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0 1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2 2 NUTRIÇÃO E PSICOLOGIA ....................................................................... 3 2.1 Serviços de saúde multiprofissional ..................................................... 5 3 ASPECTOS PSICOLÓGICOS DA OBESIDADE ........................................ 7 3.1 A demanda e a escuta psicanalítica ..................................................... 9 4 O PESO DA OBESIDADE ........................................................................ 11 5 PRÁTICAS DE NUTRIÇÃO COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DE TRANSTORNOS ALIMENTARES ............................................................................. 14 5.1 Nutrição Comportamental ................................................................... 15 5.2 Técnicas de Terapia Comportamental................................................ 17 6 TRANSTORNOS ALIMENTARES ............................................................ 26 6.1 Bulimia e anorexia – Aspectos biopsicossociais ................................ 28 7 CIRURGIA BARIÁTRICA E FATORES PSICOLÓGICOS ........................ 31 7.1 Os impactos psicológicos em indivíduos submetidos à cirurgia bariátrica..................................................................................................................32 7.2 Acompanhamento Psicológico no pré e pós-operatório ..................... 33 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 38 2 1 INTRODUÇÃO O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma per- gunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a res- posta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser se- guida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 3 2 NUTRIÇÃO E PSICOLOGIA Fonte: fvcedu.com.br A obesidade é um problema complexo e multifatorial que envolve dimensões genéticas, comportamentais, socioeconômicas e ambientais, levando a um aumento do risco de morbimortalidade (HRUBY & HU, 2015). Também é influenciado por fato- res psicoemocionais (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014; FINGER & OLIVEIRA, 2016). Os prejuízos emocionais, sociais e cognitivos desempenham um papel na ma- nutenção da compulsão alimentar, muitas vezes presente em indivíduos obesos (HIL- BERT, 2018). A maioria das pessoas com Transtorno da Compulsão Alimentar Perió- dica (TCAP) tem um histórico de tentativas de dieta e falhas repetidas para perder e manter o peso. Esses pacientes, assim como os obesos sem a doença, costumam relatar que, quando param de fazer dieta, sentem que nunca conseguirão fazer nada certo (FINGER & OLIVEIRA, 2016). A psicologia, que visa promover o autoconhecimento, olha para todas as mani- festações humanas, tanto visíveis, como o comportamento, quanto invisíveis, como sentimentos e emoções, e contribui para a compreensão da vida como um todo. Os psicólogos desempenham um papel importante na atuação multidisciplinar na busca por uma maior qualidade de vida, por meio de abordagens individualizadas e coletivas 4 de técnicas e práticas psicológicas, adaptadas às necessidades de cada indivíduo (AZEVEDO & CREPALDI, 2016). O desenvolvimento das ciências psicológicas e a concretização de novas áreas do conhecimento propiciam a implementação de maiores recursos técnicos e meto- dológicos, que permitem uma maior integração entre o psicológico, o biológico e o social, promovendo uma perspectiva biopsicossocial. A atuação do nutricionista no contexto multiprofissional é fundamental para a ênfase na alimentação saudável, além da prevenção e tratamento humanizado de do- enças específicas por meio da dietoterapia, com foco na promoção da saúde. Por- tanto, as abordagens e a integração desses dois campos estão em consonância com os princípios do cuidado centrado no sujeito, exigindo o desenvolvimento de estraté- gias para atender às necessidades individuais de forma única e efetiva a partir de um diálogo mútuo (LANA & LANA, 2020). Atualmente, com o avanço contínuo da tecnologia, observa-se o aumento da depressão, ansiedade e estresse devido ao cotidiano agitado e fatores socioculturais que impõem ideais de beleza, desencadeando a compulsão alimentar (COPETTI & QUIROGA, 2018). Em decorrência das mudanças contemporâneas, a busca pelo corpo perfeito está diretamente relacionada à mídia, levando à insatisfação com o corpo, levando à adoção de uma alimentação extremamente restritiva, o que leva a problemas compor- tamentais e psicológicos (PEREIRA, 2013). Em geral, as redes sociais afetam a baixa autoestima das pessoas e a necessidade de cumprir as normas prescritas pela mídia (FREITAS et al., 2012). Savioli (2019) observou um aumento de 18% nos casos de depressão e um aumento de 9,3% nos transtornos de ansiedade no Brasil de 2005 a 2015, observando que essa alta prevalência está associada a mudanças drásticas no estilo de vida e hábitos alimentares. Diante disso, é fundamental desenvolver intervenções baseadas em uma perspectiva holística de saúde. A industrialização, concomitantemente com a evolução técnica e cientí- fica, potencializou de maneira marcante as transformações no estilo de vida das pessoas, nomeadamente no que diz respeito aos hábitos ali- mentares, onde é evidente a tentativa de agregar o carácter prático e a ra- pidez, ao estilo de vida moderno. Nas últimas décadas, os temas relacionados com os hábitos alimentares e saúde suscitaram o interesse de pessoas de diferentes idades, classes sociais e graus de instrução. 5 De igual modo, aumenta o interesse sobre estilos de vida saudáveis, onde a alimentação ocupa um papel privilegiado (PEREIRA, 2013, p.19). Vários estudos têm demonstrado que os comportamentos alimentares estão associados a aspectos psicológicos da ingestão alimentar, pois esses aspectos psi- cológicos influenciam os hábitos alimentares (FRANÇA et al., 2012; SAVIOLI, 2019). Neste seguimento, Freitas et al., (2012) enfatizou a relação entre hábitos alimentares e percepções de alimentos em uma determinada condição social, com foco na expe- riência de vida de cada indivíduo. É importante ressaltar que os neurotransmissores responsáveis pelos aspectos emocionais, como a serotonina e as endorfinas, são formados a partir dos alimentos e acredita-se que estejam envolvidos na regulação dos sentimentos e comportamen- tos alimentares, desempenhando papel fundamental nos sentimentos como felici- dade, bom humor e na regulação da dor (GEUS et al., 2011). Badanai et al., (2019) observaram que indivíduos que aderiram mais a padrões alimentares saudáveis eram menos propensos a depressão e ansiedade. 