas dissociações entre teoria e prática. Nesse contexto, a pesquisa ainda é vista como uma ativi- dade elitista, que pode ser desempenhada apenas por poucas pessoas com formações, capacidades e oportunidades consideradas especiais. Também avaliaremos o que pode ser feito para que o professor se torne reflexivo sobre sua ação, por meio da análise e da interpretação. Será oportunizado o conhecimento sobre as duas perspectivas básicas de investigação: a empírico-analítica (conhecida como quantitativa) e a humanista-interpretativa (conhecida como qualitativa) e suas técnicas de coleta de dados. Além disso, serão analisadas as potencialidades da pesquisa-avaliação e da pesquisa-ação e as possibilidades de o professor se tornar um professor-pesquisador. 1 Importância da pesquisa na prática do ensino A pesquisa ou investigação é uma ação pela qual um profissional adquire ou gera um novo conhecimento sobre determinado assunto ou problema. É uma redescoberta de uma realidade, uma inovação que geralmente parte de um questionamento. Qualquer investigação busca esclarecer uma dúvida, replicar um fenômeno, testar uma teoria ou buscar soluções para um dado problema. Por isso, ela parte de um questionamento sobre a realidade para delimitar o problema a ser pesquisado/investigado. A Figura 1 apresenta um esquema de um planejamento do problema de investigação. Figura 1. Planejamento do problema de investigação. Fonte: Adaptada de Hernández, Fernández e Baptista (2003). Elementos necessários Objetivos Viabilidade Justi cativa Problemas de investigação Claros Possibilidade de recoletar dados Relação entre variáveis ou elementos Critérios Planejamento do problema de investigação Parte de Parte de que são A seguir que são Os conhecimentos que adquirimos no nosso cotidiano são mais simples, pouco sistemáticos e analíticos. Contudo, muitas vezes, fundamentam as ações e as decisões dos profissionais, mas estão longe de se tornarem uma teoria. Esta se concretiza por meio de um estudo rigoroso realizado mediante método científico, que objetiva potencializar a informação disponível em torno de problemas de origem teórica ou prática, na busca de compreensão, explicação, predição e controle dos fenômenos. O método científico se caracteriza por ser (ALMEIDA; FREIRE, 2003): Pesquisa em psicologia educacional2 � objetivo (descreve a realidade como ela é); � empírico (baseado em experiência, fenômenos e fatos); � racional (apoiado na razão e na lógica); � replicável (a sua comprovação pode ser feita por pessoas distintas e em circunstâncias diversas); � sistemático (organizado, ordenado, consistente e coerente); � metódico (metodologia rigorosa); � comunicável (reconhecido e aceito pela comunidade científica); � analítico (busca entrar na complexidade e na globalidade dos fenômenos); � cumulativo (conhecimento construído e estruturado a partir de conhe- cimentos científicos anteriores). Conforme Almeida e Freire (2003, p. 23): [...] para poder explicar e predizer os fenômenos é necessário um sistema de relações, contrastadas mediante dados empíricos. Tal sistema é designado por teoria, ou seja, sistema ou quadro descritivo, e se possível explicativo, preditor e controlador (muitas vezes provisório) dos fenômenos. Na descri- ção de uma teoria, devemos considerar os seus elementos constitutivos: os conceitos ou variáveis e as suas relações que descrevem os fenômenos, as explicações dos fenômenos descritos e suas relações, e as predições de umas variáveis a partir das outras. As profissões que são baseadas em conhecimentos científicos, como a medicina e a engenharia, ao necessitarem solucionar problemas concretos, utilizam esse conhecimento que se transforma em práticas organizadas e adaptadas pelos profissionais dessas áreas. Estes, ao se defrontarem com novas evidências empíricas, reavaliam-nas e renovam-nas. Na área educacional, no entanto, o quese observa é uma dissociação entre teoria e prática, o que demonstra uma comunicação insuficiente ou quase escassa entre a ciência e as práticas pedagógicas. Isso é muito contraditório, se pensarmos no professor como aquele que deveria ser o “senhor” de um intelecto notável e o principal agente na promoção do saber em vários níveis de ensino. Na prática pedagógica de sala de aula, o conhecimento científico é, muitas vezes, ignorado pelos professores, pelos gestores e, inclusive, pelas políticas públicas (NUNES, 2008). 3Pesquisa em psicologia educacional Para tanto, segundo Shigunov Neto e Maciel (2009, p. 3-4) é necessário: [...] desmistificar a pesquisa científica que se concentra, quase exclusivamente, nas Instituições de Ensino Superior e torná-la mais acessível e próxima da realidade, do cotidiano, do dia a dia dos profissionais, da sociedade, dos alunos e principalmente dos professores. Sem significar, no entanto, vulgarizá-la, pois a pesquisa, enquanto mecanismo de formação, deve estar ativamente no processo de formação educativa dos cidadãos, alicerçada no “esforço sistemático e inventivo de elaboração própria, através da qual se constrói um projeto de emancipação social e se dialoga criticamente com a realidade. Predomina entre nós a atitude do imitador, que copia, reproduz e faz prova. Deveria impor-se a atitude de aprender pela elaboração própria, substituindo a curiosidade