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1 DIFERENTES ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL E CLÍNICA 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Sumário NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 2 Fundamentos da psicopedagogia – clínica e institucional ................................... 5 Como e onde surgiu ................................................................................................................ 5 [ SÉCULO XIX ] ...................................................................................................................... 6 [ SÉCULO XX ] ....................................................................................................................... 6 [ SURGIMENTO DO TERMO ] ............................................................................................... 6 [ OBJETIVOS E FUNDAMENTOS PRIMÁRIOS ] ..................................................................... 7 Desenvolvimento da psicopedagogia na Argentina .............................................. 8 [ PRIMEIRO CURSO UNIVERSITÁRIO ] em Psicopedagogia ..................................................... 8 [ EXPANSÃO NOS CAMPOS DE ATUAÇÃO ] ............................................................................. 9 Fundamentação psicológica ................................................................................................. 11 Interdisciplinaridade na psicopedagogia .............................................................................. 11 Multidisciplinaridade psicopedagógica ................................................................................ 12 Proposta psicopedagógica .................................................................................................... 12 OBJETO DE ESTUDO ........................................................................................................... 12 Atividades psicopedagógicas ................................................................................................ 13 Campos norteadores da ação psicopedagógica .................................................. 13 Exemplos de modelos de abordagem................................................................................... 14 Fundamentos filosóficos da psicopedagogia ........................................................................ 16 [Filosofando a psicopedagogia como fator de inclusão social] ............................................ 17 Essa proposta consagrou-se como princípio da filosofia de inclusão. ................................. 20 4 Relação com o cliente/aluno ................................................................................................ 21 Fundamentos da psicopedagogia institucional ................................................... 23 Intervenção preventiva ......................................................................................................... 24 A atuação psicopedagógica institucional .............................................................................. 25 FILOSOFIA DA INCLUSÃO no âmbito da psicopedagogia. ..................................................... 29 Formação em psicopedagogia ............................................................................... 30 Código de ética ..................................................................................................................... 31 Referências: ............................................................................................................. 37 5 Fundamentos da psicopedagogia – clínica e institucional o que é psicopedagogia? “A psicopedagogia é um campo de atuação em Saúde e Educação que lida com o processo de aprendizagem humana; seus padrões normais e patológicos, considerando a influência do meio _ família, escola e sociedade _ no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da psicopedagogia”. (Código de Ética da Associação Brasileira de Psicopedagogia) Se consultarmos um dicionário clássico de termos técnicos encontraremos: “Psicopedagogia: Termo cujo aparecimento no início do século XX não pôde causar admiração, de tal modo parecia evidente, na época, a privilegiada relação da pedagogia com a psicologia, que era considerada renovadora do conhecimento do sujeito da educação: a criança. No final do século, esse privilégio é contestado. As realidades da educação dependem igualmente, e até mais, de uma sociopedagogia, cuja ausência no inventário das ciências demonstraria a força de ideologia psicologista. A psicopedagogia é uma das possíveis abordagens da situação educacional, a que leva em consideração seus componentes psicológicos: característicos dos indivíduos e dos grupos, relações professores-alunos, articulação dos conteúdos e dos métodos com os processos individualizados de aprendizagem, etc. (Homeline, in Doron e Parot, 1998; p. 634)”. Como e onde surgiu Quanto à possibilidade do resgate dos primórdios históricos dos fundamentos da Psicopedagogia, é consenso a admissão da França como país pioneiro, porém podemos deparar com duas datas distintas quanto aos seus primórdios factuais; apesar de ambas apontarem à França como o país genitor, há duas datas 6 divergentes com base no julgamento dos fatos: uma que nos remete ao século XIX e a outra que data do século XX. [ SÉCULO XIX ] A idéia da gênese psicopedagógica do século XIX, é fundamentada no fato de que no final desse século educadores pioneiros como Itart, Pereire, Pestalozzi e Leguin começaram a se dedicar às crianças que apresentavam problemas de aprendizagem devido a múltiplos fatores - período próximo a 1898, - quando Clarapéde e Neville, introduziu na escola pública as "classes especiais", destinadas à educação de crianças com retardo mental. Esta foi a primeira iniciativa registrada de médicos e educadores no campo da reeducação. Outro fato importante quanto a data do século XIX, é que ainda antes do seu termino, surgiu Seguin e Esquirol, dando ênfase à neuropsiquiatria infantil que passou a se ocupar dos problemas neurológicos que afetam a aprendizagem. Nessa época a psiquiatra italiana Maria Montessori criou um método de aprendizagem destinado inicialmente às crianças com algum retardo, tendo como sua principal preocupação a educação da vontade e a alfabetização, via estimulação dos órgãos dos sentidos – (método sensorial). [ SÉCULO XX ] Entre 1904 e 1908 (século XX) iniciam-se as primeiras consultas médico-pedagógicas, cujo objetivo era encaminhar crianças para as classesespeciais. Mery (1985) apontaesses educadores como pioneiros no tratamento dos problemas de aprendizagem, observando, porém, que eles se preparavam mais pelas deficiências sensoriais e pela debilidade mental do que propriamente pela desadaptação infantil. Segundo Andrade (2004), a gênese da psicopedagogia teria acontecido na década de 1920 (século XX), momento em que se instituiu o primeiro Centro de Psicopedagogia do mundo. Ligado ao pensamento psicanalítico de Lacan, tal centro, de acordo com a autora, fundamentou aquilo que posteriormente foi nomeado de Psicopedagogia Clínica. Bossa (1994) e Masini (1993), por outro lado, apontam que a Psicopedagogia teria nascido no ano de 1946, período em que se deu a criação dos primeiros Centros Psicopegagógicos na Europa, em Paris, por Juliet Favez-Boutonier e George Mauco. [ SURGIMENTO DO TERMO ] Psicopedagógico Conforme Masini et al. (1993), Mauco teria explicado que o termo “psicopedagógico” foi utilizado na nomenclatura desses centros em substituição à expressão “médico-pedagógico”, já que os pais 7 aceitavam mais facilmente encaminhar suas crianças para consultas psicopedagógicas, do que médicas. [ OBJETIVOS E FUNDAMENTOS PRIMÁRIOS ] A Psicopedagogia iniciada nesses centros tinha entre os seus objetivos centrais auxiliar as crianças e os adolescentes que apresentavam dificuldades de comportamento (na escola ou na família), segundo os padrões da época, no intuito de reeducá-las para o seu ambiente por meio de um acompanhamento psicopedagógico (BOSSA, 1994). A prática da reeducação consistia em identificar e tratar dificuldades de aprendizagem, a partir de ações de medição, de classificação de desvios e de elaboração de planos de trabalho. A base do conhecimento utilizado provinha fundamentalmente da