2.1 Serviços de saúde multiprofissional Os serviços de saúde multiprofissional, públicos e privados, contam atualmente com uma grande variedade de profissionais que buscam prestar um atendimento de qualidade (NETO, 2016). Portanto, essa ação baseada na integralidade está voltadapara a interação entre as diversas profissões da saúde, cada uma delas buscando compreender o ser humano, para que haja um conhecimento diverso que facilite uma compreensão abrangente do sujeito como um todo (DEMÉTRIO et al., 2011). Dessa forma, essas expressões profissionais humanizam o trabalho, reduzindo custos e melhorando os resultados, orientando uma observação biopsicossocial glo- bal do indivíduo (TONETTO & GOMES, 2007). Os campos da psicologia e da nutrição se unem na saúde integrada em ação conjunta. Ambos estão diretamente relacionados à qualidade de vida e visam promo- ver o bem-estar individual e um estilo de vida saudável. O campo da nutrição enfatiza a terapia dietética, que facilita a alimentação saudável de acordo com cada disciplina, 6 enquanto a psicologia desempenha um papel fundamental no comportamento e na psicologia, visando melhorar a qualidade de vida (NETO et al., 2016). Assim, Drewett (2010) afirma que as intervenções multiprofissionais dentro do espetro psicológico e nutricional promovem mudanças significativas no estilo de vida, resultando em aumento da atividade física e melhoria das condições alimentares, me- lhorando assim a qualidade de vida e o bem-estar pessoal. O trabalho em equipe multiprofissional estimula a atuação integral a partir das necessidades específicas de cada indivíduo, levando em consideração suas particularidades, como crenças, cos- tumes e preferências (MEDEIROS et al., 2011). Por meio da escuta, os profissionais buscam se conectar com os sujeitos e identificar suas necessidades para desenvolver estratégias de intervenção adequadas a cada caso específico. Este modo de ação tem um impacto significativo no funciona- mento psicológico do paciente, estimulando uma melhor qualidade de vida. Aspectos emocionais influenciam o comportamento alimentar, conforme explica França et al., (2012), observando que a psicologia e a nutrição precisam trabalhar juntas para ajudar a mudar o estilo de vida das pessoas. A relevância da educação alimentar e nutricional, bem como das intervenções psicológicas para a promoção da saúde física e mental, são vistas como estratégias necessárias para enfrentar os desafios que as orientam (SANTOS, 2012). No que diz respeito à educação alimentar, a avaliação psicológica é fundamental, pois fatores emocionais podem influenciar na resistência do indivíduo às mudanças no estilo de vida e nas relações com a comida (SAVIOLI, 2019). A compreensão das variáveis psicológicas na alimentação pode traduzir a en- trega de diversas mensagens em um programa de tratamento multidisciplinar, levando em consideração a interpretação das alterações e parâmetros nutricionais propostos pela equipe orientadora (SANTOS, 2012). Vale destacar que, para garantir a competência profissional e desenvolver a capacidade de vincular fatores biológicos, psicológicos e sociais, é necessário contar com profissionais bem formados e que valorizem o trabalho em equipe. Nesse caso, os dois campos se inter-relacionam, agregando comunicação e habilidades para ga- rantir a cooperação a partir dos mecanismos de mudança comportamental e motiva- cional na prática (DEMÉTRIO et al., 2011). 7 Estudo realizado por França et al., (2012) evidenciou vínculos psicológicos e nutricionais, observando que fatores psicológicos e emocionais podem interferir na manutenção de hábitos alimentares saudáveis, com emoções como raiva, tristeza e ansiedade evidenciando adesão menor a hábitos saudáveis, desestimulando a con- tinuação de dietas e práticas de exercícios físicos, enquanto sentimentos de motivação e alegria representaram uma força propulsora à mudança do compor- tamento alimentar e à prática de hábitos saudáveis. Portanto, os resultados apontados neste estudo corroboram com a literatura, destacando os benefícios das intervenções multiprofissionais na mudança do estilo de vida e do estado físico e mental dos indiví- duos (FRANÇA et al., 2012). 3 ASPECTOS PSICOLÓGICOS DA OBESIDADE A obesidade é um problema complexo e multifatorial que envolve dimensões genéticas, comportamentais, socioeconômicas e ambientais, levando a um aumento do risco de morbimortalidade (HRUBY & HU, 2015). Também é influenciado por fato- res psicoemocionais (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014; FINGER & OLIVEIRA, 2016). Fonte: i.ytimg.com 8 A alimentação proporciona alívio imediato, mas uma vez que o indivíduo inter- rompe o comportamento, a culpa se desenvolve (LIMA & OLIVEIRA, 2016). As mu- lheres são o grupo mais afetado pelo aumento global da obesidade, especialmente as mulheres de baixa renda, com taxas de obesidade 10% maiores que os homens (OPAS, 2017). Mulheres obesas usam a compulsão alimentar como recurso compensatório para situações de tristeza, depressão, ansiedade e raiva. A pressão da sociedade para perder peso incentiva o tratamento a todo custo, o que desencadeia respostas psicológicas e físicas que aumentam a obesidade (LIMA & OLIVEIRA, 2016). Nesse contexto, entender a relação entre fatores psicológicos, compulsão ali- mentar e obesidade é importante para o desenvolvimento de técnicas de tratamento cada vez mais eficazes. É preciso quebrar o ciclo vicioso (estresse-comer-culpa-res- tringir-comer...) e avaliar as fortes demandas psicológicas causadas por um histórico de restrição alimentar e pressão social para emagrecer. Além disso, essa restrição pode levar ao desejo de um indivíduo por comida, que é um fator de risco potencial para a compulsão alimentar e, em última análise, um gatilho para o desenvolvimento de comportamentos de compulsão alimentar (VERZIJL, AHLICH, SCHLAUCH, & RANCOURT, 2018). LÜDTKE et al., (2018) afirmam que, do ponto de vista psicológico, a obesidade não pode ser mais considerada meramente o resultado de uma manifestação somá- tica de um conflito psicológico subjacente, como se acreditou por muito tempo. Do ponto de vista fisiológico, a obesidade pode ser pensada como um acúmulo anormal de gordura corporal, levando a algum comprometimento da saúde. Quando a ingestão e o consumo estão desequilibrados, ocorre excesso ou armazenamento anormal