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29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 1/61 Fratura por fadiga Prof. Julio Cesar Descrição Discussão dos principais aspectos da fratura por fadiga: mecanismos e superfície de fratura por fadiga, além do estudo dos regimes e modelos de fadiga, enfatizando-se a curva de Wöhler, bem como a aplicação da mecânica da fratura na fadiga. Propósito A fratura por fadiga corresponde a uma das principais causas de falha em estruturas e componentes de um sistema mecânico. O entendimento dos mecanismos dessa fratura é de fundamental importância para o futuro profissional, pois tanto no dimensionamento como na manutenção o engenheiro deve considerar o fenômeno da fadiga. A partir da curva de Wöhler, a vida infinita, a vida finita e o limite de resistência à fadiga são definidos. Preparação Antes de iniciar o conteúdo, faça o download do Solucionário. Nele você encontrará o feedback das atividades. Certifique-se de ter acesso à calculadora científica a fim de repetir os cálculos apresentados e resolver os problemas propostos ao longo dos módulos. https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/docs/solucionario_fratura_por_fadiga.pdf 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 2/61 Objetivos Módulo 1 Mecanismo da fadiga dos materiais Descrever o mecanismo da fadiga de materiais. Módulo 2 Modelos de falha por fadiga Reconhecer os modelos de falha por fadiga. Módulo 3 Modelo tensão – número de ciclos – curva de Wöhler Reconhecer o modelo tensão-número de ciclos – curva de Wöhler. Módulo 4 Aplicação da mecânica da fratura na fadiga Descrever a aplicação da mecânica da fratura na fadiga. 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 3/61 Introdução Conhecendo a fratura por fadiga. Neste vídeo, o especialista aborda os principais conceitos e aspectos sobre a fratura por fadiga. Vamos lá! 1 - Mecanismo da fadiga dos materiais Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever o mecanismo da fadiga de materiais. Vamos começar! 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 4/61 Entendendo o mecanismo da fadiga dos materiais Neste vídeo, o especialista aborda os principais conceitos e aspectos que devem ser observados durante a leitura deste módulo. Vamos lá! Aspectos gerais de fadiga O fenômeno da fadiga encontra-se muito presente em vários componentes ou estruturas na engenharia. A fratura decorrente do fenômeno responde por cerca de 90% das falhas na engenharia. Tipicamente, um material estará sujeito à fadiga quando sob carregamento repetitivo (carregamentos e descarregamentos, variações na temperatura e vibrações). É um processo que causa falha prematura ou dano permanente a um componente sob tensões a níveis inferiores aos determinados em ensaios estáticos padrão, como o de tração uniaxial, o de compressão e o de torção. As próximas imagens apresentam exemplos típicos de estruturas sujeitas à fadiga. 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 5/61 Amortecimento Nessa imagem, tem-se o sistema de amortecimento de um automóvel. Avião Aqui tem-se o clássico exemplo do avião (pressurização e despressurização, vibrações durante o voo etc.). A fuselagem do avião está submetida a várias compressões e descompressões que “funcionam” como carregamentos cíclicos. A asa do avião, em voo, está sob constante oscilação. Nos projetos aeronáuticos, as trincas são rigorosamente acompanhadas para garantir que o tamanho crítico não seja excedido e, consequentemente, a falha catastrófica não ocorra. A próxima imagem é clássica na literatura e apresenta a falha estrutural por ação da fadiga (ciclos de compressão e descompressão) na fuselagem de um avião comercial. Cabe ressaltar que a fratura por fadiga é catastrófica (instável). 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 6/61 Fratura por fadiga em avião comercial. Essa falha ocorre após certo tempo de uso do componente, denominado número de ciclos. Existem ligas metálicas, os ferrosos em geral, ligas de titânio e de molibdênio, em que existe o limite de resistência à fadiga Assim, para valores de tensão inferiores a o componente desses materiais não sofrem fratura por fadiga. É a chamada vida infinita. Contudo, os não ferrosos, alumínio e cobre não possuem . Dessa forma, os componentes desses materiais devem ser projetados para determinado número de ciclos – vida infinita. Atenção! A fratura por fadiga tem duas etapas: a nucleação e a propagação de trincas. As duas têm ciclos de carregamento mecânico. Logo, o número total de ciclos é a soma dos ciclos de cada etapa. Curva tensão versus número de ciclos O ensaio de fadiga apresenta como resposta a curva tensão versus número de ciclos. Alguns materiais (ferrosos, titânio etc.) apresentam um limite de resistência à fadiga que, no gráfico, apresenta-se como um patamar horizontal. Nesse caso, a vida em fadiga é denominada infinita. Em outra classe de materiais, como alguns não ferrosos, a vida em fadiga é limitada. No gráfico tensão versus número de ciclo, não existe o patamar horizontal. As imagens a seguir apresentam os gráficos para as duas situações descritas. σRf . σRf , σRf 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 7/61 Curvas tensão versus N - infinita em fadiga. Curvas tensão versus N – vidas finita. A partir da primeira imagem é possível inferir que, para tensões inferiores ao limite de resistência à fadiga a peça não falhará por fadiga; ou seja, para um número infinito de ciclos ainda permanecerá íntegra. No caso da segunda imagem, o projeto é para vida finita. Determina-se o número de ciclos para a vida e encontra-se a tensão máxima a ser utilizada. Estágios da fadiga Ciclamento de tensões Inicialmente, deve-se ter em mente que o fenômeno da fadiga está diretamente associado a carregamentos cíclicos. A próxima imagem apresenta três tipos de tensões cíclicas na fadiga, típicas de carregamentos dinâmicos. Em regra, as variações das tensões são oriundas dos seguintes efeitos sob uma peça/componente: tração-compressão, torção e flexão com rotação. σRf , 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 8/61 Ciclo de tensões na fadiga - Tensão alternada (ideal). Ciclo de tensões na fadiga - Tensão flutuante. Ciclo de tensões na fadiga - Tensão irregular (vibrações complexas). A partir da observação da imagem “Tensão alternada (ideal)”, a forma da curva é de uma senoide, tipicamente associada a eixos de motores submetidos à flexão. Com a rotação do eixo, as tensões trativas e compressivas se alternam, originando um gráfico com o aspecto mostrado na imagem “Tensão alternada (ideal)”. Na imagem “Tensão flutuante”, ocorre uma translação da curva apresentada na primeira das imagens. Na imagem “Tensão irregular (vibrações complexas)” a tensão continua a ter oscilações, mas de maneira irregular. 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 9/61 A próxima imagem apresenta os três efeitos (tração- compressão, torção e flexão com rotação), citados anteriormente, sobre um corpo de prova em ensaio de fadiga. Corpos de prova em três variações do ensaio de fadiga. A imagem a seguir apresenta alguns gráficos tensão versus tempo para alguns componentes comuns na engenharia: a mola de suspensão, o eixo do motor elétrico, o motor à reação etc. Observe que, em todos, as tensões variam, mas as formas das curvas são distintas. Ciclos de tensões em componentes mecânico comuns, sob fadiga. Durante o ciclamento a que a peça está submetida, trincassão nucleadas e, posteriormente, iniciam sua propagação devido ao seu crescimento (ação das tensões trativas). Por fim, a seção reta está muito diminuída e, sem aviso prévio, ocorre a fratura por fadiga, de maneira instável e catastrófica. Nucleação das trincas por fadiga de tensões O primeiro estágio do fenômeno da fadiga é a nucleação de trincas que pode ocorrer em descontinuidades geométricas de uma peça para sua funcionalidade, como rasgos, chavetas, reduções de seções, furos etc. Também são potenciais nucleadores de trincas as inclusões, os defeitos no processo de solidificação de uma peça etc. Na próxima imagem, alguns dos principais potenciais nucleadores de trincas de fadiga são apresentados. 