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FICHAMENTO : “CINCO NOTAS A PROPÓSITO DA QUESTÃO SOCIAL” 
(José Paulo Netto) 
- A atualidade da “questão social” se põe tanto para os A.S. de campo, quanto para os da 
academia que se ocupam com a formação das novas gerações profissionais e com a 
investigação da realidade social. 
- (...) algumas determinações teóricas e históricas acerca da “questão social”, no marco da 
tradição marxista. 
1* A expressão “questão social” tem história recente (...), ela surge para dar conta do 
fenômeno do pauperismo, (...) impactos da primeira onda industrializante iniciada da 
Inglaterra no último quartel do séc. XVIII.(...) A pauperização massiva da classe trabalhadora 
constitui o aspecto mais imediato da instauração do capitalismo em seu estágio industrial-
concorrencial. “ a pobreza crescia na razão direta em que aumentava a capacidade social de 
produzir riquezas.” (...) Foi a partir da perspectiva efetiva de uma eversão da ordem burguesa 
que o pauperismo designou-se como “questão social”. 
2* A partir da segunda metade do século XIX , a expressão “questão social” (...) desliza para o 
vocabulário próprio do pensamento conservador. O divisor de águas é a Revolução de 1848. 
De um lado os eventos de 1848, cerrando o ciclo progressista da ação de classe burguesa, 
impedem, a partir de então, aos intelectuais a ela vinculados a compreensão dos nexos entre 
economia e sociedade. Posta em primeiro lugar, a manutençãoe a defesa da ordem burguesa, 
a “questão social” perde sua estrutura histórica determinada e é crescentemente naturalizada, 
tanto no âmbito do pensamento conservador laico quanto no conservador. 
- Pensamento conservador laico -> as manifestações imediatas da “questão social” 
(desigualdade, desemprego, fome, doenças, penúria, desamparo,etc.) são vistos como 
desdobramentos da sociedade moderna, que podem no máximo ser objeto de uma 
intervenção política limitada, capaz de amenizá-la e reduzí-las através de um ideário 
reformista. 
- Pensamento conservador confessional -> se reconhece a gravitação da questão social e se 
apela para medidas sócio-políticas para diminuir os seus agravantes, insiste em que somente a 
sua exacerbação contraria a vontade divina. 
Em ambos os casos, o enfrentamento das suas manifestações deve ser função de uma reforma 
que preserve, antes de tudo, a propriedade privada dos meus de produção.(...) é 
expressamente desvinculado de qualquer medida tendente a problematizar a ordem 
econômico-social estabelecida; trata-se de combater as manifestações da questão social sem 
tocar nos fundamentos da sociedade burguesa.(...) Uma das resultantes de 1848 foi a 
passagem, em nível histórico-universal, do proletariado da condição de classe em si a classe 
para si. As vanguardas trabalhadoras acederam, no seu processo de luta, à consciência política 
de que a “questão social” está necessariamente colada à sociedade burguesa: somente a 
supressão desta conduz à supressão daquela. A partir daí, o pensamento revolucionário 
passou a identificar o traço conservador na expressão “questão social” e passou a emprega-la 
indicando esse traço mistificador. 
3* Mas consciência política não é o mesmo que compreensão teórica. (...) Nas vésperas da 
eclosão de 1848, K. Marx avançava no rumo daquela compreensão (...) a “questão social” é 
constitutiva do desenvolvimento do capitalismo. A análise de conjunto que Marx oferece n,O 
capital revela que a “questão social” está determinada pela exploração (relação 
capital/trabalho). A análise marxiana distingui a “questão social” das expressões sociais 
derivadas da escassez nas sociedades que precederam a ordem burguesa (...) as desigualdades 
decorriam de uma escassez que o baixo nível de desenvolvimento das forças produtivas não 
podia suprimir. (...) A “questão social” nessa perspectiva teórico –analítica, não tem a ver com 
o desdobramento de problemas sociais que a ordem burguesa herdou ou com traços 
invariáveis da sociedade humana; tem a ver, exclusivamente, com a sociabilidade erguida sob 
o comando do capital. 
4* Na sequência da segunda guerra Mundial, e no processo de reconstrução econômica e 
social que então teve curso, especialmente na Europa Ocidental, o capitalismo experimentou “ 
as 3 décadas gloriosas”, mesmo sem erradicar suas crises periódicas, o regime do capital viveu 
uma larga conjuntura de crescimento econômico. (...) A primeira metade dos anos 60 assistiu o 
chamado Terceiro Mundo – sociedade do consumo. A construção do Welfare State na Europa 
nórdica e em alguns países da Europa Ocidental, bem como o dinamismo da economia norte-
americana pareciam remeter para o passado a “questão social” e suas manifestações. Apenas 
os marxistas insistiam em assinalar que as melhorias no conjunto das condições de vida das 
massas trabalhadoras não alteravam a essência exploradora do capitalismo. Na entrada dos 
anos 70, esgotou-se a onda expansiva da dinâmica capitalista. À redução das taxas de lucro, 
condicionadas também pelo ascenso do movimento operário – o capital respondeu com uma 
ofensiva política e econômica – GLOBALIZAÇÃO + NEOLIBERALISMO veio para mostrar aos 
ingênuos que o capital não tem nenhum “compromisso social”. (...) e a intelectualidade 
acadêmica descobriu a “nova pobreza”, “os excluídos” – a “nova questão social”. 
5* A tese aqui sustentada é a de que inexiste qualquer “nova questão social”. (...) a 
emergência de novas expressões da “questão social” que é insuprimível sem a supressão da 
ordem do capital. (...) A caracterização da “questão social” em suas manifestações já 
conhecidas e em suas expressões novas temd e considerar as particularidades histórico – 
culturais e nacionais. Não há nenhuma garantia abstrata de que o comunismo venha a 
substituir a ordem do capital. Não há garantias prévias da derrota da barbárie – e, por isto 
mesmo, o futuro permanece aberto. (...) A possível derrota do capital, em condições tais em 
que se suprima a escassez, determinará a superação da “questão social”. (...) Sem a questão 
social não há Serviço Social, sem ela não há sentido para essa profissão. O objetivo histórico da 
sua superação passa, ainda e necessariamente, pelo desenvolvimento das suas 
potencialidades. Ainda está longe o futuro em que esta profissão vai se esgotar, pelo próprio 
exaurimento do seu objeto.

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