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Slides de Aula Unidade II

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Profa. Ma. Ana Lúcia Machado
UNIDADE II
Gêneros Textuais
 Gênero: tipos relativamente estáveis de enunciados, pois os gêneros têm uma historicidade e 
necessária imprecisão de suas características e fronteiras. 
 Gêneros combinam estabilidade e mudança; reiteração (à medida que aspectos da atividade 
recorrem) e abertura para o novo.
 “Se não existissem os gêneros do discurso e se não os dominássemos, se tivéssemos de 
criá-los pela primeira vez no processo da fala, se tivéssemos de construir cada um de nossos 
enunciados, a comunicação verbal seria quase impossível.” (BAKHTIN, 2000, p. 302)
Gênero e hipergênero
 Constituição do gênero na atividade interacional não é algo fixo. 
 É mutável e se molda à situação discursiva. 
 É um equilíbrio entre elementos recorrentes e difusos, podendo consolidar outro gênero.
Apresenta uma estrutura composicional, um tema e um estilo. Exemplos: 
1. Notícia: 
 Composição
 Tema
 Estilo
2. Poema
 Composição
 Tema
 Estilo
Gênero
 Duas formas: primários ou secundários. 
 Os primários: produzidos em situações espontâneas de comunicação. Os vários modos de 
produção do diálogo oral, por exemplo. 
 Os gêneros secundários surgem a partir dos primários. Aparecem no que Bakhtin chamou de 
forma de comunicação mais complexa e evoluída, manifestada numa (re)criação dos 
gêneros primários nos secundários, o que fica mais nítido na língua escrita. Um caso é a 
reprodução de um diálogo num romance. 
Gênero 
Conversas públicas 
Conversas telefônicas
Conversas espontâneas
Inquéritos
Reportagens ao vivo
Entrevistas – Debates
Noticiários
Relatos
Narrativas 
Piadas
Conferências
Discursos oficiais
Mais informal para o mais formal 
Gêneros orais
Inscrições em parede
Bilhetes – Cartas pessoais
Notícias
Formulários
Convocações
Anúncios
Narrativas
Atas
Divulgações científicas
Instruções, bulas, receitas
Artigos científicos
Leis
Mais informal para o mais formal
Gêneros escritos
 “Formata” um texto: não é um gênero de discurso, um dispositivo de comunicação sócio-
historicamente definido, mas um modo de organização textual que encontramos em tempos 
e em lugares muito variados, e no interior dos quais se podem desenvolver uma encenação 
do discurso muito variada.
 Hipergênero = “guarda-chuva”, pois integra outros gêneros, lidando com múltiplas 
linguagens. (BUNZEN; MENDONÇA, 2013, p. 10)
Hipergênero 
 Hipergênero: blog
Gêneros:
 Diários
 Resenha de livro
 Verbetes 
 Anúncios 
 Divulgação científica
 Poemas, contos...
Hipergênero e gêneros
Fonte: http://bestcoloringpages.com/small-umbrella-coloring-page_1d5771.html
 Hipergênero: história 
em quadrinhos ou 
quadrinhos (HQ)
 Gêneros: charge, 
cartum, caricatura, 
tira, mangá
Hipergênero e gêneros
Fonte: http://folha.com/opiniao
Fonte: https://br.pinterest.com/pin/ 
482025966354565469/
Fonte: https://memoriasdehokage.wordpress.com/ 
2010/03/06/a-mensagem/
Com base na diferença conceitual entre hipergênero e gênero, afirma-se:
I. E-mail, blog e HQ podem ser considerados um hipergênero por comportar diversos gêneros. 
II. Cartum e tirinha são gêneros pertencentes ao hipergênero HQ.
III. História em quadrinhos (ou HQ) é um gênero que integra palavras e imagens.
Está correto em: 
a) I e II.
b) III.
c) I e III.
d) I, II e III.
e) II.
Interatividade 
Resposta 
Com base na diferença conceitual entre hipergênero e gênero, afirma-se:
I. E-mail, blog e HQ podem ser considerados um hipergênero por comportar diversos gêneros. 
II. Cartum e tirinha são gêneros pertencentes ao hipergênero HQ.
III. História em quadrinhos (ou HQ) é um gênero que integra palavras e imagens.
Está correto em: 
a) I e II.
b) III.
c) I e III.
d) I, II e III.
e) II.