de energia no tecido adiposo, o que leva à obesidade. Para a psicologia cognitivo-com- portamental, é importante entender quais fatores psicológicos estão envolvidos nesse desequilíbrio entre ingestão e gasto calórico, e quais desses fatores psicológicos con- tribuem ou não para a obesidade nos indivíduos (GONÇALVES; SILVA & ANTUNES, 2012). Os transtornos alimentares, como a compulsão alimentar, também estão asso- ciados ao sobrepeso, obesidade, falta de tratamento e ganho de peso em pacientes com estas condições. Alguns transtornos alimentares criam um balanço calórico po- sitivo ao aumentar o consumo de calorias, levando ao ganho de peso (VARGAS, 9 2012). Indivíduos com sobrepeso e obesidade (especialmente mulheres) também re- latam frequentemente insatisfação com a imagem corporal e estão associados a mai- ores taxas de depressão, baixa autoestima e perfeccionismo (WEINBERGER et al., 2014). Pesquisas mostram que a percepção da imagem corporal afeta a saúde mental e a capacidade de um indivíduo de manter a perda de peso, e as intervenções para perda de peso podem melhorar a imagem corporal em indivíduos obesos (CHAO, 2015). Pesquisas mostraram que causas psicológicas podem interferir no desenvolvi- mento da obesidade, destacando a importância de se considerar os fatores psicológi- cos envolvidos no tratamento da perda de peso. Pensando nisso, destaca também a necessidade de acompanhamento multidisciplinar para ampliar o conhecimento sobre o assunto, pois a diversidade de conhecimentos que trazem contribui para uma melhor compreensão dos aspectos envolvidos para auxiliar na prevenção distúrbios relacio- nados (MENDES et al., 2016). Considerando a importância de uma abordagemmultidisciplinar da obesidade, a terapia cognitivo-comportamental (TCC) tem demonstrado eficácia ao estudar as- pectos relacionados a padrões alimentares disfuncionais, como avaliar e corrigir pen- samentos inadequados, que podem auxiliar tanto para a etiologia quanto para a ma- nutenção do excesso de peso. A avaliação desses pensamentos é um procedimento desencadeante durante a mudança comportamental bem como para a terapia de re- estruturação cognitiva (LIMA & OLIVEIRA, 2016). 3.1 A demanda e a escuta psicanalítica O problema do corpo se inscreve no campo da psicanálise de forma singular. Desde o século XIX, com o enigma trazido pela conversão da histeria, a psicanálise se depara com a autenticidade do corpo na articulação com a cultura e, portanto, não pode escapar da influência da linguagem. Sem dúvida, para a psicanálise não se trata do corpo biológico ou cultural, mas do corpo pulsional, do qual o organismo pulsional puramente vivo não pode ser separado. A pulsão é um dos conceitos fundamentais que fundamentam o campo da psicanálise e não da medicina e marca indelevelmente a especificidade da formação dos sintomas em relação ao corpo. 10 Nos casos em que se baseiam nosso entendimento fica evidente que a busca pelo emagrecimento e pela recuperação de um controle sobre seus atos compulsivos ocupam lugar elevado e que, por esse motivo, essas pessoas apresentam determi- nada discursividade, cujos traços podem repetir-se. Para Birman (2012), a compulsão, [...] é uma modalidade de agir caracterizada pela repetição, já que o alvo da ação não é jamais alcançado. Daí a sua repetição incansável, sem variações e modulações, que assume o caráter de imperativo, isto é, impõem-se ao psiquismo sem que o eu possa deliberar sobre o impulso que se impõe. A partir dessa repetição do discurso, destacamos primeiramente a postura pas- siva com que os pacientes ditos obesos se apresentam em relação não só à obesi- dade, mas a uma série de aspectos da vida. Essa passividade fica evidente em ex- cessivas referências corporais, num corpo de que o obeso parece não se apropriar, buscando permanentemente uma separação ou recusa. Outro aspecto da escuta desses pacientes são as necessidades estéticas a que são atiradas todos os dias e que se mostram duras em relação às aparências dos outros. Isso é inevitavelmente tratado como crítico e acusador, mostrando que o óbvio caráter superego é mesmo o que a outra pessoa pensa. Nesses casos, a necessidade de fazer da perfeição a característica principal também está ligada a muitas vezes devido a pequenos erros durante a dieta que levam a uma tentativa abortada de perda de peso. Em um contexto cultural de consumo irrefreável, em que o sujeito está invaria- velmente submetido às exigências de saúde, beleza e bem-estar, a obesidade mostra- se também como um paradoxo: o ideal de corpo magro opera como exigência sempre inatingível, reforçando o imperativo superegoico que lança, em contrapartida, os su- jeitos na compulsão por comer como recurso de enfrentamento da frustração decor- rente dessa permanente inadequação. É justamente em busca de adequação que muitos pacientes chegam à análise: ao profissional de saúde é delegada a tarefa da cura, restando ao obeso a queixa em relação ao sacrifício a que se submete em vão para emagrecer ou ao sofrimento que a genética lhe impõe. Essa desimplicação subjetiva com que o obeso demanda um novo tratamento coloca problemas para a instauração do dispositivo analítico, pois o direcionamento 11 de uma questão ao analista é condição inicial para o estabelecimento da transferência, campo no qual se dá uma análise. 4 O PESO DA OBESIDADE Fonte: tribunademinas.com.br A valorização da beleza externa leva as pessoas a acreditarem que ela é a solução, a fórmula da felicidade e do sucesso de todos. Esses acontecimentos têm chamado a atenção por suas graves consequências no meio social, pela busca incan- sável de padrões sociais de beleza, tornando o indivíduo um verdadeiro refém do mé- todo dos milagres e da vontade de conquistar cirurgicamente essa beleza (GALASSI & YAMASHITA, 2015). Os meios de comunicação são de grande importância para o desenvolvimento da sociedade porque, além de fornecerem informações cotidianas, também possuem uma poderosa capacidade de moldar a opinião pública. No entanto, a mídia também tem um lado negativo, pois as informações que publicam podem alienar uma parte da sociedade e abrir questões de qualquer forma. Indiscutivelmente, a mídia está de al- guma forma cooperando, direta ou indiretamente, para excluir pessoas obesas. Vale ressaltar que essa forma de exclusão pode ter passado despercebida, mas, em geral, a forma como ela se espalha não foi percebida (GALASSI & YAMASHITA, 2015). A sociedade aceita pessoas obesas, mas com limitações. Sabe-se que