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Teoria da Atividade Essa teoria, de base materialista e dialética, surgiu na década de 1920 na União Soviética e se dedicou a compreender e explicar de modo histórico e objetivo a formação do psiquismo humano para então, superando os fins lógico-formais de descrição e classificação, promover a transformação da sociedade e do gênero humano – em outras palavras, formar o “homem novo, o homem da nova sociedade socialista” (PRESTES, 2010, p. 37). Dentre seus principais expoentes – além de Aleksei Nikolaievitch Leontiev (1903 – 1979), Lev Semionovitch Vigotski (1896 – 1934) e Aleksandr Romanovitch Luria (1902 – 1977) – Leontiev foi o que mais se dedicou ao estudo e elaboração da chamada “Teoria da Atividade”, teoria por meio da qual o autor se propõe a responder as perguntas acimas mencionadas, constituindo-se em um dos pilares de toda a Psicologia Histórico-Cultural e a qual vamos dedicar nossos estudos neste presente texto. Tendo por estofo filosófico, teórico e metodológico o Materialismo Histórico- Dialético, Leóntiev (1978) explica que, assim como Marx (1989) concebeu a atividade vital humana – o trabalho – como a base para o estudo da sociedade e das relações sociais entre os homens, a atividade humana deve ser também a base para a o estudo e investigação do desenvolvimento psíquico humano, defendendo que somente assim seria possível uma compreensão autenticamente científica dos fenômenos psicológicos: “Na teoria do marxismo aplicada à psicologia tem uma significação decisiva a doutrina sobre a atividade humana, sobre seu desenvolvimento e suas formas” (LEÓNTIEV, 1978, p. 19). A Teoria da Atividade, desenvolvida por Leontiev, defende QUE O DESENVOLVIMENTO DO HOMEM SE DÁ PELA NECESSIDADE DE UMA RELAÇÃO COM O MEIO EM QUE ESTÁ INSERIDO COM A SATISFAÇÃO DE ALGUMA NECESSIDADE PESSOAL; dessa forma, o desenvolvimento das funções psíquicas decorrerá de um processo de apropriação de algum saber, transformando a atividade externa em atividade interna. Segundo essa teoria, a aprendizagem é uma atividade humana movida por um OBJETIVO, a qual concebe três pontos de relevância: ACONTECE EM UM MEIO SOCIAL; ATRAVÉS DE UMA ATIVIDADE MEDIADA NAS RELAÇÕES ENTRE OS SUJEITOS; E É UMA ATIVIDADE ENTRE O SUJEITO E O OBJETO DE APRENDIZAGEM. No campo escolar, a atividade está vinculada diretamente a ideia de NECESSIDADE DE SE TER UM MOTIVO PARA APRENDER. Assim, é o motivo que impulsiona a ação do aluno, de modo que ele seja responsável por sua aprendizagem, facilitando seu desejo por saber o porquê de determinada atividade e aonde se pretenderá chegar com ela. Para Leontiev, toda atividade humana invariavelmente possui sua gênese, sua origem, em um MOTIVO. Por motivo o autor denomina a união entre uma necessidade do homem e um objeto correspondente (material e/ou ideal) capaz de satisfazer a necessidade posta. A estrutura da atividade conta com um conjunto de ações encadeadas e articuladas entre si, mobilizadas pelo motivo da atividade e que visam a responder a finalidades específicas; as finalidades, por sua vez, não coincidem com o motivo gerador da atividade, mas podem estar em consonância ou dissonância em relação a ele. Cada ação possui sua dimensão operacional uma vez que se concretiza por meio de um conjunto de operações. De modo geral, esta é a constituição da estrutura interna da atividade proposta por Leontiev (2004; 2010) e Leóntiev (1978). Desta definição podemos depreender o caráter essencial conferido ao motivo como gerador e mobilizador da atividade. A primeira condição de existência de um motivo, bem como de uma atividade, é a existência de uma necessidade humana; entretanto, por si só, nenhuma necessidade gera nenhuma atividade, sendo necessário que a necessidade encontre um objeto correspondente a si e apto a satisfazê-la (LEÓNTIEV, 1978; LEONTIEV, 2004). Ao objetivar-se em seu objeto correspondente, necessidade e objeto tornam-se a unidade constitutiva do motivo e passam a determinar a orientação concreta da atividade – caracterizando, portanto, a atividade como o processo (mediado) dirigido ao seu objeto, conforme citação acima. Enquanto fenômeno dialético, o processo de satisfação de uma necessidade por meio de uma atividade cria novas necessidades, de modo que o motivo não é apenas gerador da atividade como também se produz na e pela atividade (LEÓNTIEV, 1978). Por se dirigir ao seu objeto e possuir um conteúdo