Psicologia, da Psicanálise e da Pedagogia e o tipo de enfoque predominante era o médico-pedagógico. Apesar das equipes desses centros serem formadas por profissionais de várias áreas (psicólogos, psicanalistas, pedagogos, reeducadores de psicomotricidade, de escrita etc.), era o médico o responsável pela realização do diagnóstico do sujeito (MASINI et. al, 1993). Por intermédio da investigação da vida familiar, das relações conjugais, das condições de vida, dos métodos educativos, dos resultados dos testes de QI da pessoa, ele dava a orientação sobre o tipo de tratamento cabível, visando corrigir a falta de adaptação detectada no sujeito. [ Ampliam-se os objetivos ] diagnóstico Em 1948, para além da consideração dos casos de problema de comportamento, o estudioso Maurice Debesse inseriu, ainda, como preocupação psicopedagógica, a ocorrência de crianças e adolescentes que, embora fossem considerados inteligentes, apresentavam problemas de aprendizagem. Nesses casos, o tipo de atuação privilegiada também era de cunho médico-pedagógico e o objetivo da ação era diferenciar esses sujeitos daqueles que possuíam deficiências físicas, mentais e ou sensoriais, (diagnóstico limitado) bem como lhes possibilitar ações reeducadoras que contribuíssem para o desaparecimento de seus sintomas. Segundo Drouet (1995), esse tipo de atuação recebeu o nome de “Psicopedagogia Curativa” ou “Pedagogia Curativa” e designava, além de uma ação de reeducação especializada, exercícios de readaptação. Embora, desde a década de 60,vários pesquisadores não concordassem com essa conceituação diagnóstica, tal enfoque 8 perdurou na história da Psicopedagogia por muito tempo, vindo a influenciar os cursos de formação que se seguiram na área, bem como o desenvolvimento do campo psicopedagógico na Argentina. Desenvolvimento da psicopedagogia na Argentina Na Argentina, as primeiras influências psicopedagógicas surgem no final dos anos 50, segundo Fernández (1990, p. 130), “[...] em função dos altos índices de insucessos escolares provocados especialmente pela inadequação didático- metodológica, pela expansão demográfica do pós-guerra, pela evasão e repetência escolar”. Diante desses fatos passa-se a investir em estudos com objetivos de desenvolver a memória, a percepção, a atenção, a motricidade e o pensamento. Estes fatores, dentre outros, impulsionaram a necessidade da formação de profissionais qualificados nesse país. A Psicopedagogia Argentina é bem marcada por autores franceses como Jacques Lacan, Maud Mannoni, Fraçoise Dolto, Júlian de Ajuriaguerra, Janine Mery, Michel Lobrot, Pierre Vayer, Maurice Debesse, René Diatkine, George Mauco, Pichón-Riviére etc. [ PRIMEIRO CURSO UNIVERSITÁRIO ] em Psicopedagogia Embora a França tenha sido o berço da psicopedagogia, foi na Argentina em Buenos Aires que foi instituído a primeira faculdade de psicopedagogia, no ano de 1956. Ocorre também nesse país, a criação dos primeiros Centros de Saúde Mental por volta dos anos 70. Eles se localizavam em Buenos Aires e possuíam equipes de psicopedagogos que atuavam no diagnóstico e no tratamento dos casos, com ênfase em trabalhos de reeducação de psicomotricidade e escrita, desenvolvendo assim a atuação clínica. Alguns anos depois, percebe-se a importância de também permitir que o aluno se expressasse e falasse de suas angustias, desejos, medos, dores e necessidades sem que apresentasse receio de ser julgado ou criticado. 9 O que causa uma mudança na atuação do psicopedagogo, que passa a ouvir não só o aluno, mas compreender o seu convívio social e familiar. A observação e validade desses fatos trouxeram esclarecimentos à compreensão da plurica usalidade que envolve esse fenômeno chamado - educação. Já na segunda metade do século XX surgem os primeiros centros de reeducação para delinqüentes infantis e juvenis. Nos Estados Unidos cresce o número de escolas particulares e de ensino individualizado para crianças de aprendizagem lenta. [ Surge a escuta psicopedagógica ] Maria Regina Peres (2008) citando Fernández (1990) expõe que através dos fatores citados nas paginas anteriores é que surge a chamada “escuta psicopedagógica”, que tem sua origem no “olhar” e na “escuta clínica” da Psicanálise. O que contribuiu para a reorganização da psicopedagogia na Argentina ampliando seus trabalhos tradicionais restritos na área da saúde para os também desafiantes trabalhos na área da educação. Nesta nova modalidade de ação o psicopedagogo passa a atuar sob a ótica de identificar possíveis dificuldades de aprendizagem e diagnosticar os possíveis problemas dela decorrentes. Para tal, o psicopedagogo argentino pode recorrer a um variado número de testes, como, dentre outros citamos: teste de inteligência, os projetivos, os psicomotores, que na Argentina são liberados tanto ao uso dopsicólogo como do psicopedagogo. [ EXPANSÃO NOS CAMPOS DE ATUAÇÃO ] Segundo Muller et, al. (2000) a psicopedagogia argentina segue a tendência européia que, dentre outras questões, valoriza o dialogo interdisciplinar entre as várias áreas do conhecimento, sendo influenciada diretamente pelos conhecimentos da psicologia social. Com isso, se considera a importância das relações interpessoais, sócio/culturais, políticas, econômicas e outras no processo educacional. Também se passa a enfatizar a idéia de que o processo educacional não pode se restringir apenas à aprendizagem de conhecimentos escolares, mas sim na busca de construção de sentidos para a vida. Diante desta perspectiva, 10 novos campos de atuação ganham espaço na atividade do psicopedagogo, dentre elas atividades psicopedagógicas: com grupos de terceira idade; com vitimas da violência; com grupos considerados socialmente excluídos; com jovens adictos (dependente químico); atendimento clínico particular e em hospitais; em organizações com problemas de recursos humanos em questões de adaptabilidade social, convivência, bloqueios de desempenho, liderança, seleção de pessoas etc. A psicopedagogia no BrasilO contexto que originou o surgimento da psicopedagogia no Brasil foi semelhante aos de outros países, ou seja, as situações de insucessos escolares. No Brasil perdurou durante algum tempo a crença de que os problemas de aprendizagem tinham como causa fatores orgânicos. Podemos verificar essa concepção organicista de "problema de aprendizagem" em vários trabalhos que tratam da questão como "distúrbio", onde em geral a sua causa é atribuída a umadisfunção do sistema nervoso central. Em 1970, por exemplo, foi amplamente divulgado o trabalho dos brasileiros Antonio Lefèvre (médico) e sua esposa Beatriz Lefèvre (pedagoga). Eles trabalharam com crianças agitadas, que apesar do bom potencial de inteligência, rendiam de modo inadequado nas atividades escolares. Essas crianças que hoje são denominadas com Déficits de Atenção (com e sem hiperatividade) eram consideradas portadoras de Disfunção Cerebral Mínima (D.C.M.). Devido à proximidade geográfica e ao acesso fácil à literatura (inclusive pela facilidade dos brasileiros compreenderem o espanhol), as idéias dos argentinos muito influenciaram e têm influenciado nossas práticas. O movimento da Psicopedagogia no Brasil remete-nos portanto à Argentina e por conseqüência às influências da França. A psicopedagogia, tal qual proposta por este movimento é ainda ensinada no Brasil por muitos argentinos, além disso, autores argentinos escreveram os primeiros artigos, resultando dos primeiros esforços no sentido de sistematizar um corpo teórico próprio da psicopedagogia. Vale citar: Sara Paín, Jorge Visca, Alicia Fernández etc. 11 O famoso psicopedagogo argentino Jorge Visca, recentemente falecido (2000/2001), ao criar a Epistemologia Convergente (Visca 1987) na clínica psicopedagógica, assunto que estudaremos detalhadamente em Psicopedagogia institucional I, fez convergir a Psicanálise de Freud, a Epistemologia Genética de Piaget e a Psicologia Social de Enrique Pichon Riviere, o que causou um grande salto nas práticas psicopedagógicas inclusive em nosso país (Brasil) e que perduram até os dias atuais. Fundamentação psicológica Quando se fala sobre as fundamentações psicológicas da psicopedagogia se pensa basicamente no desenvolvimento e aprendizagem do ser humano. Os autores mais influentes que contribuíram para a esta fundamentação foram: Jean Piaget (epistemologia genética), David Ausubel (Teoria da aprendizagem singnifitcativa), Jerome Bruner (Teoria dos formatos), Lev Vygotsky (Teoria sócio-histórica- cognitiva), Sigmund Freud (Teoria do inconsciente), Call Rogers (Teoria humanista), Paulo Freire (Pedagogia do amor) etc., e na educação especial ou inclusiva, temos Mary Warnock (trabalho voltado para a atenção a adversidade). Entretanto, livros didáticos de excelentes níveis, como os de Bock, Furtado e Teixeira (1999) e Pinel (2001) trazem todos esses teóricos citados. Sobre Piaget vale a pena ler seus livros editados em 1970 e 1975. Sobre Vygotsky (1991, 1984; Calviño e Torre, 1996); sobre Ausubel (Moreira e Masini, 1982); sobre Bruner (1973, 1971); sobre Rogers e Freire (Misukami, 1986). Sobre Freud e outros teóricos (Hall e Lindsey, 1998). De Ferreiro (1985). Interdisciplinaridade na psicopedagogia A atuação psicopedagógica como a sua eficiência e eficácia em determinadas situações perpassa pela interdisciplinaridade de vários conhecimentos como: neuropsicologia, neuromotricidade, fonoaudiólogo, psicanálise, medicina, etc., e não apenas a pedagogia e psicologia como alguns podem pensar. A práxis psicopedagógica apresenta propostas educacionais que convidam a criança a 12 participar ativamente de seu processo de aprendizagem, o que configura a necessidade de uma mudança qualitativa no ensinar e no aprender. O aprender vivido deforma mais integrada propõe intrínsecas e extrínsecas {questões} à aquisição do conhecimento. Segundo Visca (1987), a psicopedagogia nasceu com uma ocupação empírica pela necessidade de atender crianças com dificuldades de aprendizagem, cujas causas eram estudadas pela medicina e psicologia. Com o decorrer do tempo, o que inicialmente foi uma ação subsidiária destas disciplinas, foi se perfilando como um conhecimento independente e complementar, possuidor de um objeto de estudo (o processo de aprendizagem) e de recursos diagnósticos, corretores/tratamento e preventivos próprios. Multidisciplinaridade psicopedagógica Normalmente, o caráter multidisciplinar da Psicopedagogia se revela pelo número de graduações diferenciadas que freqüentemente comparecem a tal curso: pedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, licenciados, médicos (pediatras, psiquiatras, neurologistas etc.). Proposta psicopedagógica O especialista em Psicopedagogia pode atuar tanto em nível clínico quanto institucional, pois ele se propõe compreender e atuar nos vínculos presentes entre o ato de ensinar e a ação de aprender, assim como nas possíveis barreiras que impedem seu fluir harmonioso. Para Fagali (1987) a proposta de Psicopedagogia é trabalhar basicamente com as relações afetivas ocorridas durante a aprendizagem, de modo a garantir que o sujeito seja criativo, espontâneo, perseverante e transformador ao trabalhar seu próprio pensamento. OBJETO DE ESTUDO A Psicopedagogia então passa a ser um ramo do conhecimento aplicado que 13 estuda a conduta humana em situaçõessócio/educativas como também dos processos de aprendizagem a partir da contextualização teórica-prática de várias ciências. A ela se interrelacionam a psicologia evolutiva, psicologia da aprendizagem, psicologia da educação, didática, epistemologia, psicolingüística etc. São importantes sua atuação nos campos da: educação especial, terapias educativas, avaliação curricular, programas educativos e, política educativa. Atividades psicopedagógicas O psicopedagogo, para Allessandrini (1996), pode: reprogramar projetos educacionais, facilitadores de uma aprendizagem mais dinâmica e significante; supervisionar programas, treinando educadores e atuando junto a profissionais de educação; aprimorar a qualidade de aprendizagem do sujeito que apresenta dificuldades escolares. Campos norteadores da ação psicopedagógica Fernández (1987), no livro “Inteligência Aprisionada”, Pinel (2001/2002) sugere que o discente deve ser considerado em quatro aspectos: seu ORGANISMO, seu CORPO, seu DESEJO e sua INTELIGÊNCIA. O aluno/a deve ser abordado/a no seu ser total, que envolve o ORGANISMO, o CORPO, o DESEJO e a INTELIGÊNCIA. O ORGANISMO deve ser entendido no seu funcionamento – normal ou não – fisiológico. Doenças perturbam a aprendizagem, a dor – física etc. Entretanto, deficiências físicas, em si mesmas não são anormais, mas sim a sociedade onde este organismo está inserido, pois é a sociedade que não apresenta pré-requisitos para a inclusão do diferenciado. A sociedade foi e é construída para uma maioria dominante, e para uma elite dominante. Quanto ao CORPO deve ser apreendido o modo como o aluno se percebe. Também: Como o corpo discente se percebe e se movimenta no espaço? Qual o seu Esquema Corporal: Imagem e Conceito Corporal? Como o corpo é introjetado pelo discente: introjeção das partes do corpo e todo o corpo? Quais reações da pessoa frente ao espelho? Etc. 14 Poderíamos falar em motivação, em demanda, em necessidade, em vontade do discente. Recorremos ao termo DESEJO do aluno/a. Qual a sua vontade de sentido? Qual a sua motivação mais profunda, o seu querer, a sua auto-estima, as suas forças e fragilidades? etc. Finalmente a INTELIGÊNCIA é o aspecto não mensurável do desenvolvimento cognitivo. Pode ser até avaliado por intermédio de Testes de Inteligência – utilizados em termos clínicos, ou seja: qualitativos. Ainteligência refere-se a capacidade do aluno/pessoa solucionar os desafios que se interpõem à sua frente, no seu cotidiano de ser. O modo como ele aborda - criativo ou não – os problemas, solucionando-os ou não. Dentro desse contexto psiconeurológico, os distúrbios biológicos do crescimento e do desenvolvimento que for capaz de interferir prolongadamente no METABOLISMO refletem de modo negativo no crescimento e desenvolvimento. Exemplos de modelos de abordagem a) [ Abordagem psiconeurológica ] Abordagem fundamentada na biologia, psicologia e processos educativos e de treinamento. Pinel (2001/2002;p.107-114) estudou as bases neurais da aprendizagem/ desenvolvimento, buscando compreender alguns mecanismos psicofisiológicos e neuripsicológicos associados aos aspectos cognitivos. Destaca Pinel (2001/2002; p.108) que é importante ao estudioso da Psicopedagogia uma atitude decompreensão e esforço intelectual na pesquisa do aluno com dificuldades de aprendizagem escolar. Os principais fatores podem ser agrupados em: 1. Disfunções endócrinas: Ex.: nanismo hipofisário e tireoidiano; gigantismo; puberdade precoce etc. 2. Fatores genéticos: Ex.: acondroplasia; síndrome de Down; síndrome de Turner etc. 3. Desnutrição: o mecanismo de desnutrição gera um atraso no desenvolvimento- aprendizagem, e esse é muito complexo e inclui a formação escassa de somatomedina C. 15 4. Doenças crônicas: essas doenças, quando de longa duração perturbam o metabolismo, atrasando o crescimento. Como é o caso da insuficiência digestiva e de certas afecções renais, pulmonares e cardíacas. 5. Dificuldades emocionais no berço familiar: conflitos e violências no lar; o modo de ser da criança diante do alcoolismo paterno, por exemplo, e o sentimento da criança diante dos jogos psicopatológicos da família; abuso sexual etc.) e infecções freqüentes (verminoses e intoxicações etc.) também prejudicam o desenvolvimento/aprendizagem. Podemos considerar ainda como sexto (6º fator) as características físicas de uma criança que podem estimular seus familiares, coleguinhas, professores e outras pessoas significativas em sua vida-vivida, a criar, de modo fantasioso, a respeito dela, uma imagem marcada pelos estigmas, estereótipos e preconceitos. Muitas vezes, esses algozes são destruidores do ser, e então persistem nas condutas e atitudes prejudiciais ao crescimento do individuo. b) [Abordagem neuropsiquiátrica] Abordagem fundamentada na medicina e medicalização dos problemas de aprendizagem. Pode haverexageros nessa área, como a prescrição de tratamento medicamentoso a base psicotrópicos como antidepressivos, ansiolíticos etc., para crianças com problemas comuns de atenção escolar. Nesse caso é adequado consultar um médico com residência em neurologia, e com compreensão do movimento inclusivo. c) [ Abordagem comportamental] Abordagem fundamentada nos trabalhos de laboratório de Psicologia experimental de Watson (Behaviorismo Metodológico) e B.F. Skinner (Behaviorismo Radical). O enfoque está na observação e descrição clara dos comportamentos inadequados, a identificação daquilo que mantém (reforço/recompensa) esse comportamento desviado/patológico – segundo o contexto do meio - e a intervenção de modificação, por meio de técnicas de controle do comportamento e a instalação de um novo e mais adequado comportamento. 