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1 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2 
2 NUTRIÇÃO E PSICOLOGIA ....................................................................... 3 
2.1 Serviços de saúde multiprofissional ..................................................... 5 
3 ASPECTOS PSICOLÓGICOS DA OBESIDADE ........................................ 7 
3.1 A demanda e a escuta psicanalítica ..................................................... 9 
4 O PESO DA OBESIDADE ........................................................................ 11 
5 PRÁTICAS DE NUTRIÇÃO COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DE 
TRANSTORNOS ALIMENTARES ............................................................................. 14 
5.1 Nutrição Comportamental ................................................................... 15 
5.2 Técnicas de Terapia Comportamental................................................ 17 
6 TRANSTORNOS ALIMENTARES ............................................................ 26 
6.1 Bulimia e anorexia – Aspectos biopsicossociais ................................ 28 
7 CIRURGIA BARIÁTRICA E FATORES PSICOLÓGICOS ........................ 31 
7.1 Os impactos psicológicos em indivíduos submetidos à cirurgia 
bariátrica..................................................................................................................32 
7.2 Acompanhamento Psicológico no pré e pós-operatório ..................... 33 
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 38 
 
 
 
 
2 
 
1 INTRODUÇÃO 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma per-
gunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que 
esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a res-
posta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser se-
guida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
3 
 
2 NUTRIÇÃO E PSICOLOGIA 
 
Fonte: fvcedu.com.br 
A obesidade é um problema complexo e multifatorial que envolve dimensões 
genéticas, comportamentais, socioeconômicas e ambientais, levando a um aumento 
do risco de morbimortalidade (HRUBY & HU, 2015). Também é influenciado por fato-
res psicoemocionais (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014; FINGER & 
OLIVEIRA, 2016). 
Os prejuízos emocionais, sociais e cognitivos desempenham um papel na ma-
nutenção da compulsão alimentar, muitas vezes presente em indivíduos obesos (HIL-
BERT, 2018). A maioria das pessoas com Transtorno da Compulsão Alimentar Perió-
dica (TCAP) tem um histórico de tentativas de dieta e falhas repetidas para perder e 
manter o peso. Esses pacientes, assim como os obesos sem a doença, costumam 
relatar que, quando param de fazer dieta, sentem que nunca conseguirão fazer nada 
certo (FINGER & OLIVEIRA, 2016). 
A psicologia, que visa promover o autoconhecimento, olha para todas as mani-
festações humanas, tanto visíveis, como o comportamento, quanto invisíveis, como 
sentimentos e emoções, e contribui para a compreensão da vida como um todo. Os 
psicólogos desempenham um papel importante na atuação multidisciplinar na busca 
por uma maior qualidade de vida, por meio de abordagens individualizadas e coletivas 
 
4 
 
de técnicas e práticas psicológicas, adaptadas às necessidades de cada indivíduo 
(AZEVEDO & CREPALDI, 2016). 
O desenvolvimento das ciências psicológicas e a concretização de novas áreas 
do conhecimento propiciam a implementação de maiores recursos técnicos e meto-
dológicos, que permitem uma maior integração entre o psicológico, o biológico e o 
social, promovendo uma perspectiva biopsicossocial. 
A atuação do nutricionista no contexto multiprofissional é fundamental para a 
ênfase na alimentação saudável, além da prevenção e tratamento humanizado de do-
enças específicas por meio da dietoterapia, com foco na promoção da saúde. Por-
tanto, as abordagens e a integração desses dois campos estão em consonância com 
os princípios do cuidado centrado no sujeito, exigindo o desenvolvimento de estraté-
gias para atender às necessidades individuais de forma única e efetiva a partir de um 
diálogo mútuo (LANA & LANA, 2020). 
Atualmente, com o avanço contínuo da tecnologia, observa-se o aumento da 
depressão, ansiedade e estresse devido ao cotidiano agitado e fatores socioculturais 
que impõem ideais de beleza, desencadeando a compulsão alimentar (COPETTI & 
QUIROGA, 2018). 
Em decorrência das mudanças contemporâneas, a busca pelo corpo perfeito 
está diretamente relacionada à mídia, levando à insatisfação com o corpo, levando à 
adoção de uma alimentação extremamente restritiva, o que leva a problemas compor-
tamentais e psicológicos (PEREIRA, 2013). Em geral, as redes sociais afetam a baixa 
autoestima das pessoas e a necessidade de cumprir as normas prescritas pela mídia 
(FREITAS et al., 2012). 
Savioli (2019) observou um aumento de 18% nos casos de depressão e um 
aumento de 9,3% nos transtornos de ansiedade no Brasil de 2005 a 2015, observando 
que essa alta prevalência está associada a mudanças drásticas no estilo de vida e 
hábitos alimentares. Diante disso, é fundamental desenvolver intervenções baseadas 
em uma perspectiva holística de saúde. 
A industrialização, concomitantemente com a evolução técnica e cientí-
fica, potencializou de maneira marcante as transformações no estilo de 
vida das pessoas, nomeadamente no que diz respeito aos hábitos ali-
mentares, onde é evidente a tentativa de agregar o carácter prático e a ra-
pidez, ao estilo de vida moderno. Nas últimas décadas, os temas 
relacionados com os hábitos alimentares e saúde suscitaram o interesse 
de pessoas de diferentes idades, classes sociais e graus de instrução. 
 
5 
 
De igual modo, aumenta o interesse sobre estilos de vida saudáveis, 
onde a alimentação ocupa um papel privilegiado (PEREIRA, 2013, 
p.19). 
Vários estudos têm demonstrado que os comportamentos alimentares estão 
associados a aspectos psicológicos da ingestão alimentar, pois esses aspectos psi-
cológicos influenciam os hábitos alimentares (FRANÇA et al., 2012; SAVIOLI, 2019). 
Neste seguimento, Freitas et al., (2012) enfatizou a relação entre hábitos alimentares 
e percepções de alimentos em uma determinada condição social, com foco na expe-
riência de vida de cada indivíduo. 
É importante ressaltar que os neurotransmissores responsáveis pelos aspectos 
emocionais, como a serotonina e as endorfinas, são formados a partir dos alimentos 
e acredita-se que estejam envolvidos na regulação dos sentimentos e comportamen-
tos alimentares, desempenhando papel fundamental nos sentimentos como felici-
dade, bom humor e na regulação da dor (GEUS et al., 2011). Badanai et al., (2019) 
observaram que indivíduos que aderiram mais a padrões alimentares saudáveis eram 
menos propensos a depressão e ansiedade. 
2.1 Serviços de saúde multiprofissional 
Os serviços de saúde multiprofissional, públicos e privados, contam atualmente 
com uma grande variedade de profissionais que buscam prestar um atendimento de 
qualidade (NETO, 2016). Portanto, essa ação baseada na integralidade está voltadapara a interação entre as diversas profissões da saúde, cada uma delas buscando 
compreender o ser humano, para que haja um conhecimento diverso que facilite uma 
compreensão abrangente do sujeito como um todo (DEMÉTRIO et al., 2011). 
Dessa forma, essas expressões profissionais humanizam o trabalho, reduzindo 
custos e melhorando os resultados, orientando uma observação biopsicossocial glo-
bal do indivíduo (TONETTO & GOMES, 2007). 
Os campos da psicologia e da nutrição se unem na saúde integrada em ação 
conjunta. Ambos estão diretamente relacionados à qualidade de vida e visam promo-
ver o bem-estar individual e um estilo de vida saudável. O campo da nutrição enfatiza 
a terapia dietética, que facilita a alimentação saudável de acordo com cada disciplina, 
 
6 
 
enquanto a psicologia desempenha um papel fundamental no comportamento e na 
psicologia, visando melhorar a qualidade de vida (NETO et al., 2016). 
Assim, Drewett (2010) afirma que as intervenções multiprofissionais dentro do 
espetro psicológico e nutricional promovem mudanças significativas no estilo de vida, 
resultando em aumento da atividade física e melhoria das condições alimentares, me-
lhorando assim a qualidade de vida e o bem-estar pessoal. O trabalho em equipe 
multiprofissional estimula a atuação integral a partir das necessidades específicas de 
cada indivíduo, levando em consideração suas particularidades, como crenças, cos-
tumes e preferências (MEDEIROS et al., 2011). 
Por meio da escuta, os profissionais buscam se conectar com os sujeitos e 
identificar suas necessidades para desenvolver estratégias de intervenção adequadas 
a cada caso específico. Este modo de ação tem um impacto significativo no funciona-
mento psicológico do paciente, estimulando uma melhor qualidade de vida. Aspectos 
emocionais influenciam o comportamento alimentar, conforme explica França et al., 
(2012), observando que a psicologia e a nutrição precisam trabalhar juntas para ajudar 
a mudar o estilo de vida das pessoas. 
A relevância da educação alimentar e nutricional, bem como das intervenções 
psicológicas para a promoção da saúde física e mental, são vistas como estratégias 
necessárias para enfrentar os desafios que as orientam (SANTOS, 2012). No que diz 
respeito à educação alimentar, a avaliação psicológica é fundamental, pois fatores 
emocionais podem influenciar na resistência do indivíduo às mudanças no estilo de 
vida e nas relações com a comida (SAVIOLI, 2019). 
A compreensão das variáveis psicológicas na alimentação pode traduzir a en-
trega de diversas mensagens em um programa de tratamento multidisciplinar, levando 
em consideração a interpretação das alterações e parâmetros nutricionais propostos 
pela equipe orientadora (SANTOS, 2012). 
Vale destacar que, para garantir a competência profissional e desenvolver a 
capacidade de vincular fatores biológicos, psicológicos e sociais, é necessário contar 
com profissionais bem formados e que valorizem o trabalho em equipe. Nesse caso, 
os dois campos se inter-relacionam, agregando comunicação e habilidades para ga-
rantir a cooperação a partir dos mecanismos de mudança comportamental e motiva-
cional na prática (DEMÉTRIO et al., 2011). 
 