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 10/61 Nucleação de trincas por fadiga. Crescimento das trincas Uma vez nucleada a trinca e, sob a ação de tensões clínicas, ocorre a propagação (crescimento da trinca). Conforme afirmam Garcia, Spim e Santos (2017), mesmo quando a tensão nominal encontra-se abaixo do limite elástico (ensaio de tração), a concentração de tensões pelas imperfeições do material promove um aumento localizado da tensão, favorecendo o crescimento das trincas. Por fim, de forma inesperada, ocorre a fratura catastrófica por fadiga. A próxima imagem apresenta, esquematicamente algumas possibilidades de avanço de trinca por fadiga. É possível perceber na próxima imagem o gráfico tensão versus tempo e algumas tensões (compressivas e trativas) destacadas Inicialmente, ocorrem as tensões trativas que deslizam os planos, ocorrendo a deformação plástica que promove um arredondamento da ponta da trinca (veja no gráfico da próxima imagem). Nesse primeiro estágio, ocorreu um crescimento da trinca de comprimento Na segunda etapa, as tensões atuantes são compressivas, tornando a região à frente da trinca aguda, concentrando a tensão e permitindo novo incremento à trinca. Essa sequência cíclica que promove a propagação da trinca por fadiga tem uma característica peculiar: as marcas de estrias, visíveis por meio de microscopia eletrônica. σA,σB … ,σF . Δa a. Δa 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 11/61 Propagação de trincas por fadiga – esquema. Aspectos da superfície de fratura por fadiga Alguns aspectos macroscópicos e microscópicos da fratura, decorrentes do fenômeno de fadigas, são bens específicos e auxiliam o engenheiro no estudo da causa de falha de um componente e/ou estrutura. A seguir serão apresentadas duas características importantes para a fractografia de falhas por fadiga, sendo uma macroscópica e a outra microscópica. Marcas de praia Também conhecidas como beach lines, recebem esse nome pela similaridade das marcas que as ondas deixam na areia das praias. São macroestruturas e, portanto, vistas a olho nu, ou com lupas, ou com o auxílio de estereoscópios de pequenas magnificâncias. De maneira geral, as marcas de praia indicam o avanço da fratura por fadiga. Estão associadas a alterações no ciclo de tensões atuantes (intensidade ou frequência). Essas marcas apresentam-se como arcos voltados para a origem da fratura. A próxima imagem apresenta, de maneira esquemática, a superfície de fratura de um componente cuja causa da falha seja a fratura por fadiga. É possível identificar três regiões nessa imagem: a da 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 12/61 nucleação da trinca, a da propagação estável da trinca (crescimento) e a da região de propagação instável da trinca (catastrófica). Etapas da fratura por fadiga. A próxima imagem é a superfície de fratura por fadiga de um componente, em que as etapas da fratura podem ser observadas. Na parte superior, é nucleada uma trinca que se propaga de maneira lenta (região branca e lisa). A falha instável, em que o crescimento da trinca é rápido, ocorre na região que se apresenta fibrosa e opaca. É possível fazer uma comparação com a representação esquemática da imagem anterior. Superfície de fratura por fadiga e seus estágios. 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 13/61 Estrias de fadiga São microestruturas que só podem ser visualizadas com o auxílio de microscópios eletrônicos de varredura (MEV) ou de transmissão (MET). Em uma marca de praia, existem centenas ou milhares de estrias que indicam com precisão o avanço da trinca devido ao fenômeno da fadiga. A trinca por fadiga avança ciclicamente e, a cada abertura e fechamento da ponta da trinca, uma marca é deixada na superfície de fratura – as estrias de fadiga. A imagem a seguir apresenta um esboço da formação das estrias. Observe o nível de tensões associado, bem como a direção de propagação da trinca. Formação das estrias na fadiga. A seguir, é possível observar a imagem de um MEV aumentada mil vezes. Podemos ver a superfície de fratura por fadiga e as estrias, características desse tipo de fratura. 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 14/61 Estrias na fadiga – MEV. Tipos de fadiga O fenômeno da fadiga é, de acordo com a American Society for Testing and Materials (ASTM), um processo progressivo e localizado de modificações estruturais permanentes ocorridas em um material submetido a condições que produzam tensões e deformações cíclicas, que podem culminar em trincas ou fraturas após um número de ciclos. Didaticamente, a fadiga pode ser dividida em três tipos, como veremos a seguir. Os componentes estão submetidos a esforços de contato em rolamento que podem ocorrer com ou sem escorregamento. Cabe ressaltar a tensão de cisalhamento máxima. Fadiga de contato Fadiga por fretting 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 15/61 Aqui a fadiga ocorre em componentes em contato em que existe o movimento relativo. Esse movimento não deveria existir, mas acaba ocorrendo por falhas na montagem, vibrações etc., desgastando uma ou ambas as superfícies. A fadiga por freeting pode ocorrer como descrita ou adicionando-se um ambiente corrosivo. É a denominada fretting corrosion. Ocorre pelo conjunto de fatores: ciclamento da temperatura e restrição à expansão ou à contração decorrente da variação da temperatura. As restrições impostas levam a regiões de deformação plástica, culminando com a fadiga térmica. A fadiga térmica (variação de temperatura e restrições à expansão ou contração) não deve ser confundida com o que a literatura denomina fadiga por fluência. Nesse caso, ocorre a temperaturas altas, mas sem que ocorram mudanças na temperatura propriamente dita. Fatores que in�uenciam a vida em fadiga Um componente sob fadiga (tensões cíclicas), na fase de crescimento estável da trinca, permite o acompanhamento para se evitar a falha catastrófica do componente. O número total de ciclos, antes da fratura por fadiga, denomina-se vida em fadiga de uma peça (N). Nessa contagem, levam-se em consideração o número de ciclos (N1) para a nucleação da trinca (estágio 1 da fadiga) e o número de ciclos (N2) envolvidos na propagação da trinca (estágio 2 da fadiga). Assim: Existem alguns fatores que podem afetar a vida em fadiga de um componente, como veremos a seguir. Fadiga térmica N = N1 + N2 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 16/61 Tensão média (σm) A tensão média é definida como a média aritmética entre a tensão máxima ( e a tensão mínima ( atuantes no ciclo de tensões, no fenômeno da fadiga, ou seja, O aumento da tensão média diminui a vida em fadiga, conforme mostra o gráfico da imagem a seguir. Influência da tensão média na vida em fadiga. Concentradores de tensão Muitas trincas nucleadasna fadiga são superficiais e estão associadas à intensificação de tensões em descontinuidades geométricas. A próxima imagem apresenta um eixo com redução de seção reta. Na situação (a), a redução é abrupta, mostrada pelo ângulo de 90°, enquanto na situação (b) há um adoçamento. Dessa forma, é possível diminuir o valor do fator de concentração de tensões, diminuindo também a probabilidade da nucleação da trinca, ou seja, o estágio inicial da falha por fadiga. Concentradores de tensões e a vida em fadiga. Acabamento super�cial σmáx ) σmin) σm = σmaxx+σmin 2 . 