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Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais - Conceitos Apresentação Ao se deparar com uma nova área de conhecimento, é normal encontrar uma série de palavras novas. Como futuros profissionais, é fundamental ter pleno conhecimento sobre alguns conceitos relacionados à Avaliação de Impactos Ambientais, assunto a ser abordado nesta Unidade de Aprendizagem. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir os principais conceitos adotados em processos de Avaliação de Impactos Ambientais.• Relacionar os conceitos pertencentes à Avaliação de Impactos Ambientais aos seus significados. • Selecionar corretamente os conceitos técnicos que devem ser utilizados em processos de Avaliação de Impactos Ambientais. • Desafio Suponha que você é gestor ambiental em uma empresa de consultoria responsável pela elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) necessário para o licenciamento de uma grande planta industrial. Uma das preocupações que o acompanha neste trabalho é a necessidade de que todas as pessoas que venham a ter contato com o EIA consigam entender todos os conceitos presentes no capítulo de Avaliação de Impactos Ambientais. Para ter certeza que este entendimento será possível, você inicia a produção de um glossário, o qual deverá apresentar, no mínimo, os significados relacionados aos seguintes conceitos: - Área de Influência - Aspecto Ambiental - Avaliação de Impacto Ambiental - Impacto Ambiental - Poluição - Matriz de impacto - Medidas Mitigadoras - Medidas Compensatórias Infográfico O infográfico a seguir apresenta uma compilação de conceitos relacionados à Avaliação de Impactos Ambientais. Conteúdo do livro O capítulo Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais - Conceitos, do livro Avaliação de impactos ambientais, aborda alguns conceitos relacionados à Avaliação de Impactos Ambientais. Boa leitura! AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS Ronei Stein Revisão técnica: Vanessa de Souza Machado Bióloga Mestre e Doutora em Ciências Ronei Stein Engenheiro Ambiental Mestre em Engenharia Civil e Preservação Ambiental Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147 A945 Avaliação de impactos ambientais / Ronei Stein... [et al.] ; [revisão técnica: Vanessa de Souza Machado, Ronei T. Stein]. – Porto Alegre: SAGAH, 2018. 428 p. : il. ; 22,5 cm ISBN 978-85-9502-344-4 1. Engenharia ambiental. I. Stein, Ronei. CDU 502.13 Avaliacao_de_Impactos_Ambientais_Book.indb 2 26/02/2018 16:48:10 Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Defi nir os principais conceitos adotados em processos de Avaliação de Impactos Ambientais. Relacionar os conceitos pertencentes à Avaliação de Impactos Am- bientais aos seus signifi cados. Selecionar corretamente os conceitos técnicos que devem ser utiliza- dos em processos de Avaliação de Impactos Ambientais. Introdução Quando você se depara com uma nova área de conhecimento, é normal en- contrar uma série de palavras novas. Como futuro profissional, é fundamental ter pleno conhecimento sobre alguns conceitos relacionados à Avaliação de Impactos Ambientais, assunto que você vai estudar neste capítulo. Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) – definições gerais Sánchez (2013) ressalta que a compreensão dos objetivos e propósitos da AIA é essencial para aprender seus papéis e funções, bem como para apreciar seu alcance e seus limites. A AIA consiste apenas em um instrumento de política pública ambiental e, por isso, não é a solução para todas as defi ciências de planejamento ou brechas legais que permitem, consentem e facilitam a continuidade da degra- U N I D A D E 1 Avaliacao_de_Impactos_Ambientais_Book.indb 15 26/02/2018 16:48:12 dação ambiental. Em relação à AIA, é de suma importância compreender alguns conceitos e defi nições que regem a sua respectiva área, como os conceitos de poluição, degradação ambiental, impacto ambiental e aspecto ambiental. Muitas pessoas imaginam que poluição e contaminação ambiental são a mesma coisa, mas isso é um equívoco. No que se refere à poluição, sua ocorrên- cia pode dar-se de forma natural ou pelas diferentes ações humanas (de forma antrópica). A poluição natural ocorre, por exemplo, quando há uma grande erupção vulcânica emitindo grande quantidade de particulados e substâncias tóxicas no ar (Figura 1). Logo, ocorre modificação nas características físicas, químicas e até biológicas do meio ambiente, levando, assim, à degradação da qualidade do ambiente. No entanto, a poluição antrópica supera, e muito, a poluição natural, sendo produto, principalmente, dos processos de industrializa- ção e do crescimento urbano e tendo como consequência a degradação do solo, da água e do ar, recursos indispensáveis aos organismos biológicos da Terra. Figura 1. Fonte de poluição ambiental natural (a) e fonte de poluição antrópica (b). Fonte: Romolo Tavani/Shutterstock.com, LALS STOCK/Shutterstock.com. Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos16 Avaliacao_de_Impactos_Ambientais_Book.indb 16 26/02/2018 16:48:12 O processo de poluição data do surgimento das primeiras cidades, mas se intensificou a partir da Revolução Industrial. A poluição pode ser com- preendida como a inserção de algum poluente no meio ambiente, enquanto a degradação se refere à degeneração da qualidade ambiental (fatores químicos, físicos e biológicos). Na verdade, o próprio meio ambiente tem capacidade de assimilação de poluentes; no entanto, a quantidade de poluentes emitidos no ambiente é tão grande que essa capacidade é ultrapassada e, então, ocorre a modificação das estruturas dos recursos naturais, o que provoca desequilíbrio no ambiente, inclusive na biota. Segundo a Lei 6.938/81 (Política Nacional de Meio Ambiente), a degra- dação da qualidade ambiental é a alteração adversa das características do meio ambiente; a poluição, por outra parte, constitui-se como a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que, direta ou indiretamente (BRASIL, 1981): prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem desfavoravelmente a biota; afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; lancem matérias ou energias em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. Segundo Tavares (2008), o termo degradação ambiental está relacionado aos efeitos negativos ou adversos causados ao ambiente, devido, principalmente, à intervenção do homem, sendo raramente empregado para alterações oriundas de processos naturais. Entre os exemplos de degradação ambiental, pode-se citar os desmatamentos, as queimadas e os incêndios, a degradação e a erosão do solo, o descarte incorreto de resíduos sólidos, os modelos de agricultura não sustentável, a mineração, entre vários outros. Diferença entre impacto e aspecto ambiental Barsano, Barbosa e Viana (2014) descrevem que o desenvolvimento tecno- lógico industrial, a busca desenfreada de riquezas naturais e a falta de um planejamento de recuperação do meio ambiente são as principais origens de um apanhado de consequências negativas ao meio ambiente, como é o caso das grandes catástrofes naturais, as terríveis enchentes e um aquecimento global como nunca visto antes. Com isso, originam-se grandes impactos 17Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos Avaliacao_de_Impactos_Ambientais_Book.indb 17 26/02/2018 16:48:12 ambientais, que colocam em risco e ameaçam a qualidade do ar, do solo, das águas, a vida dos animais, da fl ora e até mesmo do homem. Todas as atividades exercidas pelo homem ocasionam impactos ambientais, que podem ser positivos e/ou negativos. Por exemplo, supondo que uma in- dústria pretenda se instalar em determinado município, os seguintesimpactos podem ocorrer: Impactos positivos: geração de empregos, aumento da economia local, estímulo de novos mercados, entre outros. Impactos negativos: geração de resíduos sólidos, emissões atmosféricas, impactos na fauna e na flora, lançamento de efluentes industriais em recursos hídricos, aumento/alteração no trânsito local, entre outros. Segundo o artigo 1º da Resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) nº 001 de 1986, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: a) a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) as atividades sociais e econômicas; c) a biota; d) as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e) a qualidade dos recursos ambientais. Os impactos ambientais estão vinculados com a degradação do meio am- biente, que ocorre, segundo o IBAMA (1990), quando se tem uma ou mais das seguintes situações: a vegetação nativa e a fauna nativa foram destruídas, removidas ou expulsas; ocorre remoção da camada fértil do solo; tem-se alterações na qualidade e no regime de vazão do sistema hídrico. Já o aspecto ambiental é definido como o mecanismo pelo qual uma ação humana causa um impacto ambiental, ou seja, as ações humanas causam efeitos ambientais que, por sua vez, produzem impactos ambientais. Para compreender de forma mais clara, observe alguns exemplos no Quadro 1 a seguir. Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos18 Avaliacao_de_Impactos_Ambientais_Book.indb 18 26/02/2018 16:48:12 Fonte: Adaptado de Sánchez (2013). Atividade Aspecto ambiental Impacto ambiental Lavagem de roupa Consumo de água Redução da disponibilidade hídrica Lavagem de louça Lançamento de água com detergentes Contaminação e eutrofização de mananciais Transporte de carga Emissão de ruídos e aumento do tráfego Incômodo aos vizinhos, maior frequência de congestionamentos e aumento da poluição atmosférica Armazenamento de combustível Risco de vazamento Contaminação do solo e água (superficial ou subterrânea) Quadro 1. Exemplos de relações atividade-aspecto-impacto ambiental. Principais estudos ambientais Entre os principais estudos ambientais que objetivam analisar os prováveis impac- tos ambientais que determinada atividade/empreendimento possa causar, pode-se citar o EIA/RIMA. O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é um procedimento administrativo que, apoiado em uma avaliação de impacto sobre as incidências ambientais de um determinado projeto e em um processo de participação pública sobre tais incidências, subsidia o órgão ambiental, em termos de aprovação, modifi cação ou recusa de um projeto. De acordo com a Resolução CONAMA 001/86, em seu artigo 2º: “dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo Relatório de Impacto Ambiental – RIMA, a serem submetidas à aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA em caráter supletivo, o licenciamento de atividades modifi cadoras do meio ambiente”. O EIA/RIMA deve ser realizado por uma equipe técnica multidisciplinar, que contará com profissionais das mais diferentes áreas, como, por exemplo, geólogos, físicos, biólogos, psicólogos, sociólogos, advogados, engenheiros (das mais diferentes áreas), arqueólogos, entre outros, que avaliarão os impactos ambientais positivos e negativos do empreendimento pretendido, conforme ressalta Fiorillo (2014). 19Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos Avaliacao_de_Impactos_Ambientais_Book.indb 19 26/02/2018 16:48:12 A maior parcela das bibliografias apresenta o conceito de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e de Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) de forma inter- ligada. Dessa forma, EIA/RIMA consiste em um estudo prévio que serve de instrumento de planejamento e subsídio à tomada de decisões na implantação da obra referente a um projeto específico a ser implementado em determinada área ou meio. O EIA/RIMA tem como objetivo antecipar e apoiar a decisão, fornecendo ao órgão público informações sobre as implantações ambientais significativas de determinadas ações propostas, sugerindo modificações da ação, visando à eliminação dos potenciais impactos adversos e à potenciação dos impactos positivos e, ainda, sugerindo os meios de minimização dos potenciais impactos inevitáveis. O EIA deve seguir um roteiro que aborde, pelo menos, as seguintes etapas, conforme o Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2009): Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto: a primeira atividade em um estudo de impacto ambiental é o diagnóstico ambien- tal da área a ser estudada, que é uma atividade extremamente impor- tante, pois serve de base para as atividades posteriores. O diagnóstico deve conter a descrição dos recursos ambientais e suas interações, caracterizando as condições ambientais antes da implantação do projeto. Esse diagnóstico deverá contemplar os meios físico, biótico e socioeconômico. Avaliação de impacto Ambiental (AIA): análise dos impactos am- bientais do projeto e de suas alternativas, por meio de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes (diretos e indiretos; imediatos e a médio e longo prazo; temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; a dis- tribuição dos ônus e benefícios sociais). Essa etapa, de maneira geral, é mais complexa devido à variedade de impactos sobre os sistemas ambientais que podem ocorrer na área de estudo. Medidas mitigadoras: são aquelas destinadas a corrigir impactos negativos ou a reduzir sua magnitude. Identificados os impactos, deve-se pesquisar os mecanismos capazes de reduzi-los ou anulá-los. Programa de