16 Programas psicopedagógicos como a ANÁLISE DE TAREFAS (Pinel, 1987) utlizam-se das propostas do neobehaviorismo de Madame Jordam. Filosoficamente o behaviorismo é condenável, pois defende a tese que o homem é uma tabula rasa, sem história e dele fazemos o que quizermos, a nosso bel prazer. Entretanto, mesmo psicólogos sócio-históricos como Bock et al.; tem defendido as benesses desses treinamentos para a Psicologia do Excepcional. d) [Abordagem Fenomenológica ] O mais importante nessa abordagem são as atitudes e posturas do cuida(dor). É vital o envolvimento existencial com aquilo que se põe ao meu ser Total (Holismo) e o necessário distanciamento reflexivo da coisa mesma, e então apreender o sentido ou o significado do que é vivido pelo outro/orientando. Heidegger e Sartre são dois filósofos que fundamentam tais práticas. Viktor Emil ou Emmanuel Frakl, Medard Boss, Binswanger, Franz Rúdio, J. Wood/ Doxsey et al., Angerami-Camom e Pinel são alguns psicólogos, que fundamentados nos filósofos, recriaram alternativas de diagnóstico, prevenção e tratamento psicopedagógico. Obs.: Outro campo norteador da Psicopedagogia é a abordagem da Epistemologia Convergente de Jorge Visca e os trabalhos projetivos, que tamanha sua importância estaremos estudando com profundidade em outras disciplinas. Fundamentos Psicanalíticos Quanto as colaborações da Psicanálise de Freud, é importante que se estude as seguintes categorias psicanalíticas: inconsciente; transferência; contra- transferência, bloqueios, sistemas de defesa etc., e que será (psicanálise) nosso objeto de estudo para aquisição de conhecimentos e sua importante aplicabilidade na psicopedagogia, e que para tal, teremos uma disciplina unicamente com essa finalidade (Contribuições da Psicanálise Para a Psicopedagogia). Fundamentos filosóficos da psicopedagogia Aspectos filosóficos da psicopedagogia podem ser compreendidos pelos mais diversos enfoques. Poderíamos estudar Heidegger e Sartre, por exemplo, que 17 embasam psicólogos em algumas práticas psicopedagógicas fenomenológicas existenciais. Neste tópico, entretanto estaremos nos referindo à filosofia da inclusão. Para alcançar esse objetivo recorreremos a Correia (1999), a André et al (1999) e um texto organizado por Carvalho (1997). [Filosofando a psicopedagogia como fator de inclusão social] As sociedades têm, ao longo dahistória, utilizado de recursos punitivos para pessoas que "ousam" ou são diferentes, bem como agridem simbólica ou concretamente pessoa com necessidades (de saúde; educação; de afeto; de alimentação etc.) especiais e o aluno com necessidades educativas (Adaptação Curricular: individual e/ou grupal) especiais. Ser portador de deficiência nunca foi fácil. Não se aceita o diferente e suas diferenças. Pode-se esconder essa diferença, tanto melhor, pois a sociedade é hipócrita e finge que não vê a dor do outro que não pode dizer a que veio! Com base nos padrões de normalidade estabelecidos pelo contexto sociocultural, legitima-se a ideologia do dominador. Assim, desde a Antiguidade até os nossos dias, as sociedades demonstram dificuldade em lidar com o diferente, as diferenças, aquilo que é novo. Todos resistem ao que é ameaçador à nossa estrutura de personalidade, ao nosso pretenso e harmonioso ser. A humanidade tem toda uma história para comprovar como os caminhos das pessoas com deficiência têm sido repletos de obstáculos, riscos e limitações. O que observamos é o quanto tem sido difícil a sobrevivência do ser, seu desenvolvimento e sua convivência (consigo mesmo e para com a sociedade). Pessoas nascem com deficiências em todas as culturas, etnias e níveis sócio-econômicos e sociais, e de "perto são pessoas" (gente como a gente: o que é humano não nos pode ser estranho) e se olharmos bem, também portamos temporária ou definitivamente nossos déficits. Somos diferentes e temos o direito de expressá-la. A forma de conceber a deficiência e de lidar com seus portadores tem variado ao longo dos séculos. Atualmente, os preconceitos ainda existem em diferentes graus. 18 Os mitos são perpetuados - em detrimento dos fatos científicos - as contradições conceituais prevalecem, assim como as atitudes ambivalentes, as resistências, a inquietação e as muitas formas de discriminações. Isso acontece, não que seja um sinal dos temposmodernos, nem dos avanços contemporâneos do conhecimento, nem da evolução dos costumes ou dos valores essenciais do homem ou algo da "monstruosidade que é a pós-modernidade", justo ela que propões a convivência na diversidade do ser! Ao contrário, os preconceitos, estigmas e estereótipos tem raízes psicológicas, psicanalíticas (inconscientes), históricas e culturais. As atuais posturas discriminativas fortaleceram-se no tempo, no equívoco compartilhado e transmitido culturalmente. A evolução da concepção de deficiência sofreu alguma evolução, entretanto, vivenciamos, ainda, uma fase assistencialista. Nesta etapa a pessoa diferente é vista como aquela que precisa de ajuda. Há, nesse sentido, as pessoas que se dedicam a esse atendimento, fazendo-o (e aí é o assistencialismo) de forma caritativa, negando que o ser diferente deve ser incluído, aceito com suas diferenças. Ser da Inclusão significa isso: conviver saudavelmente com as diferenças. Saudável é entrar em conflito, sem deixar de respeitar e advogar ali mesmo há diferenças e necessidades educativas ou outra necessidade que clamam por serem satisfeitas. Na visão da caridade, os ajudadores não reconhecem o impacto do social e político no ser. Tais caridosos devem ser cuidadosamente cuidados, pois podem ser perigosos, pois sua atuação tende a "calar" a voz do oprimido, gerando nele culpa e subserviência a quem doa alimentos, roupas etc. Obviamente é que em um país em crise como o Brasil, é essencial assitir, mas ao fazê-lo é vital que se faça com dignidade, reconhecendo no outro seu direito de cidadão de receber o que lhe é concreta ou simbolicamente tirado, usurpado! Os técnicos, mesmo os especializados são vistos como beneméritos, e as pessoas que se dedicam como voluntárias à causa dos portadores de deficiência, as que criam as instituições e lutam pela sua manutenção, costumam ser exaltados pelo seu espírito humanitário. (Carvalho, 1997; p.19). Porque exaltar? 19 Muitos desses beneméritos abatem, com suas ações, no imposto de renda. Muitos ainda ganham tanto, e tanto, que o mínimo que a sociedade espera deles é sua contribuição, o seu retorno e não depósitos em bancos suíços! Goffman escreveu um excelente livro chamado "Estigma" e Foucoult escreveu "Vigiar e Punir". Esses livros valem a pena serem lidos, estudados. A leitura servirá para se compreender os modos como as pessoas diferentes são tratadas, abordadas... Nestes livros podemos detectar, sem entrarmos em detalhes, que: a) as pessoas diferentes ainda são identificadas e socialmente rotuladas; b) tende-se a generalizar as suas limitações e a minimizar as suas limitações e a minimizar os seus potenciais; c) a diferença está sempre tão presente e enfatizada para o seu portador (porta a dor?) e para os que o cercam, que justifica os seus sucessos e fracassos, os seus atos e realizações. Para se chegar à filosofia inclusiva e a luta atual para a sua efetivação prática, a sociedade passou pela exclusão, segregação, institucionalização, integração e inclusão. A integração propunha (na prática) a colocação do aluno diferente ou com necessidades educativas especiais em sala comum, sem reconhecer-lhe as diferenças, sem propor modificações quer na instituição, na organização, quer no desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem. Hoje, no Brasil, a inclusão é garantida pela Constituição Federal. Entretanto, desde 1986, no mundo, esse tema é discutido, pelo menos quando utilizamos o termo inclusão. Madeleine Will, Secretária de Estado para a Educação Especial dos Estados Unidos da América, fez um discurso que apelava para uma mudança radical no que dizia respeito ao