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 17/61 O acabamento superficial de uma peça tem influência em sua vida em fadiga. Os processos de fabricação das peças, como a usinagem, deixam riscos que potencializam a nucleação de trincas. Exemplo Por exemplo, um polimento ao final do processo de fabricação aumenta o limite de fadiga da peça. Como afirma Souza (2019), para um aço carbono (0,4%C) esse limite é aumentado em pouco mais de 20% quando o acabamento é de alto polimento em relação a um torneamento grosseiro. Introdução de tensões compressivas A vida em fadiga pode ser aumentada pela introdução de tensões residuais compressivas. Um método é o de jateamento mecânico (shot peening), que provoca deformações plásticas superficiais, dificultando a propagação de trincas. Outra técnica utilizada é a de tratamentos termoquímicos de carbonetação (introdução, por meio de difusão de carbono na superfície da peça) ou de nitretação (introdução, via difusão, de nitrogênio na superfície da peça). A imagem a seguir apresenta curvas de tensão versus número de ciclos para aços sem e com tratamento de jateamento da superfície. Note o aumento do limite de resistência à fadiga. Tratamento de jateamento e influência na falha por fadiga. 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 18/61 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (Ano: 2021 – Prova: CIAAR – Aeronáutica – Oficial – Área Engenharia Mecânica – adaptada). Existem condições de trabalho em que as tensões variam com o tempo ou flutuam entre 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 19/61 determinados níveis. Para esses casos, o material pode falhar por fadiga. Sobre a fadiga são feitas as afirmações a seguir. I. A fratura por fadiga não ocorre se o carregamento for estático. II. A fratura por fadiga pode ocorrer para tensões abaixo do limite de resistência do material. III. A fratura por fadiga ocorre se o ciclo de carga envolver somente cargas abaixo do limite de escoamento do material. Agora assinale a alternativa correta. Parabéns! A alternativa D está correta. O fenômeno da fadiga está diretamente ligado ao carregamento cíclico de um componente/estrutura, portanto, a falha por fadiga, quando ocorre, necessariamente está ligada a ciclos de tensões e não a cargas estáticas. Em geral, a fratura por fadiga ocorre abaixo do limite de resistência do material, determinado por ensaios estáticos, como o de tração uniaxial. Aumentando-se a tensão média do ciclo de cargas, diminui-se a vida em fadiga. Dessa forma, a ocorrência independe do valor da tensão-limite de escoamento. Questão 2 (Centro de Instrução e Adaptação – CIAAR - Aeronáutica - Oficial - Área Engenharia Metalúrgica – 2021 – adaptada). Em fadiga, “qualquer canto vivo ou ângulo na superfície de um objeto que sofre tensões repetidas é um ponto potencialmente perigoso para a A Apenas a afirmativa I. B Apenas a afirmativa II. C Apenas a afirmativa III. D As afirmativas I e II. E As afirmativas II e III. 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 20/61 ocorrência de falha de fadiga, especialmente se o canto vivo se situar em uma região do metal submetida à tração cíclica. Um exemplo bem conhecido de falha de fadiga é o caso de turbinas de avião, cujas lâminas tinham estampado o nome do fabricante”. (Fonte: ROBERT, E. Princípios de Metalurgia Física. Reed-Hill, 1982) Considerando que a fadiga é importante para o setor aeronáutico, por que as lâminas falharam? Parabéns! A alternativa A está correta. Os estágios da fratura por fadiga envolvem a nucleação de uma trinca, em geral na superfície, o crescimento da trinca (propagação) e a falha catastrófica. Concentradores de tensões aumentam localmente a tensão aplicada, o que aumenta a probabilidade da nucleação de trincas. No caso concreto apresentado, a A O crescimento da trinca nos entalhes proporcionou um aumento da tensão na sua seção resistente restante com o avanço catastrófico da fratura. B Os entalhes causados pela gravação do nome do fabricante funcionaram como concentradores de tensão, favorecendo o rompimento de maneira cristalina. C As tensões atuantes nas lâminas, devido aos entalhes, foram suficientes para ruptura prematura sob tensões muito maiores que aquelas num ensaio de tração. D As intrusões e extrusões no entalhe da gravação foram sítios para o desenvolvimento de estrias com direção de escorregamento favorável ao início das trincas. E Os entalhes causados pela gravação do nome do fabricante funcionaram como concentradores de tensão, favorecendo o rompimento de maneira dúctil. 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 21/61 estampagem do nome do fabricante nas pás da turbina funciona como concentrador de tensões. O fato de ser um carregamento cíclico propicia o avanço da trinca, culminando numa falha catastrófica pela redução da seção resistente. A fratura por fadiga apresenta as características iniciais de uma fratura dúctil e finais da frágil. As estrias estão associadas ao avanço das trinca a cada ciclo, ocorrendo após a fase da nucleação. 2 - Modelos de falha por fadiga Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os modelos de falha por fadiga. Vamos começar! Modelos e regimes de fadiga Neste vídeo, o especialista aborda os principais conceitos e aspectos que devem ser observados durante a leitura deste módulo. Vamos lá! 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 22/61 Introdução aos modelos de fadiga Conforme explicado anteriormente, o fenômeno da fadiga está associado a tensões em ciclos que atuam em determinado componente mecânico. São três os estágios característicos da fadiga: Nos projetos, o número de ciclos pode ser utilizado para auxiliar no dimensionamento, a partir da curva de Wöhler ou das tensões versus número de ciclo ( ver nas imagens “Curva tensão versus N – vidas finita e infinita em fadiga). Alguns modelos para a fadiga serão apresentados na sequência, sendo os mais importantes: 1º modelo 1º Estágio A nucleação da trinca, que acontece após determinado número de ciclos (N1). 2º Estágio A propagação ou crescimento da trinca, que ocorre após N2 ciclos. 3º Estágio A falha catastrófica e imprevisível. 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 23/61 O modelo tensão versus número de ciclos. 2º modelo O modelo deformação versus número de ciclos. 3º modelo O modelo da mecânica da fratura linear elástica (MFLE). Regimes de fadiga Um material sob o fenômeno da fadiga pode falhar com um número de ciclos que pode variar de 102 a 107. Em função desse valor, o regime da fadiga é identificado como de baixo ciclo ou de alto ciclo. Para quantidades entre 10.000 e 100.000 ciclos, a fadiga é considerada de baixo ciclo. Em regra, componentes que falham no domínio da fadiga de baixo ciclo (FBC) estão submetidos a tensões mais elevadas que provocam deformações plásticas, além das elásticas. Para níveis superiores a 100.000 ciclos detensões, a fadiga é denominada de alto ciclo (FAC). A vida mais longa em fadiga está associada a tensões inferiores que provocam deformações elásticas. Atenção! A literatura especializada aponta que o primeiro estágio da FBC, a nucleação, ocupa cerca de 1% da vida total do material em fadiga. A explicação relaciona-se aos altos níveis de tensões que estão sendo aplicados. Outra diferença entre as fadigas de baixo e alto ciclos é quanto à representação gráfica. Em geral, a FBC é apresentada por um gráfico deformação versus número de ciclo, pois a deformação plástica generalizada torna difícil a interpretação a partir de tensões; para a FAC, um gráfico tensão versus número de ciclos, pois em linhas gerais a deformação é apenas elástica. Observe a imagem a seguir em que é apresentado um gráfico da deformação plástica versus o número de ciclos para o corpo ensaiado romper em FBC. 