7 
 
Estudo realizado por França et al., (2012) evidenciou vínculos psicológicos e 
nutricionais, observando que fatores psicológicos e emocionais podem interferir na 
manutenção de hábitos alimentares saudáveis, com emoções como raiva, tristeza e 
ansiedade evidenciando adesão menor a hábitos saudáveis, desestimulando a con-
tinuação de dietas e práticas de exercícios físicos, enquanto sentimentos de 
motivação e alegria representaram uma força propulsora à mudança do compor-
tamento alimentar e à prática de hábitos saudáveis. Portanto, os resultados apontados 
neste estudo corroboram com a literatura, destacando os benefícios das intervenções 
multiprofissionais na mudança do estilo de vida e do estado físico e mental dos indiví-
duos (FRANÇA et al., 2012). 
3 ASPECTOS PSICOLÓGICOS DA OBESIDADE 
A obesidade é um problema complexo e multifatorial que envolve dimensões 
genéticas, comportamentais, socioeconômicas e ambientais, levando a um aumento 
do risco de morbimortalidade (HRUBY & HU, 2015). Também é influenciado por fato-
res psicoemocionais (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014; FINGER & 
OLIVEIRA, 2016). 
 
Fonte: i.ytimg.com 
 
8 
 
A alimentação proporciona alívio imediato, mas uma vez que o indivíduo inter-
rompe o comportamento, a culpa se desenvolve (LIMA & OLIVEIRA, 2016). As mu-
lheres são o grupo mais afetado pelo aumento global da obesidade, especialmente as 
mulheres de baixa renda, com taxas de obesidade 10% maiores que os homens 
(OPAS, 2017). 
Mulheres obesas usam a compulsão alimentar como recurso compensatório 
para situações de tristeza, depressão, ansiedade e raiva. A pressão da sociedade 
para perder peso incentiva o tratamento a todo custo, o que desencadeia respostas 
psicológicas e físicas que aumentam a obesidade (LIMA & OLIVEIRA, 2016). 
Nesse contexto, entender a relação entre fatores psicológicos, compulsão ali-
mentar e obesidade é importante para o desenvolvimento de técnicas de tratamento 
cada vez mais eficazes. É preciso quebrar o ciclo vicioso (estresse-comer-culpa-res-
tringir-comer...) e avaliar as fortes demandas psicológicas causadas por um histórico 
de restrição alimentar e pressão social para emagrecer. Além disso, essa restrição 
pode levar ao desejo de um indivíduo por comida, que é um fator de risco potencial 
para a compulsão alimentar e, em última análise, um gatilho para o desenvolvimento 
de comportamentos de compulsão alimentar (VERZIJL, AHLICH, SCHLAUCH, & 
RANCOURT, 2018). 
LÜDTKE et al., (2018) afirmam que, do ponto de vista psicológico, a obesidade 
não pode ser mais considerada meramente o resultado de uma manifestação somá-
tica de um conflito psicológico subjacente, como se acreditou por muito tempo. Do 
ponto de vista fisiológico, a obesidade pode ser pensada como um acúmulo anormal 
de gordura corporal, levando a algum comprometimento da saúde. Quando a ingestão 
e o consumo estão desequilibrados, ocorre excesso ou armazenamento anormal de 
energia no tecido adiposo, o que leva à obesidade. Para a psicologia cognitivo-com-
portamental, é importante entender quais fatores psicológicos estão envolvidos nesse 
desequilíbrio entre ingestão e gasto calórico, e quais desses fatores psicológicos con-
tribuem ou não para a obesidade nos indivíduos (GONÇALVES; SILVA & ANTUNES, 
2012). 
Os transtornos alimentares, como a compulsão alimentar, também estão asso-
ciados ao sobrepeso, obesidade, falta de tratamento e ganho de peso em pacientes 
com estas condições. Alguns transtornos alimentares criam um balanço calórico po-
sitivo ao aumentar o consumo de calorias, levando ao ganho de peso (VARGAS, 
 
9 
 
2012). Indivíduos com sobrepeso e obesidade (especialmente mulheres) também re-
latam frequentemente insatisfação com a imagem corporal e estão associados a mai-
ores taxas de depressão, baixa autoestima e perfeccionismo (WEINBERGER et al., 
2014). 
Pesquisas mostram que a percepção da imagem corporal afeta a saúde mental 
e a capacidade de um indivíduo de manter a perda de peso, e as intervenções para 
perda de peso podem melhorar a imagem corporal em indivíduos obesos (CHAO, 
2015). 
Pesquisas mostraram que causas psicológicas podem interferir no desenvolvi-
mento da obesidade, destacando a importância de se considerar os fatores psicológi-
cos envolvidos no tratamento da perda de peso. Pensando nisso, destaca também a 
necessidade de acompanhamento multidisciplinar para ampliar o conhecimento sobre 
o assunto, pois a diversidade de conhecimentos que trazem contribui para uma melhor 
compreensão dos aspectos envolvidos para auxiliar na prevenção distúrbios relacio-
nados (MENDES et al., 2016). 
Considerando a importância de uma abordagemmultidisciplinar da obesidade, 
a terapia cognitivo-comportamental (TCC) tem demonstrado eficácia ao estudar as-
pectos relacionados a padrões alimentares disfuncionais, como avaliar e corrigir pen-
samentos inadequados, que podem auxiliar tanto para a etiologia quanto para a ma-
nutenção do excesso de peso. A avaliação desses pensamentos é um procedimento 
desencadeante durante a mudança comportamental bem como para a terapia de re-
estruturação cognitiva (LIMA & OLIVEIRA, 2016). 
3.1 A demanda e a escuta psicanalítica 
O problema do corpo se inscreve no campo da psicanálise de forma singular. 
Desde o século XIX, com o enigma trazido pela conversão da histeria, a psicanálise 
se depara com a autenticidade do corpo na articulação com a cultura e, portanto, não 
pode escapar da influência da linguagem. Sem dúvida, para a psicanálise não se trata 
do corpo biológico ou cultural, mas do corpo pulsional, do qual o organismo pulsional 
puramente vivo não pode ser separado. A pulsão é um dos conceitos fundamentais 
que fundamentam o campo da psicanálise e não da medicina e marca indelevelmente 
a especificidade da formação dos sintomas em relação ao corpo. 
 
10 
 
Nos casos em que se baseiam nosso entendimento fica evidente que a busca 
pelo emagrecimento e pela recuperação de um controle sobre seus atos compulsivos 
ocupam lugar elevado e que, por esse motivo, essas pessoas apresentam determi-
nada discursividade, cujos traços podem repetir-se. 
Para Birman (2012), a compulsão, 
[...] é uma modalidade de agir caracterizada pela repetição, já que o alvo da 
ação não é jamais alcançado. Daí a sua repetição incansável, sem variações 
e modulações, que assume o caráter de imperativo, isto é, impõem-se ao 
psiquismo sem que o eu possa deliberar sobre o impulso que se impõe. 
A partir dessa repetição do discurso, destacamos primeiramente a postura pas-
siva com que os pacientes ditos obesos se apresentam em relação não só à obesi-
dade, mas a uma série de aspectos da vida. Essa passividade fica evidente em ex-
cessivas referências corporais, num corpo de que o obeso parece não se apropriar, 
buscando permanentemente uma separação ou recusa. 
Outro aspecto da escuta desses pacientes são as necessidades estéticas a que 
são atiradas todos os dias e que se mostram duras em relação às aparências dos 
outros. Isso é inevitavelmente tratado como crítico e acusador, mostrando que o óbvio 
caráter superego é mesmo o que a outra pessoa pensa. Nesses casos, a necessidade 
de fazer da perfeição a característica principal também está ligada a muitas vezes 
devido a pequenos erros durante a dieta que levam a uma tentativa abortada de perda 
de peso. 
Em um contexto cultural de consumo irrefreável, em que o sujeito está invaria-
velmente submetido às exigências de saúde, beleza e bem-estar, a obesidade mostra-
se também como um paradoxo: o ideal de corpo magro opera como exigência sempre 
inatingível, reforçando o imperativo superegoico que lança, em contrapartida, os su-
jeitos na compulsão por comer como recurso de enfrentamento da frustração decor-
rente dessa permanente inadequação. É justamente em busca de adequação que 
muitos pacientes chegam à análise: ao profissional de saúde é delegada a tarefa da 
cura, restando ao obeso a queixa em relação ao sacrifício a que se submete em vão 
para emagrecer ou ao sofrimento que a genética lhe impõe. 
Essa desimplicação subjetiva com que o obeso demanda um novo tratamento 
coloca problemas para a instauração do dispositivo analítico, pois o direcionamento 
 
