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© 2016 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei n. 9.610, de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros. MEDICAL EMERGENCIES IN THE DENTAL OFFICE, SEVENTH EDITION Copyright © 2015 by Mosby, an imprint of Elsevier Inc. Copyright © 2007, 2000, 1993, 1987, 1982, 1978 by Mosby, Inc., an affiliate of Elsevier Inc. This translation of Medical Emergencies in the Dental Office, by Stanley F. Malamed, was undertaken by Elsevier Editora Ltda and is published by arrangement with Elsevier Inc. Esta tradução de Medical Emergencies in the Dental Office, de Stanley F. Malamed, foi produzida por Elsevier Editora Ltda e publicada em conjunto com Elsevier Inc. Capa: Mello e Mayer Design Editoração Eletrônica: WM Design Produção de ePub: SBNigri Artes e Textos Ltda. Elsevier Editora Ltda. Conhecimento sem Fronteiras Rua Sete de Setembro, 111 – 16o andar 20050-006 – Centro – Rio de Janeiro – RJ – Brasil Rua Quintana, 753 – 8o andar 04569-011 – Brooklin – São Paulo – SP – Brasil Serviço de Atendimento ao Cliente 0800-0265340 sac@elsevier.com.br ISBN: 978-85-352-8387-7 ISBN versão eletrônica: 978-85-352-8542-0 ISBN da Edição original: 978-0-323-17122-9 Consulte nosso catálogo completo, os últimos lançamentos e os serviços exclusivos no site www.elsevier.com.br Nota: Como as novas pesquisas e a experiência ampliam o nosso conhecimento, pode haver necessidade de alteração dos métodos de pesquisa, das práticas profissionais ou do tratamento médico. Tanto médicos quanto pesquisadores devem sempre basear- se em sua própria experiência e conhecimento para avaliar e empregar quaisquer informações, métodos, substâncias ou experimentos descritos neste texto. Ao utilizar qualquer informação ou método, devem ser criteriosos com relação a sua própria segurança ou à segurança de outras pessoas, incluindo aquelas sobre as quais tenham responsabilidade profissional. Com relação a qualquer fármaco ou produto farmacêutico especificado, aconselha-se o leitor a cercar-se da mais atual informação fornecida (i) a respeito dos procedimentos descritos, ou (ii) pelo fabricante de cada produto a ser administrado, de modo a certificar-se sobre a dose recomendada ou a fórmula, o método e a duração da administração, e as contraindicações. É responsabilidade do médico, com base em sua experiência pessoal e no conhecimento de seus pacientes, determinar as posologias e o melhor tratamento para cada paciente individualmente, e adotar todas as precauções de segurança apropriadas. Para todos os efeitos legais, nem a Editora, nem autores, nem editores, nem tradutores, nem revisores ou colaboradores assumem qualquer responsabilidade por qualquer efeito danoso e/ou malefício a pessoas ou propriedades envolvendo http://www.elsevier.com.br responsabilidade, negligência etc. de produtos ou advindos de qualquer uso ou emprego de quaisquer métodos, produtos, instruções ou ideias contidos no material aqui publicado. CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ M236e 7. ed. Malamed, Stanley F. Emergências médicas em odontologia / Stanley F. Malamed ; tradução Renata Rezende. - 7. ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2016. il. ; 28 cm. Tradução de: Medical emergencies in the dental office Apêndice Inclui bibliografia e índice ISBN 978-85-352-8387-7 1. Odontologia. 2. Emergências odontológicas. I. Rezende, Renata. II. T ítulo. 16-30635 CDD: 617.6CDU: 616.314 22/02/2016 23/02/2016 Para minha mãe e meu pai, que tornaram tudo possível, para minha esposa, Beverly, e meus filhos, Heather, Jennifer e Jeremy, e para meus netos, Matthew, Rachel, Gabriella, Ashley, Rebecca, Elijah e Ethan, que fazem tudo valer a pena, eu dedico esta sétima edição. TRADUÇÃO E REVISÃO CIENTÍFICA Dra. Renata Mello Dias Rezende (Tradução, revisão científica e adaptação dos capítulos 1 a 31 e Apêndice; revisão científica do Índice) Cirurgiã-dentista Paramédica pela Chattahoochee Technical College Graduanda de Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Silvia Mariângela Spada (Tradução do Índice) Professora pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP Certificada em Tradução por Curso Extracurricular de Prática de Tradução da USP Agradecemos a colaboração do Dr. Eduardo Claudio de Chaves e Mello Dias. PREFÁCIO À SEXTA EDIÇÃO Estou muito feliz por ter sido convidado a oferecer o prefácio à sexta edição do livro Emergências Médicas em Odontologia. Ao lembrar da publicação original de 1978, qualquer um fica impressionado com o conhecimento e o talento criativo dos “titãs do ensino” – Dr. Frank McCarthy (“Cap”) e Dr. Stanley Malamed. Eles enxergaram a necessidade e desenvolveram formas lógicas básicas de avaliar o estado físico do paciente quando o mesmo se apresenta para tratamento odontológico. A graduação em odontologia muitas vezes se encontra limitada no que diz respeito à preocupação em oferecer o que há de melhor ao paciente, uma vez que luta para ensinar o que se encontra nos manuais de técnicas e procedimentos. Entretanto, nós sabemos que “a boca é realmente uma parte do corpo” e nossa atenção envolve o indivíduo como um todo, por completo, especialmente aqueles comprometidos por patologias sistêmicas de base. Ainda que uma ponte ou implante possa cair ou falhar, eles são reparáveis. Quando um paciente desenvolve um acidente vascular encefálico secundário a uma crise hipertensiva não suspeitada ou quando aspira um pedaço de material de moldagem que acaba por bloquear a respiração, estamos diante de uma tragédia em potencial. Aprender como avaliar o estado físico e emocional de cada paciente nos fornece uma proteção contra desastres. Eu sempre acreditei que o currículo de graduação em odontologia deveria incluir um melhor conhecimento em fisiopatologia para fornecer uma base mais sólida para a prática. A profissão odontológica avançou na prática de registro de pressão arterial quase que rotineiramente, principalmente no atendimento a novos pacientes e na busca de qualificação em suporte básico de vida (BLS) e suporte avançado de vida em cardiologia (ACLS). Além disso, aparelhos de monitoramento são agora obrigatórios na maioria dos estados americanos, para aqueles dentistas que utilizam agentes sedativos e anestésicos. É impressionante ver o quanto esses conhecimentos se modificaram ao longo do tempo; importantes algoritmos, os quais eram vistos como “divinos”, já foram descartados, à medida que mais conhecimento foi sendo adquirido. A sexta edição deste livro retrata essas melhorias. Tais mudanças nos obrigam a manter nossos estudos atualizados, no que diz respeito ao nosso conhecimento e prática. Algumas tragédias são inevitáveis quando lidamos com pacientes, mas, ao tomarmos ciência de como e quando antecipar e tratar as emergências médicas, reduzimos a probabilidade de que uma tragédia aconteça. Os gastos para treinar os profissionais de saúde e o público leigo no reconhecimento e no tratamento das emergências é enorme, mas a realização de uma reanimação com sucesso, salvando a vida de um ente querido, vale todos os gastos.Norman Trieger, DMD, MD* Chairman Emeritus and Professor Department of Dentistry Albert Einstein College of Medicine/Montefiore Medical Center Bronx, New York *Falecido PREFÁCIO À SÉTIMA EDIÇÃO Em dezembro de 1975, comecei a escrever Emergências Médicas em Odontologia. Aquela primeira edição foi publicada em abril de 1978. Conforme escrevi no prefácio para a primeira edição, meu principal objetivo no livro era, assim como ainda é hoje, estimular membros da minha profissão – cirurgiões-dentistas, higienistas, assistentes de consultório odontológico e todos os outros membros da equipe – a melhorar e manter seus conhecimentos na prevenção das emergências médicas e no reconhecimento e tratamento dessas situações de emergência, as quais inevitavelmentepodem ocorrer. Esse objetivo está ainda mais enraizado na minha mente nessa sétima edição do Emergências, escrita em 2014. Aproximadamente 75% das emergências médicas observadas no consultório odontológico podem ser prevenidas através da implementação de um sistema de avaliação do paciente, controle e modificação no plano de tratamento. Mesmo que a maioria das emergências médicas possa ser prevenida, episódios com potencial risco de morte ainda ocorrem. Eu constantemente recebo e-mails e ligações telefônicas a respeito desses incidentes. Já conheci diversos dentistas e outros profissionais do ramo odontológico que enfrentaram reais situações com potencial risco de morte. Quase todos esses casos aconteceram no consultório odontológico. Entretanto, um considerável número ocorreu fora do consultório: em passeios familiares, durante viagens, em restaurantes ou dentro de casa. Existe uma significativa necessidade de aumento de conhecimento pelos profissionais da área da odontologia, no que diz respeito às emergências médicas. Ainda que a maioria dos estados e províncias da América do Norte exija “certificação” em suporte básico de vida* (reanimação cardiopulmonar [RCP]) para que os cirurgiões-dentistas mantenham suas licenças, nem todos os estados e províncias ressaltam tal exigência. O porquê de não ressaltarem essa exigência não é compreendido por mim. Como alguém que se comprometeu, a longo prazo, em ensinar suporte básico de vida (SBV), suporte avançado de vida em pediatria (SAVP), e suporte avançado de vida em cardiologia (SAVC), eu enxergo um imenso valor no treinamento de todos os adultos em procedimentos simples, coletivamente conhecidos como suporte básico de vida. Sociedades odontológicas locais e estaduais, bem como grupos especializados, deveriam continuar a fornecer cursos de SBV ou iniciar o fornecimento dos mesmos, assim que possível. Houve progresso, mas ainda há muito que ser feito. A consciência dentro da nossa profissão tem sido expandida, temos observado