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 24/61 Gráfico deformação versus número de ciclo (FBC). a. O gráfico apresenta os eixos em logaritmo. b. A FBC, em inglês, é denominada low cycle fatigue (LCF) e a de alto ciclo, high cycle fatigue (HCF). A FBC está associada a tensões cíclicas de origens térmica. Assim, em projetos de vasos de pressão para a indústria nuclear e turbinas a vapores esse domínio da fadiga é de grande interesse (DIETER, 1981). Modelos de fadiga Agora serão apresentados dois modelos de estudo da fadiga. Em várias situações da engenharia a deformação plástica prepondera. Coffin e Manson, na metade do século passado, iniciaram os estudos a respeito dessa fadiga conhecida por deformação-número de ciclos (ε-N) ou fadiga sob controle de deformação (strain control). Em outras situações de fadiga, o controle é devido à tensão (deformações elásticas) e, por isso, conhecido como tensão por número de ciclos. Curvas tensão versus número de ciclos (S-N) A partir dos ensaios de fadiga de alto ciclo os resultados são apresentados em uma curva denominada S-N (ou de Wöhler). Em linhas gerais, para certo valor de tensão aplicado ao corpo de prova (CP), no ensaio da fadiga, “conta-se” o número de ciclos até a ruptura do CP, e assim por diante. Pode-se construir o diagrama S-N com a tensão no eixo das ordenadas e o número de ciclos no eixo das abscissas. A próxima imagem apresenta a curva de Wöhler para o aço doce, que apresenta o limite de resistência à fadiga (patamar horizontal), e para uma liga de alumínio, sem o limite de resistência à fadiga. 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 25/61 Curva S-N – ensaio de fadiga. Em linhas gerais, duas possibilidades existem para a curva S-N. Uma em que classes de material apresentam um limite de resistência à fadiga (patamar horizontal – vida infinita em fadiga). O limite é normalmente associado a algumas ligas ferrosas, de titânio e molibdênio. De outra forma, alguns materiais não ferrosos, ligas de alumínio etc. não apresentam o patamar horizontal, sendo o dimensionamento feito por um número de ciclos definido. É fácil perceber, a partir dos gráficos mostrados na imagem “Curva S-N – ensaio de fadiga”, que conforme diminui a tensão aplicada o corpo de prova resiste a um maior número de ciclos. Nesse caso, foram utilizados materiais de grupos distintos quanto ao comportamento em fadiga. Curvas de deformação versus número de ciclos (ε-N) 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 26/61 Para a fadiga de baixo ciclo, o fenômeno predominante é o da deformação plástica. O ensaio para esse domínio de fadiga é apresentado por um gráfico cíclico de deformação versus número de ciclos. Cabe ressaltar que, diferentemente da curva S-N, a curva apresenta-se com o aspecto de uma onda triangular, conforme apresentada na imagem a seguir. Em linhas gerais, essas curvas podem ser obtidas experimentalmente mediante o controle da deformação sob o CP ensaiado. Curva ε versus t – fadiga em regime de baixo ciclo. Conforme afirma Dieter (1981), o carregamento inicial é O – A – B e, durante o descarregamento, inicia-se o escoamento a uma tensão menor (de compressão), conforme mostra o ponto C do gráfico da próxima imagem, decorrente do efeito de Bauschinger. Na sequência, o carregamento em tração leva à formação do laço de histerese. É possível observar as parcelas de deformações elástica e plástica a cada ciclo. Ciclo de tensão-deformação para ensaio cíclico a deformação constante. 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 27/61 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 28/61 Questão 1 (Centro de Instrução e Adaptação – CIAAR – Aeronáutica – Oficial Engenheiro EA-EAOEAR – Especialidade: Engenharia Metalúrgica – 2019 – adaptada). Ensaios de fadiga geralmente são apresentados numa curva tensão versus número de ciclos. Analise o gráfico a seguir. A linha indicada por uma interrogação representa o limite de resistência à: Parabéns! A alternativa B está correta. A curva apresentada, tensão versus número de ciclos para a ruptura, é a resposta ao ensaio de fadiga de um corpo de prova; a resposta também é conhecida como curva de Wöhler. A curva pode apresentar dois aspectos em relação à porção final. Em uma delas, ocorre um patamar horizontal (vida infinita em fadiga); na outra, família de curvas. Esse patamar não existe, sendo a curva A Tensão B Fadiga C Flexão D Ruptura E Torção 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 29/61 decrescente (vida finita). Esse patamar está associado a um valor de tensão denominado limite de resistência à fadiga. Questão 2 (Prova: NUCEPE – 2018 – PC-PI – Perito Criminal – Engenharia Mecânica). Para algumas ligas de aço e de titânio, o limite de resistência à fadiga é a tensão-limite na qual: Parabéns! A alternativa D está correta. O limite de resistência à fadiga é típico de várias ligas ferrosas e de ligas de titânio, quando submetidas ao carregamento cíclico de tensões, ou seja, quando atuam nas condições de fadiga. Para essas ligas, o ensaio de fadiga apresenta um curva tensão versus número de ciclos até a ruptura decrescente e, em sua última porção, um patamar horizontal, o limite de resistência à fadiga ou endurance limit, que está associado a uma tensão, abaixo da qual a vida do componente, em fadiga, é infinita – ou, ainda, o componente não irá falhar por fadiga, independentemente do número de ciclos. A Acima dela não irá ocorrer falha por fadiga. B O número de ciclos é decrescente. C Acima dela não haverá deformação. D Abaixo dela não irá ocorrer falha por fadiga. E O material voltará ao comprimento inicial. 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 30/61 3 - Modelo tensão – número de ciclos – curva de Wöhler Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer o modelo tensão-número de ciclos – curva de Wöhler. Vamos começar! Entendendo a curva de Wöhler Neste vídeo, o especialista aborda os principais conceitos e aspectos que devem ser observados durante a leitura deste módulo. Vamos lá! Aspectos gerais do ensaio de fadiga 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 31/61 Várias propriedades mecânicas dos materiais são determinadas a partir de diversos ensaios disponíveis: tração, compressão, fluência, dureza, impacto etc. No ensaio de tração uniaxial, por exemplo, é possível determinar várias propriedades, com destaque para a ductilidade, a tensão de escoamento, a tensão de ruptura etc. No caso do fenômeno da fadiga, existe o ensaio próprio paradeterminar, quando for o caso, o limite de resistência à fadiga. Atenção! Vale lembrar, em linhas gerais, que o fenômeno da fadiga está associado a tensões cíclicas aplicadas a um componente mecânico em que a fratura ocorre após determinado número de ciclos, mesmo abaixo dos valores de tensão determinados no ensaio estático de tração. O ensaio de fadiga é conduzido de tal forma que o corpo de prova (CP) esteja submetido a tensões repetitivas cíclicas, conforme apresentado nas próximas imagens. Corpos de prova para ensaios de fadiga - Flexão rotativa. 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 32/61 Corpos de prova para ensaios de fadiga - Tração-compressão. Corpos de prova para ensaios de fadiga - Cisalhamento. Os corpos de prova apresentados na imagem anterior são utilizados nas três variações do ensaio de fadiga: a flexão rotativa, a tração- compressão (push-pull) e por torção. Um esboço do aparato experimental (R. R. Moore), utilizado para o ensaio de fadiga de flexão rotativa, é apresentado na próxima imagem. 