de escutar pela de produzir”. Encontramos na prática de sala de aula duas situações muito enraizadas que predominam nos ensinos fun- damental e médio, que é a do aluno que só quer passar de ano de preferência sem nem escutar e a do professor que apenas quer dar aula sem questionar se os seus conhecimentos estão desatualizados ou não, sem dominar as técnicas e métodos de pesquisa e assume como algo “normal” a sua rotina de transmitir o que aprendeu como um repeteco. [...] as discussões sobre a importância da pesquisa na formação e atuação do professor pesquisador tem tido destaque entre os temas educacionais pesquisados por estudiosos internacionais e na- cionais nas últimas décadas. Entre os pesquisadores internacionais podemos destacar Contreras (2002), Perrenoud (1993), Schön (1992), Giroux (1997) e entre os estudiosos brasileiros podemos destacar: André (2001), Lüdke (2001), Pimenta (2002) e Veiga (2002). No âmago da relação entre pesquisa e ensino no campo da educação, Vilaça (2010) refere que, mesmo tendo uma importância inquestionável, a prática da pesquisa na educação não é evidenciada na realidade da educação no Brasil. Os projetos de pesquisa são vistos como pertencentes à classe dos professores do nível de ensino superior. A pesquisa e o ensino medeiam o conhecimento e articulam a promoção da aprendizagem por caminhos próprios, mas se entrelaçam. Porém, a figura do professor é ainda desvinculada da figura do pesquisador, o que mostra uma falha também na formação desses professo- res, e não são sem sentido as últimas exigências e os requisitos de formação superior para todos os professores, tanto do ensino fundamental quanto do médio. Contudo, nada disso será suficiente se não for dada a especial atenção às disciplinas de metodologia de pesquisa, tão necessárias à pesquisa teórica quanto à aplicada. Pesquisa em psicologia educacional4 Ou seja, há um extenso e amplo caminho a ser percorrido no desenvolvi- mento dos professores, no sentido de trabalhar o ensino e a pesquisa. Uma das possibilidades é tornar a pesquisa integrante no eixo de formação inicial e continuada dos professores, como também é necessário que o profissional (professor) queira ser pesquisador e manejar a pesquisa como princípio cientí- fico e educativo, sendo esta sua atitude cotidiana. Outra oportunidade é tornar a pesquisa do corpo docente como parte integrante das disciplinas, para que possam discutir os resultados, analisá-los e verificar a metodologia utilizada com outros professores, construindo, assim, novas temáticas conforme as necessidades escolares. A competência, dessa forma, seria renovada, melho- rando as perspectivas de um ensino com mais qualidade. Considerando que, na atuação docente, o conhecimento específico está ligado à ação, é importante também que a formação inicial promova novas práticas que possibilitem a formação científica vinculada à prática, para que o professor se torne um professor com reflexão na ação, analisando e interpretando a sua realização. Segundo Pio, França e Domingues (2017, p. 112): [...] o professor deve resgatar a base reflexiva de sua atuação, pesquisando e refletindo a sua prática, questionando a sua tarefa, sendo assim, podendo entender melhor a sua situação e depois modificá-la, pois, quando professor pesquisa a sua própria prática, ele consegue interpretar, adaptar, recriar e improvisar as necessidades e dificuldades em sua volta [...] é necessária uma nova postura profissional, que possa corresponder de forma qualitativa o interesse dos envolvidos, efetivando na troca de conhecimentos entre os profissionais, saindo do isolamento, pois, é impossível pensar na escola como unidade de ação com professores isolados [...] Um processo de autonomia dos professores como intelectuais críticos requer analisar, questionar e refletir criticamente no contexto da situação e ter uma postura diante dos problemas, desenvolvendo suas próprias estratégias de ensino. Nesse sentido, o professor deve envolver o currículo cada vez mais em seus princípios e suas práticas, tornando a escola mais atraente aos alunos. 2 Principais métodos de pesquisa utilizados na psicologia educacional Nas áreas de psicologia e educação, segundo Almeida e Freire (2003), existem duas perspectivas básicas de investigação. A primeira é denominada empírico- -analítica, que geralmente é, também, apresentada como quantitativa positi- vista e experimental, a qual objetiva explicar, predizer e controlar fenômenos, nos moldes das ciências exatas ou ciências naturais, em que a investigação 5Pesquisa em psicologia educacional procura por padrões e leis explicativas com objetividade nos procedimentos e na quantificação dos parâmetros. Os fenômenos psicológicos e educativos, no entanto, são mais complexos que os fenômenos mais regulares, que podem ser analisados em laboratórios pelo método experimental, pois muitas situa- ções são irreprisáveis. Além disso, apresentam dinâmica e interação que são impossíveis de verificação em laboratório. A segunda perspectiva, a humanista-interpretativa, também é associada à investigação qualitativa e naturalista, concebendo a realidade psicoeducativa como dinâmica, fenomenológica e concatenada com a história individual e o seu ambiente contextual. O estudo é realizado a partir da perspectiva