 Charge é um tipo de crítica com teor humorístico que aborda um fato ou acontecimento 
específico. É a reprodução de uma mídia gráfica que trata de um determinado ocorrido, sob 
a ótica do desenhista que a fez. A charge pode vir sintetizada num misto de imagem e 
palavra como complementos, ou somente por meio da imagem abarcando seu sentido total. 
Geralmente, aborda acontecimentos que estão em evidência no momento atual.
 O cartum é outro gênero textual e é atemporal, ou seja, não tem relação com nenhum 
acontecimento que esteja necessariamente em evidência, ou a alguma personalidade. Pode 
fazer referência a estes, mas não como meio de crítica ou divulgação, tal como a charge, no 
período de seu acontecimento. O intuito do cartum é conter um tipo e contexto de humor que 
seja universalmente compreendido.
Hipergênero HQ e seus gêneros
 Tira ou tirinha é o gênero propriamente dito das HQs. Ela se constitui de até quatro quadros, 
exibidos, geralmente, de forma paralela (um ao lado do outro), e a tirinha pode se 
apresentar: em sequência; por capítulos de narrativas maiores; ou fechada, em um episódio 
por dia, com começo, meio e fim. 
 É um gênero que se popularizou por causa do jornal, por meio do qual cativou um grande 
número de leitores por seu teor crítico e irônico. As tiras, afinal, podem tratar de questões 
fundamentais sobre a realidade em que estão inseridas. Ressaltamos que elas têm forte 
relação, embora nem sempre, e nem de forma obrigatória, com os acontecimentos vigentes.
Hipergênero HQ e seus gêneros
 Mangás são subdivididos em mangá infantil, mangá feminino, mangá jovem etc. 
 Mangás infantis, geralmente, com caráter pedagógico. Essa categoria de mangá abrange 
temas diversificados, tais como escolares, hobbies e autoajuda para leitores mirins. Na parte 
central do mangá, há a inserção de uma história em quadrinhos tratando sobre aventura, 
lendas antigas do país, histórias cômicas etc. Mesmo quando as histórias não estão 
diretamente ligadas ao campo didático, elas ainda passam ensinamento como datas 
comemorativas, língua e esporte.
Hipergênero HQ e seus gêneros
 Escolha do momento: quadrinista decide que momento é incluso na HQ e qual deixar de fora.
 Escolha do enquadramento: escolhe a distância e o ângulo para visualização dos momentos.
Linguagem da HQ
 Escolha das imagens: representa objetos, personagens e ambientes com clareza.
 Escolha das palavras: as palavras acrescentam informações valiosas e se ligam bem 
com as imagens.
 Escolha do fluxo: guia o leitor através e entre os quadrinhos na página ou tela.
Linguagem da HQ
Linguagem da HQ
 Enquadramento (plano) aberto  Ângulo superior
Fonte: 
http://www.stuartmc
millen.com/comics_
pt/ratolandia/
 Escolha da expressão fisionômica: 
expressão é bem definida
Linguagem da HQ 
Fonte: https://pro.iconosquare.com
SERIEDADE INDIGNAÇÃO RAIVA FÚRIA
DESDÉM AVERSÃO NOJO REPUGNÂNCIA
PREOCUPAÇÃO INQUIETAÇÃO MEDO TERROR
 Escolha da linguagem corporal: tem base mais situacional, afetada pelo terreno, pela 
direção, fonte do perigo etc.; pode expressar significados diversos.
Linguagem da HQ
Fonte: https://coachingsp.wordpress.com/
 Postura do herói (do Kazar): perceba como o sangue escorrendo da faca revela que ele já 
enfrentou outros vilões antes, e por estar sem nenhum arranhão mostra que ele conseguiu 
sair inteiro da batalha. Assim como a pose agachado e a expressão no seu rosto revelam a 
tensão que ele está sentindo ao encarar o inimigo que está à sua frente.
Linguagem corporal
Fonte: http://carlosrodriggs.blogspot.com/search?q=kazar
Os personagens podem ser fixos; há predomínio da sequência narrativa, com uso de diálogos; 
há tendência de criar um desfecho inesperado. Essas características são do gênero:
a) Tira.
b) Charge.
c) Cartum.
d) Mangá.
e) Caricatura.
Interatividade 
Resposta 
Os personagens podem ser fixos; há predomínio da sequência narrativa, com uso de diálogos; 
há tendência de criar um desfecho inesperado. Essas características são do gênero:
a) Tira.
b) Charge.
c) Cartum.
d) Mangá.
e)Caricatura.