atendimento das crianças com n.e.e. (Necessidades Educativas Especias) e em "risco educacional" (de rua; sob domínio de Ganges, drogadas e prostituídas etc). Dizia ela que, dos 39 milhões de alunos matriculados em escolas públicas, cerca de 10% eram alunos com n.e.e. e que outros 10 a 20% embora fossem considerados com n.e.e., demonstravam problemas de aprendizagem e comportamento que interferiam com a sua realização escolar. A solução para Will passava por uma cooperação entre professores - do ensino regular e de educação especial - que permitisse a análise das necessidades 20 educativas dos alunos com problemas de aprendizagem e o desenvolvimento de estratégias que respondessem a essas mesmas necessidades. Essa proposta consagrou-se como princípio da filosofia de inclusão. Nesse sentido é cada vez maior o número de pais e educadores que defendem a integração (no sentido mesmo da inclusão) da criança deficiente na classe regular, incluindo as deficientes mentais severas ou profundas. Afirma-se que as necessidades educativas dos alunos não devem requerer um sistema dual, pois ele pode fomentar atitudes injustas e desapropriadas em relação à sua educação. Em junho de 1994, realizou em SALAMANCA, na Espanha, a "Conferência Mundial sobre necessidades educativas especiais (n.e.e): Acesso e Qualidade". Esse evento inspirou-se no "princípio da inclusão" e no reconhecimento da necessidade de atuar com o objetivo de conseguir escola para todos, instituições que incluam todas as pessoas, aceitem as diferenças, apoiem a aprendizagem e respondam as necessidades educativas especiais individuais e em pequenos grupos. Segundo a maioria dos especialistas, a inclusão significa atender o aluno com n.e.e., incluindo aquele com n.e.e. severas, na classe regular com o apoio de serviços especiais pertencentes à educação especial (sala de apoio, de recursos e/ou consultórios ou sala de psicopedagogia, por exemplo, dentro ou fora da escola). Entretanto para efetivar a inclusão é necessária a participação total do Estado, bem como da comunidade, da escola, da família e finalmente do aluno. Todo o sentir-pensar-agir a inclusão na escola, junto ao aluno com n.e.e., tende estimular o seu desenvolvimento nos planos acadêmicos, sócio-emocional e pessoal. Nem sempre esta tarefa é fácil, mas existem relatos técnicos-científicos onde se desenvolveram os sucessos como os encontrados em André et al. (1999). Entretanto quando se lê a DECLARAÇÃO DE SALAMANCA o que se checa é um texto legal - situado no plano ideal – cheio de “discursos” que não chegam à prática. Tal como toda boa lei, sua cristalização está se processando de modo muito lento. Para essa temática vale a pena ler: Mantoan (2003): Inclusão Escolar: O que 21 é? Por quê? Como fazer? – Editora Moderna. Bader SAWAIA et al: As artimahas da exclusão. Ed. Vozes. José Leon Crochík: Preconceito. Robe Editorial. A atuação da psicopedagogia clínica “Entende-se como atendimento psicopedagógico clínico a investigação e a intervenção para que se compreenda o significado, a causa e a modalidade de aprendizagem do sujeito, os seus significados semióticos, com o intuito de sanar suas dificuldades”. O foco da psicopedagogia clinica é o vetor da aprendizagem. A psicopedagogia clínica procura compreender de forma global e integrada os processos cognitivos, emocionais, sociais, culturais, orgânicos e pedagógicos que interferem na aprendizagem, a fim de possibilitar situações que estimulem e resgatem ou ativem o prazer de aprender em sua totalidade, incluindo a promoção da integração entre pais, professores, orientadores educacionais e demais especialistas que transitam no universo educacional do “ser”. Relação com o cliente/aluno Quando nos referimos ao(s) cliente(s) das práticas clínica psicopedagógicas nos portamos a qualquer pessoa que necessite dos benefícios dessa prática, que geralmente apresentam determinadas dificuldades relacionadas à aprendizagem, o que nos remete como público alvo àqueles que fazem parte do universoeducacional escolar, que em geral, são crianças de qualquer idade encaminhadaspor seus responsáveis com queixas de dificuldades na aprendizagem. Assim, na relação com o aluno ou com seu cliente, o profissional da psicopedagogia clínica em espaço clínico particular ou não, estabelece uma investigação cuidadosa, que permite levantar uma série de hipóteses indicadoras das estratégias capazes de criar a situação terapêutica que facilite uma vinculação satisfatória mais adequada para a aprendizagem. Ao lado deste aspecto mais técnico, esse profissional também trabalha a atitude, a disponibilidade e a relação com a aprendizagem, a fim de que o aluno/cliente torne-se o agente de seu processo (o aprender), aproprie-se do seu saber, alcançando autonomia e independência para construir seu conhecimento e exercitar-se na tarefa de uma correta auto-valorização de modo a alcançar o máximo possível de seu potencial. 22 No ensino público, uma das opções para a realização da atuação clínica seria o serviço público de atendimento, onde os profissionais da psicopedagogia poderiam contribuir com uma visão mais integrada de aprendizagem e, conseqüentemente, com a aprendizagem reconduzindo e integrando o aprendizado do processo normal de construção de conhecimento, contando com melhores condições para detectar com clareza os problemas de aprendizagem dos alunos, atendendo-os em suas necessidades e contribuindo para sua permanência no ensino regular. Quando se refere ao termo APRENDIZAGEM quanto objeto de estudo e atuação do psicopedagogo pode-se incorrer no risco de acentuar as abrangências das práticas dessa profissão.Condicionar a atuação do psicopedagogo quanto a tudo que abranja o ato de aprender seria como não limitar sua atuação, considerando que a aprendizagem esta contida em todos os aspectos do viver. Assim, quando se apresenta dificuldades para aprender a nadar, dirigir, tocar um determinado instrumento ou mesmo uma profissão a qual profissão estaria vinculada a tentativa de resolução desses problemas? Apesar de cada profissão ter sua área de abrangência definida, seria incoerente não admitir a interdisciplinaridade da dissolução da diversidade de desafios que a vida nos apresenta. Considerando os dados dos séculos XIX e XX como primórdios históricos do surgimento da psicopedagogia como relacionada às dificuldades de aprendizagem no âmbito escolar, e a consideração do estudo etimológico do termo como segue: “psico” de psicologia; (gr. Psiquê) = mente + logia (gr. Logos) estudo + pedagogia (gr. Paidagogós) = instruir, conduzir, orientar a criança. a psicopedagogia poderia ser compreendida como área do conhecimento voltada a observar, descrever, analisar, avaliar, desenvolver e empregar técnicas que estimulem o ato de ensinar e o desejo pelo aprender, minimizando o surgimento de problemas e apontando intervenções para dissolução de dificuldades da aprendizagem já instaladas. Nesse caso, busca ensinar e instruir a criança através de técnicas comportamentais , verbais e não-verbais que estimulem os aspectos físico/motor e psicológico que corrijam as dificuldades ou facilitem sua aprendizagem. Com base nesses poucos dados, poderia se concluir que a atividade do psicopedagogo abrange áreas do conhecimento concernentes às questões “a tudo”relacionadas às dificuldades de aprendizagem referentes a questões da 23 aquisição do conhecimento acadêmico, através do emprego de técnicas também psicológicas e que por sua vez teria como publico alvo (não limite) as crianças. Levantamos aqui um questionamento: O psicopedagogia cuida das dificuldades de aprendizagem da criança, das dificuldades instaladas na criança, da criança com determinadas dificuldades ou das possíveis dificuldades que podem surgir na infância e se estender por outras fases da vida? A resposta às estas indagações pode determinar os limites de sua atuação. No entanto, é compreensivo que dificuldades apresentadas na infância possam também ser instaladas ou acompanhar o ser em toda sua fase de desenvolvimento, assim, o público se tornaria universal. Com tudo, como se trata de dificuldades diversas, a existência da interdisciplinaridade será uma verdade. O que significa que: a dissolução ou minimização de determinadas dificuldades quanto ao aprender, considerando possibilidades de