monitoramento dos impactos: estabelecidos ainda durante o EIA, de modo que se possam comparar, durante a implan- tação e operação da atividade, os impactos previstos com os que efetivamente ocorreram. Esse programa deve permitir o acompanha- mento da implantação e operação de todas as medidas mitigadoras e Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos20 Avaliacao_de_Impactos_Ambientais_Book.indb 20 26/02/2018 16:48:13 compensatórias previstas, dentro do cronograma proposto, ficando automaticamente vinculado à licença prévia, de forma que a continui- dade do processo de licenciamento permita a verificação da efetiva implementação das medidas propostas. A existência de um relatório de impacto ambiental tem for finalidade tornar compreensível para o público o conteúdo do EIA, tendo em vista que ele é elaborado segundo critérios técnicos. Dessa forma, em respeito ao princípio da informação ambiental, o RIMA deve ser claro e acessível, retratando fielmente o conteúdo do estudo, de modo compreensível e menos técnico. O Relatório de Impacto Ambiental e seu correspondente estudo deverão ser encaminhados para o órgão ambiental competente para que se proceda à análise sobre o licenciamento, ou não, da atividade, segundo Fiorillo (2014). Para facilitar o entendimento a respeito da diferença entre o EIA e o RIMA, observe o Quadro 2. Aspectos EIA RIMA Linguagem Mais técnica Mais acessível Disponibilidade Apenas ao órgão ambiental Público/sociedade Necessidade de apresentação em audiência pública Não Sim Quadro 2. Principais diferenças entre EIA e RIMA. O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) reflete as conclusões do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) conforme definido no artigo 9º da Resolução 001/86 do CONAMA. Esse relatório deve apresentar uma linguagem simples e objetiva, tornando-o formal perante o poder público e a sociedade. 21Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos Avaliacao_de_Impactos_Ambientais_Book.indb 21 26/02/2018 16:48:13 Além do EIA e do RIMA, existem outros estudos ambientais, como, por exemplo, segundo MMA (BRASIL, 2009): Projeto básico ambiental(PBA): deverá apresentar um detalhamento de todos os programas e projetos ambientais previstos, ou seja, aqueles provenientes do EIA/RIMA, bem como os considerados pertinentes pelo órgão licenciador. Constitui-se em um dos documentos-base para a obtenção da Licença de Instalação (LI). Plano de controle ambiental (PCA): é exigido para a concessão da Licença de Instalação de atividade de extração mineral de todas as classes. O PCA é uma exigência adicional ao EIA/RIMA, apresentado na fase anterior à concessão da Licença Prévia. No entanto, o Plano de Controle Ambiental tem sido exigido, também, para o licenciamento de outros tipos de atividades. Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD): concebido para a recomposição de áreas degradadas pela atividade de exploração de recursos minerais. No entanto, tem sido utilizado para os diversos tipos de empreendimentos e, geralmente, é previsto no escopo dos Estudos Ambientais. Relatório de Controle Ambiental (RCA): é exigido na hipótese de dis- pensa do EIA/RIMA para a obtenção da Licença Prévia de atividades de extração mineral da classe II. Deve ser elaborado de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo órgão ambiental competente. O RCA tem sido exigido por alguns órgãos de meio ambiente também para o licenciamento de outros tipos de atividade. Relatório Ambiental Simplificado (RAS): estudos relativos aos as- pectos ambientais relacionados à localização, instalação e operação de novos empreendimentos habitacionais, incluindo as atividades de infraestrutura de saneamento básico, viária e energia, apresentados como subsídio para a concessão da licença requerida, que conterá, entre outras, as informações relativas ao diagnóstico ambiental da região de inserção do empreendimento, sua caracterização, a iden- tificação dos impactos ambientais e das medidas de controle, de mitigação e de compensação. Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos22 Avaliacao_de_Impactos_Ambientais_Book.indb 22 26/02/2018 16:48:13 Formas de reduzir os impactos ambientais Visando diminuir principalmente os impactos ambientais negativos, devem ser adotadas medidas de prevenção (controle), mitigação, compensação, recupera- ção e monitoramento dos impactos que a implantação de um empreendimento ou de atividades possa ocasionar. A ordem de prioridade no controle dos impactos ambientais negativos deve ser: 1. Prevenção; 2. Mitigação; 3. Recuperação e/ou compensação. Portanto, encontrar formas de evitar impactos e prevenir riscos deve ser a primeira coisa a ser acatada, sendo de extrema importância compreender a diferença entre esses termos ambientais. As medidas de prevenção devem ser as primeiras a serem implantadas, tendo como objetivo evitar que as atividades relacionadas ao empreendi- mento resultem em impactos ambientais negativos antes que eles aconteçam. Tomando como exemplo a construção de uma hidrelétrica, as principais medidas de prevenção dos impactos negativos dessa obra estão relacionadas com alternativas locacionais do empreendimento, que deve levar em conta a área de alagamento do reservatório, a capacidade de geração, as faixas e áreas propícias à preservação e a possibilidade de aproveitamento das estruturas e dos acessos já existentes no local. A escolha adequada do local pode evitar diversas consequências negativas, como a perda de espécies ameaçadas da fauna e da flora e a necessidade de realocação de famílias, além de economia financeira. Porém, é impossível que uma atividade ocorra sem que haja impactos ambientais negativos, por menor que eles sejam. Para esses impactos, são propostas as medidas de mitigação, que visam reduzir os efeitos adversos 23Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos Avaliacao_de_Impactos_Ambientais_Book.indb 23 26/02/2018 16:48:13 decorrentes da instalação e operação dos empreendimentos. Os planos de mitigação, segundo Gestão Ambiental (2017), buscam reverter danos parciais e minimizar situações de risco e de impactos ambientais por meio da intervenção em áreas vulneráveis e da implementação de programas operacionais que permitam, em curto prazo, mitigar situações críticas com base na definição de prioridades. Eles devem ser implantados com base em gestão adaptativa, fundamentada em mecanismos que levem em conta a dinâmica de determinadas zonas naturais. Entre os principais planos de mitigação, estão: manter, em estado próximo do natural, a maior parte das zonas degradadas; condicionar as explorações agrícola e pecuária; impedir a ocupação com habitação nas áreas delimitadas de proteção; condicionar as instalações industriais; desviar vias e transferir construções em zonas de risco; limitar a construção de estradas marginais e a intensidade de tráfego; controlar a ocupação de terras e extrações; investir em tecnologias que visam ao reuso da água. Mitigação se refere ao ato de diminuir a intensidade de algo, fazendo com que fique mais brando, calmo ou relaxado. Ou seja, os responsáveis pelo licenciamento ambiental e o empreendedor, conjuntamente, devem traçar uma estratégia buscando tecnologias e ações para reduzir os impactos significativos, de forma a diminuir sua magnitude e sua importância. Por fim, as medidas de compensação ocorrem quando o impacto continua significativo mesmo com a mitigação, quando não é possível realizá-la por falta de tecnologia disponível ou então quando não é possível a recuperação. Em outros casos, a compensação pode ocorrer por meio de investimentos em Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos24 Avaliacao_de_Impactos_Ambientais_Book.indb 24 26/02/2018 16:48:13 meio ambiente com a instalação de equipamentos de controle de poluição para os órgãos ambientais, por exemplo. Segundo Struchel (2016), a Compensação Ambiental é um instrumento que visa garantir à sociedade um ressarcimento pelos danos causados à biodiversidade por empreendimentos de significativo impacto ambien- tal. Nesse contexto, pode ser considerado como uma forma de atenuar a socialização das externalidades negativas desses empreendimentos. O objetivo principal desse termo é promover um benefício ambiental em prol do impacto gerado, de modo que não deve ser visto como uma multa ou indenização. Em alguns casos, não é possível prevenir ou mitigar os impactos ambientais, assim, deve-se buscar alternativas em outras áreas ou pontos. Por exemplo, indústrias que tenham chaminés acabam emitindo poluentes atmosféricos e, como ainda não há tecnologias disponíveis no mercado que as tirem de linha, é preciso realizar a Com- pensação Ambiental. As indústrias podem realizar o plantio ou doar mudas de árvores ou, então, realizar o pagamento para órgãos ambientais, que investem na proteção de