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FUNDAMENTOS DE DIDÁTICA Prezado aluno, Você sabe o que são as dificuldades de aprendizagem? Quais são os fatores que as desencadeiam? Você já passou por dificuldades para aprender algum conteúdo na época da escola? Nesta Unidade de Aprendizagem você aprenderá como identificar um aluno com dificuldade de aprendizagem e de que maneira a escola pode participar da inclusão desse aluno, colaborando na superação da dificuldade Bons estudos! AULA 2 A PEDAGOGIA E SUAS DIFICULDADES 2 DIFICULDADE NA APRENDIZAGEM Para entender o contexto sobre as problemáticas ou dificuldades no processo de aprendizagem, analisaremos alguns exemplos no contexto escolar: O primeiro, A professora da primeira série, tutora de Brian, descreve-o como "um fliperama humano", visto que ele nunca anda, só parte como um raio. Interrompendo tudo por onde passa, ele sai da cadeira vez ou outra para apontar lápis, pegar mais papel e olhar os porquinhos-da-índia da classe. Seus colegas sentem-se desconfortáveis com sua inquietação e interrupções, mas mesmo assim punições e/ou recompensas não surtiram efeito em seu comportamento. Em sua avaliação semestral, a professora de Brian escreveu: "Brian é inteligente e entusiasmado, porém necessita se acalmar. As suas notas estão caindo por não manter a atenção direcionada" (SMITH; TRICK, 2009). Aisha tem 11 anos e é bastante tímida e quieta. Apesar de dar seu melhor para acompanhar o ritmo de seus colegas, ela ainda está mais de um ano para trás no que se refere à matemática e à leitura, o que fez com que os professores passassem a possuir expectativas diminuídas com relação a ela. Contudo, os pais dizem que em casa ela é capaz de aprender rapidamente, e ficam intrigados quanto à lentidão de sua evolução escolar. Além disso, ficam preocupados ao notar que Aisha tem se tornado cada vez mais tímida, sendo que ela não possui amigos e passa grande parte do tempo livre diante da televisão (SMITH;TRICK, 2009). Frank foi alertado de que iria reprovado se não entregasse todas suas tarefas e parasse de faltar às aulas. Ele vem enfrentando outros desafios ao longo do ano, como brigas e vandalismo, além de comparecer à festa de final de ano completamente embriagado. Contudo, Frank afirma que não liga para o resultado, pois já tem planos para desistir dos estudos com 16 anos. Todos acreditam que ele é hostil e rebelde, exceto por seu professor de informática, que o vê como atento e inteligente; inclusive, chega a ajudar outros alunos quando não sabem o que fazer (SMITH;TRICK, 2009). Joel é muito popular entre os alunos devido à sua paixão por esportes desde a infância. Ele conquistou medalhas na escola durante os anos de ensino médio em luta livre, corridas de pista e beisebol. Além disso, Joel tem sido ativo no diretório estudantil e também vende anúncios para o livro anual da escola. Apesar de seu empenho, suas notas são muito baixas. Seus professores se queixam sobre seu descuido no fazer as lições de casa, que são muitas vezes incompletas ou sujas, e que sua caligrafia é ilegível. Por causa disso, a professora de história afirma que “se ele não estivesse investindo tanto nas atividades extracurriculares, talvez conseguisse prestar mais atenção ao seu trabalho” (SMITH;TRICK, 2009). Se Brian quer chegar à universidade, precisa desenvolver autocontrole e maturidade. Aisha precisa ser mais focada e dedicada aos estudos. Frank é necessário que enfrente e superar sua "atitude ruim" e problemas emocionais. Quantos à Joel, é necessário maior motivação e esforço acadêmico para alcançar seus objetivos. De toda forma, sem dúvida, as melhorias nos hábitos de estudo necessárias para que ele consiga entrar na faculdade são essenciais. No entanto, se você olhar mais de perto, poderá ver uma imagem completamente diferente: A dispersão mental de Brian e o seu impulso por estar sempre em movimenta desgastam tanto o menino quanto os seus familiares mais do que