Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 DOENÇAS DA POLPA E DO PERIAPICE | RODRIGO C. LUEDY | ODONTOLOGIA UFBA DOENÇAS PULPARES E PERIAPICAIS . A correlação entre os sinais e sintomas clínicos e a histopatologia de uma determinada condição é um desafio. Classificações clínicas. • DOENÇAS PUL PARES: pulpite (reversível, irreversível e crônica hiperplásica. • NECROSE PUL PAR • DOENÇAS PERIAPICAIS: abcesso, granuloma periapical, cisto periapical, osteomielites PULPITE A polpa é um tecido conjuntivo vascularizado circundado por tecido mineralizado que confere proteção e suporte mecânico. Esse tecido mineralizado confere também uma resposta local alterada. As artérias e as veias penetram em cada raiz através de um conduto único. Através desse único conduto de uma parede mineralizada passa artéria que leva nutrientes e oxigênio e volta a veia trazendo gás carbônico e restos do material metabolizado. Dentre os fatores etiológicos e causais da pulpite estão associados: ORIGEM MECÂNICA: como o trauma, iatrogenia (que pode vim de procedimentos odontológicos), abrasão, atrição e alterações barométricas (de pressão). ORIGEM TÉRMICA: reações exotérmicas de materiais, por emissão de calor quando são preparados, polimentos pelo atrito e preparo cavitário. AGENTES QUÍMICOS: erosão e materiais odontológicos ácidos AGENTES BACTERIANOS: endotoxinas, disseminação vascular, efeito direto Todos esses agentes etiológicos vão gerar a inflamação, resposta de proteção aos agentes agressores. A POL PA CL INICAMENTE NORMAL é aquela que apresenta ausência de sinais ou sintomas associadas a qualquer situação e que vai responder de leve e transitória, em questão de segundos, aos testes de vitalidade. A pulpite reversível é representado pela doença cárie, mas não é um dano direto a polpa. Já na pulpite irreversível tem um dano direto ao tecido pulpar, embora não precise necessariamente ter exposição pulpar para se ter a pulpite irreversível. A necrose pulpar aparece com a câmara pulpar comprometida, polpa radicular, toda a extensão da polpa e até mesmo os tecidos periapicais. O diagnóstico da pulpite vai ser dado de acordo com o prognóstico da condição: reversível (quadro clínico que se consegue reverter ao estágio normal) ou irreversível (não tem como reverter o quadro clínico, com tratamento mais agressivo). REVERSÍVEL : alteração inflamatória da polpa, em fase inicial. Caracterizada por dor aguda de rápida reversão (a dor vem rápido e cessa rapidamente) estimulada por alimentos frios e doces. Ausência de mobilidade dentária Resposta ao teste de sensibilidade elétrica Secundária a cáries (distantes do tecido pulpar), traumatismos ou restaurações novas ou defeituosas, uma vez que se mexe em canalículos dentários, onde se passam os prolongamentos dos odontoblastos. O tratamento é feito através da remoção do agente irritante local, analgesia e acompanhamento clínico. IRREVERSÍVEL : alteração inflamatória da polpa, em fase irreversível. Condição em que se tem exposição da polpa ou não (camada de dentina tão pequena que os agentes agressores já penetraram no tecido pulpar e causaram uma inflamação). 2 DOENÇAS DA POLPA E DO PERIAPICE | RODRIGO C. LUEDY | ODONTOLOGIA UFBA Pode ser classificada em: SINTOMÁTICA: dor intermitente ou espontânea, mudanças de temperatura (frio e calor), dor intensa e prolongada, mesmo após a remoção do estímulo. Aguda ou intensa, localizada, difusa ou irradiada; ASSINTOMÁTICA: ausência de dor. Deixado sem tratamento, o dente torna-se sintomático ou a polpa torna-se necrótica. Pulsátil, excruciante, lancinante , continua e espontânea. Alivio com uso do frio. O tratamento é feito através da endodontia ou exodontia. PUL PITE IRREVERSÍVEL CRÔNICA HIPERPL ÁSICA Condição que tende a acometer crianças e