dos próprios sujeitos implicados nos eventos investigativos. Assim sendo, além dos comportamentos observáveis, são necessários a consideração e o conhecimento de suas crenças, seus valores, sistemas de comunicação e de relacionamentos, interessando os significados e as intenções das ações hu- manas. Um dos métodos qualitativos que se destaca é a análise de conteúdo, que também pode atender a aspectos quantitativos (frequência de diversas categorias que pode testar uma hipótese). No aspecto qualitativo, o enfoque é dado às informações mais detalhadas e complexas, com o objetivo de detectar a presença ou ausência de características do discurso. A análise de conteúdo é aplicada nos dados que são obtidos por meio de entrevistas, documentos ou outros registros (ALMEIDA; FREIRE, 2003). A psicologia e a educação utilizam três tipos de investigação: descritiva, correlacional e experimental. Podemos, no entanto, encontrar várias taxonomias de investigações em psicologia e educação, que variam de autor para autor. Em termos de finalidade, há investigações que buscam a descoberta e a fixação das leis, como a investigação pura ou a investigação aplicada, ou prática, que visa à resolução de problemas concretos e peculiares, ou,ainda, a que engloba as posturas anteriores, que é a investigação-ação. Considerando o aspecto profundidade, temos as exploratórias e experimentais, em um grau extremo, e, no nível intermediário, as descritivas e as correlacionais. Em função da metodologia, podem ser encontradas várias características: mais quantitativas ou mais qualitativas, além de laboratoriais ou mais de campo, de natureza mais transversal ou longitudinal. Existe, ainda, aquela que busca essencialmente leis gerais, como a investigação nomotética, e a investiga- ção centrada nas particularidades ou individualidades, que é a idiográfica (ALMEIDA; FREIRE, 2003). Pesquisa em psicologia educacional6 Para um melhor entendimento, devemos considerar os paradigmas de investigação, que são o sistema de pressupostos e valores que norteiam a pesquisa e orientam o investigador para a obtenção de “respostas” diante do “problema/questão” que se propôs investigar — são eles que informam a metodologia do investigador. Além disso, temos que esclarecer alguns termos que são frequentemente utilizados por diversos autores como sinônimos, mas que apresentam algumas diferenças importantes, como “metodologia”, “métodos” e “técnicas”. Os métodos de investigação podem ser definidos como a direção para chegar ao conhecimento científico, sendo o conjunto de procedimentos que serve de instrumento para alcançar a investigação. As técnicas são mecanismos de atuação precisos e particulares; são meios que auxiliam o método, uma vez que, dentro deste, podemos utilizar várias técnicas. A metodologia, por sua vez, ocupa-se de tutelar os métodos e assinalar os seus limites e alcance, explicitando e enaltecendo os seus princípios, procedimentos e estratégias mais adequadas para a investigação. Assim, fica claro que a metodologia tem um sentido mais amplo que o método, dado que questiona o que está encoberto, os fundamentos dos métodos, as filosofias que estão implícitas e que intervêm nas escolhas feitas pelo investigador (COUTINHO, 2011). Existem diferentes formas de investigar a realidade social. Se atentarmos à literatura, a maioria dos autores reconhece que a pesquisa científica pode ser abordada a partir de dois paradigmas, ou alternativas metodológicas: a quantitativa e a qualitativa. Metodologia quantitativa Inspirada na filosofia positivista, durante décadas essa metodologia consistiu na perspectiva dominante da investigação em ciências sociais e humanas, sendo também denominada experimental, empírica ou estatística. É uma investigação basicamente confirmatória, inferencial e hipotético-dedutiva. O investigador se situa fora da investigação, sendo um elemento externo ao objeto que investiga. Os problemas de investigação que surgem dos métodos quantitativos decorrem dos axiomas ou das teorias que já existem por iniciativa do investigador, sendo o estudo da bibliografia científica uma das fontes mais comuns — são considerados como problemas fechados no sentido de que eles serão totalmente determinados antes da coleta de dados. O planejamento 7Pesquisa em psicologia educacional da investigação, como o do problema, é definido antes da coleta de dados. É, portanto, um planejamento fechado e totalmente estruturado e feito de fora pela pessoa que realizará a investigação. É na fase de planejamento que a validade da investigação deverá ficar garantida e ser baseada, essencialmente, no controle das variáveis secundárias e em possíveis erros. Os dados coletados são designados por objetivos e analisados estatisticamente. Muitas vezes, os participantes também são escolhidos de acordo com critérios estatísticos, uma vez que se pretende generalizar os resultados obtidos para populações mais amplas do que os participantes da investigação (LUKAS; SANTIAGO, 2004). Coutinho (2011) sintetiza algumas das características gerais dessa perspectiva. 1. Ênfase em fatos, comparações, relações, causas, produtos e resultados do estudo. 2. Investigação baseada na teoria, consistindo, muitas vezes, em testar, verificar e comprovar teorias e hipóteses. 