seu professor, pois isso está além de seu controle. Brian não possui a habilidade de planejar as atividades com antecedência, ou então de ignorar as distrações de forma a se concentrar, não importando a quantidade de esforço dedicado. Ele também não consegue resistir aos seus impulsos, tendo a necessidade de comentar e investigar tudo que for novo. Ao final do dia, ele está exausto de responder a todos os sons e sinais à sua volta, e ainda assim é difícil para ele dormir. A psicóloga descobriu que Aisha possui uma inteligência notável. Entretanto, para acompanhar o ritmo de seus colegas, ela precisa se esforçar mais pois tem dificuldades para entender símbolos escritos e lembrar-se de como as palavras são. Ainda por cima, se vê incapaz de memorizar mapas, gráficos ou outros materiais visuais e copiar do quadro é um serviço difícil para ela. Em consequência, ela ficou extremamente abatida, conforme notado pela psicóloga: "Ela vê a si mesma como um fracasso total". Frank tem evitado fazer aulas e lições de casa devido ao seu problema de entender qualquer instrução verbal ou grande parte do material que lê. Apesar de inteligente, as provas de aprendizado que não se relacionam linguagem não são bem-sucedidas para ele. A entrada na escola secundária apenas aumentou a dificuldade, pois essa não oferece muitas oportunidades que Frank precisa. Ele se sente como se não encaixasse, e deseja escapar das inúmeras situações de fracasso que enfrenta na escola, assim como das críticas. A habilidade de Joel no atletismo esconde sua precária coordenação motora fina. Controlando mal as mãos, ele tem enorme dificuldade para segurar uma caneta ou um lápis, ou mesmo para simples tarefas como lavar pratos e arrumar a mesa. Joel é um estudante que compreende o conteúdo das aulas, mas acha que é quase impossível expor o que aprende por escrito. Numerosos alunos apresentam dificuldades de aprendizagem, que podem ser definidas como problemas neurológicos que dificultam a capacidade cerebral de entender, recordar e/ou comunicar informações. Indivíduos são afetados, e diversas crianças não apresentam bom desempenho na escola devido a problemas não diagnosticados. Infelizmente, muitas vezes esses jovens são julgados como pouco inteligentes, desobedientes ou preguiçosos por adultos intranquilos, que procuram corrigi-los ou exigem mais esforços. Quando as práticas tradicionais de recompensar e punir não funcionam, pais e professores ficam frustrados, mas ninguém fica tão frustrado quanto os próprios alunos. "As palavras mais tristes da língua são 'Estudar mais'", diz um estudante que, no ensino médio, finalmente teve suas dificuldades reconhecidas. "Eu estava me dedicando, mas ninguém acreditava em mim porque eu não estava obtendo resultados” Atualmente, as dificuldades de aprendizagem são temas de pesquisas frequentes, mas ainda são desconhecidas pelo grande público. As informações sobre esse assunto ainda não são amplamente divulgadas, o que resulta em equívocos, inclusive entre professores e outros profissionais da educação. É lógico entender o descontrole sobre esse tema, uma vez que elas englobam uma grande variedade de problemas que afetam qualquer área acadêmica. Além disso, essas dificuldades não são causadas por um único fator, podendo ser resultado de distintos fatores como, por exemplo, mudança nos padrões de funcionamento do cérebro, fatores psicológicos, ou mesmo partes do contexto como família e escola. É normalmente difícil identificar as dificuldades de aprendizagem nas crianças, já que elas frequentemente não apresentam sinais de problemas. Muitas vezes essas crianças possuem inteligência na média ou acima da média e excepcionalmente se destacam em algumas áreas. No entanto, elas podem aparentemente aprender sobredinossauros aos 4 anos, e ainda não terem o domínio do alfabeto. Estudantes, inclusive aqueles com capacidade avançada de leitura, podem entregar trabalhos escritos que não expressam o seu