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 33/61 Aparato experimental para o ensaio de fadiga por flexão rotativa. Analisando a imagem anterior, um peso mantém o CP em flexão no qual, inicialmente, as fibras superiores estão sob tensão por flexão compressiva e as fibras inferiores, sob tração. Com a rotação do motor, as fibras vão alternado seus estados de tensão, dando origem a um ciclo repetitivo de tensões que tem o aspecto de uma curva senoidal. Em termos práticos, o ensaio de fadiga é conduzido a partir de uma tensão inicial elevada; os demais CPs têm o ensaio conduzido a tensões de intensidades menores. Os valores do número de ciclos necessários até a ruptura do CP são computados. Para algumas classes de materiais, os ferrosos, abaixo de determinado nível de tensão, a ruptura por fadiga não ocorre, independentemente do número de ciclos. É a vida infinita em fadiga. Para outra classe de materiais, esse limite não existe. A forma usual de apresentação da resposta do ensaio de fadiga é gráfico tensão versus número de ciclos até a ruptura do CP ou curva de Wöhler. A imagem posterior apresenta duas curvas genéricas de Wöhler, sendo uma com o limite de resistência à fadiga (patamar horizontal), para aço- ferramenta, e a outra sem o limite de resistência à fadiga. No segundo caso (liga de alumínio), temos a vida finita em fadiga. 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 34/61 Curva resposta do ensaio de fadiga-tensão versus número de ciclos. Aspectos gerais das curvas de Wöhler As primeiras investigações a respeito do fenômeno de fadiga foram realizadas por W. A. J. Albert (metade do século XIX) em correntes utilizadas nas correias transportadoras. Cerca de três décadas depois, Wöhler fez uma investigação mais aprofundada para estudar o fenômeno da fadiga em materiais, e foi ele quem primeiro propôs o aparato tendo como resposta um gráfico que relacionava a tensão atuante (cíclica) com o número de ciclos até a ruptura do corpo de prova. Repetindo-se o procedimento para diferentes valores de tensão, mas com as mesmas condições iniciais do CP, chegou à curva que tem seu nome. Dois aspectos devem ser ressaltados: 1º aspecto A tensão média do ciclo de tensões é nula. 2º aspecto O eixo do número de ciclos pode ser apresentado em logaritmo na base 10. 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 35/61 As curvas de Wöhler ou de tensão versus número de ciclos até a falha por fadiga apresentam-se como uma excelente resposta ao ensaio para fadiga. O ensaio utilizado para a determinação da vida em fadiga é o de flexão rotativa, como apresentado, esquematicamente, na imagem “Aparato experimental para o ensaio de fadiga por flexão rotativa”. Uma máquina para o ensaio de fadiga (flexão rotativa) é mostrada na próxima imagem, que possui como característica para a rotação um torque aplicado de 120N.m. A máquina encontra-se de acordo com as seguintes normais internacionais de padronização: a ISO 1143 (International Organization for Standardization) e a DIN 50113 (Deutsches Institut für Normung). Máquina de ensaio de fadiga – flexão rotativa. Parâmetros do ciclo de tensões Para o perfeito entendimento do ensaio de fadiga e a curva Wöhler, serão apresentados um ciclo de tensões senoidal e uma série de parâmetros do ciclo. A próxima imagem apresenta um ciclo senoidal totalmente reversível. Ciclo de tensões totalmente reversível na fadiga. 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 36/61 A partir do gráfico da imagem anterior, definem-se os parâmetros a seguir. Tensão média (σm) A tensão aplicada no componente oscila em torno de um valor médio, dado pela seguinte expressão: Intervalo de tensões (σr) É a faixa de variação entre os valores máximo e mínimo das tensões do ciclo. A expressão matemática para sua determinação é dada por: Amplitude de tensão (σa) É definida como a metade do intervalo de tensões do ciclo. Logo: Razão de tensões (R) É a razão entre as tensões mínima e máxima do ciclo de tensões. Portanto, R é determinado por: σm = σma ́x+σmi ́n 2 σr = σma ́x − σmi ́n σa = σr 2 R = σmín σmáx 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 37/61 O ensaio de fadiga que alimenta de dados a curva de Wöhler apresenta ciclo de tensão com tensão média nula e ciclo totalmente reversível, isto é, R = - 1. Curvas Wöhler para vidas �nita e in�nita Os diagramas ou linhas de Wöhler representam os resultados obtidos nos ensaios de fadiga, registrando os dados do ensaio em um gráfico de tensão aplicada em função do número de ciclos para a ruptura, a conhecida curva S – N. Nesse ensaio de fadiga, a flexão rotativa e os parâmetros anteriormente definidos são tais que a tensão média é zero e a razão de tensões R é igual a -1, o chamado ciclo perfeitamente reversível. A próxima imagem apresenta uma curva típica de Wöhler em que os dados numéricos de número de ciclos até a ruptura do material (N) e a tensão utilizada são plotados e uma linha de tendência é traçada. A curva pode ser dividida em três estágios: o primeiro apresenta um patamar horizontal; o segundo, uma função decrescente; e, por último, para as ligas ferrosas, uma terceira, com outro patamar horizontal, o limite de resistência à fadiga. Curva genérica de Wöhler – ciclo de tensões com valor médio zero. A curva de Wöhler pode ter seu estágio final dado por um parâmetro horizontal. Nesse caso diz-se que o material tem vida infinita em fadiga ou ainda que possui um limite de resistência à fadiga em que, abaixo dessa tensão, não ocorrerá falha na peça, por fadiga, independentemente do número de ciclos de tensões a que ficar submetida. A resistência à fadiga também é conhecida como endurance limit. Exemplo São exemplos dessa classe de materiais as ligas ferrosas, as ligas de titânio e as ligas de molibdênio. Contudo, a curva de Wöhler para σm 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 38/61 determinada classe de materiais pode apresentar-se decrescente no estágio final em que a fadiga é de alto ciclo (106), e esses materiais não apresentam o limite de resistência à fadiga – ocorre, assim, a vida finita em fadiga. Define-se um valor de tensão e tem-se N, o número de ciclos até a ruptura. São representantes desta última classe de materiais os não ferrosos em geral, com destaque para ligas de cobre e de alumínio. A imagem a seguir apresenta dois gráficos que mostram essas duas classes de materiais e o comportamento distinto das suas curvas de Wöhler. Curvas de Wöhler para materiais com vidasfinita e infinita para a fadiga. Estimativa das curvas de Wöhler A curva de Wöhler requer um gasto de energia porque vários corpos de prova são necessários para os diversos ensaios de fadiga e, por fim, busca determinar a curva tensão versus número de ciclos até a ruptura do CP. Comentário A literatura apresenta uma série matemática empírica de relações que auxiliam na confecção da curva de Wöhler, a partir de propriedades mecânicas mais difundidas como a dureza e a tensão de ruptura no ensaio de tração. De acordo com Rosa (2002), para aços forjados e laminados e carregados sob flexão rotativa, é possível montar a curva tensão versus logaritmo (N). Dois pontos no eixo das abscissas são considerados, 103 ciclos e 106 ciclos. As ordenadas correspondentes às abcissas anteriores são determinadas por e respectivamente. A partir desses dois pontos, uma reta é traçada e, para valores maiores que 106, uma reta horizontal é desenhada, indicando o limite de resistência à fadiga. Observe a imagem a seguir: σ = 0, 8σR σ = 0, 5σR, 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 39/61 Curvas de Wöhler estimada. Rosa (2002), em sua obra, apresenta uma série de expressões empíricas que auxiliam a estimar a curva de Wöhler. Na próxima tabela, seguem algumas dessas relações para alguns materiais. Material Carregamento Aço forjado Axial (tração – compressão) Aço forjado Torção alternante Tabela: Relações empíricas para o limite de resistência à fadiga – adaptada. Julio Cesar. Exemplo adaptado de Rosa (2002, p. 262) Esboce a curva de Wöhler (S-N) para o aço forjado SAE-ABNT 4340, considerando a tensão-limite de resistência igual a 1.200MPa e flexão rotativa. Solução Das relações empíricas apresentadas anteriormente, temos que: Para ciclos, Para ciclos, Portanto, a curva de Wöhler estimada é dada pela próxima imagem. 