3. Plano de investigação estruturado e estático (conceitos, variáveis e hipóteses não se alteram ao longo da investigação). 4. Estudos sobre grandes amostras de sujeitos, por meio de técnicas de amostragem probabilística. 5. Aplicação de testes válidos e estandardizados, e medidas de observação objetiva do comportamento. 6. Investigador externo ao estudo, preocupado com questões de objetividade. 7. Utilização de técnicas estatísticas na análise de dados. 8. Objetivo do estudo é desenvolver generalizações que contribuam para aumentar o conhecimento e permitam prever, explicar e controlar fenômenos. Metodologia qualitativa A investigação qualitativa surgiu das críticas feitas ao “mecanismo” e ao “reducionismo” da visão positivista. Assim, não é fácil defini-la. Segundo Coutinho (2011, p. 26), alguns autores a definem como aquela “[...] que descreve os fenômenos por palavras em vez de números ou medidas [...]”, enquanto outros consideram que uma investigação é qualitativa quando “não é quantitativa”. Pesquisa em psicologia educacional8 Esse tipo de investigação privilegia a qualidade em vez da quantidade. São investigações de natureza exploratória, indutiva, descritiva, próxima aos dados e não generalizável. O investigador se introduz nas situações que pre- tende investigar, consistindo, assim, em um participante ativo. Os problemas de investigação são abertos, dado que eles podem alterar-se à medida que a investigação progride, e surgem, na maioria das vezes, das necessidades que ocorrem nos próprios grupos sociais. O planejamento é flexível e em desenvolvimento — flexível, pois, assim como o problema, pode variar ao longo do processo de investigação, e em desenvolvimento, na medida em que se reajusta conforme é colocado em prática. Os dados coletados se baseiam essencialmente em observações e entrevistas mais ou menos abertas, permi- tindo colher informações mais textuais do que numéricas. O investigador é o próprio instrumento. A análise dos dados é realizada mediante processos indutivos, a partir de uma análise profunda dos significados desses dados (LUKAS; SANTIAGO, 2004). Segundo Bento (2012), esse tipo de investigação tem diversas características, como as descritas a seguir. � Ocorre em ambientes naturais — geralmente o investigador vai ao local dos participantes para coletar os dados com mais detalhes. � Utiliza vários métodos (interativos e humanistas) de coleta de dados — o investigador participa ativamente no estudo e tem sensibilidade para com os participantes da investigação. � Questões de investigação podem ser redefinidas ao longo do processo. � É interpretativa e descritiva — o investigador interpreta os dados e descreve os participantes e os locais, analisando-os para configurar temas ou categorias e retirar conclusões. � É indutiva — não há preocupação em arranjar dados ou evidências para provar ou rejeitar hipóteses. � O investigador qualitativo encara os fenômenos sociais de forma holística. � O investigador qualitativo reflete sobre o seu papel na investigação — o “eu” pessoal é indissociável do “eu” investigador. � O investigador qualitativo, concomitantemente, recolhe dados, faz a análise e desenvolve o processo de escrita. � O investigador qualitativo é o principal instrumento de coleta de dados. � O investigador qualitativo se preocupa mais com o processo do que com os resultados. 9Pesquisa em psicologia educacional Na abordagem qualitativa, as técnicas de coleta de dados mais utilizadas são apresentadas no Quadro 1. Fonte: Adaptado de Aires (2011). Técnicas diretas ou interativas Técnicas indiretas ou não interativas Observação participante Documentos oficiais: registros, documentos internos, dossiês, estatutos, registros pessoais, etc.Entrevistas qualitativas Histórias de vida Documentos: diários, cartas, autobiografias, etc. Quadro 1. Técnicas de coleta de dadosMetodologia quantitativa ou qualitativa: qual utilizar? Uma questão que se coloca é qual metodologia deve ser utilizada. Segundo Bento (2012, p. 2): [...] os investigadores quantitativos coletam os fatos e estudam a relação entre eles. Já os investigadores qualitativos “estão mais interessados em compre- ender as percepções individuais do mundo. Procuram compreensão, em vez de análise estatística (...). Contudo, há momentos em que os investigadores qualitativos recorrem a técnicas quantitativas, e vice-versa”, isto é, técnicas mistas (quantitativas e qualitativas). Posto isso, fica claro que ambas as metodologias assumem o mesmo grau de importância. A utilização delas varia de acordo com o que queremos estudar e a quais perguntas queremos responder. Tanto a abordagem quantitativa como a qualitativa podem ser utilizadas de maneira simultânea. Bento (2012, p. 3) refere que “[...] os dados qualitativos podem também ser usados para suplementar, validar, explicar, iluminar ou reinterpretar os dados quantitativos obtidos dos mesmos sujeitos [...]”