Bakhtin formulou o conceito de cronotopo formado pelos radicais de origem grega:
 Cronos significa tempo; e topos, espaço. 
 Conceito de cronotopo e exotopia a partir do pensamento de Bakhtin, que fala da relação 
espaço x tempo. 
 Cronotopo: concebido no âmbito estrito do texto literário.
 Exotopia: refere-se à atividade criadora em geral – inicialmente à atividade estética e, mais 
tarde, à atividade da pesquisa em Ciências Humanas. 
 Gêneros: enraizados e legitimados pela sócio-história e definidos pelo tempo e pelo espaço 
social.
Cronotopo 
 Tempo e espaço narrativos são duas categorias que constituem uma unidade fundamental, 
exatamente como na percepção humana da realidade cotidiana. 
 As relações temporais e espaciais, conhecidas pelo termo “cronotopo”, equivalente à 
construção de mundo presente em todo texto narrativo, agregando combinações coerentes 
de indicadores espaciais e temporais. 
Cronotopo
 Os textos narrativos não são apenas compostos de uma sequência de eventos diegéticos e 
de atos de fala, mas também da construção de um mundo ficcional particular, ou cronotopo. 
 Bakhtin concebe tempo e espaço narrativos, remontando à ideia de que tempo e espaço são 
categorias em que os seres humanos percebem e estruturam o mundo circundante. 
 Essas categorias não constituem abstrações transcendentais, mas sim formas da realidade 
mais imediata.
 Bakhtin observa que o mundo físico e o mundo ficcional compartilham uma noção de tempo 
e espaço interligados, porque, em ambos os mundos, a cronologia não é separada dos 
acontecimentos, e vice-versa. 
Cronotopo
Em suma, cronotopo expressa a inseparabilidade do espaço e do tempo, e seu significado tem 
quatro níveis diferentes, sendo eles: 
 Significado na geração da narrativa do enredo, da trama;
 Significado representacional;
 Base para distinguir gêneros;
 Significado semântico.
Cronotopo 
 Contrariando a preferência arbitrária da cronologia linear, característica das teorias 
formalistas-estruturalistas da narrativa, a abordagem bakhtiniana da narrativa leva em 
consideração a determinação histórica dos princípios geradores de enredo. 
 É o tempo-espaço que define a distinção primordial entre o eu e o outro, definidos ao invocar 
em termos dados/criados.
 “Eu” e “outro” são os dois polos de todo diálogo. Quando você e eu nos encaramos, vejo 
coisas atrás de você que você não vê, e você vê coisas atrás de mim que não consigo ver. 
As coisas que não posso ver não são uma experiência externa como tal, elas estão 
simplesmente do lado de fora, elas “transgridem” os limites do que está à minha vista em 
dado momento. 
 No caso de trocarmos de posição, aquilo que a mim era 
invisível na posição anterior torna-se visível, ocorrendo a 
mesma coisa com o outro, quando faz o mesmo. 
Transgrediência é o nome do limite que, através da interação 
ou da mudança de lugar, pode ser superada, pode ser 
transgredida na experiência. 
Cronotopo
 Bakhtin acredita que conceitos abstratos de tempo criam a ilusão de que o passado sempre 
determina o presente. 
 A mente abstrata reconstrói o presente a partir de um conhecimento do passado, 
estabelecendo relações causais entre todas possibilidades e condições existentes 
no presente. 
 Já a experiência real seria o oposto: é o presente que redefine o passado com dados 
experienciais que podem ser reinterpretados. Sendo o momento existente uma 
reorganização virtual do passado, o tempo abstrato e o tempo concreto estão inter-
relacionados, da mesma forma que necessidade e liberdade. 
Cronotopo
 Espaço deixa de ser um mero pano de fundo e torna-se identificável numa era histórica 
particular, até um ponto que presente, passado e futuro estejam conectados por um genuíno 
processo de crescimento, o que significa que mudanças não sucedem de maneira arbitrária 
(não é simplesmente qualquer coisa que pode acontecer).
Cronotopo
 Dentro do paradigma realista, o mundo ficcional é concebido para ser percebido como uma 
construção imediatamente reconhecível ao leitor por sua semelhança próxima, ou seja, 
"documentária" com o mundo extraliterário. 
 Nesse caso, a estrutura narrativa permite descrições extensas de cenas cotidianas. 