variadas junções que podem dificultar o ato, tanto o psicopedagogo pode recorrer ao auxilio de outros profissionais que complementam e integram sua atividade, como, outros profissionais de áreas diversas solicitar o auxilio psicopedagógico. Dessa forma, por exemplo: a pessoa com dificuldades de aprendizagem quanto ao ato de nadar, teria um duplo apoio profissional, se assim exigisse o caso – o professor de natação auxiliado, pelas técnicas psicopedagógicas orientadas por um psicopedagogo, teria conhecimento quanto às melhores práticas relacionais a aprendizagem poderiam ser adaptadas ao ato de “ensinar” a “aprender a nadar” contribuindo assimpara a aceleração de tal aprendizagem. Conclui-se, pois, que a psicopedagogia apesar de ter como foco de estudo as questões relacionadas à aprendizagem, ao mesmo tempo em que se limita às dificuldades do aprender no ambiente escolar com base na interdisciplinaridade se expande com tudo que envolve a aprendizagem. Fundamentos da psicopedagogia institucional “A verdadeira prevenção tanto quanto a sua eficiência e eficácia, dependem diretamente da sua regularidade, do seu acompanhamento e da constância de suas ações. Intervenções preventivas esporádicas, pontuais ou emergenciais não constituem a verdadeira prevenção”. 24 Intervenção preventiva As primeiras propostas formais de intervenção em sentido preventivo quanto aos aspectos relacionados à saúde, segundo consta nos estudos de Albee e Gullotta (1997), ocorreu no século XX ao final dos anos setenta nos Estados Unidos tendo como referencial as adversidades sociais causadas pela segunda guerra mundial e a guerra do Vietnã. Assim os E.U.A foi o primeiro país a oficializar uma comissão de prevenção à saúde, e teve como foco de observação preventivo os aspectos mental, emocional e educacional; e, abrangia a participação de diversos profissionais constituindo uma interdisciplinaridade entre: médicos, paramédicos, psicólogos, educadores, que atuavam junto às vitimas da guerra, que geralmente eram acometidas de depressão, raiva, discriminação, desemprego e pobreza, isso, sem mencionar as inúmeras crianças órfãs com dificuldades de ajustes social que, entre outros, comprometia o aprendizado. Ressaltando a importância de programas preventivos, nosreportamos às contribuições dos estudos de Albee e Joffe (1977) que distinguem três diferentes níveis de prevenção: primaria, secundaria e terciária. Explicando: A prevenção primaria esta voltada para ações a evitar as situações problemas. E ocorrem especialmente por meio de programas educacionais. A prevenção secundaria se estabelece depois de diagnosticar um determinado problema, propor uma intervenção que focaliza um determinado grupo. E objetiva proteger grupo de risco. A prevenção terciária tem como objetivo atuar em situações quando um determinado problema já esta instalado. Dessa forma, visa minimizar os efeitos indesejáveis e reduzir sua incidência e buscar meios para evitar sua proliferação. Apesar da importância das diversas ações preventivas, de acordo com Albee e Gullotta (1997), a verdadeira prevenção tanto quanto a sua eficiência e eficácia, dependem diretamente da sua regularidade, do seu acompanhamento e da constância de suas ações. Intervenções preventivas esporádicas, pontuais ou emergenciais não constituem a verdadeira prevenção. Observando como ponto referencial as ações preventivas primárias como meio de evitação do surgimento e instalação de situações indesejáveis, mencionamos o enfoque das ações psicopedagógicas preventivas. Assim, 25 destacamoso nome de alguns daqueles que relacionaram o trabalho preventivo à Psicopedagogia Institucional, são eles: Fagali e Vale (1994), Bossa (2000), Visca (2002). Quanto às questões relacionadas a educação e embasados nos níveis de prevenção mencionados a cima, é completamente aceitável mencionar que o de maior destaque esta voltado para as ações primarias, onde exatamente, as ações psicopedagógicas institucionais iram atuar, junto aos processos educativos, no sentido de evitar ou minimizar os problemas de aprendizagem. Considerando a importância da psicopedagogia institucional (preventiva) esta atuará junto à equipe escolar, constituída de: pedagogos, orientadores e professores; que atuarão na comunidade escolar: diretor, coordenador, orientador, professores, equipe de apoio, alunos e pais e familiares próximos. Visca (2002) propõe apenas dois níveis de prevenção psicopedagógicas: prevenção primaria e prevenção secundaria. Na prevenção primaria, Visca, enfatiza a importância do desenvolvimento de um conjunto de medidas que, respeitando o desenvolvimento cognitivo do aluno, tenha por objetivo manter as condições idéias de aprendizagem; Na prevenção secundaria se valoriza o desenvolvimento de ações para que os déficits já existentes não se agravem. Nesse sentido, a prevenção secundária apresenta um caráter reparador dos déficits já existentes, e ao mesmo tempo, um sentido preventivo, na medida em que pode prevenir o surgimento de outros problemas ou, mesmo, de conseqüências de problemas já existentes. A atuação psicopedagógica institucional A psicopedagogia assume um compromisso com a melhoria da qualidade do ensino expandindo sua atuação para o espaço escolar, atendendo, sobretudo, aos problemas cruciais da educação. Na escola, o profissional da psicopedagogia utiliza instrumental especializado, sistema específico de avaliação e estratégias capazes de atender aos alunos em sua individualidade e de auxiliá-los em sua produção escolar e para alémdela, colocando-os em contato com suas reações diante da tarefa e dos 26 vínculos com o objeto do conhecimento. A meta é sempre resgatar de modo prazeroso o ato de aprender. A psicopedagogia institucional pode ser compreendida de dois modos: 1. Trabalhando a escolaridade "in loco" escolar, tal como sugere Fagali e vale (1999); 2. Trabalhando a instituição enquanto aparelho e estrutura resistente à mudança, pois tende a legitimar a ideologia dominante: Por que o aluno não aprende? Por que ele nega o ato de estudar? Por que um aluno com potencial mental bem estruturado apresenta dificuldade com a aprendizagem acadêmica? Esse primeiro modo engloba a tarefa clínica. Clinicar significa cuidar do outro que, explícita ou implicitamente, sofre. O clínico, na instituição, contribui com o diagnóstico e intervenção frente às dificuldades do aluno em relação à aprendizagem. Aqui cabe uma observação, pois compreendemos o diagnóstico, se bem efetuado, como um processo de intervenção que gera mudanças no próprio ser do aluno/cliente! No modo institucional-escolar o profissional da psicopedagogia procura refletir sobre a aprendizagem do aluno, na relação com a informação e os conceitos em diferentes áreas do conhecimento, buscando os diagnósticos e ampliação da prática em sala de aula, junto a professores e pedagogos. Assim, na psicopedagogia institucional os trabalhos em salas de aula, salas de apoio e/ou salas de recursos contaminam os outros profissionais da instituição. Como esses profissionais são agentes que fornecem sentido à instituição, a proposta psicopedagógica acaba por ser institucional. Esse trabalho é um novo espaço, onde se aprofundam as questões sobre as dificuldades de aprender e com isso, vai construindo para a instalação da intervenção preventiva: os profissionais da psicopedagogia passam a sentir-pensar- agir novas ações frente aos aprendizados dos conceitos, na escola. Nesse contexto, o profissional da psicopedagogia facilita a ampliação e a abertura para novas construções onde estejam presentes a integração cognitivo-afetivo-social e a transdisciplinaridade. O educador passa, nesse processo dialético, a rever o seu próprio processo de aprender. O profissional de psicopedagogia contribui intelectual, mas principalmente com vivências e práticas por meio de oficinas, por exemplo. No segundo modo, encontramos respaldo em Guirado (1987) que trabalha 27 com a psicologia institucional de José Bleger, Georges Lapassade, René Lourou e Guilhon de Albuquerque. A análise institucional, modo de atuar do psicopedagogo institucional, pode ser compreendida de três modos: 1. disciplina que se detém em estudar e penetrar nas entranhas institucionais (relações de poder; ideologia etc.); 2. política de intervenção psicosociopedagógica em