. Ambas as abordagens devem ser encaradas como técnicas que servirão de complemento, e cada uma, à sua maneira, dá as suas próprias visões sobre o problema que se pretende analisar. O Quadro 2 apresenta os possíveis tipos de investigação. Pesquisa em psicologia educacional10 Fonte: Adaptado de Almeida e Freire (2003). Descritivo Correlacional Experimental Descrever um fenômeno Relacionar variáveis Procurar relações causais Identificar variáveis Apreciar interação de variáveis Predizer e controlar fenômenos Inventariar fatos Diferenciar grupos Estabelecer leis Quadro 2. Tipos de investigação 3 Potencialidades da pesquisa-avaliação e da pesquisa-ação No sistema de ensino, a prática de pesquisa ocorre em quatro dimensões: 1. como atividade formal nas instituições de nível superior que têm linhas de pesquisas, onde os professores podem atuar como pesquisadores, construindo conhecimento dentro dos critérios dos métodos científicos, podendo divulgá-las por meio de publicação de artigos científicos em periódicos ou em anais de eventos científicos e de livros; 2. como atividade educacional desenvolvida com os alunos, no exercício do programa curricular, para que eles construam conhecimentos que podem ou não seguir os critérios formais de cientificidade. Nesse con- texto, deve-se trabalhar a questão do plágio; 3. como atividade de avaliação de instituições educacionais e/ou programas educacionais; 4. como prática reflexiva e de desenvolvimento profissional — professor como pesquisador. 11Pesquisa em psicologia educacional Abordaremos, agora, a pesquisa de avaliação de programa, a pesquisa-ação e o professor como pesquisador. Segundo Santrock (2009, p. 20): [...] a pesquisa de avaliação de programa é a pesquisa planejada para tomar decisões sobre a eficiência de um programa particular. Normalmente, focaliza uma localização ou tipo de programa específico. Uma vez que a pesquisa de avaliação de programa é muitas vezes direcionada a responder uma questão sobre uma escola ou sistema escolar específico, seus resultados não pretendem ser generalizados a outros ambientes. Para tomar decisões sobre a eficiência de um programa educacional, será necessário um levantamento prévio e detalhado sobre as especificações e as características desse programa, como: � em que o programa consistia; � como o programa foi desenvolvido (o que ocorreu em sala, em laboratórios); � a que o programa visava e quais resultados buscava; � descrição dos dados demográficos e escolares dos estudantes; � características gerais e profissionais dos professores; � material utilizado durante o desenvolvimento do programa; � descrição física e organizacional da instituição escolar; � análise do contexto da comunidade em que o programa foi desenvolvido; � o que foi efetivamente constatado a partir do programa. Segundo Vianna (2005, p. 7-9): [...] a avaliação de programa se preocupa em medir diferentes dimensões, envolvendo habilidades, compreensão e capacidade de interpretar conceitos, por exemplo, cujos resultados devem ser apresentados e interpretados nos rela- tórios parciais e no documento final [...] tomando-se uma situação hipotética: avaliação de um programa de Matemática ou outro de Literatura Brasileira para o ensino médio, seria certamente necessária uma consulta significativa para saber a opinião dos professores universitários e de professores atuantes nos dois últimos anos do ensino básico, a fim de que seja possível estabelecer padrões de qualidade relevantes para a programação educacional dessas duas áreas curriculares. Pesquisa em psicologia educacional12 A pesquisa-ação foi incorporada ao campo da pesquisa qualitativa por Thiollent (1985, p. 14), que a define como: [...] uma pesquisa social que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação da realidade a ser investigada estão envolvidos de modo cooperativo e participativo [...]. Esse tipo de pesquisa é muito utilizado com grupos sociais, tendo uma abordagem e um engajamento sociopolíticos a serviço de causas populares em vários campos de atuação social. No Brasil, ela foi introduzida no campo da educação por João Bosco Pinto, em 1989, sociólogo brasileiro, com o conceito de educação libertadora. O objetivo da pesquisa-ação é estabelecer uma relação entre o conhecimento e a ação, em que os pesquisadores e os pesquisados se envolvem na busca da solução de um determinado problema ou do entendimento de uma determinada realidade, aumentando o nível de conhecimento dos pesquisadores e de uma tomada de consciência dos participantes, avançando o debate do tema que é o objeto de estudo, ou seja, objetiva uma ação prática como resultado. O método de realizar o estudo já é um modo de intervenção com a finalidade de agir e ter uma solução ou transformação da realidade em estudo pela ação coletiva. Os pesquisados, como agentes ativos na pesquisa, são os elementos que têm o conhecimento de sua própria realidade, que vão adquirir os conhecimentos necessários para resolver seus problemas, satisfazendo as suas próprias ne- cessidades (BALDISSERA, 2001). Conforme Franco (2016, p. 513): [...] toda pesquisa-ação tem caráter formativo; no caso da pesquisa-ação pedagógica, a formação pedagógica dos sujeitos da prática passa a ser a fina- lidade primeira. É um trabalho participativo, colaborativo pedagógico, entre pesquisadores e professores, na perspectiva de formação crítico-reflexiva, que, por pressuposto, reverterá na melhoria do ensino. Cumpre ressaltar que não se trata de transformar os professores em pesquisadores profissionais, mas em realizar um trabalho coletivo, que gere benefícios a ambos, ou seja: ao pesquisador, compreender a práxis docente, permitindo articular melhor teoria educacional e prática docente; e ao professor, compreender sua prática, sua função social e política e transformar seu olhar sobre ela para, assim, poder reconstruí-la na perspectiva da formação dos alunos. Em ambos os casos, vislumbro possibilidades de retificação das teorias pedagógicas postas. 