existe preconceito e discriminação que faz com que as pessoas obesas tenham vergonha 12 de sua situação. A sociedade contemporânea impõe um padrão físico que deve ser seguido para que as pessoas o aceitem. Para que isso não seja tão dolorido para aqueles que não conseguem se enquadrar nesses biótipos é necessário que haja mu- danças, no sentido de se rever alguns conceitos, como demonstrar afetividade para com a pessoa obesa e não a tratas como doente ou excluído, não cooperando, assim, para que esse indivíduo seja esquecido dentro da própria sociedade (GONÇALVES, 2017). Atualmente, com a melhoria contínua dos padrões estéticos, é cada vez mais difícil se adaptar aos padrões de beleza, de modo que os indivíduos, principalmente as mulheres, buscam a cada dia uma figura esbelta, sucumbindo às exigências da estética e da sociedade. Notavelmente, os padrões de beleza e a composição corporal mudaram ao longo do tempo, à medida que novas necessidades humanas surgiram (SILVA & LANGE, 2010). No mesmo sentido, é o ensinamento de MOTTA (2017, p. 31): Nasci o que se chama padrão normal em relação ao peso de um recém-nas- cido, um menino lindo, todos diziam e as fotos revelavam. [...] aos cinco anos, eu já era gordo, e me lembro de as pessoas me olharem com outros olhos, não era o mesmo olhar que tinham com as crianças esbeltas[...]. Mas essa lembrança que relato não me causava dor, sofrimento, na realidade, eu nem sabia do que se tratava, é o tipo de situação e sentimento que só se descobre mais adulto. [...] no meu caso, aos doze anos eu entendi que eu era diferente [...]. Essas considerações permitem estabelecer uma relação entre peso e caracte- rísticas pessoais, pesquisas e estudos têm demonstrado que o preconceito e o es- tigma contra pessoas obesas são cada vez mais notórios. Essa atitude faz com que a pessoa não aceite o próprio corpo porque não atende aos padrões sociais de beleza. Estas preocupações são corroboradas por Macedo et al., (2015), pois, o fato de estar acima do peso pode levar à inibição e isolamento pessoal, afetar a qualidade de vida e de realizar atividades, comprar roupas e até sair de casa e conseguir se sentir bem no meio social. A imagem corporal deve ser entendida como um princípio único para cada pes- soa, pois representa o processo de história de vida e identidade, com emoções, pen- samentos e representações sobre os outros. Embora não haja imagem corporal cole- tiva, os humanos constroem sua própria imagem corporal por meio de interações con- tínuas com os outros. 13 Macedo et al., (2015) contribuem para o sucesso pessoal e profissional ao re- tratar a busca da beleza e do corpo perfeito, pessoas que buscam desesperadamente o sucesso, sempre com o intuito de alcançar uma imagem corporal ideal, plenamente associada a uma sociedade de aparência aprovada. Essa necessidade de ser social- mente aceita e enquadrada nos padrões estéticos da sociedade, onde as mulheres são cobradas a terem um corpo magro e esbelto e os homens um corpo atlético emusculoso, pode influenciar a forma como a pessoa com sobrepeso ou obesidade se vê e o modo como age, podendo afastar-se do convívio social, em razão do “peso da obesidade”. Fonte: fernandomagalhaes.pt Nesse sentido, Silva e Lange (2010) ressaltam que a beleza é algo primordial na vida das pessoas, levando-as a buscar constantemente a imagem corporal ideal, citando: [...]a beleza simboliza sucesso pessoal e profissional. Com isso em vista, os indivíduos perseguem desesperadamente uma “perfeição corporal provisória” e, ao mesmo tempo, acumulam um vazio enquanto seres humanos, porque indiretamente sabem que essa busca por uma imagem corporal ideal, no mundo contemporâneo, não chega a um fim. Motta (2017) acrescenta que a baixa autoestima pode ser acentuada pela culpa, raiva, tristeza, medo e até a recusa em ter um corpo descomunal, ressalta ainda 14 que esses sentimentos estão presentes na vida normal e que seriam mais bem en- frentados se não houvesse a obesidade nela para potencializar a piora e baixar a autoestima. O corpo foi repetidamente escolhido como foco de atenção, objeto de consumo obsessivo, e agora o corpo cirúrgico que foi esculpido, fabricado e produzido é valori- zado. Em outras palavras, a beleza se afastou de sua real função de exibir as carac- terísticas essenciais da beleza para seguir os padrões que a mídia impõe e divulga todos os dias. Não há nada de errado em uma pessoa querer ser bonita e bem vestida, o problema surge quando as pessoas acreditam que esses atributos são básicos, ne- cessários e ilusórios o suficiente para se dar bem consigo mesmo. Grosso modo, pode-se concluir que a importância dos padrões estéticos e de beleza impostos pela sociedade é cada vez mais notória por impedir que as pessoas obesas aceitem seus corpos e distorçam a comunicação consigo mesmas e com sua verdadeira condição (GONÇALVES, 2017). 5 PRÁTICAS DE NUTRIÇÃO COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DE TRANSTORNOS ALIMENTARES Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com Os comportamentos relacionados à alimentação estão diretamente relaciona- dos à auto percepção sensorial humana e à identidade social. A nutrição comporta- mental surge com esse novo olhar, abordando diversos aspectos relacionados ao 15 comportamento alimentar por meio de diversas estratégias (SILVA & MARTINS, 2017). Para o sucesso das intervenções nutricionais, o estudo do comportamento ali- mentar vem se tornando cada vez mais importante, pois não se trata apenas do com- portamento alimentar, mas também de todo o ambiente, além de fatores sociais e culturais, demográficos e psicológicos, ou seja, determinado por várias influências (CATÃO & TAVARES, 2020). Os transtornos alimentares aparecem pela primeira vez na infância, mas tam- bém podem aparecer mais tarde, como bulimia, anorexia e transtorno da compulsão alimentar periódica (FERREIRA, 2018). Essas doenças têm sido amplamente estuda- das ao longo dos anos, entretanto, a literatura avança a cada dia e novos achados devem receber a devida atenção, pois sua incidência continua aumentando, principal- mente entre o público obeso. A nutrição comportamental surgiu como uma abordagem eficaz e decisiva para o tratamento de transtornos alimentares. 