11 
 
de uma questão ao analista é condição inicial para o estabelecimento da transferência, 
campo no qual se dá uma análise. 
4 O PESO DA OBESIDADE 
 
Fonte: tribunademinas.com.br 
A valorização da beleza externa leva as pessoas a acreditarem que ela é a 
solução, a fórmula da felicidade e do sucesso de todos. Esses acontecimentos têm 
chamado a atenção por suas graves consequências no meio social, pela busca incan-
sável de padrões sociais de beleza, tornando o indivíduo um verdadeiro refém do mé-
todo dos milagres e da vontade de conquistar cirurgicamente essa beleza (GALASSI 
& YAMASHITA, 2015). 
Os meios de comunicação são de grande importância para o desenvolvimento 
da sociedade porque, além de fornecerem informações cotidianas, também possuem 
uma poderosa capacidade de moldar a opinião pública. No entanto, a mídia também 
tem um lado negativo, pois as informações que publicam podem alienar uma parte da 
sociedade e abrir questões de qualquer forma. Indiscutivelmente, a mídia está de al-
guma forma cooperando, direta ou indiretamente, para excluir pessoas obesas. Vale 
ressaltar que essa forma de exclusão pode ter passado despercebida, mas, em geral, 
a forma como ela se espalha não foi percebida (GALASSI & YAMASHITA, 2015). 
A sociedade aceita pessoas obesas, mas com limitações. Sabe-se que existe 
preconceito e discriminação que faz com que as pessoas obesas tenham vergonha 
 
12 
 
de sua situação. A sociedade contemporânea impõe um padrão físico que deve ser 
seguido para que as pessoas o aceitem. Para que isso não seja tão dolorido para 
aqueles que não conseguem se enquadrar nesses biótipos é necessário que haja mu-
danças, no sentido de se rever alguns conceitos, como demonstrar afetividade para 
com a pessoa obesa e não a tratas como doente ou excluído, não cooperando, assim, 
para que esse indivíduo seja esquecido dentro da própria sociedade (GONÇALVES, 
2017). 
Atualmente, com a melhoria contínua dos padrões estéticos, é cada vez mais 
difícil se adaptar aos padrões de beleza, de modo que os indivíduos, principalmente 
as mulheres, buscam a cada dia uma figura esbelta, sucumbindo às exigências da 
estética e da sociedade. Notavelmente, os padrões de beleza e a composição corporal 
mudaram ao longo do tempo, à medida que novas necessidades humanas surgiram 
(SILVA & LANGE, 2010). 
No mesmo sentido, é o ensinamento de MOTTA (2017, p. 31): 
Nasci o que se chama padrão normal em relação ao peso de um recém-nas-
cido, um menino lindo, todos diziam e as fotos revelavam. [...] aos cinco anos, 
eu já era gordo, e me lembro de as pessoas me olharem com outros olhos, 
não era o mesmo olhar que tinham com as crianças esbeltas[...]. Mas essa 
lembrança que relato não me causava dor, sofrimento, na realidade, eu nem 
sabia do que se tratava, é o tipo de situação e sentimento que só se descobre 
mais adulto. [...] no meu caso, aos doze anos eu entendi que eu era diferente 
[...]. 
Essas considerações permitem estabelecer uma relação entre peso e caracte-
rísticas pessoais, pesquisas e estudos têm demonstrado que o preconceito e o es-
tigma contra pessoas obesas são cada vez mais notórios. Essa atitude faz com que a 
pessoa não aceite o próprio corpo porque não atende aos padrões sociais de beleza. 
Estas preocupações são corroboradas por Macedo et al., (2015), pois, o fato de estar 
acima do peso pode levar à inibição e isolamento pessoal, afetar a qualidade de vida 
e de realizar atividades, comprar roupas e até sair de casa e conseguir se sentir bem 
no meio social. 
A imagem corporal deve ser entendida como um princípio único para cada pes-
soa, pois representa o processo de história de vida e identidade, com emoções, pen-
samentos e representações sobre os outros. Embora não haja imagem corporal cole-
tiva, os humanos constroem sua própria imagem corporal por meio de interações con-
tínuas com os outros. 
 
13 
 
Macedo et al., (2015) contribuem para o sucesso pessoal e profissional ao re-
tratar a busca da beleza e do corpo perfeito, pessoas que buscam desesperadamente 
o sucesso, sempre com o intuito de alcançar uma imagem corporal ideal, plenamente 
associada a uma sociedade de aparência aprovada. Essa necessidade de ser social-
mente aceita e enquadrada nos padrões estéticos da sociedade, onde as mulheres 
são cobradas a terem um corpo magro e esbelto e os homens um corpo atlético emusculoso, pode influenciar a forma como a pessoa com sobrepeso ou obesidade se 
vê e o modo como age, podendo afastar-se do convívio social, em razão do “peso da 
obesidade”. 
 
Fonte: fernandomagalhaes.pt 
Nesse sentido, Silva e Lange (2010) ressaltam que a beleza é algo primordial 
na vida das pessoas, levando-as a buscar constantemente a imagem corporal ideal, 
citando: 
[...]a beleza simboliza sucesso pessoal e profissional. Com isso em vista, os 
indivíduos perseguem desesperadamente uma “perfeição corporal provisória” 
e, ao mesmo tempo, acumulam um vazio enquanto seres humanos, porque 
indiretamente sabem que essa busca por uma imagem corporal ideal, no 
mundo contemporâneo, não chega a um fim. 
Motta (2017) acrescenta que a baixa autoestima pode ser acentuada pela 
culpa, raiva, tristeza, medo e até a recusa em ter um corpo descomunal, ressalta ainda 
 
14 
 
que esses sentimentos estão presentes na vida normal e que seriam mais bem en-
frentados se não houvesse a obesidade nela para potencializar a piora e baixar a 
autoestima. 
O corpo foi repetidamente escolhido como foco de atenção, objeto de consumo 
obsessivo, e agora o corpo cirúrgico que foi esculpido, fabricado e produzido é valori-
zado. Em outras palavras, a beleza se afastou de sua real função de exibir as carac-
terísticas essenciais da beleza para seguir os padrões que a mídia impõe e divulga 
todos os dias. Não há nada de errado em uma pessoa querer ser bonita e bem vestida, 
o problema surge quando as pessoas acreditam que esses atributos são básicos, ne-
cessários e ilusórios o suficiente para se dar bem consigo mesmo. 
Grosso modo, pode-se concluir que a importância dos padrões estéticos e de 
beleza impostos pela sociedade é cada vez mais notória por impedir que as pessoas 
obesas aceitem seus corpos e distorçam a comunicação consigo mesmas e com sua 
verdadeira condição (GONÇALVES, 2017). 
5 PRÁTICAS DE NUTRIÇÃO COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DE 
TRANSTORNOS ALIMENTARES 
 
Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com 
Os comportamentos relacionados à alimentação estão diretamente relaciona-
dos à auto percepção sensorial humana e à identidade social. A nutrição comporta-
mental surge com esse novo olhar, abordando diversos aspectos relacionados ao 
 
15 
 
comportamento alimentar por meio de diversas estratégias (SILVA & MARTINS, 
2017). 
Para o sucesso das intervenções nutricionais, o estudo do comportamento ali-
mentar vem se tornando cada vez mais importante, pois não se trata apenas do com-
portamento alimentar, mas também de todo o ambiente, além de fatores sociais e 
culturais, demográficos e psicológicos, ou seja, determinado por várias influências 
(CATÃO & TAVARES, 2020). 
 Os transtornos alimentares aparecem pela primeira vez na infância, mas tam-
bém podem aparecer mais tarde, como bulimia, anorexia e transtorno da compulsão 
alimentar periódica (FERREIRA, 2018). Essas doenças têm sido amplamente estuda-
das ao longo dos anos, entretanto, a literatura avança a cada dia e novos achados 
devem receber a devida atenção, pois sua incidência continua aumentando, principal-
mente entre o público obeso. A nutrição comportamental surgiu como uma abordagem 
eficaz e decisiva para o tratamento de transtornos alimentares. 
5.1 Nutrição Comportamental 
Na perspectiva de Alvarenga (2016), a nutrição comportamental não é propria-
mente uma profissão, é considerada uma abordagem inovadora que leva em consi-
deração os aspectos sociológicos, sociais, culturais e emocionais da alimentação, 
abrindo as portas para os nutricionistas. Eles viram a necessidade de tratamento para 
pacientes com distúrbios alimentares e dificuldades em seguir dietas padrão ou dire-
trizes nutricionais tradicionais. Portanto, antecipando que as mudanças comportamen-
tais realmente ocorrerão, esses pacientes se sentirão estimulados a continuar o trata-
mento e, assim, atingir seus objetivos. Como nutricionista, os autores ressaltam: “Es-
tudamos alimentos, nutrientes e o corpo humano, mas raramente estudamos pes-
soas”. 
Kamil (2013) relata que “o comportamento alimentar vai além do ato de comer”. 
Nesse depoimento, nota-se que o comportamento alimentar envolve muitos outros 
fatores, como fatores emocionais e culturais, ao invés de apenas saciar a fome. Como 
nos sentimos durante nosso comportamento alimentar, onde comemos, o ambiente 
externo, por que comemos e até mesmo o que pensamos quando comemos podem 
influenciar esse comportamento. 
 