conhecimento. Quando crianças lidam com o mesmo parágrafo e leem em voz alta mas não guardam o que entenderam, é compreensível que elas sejam acusadas com frequência de serem desatentas, não cooperativas ou desinteressadas (FELIPE, 2015). As crianças com dificuldade de aprendizagem apresentam desempenhos inconsistentes, pois suas habilidades e resultados podem variar significativamente, sendo que muitas vezes seus cérebros "congelam" nas tarefas mais complexas. A maioria dos déficits neurológicos manifestam-se na diminuição da percepção visual, na capacidade de processar linguagem, na habilidade de executar implicações motoras finas e na possibilidade de concentrar a atenção. Pequenos problemas nestas áreas podem ter grandes efeitos de forma progressiva gerando dificuldades acadêmicas mesmo quando não são detectadas no ambiente doméstico (TAVARES, 2022). Observou-se que 25% das crianças que têm distúrbios de aprendizagem também demonstram comportamentos que contribuem para suas dificuldades escolares. Um dos mais comuns destes comportamentos é a hiperatividade, que é caracterizada por níveis extremos de inquietação (FLORES et al., 2022). Alguns destes distúrbios são: Dificuldade de atenção: A criança pode se mostrar deficitária ao apresentar dificuldade em manter a atenção por longos períodos de tempo. Isso costuma se manifestar na tendência de se desviar de tarefas apresentadas, ser facilmente distraída por estímulos e também esquecer intenções ao iniciar alguma atividade. Seu fraco alcance da atenção reflete de maneira direta na capacidade de concluir projetos iniciados e dedicar-se às tarefas solicitadas (GOLEMAN, 2013). Seguir instruções: é algo com o qual as crianças podem lidar. Por exemplo, a criança pode sentir necessidade de pedir ajuda, mesmo com tarefas simples (“Onde eu coloco isso?” “Como eu faço isso?”). Os erros ocorrem devido à falta de compreensão total das instruções (PEREIRA et al. 2013). Imaturidade social: Imaturidade social é um termo usado para descrever a dificuldade de agir e pensar de acordo com a idade cronológica. Esta manifestação pode acontecer com crianças de várias faixas etárias e é relacionada ao fato de a criança ter preferência por atividades, brincadeiras e temperamento de uma faixa etária mais jovem. Foi demonstrado em estudos que este comportamento seria resultado de questões relacionadas à abordagem de problemas com o emprego de estratégias ineficazes para o contexto de vida da criança (LORDELO et al. 2009). Conversação: Muitas crianças apresentam dificuldades na comunicação, que podem se manifestar de várias formas. Uma forma particularmente comum é a dificuldade em encontrar palavras certas: a criança olha para seu interlocutor, como se procurasse as palavras ou frases certas. Outra forma comum, por outro lado, é a fala incessante, quando as crianças passam longos períodos de tempo falando sobre um assunto, não acompanhando os outros na conversação. Assim, é importante notar que estas dificuldades podem variar, dependendo do contexto, e devem ser devidamente avaliadas com a ajuda de um profissional (FEITOSA, 2013). Inflexibilidade: é caracterizada como um comportamento inflexível onde a criança persiste em manter uma determinada maneira de agir mesmo quando existem evidências de que esta não resultaria em sucesso. Esse padrão de comportamento é comumente visto entre crianças, muitas vezes associado à necessidade de constância e controle. Frente a isso, as crianças podem rejeitar o aconselhamento dos adultos e recusar qualquer oferta de ajuda (SANTOS et al. 2010). Planejamento e organização: são característicos de crianças que chegam despreparadas ou atrasadas com certa frequência. Estas crianças geralmente têm dificuldades para identificar quais são as partes da tarefa e como dividi-las em segmentos manejáveis quando se trata de tarefas mais complexas, com frequentes problemas para concluir as tarefas e gerenciar o tempo adequadamente, o suporte é