Assumem-se que esses pressupostos descritivos se baseiam em todos os tipos de 
"documentos" culturais (por exemplo: políticos, econômicos, científicos, religiosos) e que 
estes funcionem como referências simbólicas dos processos históricos coletivos. 
 O termo parece ampliar o alcance da noção de ficção para não ficção. O cronotopo 
documentário pode estar, de fato, "em ação" em textos ficcionais e não ficcionais, como os 
historiográficos, por exemplo. 
Cronotopo documentário 
Sobre a concepção de cronotopo, pode-se afirmar que:
a) Tempo e espaço são elementos fixos na narrativa.
b) O espaço e o tempo são separados de maneira bem distinta na narrativa.
c) O espaço é o elemento responsável pela ordem interna das ações, enquanto o tempo 
trabalha com o exterior, por onde a ação perpassa. 
d) Em uma obra literária, as vozes são socialmente distintas, mas o espaço e o tempo são 
fixos e homogêneos. 
e) O espaço e o tempo são próprios de cada um, pois cada ser tem sua própria vivência e seu 
jeito único de conhecer e mostrar a vida.
Interatividade 
Resposta 
Sobre a concepção de cronotopo, pode-se afirmar que:
a) Tempo e espaço são elementos fixos na narrativa.
b) O espaço e o tempo são separados de maneira bem distinta na narrativa.
c) O espaço é o elemento responsável pela ordem interna das ações, enquanto o tempo 
trabalha com o exterior, por onde a ação perpassa. 
d) Em uma obra literária, as vozes são socialmente distintas, mas o espaço e o tempo são 
fixos e homogêneos. 
e) O espaço e o tempo são próprios de cada um, pois cada ser tem sua própria vivência e seu 
jeito único de conhecer e mostrar a vida.
 Autobiografia é um gênero textual que faz parte da esfera discursiva da literatura. 
 Chamada também de literatura confessional ou intimista, esse gênero pode ser descrito 
como relato retrospectivo em prosa que uma pessoa real faz de sua própria existência, 
pondo ênfase em sua vida individual e, em particular, na história de sua personalidade.
 As obras confessionais são normalmente separadas do campo de estudo da literatura por 
não serem consideradas fictícias, porém não existe literatura sem elementos da realidade. 
Assim, o gênero autobiografia não retrata fielmente qualquer realidade para a página escrita, 
portanto, é como qualquer discurso entrecortado de ficção. 
 Partindo do princípio de que o processo de relato (seja ele por 
meio da autobiografia, das memórias ou dos diários) envolve 
inevitavelmente uma parcela de criação, podemos perceber 
uma aproximação da autobiografia com a autobiografia 
estética, no que se refere ao fator criativo.
Aplicação do conceito de cronotopo (na literatura)
 Na primeira metade do século XX, escritores como Anaïs Nin, Proust, Joyce e Virginia Woolf 
inovaram ao transformarem fatos de suas vidas pessoais em ficção, tornando o que poderia 
ter sido uma simples ocorrência do cotidiano em um grande evento na ficção. 
 Nesse contexto, emergem as autobiografias estéticas, assim intituladas por mascararem 
fatos pessoais em relações poéticas, como uma representação do indivíduo, e não da 
personalidade. 
 O uso das memórias no desenvolvimento da ficção é essencial, pois, ao recriarem cenas de 
suas vidas, os autores manipulam a experiência, originando o processo criativo. 
 As obras de autobiografia estética, portanto, não contêm 
somente as experiências do autor, mas também sua visão e 
interpretação de tais experiências e, até mesmo, a 
representação delas de forma idealizada.
Aplicação do conceito de cronotopo (na literatura)
 O tempo, na ficção autobiográfica, apresenta-se de forma subjetiva e não é 
necessariamente cronológico. Existem apenas alguns lembretesde cronologia para dar 
contornos de realidade e autenticidade. 
 No tempo subjetivo, ocorrem as epifanias, que muitas vezes são desencadeadas por meio 
de objetos. 
 A experiência, o conteúdo da autobiografia estética, sempre se sobressai aos detalhes da 
narrativa e, assim, não a limita exageradamente, evitando o distanciamento do leitor em 
relação aos acontecimentos.
Aplicação do conceito de cronotopo (na literatura)
 Anaïs Nin define o verdadeiro método autobiográfico estético. A autora cria símbolos 
poéticos para transformar fatos da vida em metáforas e personalidades míticas. Transplanta 
as externalidades de sua vida em um mundo mais rico do interior e as transfigura, existindo 
um constante jogo de aproximação e distanciamento dos fatos no seu processo criativo. 