realizações louváveis. A American Dental Association inaugurou um programa de controle das vias aéreas, o “Managing Sedation Complications”. Quatorze estados americanos exigiram a presença de um DEA (desfibrilador externo automático) nos consultórios odontológicos. Ainda devido à verdadeira natureza do problema, o que nós na odontologia necessitamos é da manutenção de um alto nível de treinamento em prevenção, reconhecimento e tratamento das emergências médicas. Para tal, precisamos participar de programas de conhecimento estabelecidos por indivíduos da área de saúde, para satisfazer as nossas necessidades nos consultórios odontológicos. Tais programas devem incluir o comparecimento anual em educação continuada em medicina de emergência; acesso a informações atualizadas nesse assunto (pela internet, artigos científicos e livros-texto); programas de “recertificação” anual ou semianual em suporte básico de vida, SAVP ou SAVC; sessões práticas obrigatórias dentro dos consultórios odontológicos sobre procedimentos de emergência para toda a equipe. Tais programas são discutidos mais detalhadamente no Capítulo 3. O objetivo principal no preparo do consultório odontológico frente às emergências médicas deve fazer com que você, leitor, se coloque em uma posição de vítima de uma séria complicação médica no seu consultório odontológico, para que você tenha confiança suficiente de que a sua equipe saberá reagir pronta e eficientemente no reconhecimento e tratamento de tal condição. A medicina de emergência é uma especialidade médica em rápida evolução e, devido a isso, muitas mudanças têm sido realizadas desde a publicação da primeira edição deste livro. O meu objetivo agora, que já era meu objetivo antes, é permitir que o leitor consiga controlar uma situação de emergência de maneira eficaz e sem complicações. Tratamentos e medicamentos alternativos que também têm se mostrado eficazes têm sido defendidos por outros autores. O meu objetivo, assim como o de outros, é simplesmente permitir que você seja capaz de manter a vítima viva até que ela se recupere ou até que a assistência médica de emergência se torne disponível e assuma o atendimento... contanto que sejam melhores do que você no controle da situação de emergência. O material nesta sétima edição foi revisado e atualizado. Em outubro de 2010 a American Heart Association e o International Liaison Committee on Resuscitation (ILCOR) publicaram diretrizes revisadas para SBV, SAVC e SAVP. Mudanças significativas, tanto na filosofia quanto nas técnicas de reanimação, foram recomendadas e, por isso, incluídas nas seções apropriadas dessa sétima edição: Capítulo 5 (Perda de Consciência: Considerações Gerais), Capítulo 11 (Obstrução das Vias Aéreas por Corpo Estranho), Capítulo 26 (Dor Torácica: Considerações Gerais), Capítulo 30 (Parada Cardiorrespiratória) e Capítulo 31 (Considerações Pediátricas). O formato básico deste texto – reconhecimento e tratamento baseados nos sinais e sintomas clínicos em vez de uma abordagem orientada por sistemas – tem sido bem recebido e continua na sétima edição. Foi dada ênfase ao novo algoritmo para o tratamento de todas as emergências médicas: P... posição, C... circulação, A... vias aéreas, B... respiração e D... tratamento definitivo. O tratamento das emergências médicas não é, e não deve ser, complicado. Ao enfatizar esse conceito através deste livro, pretende-se fazer com que tais procedimentos, de alguma maneira, se mostrem mais fáceis, de modo que toda a equipe do consultório odontológico seja capaz de alcançar a importância dos passos básicos para salvar uma vida (P, C, A, B, D). Stanley F. Malamed, DDS Los Angeles, California, Agosto de 2014 *“A American Heart Association não ‘certifica’ competências em qualquer nível de ‘suporte de vida’. Os cartões fornecidos após o término dos cursos SBV, SAVC ou SAVP declaram que “o indivíduo acima completou com sucesso as avaliações práticas e cognitivas de acordo com o currículo dos programas de SBV (ou SAVC ou SAVP) da American Heart Association.” AGRADECIMENTOS Assim como nas edições anteriores desse livro, eu tive a sorte de me associar a um número de pessoas que ajudaram o trabalho de revisão – com toda a seriedade – a ser bastante agradável. Percebo, com as edições anteriores, que é impossível mencionar cada uma das pessoas envolvidas na produção desses livros. Entretanto, devo mencionar diversas pessoas sem as quais esse volume não teria sido concluído: Dra. Amanda Okundaye e Dr. Kenneth Reed, que participaram como modelos fotográficos e toleraram todos os tipos de injustiças e indignidades em nome da ciência e da educação, assim como Sr. Illo Apelby e Matthew Boyd. O Sr. Derek Delahunt, Sr. Ken Rosenblood e Srª. Rose Dodson também auxiliaram nas fotografias e nas informações necessárias para melhorar este volume. O Sr. Derek Delahunt, o Sr. Ken Rosenblood e a Sra. Rose Dodson também ajudaram com as fotografias e com informações necessárias para melhorar esse volume. Um “Obrigado” especial é direcionado ao meu editor da Elsevier, Sr. Brian Loehr, com quem interagi quase que diariamente durante o preparo deste livro. Eu trabalhei com muitos editores ao longo dos anos, nas diversas edições dos meus três livros- texto, e reconheço que o Brian foi o mais agradável dos meus “carrascos”. A leitura das edições anteriores e as sugestões a respeito de novos itens para inclusão em futuras edições têm se mostrado de inestimável valor. Eu verdadeiramente aprecio, e mais ainda, solicito, futuros comentários provenientes de meus leitores. Stanley F. Malamed, DDS SUMÁRIO PARTE 1 - PREVENÇÃO 1 Introdução Morbidade Morte Fatores de Risco Número aumentado de pacientes mais velhos Avanços médicos Consultas longas Consumo aumentado de medicamentos Classificação das Situações de Emergência com Potencial Risco de Morte Divisão das Emergências Médicas Específicas Referências 2 Prevenção Objetivos da Avaliação Avaliação Física Questionário de história médica Exame físico Sinais vitais Inspeçãovisual Procedimentos adicionais na avaliação Diálogo com o paciente Reconhecimento do Medo do Tratamento Odontológico e da Ansiedade Exame psicológico Determinação do risco médico Consulta médica Protocolo de diminuição do estresse Referências 3 Preparação Informação Geral Necessidade geográfica para o treinamento emergencial Equipe do consultório Medicamentos e equipamento de emergência Kits de emergência comerciais e caseiros Kits de Medicamentos de Emergência Componentes do kit de emergência Administração de medicamentos injetáveis Módulo 1: Medicamentos de Emergência Críticos (Essenciais) e Equipamentos Medicamentos injetáveis críticos Medicamentos críticos não injetáveis Módulo 2: Medicamentos e Equipamentos de Emergência Secundários (Não Críticos) Medicamentos injetáveis secundários Medicamentos não injetáveis Equipamento de emergência secundário Módulo 3: Suporte Avançado de Vida em Cardiologia (ACLS) Medicamentos essenciais no ACLS Módulo 4: Medicamentos Antídotos Medicamentos antídotos Organização do Kit de Emergência Referências APÊNDICE: Administração Parenteral dos Medicamentos Administração de medicamentos intramusculares (IM) Administração de medicamentos intravenosos (IV) 4 Considerações Legais Crises Modernas sobre o Seguro de Responsabilidade Teorias sobre a Responsabilidade Violação do estatuto Lei do contrato Lei criminal Responsabilidade civil Ônus Infração Causalidade Dano Bom senso Consentimento Estatuto das limitações Situações Emergenciais Padrão de tratamento nas emergências Consentimento durante as emergências Definindo a emergência Resgates emergenciais – o estatuto do bom samaritano Relacionamento profissional-paciente em emergência Previsibilidade Limitando a Responsabilidade para Emergências Prevenção e preparação Decisões ruins Respondeat superior Padrões da comunidade Relações profissionais Coleguismo Aspectos filosóficos do tratamento das emergências Referências PARTE 2 - PERDA DA CONSCIÊNCIA 5 Perda da Consciência: Considerações Gerais Fatores Predisponentes Prevenção Manifestações Clínicas Fisiopatologia Circulação cerebral inadequada Privação de oxigênio Mudanças metabólicas gerais ou locais Ações no sistema nervoso central Mecanismos psíquicos Tratamento Reconhecimento da perda de consciência Tratamento do paciente inconsciente Referências 6 Síncope Vasodepressora Fatores Predisponentes Prevenção Posicionamento Alívio da ansiedade Considerações na terapia odontológica Manifestações Clínicas Pré-síncope Síncope Pós-síncope (recuperação) Fisiopatologia Pré-síncope Síncope Recuperação Tratamento Pré-síncope Síncope Recuperação tardia Pós-síncope ADENDO relato de caso – síncope vasodepressora Referências 7 Hipotensão Postural Fatores Predisponentes Administração e ingestão de medicamentos Decúbito e convalescença prolongados Reflexo postural inadequado Gravidez Idade Defeitos venosos nas pernas Recuperação após simpatectomia para hipertensão Doença de Addison Exaustão física e fome prolongada Hipotensão postural crônica (síndrome de Shy-Drager) Prevenção Exame físico Considerações no tratamento odontológico Manifestações Clínicas Fisiopatologia Mecanismos regulatórios normais Hipotensão postural Tratamento Referências 8 Insuficiência Adrenal Aguda Fatores Predisponentes Prevenção Considerações sobre o Tratamento Odontológico Cobertura glicocorticosteroide Manifestações Clínicas Fisiopatologia Função adrenal normal Insuficiência adrenal Tratamento Paciente consciente Paciente inconsciente Referências 9 Estado de Inconsciência: Diagnóstico Diferencial Idade do Paciente Circunstâncias Associadas à Perda de Consciência Posição do Paciente Sinais e Sintomas da Pré-síncope Nenhum sinal clínico Palidez e pele fria e pegajosa Formigamento e dormência nas extremidades Dor de cabeça Dor no peito Odor na respiração Movimentos do tipo tônico-clônico e incontinência