necessário para que essas crianças aprendam a lidar com o seu comportamento organizacional tanto na escola quanto na vida diária. (WAGNER et al. 2020). Distração: é uma característica comum e normal nos seres humanos, particularmente em indivíduos jovens e crianças. Por exemplo, as crianças tendem a se distrair regularmente, muitas vezes perdendo a lição, esquecendo suas tarefas domésticas, objetos pessoais e compromissos ou ocasiões sociais (DA VEIGA et al., 2021). A distração tende a ocorrer devido a fatores externos, como o uso excessivo de mídias sociais, uso inadequado de celulares, uso excessivo de jogos eletrônicos ou mesmo falta de atenção dos adultos em relação às crianças (TEIXEIRA et al., 2013). Falta de destreza: pode ser observada em crianças que apresentam grandes dificuldades em conseguir coordenar seus movimentos, deixando cair objetos com frequência e apresentando uma caligrafia ruim. Contudo, elas costumam ser avaliadas como ''completamente inaptas'' nos esportes e jogos. Isso pode ser resultado de uma condição subjacente ou falta de prática suficiente (BELTRAME et al. 2007). Controle dos impulsos: A falta de controle dos impulsos é uma característica comum na infância, sendo responsável pelo comportamento impulsivo e autocontrole deficiente de crianças (BARTHOLOMEU et al. 2006). Por exemplo, a criança tende a tocar tudo (ou todos) que chamam a sua atenção, além de expressar suas ideias verbalmente sem refletir antes, interromper ou mudar de assunto abruptamente em conversas e ter dificuldades para esperar a sua vez de falar. Problemas de aprendizagem podem causar comportamentos que podem ser interpretados erroneamente como sintomas de personalidade inadequada (LOPES, 2002). Exemplos de problemas de aprendizagem incluem dificuldades para prestar atenção em sala de aula, baixa organização e distrações, o que não são necessariamente defeitos individuais da criança. Na verdade, esses comportamentos estão relacionados a condições neurológicas que desencadeiam esses tipos de problemas. Como resultado, quando as crianças são compreendidas dentro desse contexto, isso ajuda a tranquilizar os pais e professores sobre a natureza da dificuldade da criança. Algumas pessoas reclamam do caráter enganoso dos diagnósticos de problemas de aprendizagem (MAZER et al. 2017). Porém, uma percentagem significativa de jovens revela como o reconhecimento de suas dificuldades trouxe conforto e esse conhecimento lhes dá a possibilidade de trabalhar através dos problemas, conta uma adolescente que ficou muito entusiasmada quando descobriu que tinha uma dificuldade de aprendizagem. Até então, eu me sentia como se fosse uma pessoa imbecil e desatenta, diz a aluna (MAZER et al., 2017). Aproximadamente metade das crianças com dificuldades de aprendizagem sentem-se felizes e bem adaptadas. Outras, no entanto, enfrentam problemas emocionais ao tentarem aprender coisas que lhes são complexas. Tais esforços geralmente resultam em frustração e, assim, passam a desenvolver mecanismos de defesa e ser incapazes de se ajudar. Estes sentimentos são frequentemente associados por raiva, ansiedade, solidão e depressão, além de estarem associados à baixa autoestima. Estudos também indicam que aqueles com Dificuldades de Aprendizagem podem ter tendência infelizmente para o desinteresse escolar, abuso de substâncias e atividades delitivas, como também, em último caso, o suicídio (LOPES, 2002). Muitos alunos apresentam dificuldades de aprendizagem. Embora não alcancem o mesmo nível de tristeza de Cassandra, sentem frustração e insegurança. Os pais desses alunos lidam com o desafio de ver seus filhos se destacarem em inteligência,mas ainda assim enfrentarem dificuldades na escola. Esses alunos são normalmente criativos e ávidos por aprender, mas a inquietude e a incapacidade de manter a atenção dificultam o aprendizado. Assim, procuram completar tarefas e lições, mas tendem a esquecer os princípios e os objetivos durante o