13Pesquisa em psicologia educacional Dentro desse contexto de pesquisa, o “tornar-se um professor-pesquisador” tem uma amplitude significativa de possibilidades de atuação. A grande ameaça aos pesquisadores, aos professores e aos gestores da área educacional, por conta da ausência de um canal de comunicação entre a ciência e as práticas pedagógicas, segundo Nunes (2008, p. 97), refere-se às seguintes questões: [...] a) a ocorrência de sentimentos de ameaça à credibilidade da educação como profissão; b) a possibilidade de os cientistas inadvertidamente delinearem modelos conceituais distanciados da realidade das salas de aula; e c) o risco de os responsáveis pela formulação de políticas públicas passarem a defender práticas educacionaisque se mostram ineficazes na atualidade. Exercitar os tipos de investigação/pesquisa que poderiam estar sendo desenvolvidos pelos professores na sua postura de reflexão de sua prática envolve problemas cotidianos na sala de aula, como demonstrado por Tuckman (2000). As investigações em educação circulam ao redor das características de aprendizagem e ensino (análise do processo ensino–aprendizagem, recursos em sala de aula, métodos mais eficazes), dos componentes de ensino (condições em que se realiza o ensino, as características dos alunos e dos conteúdos) e dos resultados obtidos pelos estudantes (desempenho dos alunos). Os problemas a serem investigados podem ser delineados conforme a seguir. � Características do ensino: nessa categoria, podem ser investigados o programa de ensino (envolve materiais, currículo, equipamento, filosofia ou plano para a gestão do processo de ensino), os materiais de ensino (publicação impressa [como livros], multimídia [como filmes e vídeos], tecnologia [como computador e programação], passatempos [como jogos e simulações], etc.), o estilo de ensino (centrado no estudante versus aula expositiva, professores mais calorosos versus formais, filosofia do professor e sua forma de atuação), a situação de aprendizagem (or- ganização da sala de aula, maneiras como os estudantes se relacionam com as fontes de ensino) e a atividade de aprendizagem (respostas dos estudantes às atividades propostas, tempo gasto, quantidade de trabalhos a serem realizados em casa, etc.). � Componentes do ensino: nessa categoria, podem ser investigados as características dos estudantes (aptidão, habilidade, rendimento escolar anterior, quociente de inteligência [QI], progressão na aprendizagem, Pesquisa em psicologia educacional14 idade, sexo, personalidade, estilo de aprendizagem e classe social), as características do professor (experiência de ensino, graus acadêmicos, atitudes, crenças, percepções, concepções filosóficas, estilo de aula de acordo com as perspectivas de outros observadores para contrastar com a autodescrição) e os materiais de aprendizagem (conteúdos). � Resultados dos estudantes: nessa categoria, podem ser incluídos o conhecimento e a compreensão específica (medidos por testes), o conhecimento e a compreensão geral (capacidade mental e aptidão), o pensamento e a resolução de problemas, as atitudes e os valores, e os comportamentos relacionados à aprendizagem (frequência, ritmo de aprendizagem, autodisciplina, motivação, iniciativa, responsabilização e cooperação). Os comportamentos podem ser medidos por escala ou sistemas de codificação. Segundo Tuckman (2000), essas três categorias podem constituir um con- junto de variáveis a serem investigadas na sala de aula, gerando problemas para a investigação, conforme mostrado na Figura 2. Figura 2. Determinação das variáveis para investigação na sala de aula. Fonte: Adaptada de Tuckman (2000). Características do ensino Programas de Materiais de ensino Estilo de ensino ou estratégias Atividade de aprendizagem Situação de aprendizagem Características do material de aprendizagem Características do professor Características do aprendizagem do estudante Conhecimento e compreensão especí�cos Conhecimento e compreensão gerais Pensamento e resolução de problemas Atitudes de valores Comportamento relacionado com a aprendizagem Componentes do ensino Resultado dos estudantes 15Pesquisa em psicologia educacional AIRES, L. Paradigma qualitativo e práticas de investigação educacional. Lisboa: Univer- sidade Aberta, 2011. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10400.2/2028>. Acesso em: 16 maio 2018. ALMEIDA, L. S.; FREIRE, T. Metodologia da investigação em psicologia e educação. Braga: Psiquilíbrios, 2003. BALDISSERA, A. Pesquisa-ação: uma metodologia do “conhecer” e do “agir” coletivo. Sociedade em Debate, Pelotas, v. 7, n. 2, p. 5-25, ago. 2001. Disponível em: <http://www. rsd.ucpel.tche.br/index.php/rsd/article/view/570/510>. Acesso em: 16 maio 2018. BENTO A. V. Investigação quantitativa e qualitativa: dicotomia ou complementa- ridade? Revista JA (Associação Académica da Universidade da Madeira), ano 7, n. 64, p. 40-43, abr. 2012. Disponível em: <http://www3.uma.pt/bento/Repositorio/Investi- gacaoqualequan.pdf>. Acesso em: 16 maio 2018. COUTINHO, C. Metodologia de investigação em ciências sociais e humanas: teoria e prática. Lisboa: Edições Almedina, 2011. FRANCO, M. A. S. Pesquisa ação-pedagógica: práticas de empoderamento e participação. 