adultos jovens, principalmente na região de molares, onde se tem um volume pulpar maior. Se existe um volume de tecido conjuntivo inflamado, existe uma tendencia de reparação. Produção de tecido de granulação formando lesão polipóide. É assintomática, por não conta da presença do tecido. Radiograficamente, é possível observar aumento do espaço do ligamento periodontal, destruição coronária com comprometimento da câmara pulpar (teto e assoalho). O tratamento pode ser endodôntico (remoção do tecido hiperplásico e posterior endodontia) ou exodontia. Vai depender do remanescente dental que pode sustentar uma reabilitação protética posterior. NECROSE PULPAR Morte da polpa dental. Caracterizada pela ausência de respostas aos testes de vitalidade. Pode haver escurecimento da coroa (associada ao crescimento microbiano no tecido) Em molares, condutos com respostas independentes. Evolução para lesões periapicais (perirradiculares) Tratamento endondôntico ou exodontia. DOENÇAS PERIAPICAIS Granuloma Periapical Cisto Radicular Abcesso Osteomielites GRANUL OMA PERIAPICAL É uma massa de tecido de granulação crônica ou agudamente inflamável no ápice de um dente desvitalizado. Não é um granuloma verdadeiro, são lesões dinâmicas justamente porque pode haver processos de reagudização, crescimento e evolução para cistos periapicais, em casos de não tratamento. CARACTERÍSTICAS CL ÍNICAS E RADIOGRÁFICAS: • Assintomático, mas pode ter dor caso agudize; • 75% das lesões inflamatórias periapicais e 50% deles não responderam a técnicas endodônticas conservadoras; • Achado radiográfico de rotina; • Áreas radiolúcida associadas a um dente (perda da lâmina dura periapical, bem circunscrita ou mal definida e pode ou não apresentar um halo radiopaco. Tratamento: endodontia, cirurgia paraendodôntica (curetagem do tecido mole perirradicular, amputação da porção apical da raiz, selamento do forame radicular) exodontia com curetagem periapical. CISTO RADICUL AR Corresponde a 7% a 54% das imagens radiolúcidas periapicais. Cápsula de tecido conjuntivo fibroso revestida por epitélio com um lúmen contendo líquido e restos celulares. Crescimento lento, normalmente assintomátic o, mas pode causar mobilidade e deslocamento de dentes quando assume tamanhos grandes. Radiograficamente, é possível observar perda da lâmina dura, imagem radiolúcida arredondada circundando o ápice do dente. É comum que se veja reabsorção radicular e que pode atingir grandes proporções. 3 DOENÇAS DA POLPA E DO PERIAPICE | RODRIGO C. LUEDY | ODONTOLOGIA UFBA CISTO RADICUL AR L ATERAL : O cisto radicular pode se apresentar lateral ao ápice dentário ou a raiz do dente. Isso acontece por conta dos canais laterais que alguns dentes podem apresentar. Radiograficamente, observa-se uma imagem radiolúcida discreta ao longo da porção lateral da raiz. Pode ou não haver perda da lâmina dura e pode estar associada a doença periodontal ou necrose pulpar com disseminação através de um forame lateral ou conduto lateralizado. CISTO PERIAPICAL RESIDUAL : permanência do tecido inflamatório periapical que não foi curetado quando houve a exodontia da unidade. Imagem radiolúcida de forma circula e oval. Pode haver calcificação distrófica. O TRATAMENTO do cisto radicular é feito através de: • Endodontia • Cirurgia paraendodôntica Curetagem do tecido mole perirradicular Amputação da porção apical da raiz Selamento do forame radicular • Exodontia com curetagem periapical. ABSCESSO É o acumulo de células inflamatórias agudas (neutrófilos) no ápice deum dente não vital. CARACTERÍSTICAS CL ÍNICAS E RADIOGRÁFICAS: • Acúmulo de pus • Nos estágios iniciais o paciente tende a evoluir com sensibilidade local • À medida que o tempo vai passando a dor vai se tornando intensa, espontânea, pulsátil, lancinante