processo. Nesse contexto, fica claro que existe ainda dificuldade em se estabelecer amizades (FUNAYAMA, 2000). Turbulências emocionais podem produzir tumultos na família inteira. Devido à incapacidade de corresponderem às expectativas dos pais e cumprir suas próprias metas pessoais, muitas vezes, essas crianças se sentem infelizes. Muitas vezes, eles acreditam que são responsáveis por esses fracassos se tornando reprimidas e autoderrotistas. Conforme lembrou uma mãe, "É desolador ver seu filho desacreditar de si mesmo, dos seus sonhos. Nada parece pior do que a perda da autoconfiança" (SANTOS et al. 2006). Os estudos demonstram que os pais não são impotentes e podem contribuir para o sucesso dos seus filhos. Os cuidados parentais de qualidade estimulam o desenvolvimento da criança, a felicidade e a independência no futuro, superando qualquer excesso de programas escolares ou desequilíbrio. Estimular nas crianças o amor-próprio, a fazer o máximo com as capacidades e a encorajá-las a acreditar em si mesmas são algumas das práticas parentais mais eficazes (DOS SANTOS et al. 2021). Como responsáveis, é importante que os pais de crianças com dificuldades de aprendizagem que trabalhem em conjunto com os professores e os líderes escolares para criar um plano educacional que se adeque às necessidades específicas da criança. Embora essa tarefa possa ser assustadora, os pais precisam assumir o papel de defensores da educação das suas crianças, garantindo assim que elas tenham acesso às melhores oportunidades. Infelizmente, o ensino de licenciatura nos Estados Unidos não se concentra em adaptar a aprendizagem para crianças com dificuldades. Portanto, métodos educacionais destinados a crianças típicas não resolvem o problema para aquelas que enfrentam dificuldades no aprendizado (CERQUEIRA; FEREIRA, 2000). Pais cujos filhos possuem dificuldades de aprendizagem, mas que são capazes de obter sucesso escolar apontam que o monitoramento e proteção dos direitos de seus filhos é essência para garantir o ensino adequado e a aprendizagem. Eles acreditam que deve haver uma educação dos educadores para que eles possam entender como as crianças são afetadas por seus problemas de aprendizagem. Para que essas crianças consigam aprender eficazmente, os pais e professores devem trabalhar juntos e reunir suas respectivas experiências (KULLOK, 2000). Nosso intuito é brindar informações e ânimo aos pais para que se tornem protetores efetivos do seu filho. Estudaremos as razões e variedades de desordens de aprendizagem e analisaremos seus efeitos na vida educacional e desenvolvimento intelectual e social. Nós os guiaremos no processo de identificação desse transtorno educacional e discorreremos como lidar com profissionais para montar um conjunto de regras personalizado para atender a necessidade de seu filho (SMITH; STRICK, 2009). Vamos discutir sobre diversos meios de abordar as questões reincidentes que podem tornar a vida familiar complicada. É importante ter em mente que os progenitores conhecem melhor o seu filho. O profissional é contratado para resolver os erros e as desvantagens do(a) estudante; todavia, são os pais que estão capacitados para avaliar corretamente as virtudes e forças do jovem. É tarefa dos familiares recordar constantemente ao filho/a que eles são especiais e têm capacidade na maioria das vezes. As crianças que recebem devido carinho e amor não se encontram abaladas com os problemas que inevitavelmente surgem (GUSMÃO, 2023). 