instituições, organizações, grupos etc; 3. movimento destinado a planejar, executar/desenvolver e avaliar programas de intervenção objetivando transformar a realidade, pois dificilmente sob determinados pontos de vistas teóricos, é impossível, nessa estrutura atual, mudar a realidade de modo total. Severa (1993) sugere que o psicopedagogo institucional deve: a. distanciar-se afetivamente segundo o"ambiente" em que pretende ingressar; b. manter um "relacionamento harmonioso" com toda a equipe e superiores diretos e indiretos, não confundindo: situações de conflitos que necessitam ser enfrentados; relacionamentos afetivos e laços de amizade; c. dominar a ansiedade, isto é, não pode e nem deve ter pressa; d. efetuar sóbria, segura, estruturada e bem planejada observação; e. aproximar-se do poder instituindo (chefes; supervisores; coordenadores; diretores; presidente etc.), evitando, contudo a carga de estereótipos que temos contra esses atores mandantes em seus "locus descontroles" e que condicionam os relacionamentos pessoais e interpessoais - buscando sempre preservar pela qualidade do trabalho do que segurar o emprego de um determinado ator. Cabe, ainda, ao profissional da psicopedagogia assessorar a escola, prestar consultorias etc. trabalhando o papel que lhe compete, seja propondo para com a reestruturação de uma atuação da própria instituição junto a alunos e professores. Pode também colaborar para com o redimensionamento do processo de aquisição e incorporação do conhecimento dentro do espaço escolar, seja, por exemplo, reconhecendo seus limites e então, encaminhando alunos para outros profissionais. Como assessor, o profissional que se dedica a psicopedagogia promove: O levantamento, a compreensão e a análise das práticas escolares e suas relações com a aprendizagem; O apoio psicopedagógico aos trabalhos realizados no espaço da escola; A resignificação da unidade ensino/aprendizagem, a partir das relações que o sujeito estabelece entre o objeto deconhecimento e suas possibilidades de 28 conhecer, observar e refletir, a partir das informações que já possui; A prevenção de fracassos na aprendizagem e a melhoria da qualidade do desempenho escolar. Esse trabalho pode ser desenvolvido em diferentes níveis, propiciando aos educadores conhecimentos para: A reconstrução de seus próprios modelos de aprendizagem, de modo que, ao se perceberem também como 'aprendizes', revejam seus modelos didáticos; A identificação das diferentes etapas do desenvolvimento evolutivo dos alunos e a compreensão de sua relação com a aprendizagem; O diagnóstico do que é possível ser melhorado no próprio ambiente escolar e do que presa ser encaminhado para profissionais fora da escola; A percepção de como se processou a evolução dos conhecimentos na história da humanidade, para compreender melhor o processo de construção de conhecimentos dos alunos; As intervenções para a melhoria da qualidadedo ambiente escolar; A compreensão da competência técnica e do compromisso político presentes em todas as dimensões do sujeito. Logo, fica implícito uma completa reestruturação ou resignificação do conhecimento dentro do processo ensino e aprendizagem. Ambiente escolar e auto-estima Ainda vale destacar a importância da consideração do psicopedagogo com respeito ao ambiente escolar e auto-estima da criança. O ambiente escolar poderá ser percebido como agradável, suportável ou intolerável. Isso será resultado do modo como a criança é - ou se sente - como se aceita. Tais subjetividades e comportamentos explícitos foram e são construídos por meio dessas intersubjetividades patologizadas, desrespeitadoras do desenvolvimento/aprendizagem do ser. Pode ser que toda essa vivência dolorida faça a criança/adolescente ou quaisquer pessoas sentir-se - ou de fato viver e sentir - segregada ou ridicularizada do e no meio em que busca conviver. Evidentemente, essas situações, de alguma forma interferem na aprendizagem e afetam todo o conjunto da vida humana. Pinel (2002) estudou os efeito de uma guerra (Nazismo X crianças judaicas) na produção artística da criança – detida em campo de concentração - 29 revela(dor)a de tristeza, sentimentos de ser pior e culpada pelo que aí se colocou. Apesar dessa depressão advinda das injustiças, também foi detectado (Pinel, 2002) a presença do "otimismo trágico" (Frankl, 1981), isto é, uma característica subjetiva e explícita de enfrentamentos, apesar das adversidades, das vicissitudes. Sob as mais altas tensões que o ser enfrenta e resiste às pressões e sofrimentos. A auto-estima (Pinel, 2001/2002) é uma variável psicológica muito importante para o rendimento (sucesso-fracasso) da criança na escola. Não gostar de si implica em um alto grau de contaminação psíquica, que fere inclusive o organismo, o corpo, o desejo e a inteligência. Moura (1993) pontua que "muitas crianças crescem precocemente, apresentando peso e altura que sugerem uma idade maior que a real. Quem convive com essas crianças, inclusive os professores, tende a esperar demais delas e a julgá-las unicamente por seu físico, esquecendo que uma criança cuja maturação física é precoce enfrenta exigências para as quais não está psicologicamentepronta, e isso é uma causa geradora de ansiedade" (p. 55). Assim, a vida escolar da criança, sob cruéis pressões, por parte de outras crianças e por parte dos adultos (professores, diretores, merendeiras, outros adultos presentes na escola etc.) podem produzir no ser desprezado, ansiedade e sentimento de inadequação, aponto desses sentimentos de menos-valia acompanhá-la e, mais tarde, perturbar sua vida. É que a imagem negativa de si mesma pode ficar profundamente arraigada e, quando adolescente, adulta e idosa, embora tenha crescido e mudado, ela ainda se sentirá inadequada, desagradável e indesejável. Essas questões psico-afetivas são vitais quando pensamos, sentimos e principalmente agimos para efetivação da FILOSOFIA DA INCLUSÃO no âmbito da psicopedagogia. Muitas vezes o preconceito está localizado no inconsciente (Pinel, 2001/2002). Assim, por meio de uma Psicopedagogia institucional é possivel realizar trabalhos grupais, desenvolvendo o espírito crítico. Para isso, pode-se, por exemplo, ensinar ao grupo VER – AVALIAR e AGIR. VER a realidade e detalhes de injustiças elaboradas nas intersubjetividades. Depois é necessário levar o grupo a AVALIAR a situação concreta de pessoas que 30 se desprezam e desprezam os outros, constando os efeitos dessas relações desrespeitosas. E, finalmente, estimular o grupo a AGIR, por meio de planos de intervenção, objetivando mudar atitudes e, de imediato, os comportamentos indesejáveis à socialização do ser. Ver/ Julgar/ Agir é um método bem descrito por Boran, e fundamentado no marxismo. Assim, a intervenção psicopedagógica institucional(preventiva) toma como referencial a ação curricular e os aspectos afetivo-cognitivos dos aprendizes. No que se refere á questão curricular , torna evidente a necessidade do desenvolvimento de práticas que sensibilizem os docentes sobre a importância da reflexão crítica e possível revisão da: concepção de educação; organização e seleção dos conteúdos de ensino; metodologia e avaliação e, consideração de vínculos afetivo-emocionais como elementos facilitadores de ensino aprendizagem. Crema (1998) sugere que o psicopedagogo da instituição antes de iniciar um trabalho de intervenção com o corpo discente, deve considerar o desenvolvimento prévio com o corpo docente. Assim, o profissional da psicopedagogia pode estar mais atento e apto para melhor auxiliar no desenvolvimento cognitivo, afetivo, emocional, psicomotor e ao mesmo tempo, fortalecer as relações de grupo, não deixando de considerar a influencia da escola, da família e da sociedade, para o sucesso do processo de ensino e aprendizagem. Formação em psicopedagogia Hoje a Formação de Especialistas em Psicopedagogia se dá via cursos, livros, curso de pós-graduação " Lato Sensu", especialização aberta/livre; apenas com o curso de graduação comum em áreas correlatas como a Psicologia; Pedagogia; Fonoaudiologia; Terapia Ocupacional; Medicina: Psiquiatria, Neurologia, Geriatria, Medicina Pedagógica etc.; Serviço Social; Sociologia com tendência à Sociologia Clínica; Licenciaturas Gerais, especialmente em Ciências Humanas; Enfermagem etc. Geralmente recomenda-se alguma especialização ou cursos diversos em Psicopedagogia Clínico-Instucional. 