103 106 0, 75σR 0, 425σR 0, 68σR 0, 29σR 103 σ = 0, 8σR → σ = 0, 8. (1.200) = 960MPa. 106 σ = 0, 5σR → σ = 0, 5. (1.200) = 600MPa 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 40/61 Curva de Wöhler estimada para aço forjado SAE–ABNT 4.340. Limite de resistência à fadiga de peças Até este ponto do estudo, foram avaliadas propriedades em fadiga (vida e limite de resistência) para um corpo de prova de determinado produto. Essa é uma ferramenta para o projetista, porém deve-se ter em mente que uma peça possui aspectos que provocam desvios, por exemplo, das curvas de Wöhler para o CP e para a peça. Observe a imagem a seguir: Curvas tensão versus número de ciclos para o CP e a peça. Os principais aspectos que influenciam no limite de resistência à fadiga e que são quantificados com fatores são os enumerados a seguir. Fator da superfície (Ka) 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 41/61 Esse fator considera o acabamento superficial de uma peça, visto que, em regra, as trincas de fadiga se nucleiam na superfície. Esse fator considera o tamanho do CP. Em regra, maiores tamanhos diminuem a resistência à fadiga. Esse fator considera o tipo de esforço envolvido. Os ensaios podem ser por flexão rotativa, tração – compressão e por torção. No caso de flexão, Kc = 1. Para tensões normais, Kc = 0,7; para as cisalhantes, Kc = 0,59. Valores de temperaturas elevadas influenciam a resistência à fadiga. A equação Kd=1-0,058.(T-450) pode estimar esse fator para temperaturas maiores ou iguais a 450 °C. Para temperaturas inferiores, esse fator é unitário. Esse fator diminui quando a confiabilidade desejada aumenta. Comentário Existem outros fatores de correção, por exemplo, por conta de concentração de tensão, tratamentos térmicos, condições ambientais etc. Dessa forma, o limite de resistência à fadiga de uma peça dado que o limite de resistência à fadiga do corpo de prova ensaiado é é dado pela expressão a seguir: Fator de tamanho (Kb) Fator de carga (Kc) Fator de temperatura (Kd) Fator de confiabilidade (Ke) (σRF ), (σ′RF ), 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 42/61 Análise estatística da fadiga Para a confecção da curva Wöhler, vários CPs, extraídos da mesma amostra, devem ser ensaiados nas mesmas condições. O limite de resistência à fadiga e a vida em fadiga são influenciados por vários aspectos, como a textura da amostra, as variáveis metalúrgicas, a geometria etc. Assim, em regra, os valores que determinam a curva de Wöhler apresentam elevado grau de dispersão que a tornam imprecisa. Uma maneira de contornar essas questões é apresentar os dados do ensaio de fadiga por meio de curvas de probabilidade constante. A próxima imagem apresenta os resultados do ensaio de fadiga com as curvas de probabilidade constante. Curva S-N – probabilidades constantes. Para um perfeito entendimento e a correta leitura do gráfico apresentado na imagem anterior é necessário perceber que os valores de p estão associados a probabilidades. Por exemplo, equivale a é igual a e assim por diante. Supondo que a tensão cíclica atuante no ensaio de fadiga tenha intensidade então dos CP irá falhar por fadiga com ciclos. Contudo, metade dos corpos ensaiados falhará por fadiga, com número de ciclos igual a σRF = Ka ⋅ Kb ⋅ Kc ⋅ Kd ⋅ Ke ⋅ σ ′ RF p = 0, 01 1%, p = 0, 50 50% σ1, 1% N1 N2. 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 43/61 Falta pouco para atingir seus objetivos. 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 44/61 Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (Instituto AOCP – UEFS – Analista Universitário – Área: Engenharia Mecânica – 2018). Em peças e conjuntos de máquinas e estruturas que estão sujeitos a variações das cargas aplicadas, ocorre comumente o aparecimento de flutuações nas tensões. Essas tensões, ainda que inferiores à resistência elástica do material, podem levar à sua ruptura se a aplicação dessas tensões ocorrer em elevado número de vezes. Das alternativas a seguir, qual mais bem representa a denominação do fenômeno descrito e seu respectivo diagrama? Parabéns! A alternativa C está correta. A questão proposta apresenta peças de máquinas sujeitas a tensões flutuantes com frequência. O fenômeno descrito é o da fadiga que, mesmo a tensões menores que a do escoamento do material (ensaio de tração uniaxial), pode sofrer a falha de fratura por fadiga. Ensaios específicos – como ensaio de fadiga – auxiliam o projetista de componente sob fadiga. Uma série de dados oriundos do ensaio dão origem à curva de Wöhler ou ainda à curva tensão versus número de ciclos até a ruptura. Os diagramas σ - ϵ A Flambagem e diagrama S-N (tensão versus número de ciclos) B Flambagem e diagrama de árvore C Fadiga e diagrama S-N (tensão versus número de ciclos) D Fadiga e diagrama σ - ϵ (deformação versus número de ciclos) E Instabilidade e diagrama σ - ϵ (tensão versus deformação) 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 45/61 são típicos dos ensaios estáticos de tração e compressão. Diagrama de árvores não está associada à fadiga assim como a curva S-N não está associada ao fenômeno de flambagem (cargas estáticas). Questão 2 (DIRENS Aeronáutica – Estágio de Adaptação de Oficiais Engenheiros da Aeronáutica – CIAAR)/Engenharia Metalúrgica/2017/EAOEAR 2018 – adaptada). Sobre a curva S versus N (S-N), curva σ versus N (σ-N) ou curva de Wöhler, marque a seguir a alternativa correta. Parabéns! A alternativa D está correta. O fenômeno da fadiga é de grande interesse para a engenharia, pois a fratura decorrente dela é muito comum. A partir do ensaio de fadiga, a curva tensão versus número de ciclos (N) até a ruptura (curva de Wöhler) podeser confeccionada. Duas famílias de curvas S-N são possíveis: uma em que a curva é decrescente e, na etapa final, apresenta um patamar; e outra em que a curva não apresenta o patamar constante. No primeiro caso, o engenheiro consegue A É a forma usual de apresentação dos resultados do ensaio de fratura. B É a forma de apresentar resultados do ensaio de impacto, onde N é a energia absorvida. C De modo geral, a curva S-N de um material é uma linha reta paralela ao eixo das tensões. D Permite obter o limite de resistência à fadiga e/ou a vida à fadiga de um material. E Permite obter propriedades mecânicas do campo elástico, como módulo de elasticidade e resiliência de um material. 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 46/61 determinar a propriedade denominada limite de resistência à fadiga e, na segunda, é possível estimar a vida finita do componente. Propriedades do material no campo elástico podem ser determinadas no ensaio de tração. 4 - Aplicação da mecânica da fratura na fadiga. Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever a aplicação da mecânica da fratura na fadiga. Vamos começar! Aplicação da mecânica da fratura na vida útil em fadiga Neste vídeo, o especialista aborda os principais conceitos e aspectos que devem ser observados durante a leitura deste módulo. Vamos lá! 