16 
 
Segundo Alvarenga et al., (2016), os nutricionistas que utilizam essa aborda-
gem são denominados terapeutas nutricionais (TN). Além de ajudar as pessoas a en-
tenderem a estrutura e o que devem comer, esse profissional ajuda a entender como 
as emoções afetam os comportamentos e atitudes alimentares. Vale ressaltar que o 
TN também pode se sentir inseguro nos mais diversos pacientes, temendo não con-
seguir resolver o problema ou até piorar a situação. Para minimizar isso, é necessário 
que os TN’s busquem ajuda de outros TN’s mais experientes, bem como de outros 
profissionais, como psicólogos. 
 
Fonte: insira.com.br 
Com isso em mente, o TN é responsável por ajudar os pacientes a estabelecer 
um caminho passo a passo para alcançar o plano alimentar. As técnicas utilizadas por 
este profissional incluem Entrevista Motivacional, Alimentação Intuitiva, Alimentação 
Consciente e Terapia Comportamental Cognitiva, para citar algumas. Usando todas 
essas ferramentas/técnicas, motivar os pacientes a mudarem seu comportamento ali-
mentar (ALVARENGA et al., 2019). 
Essa visão sustenta que o papel primordial da nutrição comportamental é a 
comunicação responsável e científica, transmitindo uma mensagem consistente, e 
considerando que esses distúrbios têm causas diferentes, como causas psicológicas, 
biológicas e socioculturais, as crenças e valores do paciente devem seja respeitado 
(ALVARENGA, 2016). 
 
17 
 
5.2 Técnicas de Terapia Comportamental 
Entrevista Motivacional 
Segundo Alvarenga et al., (2019), a Entrevista Motivacional (EM) é uma técnica 
utilizada na nutrição comportamental cujo principal objetivo é descobrir as verdadeiras 
motivações dos indivíduos para a mudança por meio da comunicação colaborativa em 
terapia nutricional. Durante a entrevista, o paciente é orientado sobre as opções com-
portamentais que deseja mudar, o que explica Burgess et al., (2017), em que afirma 
que a EM é uma conversa distante do aconselhamento tradicional, onde o NT orienta 
os indivíduos por meio de declarações automotivadas para verificar sua prontidão para 
a mudança. 
A EM se aplica a situações que envolvem mudanças comportamentais, como 
adesão à dieta, atividade física, tratamento para transtornos alimentares, enfim, tudo 
que esteja diretamente relacionado à saúde e ao bem-estar. Para que a EM tenha 
sucesso, é fundamental criar um ambiente em que o indivíduo se sinta acolhido, con-
fortável e seguro, pois, em geral, qualquer processo de mudança comportamental 
pode causar desconforto e ansiedade (ALVARENGA et al., 2019). 
Assim, o ES tem uma fase desde o primeiro contato com o paciente no TN até 
o término do atendimento. O primeiro passo envolve o “engajamento”, que é construir 
uma conexão, ouvir e entender o histórico médico do paciente, fazendo com que ele 
se sinta aceito, respeitado, confortável e disposto a mudar. A segunda fase envolve a 
"focagem", onde, além de engajar o paciente, o TN e o indivíduo focam nas questões 
relacionadas à alimentação, questionando quais mudanças ele está interessado em 
fazer. Além disso, o terceiro passo é focar em questões relacionadas à alimentação 
(CATÃO & TAVARES, 2020). 
A outra parte da conversa é “evocar”, colocar a comunicação em prática, le-
vando o paciente a identificar seus verdadeiros interesses, motivações intrínsecas e 
fazer mudanças. Perguntas abertas podem ajudar e mudar o ambiente de aconselha-
mento para deixar o paciente confortável,pois se acontecer o contrário e o paciente 
se sentir desconfortável, o problema a ser resolvido cria resistência e o impede de sair 
do status quo ou se opor à mudança. Por fim, há a fase de "planejamento", quando o 
paciente estiver pronto para mudar, ele encontrará a solução por conta própria. Neste 
 
18 
 
ponto, o NT pode usar ferramentas como planos de ação e planos de metas para guiá-
lo (ALVARENGA et al., 2019). 
O Modelo Transteórico para o Processo de Mudança de Comportamento Ali-
mentar, também conhecido como Modelo de Estágio de Mudança de Comportamento, 
é uma abordagem pela qual as mudanças relacionadas à saúde ocorrem por meio de 
cinco etapas distintas, a saber: pré-pensamento, contemplação, tomada de decisão, 
ação e manutenção. Cada passo mostra o momento da mudança e o nível de motiva-
ção para fazer a mudança. 
Na visão, o indivíduo ainda não tem intenção de mudar; na contemplação, o 
indivíduo começa a pensar na mudança, mas não há prazo para começar; por outro 
lado, uma fase chamada decisão ou preparação prevê mudanças recentes no com-
portamento; ações correspondentes às mudanças comportamentais exigem dedica-
ção do indivíduo para evitar recaídas; durante a fase de manutenção, o indivíduo muda 
o comportamento e consegue mantê-lo por mais de seis meses (CATÃO & TAVARES, 
2020). 
Comer Intuitivo 
Aos olhos de Almeida e Furtado (2017), a Comer Intuitiva (CI) é uma aborda-
gem baseada em evidências para ensinar as pessoas a ter uma boa relação com a 
comida e entender seu corpo. O objetivo é trazer o indivíduo para a verdadeira har-
monia com a comida, a mente e o corpo. Os mesmos autores relatam que essa abor-
dagem tem três pilares: permissão incondicional para comer; comer para entender as 
necessidades físicas e não emocionais, confiar em sinais internos de fome e sacie-
dade para decidir o que, quando e quanto comer. 
A consciência introspectiva é a capacidade de perceber sensações corporais 
que surgem dentro do corpo, mediadas diretamente pelo cérebro. Portanto, comedo-
res intuitivos são mais intuitivamente conscientes. O condicionamento mente-corpo 
fornece aos indivíduos uma ferramenta poderosa para identificar suas necessidades, 
tais como: letargia, bexiga cheia, fome, pois o corpo envia mensagens baseadas em 
necessidades físicas e psicológicas. Então, quando há regras, como fazer dieta, há 
caos na mente e no corpo (TRIBOLE et al., 2017). 
Alvarenga et al., (2019) relatam que a alimentação intuitiva é uma abordagem 
baseada em evidências que ajuda as pessoas a seguir seus sinais internos de fome 
 
19 
 
e comer o alimento de sua escolha sem se sentir culpado e julgador e, eticamente, 
contém 10 princípios. A ênfase está em "não fazer dieta" e deve ser vista como um 
plano no qual a ordem dos dez princípios estabelecidos não é fixa, mas deve ser 
adaptada a cada indivíduo. 
Os dez princípios são: 
 Rejeitar a mentalidade da dieta 
Retirar todas as informações que contenham informações dietéticas e medidas 
que prometam emagrecimento rápido, como livros, revistas, não seguir as redes soci-
ais, não permitir que outros determinem o que, quanto e quando comer (ALVARENGA 
et al., 2019). 
Os estilos de vida atuais levam a uma necessidade de praticidade no dia a dia, 
o que abre espaço para que as estruturas alimentares sejam influenciadas pela mídia 
(MORAES, 2014). 
 Honrar a fome 
Para que se honre a fome, é preciso ficar atento aos sinais de fome e padronizar 
o horário. É importante não passar fome e ter acesso a alimentos para lidar com a 
fome quando estiver com fome. Alguns exercícios podem ser aplicados na percepção 
da fome, como o odômetro da fome, em que o paciente identifica sua fome e sacie-
dade, que são inversamente proporcionais, ou seja, quando nossa fome é zero, a 
saciedade é próxima de dez e vice-versa. É interessante que o paciente treine para 
realizar de quatro a seis refeições diárias, diminuindo assim, o risco de exagero ou 
restrição e aumentando sua saciedade (ALVARENGA et al., 2019). 
 