Em seu processo criativo, Anaïs escrevia por meio de quatro níveis de expressão:
1. Ajudava a criar fatos cintilantes;
2. Escrevia de forma transparente, fiel aos fatos, nos diários originais;
3. Editava os diários para publicação, modificando fatos e pessoas;
4. Transportava as armadilhas da vida para a permanência de sua arte.
Aplicação do conceito de cronotopo (na literatura)
 Anaïs Nin escreveu diários e neles o leitor encontra criatividade.
Nas obras essencialmente ficcionais, há sua vida mas com nomes trocados:
 No relato de Stella, o pai a julga baseando-se na aparência, no estético, o que indica sua 
superficialidade.
 Em Artifício: “O pai dissera uma vez que ela era feia. Dissera isso porque ela nascera cheia 
de vigor, com covinhas, rosada, transbordando de saúde e alegria. Mas, à idade de dois 
anos, quase morreu de febre. Perdeu o vigor de repente. Voltou à presença dele muito pálida 
e magra, e o esteta nele disse com frieza: ‘Como você está feia!’. Essa frase, ela jamais 
conseguiu esquecer. Levou toda uma vida para provar a si 
mesma o contrário. Toda uma vida para apagá-la. Foi preciso o 
amor de outros, a adoração dos pintores, para salvá-la de seus 
efeitos” (NIN, 1991, p. 78).
Aplicação do conceito de cronotopo (na literatura)
 Conforme a concepção de cronotopo, o tempo e o espaço narrativos são categorias que 
constituem uma unidade fundamental exatamente como na percepção da visão de mundo de 
um indivíduo e seu cotidiano. 
 Assim como nos textos autobiográficos de Nin, o “eu” que fala constrói um mundo narrativo, 
em que os indicadores temporais e espaciais colaboram na imagem externa do sujeito e 
reconhecem essa imagem como inseparável e irredutível ao indivíduo que ocupa espaço e 
se move no tempo.
Aplicação do conceito de cronotopo (na literatura)
 Para tratar dessa construção de mundo particular onde presente, passado e futuro se 
conectam, temos o cronotopo documentário.
 Seu principal aspecto reside particularmente no intrínseco do paradigma realista e o mundo 
ficcional, sendo concebido para ser percebido como uma construção imediatamente 
reconhecível ao leitor por sua semelhança com o mundo extraliterário. 
 Afinal, esse processo é baseado na visão de mundo da autora e também do leitor, definindo 
similaridades no que se refere ao tempo histórico e ao espaço social de um personagem 
individual ou da ação moral subliminarmente contida na obra literária. 
Aplicação do conceito de cronotopo (na literatura)
Leia sobre cronotopo e indique a resposta correta:
I. O cronotopo é um ponto de observação único, irrepetível no tempo, a partir do qual o 
sujeito observa o seu objeto. 
II. As categorias cronotópicas colaboram na imagem do homem em formação, e o tempo 
interioriza-se no sujeito modificando sua vida, seu destino e a si mesmo. 
III. As idades, as noites e os dias, o casamento, a gravidez, a maturidade, a velhice e a morte 
são todas representações profundamente cronotópicas.
a) I. 
b) I e III. 
c) II e III. 
d) I, II e III. 
e) III.
Interatividade 
Resposta 
Leia sobre cronotopo e indique a resposta correta:
I. O cronotopo é um ponto de observação único, irrepetível no tempo, a partir do qual o 
sujeito observa o seu objeto. 
II. As categorias cronotópicas colaboram na imagem do homem em formação, e o tempo 
interioriza-se no sujeito modificando sua vida, seu destino e a si mesmo. 
III. As idades, as noites e os dias, o casamento, a gravidez, a maturidade, a velhice e a morte 
são todas representações profundamente cronotópicas.
a) I. 
b) I e III. 
c) II e III. 
d) I, II e III. 
e) III.
 BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. 
 BUNZEN, C.; MENDONÇA, M. Múltiplas linguagens para o Ensino Médio. São Paulo: 
Parábola, 2013, p. 10.
 NALBANTIAN, S. Aesthetic autobiography: from life to art in Marcel Proust, James Joyce, 
Virginia Woolf and Anaïs Nin. 2. ed. New York: St. Martin’s Press, 1997. 
 NIN, A. A casa do incesto e outras histórias. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1991.
Referências
ATÉ A PRÓXIMA!

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