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Acesso em: 16 maio 2018. THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1985. TUCKMAN, B. W. Manual de investigação em educação: como conceber e realizar o processo de investigação em educação. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2000. VIANNA, H. M. Avaliação de programas educacionais: duas questões. Estudos em Ava- liação Educacional, v. 16, n. 32, p. 43-56, jul./dez. 2005. Disponível em: <http://www.fcc. org.br/pesquisa/publicacoes/eae/arquivos/1240/1240.pdf>. Acesso em: 16 maio 2018. VILAÇA, M. L. C. Pesquisa e ensino: considerações e reflexões. E-scrita: Revista do Curso de Letras da UNIABEU, Nilópolis, v. 1, n. 2, p. 59-74, maio/ago. 2010. Disponível em: <http://revista.uniabeu.edu.br/index.php/RE/article/view/26/pdf_23>. Acesso em: 16 maio 2018. Leitura recomendada CAETANO, H. D. E. A segurança na utilização da internet numa escola de ensino secundário: situação actual e perspectivas futuras. 2009. 159 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Educação) – Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, Universidade de Lisboa, 2009. Disponível em: <http://repositorio.ul.pt/handle/10451/2091>. Acesso em: 16 maio 2018. 17Pesquisa em psicologia educacional Dica do professor Os professores podem interagir de maneira direta com os dilemas e conflitos presentes em seu contexto de atuação profissional a partir da prática da pesquisa-ação que será aprofundada neste vídeo da Dica do Professor. Aponte a câmera para o código e acesseo link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/bed4c00d6820dc04e18dc3638bbfa7d4 Exercícios 1) A pesquisa tem papel fundamental para a resolução de problemas no cotidiano escolar, pois, por meio dela, a realidade é desvelada e conhecida. É preciso, contudo, conhecer melhor os aspectos que caracterizam a pesquisa no âmbito escolar. Para tanto, analise as assertivas a seguir: I. Os conhecimentos do cotidiano são sistemáticos e analíticos. II. O método científico tem por propósito potencializar a informação disponível em torno dos problemas de origem teórica ou prática com vistas a esclarecê-los. III. A objetividade, o empirismo, a racionalidade e a replicabilidade são características que permeiam o método científico. IV. É necessário um sistema de relações para explicar um fenômeno, o que se denomina por teoria. As características da pesquisa estão corretamente descritas nas assertivas: A) I e III, apenas B) II e IV, apenas C) I, II e III, apenas D) II, III e IV, apenas E) I, II, III e IV 2) Segundo Shigunov Neto & Maciel (2009, p.3-4) “é necessário desmistificar a pesquisa científica que se concentra, quase exclusivamente, nas Instituições de Ensino Superior e torná-la mais acessível e próxima da realidade, do cotidiano, do dia a dia dos professores, da sociedade, dos alunos e, principalmente dos professores”. Ao falar em desmistificação da pesquisa, os autores consideram que: A) Os professores recebem formação na Instituição do Ensino Superior, dessa forma, a sua prática tem as bases do método científico, da organização sistemática e racional. B) Todo cidadão deve manter o esforço sistemático e inventivo, o que acaba por constituir-se no cotidiano da escola, por meio de práticas, inicialmente, de imitação e reprodução e, após, emancipatória. C) As escolas mantêm velhas práticas de reprodução de conteúdos que não são questionados quanto à sua atualização e, os professores, por sua vez, reproduzem o que aprenderam sem domínio de técnicas e métodos de pesquisa. D) Na Educação Básica a atitude de aprender pela elaboração própria, substituindo a curiosidade de escutar pela de produzir, é uma prática arraigada e comum. E) A formação do professor-pesquisador tem tornado a prática cotidiana nas escolas cada vez mais esclarecedoras, uma vez que todo professor domina técnicas e métodos de pesquisa. 3) Com vistas à apropriação da pesquisa no âmbito escolar, muitos estudiosos e pesquisadores vêm discutindo a importância do professor ser, além de docente, um pesquisador. As universidades mantêm profissionais que realizam pesquisas, mas na Educação Básica isso não ocorre, porém, é importante destacar que, ao falar-se em professor-pesquisador, não se está pensando na sua atuação como ocorre nas universidades. Então, como se caracteriza o professor pesquisador? A) A escola ainda não desenvolveu a capacidade de associar a teoria com a prática, e isso se deve ao currículo oficial que determina os conteúdos a serem ensinados e prioriza os saberes teóricos, dificultando aos alunos transpor esses saberes científicos no cotidiano da sociedade. B) As bases reflexivas da pesquisa prescindem de métodos e técnicas que deverão servir como ponto de partida e de chegada no cotidiano da docência, as aulas devem ser planejadas e elaboradas com métodos testados e validados por outros pesquisadores mais experientes, pois a ciência deve sempre ser replicada. C) Todo professor foi pesquisador um dia, essa postura, contudo, vai enfraquecendo-se na