objetivo, Leontiev por vezes denomina a atividade como “atividade objetivada” (LEÓNTIEV, 1978). Além disso, para o autor, o que primordialmente diferencia uma atividade da outra é seu objeto, de modo que a mudança do objeto de uma necessidade corresponde à mudança na estrutura da atividade. No entanto, mesmo que toda necessidade seja mediada pelo reflexo psíquico da realidade e toda necessidade seja necessidade de um objeto, nem sempre o objeto se apresenta imediatamente como tal à necessidade: em certos casos, a necessidade somente identifica seu objeto na primeira vez em que é objetivamente satisfeita (LEÓNTIEV, 1978). Leóntiev (1978) também explica o caminho de transformação das necessidades humanas puramente biológicas em necessidades essencialmente sociais: ao nascer, homens e animais são dotados de necessidades fisiológicas comuns cuja satisfação ou não determinará diretamente sua sobrevivência ou morte, tais como necessidade de água, de alimento, de sono, de proteção. Nas palavras do autor: “o desenvolvimento das necessidades humanas começa a partir de que o homem atua para satisfazer suas necessidades elementares, vitais; mas, mais adiante, essa relação se inverte e o homem satisfaz suas necessidades vitais para atuar” (LEÓNTIEV, 1978, p. 152)16. Compreendendo, portanto, o conceito de motivo, compreendemos também a postura enfática de Leóntiev (1978) ao afirmar QUE NÃO HÁ ATIVIDADE HUMANA SEM MOTIVO, que uma atividade aparentemente desmotivada é, na realidade, uma atividade cujo motivo está subjetiva e objetivamente oculto ao próprio sujeito. No que se refere ao objetivo da atividade, o agir humano é sempre teleológico, dirige- se para um fim. Esse fim precisa objetivar-se em um objeto, seja ele material ou ideal. O objetivo, portanto, equivale ao resultado final da atividade. As atividades humanas são, em sua grande maioria, atividades complexas, constituídas por várias ações conectadas umas às outras, relacionadas entre si. A ação é um processo no qual o motivo não coincide diretamente com o objetivo da atividade. Para ilustrar a relação existente entre atividade e ação, Leontiev (1975) cita o exemplo de uma pessoa que se dirige à biblioteca. Ir até a biblioteca constitui uma ação e, como tal, está dirigida, orientada para um objeto direto, concreto e determinado, ou seja, chegar até a biblioteca. Entretanto, não é esse o objetivo que impulsiona a ação desse indivíduo. Ele vai à biblioteca motivado pela necessidade de estudar uma obra literária. O autor esclarece que esse motivo é o que impulsiona a pessoa a determinar o objetivo (apropriar-se do conteúdo do livro) e, para tanto, cumprir uma ação capaz de, mesmo que indiretamente, realizá-lo (ir até a biblioteca apanhar o livro). Além dos conceitos de atividade e ação, Leontiev (1978) utiliza um terceiro conceito, o de operação. Ele define operação como a maneira de se executar uma ação, maneira essa que depende das condições nas quais a ação é realizada. Por operação, entendemos o modo de execução de uma ação. A operação é o conteúdo indispensável de toda a ação, mas não se identifica com a ação. Uma só e mesma ação pode realizar-se por meio de operações diferentes, e, inversamente, ações diferentes podem ser realizadas pelas mesmas operações. Isso explica-se pelo fato de que enquanto uma ação é determinada pelo seu fim, uma operação depende das condições em que é dado este fim. (pp. 303-304) Leontiev (ibid.) exemplifica essaquestão com a situação de uma pessoa que precisa memorizar um poema. Sua ação será memorizá-lo ativamente. Entretanto, como fazê-lo? Se o indivíduo está em casa, pode copiar o texto várias vezes, mas, se está andando pela rua, será necessário repetir o conteúdo do poema internamente. Em ambos os casos, a ação será a memorização, entretanto, os modos de execução dessa ação, ou seja, as operações serão diferentes, dependendo justamente das condições em que a ação é realizada. REFERÊNCIAS COLL, C.; et al. O Construtivismo na Sala de Aula. São Paulo: Ática, 1996. D´AMBRÓSIO, U. Etnomatemática: Um Programa. In Educação Matemática em Revista. Nº 1, Ano 8. São Paulo: SBEM, 2001. LEONTIEV, A. N. Activity, Consciousness and Personality – 1978. Translated: HALL, M. J.: Prencice Hall, 2000. Disponível em: http://www.marxists.org/archive/leontev/works/1978/index.htm . Acesso em: 26.jan.2014. http://www.marxists.org/archive/leontev/works/1978/index.htm
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