Frequência cardíaca e pressão arterial Duração do estado de inconsciência e recuperação PARTE 3 - DIFICULDADE RESPIRATÓRIA 10 Dificuldade Respiratória: Considerações Gerais Fatores Predisponentes Prevenção Manifestações Clínicas Fisiopatologia Manejo Referências 11 Obstrução das Vias Aéreas por Corpo Estranho Incidência Prevenção Dique de borracha Anteparo com gaze Posição da cadeira Assistente odontológica e sucção Fórceps de intubação de Magill Fórceps de língua Ligadura Manejo Reconhecimento da obstrução das vias aéreas Manobras básicas das vias aéreas Estabelecimento de uma via respiratória de emergência Procedimentos invasivos: traqueostomia e cricotireoidostomia Referências 12 Hiperventilação Fatores Predisponentes Prevenção Questionário sobre o histórico médico Avaliação física Sinais vitais Considerações sobre a terapia odontológica Manifestações Clínicas Sinais e sintomas Efeitos nos sinais vitais Fisiopatologia Tratamento Referências 13 Asma Fatores Predisponentes Asma extrínseca Asma intrínseca Asma mista Status asmaticus Prevenção Diálogo médico (Anamnese) Considerações para o atendimento odontológico Manifestações Clínicas Progressão clínica usual Status asmaticus Fisiopatologia Controle neural das vias aéreas Inflamação das vias aéreas Respostas imunológicas Broncospasmo Edema da parede brônquica e hipersecreção das glândulas mucosas Respiração Tratamento Crise aguda de asma (broncospasmo) Broncospasmo grave Referências 14 Insuficiência Cardíaca e Edema Agudo de Pulmão Fatores Predisponentes Prevenção Diálogo com o paciente (anamnese) Avaliação física Considerações no tratamento odontológico Manifestações Clínicas Insuficiência ventricular esquerda Insuficiência ventricular direita Edema agudo de pulmão Fisiopatologia Função do ventrículo esquerdo normal Insuficiência cardíaca Tratamento Referências 15 Dificuldade Respiratória: Diagnóstico Diferencial História Médica Idade Gênero Circunstâncias Relacionadas Sintomas Clínicos entre Episódios Agudos Posição Sons Anexos Sintomas Associados a Dificuldades Respiratórias Edema Periférico e Cianose Parestesia das Extremidades Uso de Musculatura Respiratória Acessória Dor Torácica Pressão Arterial e Frequência Cardíaca Duração da Dificuldade Respiratória PARTE 4 - ALTERAÇÃO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA 16 Alteração do Nível de Consciência: Considerações Gerais Fatores Predisponentes Prevenção Manifestações Clínicas Fisiopatologia Tratamento Referências 17 Diabetes Melito: Hiperglicemia e Hipoglicemia Complicações Agudas Complicações Crônicas Fatores Predisponentes Classificação da Diabetes Diabetes melito tipo 1 Diabetes melito tipo 2 Diabetes melito gestacional Tolerância à glicose diminuída/tolerância à glicose diminuída em jejum Hiperglicemia Hipoglicemia Controle da Diabetes Tratamento da diabetes melito tipo 1 Tratamento da diabetes melito tipo 2 Prevenção Diálogo da história médica: Exame físico Considerações sobre o tratamento odontológico Manifestações Clínicas Hiperglicemia Hipoglicemia Fisiopatologia Insulina e glicose sanguínea Hiperglicemia, cetose e acidose Hipoglicemia Tratamento Hiperglicemia Hipoglicemia Referências 18 Disfunção da Glândula Tireoide Fatores Predisponentes Hipotireoidismo Tireotoxicose Prevenção Diálogo da história médica Exame físico Considerações de tratamento odontológico Manifestações Clínicas Hipotireoidismo Tireotoxicose Fisiopatologia Hipotireodismo Tireotoxicose Tratamento Hipotireoidismo Tireotoxicose Referências 19 Acidente Vascular Encefálico Classificação Infarto lacunar Infarto cerebral Ataque isquêmico transitório (AIT) AVE hemorrágico: hemorragia intracerebral e hemorragia subaracnóidea Fatores Predisponentes Diabetes melito Desordens do ritmo cardíaco História familiar e genética Tabagismo Ausência de atividade física Prevenção Diálogo da história Exame físico Sinais vitais Apreensão Considerações de terapia odontológica Manifestações Clínicas Ataques isquêmicos transitórios Infarto cerebral Embolia cerebral Hemorragia cerebral Fisiopatologia Isquemia cerebrovascular e infarto AVE hemorrágico Tratamento Acidentevascular encefálico e ataque isquêmico transitório Paciente consciente com resolução de sinais e sintomas: ataque isquêmico transiente Paciente consciente com sinais e sintomas persistentes: acidente vascular encefálico Referências 20 Alteração do Nível de Consciência: Diagnóstico Diferencial História Médica Idade Gênero Circunstâncias Relacionadas Início dos Sinais e Sintomas Presença de Sintomas entre os Episódios Agudos Perda de Consciência Sinais e Sintomas Aparência da pele (rosto) Ansiedade óbvia Parestesia Dor de cabeça Aparência “embriagada” Mau hálito Sinais Vitais Respiração Pressão arterial Frequência cardíaca Resumo PARTE 5 - CONVULSÕES 21 Convulsões Tipos de Desordens Convulsivas Convulsões parciais Convulsões generalizadas Causas Fatores Predisponentes Prevenção Causas não epiléticas Causas epiléticas Diálogo da história médica Exame físico Implicações psicológicas de epilepsia Considerações no tratamento odontológico Manifestações Clínicas Convulsões parciais Convulsão de ausência (pequeno mal) Convulsão tônico-clônica Condição convulsiva tônico-clônica (grande mal) Fisiopatologia Tratamento Crises de ausência e convulsões parciais Convulsões tônico-clônicas (grande mal) Diagnóstico Diferencial Referências PARTE 6 - EMERGÊNCIAS RELACIONADAS AO USO DE MEDICAMENTOS 22 Emergências Relacionadas ao Uso de Medicamentos: Considerações Gerais Prevenção Cuidados com a administração de medicamentos Classificação Reação de overdose Alergia Idiossincrasia Emergências Relacionadas a Medicamentos Uso de medicamentos na odontologia Referências 23 Reação de Sobredosagem dos Medicamentos Reações de Overdose aos Anestésicos Locais Fatores predisponentes Prevenção Manifestações clínicas Fisiopatologia Conduta Reação de Overdose pela Adrenalina (Vasoconstritor) Fatores precipitantes e prevenção Manifestações clínicas e fisiopatologia Conduta Reações de Overdose aos Depressores do Sistema Nervoso Fatores predisponentes e prevenção Manifestações clínicas Controle Resumo Referências 24 Alergia Fatores Predisponentes Antibióticos Analgésicos Ansiolíticos Anestésicos locais Outros agentes Prevenção Diálogo da história médica Consulta com o médico Testes de alergia no consultório odontológico Modificações no tratamento odontológico Tratamento Alergia alegada em relação aos anestésicos locais Alergia ao anestésico local confirmada Manifestações Clínicas Início Reações cutâneas Reações respiratórias Anafilaxia generalizada Fisiopatologia Antígenos, haptenos e alérgenos Anticorpos (imunoglobulinas) Mecanismo de defesa do organismo Reação alérgica tipo I – anafilaxia Sinais e sintomas respiratórios Sinais e sintomas cardiovasculares Sinais e sintomas gastrintestinais Urticária, rinite e conjuntivite Tratamento Reações cutâneas Reações respiratórias Adrenalina e alergia Reação anafilática generalizada Edema da laringe Referências 25 Emergências Relacionadas com Medicamentos: Diagnóstico Diferencial História Médica Idade Gênero Posição Início dos Sinais e Sintomas Exposição Prévia ao Medicamento Dose do Medicamento Administrado Incidência Global de Ocorrência Sinais e Sintomas Duração da reação Mudanças na aparência da pele Aparência de nervosismo Perda de consciência Presença de convulsões Sintomas respiratórios Sinais Vitais Frequência cardíaca Pressão arterial Resumo Referências PARTE 7 - DOR TORÁCICA 26 Dor Torácica: Considerações Gerais Fatores Predisponentes Fatores de risco para doença aterosclerótica Prevenção Manifestações Clínicas Fisiopatologia Aterosclerose Localização Dor no peito Tratamento Referências 27 Angina Pectoris Fatores Predisponentes Prevenção Diálogo da história médica Exame físico Angina pectoris instável Considerações sobre a Terapia Odontológica Duração da consulta odontológica Oxigênio suplementar Controle da dor durante o tratamento Sedação Considerações adicionais Manifestações Clínicas Sinais e sintomas Exame físico Complicações Prognóstico Fisiopatologia Tratamento Paciente com histórico de angina de peito Nenhum histórico de dor no peito Referências 28 Infarto Agudo do Miocárdio Fatores Predisponentes Localização e extensão do infarto Prevenção Diálogo da história médica Exame físico Considerações da Terapia Odontológica Redução do estresse Oxigênio suplementar Sedação Controle da dor Duração do tratamento Seis meses após o infarto do miocárdio Consulta médica Terapia anticoagulante ou antiplaquetária Manifestações Clínicas Dor Outros sinais e sintomas clínicos Achados físicos Complicações agudas Fisiopatologia Tratamento Tratamento intra-hospitalar imediato Referências 29 Dor Torácica: Diagnóstico Diferencial Dor Torácica de Origem Não Cardíaca Dor Torácica de Origem Cardíaca História médica Idade Gênero Circunstâncias relacionadas Sinais e sintomas clínicos Sinais vitais Resumo Referências PARTE 8 - PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA 30 Parada Cardiorrespiratória Sobrevivência da Parada Cardiorrespiratória Parada cardiorrespiratória testemunhada versus a não testemunhada Ritmo inicial RCP feita por leigos Tempo de resposta Cadeia da Sobrevivência Primeiro elo: acesso precoce Segundo elo: SBV precoce (RCP) Terceiro elo: desfibrilação precoce Quarto elo: SAVC precoce Quinto elo: cuidados integrados pós-RCP O Consultório Odontológico Parada Cardiorrespiratória Parada pulmonar (respiratória) Parada cardíaca Suporte Básico de Vida (RCP) Abordagem da equipe Suporte básico de vida Parada cardiorrespiratória no consultório odontológico Sequência de RCP – vítima adulta Especificidades sobre a RCP – ativando o serviço médico de emergências Especificidades da RCP – circulação Especificações da RCP – desfibrilação Iniciando e interrompendo o SBV Transporte da vítima Referências 31 Considerações Pediátricas