20 
 
 
Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com 
 Fazer as pazes com a comida 
Violar as regras alimentares pode fazer com que uma pessoa coma mais, inde-
pendentemente da fome ou da saciedade. Isso não significa que a pessoa vai comer 
o quanto quiser a qualquer momento, mas sim fazer perguntas como "Eu realmente 
quero comer isso?", "Eu preciso comer isso agora?". Essa permissão incondicional 
tem que acontecer com base em dicas internas que ajudam as pessoas a comer in-
tuitivamente, não necessariamente seguindo regras. Em geral, trata-se de conseguir 
comer o que você gosta, sentir suas sensações corporais, especialmente fome e sa-
ciedade, sem o medo da restrição (ALVARENGA et al., 2019). 
 Desafiar o policial alimentar 
Nesse princípio, os autores mostram que o indivíduo se sente constantemente 
sendo julgado pela polícia interna, e que o sentimento de roubar ou mentir sobre a 
alimentação pode gerar uma culpa que pode ter efeitos extremamente ruins. Para evi-
tar que isso aconteça, é necessário mudar esse pensamento e abrir espaço para ou-
tras vozes internas não julgadoras que forneçam feedback positivo e ajudem a tomar 
decisões mais pacíficas sobre os alimentos (ALVARENGA et al., 2019) 
 Sentir a saciedade 
A leptina e a insulina são hormônios conhecidos que interagem com receptores 
no hipotálamo para produzir saciedade. As concentrações séricas desses hormônios 
são maiores e a resistência a esses hormônios é maior em indivíduos obesos. Para 
 
21 
 
se sentir satisfeito, você deve aprender a ouvir e entender os sinais internos. Como 
mencionado anteriormente, para fazer isso, você precisa respeitar a fome e comer 
incondicionalmente. Alguns exercícios de autoavaliação podem ajudá-lo a entender 
melhor seu corpo. Pessoas com certas condições médicas ficam confusas e muitas 
vezes se sentem culpadas quando o corpo sinaliza (ALVARENGA et al., 2019). 
 Descobrir o fator de satisfação 
Saber quando está satisfeito é importante, pois assim o indivíduo pode comer 
menos e utilizar a comida como forma de satisfação, não apenas para saciar a fome, 
nutrir-se e satisfazer as necessidades físicas, pois a finalidade da alimentação inclui 
também questões socioculturais e emocionais. Um ambiente agradável, enfeitar os 
pratos e ter uma boa companhia pode ajudar muito no processo. (ALVARENGA et al., 
2019). 
 Lidar com as emoções sem usar a comida 
Todo mundo tem a capacidade de comer qualquer coisa, o que significa que 
ele tem a chamada liberdade nas escolhas alimentares. No entanto, vários fatores 
envolvidos em sua história pessoal influenciarão essas escolhas (CATÃO & TAVA-
RES, 2020). 
A alimentação vai muito além de suprir as necessidades físicas do corpo e, na 
maioria das vezes, a comida é utilizada como forma de recompensa, ou forma de 
expressar amor, e também é utilizada para reduzir emoções e sentimentos negativos 
e prolongar os positivos. Assim, os estados emocionais interferem completamente nos 
padrões alimentares, além de levar em conta crenças, medos e ansiedade. Exercícios 
de terapia cognitivo-comportamental podem ser muito úteis para lidar com essas emo-
ções ao usar alimentos. 
Nessa abordagem, o TN deve esclarecer o comer desatento e o comer emoci-
onal e aplicar a atividade para ajudar os indivíduos a conscientizar-se sobre seu com-
portamento. No início, o NT pedia aos pacientes que se perguntassem: “Estou com 
fome?” antes de cada refeição. Se a resposta for “não” e o paciente ainda quiser co-
mer, aplique uma série de sentimentos para que ele pare e pense nos sentimentos 
com os quais está lidando ao usar o alimento. Depois de identificar o sentimento, ele 
provavelmente não o servirá com comida, em vez de comida, TN o ajudará a encontrar 
uma atividade que o ajude com a dificuldade (ALVARENGA et al., 2019). 
 
22 
 
Lista de sentimentos: 
Temoroso Bravo Triste Alegre AborrecidoSurpreso Envergonhado 
Irritadiço Exasperado Desanimado Entretido Horrorizado Admirado Desonrado 
Assustado Hostil Fúnebre Encantado Ignorado Maravilhado Constrangido 
Nervoso Irritado Pesaroso Gratificado Desprezado Pasmo Culpado 
Amedrontado Com muita 
raiva 
Sem espe-
rança 
Feliz Indignado Embasba-
cado 
Humilhado 
Cauteloso Ressentido Solitário Satisfeito Rejeitado Chocado Mortificado 
Preocupado Vingativo Triste (com 
dor) 
Leve Revoltado Perplexo Com remorso 
Fonte: ALVARENGA et. al., 2019. 
 Respeitar o próprio corpo 
Nos dias atuais, infelizmente o que predomina é a insatisfação corporal. As 
pessoas estão condicionadas a ter um corpo dito perfeito, configurando assim um dis-
túrbio de imagem, principalmente entre as mulheres. A preocupação e valorização 
extrema do corpo, não valoriza as características naturais de cada pessoa, pois estas 
estão condicionadas a um padrão específico. É preciso exercitar o respeito ao corpo 
por meio de metas, incentivando o indivíduo a se cuidar, sem se comparar aos outros, 
mas sim, ser sua própria referência. 
O TN pode propor um exercício que tenha como objetivo incentivar o paciente 
a perceber seu corpo com compaixão, sem evidenciar as insatisfações. Nesse exer-
cício, o paciente recebe uma lista de afirmações que devem ser lidas nos momentos 
em que começar a ter pensamentos negativos sobre o corpo. Essa lista contém algu-
mas maneiras de amar o seu corpo, como por exemplo: “Seja consciente do que seu 
corpo faz todos os dias. Ele é o instrumento de sua vida, e não um ornamento de 
prazer para os outros”, “Curta seu corpo: estique-se, dance, caminhe, cante, tome um 
banho de espuma, faça massagem, faça as unhas...”, “Afirme-se que seu corpo é 
perfeito justamente do modo que ele é.”, “Conte suas vitórias e não suas falhas” (AL-
VARENGA et. al., 2019). 
 
23 
 
 Exercitar-se - sentindo a diferença 
O exercício físico deve ser uma forma de prazer, por isso é importante que se 
busque algo que gosta de fazer, sendo essa prática de fundamental importância, 
tendo cuidado com as formas compensatórias, ou punitivas, pois a proposta do Comer 
Intuitivo é um exercício focado em bem-estar e saúde (ALVARENGA et. al., 2019). 
A mesma autora relata que o dia a dia é repleto de atribuições pessoais, mas 
que na maioria das vezes acontece de forma sedentária, como ficar sentado no carro, 
no sofá, no escritório. Para se trabalhar isso, é interessante começar pelo “monitora-
mento de tempo sedentário”, estimulando as pessoas a se mexerem mais ao longo 
do dia, fazendo isso de forma intuitiva. 
 Honrar a saúde – praticar uma “nutrição gentil” 
A nutrição gentil, segundo as autoras, nada mais é do que fazer com que as 
pessoas se sintam bem ao comer, o contrário da nutrição terrorista, mas respeitando 
as diretrizes nutricionais. 
Terapia Cognitiva Comportamental 
Fundada por Aaron Beck em 1956, a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) 
tem sido estudada e utilizada mundialmente para tratar uma variedade de doenças e 
problemas psicológicos, auxiliando indivíduos a lidar com diversas adversidades como 
ansiedade, transtornos alimentares, obesidade e muito mais. Os resultados obtidos 
pelo tratamento com esta terapia não só proporcionam alívio temporário dos sintomas, 
como também mantêm a melhora alcançada em longo prazo. Isso ocorre porque os 
pacientes são capazes de mudar seu pensamento e, portanto, seus comportamentos 
disfuncionais para alcançar seus objetivos (NEUFELD; MOREIRA & XAVIER, 2012). 
De acordo com Duchesne e Almeida (2002 apud CATÃO & TAVARES, 2020), 
[...] a terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma intervenção semiestru-
turada, objetiva e orientada para metas, que aborda fatores cognitivos, emo-
cionais e comportamentais no tratamento dos transtornos psiquiátricos. 
Na TCC algumas estratégias são empregadas para tratar os diferentes tipos de 
transtornos alimentares. Duchesne e Almeida (2002 apud CATÃO & TAVARES, 2020) 
relatam essas estratégias empregadas na Anorexia nervosa, Bulimia e TCAP. São 
elas: 
 
24 
 
Estratégias para tratamento da Anorexia Nervosa (AN): 
 Diminuição da restrição alimentar 
Essa estratégia tem foco na normalização da alimentação. 
 Diminuição de frequência de atividade física 
 Incentiva o paciente a suspender gradativamente a rotina de exercícios exte-
nuantes, incentivando a prática saudável da atividade física e de preferência, que per-
mita relações interpessoais. 
 Abordagem do distúrbio da imagem corporal 
Nessa abordagem, é trabalhada a imagem corporal, onde o paciente é levado 
a fazer uma percepção do seu corpo, como ele se vê e como realmente é. 
 Modificação do sistema de crenças 
Pacientes que sofrem com transtornos alimentares apresentam crenças distor-
cidas principalmente em relação ao peso e imagem corporal, associando diretamente 
na autoestima. Para modificar esse sistema, o paciente precisa identificar os pensa-
mentos que sofram distorção. Estratégias como desenhar sua imagem corporal ou 
expor gradativamente seu corpo, pode ajudar esses pacientes a modificarem suas 
crenças. 
 Abordagem da autoestima 
Nessa estratégia, trabalha-se a redução da expectativa do desempenho em pa-
cientes com Anorexia nervosa. O terapeuta auxilia o indivíduo a se apoiar em outro 
tipo de atributos além da aparência e a melhorar em seus relacionamentos interpes-
soais, favorecendo a modificação do comportamento. 
 Avaliação da eficácia 
A eficácia do tratamento em pacientes com Anorexia nervosa se dá através da 
manutenção da mudança, com isso devem ser utilizadas técnicas para o controle de 
recaídas, planejando estratégias para o futuro aparecimento de dificuldades, e saber 
lidar com elas. 
Estratégias para tratamento da Bulimia: 
 
