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Análise de caso: O Brasil pode se desobrigar do tratado ratificado, internalizado e incorporado ao ordenamento jurídico brasileiro? Diante do caso apresentado, o Brasil poderá se desobrigar de um tratado ratificado, internalizado e posteriormente incorporado ao seu ordenamento jurídico se valendo do instituto da denúncia. Através deste mecanismo, o Brasil poderá se desobrigar de um tratado onde se achar prejudicado ou impossibilitado de cumpri-lo. A denúncia é um ato unilateral, onde o Estado através de uma declaração formal notifica por escrito os demais que deixará de fazer parte do acordo, integralmente ou parcialmente. Contudo, existem algumas diretrizes existentes que deverão ser respeitadas. Este ato poderá ser feito pelo chefe do executivo nacional, no caso, o Presidente da República através de um decreto presidencial. Como os tratados internacionais fazem parte da política externa do Estado, normalmente esse tema é tratado pelo Presidente da República. O instituto da denúncia tem previsão na Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (CVDT) de 23 de maio de 1969. É importante ressaltar os pontos importantes que segue em seu artigo 56 parágrafo 1º e 2º: (.....) Art. 56º. Denúncia, ou retirada, de um tratado que não contém disposições sobre extinção, denúncia ou retirada: I - Um tratado que não contém disposição relativa à sua extinção, e que não prevê denúncia ou retirada, não é suscetível de denúncia ou retirada, a não ser que: a) se estabeleça terem as partes tencionado admitir a possibilidade da denúncia ou retirada; ou b) um direito de denúncia ou retirada possa ser deduzido da natureza do tratado. 2 - Uma parte deverá notificar, com pelo menos doze meses de antecedência, a sua intenção de denunciar ou de se retirar de um tratado, nos termos do parágrafo 1. Cabe salientar que, mesmo um Estado realizando a denúncia, o prazo de doze meses deverá ser respeitado, ou seja, sua eficácia não é imediata, devendo nesse período de doze meses o Estado respeitar o tratado vigente, bem como estando suscetível às sanções cabíveis. No ordenamento jurídico brasileiro não existe nenhuma norma relativa ao instituto da denúncia, cabendo ao Congresso Nacional a devida adaptação das leis e normas vigentes que estão ligadas ao tratado internacional em questão, uma vez que o tratado já foi ratificado, internalizado e incorporado ao ordenamento jurídico, ou seja, a partir da efetivação da denúncia, decorrido o prazo de doze meses, os efeitos do referido tratado não poderão mais surtir resultados no Estado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Decreto 7.030 de 14 de dezembro de 2009. Promulga a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, concluída em 23 de maio de 1969, com reserva aos Artigos 25 e 66. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d7030.htm Acesso em 18 de junho de 2023. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d7030.htm
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