Preparo Suporte básico de vida Equipe de emergência do consultório odontológico Acesso ao serviço médico de emergência Medicamentos e equipamentos de emergência Tratamento Básico Posição Circulação Vias aéreas e respiração Cuidado definitivo Emergências Específicas Broncospasmo (ataque agudo de asma) Convulsão tônico-clônica generalizada (Crise Grande Mal) Sobredosagem de sedação Sobredosagem do anestésico local Parada respiratória Parada cardiorrespiratória Referências Apêndice Índice PREVENÇÃO PARTE 1 1 Introdução 2 Prevenção 3 Preparação 4 Considerações Legais CAPÍTULO 1 Introdução As emergências médicas potencialmente fatais, capazes de pôr a vida do paciente em risco, podem ocorrer – e de fato ocorrem – na prática odontológica. Tais emergências podem acontecer com qualquer um – paciente, cirurgião-dentista, membro da equipe do consultório odontológico, ou com a pessoa que simplesmente está acompanhando o paciente. Ainda que a ocorrência destas emergências potencialmente fatais nos consultórios odontológicos não seja frequente, muitos fatores podem aumentar a probabilidade de que tais incidentes ocorram. Estes fatores incluem: (1) o número cada vez maior de pessoas idosas buscando tratamento odontológico, (2) os avanços terapêuticos nas profissões médica e farmacológica, (3) a tendência maior para consultas odontológicas mais longas e demoradas e (4) o uso e administração cada vez maior de medicamentos na odontologia. Felizmente, existem outros fatores que minimizam o desenvolvimento dessas situações de emergência potencialmente fatais no consultório odontológico. Estes fatores incluem uma avaliação física de cada paciente antes do tratamento, que consiste em um questionário com a história médica, no diálogo com o paciente sobre seu histórico médico e exame físico, além de possíveis modificações no tratamento odontológico para minimizar os riscos médicos. Morbidade Apesar dos protocolos mais meticulosos, que são estabelecidos para impedir o desenvolvimento de situações que põem em risco a saúde e vida do paciente, as emergências médicas ainda podem ocorrer. Considere, por exemplo, artigos de jornais descrevendo mortes repentinas e inesperadas de atletas jovens e bem condicionados.1, 2 Taisemergências podem acontecer em qualquer ambiente. A ocorrência de tragédias desta magnitude dentro do consultório odontológico não é um evento surpreendente, dado o estresse que muitos pacientes associam ao tratamento odontológico. Numa pesquisa sobre emergências médicas ocorrendo dentro de consultórios odontológicos na Escócia, foram relatadas quatro mortes com pessoas que sofreram parada cardiorrespiratória, listadas como acompanhantes, isto é, indivíduos não agendados para o tratamento odontológico no consultório, no dia em que morreram.3 Este texto estuda as situações emergenciais que se desenvolvem na prática odontológica. Entretanto, os cirurgiões-dentistas primeiro devem entender que nenhuma emergência médica é exclusiva da odontologia. Por exemplo, até mesmo uma overdose de anestésico local pode ser encontrada fora do ambiente odontológico, tal qual uma overdose de cocaína. TABELA 1-1 Emergências na clínica odontológica particular Situação de emergência Número relatado Síncope 15.407 Reação alérgica leve 2.583 Angina pectoris 2.552 Hipotensão postural 2.475 Convulsões 1.595 Ataque asmático (hipoglicemia) 1.392 Hiperventilação 1.326 “Reação à adrenalina” 913 Choque insulínico (hipoglicemia) 890 Parada cardiorrespiratória 331 Reação anafilática 304 Infarto do miocárdio 289 Overdose de anestésico local 204 Edema pulmonar agudo (insuficiência cardíaca) 141 Coma diabético 109 Acidente vascular encefálico 68 Insuficiência adrenal 25 Crise tireotóxica 4 TOTAL 30.608 n = 4.309 cirurgiões-dentistas entrevistados. Dados combinados de Fast TB, Martin MD, Ellis TM: Emergency preparedness: a survey of dental practitioners. J Am Dent Assoc 112:499-501, 1986; e Malamed SF: Managing medical emergencies. J Am Dent Assoc 124:40-53, 1993. TABELA 1-2 Emergências na University of Southern California School of Dentistry (1973-junho 2012) Situação de emergência Número relatado TIPO Síncope 65 Hiperventilação 54 Convulsão 53 Hipotensão postural 30 Hipoglicemia 29 Reação alérgica leve 18 Angina pectoris 18 Ataque agudo de asma 13 Infarto agudo do miocárdio 1 Parada cardiorrespiratória 1 VÍTIMA Paciente (durante o tratamento) 185 Paciente (antes ou depois do tratamento) 56 Equipe odontológica 27 Outras pessoas (expectadores, acompanhantes, pais, cônjuges) 14 A Tabela 1-1 apresenta os achados combinados de dois levantamentos desenvolvidos nos Estados Unidos, um feito por Fast, Martin e Ellis4 em 1985, e o outro por Malamed5 em 1992. Um total de 4.309 entrevistados de todos os 50 estados dos Estados Unidos e 7 províncias canadenses relataram 30.608 emergências durante o período de 10 anos. Dos 4.309 entrevistados, 96,6% responderam positivamente à seguinte questão: “Nos últimos 10 anos, houve alguma emergência médica ocorrida no seu consultório odontológico?” (Os cirurgiões-dentistas utilizaram suas próprias definições para situações de emergência). Cerca de 50% de todas estas emergências (15.407) foram listadas como síncope (p. ex., desmaio), uma ocorrência geralmente benigna. (Cuidado com a palavra benigna em qualquer descrição de emergência. Quando tratada inadequadamente, qualquer emergência – mesmo um simples desmaio – pode se tornar uma catástrofe. O leitor deve se referir ao adendo no Capítulo 6 para ter um exemplo dessa situação). Por outro lado, uma proporção considerável (25,35%) das emergências relatadas foi cardiovascular (3.381), relacionada ao sistema nervoso central (1.663) e respiratório (2.718), todas sendo potencialmente fatais e ameaçadoras da vida. TABELA 1-3 Emergências médicas ocorridas em uma faculdade de odontologia nos Estados Unidos (2000-2008) Tipo de emergência (suspeitada ou confirmada) Número de eventos relacionados com pacientes odontológicos Número de eventos relacionados com não pacientes Situação cardiovascular 15 6 Síncope 12 3 Complicação anestésica 9 0 Complicação diabética / hipoglicêmica 9 0 Objeto aspirado / deglutido 4 0 Reação alérgica 3 1 Ansiedade 3 Tonteira / perda de consciência, sem etiologia óbvia 3 2 Situação relacionada a medicamentos 2 1 Queda 2 1 Convulsão 2 0 Enfisema subcutâneo 2 0 Abuso de substância 1 1 Complicação de doença conhecida entre empregados n/a 2 TOTAL 67 17 Dados obtidos por Anders PL, Neiders ME: The nature and frequency of medical emergencies among patients in a dental school setting,. J Dent Educ 74:392-396,2010. TABELA 1-4 Incidência de emergências médicas durante todo o tempo de profissão de cirurgiões-dentistas australianos* Emergência Número de eventos Reação adversa à anestesia local (AL) 1.753† Convulsão tônico-clônica 381 Angina 252 Choque insulínico 88 Asma grave 160 Todas as ressuscitações 35 Reanimação cardiopulmonar 20 Ventilação artificial‡ 15 Infarto do miocárdio 19 Acidente vascular encefálico 12 *Um período de 40 anos foi utilizado para representar o tempo de carreira profissional nestes cálculos. †Quadro extrapolado com base numa subamostra de 661 respostas (82% do total). ‡Incluindo a respiração com ar expirado (RAE) e o uso de reanimação. De Chapman PJ: Medical emergencies in dental practice and choice of emergency drugs and equipment: a survey of Australian dentists. Austral Dent J 42;103-108, 1997. A Tabela 1-2 sumariza as situações de emergências médicas ocorridas na University of Southern California School of DentistryUniversity of Southern California School of Dentistry (USC), de 1973 até meados de 2012. Embora a maioria das situações de emergência tenha ocorrido enquanto o paciente se encontrava sob tratamento, outras se desenvolvem enquanto o paciente não se encontrava na cadeira odontológica. Alguns pacientes experimentaram episódios de hipotensão ortostática (postural) no banheiro, diversos sofreram convulsões epilépticas na sala de espera e um deles sofreu uma convulsão logo na entrada da clínica odontológica. Um adulto acompanhante de um paciente desenvolveu uma reação alérgica cutânea após ingerir ácido acetilsalicílico para tratar sua dor de cabeça.6 Em outras duas circunstâncias, um estudante de graduação, vendo fotos de lesões bucomaxilofaciais agudas numa sala de conferências, e um cirurgião-dentista, tratando um paciente, sofreram episódios de síncope vasodepressora. Tais exemplos ressaltam a necessidade dos profissionais da odontologia em estarem preparados para a ocorrência de emergências médicas. A Tabela 1-3 resume as emergências médicas que ocorreram em outra faculdade de odontologia nos Estados Unidos, durante um período de 8,5 anos. Destes casos, 20% (17 de 84) das situações ocorreram com pessoas que no momento não se encontravam como pacientes (p. ex., membros da universidade, estudantes, acompanhantes de pacientes).7 As Tabelas 1-4 a 1-9 apresentam os resultados de levantamentos similares feitos na Austrália,8 Nova Zelândia,9 Reino Unido,3, 10 Fiji11 e Brasil,12 os quais buscaram determinar a incidência de emergências médicas na prática odontológica. Embora qualquer emergência médica possa se desenvolver no consultório odontológico, algumas são mais frequentes que outras. Muitas destas situações estão relacionadas com o estresse (p. ex., dor, medo e ansiedade) ou envolvem condições preexistentes que se tornam exacerbadas quando os pacientes são colocados em ambientes estressantes. Situações induzidas pelo estresse incluem a síncope vasodepressora e a hiperventilação, enquanto condições médicas preexistentes que podem ser exacerbadas pelo estresse incluem a maioria das emergências cardiovasculares agudas, broncoespasmo (asma) e convulsões. O tratamento efetivo da dor e da ansiedade no consultório odontológico é essencial na prevenção e minimização dessas situações potencialmente