25 
 
 Controle dos Episódios de Compulsão Alimentar (ECA) e da indução de vô-
mito 
Segundo as autoras, nesse tipo de distúrbio, devem-se analisar todos os as-
pectos, em especial os métodos compensatórios e a ocorrência dos episódios. Nesses 
casos, o terapeuta ensina técnicas de autocontrole, como se expor gradualmente a 
condições que favoreçam o aparecimento dos episódios, com o intuito de reduzir os 
facilitadores (ansiedade, tristeza, etc.) de ECA e indução de vômito. 
 Eliminação do uso de laxantes e diuréticos 
A partir do momento que a alimentação de paciente com Bulimia vai se tor-
nando mais regular, o uso de laxantes e diuréticos vão sendo diminuídos gradativa-
mente. Modificação do sistema de crenças Geralmente os pensamentos do paciente 
que sofre com Bulimia são extremistas, “tudo ou nada”. A terapia utilizada na modifi-
cação desse sistema segue o mesmo princípio utilizado na AN. 
 Avaliação da eficácia 
Em associação com o tratamento farmacológico, esse tipo de terapia tem re-
sultados satisfatórios no tratamento de pacientes com esse tipo de transtorno, favore-
cendo o aumento da autoestima e funcionamento social. 
Estratégias para tratamento do Transtorno da Compulsão Alimentar Pe-
riódica (TCAP): 
 Modificação de hábitos alimentares 
Para ter êxito na mudança de hábitos alimentares em pacientes com TCAP, 
este é incentivado a se manter distante de alimentos que devem ser consumidos em 
pequenas quantidades, lembrando que dietas restritivas são contraindicadas nesses 
casos. A melhor estratégia é o controle de estímulos e a mudança gradual dos hábitos 
alimentares. 
 Aumento da atividade física 
São utilizadas estratégias para adesão da atividade física, podendo esta ser 
flexível e dinâmica, podendo até envolver outras pessoas, auxiliando assim no pro-
cesso. 
 
26 
 
 Abordagem da autoestima 
Quem sofre com esse tipo de transtorno, dá atenção excessiva à imagem cor-
poral, associado a padrões corporais impostos pela sociedade. O terapeuta auxilia o 
paciente a buscar um equilíbrio entre a auto aceitação e a mudança. 
 Avaliação de eficácia 
Geralmente se obtém resultadosa curtos prazos, mas ainda há dificuldades 
quanto a manutenção a longo prazo. Medicamentos associados a terapia parecem 
surtir um efeito melhor. 
6 TRANSTORNOS ALIMENTARES 
 
Fonte: emais.estadao.com.br 
Nunes, Santos e Souza (2017) referem-se aos transtornos de comportamento 
alimentar da seguinte forma: 
Os transtornos de comportamento alimentar são denominados distúrbios psi-
quiátricos de etiologia multifatorial, caracterizados por consumo, padrões e 
atitudes alimentares extremamente distorcidas e preocupação exagerada 
com o peso e forma corporal, sendo os mais conhecidos a Bulimia e Anorexia 
Nervosa. 
Nos dias atuais, há uma necessidade das pessoas se encaixarem em um pa-
drão de beleza, que geralmente costuma ser magro, definido, etc. Com essa superva-
 
27 
 
lorização da imagem, as pessoas começam a apresentar uma mudança de compor-
tamento alimentar que muitas vezes vem associado a distúrbios de imagem corporal 
(NUNES et al., 2017). 
De acordo com Alvarenga, Scagliusi e Philippi (2011), esses Transtornos de 
Comportamento Alimentar (TCA) tem como causa diversos fatores, que se caracteri-
zam por comportamentos alimentares distorcidos, além do excesso de preocupação 
com a imagem corporal. 
Em estudo de Bandeira et al., (2016), verificou-se que os transtornos alimenta-
res aparecem nas primeiras décadas de vida, como na infância e adolescência, e po-
dem causar complicações à saúde geral de um indivíduo (geralmente uma mulher). 
Bosi et al., (2014) enfatizaram que a anorexia nervosa (AN) apresenta uma alta taxa 
de mortalidade devido aos problemas físicos decorrentes, bem como uma alta taxa de 
suicídio. 
Bento et al., (2016) explicam a anorexia nervosa como: 
“Transtorno alimentar caracterizado pela recusa do alimento pelo paciente, 
causando importante e extrema perda de peso, baixa taxa metabólica basal 
e exaustão. Os sinais e sintomas mais comuns dessa patologia são: busca 
incessante pelo emagrecimento, percepção distorcida da imagem corporal, 
restrição alimentar ou episódios bulímicos seguidos por purgação. Esses pa-
cientes diagnosticados geralmente têm perfil perfeccionista, manipulador, in-
seguro e de rejeição”. 
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, os 
transtornos são diferentes uns dos outros em relação ao curso clínico, desfecho e 
tratamento, mesmo apresentando comportamentos em comum (DSM-V, 2014). 
Como mencionado anteriormente, os transtornos alimentares mais conhecidos 
são a anorexia nervosa e a bulimia. Mas existem outros transtornos alimentares pre-
ocupantes, como o Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP). O trans-
torno é caracterizado por episódios recorrentes de compulsão alimentar sem qualquer 
comportamento compensatório para evitar possível ganho de peso. O TCAP é um 
transtorno do comportamento alimentar recentemente descrito. O início de tais distúr-
bios é geralmente um pouco mais tarde do que na infância, como ruminação e pica. 
Para que os pacientes recebam o tratamento adequado, os profissionais de saúde 
devem compreender o curso clínico e o prognóstico da doença (CATÃO & TAVARES, 
2020). 
 
28 
 
Caracteriza-se principalmente por crises de descontrole sobre o que e quanto 
se come, ou seja, ingerir grandes quantidades em um determinado período de tempo 
(até duas horas), ocorrendo pelo menos duas vezes por semana nos últimos seis me-
ses, e nenhum comportamento compensatório. 
6.1 Bulimia e anorexia – Aspectos biopsicossociais 
A anorexia pode ser restritiva ou laxativa e é caracterizada pela rápida perda 
de peso seguida de dieta rigorosa para buscar a perda extrema de peso; a bulimia é 
caracterizada por episódios recorrentes de compulsão alimentar seguidos de compor-
tamentos compensatórios inadequados, como uso de laxantes, diuréticos e vômito 
auto induzido (SANTOS et al., 2015). Fatores psicológicos, conflitos sociais ou famili-
ares muitas vezes desencadeiam esses transtornos, fazendo com que produzam gra-
ves danos sistêmicos (GUERRA & OLIVEIRA, 2012). 
Considera-se anorexia quando a perda de peso for excessiva e o peso perma-
necer pelo menos 15% abaixo do esperado. Essa busca incessante pela perda de 
peso e o medo intenso do ganho de peso se divide em dois subtipos: restritivo, em 
que os sintomas ocorrem devido à restrição alimentar, em que podem ocorrer sinto-
mas obsessivo-compulsivos; e laxativo, em que os pacientes apresentam comporta-
mentos agressivos de perda de calorias, como é o caso da autoindução de vômito, 
uso de laxantes e até mesmo exercícios físicos excessivos (KEEL et al., apud DAL-
GALARRONDO, 2019). 
Diagnóstico 
Os critérios diagnósticos para anorexia nervosa e bulimia nervosa são basea-
dos no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) e no Código 
Internacional de Doenças (CID-10). Em relação à anorexia nervosa, ambas se referem 
à principal característica da doença, que é a perda de peso auto induzida. Para as 
crianças que ainda estão em fase de crescimento, a interrupção intencional do ganho 
de peso é ainda mais preocupante. O forte medo da obesidade persiste, embora es-
teja bem abaixo do normal, devido às distorções da imagem corporal induzidas pela 
psicopatologia (BARLOW, 2016). 
 
29 
 
A DSM-V e a CID-10 fazem um complemento especial às mulheres, ao se obser-
var ausência de pelos, ciclos menstruais irregulares e no sexo masculino a diminuição 
do interesse sexual. Além disso, são observados, pela DSM-V, dois tipos de anorexia, 
o restritivo e o purgativo. 
No que se refere à bulimia nervosa, segundo o padrão canônico é característico 
dos episódios de hiperfagia, ou seja, a ingestão de grandes quantidades de alimentos 
em curtos intervalos de tempo, significativamente maiores do que a de indivíduos sau-
dáveis (PAIM, 2016). 
O paciente está tão dominado pelo desejo que perde o controle e come demais. 
Como resultado, ele usa um método compensatório para tentar se sentir melhor, eli-
minando à força esses alimentos como forma de não ganhar peso. Estados de exci-
tação maníaca também foram observados, como em casos de demência mental 
grave, esquizofrenia e outras neuroses (SADOCK et al., 2015). 
Os métodos mais comuns são êmese auto indutora, exercícios extenuantes, 
períodos de inanição, purgação auto induzida, uso de drogas como anorexígenos, 
drogas específicas como tireoide ou diuréticos. A CID-10 também esclarece situações 
em que pessoas com diabetes podem negligenciar a terapia com insulina. Esses even-
tos compensatórios ocorreram em média duas vezes por semana durante pelo menos 
três meses. A bulimia também é classificada em dois tipos pelo DSM-V, mas neste 
caso em purgativa e não purgativa. O purgativo é devido à autoindução de vômitos, 
uso indevido de diuréticos e laxantes. Já o sem purgação é pela prática de jejum pro-
longado e intensos exercícios físicos. 
Tratamento psicológico 
A psicoterapia é considerada uma das etapas mais importantes, e é a base de 
sustentação da terapia, pois está inserida no controle dos sintomas. Esse tratamento 
vai além do paciente, incluindo sua família e amigos, pois a vida de um paciente com 
anorexia nervosa é muito limitada, por isso o terapeuta precisa buscar mais elementos 
para auxiliar o sujeito. O indivíduo tem fala limitada, relacionada à alimentação e peso, 
o que provoca mudanças em seu comportamento, pois quando come, está ocupado 
por um forte sentimento de frustração, sente culpa e medo de ganhar peso, ou seja, a 
pessoa anoréxica enxerga-se gorda, se vê de maneira distorcida. Diante dessa con-
 