5.1 Nutrição Comportamental Na perspectiva de Alvarenga (2016), a nutrição comportamental não é propria- mente uma profissão, é considerada uma abordagem inovadora que leva em consi- deração os aspectos sociológicos, sociais, culturais e emocionais da alimentação, abrindo as portas para os nutricionistas. Eles viram a necessidade de tratamento para pacientes com distúrbios alimentares e dificuldades em seguir dietas padrão ou dire- trizes nutricionais tradicionais. Portanto, antecipando que as mudanças comportamen- tais realmente ocorrerão, esses pacientes se sentirão estimulados a continuar o trata- mento e, assim, atingir seus objetivos. Como nutricionista, os autores ressaltam: “Es- tudamos alimentos, nutrientes e o corpo humano, mas raramente estudamos pes- soas”. Kamil (2013) relata que “o comportamento alimentar vai além do ato de comer”. Nesse depoimento, nota-se que o comportamento alimentar envolve muitos outros fatores, como fatores emocionais e culturais, ao invés de apenas saciar a fome. Como nos sentimos durante nosso comportamento alimentar, onde comemos, o ambiente externo, por que comemos e até mesmo o que pensamos quando comemos podem influenciar esse comportamento. 16 Segundo Alvarenga et al., (2016), os nutricionistas que utilizam essa aborda- gem são denominados terapeutas nutricionais (TN). Além de ajudar as pessoas a en- tenderem a estrutura e o que devem comer, esse profissional ajuda a entender como as emoções afetam os comportamentos e atitudes alimentares. Vale ressaltar que o TN também pode se sentir inseguro nos mais diversos pacientes, temendo não con- seguir resolver o problema ou até piorar a situação. Para minimizar isso, é necessário que os TN’s busquem ajuda de outros TN’s mais experientes, bem como de outros profissionais, como psicólogos. Fonte: insira.com.br Com isso em mente, o TN é responsável por ajudar os pacientes a estabelecer um caminho passo a passo para alcançar o plano alimentar. As técnicas utilizadas por este profissional incluem Entrevista Motivacional, Alimentação Intuitiva, Alimentação Consciente e Terapia Comportamental Cognitiva, para citar algumas. Usando todas essas ferramentas/técnicas, motivar os pacientes a mudarem seu comportamento ali- mentar (ALVARENGA et al., 2019). Essa visão sustenta que o papel primordial da nutrição comportamental é a comunicação responsável e científica, transmitindo uma mensagem consistente, e considerando que esses distúrbios têm causas diferentes, como causas psicológicas, biológicas e socioculturais, as crenças e valores do paciente devem seja respeitado (ALVARENGA, 2016). 17 5.2 Técnicas de Terapia Comportamental Entrevista Motivacional Segundo Alvarenga et al., (2019), a Entrevista Motivacional (EM) é uma técnica utilizada na nutrição comportamental cujo principal objetivo é descobrir as verdadeiras motivações dos indivíduos para a mudança por meio da comunicação colaborativa em terapia nutricional. Durante a entrevista, o paciente é orientado sobre as opções com- portamentais que deseja mudar, o que explica Burgess et al., (2017), em que afirma que a EM é uma conversa distante do aconselhamento tradicional, onde o NT orienta os indivíduos por meio de declarações automotivadas para verificar sua prontidão para a mudança. A EM se aplica a situações que envolvem mudanças comportamentais, como adesão à dieta, atividade física, tratamento para transtornos alimentares, enfim, tudo que esteja diretamente relacionado à saúde e ao bem-estar. Para que a EM tenha sucesso, é fundamental criar um ambiente em que o indivíduo se sinta acolhido, con- fortável e seguro, pois, em geral, qualquer processo de mudança comportamental pode causar desconforto e ansiedade (ALVARENGA et al., 2019). Assim, o ES tem uma fase desde o primeiro contato com o paciente no TN até o término do atendimento. O primeiro passo envolve o “engajamento”, que é construir uma conexão, ouvir e entender o histórico médico do paciente, fazendo com que ele se sinta aceito, respeitado, confortável e disposto a mudar. A segunda fase envolve a "focagem", onde, além de engajar o paciente, o TN e o indivíduo focam nas questões relacionadas à alimentação, questionando quais mudanças ele está interessado em fazer. Além disso, o terceiro passo é focar em questões relacionadas à alimentação (CATÃO & TAVARES, 2020). A outra parte da conversa é “evocar”, colocar a comunicação em prática, le- vando o paciente a identificar seus verdadeiros interesses, motivações intrínsecas e fazer mudanças. Perguntas abertas podem ajudar e mudar o ambiente de aconselha- mento para deixar o paciente confortável,pois se acontecer o contrário e o paciente se sentir desconfortável, o problema a ser resolvido cria resistência e o impede de sair do status quo ou se opor à mudança. Por fim, há a fase de "planejamento", quando o paciente estiver pronto para mudar, ele encontrará a solução por conta própria. Neste 18 ponto, o NT pode usar ferramentas como planos de ação e planos de metas para guiá- lo (ALVARENGA et al., 2019). O Modelo Transteórico para o Processo de Mudança de Comportamento Ali- mentar, também conhecido como Modelo de Estágio de Mudança de Comportamento, é uma abordagem pela qual as mudanças relacionadas à saúde ocorrem por meio de cinco etapas distintas, a saber: pré-pensamento, contemplação, tomada de decisão, ação e manutenção. Cada passo mostra o momento da mudança e o nível de motiva- ção para fazer a mudança. Na visão, o indivíduo ainda não tem intenção de mudar; na contemplação, o indivíduo começa a pensar na mudança, mas não há prazo para começar; por outro lado, uma fase chamada decisão ou preparação prevê mudanças recentes no com- portamento; ações correspondentes às mudanças comportamentais exigem dedica- ção do indivíduo para evitar recaídas; durante a fase de manutenção, o indivíduo muda o comportamento e consegue mantê-lo por mais de seis meses (CATÃO & TAVARES, 2020). Comer Intuitivo Aos olhos de Almeida e Furtado (2017), a Comer Intuitiva (CI) é uma aborda- gem baseada em evidências para ensinar as pessoas a ter uma boa relação com a comida e entender seu corpo. O objetivo é trazer o indivíduo para a verdadeira har- monia com a comida, a mente e o corpo. Os mesmos autores relatam que essa abor- dagem tem três pilares: permissão incondicional para comer; comer para entender as necessidades físicas e não emocionais, confiar em sinais internos de fome e sacie- dade para decidir o que, quando e quanto comer. A consciência introspectiva é a capacidade de perceber sensações corporais que surgem dentro do corpo, mediadas diretamente pelo cérebro. Portanto, comedo- res intuitivos são mais intuitivamente conscientes. O condicionamento mente-corpo fornece aos indivíduos uma ferramenta poderosa para identificar