medida em que os alunos chegam às séries mais avançadas sem o conhecimento mínimo para que os professores possam elaborar atividades mais práticas nas quais serão vivenciadas as experiências científicas. D) Um aspecto fundamental na formação do professor-pesquisador é utilizar-se das bases científicas que já dispõem para refletir criticamente sobre sua própria atuação docente, entendendo melhor como seu trabalho vem ocorrendo e em que aspectos podem ser modificados e aperfeiçoados, mas isso requer uma nova postura profissional. E) A sociedade do conhecimento é cada vez mais tecnológica e, por isso, exige cada vez mais conhecimento dos cidadãos, assim, a organização dos conteúdos de maneira sistemática e empírica já seriam suficientes para que os alunos dominassem as técnicas de pesquisa. 4) Há três conceitos em pesquisa que precisam ser bem conhecidos, que são os métodos, as metodologias e as técnicas. Para compreender cada um desses conceitos, relacione os nomes às suas caraterísticas: I. Método II. Metodologia III. Técnica ( ) é a direção para chegar ao conhecimento científico. ( ) é um mecanismo de atuação preciso e particular, sendo auxiliar. ( ) assinala os limites e alcance, explicitando e enaltecendo os princípios e estratégias mais adequados para a investigação. A alternativa correta é: A) I, II e III B) II, I, III C) I, III e II D) II, III, I E) III, II, I 5) Muitas são as diferenças entre a metodologia quantitativa e a metodologia qualitativa. Assinale a alternativa em que as diferenças foram corretamente identificadas: A) Quantitativa: o planejamento é definido antes da coleta de dados. Qualitativa: os problemas são abertos e podem alterar-se conforme a investigação vai progredindo. B) Quantitativa: apoia-se na filosofia fenomenológica. Qualitativa: apoia-se na filosofia positivista. C) Quantitativa: suas análises se utilizam de números e equações. Qualitativa: suas análises resultam da descrição de fenômenos que ocorrem após as análises numéricas. D) Quantitativa: é interpretativa e descritiva. Qualitativa: utiliza-se de testes estandardizados e estatísticos. E) Quantitativa: seu principal objetivo é conhecer o processo. Qualitativa: seu principal objetivo é prever, explicar e controlar o fenômeno. Na prática As pesquisas na área educacional constituem um importante instrumento para os educadores. De um lado, eles podem atuar como verdadeiros professores-pesquisadores, realizando as chamadas pesquisas de avaliação de programas ou ainda buscando soluções práticas por meio da pesquisa- ação. Por outro lado, muitos livros, blogs, artigos e revistas especializados fornecem os resultados de bons experimentos e análises de pesquisa educacional. Veja Na Prática o caso da professora Maria Helena, que identificou e solucionou o caso de um aluno com problemas de aprendizado. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/46504d3b-c9ab-4cf1-9085-f58df60730f2/2c4bb88e-5952-4708-bf47-d06189a848af.png Agora que você já expandiu seus conhecimentos sobre as pesquisas em psicologia educacional, que tal colocar à prova o que aprendeu nesse tema? Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://grupoa-edtech.grupoa.education/object/RBYCuB-dSMq5kUlOBFnSLA Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Lawrence Stenhouse, o defensor da pesquisa do dia a dia. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Psicologia escolar: cenários atuais Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Pesquisa em psicologia educacional: uma agenda para o futuro Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Percepção de professores-pesquisadores sobre questões éticas em pesquisas on-line. O presente artigo, que investiga a percepção de professores-pesquisadores em relação à ética em pesquisa on-line, apresenta uma excelente reflexão sobre o papel da pesquisa na formação docente, assim como uma forma interessante de pesquisa. Trata-se de estudo qualitativo que entrevistou profissionais vinculados a programas de pós-graduação em educação de universidadesbrasileiras que atuam com tecnologias digitais da informação e comunicação. Os dados foram https://novaescola.org.br/conteudo/1720/lawrence-stenhouse-o-defensor-da-pesquisa-do-dia-a-dia https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revispsi/article/view/9075/7475 https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-98931989000300010&script=sci_arttext organizados em mapa dialógico, cuja análise permitiu identificar alguns sentidos atribuídos à ética em pesquisa. Os entrevistados demonstraram reconhecer a importância da ética em pesquisa on- line e compartilharam opiniões, preocupações e críticas que permitiram (des)construir discursos a fim de defender uma prática científica direcionada à proteção dos participantes de pesquisas. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Capítulo 1.2 - Ensinar Exige Pesquisa - Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire Neste vídeo, o prof. Analisa o texto Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire e aborda a relação do professor com a pesquisa. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.scielo.br/j/bioet/a/q3TjSZbvNRDcZxkRgMmmNsc/abstract/?lang=pt https://www.youtube.com/watch?v=2NfxvONcboo
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