30 
 
fusão, busca compensar, através da restrição alimentar, ou ainda vômitos auto indu-
zidos ou processos purgativos. Em seguida, ele será tomado por uma breve sensação 
de alívio (DALTROSO, 2018). 
Segundo Daltroso (2018), a principal tarefa do terapeuta é trabalhar com outros 
profissionais para ajustar as metas e objetivos da terapia para atingiro objetivo de 
reduzir os sintomas e estabilizar o indivíduo no menor tempo possível. Indivíduos com 
anorexia experimentam graus variados de fragilidade, comorbidades que podem estar 
relacionadas ao distúrbio, também as dificuldades no trabalho que o psicólogo desen-
volverá, aumentando ainda mais esta dificuldade se houver o uso ou dependência de 
substâncias químicas ou psicoativas. Para cada situação, o psicólogo precisa fazer 
alguns ajustes, e a escolha da melhor abordagem teórica também é fundamental para 
o sucesso do tratamento. Deve-se ter cautela em pacientes com transtornos de per-
sonalidade e/ou depressão, e atenção à ideação suicida, que é muito comum na fala 
de pacientes com anorexia. 
Por se tratar de uma clínica multidisciplinar, envolvendo vários profissionais de 
diferentes áreas no processo, a terapia familiar e de grupo também se faz necessária. 
As famílias, por desempenharem um papel central na terapia, estarão procurando 
conflitos nas interações, relacionamentos disfuncionais, dificuldades de comunicação, 
como cada pessoa expressa suas emoções, possíveis abusos físicos ou sexuais, en-
fim, tudo o que envolve todo o relacionamento dentro do grupo familiar, que podem 
ser gatilhos para episódios de anorexia nervosa (DALTROSO, 2018). 
Na terapia de grupo, mais comumente na psicoeducação, por meio de sessões 
públicas, todos podem expor seus conflitos, ver e ser visto, ouvido e ouvido. Os me-
diadores profissionais iniciam um fio que permite que aqueles que estão confortáveis 
com o processo interajam. Esse processo funciona bem para os pacientes e especi-
almente para as famílias, por serem encontros benéficos ao acolhimento familiar e 
ocasionar a melhorar a compreensão dos transtornos alimentares. 
A terapia de grupo pode ajudar os pacientes a perceberem que não são os 
únicos com transtorno alimentar e facilita o compartilhamento do aprendizado tera-
pêutico a partir de diferentes experiências. Existem muitas abordagens em grupo, as 
mais utilizadas são as seguintes: grupo de habilidades sociais, grupo de imagem cor-
poral, eutonia, psicodrama, grupo de meditação, terapia ocupacional, terapia psicodi-
 
31 
 
nâmica breve, arteterapia, grupos de culinária e nutrição, grupo de sexualidade, gru-
pos de atividades físicas orientadas, grupos de reinserção profissional e grupos diver-
sos (ARATANGY E BUONFIGLIO, 2017). 
7 CIRURGIA BARIÁTRICA E FATORES PSICOLÓGICOS 
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica 
(SBCBM), a história da cirurgia bariátrica no Brasil começa na década de 1970, com 
os trabalhos iniciais do cirurgião da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) Salo-
mão Chaib, utilizando técnicas de derivação jejuno-ileais do tipo Payne (1969), acom-
panhando assim, as principais tendências internacionais da especialidade e percor-
rendo um novo caminho que foi aberto na década de 1980, por Edward E. Mason, 
cirurgião americano considerado um dos pais da cirurgia bariátrica e um dos fundado-
res da Sociedade Americana de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. Além disso, foi o 
primeiro a introduzir o conceito de restrição gástrica, o que levou ao desenvolvimento 
de técnicas como by-pass gástrico, gastroplastia horizontal e gastroplastia vertical 
com anéis de polipropileno (DINIZ et al., 2012). 
A forma de avaliar se um paciente será submetido à cirurgia é pelo cálculo do 
índice de massa corporal (IMC). O IMC é uma medida do risco de morbidade e mor-
talidade por obesidade conforme definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 
por isso é dividido em cinco estágios: normal, sobrepeso e obesidade, I II e III. As 
indicações para cirurgia começam no Nível II, porém, outro problema de saúde, como 
problemas na coluna, diabetes, etc., deve ser demonstrado para que a cirurgia seja 
aprovada. O cálculo do resultado do IMC é obtido pela divisão do peso pela altura ao 
quadrado (CUNHA et al., 2020). 
A perspectiva multidisciplinar também ganhou maior relevância, pois a obesi-
dade possui uma estrutura complexa, multifacetada e requer compreensão de dife-
rentes áreas do conhecimento. A necessidade de um psicólogo e um psiquiatra na 
equipe de cirurgia bariátrica é formalmente determinada por resolução do Conselho 
Federal de Medicina n° 1.766/5, afirmando que, a equipe deve ter além do cirurgião 
 
32 
 
com a formação específica, a presença de clínico, nutrólogo ou nutricionista, psiquia-
tria e ou psicólogo, fisioterapeuta, anestesiologista, enfermeiro e profissionais familia-
rizados com condutas específicas em obesidade mórbida (CUNHA et al., 2020). 
O psicólogo ajudará a informar e orientar os pacientes, ajudar a entender a 
doença da obesidade, como ela se desenvolve, seus sintomas, ajudar a desenvolver 
novas habilidades, ajudá-lo a mudar sua mente, controlar suas emoções e promover 
mudanças efetivas em seu comportamento, resultando na promoção de saúde (LO-
PES, 2017). 
Após a cirurgia bariátrica, o acompanhamento do tratamento torna-se relevante 
porque o estômago foi operado, mas, a mente não. Essa diferença é fundamental para 
os resultados tardios no tratamento multidisciplinar que os pacientes recebem. Além 
disso, a fonte de prazer que antes era comer começa a mudar de foco, direção e pode 
mudar para outras fontes de prazer, continuando assim a usar vários recursos para 
satisfazer sua ansiedade. 
7.1 Os impactos psicológicos em indivíduos submetidos à cirurgia bariátrica 
Pesquisa realizada por Marchesine (2010) destacou que os pacientes subme-
tidos à cirurgia bariátrica eram mais suscetíveis aos efeitos do uso de álcool, mos-
trando também que 54,3% dos pacientes pesquisados foram operados por discrimi-
nação social e estética. Considerando que 56,5% das pessoas substituíram a compul-
são alimentar por outros comportamentos após a cirurgia, os autores recomendam a 
intervenção profissional, ressaltando que esse número elevado se deve à falta de 
acompanhamento psicológico após a cirurgia. 
Na perspectiva de Gordon et al., (2011), os pacientes submetidos à cirurgia 
bariátrica são mais propensos a usar e tornar-se dependentes de álcool e outras subs-
tâncias aditivas em média 12 meses após a cirurgia, ressaltando em seu trabalho que 
os pacientes acabam substituindo a alimentação pelo álcool, a denominada Síndrome 
da Deficiência de Recompensa. 
Com base em Méa et al., (2017) e Marchesini (2010), parte dos submetidos à 
cirurgia bariátrica realizou essa intervenção por se sentirem compelidos a se adequa-
rem aos padrões de beleza impostos pela sociedade. Fagundes et al., (2016) mostra-
 
33 
 
ram que quando os pacientes começaram a perder peso, atividades cotidianas sim-
ples, como: passar em uma catraca de ônibus, subir escadas entre outras atividades, 
acabam se tornando uma ação de vitória, que os pacientes trazem em seus relatos 
no pós-operatório. 
7.2 Acompanhamento Psicológico no pré e pós-operatório 
Existem basicamente dois princípios fundamentais para a atuação do psicólogo 
antes e após a cirurgia bariátrica: o primeiro é avaliar, diagnosticar e orientar o trata-
mento das doenças relacionadas, a fim de reduzir possíveis complicações e riscos 
cirúrgicos; o segundo é focar nos hábitos e mudanças de estilo de vida necessários 
para o preparo do paciente e orientação para os cuidados e tratamento pós-operató-
rios (BRASIL, 2013). 
No entanto, também é preciso levar em consideração que nem todo paciente 
que passa por avaliação psicológica é automaticamente elegível para a cirurgia bari-
átrica. Justamente porque durante a avaliação psicológica são levantadas todas as 
possibilidades que possam interferir em uma boa recuperação. Ou seja, doenças men-
tais anteriores, como depressão, ansiedade, transtornos de personalidade, dependên-
cia de drogas de qualquer tipo ou até mesmo excessos alimentares. Se constatado 
durante a avaliação, é necessário realizar um processo psicoterapêutico prévio à ci-
rurgiabariátrica, levando em consideração os problemas que podem surgir com a ci-
rurgia. 
Segundo Guerra (2019), os transtornos psiquiátricos são frequentes e prolon-
gados em pacientes pré-bariátricos, transtornos como ansiedade, transtornos do hu-
mor e transtornos alimentares são características de alta morbidade em pacientes 
obesos que procuram tratamento. Isso requer uma avaliação criteriosa antes da pró-
xima etapa, neste caso, a própria cirurgia. Portanto, os candidatos à cirurgia bariátrica 
são submetidos a diversas etapas durante a avaliação psicológica. Levando em con-
sideração as recomendações do CFP, (2013) para realizar uma avaliação psicológica 
de forma correta, primeiro é preciso ter um objetivo (neste caso, a capacidade, de 
realizar a cirurgia bariátrica) para que a ferramenta psicológica mais adequada para a 
situação seja escolhida. 
 