suas necessidades, tais como: letargia, bexiga cheia, fome, pois o corpo envia mensagens baseadas em necessidades físicas e psicológicas. Então, quando há regras, como fazer dieta, há caos na mente e no corpo (TRIBOLE et al., 2017). Alvarenga et al., (2019) relatam que a alimentação intuitiva é uma abordagem baseada em evidências que ajuda as pessoas a seguir seus sinais internos de fome 19 e comer o alimento de sua escolha sem se sentir culpado e julgador e, eticamente, contém 10 princípios. A ênfase está em "não fazer dieta" e deve ser vista como um plano no qual a ordem dos dez princípios estabelecidos não é fixa, mas deve ser adaptada a cada indivíduo. Os dez princípios são: Rejeitar a mentalidade da dieta Retirar todas as informações que contenham informações dietéticas e medidas que prometam emagrecimento rápido, como livros, revistas, não seguir as redes soci- ais, não permitir que outros determinem o que, quanto e quando comer (ALVARENGA et al., 2019). Os estilos de vida atuais levam a uma necessidade de praticidade no dia a dia, o que abre espaço para que as estruturas alimentares sejam influenciadas pela mídia (MORAES, 2014). Honrar a fome Para que se honre a fome, é preciso ficar atento aos sinais de fome e padronizar o horário. É importante não passar fome e ter acesso a alimentos para lidar com a fome quando estiver com fome. Alguns exercícios podem ser aplicados na percepção da fome, como o odômetro da fome, em que o paciente identifica sua fome e sacie- dade, que são inversamente proporcionais, ou seja, quando nossa fome é zero, a saciedade é próxima de dez e vice-versa. É interessante que o paciente treine para realizar de quatro a seis refeições diárias, diminuindo assim, o risco de exagero ou restrição e aumentando sua saciedade (ALVARENGA et al., 2019). 20 Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com Fazer as pazes com a comida Violar as regras alimentares pode fazer com que uma pessoa coma mais, inde- pendentemente da fome ou da saciedade. Isso não significa que a pessoa vai comer o quanto quiser a qualquer momento, mas sim fazer perguntas como "Eu realmente quero comer isso?", "Eu preciso comer isso agora?". Essa permissão incondicional tem que acontecer com base em dicas internas que ajudam as pessoas a comer in- tuitivamente, não necessariamente seguindo regras. Em geral, trata-se de conseguir comer o que você gosta, sentir suas sensações corporais, especialmente fome e sa- ciedade, sem o medo da restrição (ALVARENGA et al., 2019). Desafiar o policial alimentar Nesse princípio, os autores mostram que o indivíduo se sente constantemente sendo julgado pela polícia interna, e que o sentimento de roubar ou mentir sobre a alimentação pode gerar uma culpa que pode ter efeitos extremamente ruins. Para evi- tar que isso aconteça, é necessário mudar esse pensamento e abrir espaço para ou- tras vozes internas não julgadoras que forneçam feedback positivo e ajudem a tomar decisões mais pacíficas sobre os alimentos (ALVARENGA et al., 2019) Sentir a saciedade A leptina e a insulina são hormônios conhecidos que interagem com receptores no hipotálamo para produzir saciedade. As concentrações séricas desses hormônios são maiores e a resistência a esses hormônios é maior em indivíduos obesos. Para 21 se sentir satisfeito, você deve aprender a ouvir e entender os sinais internos. Como mencionado anteriormente, para fazer isso, você precisa respeitar a fome e comer incondicionalmente. Alguns exercícios de autoavaliação podem ajudá-lo a entender melhor seu corpo. Pessoas com certas condições médicas ficam confusas e muitas vezes se sentem culpadas quando o corpo sinaliza (ALVARENGA et al., 2019). Descobrir o fator de satisfação Saber quando está satisfeito é importante, pois assim o indivíduo pode comer menos e utilizar a comida como forma de satisfação, não apenas para saciar a fome, nutrir-se e satisfazer as necessidades físicas, pois a finalidade da alimentação inclui também questões socioculturais e emocionais. Um ambiente agradável, enfeitar os pratos e ter uma boa companhia pode ajudar muito no processo. (ALVARENGA et al., 2019). Lidar com as emoções sem usar a comida Todo mundo tem a capacidade de comer qualquer coisa, o que significa que ele tem a chamada liberdade nas escolhas alimentares. No entanto, vários fatores envolvidos em sua história pessoal influenciarão essas escolhas (CATÃO & TAVA- RES, 2020). A alimentação vai muito além de suprir as necessidades físicas do corpo e, na maioria das vezes, a comida é utilizada como forma de recompensa, ou forma de expressar amor, e também é utilizada para reduzir emoções e sentimentos negativos e prolongar os positivos. Assim, os estados emocionais interferem completamente nos padrões alimentares, além de levar em conta crenças, medos e ansiedade. Exercícios de terapia cognitivo-comportamental podem ser muito úteis para lidar com essas emo- ções ao usar alimentos. Nessa abordagem, o TN deve esclarecer o comer desatento e o comer emoci- onal e aplicar a atividade para ajudar os indivíduos a conscientizar-se sobre seu com- portamento. No início, o NT pedia aos pacientes que se perguntassem: “Estou com fome?” antes de cada refeição. Se a resposta for “não” e o paciente ainda quiser co- mer, aplique uma série de sentimentos para que ele pare e pense nos sentimentos com os quais está lidando ao usar o alimento. Depois de identificar o sentimento, ele provavelmente não o servirá com comida, em vez de comida, TN o ajudará a encontrar uma atividade que o ajude com a dificuldade (ALVARENGA et al., 2019). 22 Lista de sentimentos: Temoroso Bravo Triste Alegre AborrecidoSurpreso Envergonhado Irritadiço Exasperado Desanimado Entretido Horrorizado Admirado Desonrado Assustado Hostil Fúnebre Encantado Ignorado Maravilhado Constrangido Nervoso Irritado Pesaroso Gratificado Desprezado Pasmo Culpado Amedrontado Com muita raiva Sem espe- rança Feliz Indignado Embasba- cado Humilhado Cauteloso Ressentido Solitário Satisfeito Rejeitado Chocado Mortificado Preocupado Vingativo Triste (com dor) Leve Revoltado Perplexo Com remorso Fonte: ALVARENGA et. al., 2019. Respeitar o próprio corpo Nos dias atuais, infelizmente o que predomina é a insatisfação corporal. As pessoas estão condicionadas a ter um corpo dito perfeito, configurando assim um dis- túrbio de imagem, principalmente entre as mulheres. A preocupação e valorização extrema do corpo, não valoriza as características naturais de cada pessoa, pois estas estão condicionadas a um padrão específico. É preciso exercitar o respeito ao corpo por meio de metas, incentivando o indivíduo a se cuidar, sem se comparar aos outros, mas sim, ser sua própria referência. O TN pode propor um exercício que tenha como objetivo incentivar o paciente a perceber seu corpo com compaixão, sem evidenciar as insatisfações. Nesse exer- cício, o paciente recebe uma lista de afirmações que devem ser lidas nos momentos em que começar a ter pensamentos negativos sobre o corpo. Essa lista contém algu- mas maneiras de amar o seu corpo, como por exemplo: “Seja consciente do que seu corpo faz todos os dias. Ele é o instrumento de sua vida, e não um ornamento de prazer para os outros”, “Curta seu corpo: estique-se, dance, caminhe, cante, tome um banho de espuma, faça massagem, faça as unhas...”, “Afirme-se que seu corpo é perfeito justamente do modo que ele é.”, “Conte suas vitórias e não suas falhas” (AL- VARENGA et. al., 2019). 