catastróficas. TABELA 1-5 Incidência de emergências médicas durante o tempo de profissão – cirurgiões-dentistas da Nova Zelândia* Evento de emergência Número de dentistas relatando o episódio, período de 10 anos (%) Número médio de eventos por dentista (variação) Desmaios – 2,8 (1–15) Hiperventilação – 2,9 (1–30) Angina 29 (14,6) 1,7 (1–5)Depressão circulatória 22 (11,1) 1,9 (1–10) Infarto do miocárdio 5 (2,5) 1 Acidente cardiovascular 5 (2,5) 1 Depressão respiratória 34 (17,2) 6,1 (1–40) Obstrução respiratória 3 (1,5) 1,3 (1–2) Asma grave 15 (7,6) 2,1 (1–8) Epilepsia (Grande Mal) 45 (22,7) 1,5 (1–3) Status epilético 7 (3,5) 1,1 (1–2) Reação alérgica ao medicamento 60 (30,3) 2,7 (1–10) Anafilaxia 7 (3,5) 1,1 (1–2) Hipoglicemia 41 (20,7) 3,1 (1–30) Corpo estranho engolido ou inalado 41 (20,7) 1,7 (1–5) Overdose anestésica 10 (5,1) 1,4 (1–2) Interação medicamentosa 11 (5,6) 2 (1–6) Outras emergências 18 (9,1) 2,4 (1–10) *199 entrevistados no levantamento. De Broadbent JM, Thompson WM: The readiness of New Zealand general dental practitioners for medical emergencies. N Z Dent J 97;82-86, 2001. TABELA 1-6 Número de eventos emergenciais não associados com anestesia geral (AG) e sua frequência* Inglaterra e País de Gales (N = 701) Escócia (N = 328) Evento Número Número Convulsões 417 282 Objeto deglutido 230 139 Eventos asmáticos 198 88 Eventos diabéticos 155 72 Angina pectoris 148 89 Reações medicamentosas 135 45 Outros eventos 37 12 Parada cardiorrespiratória 20 17 Infarto do miocárdio 17 8 Acidente vascular encefálico 14 4 Objeto inalado 9 4 *Expresso em 40 anos de prática, relatado pelos entrevistados na Inglaterra e País de Gales e na Escócia quando começaram a carreira no Serviço de Clínica Geral. De Atherton GJ, MCcaul JA, Williams SA: Medical emergencies in general dental practice in Great Britain. Part 1: their prevalence over a 10-year period. Br Dent J 186:72-79, 1999. TABELA 1-7 Emergências médicas ocorrendo entre cirurgiões-dentistas na Inglaterra, em um período de 12 meses Situação de emergência Porcentagem de cirurgiões-dentistas relatando a emergência Número de casos relatados Síncope vasovagal 63 596 Angina pectoris 12 53 Hipoglicemia 10 54 Convulsão, epilepsia 10 42 Obstrução de vias aéreas por corpo estranho 5 27 Asma 5 20 Parada cardiorrespiratória 0,3 1 Dados obtidos de Jevon P: Updated guidance on medical emergencies and resuscitation in the dental practice, Br Dent J 212:41– 43, 2012. TABELA 1-8 Emergências médicas ocorrendo entre cirurgiões-dentistas em Fiji, em 2004 Situação de emergência Porcentagem do total Desmaio 27,9 Hipotensão ortostática 23,5 Hipoglicemia 19,5 Convulsão 11,1 Asma 8 Dados obtidos de Morse Z, Murthi VK: Medical emergencies in dental practice in the Fiji Islands, Pacific Health Dialog 11:55–58, 2004. Reações adversas relacionadas ao uso de medicamentos constituem outra categoria de situações de emergências com potenciais riscos, que ocorrem com mais frequência do que pensam os cirurgiões-dentistas. As mais frequentes estão associadas aos anestésicos locais, que são o tipo de que são o tipo de fármaco mais importante e utilizado na prática odontológica. Reações psicogênicas, overdose medicamentosa e reações alérgicas são apenas alguns dos problemas associados com a administração dos anestésicos locais. A maioria das emergências “relacionadas com os medicamentos” está na verdade relacionada ao estresse (psicogênica); entretanto, outras reações (sobredosagem, reação alérgica) representam respostas aos medicamentos em si. A maior parte das reações adversas ao uso de medicamentos pode ser prevenida. Desta forma, o profundo conhecimento farmacológico a respeito da substância e da sua administração adequada é crítico na prevenção das complicações relacionadas ao uso de medicamentos. TABELA 1-9 Emergências médicas ocorrendo entre cirurgiões-dentistas no Brasil, em 2004 Situação de emergência Porcentagem de cirurgiões-dentistas relatando a emergência Número de casos relatados Lipotimia 54,20 785 Hipotensão ortostática 44,37 891 Reação alérgica moderada 16,86 183 Crise hipertensiva 15,06 255 Asma 15,06 65 Síncope 12,65 85 Angina pectoris 6,82 73 Convulsão, epilepsia 6,22 24 Hipoglicemia 5,62 52 Crise de hiperventilação 5,22 215 Obstrução de vias aéreas por corpo estranho 2,2 34 Acidente cerebrovascular 0,8 5 Anafilaxia 0,4 2 Infarto do miocárdio 0,2 1 Parada cardiorrespiratória 0,2 1 Colapso inespecífico 1,6 9 Dados obtidos de Arsati F, Montalli VA, Florio FM, et al.: Brazilian dentists’ attitudes about medical emergencies during dental treatment, J Dent Educ 74:661–666, 2010. TABELA 1-10 Tratamento realizado no momento da complicação Tratamento Porcentagem do total Na sala de espera 1,5 Durante ou logo depois da anestesia local 54,9 Durante o tratamento 2 Após o tratamento (no consultório) 15,2 Após a saída do consultório 5,5 Dados de Matsuura H: Analysis of systemic complications and deaths during treatment in Japan. Anesth Prog 36:219-228, 1990. Matsuura13 avaliou situações de emergências médicas em consultórios odontológicos no Japão (Tabelas 1-10 e 1-11). Apenas 1,5% das situações emergenciais ocorreram na sala de espera. A maior porcentagem das situações de emergência, 54,9%, ocorreu durante a administração do anestésico local, o qual de acordo com os pacientes e com os cirurgiões-dentistas é o procedimento mais estressante realizado no consultório odontológico. Cerca de 22% destas emergências se desenvolveram durante o tratamento odontológico, enquanto 15% ocorreram no consultório odontológico após o término do atendimento. A maior parte dessas emergências foi representada pela hipotensão ortostática (postural) ou síncope vasodepressora. TABELA 1-11 Tratamento realizado no momento da complicação Tratamento Porcentagem do total Extração dentária 38,9 Extirpação pulpar 26,9 Desconhecido 12,3 Outro tratamento 9 Preparo 7,3 Restauração 2,3 Incisão 1,7 Apicectomia 0,7 Remoção das restaurações 0,7 Plastia alveolar 0,3 Dados de Matsuura H: Analysis of systemic complications and deaths during treatment in Japan. Anesth Prog 36:219-228, 1990. Uma pesquisa com 1.029 cirurgiões-dentistas na Inglaterra, no País de Gales e na Escócia demonstrou que a maioria das emergências (36,7%) ocorreu durante o tratamento odontológico; 23,1% ocorreram antes do início do tratamento; 20,1%, após a administração do anestésico local; e 16,4%, após a finalização do procedimento odontológico.3 Aproximadamente 3% dos eventos na Inglaterra e no País de Gales e 2,2% destes ocorridos na Escócia afetaram pessoas que não estavam em tratamento odontológico. Este grupo era composto por acompanhantes de pacientes, pessoas que passavam pelo consultório e cinco membros da equipe odontológica, incluindo um dentista e um técnico.3 A natureza do tratamento odontológico administrado no momento da emergência vem sendo esclarecedora. No artigo de Matsuura, mais de 65% dos casos foram observados durante dois tipos de tratamento odontológico – extração dentária (38,9%) e extirpação pulpar (26,9%).13 No artigo britânico, 52,2% dos eventos ocorreram durante tratamentos odontológicos conservadores e 23,5% ocorreram durante cirurgia dentoalveolar.3 Todos os tipos de tratamentos foram relacionados com essas condições médicas, incluindo 1,1% das emergências ocorrendo durante o tratamento ortodôntico.3 Embora informações sobre as causas específicas dos problemas nem sempre estejam disponíveis, estas emergências ocorreram muito provavelmente no momento em que o paciente experimentou dor repentina e inesperada. Em um dos casos no qual a causa é conhecida, um anestésico local foi administrado a um paciente relatando sensibilidade dolorosa dentária (molar inferior) e o controle da dor foi obtido (lábios e língua com parestesia). Após o tratamento começar, o paciente experimentou um espasmo de dor intensa e inesperada, à medida que a broca se aproximava da câmara pulpar. Numa situação similar, acreditou-se que o controle da dor fora obtido, mas o paciente sentiu dor intensa no momento do começo da extração dentária. Em ambos os casos, a dor repentina e inesperada desencadeou a liberação de catecolaminas endógenas, tais como adrenalina e noradrenalina, as quais levaram ao desencadeamento de uma emergência. Assim, a importância do controle da dor na clínicapara um tratamento odontológico seguro não pode ser descartada. Morte A maioria das situações de emergência que ocorrem no consultório odontológico é definida como sendo capaz de gerar um potencial risco de morte. Ainda assim, somente em raras ocasiões o paciente realmente morre no consultório odontológico (Fig. 1-1). Numa pesquisa feita pela American Dental Association, em 1962, contando com quase 4.000 cirurgiões-dentistas, 45 mortes nos consultórios odontológicos foram relatadas.14 Adicionalmente, 7 dessas mortes ocorreram na sala de espera, antes mesmo que os pacientes pudessem ser tratados. Numa pesquisa com os cirurgiões-dentistas do Texas, Bell15 relatou 8 mortes nos consultórios odontológicos, com 6 delas ocorrendo em consultórios de clínicos gerais e 2 em consultórios de cirurgiões orais; 1 morte ocorreu na sala de espera antes do início do tratamento. Apenas 2 mortes foram associadas com a administração de anestesia geral. Em 1985, Adelman16 documentou 3 mortes resultantes de aspiração de dispositivos odontológicos. Em 1989, Lytle17 relatou 8 mortes associadas à administração de anestesia geral durante um período de 20 anos (1 morte a cada 673.000 procedimentos utilizando anestesia geral) e Robinson18 relatou 8 mortes relacionadas ao uso de anestésicos. Na verdade, qualquer uma das emergências mencionadas na seção anterior poderia potencialmente dobrar ou triplicar estes números. A falha em reconhecer e tratar adequadamente os sinais e sintomas clínicos associados com a situação de emergência pode transformar uma situação relativamente