2.1 Causas Os pais frequentemente se perguntam como e porque a dificuldade de aprendizagem de seus filhos foi identificada e se isso pode ser superado. Encontrar respostas para tais perguntas pode ser complicado, principalmente quando se considera que as abordagens terapêuticas, diagnósticas e educacionais são muito variáveis na população estudantil norte-americana (MAZZOTTA e D'ANTINO, 2011). Investigações recentes que lidam com as dificuldades de aprendizagem têm sido alvo de debates intensos e estudos profundos. Para a compreensão mais clara desse assunto, alguns cientistas optaram por usar técnicas de imagem aprimoradas, visando avaliar cérebros vivos durante suas atividades, e também estabelecer comparações entre aqueles que não têm problemas e aqueles que as possuem, enquanto interpretam textos, ouvem ou se expressam. Com o intuito de aprofundar ainda mais a pesquisa, médicos realizaram autópsias de cérebros de indivíduos falecidos que possuíam dificuldades de aprendizagem e buscaram identificar qualquer diferença anormal na anatomia, bem como verificar se há associações genéticas relacionadas às condições herdadas (COSTA, 2011). A pesquisa realizada nos últimos anos na área da ciência forneceu resultados significativos em relação às estruturas e ao complexo funcionamento do cérebro humano. Porém, a aplicação dessa informação na vida de um indivíduo não é tão simples. Ademais, os avanços não contêm toda a narrativa, pois vários fatores internos e externos influenciam a dificuldade de aprendizado. Apesar disso, pesquisas apontam que o meio ambiente tem um papel de destaque na sintomatologia identificada nas desordens. Além disso, os recursos medicamentosos são importantes para soluções personalizadas. Por fim, evidências mostram que os pequenos ajustes no ambiente ao redor de um determinado indivíduo acrescentam grandes mudanças no seu processo formativo (SIMÕES; NOGARO, 2015). Quatro fatores biológicos podem contribuir para dificuldades de aprendizagem: lesão cerebral, erros no desenvolvimento cerebral, desequilíbrios neuroquímicos e hereditariedade. Devido às limitações nos testes neurológicos para dificuldades de aprendizagem, a atribuição de causas depende de julgamento clínico. Ao examinarem a família de uma criança, a situação na escola e levantar um histórico detalhado, podem surgir pistas para identificar um dos fatores biológicos. No entanto, algumas vezes a única explicação para dificuldades de aprendizagem é "inexatidão". Como a pesquisa nesta área de rápido crescimento continua avançando, existem esperanças de que possa surgir um meio de avaliar e identificar a origem destas dificuldades (KAUARK; SILVA, 2008). 2.2.1 Lesão cerebral Há muito tempo, acreditava-se que as dificuldades escolares estavam associadas a um dano cerebral presente nos alunos. No entanto, pesquisas mais recentes indicam que, na maioria dos casos, as deficiências de aprendizagem não estão relacionadas a lesões cranianas. Na verdade, um estudo mostrou que as lesões traumáticas no crânio são quase tão comuns em crianças com desempenho escolar típico quanto nos alunos que não estão atingindo índices de média. De acordo com estimativas de um investigador, até 20% das crianças sofrem algum dano cerebral até os seis anos, ainda que a maioria não desenvolva problemas de aprendizagem (PAULA, 2006). Pesquisas recentes apontaram para um possível vínculo entre complicações no pré-parto e dificuldades de aprendizagem na infância. No entanto, o estudo realizado pela Da Silva et al. (2018), sustenta que houve um número relativamente parecido de crianças com desempenho escolar abaixo ou acima da média que apresentaram histórico de complicações no pré-parto. Sendo assim, não parece existir qualquer conexão significativa entre complicações pré-parto e dificuldades de aprendizagem. Estes dados revelam uma relação aproximada entre as duas condições, pouco convincente. Traumas cerebrais ou outras lesões que resultam em dano cerebral podem ser desencadeadores das dificuldades na aprendizagemdas crianças. Entre os tipos de lesões estão traumas cranianos, hemorragias cerebrais, tumores, febres altas, encefalite, meningite, desnutrição, exposição a substâncias tóxicas, tratamentos com radiação e quimioterapia para câncer, privação de oxigênio, sufocação, afogamento, inalação de fumaça, envenenamentos por monóxido de carbono e complicações relacionadas ao parto (FREITAS, 2017). Apesar da gravidez