34 
 
Uma vez estabelecido isso, é hora de coletar informações sobre a história pre-
gressa do paciente, histórico médico, possíveis transtornos mentais, e para isso é im-
portante utilizar mais de um instrumento, geralmente é realizada uma entrevista clínica 
e podem ser usadas dinâmicas e observações, assim como testes psicológicos. 
Além de todos esses aspectos do procedimento pré-operatório, há mais alguns 
aspectos a serem considerados. De acordo com Bordignon, Bertoletti e Trentini 
(2019), a psicoeducação dos pacientes e seus familiares é importante, pois formam 
uma rede de apoio aos pacientes. É importante explicar a todos as consequências da 
cirurgia a curto, médio e longo prazo, bem como promover o autoconhecimento sobre 
a forma de alimentação do paciente. Todo o processo é minucioso e discreto, levando 
em consideração todos os procedimentos éticos prescritos pelo Conselho Federal de 
Psicologia (CFP). 
Conforme destacado por Joaquim et al., (2019) o objetivo primordial da avalia-
ção psicológica deve ser indicar se a cirurgia bariátrica é realmente um procedimento 
que beneficia o paciente, garantindo a segurança do paciente. Ao realizar avaliações 
psicológicas, os psicólogos devem observar as respostas dos candidatos em relação 
ao estresse e à tensão e especialmente seus hábitos alimentares. O psicólogo tam-
bém deve explicar ao paciente todas as mudanças que a cirurgia bariátrica trará, isso 
é necessário para atestar se o paciente está realmente preparado para lidar com todas 
as novas situações que surgirão. 
Se, por algum motivo, alguma condição de cirurgia bariátrica que possa ser 
prejudicial ao paciente for identificada por um profissional psicólogo por meio de ava-
liação psicológica, se justifica o encaminhamento psiquiátrico, segundo Bordignon, 
Bertoletti e Trentini (2019). Principalmente quando há uma doença mental grave 
como: depressão, psicose, alimentação, abuso ou dependência de substâncias, e 
quando há alguma limitação intelectual que impeça o paciente de compreender ple-
namente o procedimento a ser realizado. Em alguns casos, a psicoterapia também 
pode ser necessária. 
Para Gordon (2014), os sintomas depressivos ainda na fase pré-operatória in-
dicam a necessidade de intervenção terapêutica, pois esses sintomas podem inferir 
um pior prognóstico geral e, portanto, também são necessários cuidados intensivos 
na fase pós-operatória para melhorar os resultados e garantir a qualidade de vida. 
 
35 
 
Pode-se supor erroneamente que o maior problema para os pacientes após a 
cirurgia é a recuperação, quando, na verdade, o maior obstáculo é muitas vezes os 
próprios pensamentos e comportamentos do paciente. A cirurgia bariátrica, por mais 
bem-sucedida que seja, produz mudanças puramente físicas, mas o psicológico e a 
maneira como a pessoa se relaciona com a comida, a maneira como ela se vê, pode 
permanecer o mesmo, isso sem contar em transtorno mentais, como depressão e an-
siedade, já pré-estabelecidos, e por isso deve ser trabalhado por meio da psicoterapia 
com psicólogo e em alguns casos até mesmo com o psiquiatra. Além disso, muitos 
pacientes ainda precisam lidar com todas as mudanças físicas que ocorrem no corpo, 
a cirurgia traz saúde, porém, ela também pode trazer complicações (CASTELLO 
BRANCO, 2021). 
Para Camargo (2013), a cirurgia bariátrica pode causar efeitos fisiológicos du-
radouros como engasgos, vômitos, desconforto, etc. Esses efeitos podem dificultar, 
mas não necessariamente impedir um bom ajuste psicossocial. Mas para que esse 
processo seja bem-sucedido, mudanças comportamentais devem ser feitas, principal-
mente no que diz respeito aos hábitos alimentares. Além disso, fatores psicológicos 
também podem afetar a capacidade do paciente de se adaptar às condições neces-
sárias para manter o peso. 
Segundo Méa e Peccin (2017), sem um acompanhamento satisfatório do trata-
mento, cerca de um ano ou mais após a cirurgia, o paciente pode começar a buscar 
novas formas de suprir suas necessidades, o que pode ser alcançado de duas formas: 
sentir-se vazio, perder o interesse pelo que antes era agradável, mau desempenho no 
trabalho e angústia. Por outro lado, existem compulsões, onde o indivíduo responde 
gradualmente ao desejo de buscar comida. Podendo haver um descuido e o indivíduo 
começa a avançar novamente. 
Isso reflete que pacientes com perda de peso não precisam apenas de apoio 
psicológico, mas também de um bom apoio psicológico. Na psicologia, existem várias 
abordagens, com níveis de evidência variados, sendo necessário que esse paciente 
obtenha um método que garanta maior chance de sucesso em pacientes obesos, ba-
riátricos e com compulsão alimentar. Permitir que a condição do paciente encontre 
uma boa evolução e alcance uma qualidade de vida satisfatória. 
Méa e Peccin (2017) também identificaram dois caminhos adicionais que paci-
entes com perda de peso podem seguir sem o devido apoio psicológico. Uma delas 
 
36 
 
são os transtornos de ansiedade, que podem até ser mais prevalentes nesses casos 
do que a depressão, já que pessoas com transtornos de ansiedade têm maior neces-
sidade de se alimentar, o que afetará diretamente o ganho de peso. Outra via possível 
é o abuso de substâncias psicoativas, sendo o uso de álcool a substância com maior 
prevalência. 
No entanto, isso não significa que a cirurgia bariátrica seja a principal causa de 
distúrbios psicológicos graves. Longe disso, a cirurgia bariátrica é um procedimento 
que traz inúmeras melhorias para a saúde e a vida do paciente. Meghelli (2018) che-
gou a observar em seu estudo que pacientes com perda de peso melhoraram a cog-
nição, achado relacionado à cirurgia. Embora essa melhora não seja suficiente para 
atingir a média populacional. 
No estudo realizado por Méa e Peccin (2017), não foram encontrados altos ní-
veis de ansiedade e depressão, embora a prevalência de consumo de álcool tenha 
sido maior. Por isso, a psicoterapia é necessária, pois o trabalho realizado deve ser 
preventivo. Além de evitar que esses sintomas apareçam, permite que o paciente te-
nha uma maior aceitação do seu corpo, o que pode ajudar na manutenção do peso e 
mudanças no estilo de vida. 
No entanto, por um lado, se a ansiedade e a depressão não são altamente 
prevalentes em pacientes com perda de peso, considere que são mais comuns em 
pacientes que já apresentavam tais sintomas antes da cirurgia. Outras comorbidades, 
como a compulsão alimentar, têm alta incidência e, portanto, podem enviar sinais de 
alerta durante o pós-operatório. 
Em consonância com Venzon e Alchieri (2014), a presença de compulsão ali-
mentar pós-operatória esteve diretamente associada ao ganho de peso. Novamente, 
a cirurgia bariátrica consiste em apenas uma fase do tratamento da obesidade, ou 
seja, o tratamento não termina após a cirurgia, ele continua, e continuará por muito 
tempo, tendo em vista que a manutenção do peso dependerá de vários fatores, a partir 
de então proceder à avaliação, que em longo prazo ajudará a desenvolver um plano 
de tratamento.Dada à natureza de longo prazo da obesidade, entende-se que o tra-
tamento deve ser contínuo e deve envolver uma série de fatores, como: mudanças na 
alimentação e no comportamento, como o desenvolvimento do hábito de atividade 
física, prevenção e apoio psicológico durante o tratamento e durante o pós-operatório, 
 
37 
 
respeitando sempre as vicissitudes e idiossincrasias de cada paciente, levando em 
consideração a complexidade da pessoa. 
Dessa forma, a psicoterapia não é uma estratégia emergencial, mas preventiva, 
pois considerando todas as mudanças, e sabendo que o ser humano é um ser biopsi-
cossocial, é fundamental que esse paciente pós-bariátrica tenha um acompanha-
mento não apenas para lidar com todas as mudanças físicas, mas principalmente para 
lidar com as mudanças psicológicas que ele está exposto (CASTELLO BRANCO, 
2021). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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