23 Exercitar-se - sentindo a diferença O exercício físico deve ser uma forma de prazer, por isso é importante que se busque algo que gosta de fazer, sendo essa prática de fundamental importância, tendo cuidado com as formas compensatórias, ou punitivas, pois a proposta do Comer Intuitivo é um exercício focado em bem-estar e saúde (ALVARENGA et. al., 2019). A mesma autora relata que o dia a dia é repleto de atribuições pessoais, mas que na maioria das vezes acontece de forma sedentária, como ficar sentado no carro, no sofá, no escritório. Para se trabalhar isso, é interessante começar pelo “monitora- mento de tempo sedentário”, estimulando as pessoas a se mexerem mais ao longo do dia, fazendo isso de forma intuitiva. Honrar a saúde – praticar uma “nutrição gentil” A nutrição gentil, segundo as autoras, nada mais é do que fazer com que as pessoas se sintam bem ao comer, o contrário da nutrição terrorista, mas respeitando as diretrizes nutricionais. Terapia Cognitiva Comportamental Fundada por Aaron Beck em 1956, a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) tem sido estudada e utilizada mundialmente para tratar uma variedade de doenças e problemas psicológicos, auxiliando indivíduos a lidar com diversas adversidades como ansiedade, transtornos alimentares, obesidade e muito mais. Os resultados obtidos pelo tratamento com esta terapia não só proporcionam alívio temporário dos sintomas, como também mantêm a melhora alcançada em longo prazo. Isso ocorre porque os pacientes são capazes de mudar seu pensamento e, portanto, seus comportamentos disfuncionais para alcançar seus objetivos (NEUFELD; MOREIRA & XAVIER, 2012). De acordo com Duchesne e Almeida (2002 apud CATÃO & TAVARES, 2020), [...] a terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma intervenção semiestru- turada, objetiva e orientada para metas, que aborda fatores cognitivos, emo- cionais e comportamentais no tratamento dos transtornos psiquiátricos. Na TCC algumas estratégias são empregadas para tratar os diferentes tipos de transtornos alimentares. Duchesne e Almeida (2002 apud CATÃO & TAVARES, 2020) relatam essas estratégias empregadas na Anorexia nervosa, Bulimia e TCAP. São elas: 24 Estratégias para tratamento da Anorexia Nervosa (AN): Diminuição da restrição alimentar Essa estratégia tem foco na normalização da alimentação. Diminuição de frequência de atividade física Incentiva o paciente a suspender gradativamente a rotina de exercícios exte- nuantes, incentivando a prática saudável da atividade física e de preferência, que per- mita relações interpessoais. Abordagem do distúrbio da imagem corporal Nessa abordagem, é trabalhada a imagem corporal, onde o paciente é levado a fazer uma percepção do seu corpo, como ele se vê e como realmente é. Modificação do sistema de crenças Pacientes que sofrem com transtornos alimentares apresentam crenças distor- cidas principalmente em relação ao peso e imagem corporal, associando diretamente na autoestima. Para modificar esse sistema, o paciente precisa identificar os pensa- mentos que sofram distorção. Estratégias como desenhar sua imagem corporal ou expor gradativamente seu corpo, pode ajudar esses pacientes a modificarem suas crenças. Abordagem da autoestima Nessa estratégia, trabalha-se a redução da expectativa do desempenho em pa- cientes com Anorexia nervosa. O terapeuta auxilia o indivíduo a se apoiar em outro tipo de atributos além da aparência e a melhorar em seus relacionamentos interpes- soais, favorecendo a modificação do comportamento. Avaliação da eficácia A eficácia do tratamento em pacientes com Anorexia nervosa se dá através da manutenção da mudança, com isso devem ser utilizadas técnicas para o controle de recaídas, planejando estratégias para o futuro aparecimento de dificuldades, e saber lidar com elas. Estratégias para tratamento da Bulimia: 25 Controle dos Episódios de Compulsão Alimentar (ECA) e da indução de vô- mito Segundo as autoras, nesse tipo de distúrbio, devem-se analisar todos os as- pectos, em especial os métodos compensatórios e a ocorrência dos episódios. Nesses casos, o terapeuta ensina técnicas de autocontrole, como se expor gradualmente a condições que favoreçam o aparecimento dos episódios, com o intuito de reduzir os facilitadores (ansiedade, tristeza, etc.) de ECA e indução de vômito. Eliminação do uso de laxantes e diuréticos A partir do momento que a alimentação de paciente com Bulimia vai se tor- nando mais regular, o uso de laxantes e diuréticos vão sendo diminuídos gradativa- mente. Modificação do sistema de crenças Geralmente os pensamentos do paciente que sofre com Bulimia são extremistas, “tudo ou nada”. A terapia utilizada na modifi- cação desse sistema segue o mesmo princípio utilizado na AN. Avaliação da eficácia Em associação com o tratamento farmacológico, esse tipo de terapia tem re- sultados satisfatórios no tratamento de pacientes com esse tipo de transtorno, favore- cendo o aumento da autoestima e funcionamento social. Estratégias para tratamento do Transtorno da Compulsão Alimentar Pe- riódica (TCAP): Modificação de hábitos alimentares Para ter êxito na mudança de hábitos alimentares em pacientes com TCAP, este é incentivado a se manter distante de alimentos que devem ser consumidos em pequenas quantidades, lembrando que dietas restritivas são contraindicadas nesses casos. A melhor estratégia é o controle de estímulos e a mudança gradual dos hábitos alimentares. Aumento da atividade física São utilizadas estratégias para adesão da atividade física, podendo esta ser flexível e dinâmica, podendo até envolver outras pessoas, auxiliando assim no pro- cesso. 