inócua em uma tragédia no consultório. FIGURA 1-1 Tanto o cirurgião-dentista quanto o paciente sofreram ataques cardíacos. TABELA 1-12 Circunstâncias das mortes ocorridas no levantamento Evento (número) Local Estágio do tratamento Procedimento INGLATERRA E PAÍS DE GALES Parada cardiorrespiratória (1) Sala de espera Antes Próteses totais Parada cardiorrespiratória (1) Cirurgia Durante Próteses totais Parada cardiorrespiratória (1) Sala de espera Antes Raspagem Parada cardiorrespiratoria (1) Sala de espera Antes Não declarado Acidente vascular encefálico (1) Sala de espera Antes Nenhum Acidente vascular encefálico (1) Cirurgia Durante Raspagem Infarto do miocárdio (2) Sala de espera Antes Não declarado Infarto do miocárdio (1) Pós- operatório Antes Nenhum ESCÓCIA Parada cardiorrespiratória (1) Sala de espera Antes Moldagem Parada cardiorrespiratória (1) Sala de espera Antes Nenhum Parada cardiorrespiratória (1) Sala de espera Antes Não declarado Parada cardiorrespiratória (3) Sala de espera Depois Não declarado Infarto do miocárdio (1) Acompanhante De Atherton GJ, McCaul JA, Williams AS: Medical emergencies in general dental practice in Great Britain. Part 1: their prevalence over a 10-year period. Br Dent J 186:72-79, 1999. Chapman, em 1997, ao pesquisar sobre o preparo em emergências e as experiências de 811 cirurgiões-dentistas australianos, observou que 20 emergências com reanimações cardiopulmonares (RCPs) foram relatadas e 75% desses pacientes sobreviveram.8 Cinco pacientes morreram. Ele relatou 4 casos de anafilaxia, 3 dos quais desenvolveram parada cardiorrespiratória, com todos os pacientes sobrevivendo. Em um artigo britânico produzido em 1999, 10 mortes foram relatadas na Inglaterra e País de Gales e 10 foram relatadas na Escócia.3 A Tabela 1-12 resume estes estudos. Catorze dessas situações de emergências foram listadas como parada cardiorrespiratória, 4 como infarto do miocárdio e 2 como acidente vascular encefálico.3 Quatro dessas mortes listadas na Escócia ocorreram com pessoas que passavam pelo consultório e não com pacientes. Considerando esse fato, essas fatalidades foram resultado de 0,7% das emergências ocorridas na Inglaterra, no País de Gales e na Escócia.3 Em outro levantamento feito na Nova Zelândia com 199 cirurgiões-dentistas, 2 mortes por parada cardiorrespiratória após um infarto agudo do miocárdio foram relatadas num período de 10 anos de estudo.9 Uma parada cardiorrespiratória primária foi relatada em um paciente submetido à anestesia geral. O paciente foi reanimado com sucesso.9 Um caso de parada cardiorrespiratória foi relatado no estudo feito na Inglaterra em 2012, com 300 cirugiões-dentistas,10 bem como 1 morte foi relatada em um estudo com 498 cirurgiões-dentistas brasileiros.12 A adequada avaliação física antes do tratamento odontológico, associada ao uso apropriado das muitas técnicas para o controle da dor e da ansiedade, podem prevenir muitas dessas emergências e mortes. O autor desse livro acredita seguramente que todos os participantes dentro da área odontológica devem objetivar a prevenção vigorosamente. O Capítulo 2 deste livro é dedicado a este objetivo, bem como outros excelentes livros-texto encontrados atualmente no mercado.19 Infelizmente, mesmo as precauções e os preparos mais rígidos nem sempre podem impedir que a morte aconteça. Todo ano nos Estados Unidos, 10% de todas as mortes não acidentais ocorrem repentina e inesperadamente em pessoas relativamente jovens que acreditavam serem portadoras de boas condições de saúde – ressaltando o termo “parada cardiorrespiratória repentina a inesperada”. A causa da morte mais comum é uma arritmia cardíaca fatal, geralmente a fibrilação ventricular. Medidas preventivas não podem eliminar completamente a possibilidade deste acontecimento e exatamente por isso nós, cirurgiões-dentistas, devemos estar preparados. Resultados bem sucedidos em relação à reanimação do paciente são possíveis quando a “equipe odontológica” age rapidamente para reconhecer e tratar a situação de emergência. A taxa de sobrevivência nos casos de “emergências com reanimação cardiopulmonar” na Austrália foi de 75%; adicionalmente, outros 3 pacientes com parada cardiorrespiratória secundária ao choque anafilático sobreviveram.8 TABELA 1-13 Expectativa de vida ao nascer, em anos, nos Estados Unidos Todas as etnias* Brancos Negros† Ano Homem Mulher Homem Mulher Homem Mulher 2009 76 80,9 76,4 81,2 71,1 77,6 2005 74,9 79,9 75,4 80,4 69,3 76,1 2000 74,1 79,3 74,7 79,9 68,2 75,1 1990 71,8 78,8 72,7 79,4 64,5 73,6 1980 70,9 77,4 70,7 78,1 63,8 72,5 1970 67,1 74,7 68,0 76,6 60 68,3 1960 66,6 73,1 67,4 74,1 61,1† 66,3† 1950 65,6 71,1 66,5 72,2 59,1† 62,9† 1940 60,8 65,2 62,1 66,6 51,5† 54,9† 1930 58,1 61,6 59,7 63,5 47,3† 49,2† 1920 53,6 54,6 54,4 55,6 45,5† 45,2† 1910 48,4 51,8 48,6 52 33,8† 37,5† 1900 46,3 48,3 46,6 48,7 32,5† 33,5† *As estatísticas a respeito da população hispânica estão incluídas em “Todas as etnias”, mas não estão disponíveis em relação às idades específicas como estão em “Brancos” e “Negros” †Anteriormente a 1970, as estatísticas sobre a população negra não estavam disponíveis. Dados obtidos a partir do U.S. Department od Health & Human Services Centers for Disease Control ans Prevention: National vital statistics reports 62, No. 7, Hyattsville, MD, January 6, 2014. FIGURA 1-2 O segmento que cresce mais rápido na população dos Estados Unidos é o de 65 anos ou mais em função do grande número de bebês nascidos após a Segunda Guerra Mundial. Entretanto, nem todas as mortes ocorrem dentro dos consultórios odontológicos. O estresse associado ao tratamento dentário pode desencadear eventos que resultam em óbito mesmo dias depois de o tratamento odontológico ter sido efetuado. Em um levantamento feito pela Southern California Society of Oral and Maxillofacial Surgeons, 10 incidentes desta natureza foram relatados.17 De especial interesse, foram 3 mortes secundárias ao infarto agudo do miocárdio e 1 morte secundária ao acidente vascular encefálico. Outra morte estava relacionada à reação alérgica ao hidrocloreto de propoxifeno, o qual o cirurgião-dentista havia prescrito para o alívio da dor pós-operatória do paciente. No estudo de Matsuura feito no Japão, 5,5% de todas as emergências médicas ocorreram “depois de o paciente ter deixado o consultório odontológico”.13 Fatores de Risco Número aumentado de pacientes mais velhos A expectativade vida das pessoas nascidas nos Estados Unidos tem aumentado progressivamente. Em 1900, a expectativa de vida para um caucasiano era de 46,6 anos; para uma caucasiana, de 48,7 anos. Em 2009, estes números foram 76,4 para caucasianos, 81,2 para caucasianas, 71,1 para negros e 77,6 para negras (Tabela 1-13).20 Os bebês que nasceram após a Segunda Guerra Mundial se tornaram o segmento de idosos (65 anos ou mais) que cresceu mais rapidamente na população norte-americana (Fig. 1-2), e esta população mais idosa está buscando tratamento odontológico. Em 2010 (ano mais recente para qual dados estatísticos se encontram disponíveis), 40,4 milhões de norte-americanos se encontravam com a idade de 65 anos ou mais, representando 13,1% da população total dos Estados Unidos, ou ainda 1 em cada 8 estadunidenses.21 O número de americanos mais velhos aumentou em 5,4 milhões de pessoas, ou 15,3% desde 2000, quando comparado com um aumento de 8,7% de pessoas abaixo de 65 anos de idade. Entretanto, a quantidade de norte- americanos com idades entre 45 e 64 anos – os quais alcançarão a idade de 65 anos dentro das próximas duas décadas – aumentou em 31% durante este mesmo período.21 Em 2010, o grupo de pessoas que se enquadrava entre 65 a 74 anos de idade (20,8 milhões) era 10 vezes maior do que em 1990. Em contraste, o grupo de pessoas com idades entre 75 a 84 anos (13,1 milhões) era 17 vezes maior, enquanto o grupo de cidadãos com mais de 85 anos (5,5 milhões) era 45 vezes maior.21 TABELA 1-14 Dez principais causas de morte por grupos de idade nos Estados Unidos, em 2010 Grupos de idade Posição <1 1–4 5–9 10–14 15–24 25–34 35–44 45–54 1 Anomalias congênitas Injúria não intencional Injúria não intencional Injúria não intencional Injúria não intencional Injúria não intencional Injúria não intencional Neoplasias malignas 5107 1394 758 885 12.341 14.573 14.792 50.211 2 Gestação pré- termo 4148 Anomalias congênitas 507 Neoplasias malignas 439 Neoplasias malignas 477 Homicídio 4.678 Suicídio 5.735 Neoplasias malignas 11.809 Doença cardíaca 36.729 3 Síndrome da morte súbita do lactente 2.063 Homicídios 385 Anomalias congênitas 163 Suicídio 267 Suicídio 4.600 Homicídio 4.258 Doença cardíaca 10.594 Injúria intencional 19.667 4 Complicações maternas na gravidez 1.561 Neoplasias malignas 346 Homicídios 111 Homicídios 150 Neoplasias malignas 1.604 Neoplasias malignas 3.619 Suicídio 6.571 Suicídio 8.799 5 Injúria não intencional 1.110 Doenças cardíacas 159 Doenças cardíacas 68 Anomalia congênita 135 Doenças cardíacas 1.028 Doenças cardíacas 3.222 Homicídio 2.473 Doença hepática 8.651 6 Anormalidades de placenta, cordão umbilical e membranas 1.030 Influenza e pneumonia 91 Doença respiratória baixa crônica 60 Doenças cardíacas 117 Anomalia congênita 412 HIV 741 Doença hepática 2.423 Doença cerebrovascular 5.910 7 Sepse bacteriana 583 Septicemia 62 Doença cerebrovascular 47 Doença respiratória baixa crônica 73 Doença cerebrovascular 190 Diabetes melito 606 Doença cerebrovascular 1.904 Diabetes melito 5.610 8 Dificuldade respiratória 514 Neoplasias benignas 59 Neoplasia benigna 37 Neoplasia benigna 45 Influenza e pneumonia 181 Doença cerebrovascular 517 HIV 1.898 Doença respiratória baixa crônica 4.452 9 Doenças do sistema circulatório 507 Período perinatal 52 Influenza e pneumonia 37 Doença cerebrovascular 43 Diabetes melito 165 Doença hepática 487 Diabetes melito 1.789 HIV 3.123 10 Enterocolite necrotizante 