31 Há no Rio de Janeiro escolas superiores – cursos tecnológicos – em Psicopedagogia como o da Universidade Estácio de Sá. No curso de Pedagogia da Universidade Federal do Espírito Santo já consta - há mais de 6 anos - a disciplina "Introdução à Psicopedagogia", tendo já sido oferecida a disciplina "Pedagogia Terapêutica". Há instituições e profissionais que oferecem cursos de Psicopedagogia nas modalidades livres/abertas, cumprindo regulamentos e registros específicos. A formação do psicopedagogo ou do especialista em Psicopedagogia continua se dando dentro de um contexto mais amplo, que tradicionalmente denomina-se de (super)visão clínica – apoio psicológico à pessoa do profissional da Psicopedagogia - e técnica – apoio profissional ao psicopedagogo: como fazer o psicodiagnóstico para aquele determinado “caso” etc. Outro unitermo para (super)visão – uma outra sentida e alternativa visão acerca das experiências do outro no seu labor – são: Educação Continuada; Treinamento em Serviço; Supervisão Profissional; Orientação Profissional etc. Um supervisor geralmente apresenta formação semelhante ao do candidato a supervisionando. Deve ter como diferencial: uma experiência significativa e mais longa; formação refinada – com titulações como Especializações, Mestrado e Doutorado, registros profissionais etc.; artigos publicados; prática com determinada concepção teórica. Código de ética ABPp (Associação Brasileira de Psicopedagogia CAPÍTULO I - DOS PRINCÍPIOS Artigo 1º A psicopedagogia é um campo de atuação em Saúde e Educação que lida com o processo de aprendizagem humana; seus padrões normais e patológicos, considerando a influência do meio _ família, escola e sociedade _ no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da psicopedagogia. Parágrafo único A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento relacionado com o processo de aprendizagem. 32 Artigo 2º A Psicopedagogia é de natureza interdisciplinar. Utiliza recursos das várias áreas do conhecimento humano para a compreensão do ato de aprender, no sentido ontogenético e filogenético, valendo-se de métodos e técnicas próprias. Artigo 3º O trabalho psicopedagógico é de natureza clínica e institucional, de caráter preventivo e/ou remediativo.Artigo 4 Estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os profissionais graduados em 3º grau, portadores de certificados de curso de Pós-Graduação de Psicopedagogia, ministrado em estabelecimento de ensino oficial e/ou reconhecido, ou mediante direitos adquiridos, sendo indispensável submeter-se à supervisão e aconselhável trabalho de formação pessoal. Artigo 5 O trabalho psicopedagógico tem como objetivo: (i) promover a aprendizagem, garantindo o bem-estar das pessoas em atendimento profissional, devendo valer-se dos recursos disponíveis, incluindo a relação interprofissional; (ii) realizar pesquisas científicas no campo da Psicopedagogia. CAPÍTULO II DAS RENPONSABILIDADES DOS PSICOPEDAGOGOS Artigo 6º São deveres fundamentais dos psicopedagogos: A) Manter-se atualizado quanto aos conhecimentos científicos e técnicos que tratem o fenômeno da aprendizagem humana; B) Zelar pelo bom relacionamento com especialistas de outras áreas, mantendo uma atitude crítica, de abertura e respeitoem relação às diferentes visões do mundo; C) Assumir somente as responsabilidades para as quais esteja preparado dentro dos limites da competência psicopedagógica; D) Colaborar com o progresso da Psicopedagogia; E) Difundir seus conhecimentos e prestar serviços nas agremiações de classe sempre que possível; F) Responsabilizar-se pelas avaliações feitas fornecendo ao cliente uma definição clara do seu diagnóstico; G) Preservar H) Responsabilizar-se por crítica feita a colegas na ausência destes; 33 I) Manter atitude de colaboração e solidariedade com colegas sem ser conivente ou acumpliciar-se, de qualquer forma, com o ato ilícito ou calúnia. O respeito e a dignidade na relação profissional são deveres fundamentais do psicopedagogo para a harmonia da classe e manutenção do conceito público. CAPÍTULO III DAS RELAÇÕES COM OUTRAS PROFISSÕES Artigo 7º O psicopedagogo procurará manter e desenvolver boas relações com os componentes das diferentes categorias profissionais, observando, para este fim, o seguinte: A) Trabalhar nos estritos limites das atividades que lhes são reservadas; B) Reconhecer os casos pertencentes aos demais campos de especialização; encaminhando-os a profissionais habilitados e qualificados para o atendimento; CAPÍTULO IV DO SIGILO Artigo 8º O psicopedagogo está obrigado a guardar segredo sobre fatos de que tenha conhecimento em decorrência do exercício de sua atividade. Parágrafo Único Não se entende como quebra de sigilo, informar sobre cliente a especialistas comprometidos com o atendimento. Artigo 9º O psicopedagogo não revelará, como testemunha, fatos de que tenhaconhecimento no exercício de seu trabalho, a menos que seja intimado a depor perante autoridade competente. Artigo 10º Os resultados de avaliações só serão fornecidos a terceiros interessados, mediante concordância do próprio avaliado ou do seu representante legal. 34 Artigo 11º Os prontuários psicopedagógicos são documentos sigilosos e a eles não será franqueado o acesso a pessoas estranhas ao caso. CAPÍTULO V DAS PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS Artigo 12º Na publicação de trabalhos científicos, deverão ser observadas as seguintes normas: a) A discordância ou críticas deverão ser dirigidas à matéria e não ao autor; b) Em pesquisa ou trabalho em colaboração, deverá ser dada igual ênfase aos autores, sendo de boa norma dar prioridade na enumeração dos colaboradores àquele que mais contribuir para a realização do trabalho; c) Em nenhum caso, o psicopedagogo se prevalecerá da posição hierarquia para fazer publicar em seu nome exclusivo, trabalhos executados sob sua orientação; d) Em todo trabalho científico deve ser indicada a fonte bibliográfica utilizada, bem como esclarecidas as idéias descobertas e ilustrações extraídas de cada autor. CAPÍTULO VI DA PUBLICIDADE PROFISSIONAL Artigo 13º O psicopedagogo ao promover publicamente a divulgação de seus serviços, deverá fazê-lo com exatidão e honestidade. Artigo 14º O psicopedagogo poderá atuar como consultor científico em organizações que visem o lucro com venda de produtos, desde que busque sempre a qualidade dos mesmos. 35 CAPÍTULO VII DOS HONORÁRIOS Artigo 15º Os honorários deverão ser fixados com cuidado, a fim de que representem justa retribuição aoserviços prestados e devem ser contratados previamente. CAPÍTULO VIII DAS RELAÇÕES COM SAÚDE E EDUCAÇÃO Artigo 16º O psicopedagogo deve participar e refletir com as autoridades competentes sobre a organização, implantação e execução de projetos de Educação e Saúde Pública relativo às questões psicopedagógicas. CAPÍTULO IX DA OBSERVÂNCIA E CUMPRIMENTO DO CÓDIGO DE ÉTICA Artigo 17º Cabe ao psicopedagogo, por direito, e não por obrigação, seguir este código. Artigo 18º Cabe ao Conselho Nacional da ABPp orientar e zelar pela fiel observância dos princípios éticos da classe. Artigo 19º O presente código só poderá ser alterado por proposta do Conselho da ABPp e aprovado em Assembléia Geral. CAPÍTULO X DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Artigo 20º 36 O presente código de ética entrou em vigor após sua aprovação em Assembléia Geral, realizada no V Encontro e II Congresso de Psicopedagogia da ABPp em 12/07/1992, e sofreu a 1ª alteração proposta pelo Congresso Nacional e Nato no biênio 95/96, sendo aprovado em 19/07/1996, na Assembléia Geral do III Congresso Brasileiro de Psicopedagogia da ABPp, da qual resultou a presente solução. 37 Referências: - Especificidade e Conceituação da Psicopedagogia: BOSSA, Nádia Ap. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre, Artes Médicas, 1992. CÓDIGO DE ÉTICA da ABPp. Conselho Nacional do Biênio 91/92, revisão Biênio 95/96, São Paulo, julho de 1996. MASINI, Elcie F. S. O Ato de Aprender. I Ciclo de Estudos de Psicopedagogia Mackenzie. São Paulo, Ed.Mackenzie/Memnon, 1999. ____________. Aprendizagem Totalizante. São Paulo,Memnon/Mackenzie, 1999. MASINI, Elcie F. S. (Org.) 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