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 47/61 Aspectos gerais da vida em fadiga A falha por fratura, em decorrência do fenômeno da fadiga, corresponde a quase 90% das falhas em componentes mecânicos e em estruturas. Apenas essa informação já justifica o seu conhecimento pelos engenheiros. A fadiga é tipicamente associada a carregamentos cíclicos que provocam, de forma imprevisível, a fratura em níveis de tensão abaixo do limite de escoamento. Didaticamente, os estágios da fadiga estão listados a seguir. Estágio I Refere-se à nucleação de trincas que normalmente ocorrem em descontinuidades dos componentes metálicos. Estágio II Refere-se ao crescimento da trinca, ou seja, sua propagação. Ocorre numa direção perpendicular à aplicação da tensão. Os ciclos de tensões vão proporcionando um aumento na ponta da trinca que, microscopicamente, apresentam-se como estrias de fadiga. 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 48/61 Representação esquemática da nucleação e do crescimento da trinca/fadiga. No estágio I, ocorre o surgimento de uma trinca pela presença, por exemplo, de concentradores de tensão. Isso demanda um número NI de ciclos para a ocorrência. Muitas vezes, o material apresenta defeitos internos inerentes ao processamento, o que faz com que essa etapa I não seja computada na vida em fadiga. Na etapa de propagação da trinca, até que um tamanho crítico seja alcançado, NII ciclos são necessários. Assim, a vida em fadiga é a soma NI + NII. De uma maneira geral, o estágio I consome cerca de 10% da vida em fadiga de um componente e, portanto, na maior parte da vida em fadiga, o estágio presente é o do crescimento. Dessa forma, por vezes, o estudo se concentra na etapa ou no estágio de crescimento da trinca. Critérios de projeto para fadiga Os projetos de estruturas ou componentes mecânicos como os de asas de avião, uma mola de amortecedor, um vaso de pressão etc. devem Estágio III É a falha instável, catastrófica. 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 49/61 garantir resistência à falha por fadiga durante a sua vida útil. Comentário Os ensaios de fadiga, em geral, demandam muito tempo, o que pode inviabilizar economicamente um projeto como o de um avião. Conforme afirma Rosa (2002), por exemplo, vários anos de serviço de um avião podem ser simulados em alguns poucos meses utilizando um ou dois protótipos de um novo avião para os testes de fadiga. O projeto para componentes submetidos a ciclos de tensão pode considerar um número de horas para a vida, uma quantidade infinita de horas sem que ocorra falha e o acompanhamento do tamanho de um defeito para garantir que não alcance um tamanho crítico e, em consequência, uma falha catastrófica. Projeto para vida in�nita Alguns materiais, como as ligas ferrosas, as de titânio e as de molibdênio, têm a possibilidade de ser dimensionados para vida infinita, quando solicitados sob fadiga. É considerado o primeiro critério para dimensionamento de componentes mecânicos em fadiga e seus conceitos utilizam a curva de Wöhler ou curva de tensão versus número de ciclos até a ruptura do CP. A imagem a seguir apresenta um esboço para essa curva. É fácil perceber que a partir de determinado número de ciclos ocorre um patamar horizontal, cuja tensão associada é o limite de resistência à fadiga (σRF ) . Assim, um componente sob tensões cíclicas inferiores a σRF não falhará devido à fratura por fadiga – ou seja, apresentará vida infinita. 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 50/61 Curva de Wöhler para materiais com vida infinita para fadiga. Componentes tipicamente dimensionados a partir desse critério são eixos de motores, molas das válvulas de motores à combustão e diversas engrenagens para uso industrial. A imagem a seguir apresenta uma ilustração de molas de válvulas de motor. Componente com vida infinita em fadiga – molas de válvulas de motor. Projeto para vida �nita Nessa filosofia, define-se um número de ciclos como a vida finita para o componente. A partir da curva tensão versus número de ciclos até a ruptura, um valor de N é arbitrado para a vida do componente, e a tensão correspondente é determinada. Exemplo São exemplos de componentes dimensionados por esse critério: reservatórios pressurizados, diversos componentes da indústria automotiva e motores a jato. Projeto para falha em segurança Também conhecido como fail safe, tem sua origem na indústria aeronáutica, em que a utilização de coeficientes de segurança altos levará ao aumento de peso, uma vez que as peças estarão superdimensionadas. Além da indústria aeronáutica em projetos de asas e fuselagem de aviões, cascos de navios e pontes são estruturas dimensionadas a partir da fail safe. Como afirma Rosa (2002), alguns meios de possibilitar o comportamento fail safe em uma estrutura são: percursos alternativos para transferência de carga; Uso de bloqueadores de propagação de trincas; e utilização de uniões rebitadas. 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 51/61 Projeto com tolerância ao dano Essa filosofia de projeto é a depuração do critério fail safe. Utiliza os conceitos da mecânica da fratura para garantir que trincas existentes não cresçam e atinjam o tamanho crítico. As indústrias aeronáutica e de petróleo e gás fazem uso desse critério no dimensionamento de asas de avião, oleodutos etc. Mecânica da fratura linear elástica à fadiga Um dos critérios mais atuais para o dimensionamento de componentes/estruturas em condições de fadiga é o denominado “com tolerância ao dano” – em linhas gerais, isso significa que qualquer componente ou estrutura potencialmente apresenta algum dano inicial. Por ação do carregamento cíclico, ocorre um monitoramento do crescimento da trinca (defeito) até um valor crítico, com a substituição do componente (a próxima imagem está fora de escala). Gráfico tamanho da trinca versus tempo/fadiga. Dessa maneira, tecnicamente, não se alcança o estágio final da fratura catastrófica por fadiga. Observe que duas fases compõem a vida útil em fadiga: 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 52/61 A partir da próxima imagem, na região de propagação ou de crescimento da trinca, é possível notar que areta tangente à curva, cuja interpretação física é a taxa de crescimento temporal da trinca que vai aumentando com o decorrer do tempo. Em termos matemáticos, a velocidade de propagação da trinca é crescente. Tamanho da trinca versus tempo para diferentes tensões médias. A imagem anterior apresenta, para valores distintos da tensão média cíclica, o crescimento da trinca com o tempo. É possível inferir que, para tensões médias menores, a vida em fadiga aumenta e a taxa de propagação da trinca é menor. 1ª fase O tempo necessário para a nucleação (em tese, pequeno ou inexistente para trinca preexistente). 