472 Doença respiratória baixa crônica 51 Septicemia 32 Septicemia 35 Complicações da gravidez 163 Anomalias congênitas 397 Influenza e pneumonia 773 Hepatite viral 2.376 Dados obtidos em National Vital Statistics System, National Center for Health Statistics, CDC. Embora muitos pacientes mais idosos aparentem se encontrar em bom estado de saúde, o cirurgião-dentista deve sempre procurar por doenças subclínicas significativas. Todos os sistemas principais do corpo (cardiovascular, hepático, renal, pulmonar, endócrino e nervoso central) devem ser avaliados em pacientes idosos, sendo o sistema cardiovascular o que merece especial atenção. A função e a eficiência cardiovasculares diminuem como parte do processo normal de envelhecimento. Em alguns casos, uma eficiência diminuída se manifesta em si como insuficiência cardíaca ou angina pectoris, mas os sinais aparentes nem sempre estão presentes. Quando submetido ao estresse (dor, medo, ansiedade, umidade elevada, extremos de frio ou calor), o sistema cardiovascular de uma pessoa idosa pode não ser capaz de atender às demandas corporais para aumento de oxigênio e nutrientes, déficit este que pode causar uma descompensação que pode gerar complicações cardiovasculares agudas tais quais arritmias potencialmente fatais e dor do tipo angina. QUADRO 1-1 Modificações nos pacientes geriátricos SISTEMA NERVOSO CENTRAL Número reduzido de células cerebrais Arteriosclerose cerebral Acidente vascular encefálico Memória diminuída Modificações emocionais Parkinsonismo SISTEMA CARDIOVASCULAR Doença da artéria coronária Angina pectoris Infarto do miocárdio Arritmias cardíacas Contratilidade diminuída Pressão sanguínea elevada Doença renovascular Doença cerebrovascular Doença cardíaca SISTEMA RESPIRATÓRIO Enfisema senil Modificações artríticas no tórax Problemas pulmonares relacionados aos poluentes Fibrose intersticial SISTEMA GENITOURINÁRIO Fluxo sanguíneo renal diminuído Número reduzido de glomérulos em funcionamento Reabsorção tubular reduzida Hipertrofia prostática benigna SISTEMA ENDÓCRINO Resposta reduzida ao estresse Diabetes melito tipo 2 (início na fase adulta) Modificado de Lichtiger M, Moya F; Curr Rev Nurse Anesth 1;1, 1978. Atualmente a doença cardiovascular é a causa principal de óbitos em pessoas acima dos 65 anos nos Estados Unidos (Tabela 1-14).22 Situações que podem ser completamente inócuas na juventude podem se tornar bastante danosas 20 anos depois. Esta incapacidade relativa dos mais idosos em tolerar o estresse foi demonstrada em um levantamento sobre os efeitos da idade em motoristas de carro fatalmente acidentados. Baker e Spitz23 verificaram que a proporção de motoristas com 60 anos de idade ou mais era cinco vezes maior entre os motoristas que morreram do que entre os motoristas mais jovens que sobreviveram aos acidentes automobilísticos. Muitos motoristas com 60 anos ou mais morreram após acidentes que se mostraram não fatais aos motoristas mais jovens. A correlação entre idade e tempo de sobrevivência sugere que, enquanto os motoristas mais jovens se recuperam das injúrias, muitos motoristas mais velhos morrem por causa de complicações. O processo de envelhecimento envolve tanto mudanças fisiológicas como patológicas que podem alterar significativamente a capacidade do paciente em se adaptar com sucesso ao estresse. O Quadro 1-1 lista as mudanças que os pacientes mais idosos frequentemente encontram. A diminuição na elasticidade tecidual é a mudança fisiológica principal, com efeito significativo em todos os órgãos do corpo. Por exemplo, num indivíduo de 75 anos de idade, o fluxo sanguíneo cerebral é de apenas 80% do que era aos 30 anos, o débito cardíaco cai para 65%, com a função renal diminuindo para 45%. As mudanças no fluxo sanguíneo renal podem afetar as ações de certos medicamentos, especialmente aqueles que dependem da excreção urinária para remoção do medicamento e dos seus metabólitos do corpo. Penicilina, tetraciclina e digoxina, por exemplo, exibem tempo de eliminação e meia-vida aumentada em pacientes idosos. TABELA 1-15 Mudanças pulmonares nos pacientes com 65 anos ou mais Função Porcentagem comparada com a capacidade na idade 30 anos Capacidade pulmonar total 100 Capacidade vital 58 Captação de O2 durante o exercício 50 Capacidade respiratória máxima 55 De Lichtiger M, Moya F: Curr Rev Nurse Anesth 1;1, 1978. QUADRO 1-2 Fatores aumentando o risco durante o tratamento odontológico Número aumentado depacientes mais velhos Avanços médicos Terapia medicamentosa Número aumentado de procedimentos cirúrgicos (p. ex., implantes) Consultas mais demoradas Uso aumentado de medicamentos Anestésicos locais Sedativos Analgésicos Antibióticos Modificado de Lichtiger M, Moya F; Curr Rev Nurse Anesth 1;1, 1978. A elasticidade tecidual diminuída também afeta os pulmões. A complacência pulmonar diminui com a idade e pode progredir para o enfisema pulmonar senil. A exposição de longo prazo a tabaco, poeira e poluentes pode diminuir a função respiratória em pacientes mais velhos, produzindo desordens como a asma e a bronquite crônica. A função pulmonar no paciente idoso está consideravelmente reduzida quando comparada ao paciente mais jovem (Tabela 1-15).24 Entretanto, durante as últimas três décadas, os cirurgiões-dentistas começaram a tratar um número maior de pacientes acima dos 60 anos que ainda possuem grande parte da sua dentição natural. Estes pacientes necessitam de todo o tipo de tratamento odontológico – periodontia, endodontia, coroas, próteses, trabalho restaurador, implantes e cirurgia oral. Em função da idade e da possibilidade da existência de incapacidades físicas preexistentes, muitos destes pacientes têm menor capacidade de lidar com o estresse normalmente associado ao tratamento odontológico. Esta tolerância reduzida ao estresse deve alertar o cirurgião-dentista de que os pacientes mais idosos estão em maior risco durante o tratamento odontológico, mesmo que seja na ausência de doença clinicamente evidente (Quadro 1-2). Adicionalmente, o cirurgião-dentista deve tomar todos os passos para minimizar esses riscos (veja os protocolos de redução do estresse25 no Cap. 2). Avanços médicos Com a idade, a incidência de doenças aumenta. Pacientes diabéticos e pacientes com doenças cardiovasculares (insuficiência cardíaca, arteriosclerose) possuem maior expectativa de vida hoje do que 25 ou 35 anos atrás. Muitos pacientes antes confinados aos seus lares ou que necessitavam de cadeiras de rodas e que eram incapazes de trabalhar e provavelmente de comparecer ao consultório odontológico vivem agora sua vidas praticamente normais em função de avanços nas terapias medicamentosas e nas técnicas cirúrgicas. O tratamento com radiação e a quimioterapia permitem que muitos pacientes com câncer vivam mais. Procedimentos cirúrgicos, como o bypass da artéria coronária e a cirurgia de enxerto e substituição de válvula cardíaca, se tornaram comuns, permitindo que pacientes previamente incapacitados tenham atualmente estilos de vida ativos. Transplantes de órgãos unitários ou múltiplos possuem maior taxa de sucesso e são realizados com maior frequência do que nos últimos anos. Terapias medicamentosas mais novas e efetivas estão disponíveis para o tratamento de desordens crônicas tais como pressão sanguínea elevada, diabetes e infecção pelo vírus da imunodeficiência humana. Estes avanços médicos são realmente significativos. Eles também significam que os cirurgiões-dentistas devem saber lidar bem com as necessidades bucais desses pacientes com riscos potenciais, muitos dos quais possuem desordens crônicas que são meramente controladas ou tratadas, não curadas. McCarthy chamou estas pessoas de “feridos ambulantes, com emergências médicas procurando um lugar para acontecer”.26 Consultas longas Nos últimos anos muitos cirurgiões-dentistas têm aumentado o tempo de suas consultas. Embora consultas com menos de 60 minutos ainda sejam bastante comuns, muitos dentistas agora agendam consultas de 1 a 3 horas de duração.27 O tratamento odontológico pode ser estressante para o paciente, para o cirurgião-dentista e para os membros da equipe e consultas demoradas naturalmente criam mais estresse. Pacientes com comprometimento sistêmico têm maior chance de reagir adversamente sob estas condições do que os indivíduos saudáveis, mas mesmo os pacientes mais saudáveis podem sofrer com o estresse, o que pode criar complicações não previstas. A redução do estresse se tornou um conceito importante na prevenção das emergências médicas no consultório odontológico. Consumo aumentado de medicamentos O uso de medicamentos desempenha um papel importante na prática odontológica contemporânea. Medicamentos para prevenção da dor, controle do medo e da ansiedade e para o tratamento das infecções são componentes importantes do armamentário de qualquer cirurgião-dentista. Entretanto, todos os medicamentos exercem múltiplas ações: nenhum medicamento é completamente isento de riscos. O conhecimento das ações farmacológicas do medicamento e a técnica adequada de administração do mesmo diminuirão muito a ocorrência de emergências médicas medicamentosas. Adicionalmente, muitos cirurgiões-dentistas trabalham com pacientes que previamente utilizavam medicamentos não receitados por seus dentistas ou médicos. Halpern28 verificou que 18% de todos os seus pacientes faziam uso de algum tipo de medicamento. Esta incidência aumentou ainda mais com a idade; 41% dos pacientes acima dos 60 anos utilizavam um ou mais medicamentos regularmente. Os cirurgiões-dentistas devem tomar o cuidado especial de antecipar e reconhecer complicações relacionadas às ações farmacológicas dos medicamentos ou as complexas interações entre os medicamentos mais comumente utilizados na odontologia, com os demais medicamentos. Por exemplo, a hipotensão ortostática está comumente associada com muitos