unidades de conservação (UC). As medidas de recuperação ambiental são uma obrigação civil que podem, ou não, vir acompanhadas de pena. Trata-se de fazer com que a área degradada seja recuperada e retorne na forma que estava antes da atividade ser iniciada ou, pelo menos, o mais próximo possível. A recu- peração ambiental é definida como a restituição de uma área degradada e seu respectivo ecossistema a uma condição mais próxima possível de sua condição original, mas que pode ser diferente da mesma. Existem vários modelos e técnicas para a recuperação de uma área degradada e sua escolha depende da situação de degradação da área e das condições de regeneração do ecossistema afetado. É por isso que há a necessidade, para cada caso, de um Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD) específico, conforme ressalta o ICMBIO (BRASIL, 2013). 25Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos Avaliacao_de_Impactos_Ambientais_Book.indb 25 26/02/2018 16:48:13 De nada adianta buscar soluções de controle, mitigação, compensação ou recuperação se não há um monitoramento dos mesmos. O monitoramento ambiental é um processo de coleta de dados,estudo e acompanhamento contínuo e sistemático das variáveis ambientais, com o objetivo de identificar e avaliar (qualitativa e quantitativamente) as condições dos recursos naturais em um determinado momento, assim como as tendências ao longo do tempo. As variáveis sociais, econômicas e institucionais também são incluídas nesse tipo de estudo, já que exercem influências sobre o meio ambiente (RAMOS; LUCHIARI JUNIOR, 2017). Esse monitoramento pode tanto ocorrer pelo órgão ambiental quanto pelo próprio empreendedor. O programa de monitoramento deve permitir o acompanhamento da implantação e operação de todas as medidas mitigadoras e compensatórias previstas, dentro do cronograma proposto, ficando automaticamente vinculado à licença prévia, de forma que a continuidade do processo de licenciamento permita a verificação da efetiva implementação das medidas propostas. Matriz de interação para AIA A matriz de interação, também conhecida como matriz de Leopold, é uma técnica que relaciona ações com fatores ambientais. Embora possa incorporar parâmetros de avaliação, é um método basicamente de identifi cação. O princípio básico da matriz de interação consiste em, primeiramente, assinalar todas as possíveis interações entre as ações e os fatores para, em seguida, estabele- cer, em uma escala variável, a magnitude e a importância de cada impacto, identifi cando, posteriormente, se o mesmo é positivo ou negativo. A seguir, calcula-se o índice global de impacto ambiental resultante do somatório de todos os fatores que compõem uma célula. Na prática, considera-se o conjunto de etapas que envolvem a implantação ou operação do empreendimento e todos os fatores que podem gerar mudanças ambientais, que são identificados e analisados. Na matriz de interação, faz-se, então, o cruzamento das ações do empreendimento com as variáveis do meio ambiente, gerando um conjunto de retículos que representam as possibilidades de ocorrência de impactos. O Quadro 3 apresenta os fatores considerados na Avaliação dos Impactos Ambientais na Matriz de Interação. Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos26 Avaliacao_de_Impactos_Ambientais_Book.indb 26 26/02/2018 16:48:13 Fonte: Adaptado de Sánchez (2013). M - Magnitude Pequeno (P) – 1 Médio (M) – 2 Grande (G) - 3 A - Amplitude Local (L) – 1 Regional (R) – 2 Estratégico (E) - 3 P – Prazo de efeito Curto Prazo (CP) – 1 Médio Prazo (MP) – 2 Longo Prazo (LP) - 3 T – Horizonte de tempo Temporário (T) – 1 Cíclico (C) – 2 Permanente (P) - 3 Quadro 3. Fatores para avaliação dos impactos ambientais. O somatório de todos os fatores compõe uma célula e, assim, determina-se o valor dessa célula. Para compreender melhor como ocorre a montagem da matriz de interação, apresenta-se um exemplo da matriz preenchida no Quadro 4. 27Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos Avaliacao_de_Impactos_Ambientais_Book.indb 27 26/02/2018 16:48:13 Co m po ne nt e am bi en ta l A R Á G U A SO LO AT IV ID A D ES Q ua nt id ad e/ co r Ru íd o Q ua lid ad e Se di m en to s/ as so re am en to Le nç ol fre át ic o Er os ão Es t. fís ic o Co m pa ct aç ão Co ns tr uç ão de e st ra da s e ac ei ro s 5 4 4 4 0 6 5 6 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 2 1 2 1 3 Ex pl or aç ão fl or es ta l Q ua dr o 4. E xe m pl o de P re en ch im en to d a M at riz d e In te ra çã o de A va lia çã o de Im pa ct os A m bi en ta is . Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos28 Avaliacao_de_Impactos_Ambientais_Book.indb 28 26/02/2018 16:48:13 1. Ao finalizar uma Avaliação de Impactos Ambientais, você identifica a necessidade de proposição de medidas mitigadoras. Como essas medidas podem ser caracterizadas? a) Medidas que compensam a perda de um bem (ou função) que será perdido em decorrência do projeto em análise. b) Medidas que têm a finalidade de realçar a magnitude ou a importância dos impactos benéficos. c) Medidas que reduzem a magnitude de impactos adversos. d) Medidas que têm a finalidade de ampliar os efeitos de um impacto negativo. e) Medidas que reduzem apenas a abrangência de um impacto. 2. O que uma Avaliação de Impactos Ambientais compreende? a) Exame das consequências futuras de uma ação presente ou proposta. b) Exame das medidas mitigadoras relacionadas a um determinado empreendimento. c) Exame das consequências já concretizadas relacionadas à implantação de um empreendimento. d) Avaliação de consequências negativas relacionadas à implantação de um empreendimento. e) Avaliação de consequências positivas relacionadas à implantação de um empreendimento. 3. O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) é: a) um relatório que não precisa ser elaborado caso o Estudo de Impacto Ambiental tenha sido disponibilizado. b) um relatório que adota uma linguagem extremamente técnica. c) um relatório que adota uma linguagem mais acessível. d) uma versão resumida do Estudo de Impacto Ambiental. e) um relatório que, caso entregue, desobriga o empreendedor a produzir um Estudo de Impacto Ambiental. 4. Um impacto ambiental é: a) um elemento das atividades, dos produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente. b) a introdução, no meio ambiente, de qualquer forma de matéria ou energia que possa afetar negativamente os seres vivos. c) algo que compensa a perda de um bem (ou função) que será perdido em decorrência do projeto em análise. d) uma alteração da qualidade ambiental que resulta da modificação de processos naturais ou sociais provocada por ação humana. e) um processo de exame das consequências futuras de uma 29Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos Avaliacao_de_Impactos_Ambientais_Book.indb 29 26/02/2018 16:48:17 ação presente ou proposta. 5. Uma matriz compreende um importante instrumento para a Avaliação de Impactos Ambientais. Nesse caso, uma matriz não correlacionará qual dos seguintes itens? a) Ações ou atividades do empreendimento. b) Componentes ou elementos ambientais. c) Aspectos ambientais. d) Impactos ambientais. e) Medidas compensatórias. BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P.; VIANA, V. J. Poluição ambiental e saúde pública. São Paulo: Érica, 2014. BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Brasília, DF, 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938. htm>. Acesso em: 20 dez. 2017. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Caderno de licenciamento ambiental. Brasília, DF: MMA, 2009. (Programa Nacional de Capacitação de Gestores Ambientais). BRASIL. Roteiro de apresentação para Plano de Recuperação de área Degradada (PRAD) Terrestre. Brasília, DF: ICMBio, 2013. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/parna- serradabocaina/images/stories/o_que_fazemos/gestao_e_manejo/Roteiro_PRAD_ versao_3.pdf>. Acesso em: 06 dez. 2017. CONAMA. Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Diário Oficial da União, Brasília, DF, sec. 1, p. 2548-2549, 17 fev. 1986. FIORILLO, C. A. P. Curso de direito ambiental. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. GESTÃO AMBIENTAL. Conheça as medidas de prevenção, mitigação e remediação ambiental. Mercado em Foco, Tubarão, 2017. Disponível em: <http://mercadoemfoco. unisul.br/conheca-as-medidas-de-prevencao-mitigacao-e-remediacao-ambiental/>. Acesso em: 08 dez. 2017. IBAMA. Manual de Recuperação de áreas degradadas pela mineração. Brasília, DF: IBAMA, 1990. 96p. Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos30 Cap_1_Avaliacao_de_Impactos_Ambientais.indd 30 28/02/2018 13:31:31 RAMOS, N. P.; LUCHIARI JUNIOR, A. Monitoramento ambiental. Ageitec - Agência Em- brapa de Informação Tecnológica, 2017. Disponível em: <http://www.agencia.cnptia. embrapa.br/gestor/cana-de-acucar/arvore/CONTAG01_73_711200516719.html>.Acesso em: 06 dez. 2017. SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2013. STRUCHEL, A. C. O. Licenciamento ambiental municipal. São Paulo: Oficina de Textos, 2016. TAVARES, S. R. L. Áreas degradadas: conceitos e caracterização do problema. In: TAVA- RES, S. R. L. et al. Curso de recuperação de áreas degradadas: a visão da ciência do solo no contexto do diagnóstico, manejo, indicadores de monitoramento e estratégias de recuperação. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2008. 228p. 31Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos Cap_1_Avaliacao_de_Impactos_Ambientais.indd 31 28/02/2018 13:31:31 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Avaliacao_de_Impactos_Ambientais_Book.indb 32 26/02/2018 16:48:19 Dica do professor No vídeo a seguir, faz-se uma contextualização relacionada aos principais conceitos presentes em processos de Avaliação de Impactos Ambientais. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/b126092093f696987d0938192d89ec64 Exercícios 1) Ao finalizar uma Avaliação de Impactos Ambientais, você identifica a necessidade de proposição de medidas mitigadoras. Como essas medidas podem ser caracterizadas? A) Medidas que compensam a perda de um bem (ou função) que será perdido em decorrência do projeto em análise. B) Medidas que possuem a finalidade de realçar a magnitude ou a importância dos impactos benéficos. C) Medidas que reduzem a magnitude de impactos adversos. D) Medidas que possuem a finalidade de ampliar os efeitos de um impacto negativo. E) Medidas que reduzem apenas a abrangência de um impacto. 2) O que Avaliação de Impactos Ambientais compreende? A) Exame das consequências futuras de uma ação presente ou proposta. B) Exame das medidas mitigadoras relacionadas a um determinado empreendimento. C) Exame das consequências já concretizadas relacionadas à implantação de um empreendimento. D) Avaliação de consequências negativas relacionadas à implantação de um empreendimento. E) Avaliação de consequências positivas relacionadas à implantação de um empreendimento. 3) O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) é: A) um relatório que não precisa ser elaborado caso o Estudo de Impacto Ambiental tenha sido disponibilizado. B) um relatório que adota uma linguagem extremamente técnica. C) um relatório que adota uma linguagem mais acessível. D) uma versão resumida do Estudo de Impacto Ambiental. E) um relatório que, caso entregue, desobriga o empreendedor a produzir um Estudo de Impacto Ambiental. 4) Um impacto ambiental é: A) elemento das atividades, produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente. B) introdução no meio ambiente de qualquer forma de matéria ou energia que possa afetar negativamente os seres vivos. C) algo que compensa a perda de um bem (ou função) que será perdido em decorrência do projeto em análise. D) uma alteração da qualidade ambiental que resulta da modificação de processos naturais ou sociais provocada por ação humana. E) processo de exame das consequências futuras de uma ação presente ou proposta. 5) Uma matriz compreende um importante instrumento para a Avaliação de Impactos Ambientais. Neste caso, uma matriz não correlacionará qual dos seguintes itens? A) Ações ou atividades do empreendimento. B) Componentes ou elementos ambientais. C) Aspectos ambientais. D) Impactos ambientais. E) Medidas compensatórias. Na prática Imagine-se atuando como gestor ambiental de uma empresa que pretende implantar uma nova fábrica. Neste momento, você deve iniciar um processo preliminar de avaliação de impactos ambientais, o qual gerará um relatório com informações que poderão subsidiar a decisão da diretoria em avançar com essa implantação. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: MMA - Ministério do Meio Ambiente. Resolução Conama 01/86. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. ROSA, André Henrique; FRACETO, Leonardo F.; MOSCHINI- CARLOS, Viviane. Meio ambiente e sustentabilidade. Porto Alegre: Bookman, 2012. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SOUZA, Carlo Leite de.; AWAD, Juliana di C. M. Cidades sustentáveis, cidades inteligentes: desenvolvimento sustentável num planeta urbano. Porto Alegre: Bookman, 2012. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! http://www2.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html
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