e localizada • Sensibilidade extrema á percussão que vai favorecer a extrusão do dente • Tumefação • Pode evoluir para sintomas sistémicos de cefaleia, mal-estar, febre e calafrios Radiograficamente, apresenta um espessamento do ligamento periodontal apical e image m radiolúcida mal definida. QUAL É O G R ANDE R IS CO AS S OCIADO AO AB S CES S O? A coleção purulenta tende a procurar um local para extravasar, sair da região de tecido duro e procurar um contato com o meio externo. Vai procurar ocupar os espaços faciais que estejam mais próximos, uma via de drenagem. Por isso é possível observar o aumento de volume difuso e grande. A coleção purulenta sempre vai buscar área de menor resistência do tecido duro. De acordo com a inclinação e posicionamento dos dentes e da região onde se encontra, a menor resistência é onde vai romper a barreira para que haja a possível drenagem. Muitas vezes na região lingual ou vestibular. Na arcada superior, os dentes estarão próximos de estruturas importantes como a cavidade orbitária, seios faciais e na região mandibular, próximos a região de pescoço. Aumento de volume eritematoso e formação de fístulas. Em algumas situações de abscesso, a via de drenagem pode vim a gerar uma situação de formação de um tecido chamado de parúlide, denominado de fístula. O TRATAMENTO do abscesso vai estar sempre associado a drenagem e eliminação do foco de infecção, drenagem intra-canal ou através de incisão cirúrgica (em situações extremas, torna-se mandatória por conta do risco de morte e toxemia do paciente). Possibilidade de exodontia em casos de Angina de Ludwig, abscessos extremamente grandes com risco de morte. A cobertura antibiótica deve ser avaliada. OSTEOMIEL ITES Processo inflamatório nos espaços medulares ou nas superfícies corticais do osso que se estende além do sitio inicial de envolvimento. Extensão que vai além do foco inicial. Podem ser classificadas em supurativas (aguda ou crônica) ou difusa (periostite proliferativa ou esclerosante focal) OSTEOMIEL ITE SUPURATIVA: paciente que tem uma condição normalmente de imunocomprometimento, sistema imunológico deficiente associado a doenças crônicas como diabetes, câncer e comprometimento vascular. 4 DOENÇAS DA POLPA E DO PERIAPICE | RODRIGO C. LUEDY | ODONTOLOGIA UFBA AGU DA: processo inflamatório nos espaços medulares. Tem uma natureza infecciosa por estafilococus ou estreptococos e tendem a vir como uma evolução de um abcesso periapical. A mandíbula é mais afetada por ser um osso mais compacto e com vascularização menos abundante. CRONICA: sequela de osteomielite aguda ou reação inflamatória de baixa intensidade e longa duração que esteja agredindo o osso permanentemente. CARACTERÍSTICAS CL ÍNICAS E RADIOGRÁFICAS: Febre, linfadenopatia, leucocitose, tumefação local, dor, drenagem de secreção purulenta, radiolucidez mal definida inespecífica e presença de sequestro ósseo. O TRATAMENTO da osteomielite aguda é feito através da drenagem e antibioticoterapia. Já na crônica, debridamento cirúrgico e antibioticoterapia. OSTEOMIEL ITE COM PERIOSTITE PROL IFERATIVA : reação do periósteo á presença do processo inflamatório. O periósteo forma fileiras de osso vital reacional, paralelamente umas às outras, expandindo a superfície do osso afetado. • Comum em crianças e adultos jovens • Secundário a cárie, fraturas, doença periodontal • Prés e molares inferiores • Margem inferior ou vestibular da mandíbula Radiograficamente, é observado laminações ósseas radiopacas paralelas umas ás outras e á superfície cortical subjacente, além de separações radiolúcidas entre o osso neoformado e a cortical original. O TRATAMENTO é feito através de endodontia, exodontia com curetagem periapical e acompanhamento da consolidação óssea.
Compartilhar