2ª fase O tempo de propagação, cujo controle é feito a partir da ferramenta mecânica da fratura, desenvolvida ao longo do século XX, cujo conceito de tenacidade à fratura é utilizado para estimar a vida útil do componente a ser dimensionado. ( da dt ou da dN ) 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 53/61 Determinação teórica da vida útil em fadiga Neste tópico, será feita uma apresentação teórica para o cálculo da vida útil em fadiga, supondo uma simplificação matemática e condições físicas supostamente conhecidas. A partir do gráfico na imagem “Gráfico tamanho da trinca versus tempo/fadiga”, é possível fazer uma análise quantitativa para determinar a vida útil em fadiga, ou seja, o número de ciclos até a ruptura por fadiga, Nfinal. Considerando-se que o tempo para o estágio de nucleação (NI) é muito menor que o tempo para a propagação da trinca, até que alcance o tamanho crítico para a ruptura catastrófica (NII), isto é, NI <<< NII, é possível fazer a seguinte aproximação matemática: Supondo que a função matemática que descreve a velocidade de crescimento da trinca seja conhecida, por exemplo, e utilizando a descrição matemática para a velocidade de propagação da trinca é possível escrever que: Conhecendo as condições de contorno para a equação diferencial anterior e, integrando-a, temos que: Em que a0 é o tamanho inicial da trinca e acrit o tamanho máximo (crítico) da trinca para se evitar a ruptura catastrófica por fadiga. Uma vez que f1 é conhecida, a integral pode ser resolvida e o valor de Nfinal Nfinal = NI + NII ∼ NII f1, ( da dN ), da dN = f1 dN = da f1 ∫ N final 0 dN = ∫ acrit a0 da f1 Nfinal = ∫ acrit a0 da f1 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 54/61 encontrado. A dificuldade matemática e física é definir a expressão da função f1 a ser estudada na sequência. Lei de Paris A função f1, suposta conhecida no item anterior, depende de vários fatores ligados às condições de serviço. Algumas funções matemáticas descrevem f1, sendo a Lei de Paris a mais conhecida e expressa, matematicamente, por: Em que: e são parâmetros que dependem do material. . Curiosidade A lei conhecida como Lei de Paris foi primeiramente proposta por Paris e Erdogan. é o fator de intensidade de tensão determinado pela expressão e, portanto, O gráfico velocidade de propagação da trinca versus variação de K apresenta uma curva com a forma apresentada pela próxima imagem, em que três estágios A, B e C são destacados. Gráfico da Lei de Paris. No estágio A, o crescimento é demasiadamente lento. é o limite para que se inicie a propagação da trinca, fortemente influenciada pelos aspectos metalúrgicos. Na região B, o material é considerado contínuo da dN = ȧ = C ⋅ (ΔK)m C m ΔK = Kmax − Kmin K K = Y σ√πa ΔK = Y (Δσ)√πa. ΔK0 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 55/61 (aspectos metalúrgicos são menos importantes) e a relação matemática é a Lei de Paris Conforme afirma Rosa (2002), na região C ocorre uma sensível aceleração da trinca onde, além do mecanismo de ruptura com formação de estrias, surgem, sobrepostos, mecanismos característicos de uma ruptura estática. Agora, com uma função para descrever o crescimento da trinca, temos que: Lei de Paris: Substituindo na última expressão, temos: Como podemos reescrever a equação diferencial anterior como: Integrando: (ȧ = C ⋅ (ΔK)m). da dN = f1 dN = da f1 da dN = C ⋅ (ΔK)m dN = da C ⋅ (ΔK)m ΔK = Y (Δσ)√πa, dN = da C ⋅ [Y (Δσ)√πa]m ∫ Nfinal 0 dN = ∫ acrit a0 da C ⋅ [Y (Δσ)√πa]m 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 56/61 Da mecânica da fratura, é verdade que o tamanho da trinca crítica tem seu valor determinado por e é a tenacidade à fratura no EDP. Nfinal = 1 C ⋅ (Δσ)m ⋅ πm/2 ⋅ ∫ acrit a0 da [Y√a]m ac ≤ 1 π ( KIC σ.Y ) 2 KIC 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 57/61 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Uma chapa de aço deverá ser exposta a tensôes cíclicas de tal modo que . Na chapa de aço existe uma trinca superficial pré-existente de aproximadamente . Supondo que a tenacidade da fratura do material é e o fator , determine a vida útil em fadiga. Obs.: parâmetros para a Lei de Paris m = 3 e C = 10-12. Parabéns! A alternativa B está correta. Veja o feedback completo no Solucionário disponibilizado no campo Preparação. Δσ = 100MPa 2mm KIC = 25MPa√m Y = 1 A 5,5.105 ciclos B 5,5.106 ciclos C 5,5.107 ciclos D 4,5.105 ciclos E 4,5.106 ciclos 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 58/61 Questão 2 (CEBRASPE (CESPE) - Profissional de Nível Superior (PETROBRAS)/Engenharia de Equipamentos/Inspeção/2004/Júnior - adaptada) A mecânica de fratura pode ser aplicada à fadiga, para análise da propagação de trincas e para evitar a falha por fadiga. A figura acima mostra, em escala log-log, o formato geral da curva versus de propagação de uma trinca de fadiga. Acerca desse assunto, são feitas as seguinte afirmativas: I. A região I do gráfico apresenta elevada inclinação (primeira derivada) indicando que a etapa de crescimento é fortemente influenciada pelos aspectos geométricos. II. Na segunda etapa, utiliza-se a Lei de Paris para determinar o número de ciclos em vida de um componente sob fadiga; III. Na etapa II, a partir da Lei de Paris estimativas da vida à fadiga de um componente podem ser feitas calculando-se a integral São corretas: da dN ΔK ( dadN = C. (ΔK) m) Nfinal = ∫ acrit a0 C ⋅ (Δσ)mda A Apenas a afirmativa I B Apenas a afirmativa II C Apenas a afirmativa III D Apenas as afirmativas I e II 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 59/61 Parabéns! A alternativa B está correta. A etapa denominada I, no gráfico apresentado, apresenta-se como uma função crescente, mas a dependência da propagação das trincas é devido a aspectos metalúrgico. A segunda etapa (II) a relação matemática utilizada é a denominada Lei de Paris, . A partir da Lei de Paris, é possível estimar a vida em fadiga por meio da seguinte relação matemática Considerações �nais Estudamos neste conteúdo a fratura por fadiga. Apresentamos as condições para que ela ocorra e seus estágios: nucleação de uma trinca, sua propagação e falha de maneira catastrófica. Foi feita uma abordagem introdutória da curva resposta do ensaio de fadiga – tensão versus número de ciclos até a ruptura, considerando os casos de vidas infinita e finita para fadiga. Os principais aspectos da superfície de fratura por fadiga foram apresentados: marcas de parai e estrias de fadiga. Na sequência, alguns tipos de fadiga foram abordados, a térmica, a por contato etc. Nessa primeira etapa do estudo foram entendidos os fatores que afetam a vida em fadiga, como os concentradores de tensão, o acabamento superficial da peça, etc. Como forma de explorar mais o tema, foram apresentados modelos e regimes de fadiga.A fadiga de baixo ciclo e a fadiga de alto ciclo. A curva de Wöhler teve seu estudo ampliado. Apresentamos uma técnica para estimar a curva de Wöhler, a partir de expressões empíricas. Ademais, vimos a curva de Wöhler por meio de curvas de probabilidade constante. Por fim, foi feita uma relação entre o limite de resistência obtida para um corpo de prova ensaiado e para um componente. Os principais fatores que fazem esses valores serem ligeiramente distintos foram estudados. O fator de temperatura, o fator de acabamento superficial, o fator de tamanho etc. Concluímos com uma análise, a partir da mecânica da fratura do fenômeno de fadiga. E Apenas as afirmativas II e III da dN = C ⋅ (ΔK)m Nfinal = 1 C⋅(Δσ)m⋅πm/2 ⋅ ∫ acrit a0 da [Y√a]m 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 60/61 Podcast Agora, encerramos o tema falando fazendo um breve resumo dos principais tópicos que foram abordados ao longo dos módulos. Explore + Leia o trabalho apresentado no 67º Congresso ABM Internacional, Mecânica de fratura aplicada na predição da vida em fadiga de trilhos ferroviários. Referências CALLISTER, W. D.; RETHWISCH, D. G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. CASSIO, B. Fundamentos da análise fractográfica de falhas de materiais metálicos. São Paulo: Blücher, 2021. CHAWLA, K. K.; MEYERS, M. A. Princípios de metalurgia mecânica. 8. ed. São Paulo: Blücher, 1982. DIETER, G. E. Metalurgia mecânica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1981. GARCIA, A.; SPIM, J. A.; SANTOS, C. A. Ensaios dos materiais. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017. 29/03/2024, 14:48 Fratura por fadiga https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04340/index.html# 61/61 ROSA, E. Análise de resistência mecânica (mecânica da fratura e fadiga). Santa Catarina: UFSC/GRANTE, 2002. SOUZA, S. A. Ensaios mecânicos de materiais metálicos. 5. ed. São Paulo: Blücher, 2019. Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF. Download material O que você achou do conteúdo? Relatar problema javascript:CriaPDF()
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