poder ser um período de saúde para a mãe, alguns estudos científicos evidenciam que doenças como diabetes, doença renal e sarampo podem causar danos cerebrais ao feto. Além disso, as substâncias tóxicas, como álcool, nicotina, drogas e drogas ilícitas quando ingeridas durante a gravidez, podem ter consequências significativas como atraso no desenvolvimento, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade e problemas de memória (BOSSA, 2009). O sistema nervoso de um feto durante o seu desenvolvimento tem um alto nível de fragilidade. Pequenos e sutis danos podem ter efeitos diferentes e duradouros. Em relação aos bebês prematuros, seu sistema nervoso é muito vulnerável a lesões. Uma pesquisa conduzida por Tolsa et al. (2004) descobriu que essas crianças têm uma incidência significativamente maior de problemas escolares e comportamentais. Isso nos ajuda a obter um contexto geral das dificuldades presentes na educação e na pedagogia, no processo de aprendizagem. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARTHOLOMEU, D; SISTO, F.F; MARIN RUEDA, F.J. Dificuldades de aprendizagem na escrita e características emocionais de crianças. Psicologia em estudo, v. 11, p. 139-146, 2006. BELTRAME, T.S; SILVA, J; STAVISKI, G. Desenvolvimento psicomotor e desempenho acadêmico de escolares com idade entre 10 e 12 anos com indicativo de transtorno de falta de atenção/hiperatividade. Cinergis, v. 8, n. 1, p. 33-9, 2007. BOSSA, N.A. Dificuldades de aprendizagem: O que são? Como tratá-las?. Artmed Editora, 2009. CERQUEIRA, J.B; FERREIRA, E.M.B. Recursos didáticos na educação especial. Benjamin Constant, n. 15, 2000. COSTA, S.F.P. Dificuldades de Aprendizagem. Revista Profissão Docente, v. 11, n. 23, p. 155-158, 2011. DA SILVA, B.B et al. Trabalho de parto prematuro e morbidades durante a gestação: associação de fatores. Revista Baiana de Saúde Pública, v. 42, 2018. DA VEIGA, D.V; FERREIRA, M.A.D; DE SOUZA, S.S. O que se sabe sobre a relação entre internet, redes sociais e crianças?. Revista Interdisciplinar Científica Aplicada, v. 15, n. 4, p. 69-87, 2021. DOS SANTOS, A.J; MARTINS, I.C. Parentalidade e desenvolvimento socioemocional: uma revisão. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 7, n. 8, p. 453-465, 2021. FEITOSA, F.B. Habilidades sociais e sofrimento psicológico. Arquivos brasileiros de psicologia, v. 65, n. 1, p. 38-50, 2013. FELIPE, S.M. Dificuldade de aprendizagem. Maiêutica-Pedagogia, v. 1, n. 1, 2015. FLORES, J.C et al. O processo ensino-aprendizagem da criança com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade no contexto familiar. 2022. FREITAS, M.M.C et al. Aspectos emocionais e cognitivos na dificuldade de aprendizagem. Revista Primus Vitam,(9), p. 1-10, 2017. FUNAYAMA, C.A.R. Problemas de aprendizagem: enfoque multidisciplinar. Editora Alínea, 2000. GOLEMAN, D. Foco: a atenção e seu papel fundamental para o sucesso. Objetiva, 2013. GUSMÃO, N. Diversidade, cultura e educação: olhares cruzados. Digitaliza Conteudo, 2023. KAUARK, F.S; SILVA, V.A.S. Dificuldades de aprendizagem nas séries iniciais do ensino fundamental e ações psico & pedagógicas. Revista psicopedagogia, v. 25, n. 78, p. 264-270, 2008. KULLOK, M.G.B. As exigências da formação do professor na atualidade. UFAL, 2000. LOPES, J.A. Problemas de comportamento, problemas de aprendizagem e problemas de "ensinagem". Quarteto Editorial, 2002. LORDELO, E.R; BICHARA, I.D. Revisitando as funções da imaturidade: uma reflexão sobre a relevância do conceito na Educação Infantil. Psicologia USP, v. 20, p. 337- 354, 2009. MAZER, A.K.; MACEDO, B.B.D.; JURUENA, M.F. Transtornos da personalidade. Medicina, v. 50, n. 1, p. 85-97, 2017. MAZZOTTA, M.J.S; D'ANTINO, M.E.F. Inclusão social de pessoas com deficiências e necessidades especiais: cultura, educação e lazer. Saúde e sociedade, v. 20, p. 377- 389, 2011. PAULA, G.R et al. Neuropsicologia da aprendizagem. 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