medicamentos utilizados no tratamento da pressão arterial elevada. Outros exemplos incluem as interações potencialmente significativas entre os inibidores do sistema monoamino oxidase e os opioides (p. ex., meperidina e fentanil) ou entre adrenalina e bloqueadores beta-adrenérgicos não cardioespecíficos. Diversos pacientes, tanto homens quanto mulheres, fazendo uso de inibidores da fosfodiesterase (p. ex., ViagraTM, CialisTM, LevitraTM), apresentam riscos significativamente aumentados para hipotensão no decorrer de um episódio de infarto agudo do miocárdio, durante o qual se requer a utilização de um vasodilatador coronariano, tal qual a nitroglicerina.29 Este texto visa, em parte, a aumentar a conscientização do cirurgião-dentista para os pacientes de alto risco, de modo que modificações apropriadas possam ser incorporadas ao tratamento odontológico planejado. Um segundo objetivo é aumentar o reconhecimento imediato e o tratamento efetivo de tais situações, as quais continuarão a ocorrer apesar dos protocolos de prevenção mais exigentes. QUADRO 1-3 Classificação conforme os sistemas DOENÇAS INFECCIOSAS Sistema imune Alergias Edema angioneurótico Dermatite de contato Anafilaxia PELE E ANEXOS OLHOS NARIZ, OUVIDO E GARGANTA TRATO RESPIRATÓRIO Asma Hiperventilação SISTEMA CARDIOVASCULAR Doença cardíaca arteriosclerótica Angina pectoris Infarto do miocárdio Insuficiência cardíaca SANGUE TRATO GASTRINTESTINAL E FÍGADO OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIA SISTEMA NERVOSO Perda da consciência Síncope vasodepressora Hipotensão ortostática Desordens convulsivas Epilepsia Reações de overdose aos medicamentos Acidente vascular encefálico Doenças endócrinas Diabetes melito Hiperglicemia Hipoglicemia Glândula tireoide Hipertireoidismo Hipotireoidismo Glândula adrenal Insuficiência adrenal aguda Goldberger30 escreveu: “Quando você se prepara para uma emergência, a emergência deixa de existir”. O objetivo final no tratamento de qualquer emergência é a preservação da vida. Este objetivo primário é a costura que une cada seção deste livro-texto. Classificação das Situações de Emergência com Potencial Risco de Morte Diversos métodos estão disponíveis para classificar as emergências médicas. A abordagem tradicional tem sido a classificação orientada pelos sistemas, a qual lista os principais sistemas do organismo e discute as situações de emergência com potencial risco de morte associado às mesmas (Quadro 1-3). TABELA 1-16 Classificação conforme o sistema cardíaco Não cardiovascular Cardiovascular Relacionada com o estresse Síncope vasodepressora Hiperventilação Convulsão Insuficiênciaadrenal aguda Crise tireotóxica Asma (broncoespasmo) Angina pectoris Infarto agudo do miocárdio Insuficiência cardíaca aguda (edema pulmonar) Isquemia cerebral e infarto Parada cardiorrespiratória repentina Não relacionada com o estresse Hipotensão ortostática (postural) Reação de overdose (tóxica) Hipoglicemia Hiperglicemia Alergia Infarto agudo do miocárdio Parada cardiorrespiratória repentina Embora uma classificação através dos sistemas seja considerada adequada para propósitos educacionais, do ponto de vista clínico, ela ainda é incompleta. Um segundo método de classificação divide as situações emergenciais em duas categorias amplas – emergências cardiovasculares e emergências não cardiovasculares, as quais podem ser divididas ainda mais em emergências relacionadas e não relacionadas ao estresse. Este sistema oferece uma divisão bastante abrangente das emergências com potencial risco de morte, muito útil aos cirurgiões-dentistas. A combinação dos sistemas fornece duas divisões para se trabalhar – cardiovascular vs. não cardiovascular e relacionadas com o estresse vs. não relacionadas com o estresse (Tabela 1-16). Esta classificação pode auxiliar o cirurgião-dentista no preparo de um protocolo de tratamento exequível para a prevenção de tais situações de emergência. O risco de desenvolvimento de uma emergência relacionada ao estresse pode ser reduzido através da incorporação, no tratamento odontológico, de diversas medidas redutoras de estresse. Tais ações incluem o uso de técnicas sedativas, controle efetivo da dor e limitações na duração das consultas odontológicas. O protocolo para redução do estresse é descrito no Capítulo 2. QUADRO 1-4 Emergências médicas comuns no consultório odontológico PERDA DE CONSCIÊNCIA Síncope vasodepressora Hipotensão ortostática Insuficiência adrenal aguda DIFICULDADE RESPIRATÓRIA Obstrução das vias aéreas Hiperventilação Asma (broncoespasmo) Insuficiência cardíaca e edema pulmonar agudo ALTERAÇÃO DE CONSCIÊNCIA Diabetes melito: hiperglicemia e hipoglicemia Disfunção da glândula tireoide (hipertireoidismo e hipotireoidismo) Acidente vascular encefálico CONVULSÕES EMERGÊNCIAS RELACIONADAS COM OS MEDICAMENTOS Reações de overdose aos medicamentos Alergia DOR TORÁCICA Angina pectoris Infarto agudo do miocárdio PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA REPENTINA Embora o sistema de emergência cardiovascular seja efetivo na prevenção de emergências médicas, os cirurgiões-dentistas necessitam de um método que os ajude a reconhecer e tratar mais facilmente tais situações. Desta maneira, devemos abandonar classificações baseadas nos órgãos dos sistemas. Na maioria das situações clínicas reais, os cirurgiões-dentistas frequentemente não possuem ciência das condições patológicas preexistentes dos pacientes. Os dentistas precisam reconhecer e iniciar o tratamento dessas situações de emergência potencialmente fatais, tendo apenas os sinais e sintomas clínicos mais óbvios como indicadores. Por este motivo, uma classificação das emergências médicas, com base nos sinais e sintomas clínicos, se mostra útil desde a primeira publicação deste livro em 1978. Em primeira instância, o cirurgião-dentista irá basear o tratamento inicial da maioria das emergências médicas nestas dicas clínicas até que um diagnóstico mais definitivo seja obtido. Sinas e sintomas vistos comumente incluem alterações do nível de consciência (inconsciência, problemas ou alterações no nível de consciência), dificuldade respiratória, convulsões, emergências medicamentosas e dor torácica. Em cada situação, um resultado bem sucedido dependerá da adesão do cirurgião-dentista ao protocolo de tratamento estabelecido. Uma vez que estas etapas tenham sido seguidas com sucesso, etapas adicionais (secundárias) podem direcionar o cirurgião-dentista para um diagnóstico mais definido, o qual pode por sua vez auxiliar na correção do problema. Este texto está ajustado para o uso de protocolos definidos e etapas de tratamento. Cada seção principal é dedicada a um sintoma comum complexo. Cada seção contém uma lista das manifestações mais comuns daquele sintoma complexo. Os procedimentos básicos são discutidos e seguidos com uma revisão detalhada das emergências mais comuns dentro da categoria. Cada seção termina com um diagnóstico diferencial (Quadro 1-4). Estas classificações são concebidas para colocar cada situação de emergência potencialmente fatal na categoria que representa de forma mais apropriada a manifestação clínica mais comum do problema em si. Diversas situações também poderiam ser incluídas numa classificação diferente daquela em que foram incluídas. Por exemplo, o infarto agudo do miocárdio e o acidente vascular encefálico são possíveis causas da perda de consciência, mas discussões mais amplas destas emergências são encontradas nas manifestações mais comumente estabelecidas em relação às mesmas – dor torácica para o infarto agudo do miocárdio e alteração do nível da consciência para o acidente vascular encefálico. Divisão das Emergências Médicas Específicas Na discussão de cada uma das situações de emergência, diversos fatores serão apresentados. Estão incluídos os seguintes tópicos com seus respectivos objetivos: 1. Considerações gerais: Uma seção introdutória apresenta a informação geral sobre a situação de emergência. Definições e sinônimos estão incluídos quando relevantes. 2. Fatores predisponentes: A discussão envolve a incidência e causa da desordem e aqueles fatores que podem predispor um paciente a experimentar uma situação potencialmente ameaçadora da vida. 3. Prevenção: Esta seção é construída sobre as seções anteriores para minimizar a ocorrência de uma exacerbação aguda da desordem. O questionário de história médica, os sinais vitais e o diálogo com o paciente (anamnese) são utilizados para determinar uma categoria de risco para cada paciente, baseado no sistema desenvolvido pela American Society of Anesthesiologists (ASA).31 Sugestões para modificações específicas no tratamento odontológico completam a discussão. 4. Manifestações clínicas: Esta seção envolve os sinais e sintomas clinicamente evidentes que antecipam o reconhecimento da desordem. 5. Fisiopatologia: A discussão se baseia no processo patológico subjacente aos sinais e sintomas clínicos. Um entendimento mais completo da causa do problema pode permitir que o cirurgião-dentista trate da situação com mais facilidade. 6. Tratamento: O tratamento passo a passo dos sinais e sintomas clínicos é o objetivo desta seção. 7. Diagnóstico diferencial: Cada seção é finalizada com um capítulo que auxilia o cirurgião-dentista a identificar a provável causa da emergência no paciente. REFERÊNCIAS 1. Asif IM, Rao AL, Drezner JA: Sudden cardiac death in young athletes: what is the role of screening? Curr Opin Cardiol 28:55–62, 2013. 2. Harmon KG, Asif IM, Klossner D, Drezner JA: Incidence of sudden cardiac death in National Collegiate Athletic Association athletes, Circulation 123:1594–1600, 2011. 3. Atherton GJ, McCaul JA, Williams SA: Medical emergencies in general dental practice in Great Britain. Part 1: their prevalence over a 10-year period, Br Dent J 186:72–79, 1999. 4. 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