26 Abordagem da autoestima Quem sofre com esse tipo de transtorno, dá atenção excessiva à imagem cor- poral, associado a padrões corporais impostos pela sociedade. O terapeuta auxilia o paciente a buscar um equilíbrio entre a auto aceitação e a mudança. Avaliação de eficácia Geralmente se obtém resultadosa curtos prazos, mas ainda há dificuldades quanto a manutenção a longo prazo. Medicamentos associados a terapia parecem surtir um efeito melhor. 6 TRANSTORNOS ALIMENTARES Fonte: emais.estadao.com.br Nunes, Santos e Souza (2017) referem-se aos transtornos de comportamento alimentar da seguinte forma: Os transtornos de comportamento alimentar são denominados distúrbios psi- quiátricos de etiologia multifatorial, caracterizados por consumo, padrões e atitudes alimentares extremamente distorcidas e preocupação exagerada com o peso e forma corporal, sendo os mais conhecidos a Bulimia e Anorexia Nervosa. Nos dias atuais, há uma necessidade das pessoas se encaixarem em um pa- drão de beleza, que geralmente costuma ser magro, definido, etc. Com essa superva- 27 lorização da imagem, as pessoas começam a apresentar uma mudança de compor- tamento alimentar que muitas vezes vem associado a distúrbios de imagem corporal (NUNES et al., 2017). De acordo com Alvarenga, Scagliusi e Philippi (2011), esses Transtornos de Comportamento Alimentar (TCA) tem como causa diversos fatores, que se caracteri- zam por comportamentos alimentares distorcidos, além do excesso de preocupação com a imagem corporal. Em estudo de Bandeira et al., (2016), verificou-se que os transtornos alimenta- res aparecem nas primeiras décadas de vida, como na infância e adolescência, e po- dem causar complicações à saúde geral de um indivíduo (geralmente uma mulher). Bosi et al., (2014) enfatizaram que a anorexia nervosa (AN) apresenta uma alta taxa de mortalidade devido aos problemas físicos decorrentes, bem como uma alta taxa de suicídio. Bento et al., (2016) explicam a anorexia nervosa como: “Transtorno alimentar caracterizado pela recusa do alimento pelo paciente, causando importante e extrema perda de peso, baixa taxa metabólica basal e exaustão. Os sinais e sintomas mais comuns dessa patologia são: busca incessante pelo emagrecimento, percepção distorcida da imagem corporal, restrição alimentar ou episódios bulímicos seguidos por purgação. Esses pa- cientes diagnosticados geralmente têm perfil perfeccionista, manipulador, in- seguro e de rejeição”. De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, os transtornos são diferentes uns dos outros em relação ao curso clínico, desfecho e tratamento, mesmo apresentando comportamentos em comum (DSM-V, 2014). Como mencionado anteriormente, os transtornos alimentares mais conhecidos são a anorexia nervosa e a bulimia. Mas existem outros transtornos alimentares pre- ocupantes, como o Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP). O trans- torno é caracterizado por episódios recorrentes de compulsão alimentar sem qualquer comportamento compensatório para evitar possível ganho de peso. O TCAP é um transtorno do comportamento alimentar recentemente descrito. O início de tais distúr- bios é geralmente um pouco mais tarde do que na infância, como ruminação e pica. Para que os pacientes recebam o tratamento adequado, os profissionais de saúde devem compreender o curso clínico e o prognóstico da doença (CATÃO & TAVARES, 2020). 28 Caracteriza-se principalmente por crises de descontrole sobre o que e quanto se come, ou seja, ingerir grandes quantidades em um determinado período de tempo (até duas horas), ocorrendo pelo menos duas vezes por semana nos últimos seis me- ses, e nenhum comportamento compensatório. 6.1 Bulimia e anorexia – Aspectos biopsicossociais A anorexia pode ser restritiva ou laxativa e é caracterizada pela rápida perda de peso seguida de dieta rigorosa para buscar a perda extrema de peso; a bulimia é caracterizada por episódios recorrentes de compulsão alimentar seguidos de compor- tamentos compensatórios inadequados, como uso de laxantes, diuréticos e vômito auto induzido (SANTOS et al., 2015). Fatores psicológicos, conflitos sociais ou famili- ares muitas vezes desencadeiam esses transtornos, fazendo com que produzam gra- ves danos sistêmicos (GUERRA & OLIVEIRA, 2012). Considera-se anorexia quando a perda de peso for excessiva e o peso perma- necer pelo menos 15% abaixo do esperado. Essa busca incessante pela perda de peso e o medo intenso do ganho de peso se divide em dois subtipos: restritivo, em que os sintomas ocorrem devido à restrição alimentar, em que podem ocorrer sinto- mas obsessivo-compulsivos; e laxativo, em que os pacientes apresentam comporta- mentos agressivos de perda de calorias, como é o caso da autoindução de vômito, uso de laxantes e até mesmo exercícios físicos excessivos (KEEL et al., apud DAL- GALARRONDO, 2019). Diagnóstico Os critérios diagnósticos para anorexia nervosa e bulimia nervosa são basea- dos no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) e no Código Internacional de Doenças (CID-10). Em relação à anorexia nervosa, ambas se referem à principal característica da doença, que é a perda de peso auto induzida. Para as crianças que ainda estão em fase de crescimento, a interrupção intencional do ganho de peso é ainda mais preocupante. O forte medo da obesidade persiste, embora es- teja bem abaixo do normal, devido às distorções da imagem corporal induzidas pela psicopatologia (BARLOW, 2016). 29 A DSM-V e a CID-10 fazem um complemento especial às mulheres, ao se obser- var ausência de pelos, ciclos menstruais irregulares e no sexo masculino a diminuição do interesse sexual. Além disso, são observados, pela DSM-V, dois tipos de anorexia, o restritivo e o purgativo. No que se refere à bulimia nervosa, segundo o padrão canônico é característico dos episódios de hiperfagia, ou seja, a ingestão de grandes quantidades de alimentos em curtos intervalos de tempo, significativamente maiores do que a de indivíduos sau- dáveis (PAIM, 2016). O paciente está tão dominado pelo desejo que perde o controle e come demais. Como resultado, ele usa um método compensatório para tentar se sentir melhor, eli- minando à força esses alimentos como forma de não ganhar peso. Estados de exci- tação maníaca também foram observados, como em casos de demência mental grave, esquizofrenia e outras neuroses (SADOCK et al., 2015). Os métodos mais comuns são êmese auto indutora, exercícios extenuantes, períodos de inanição, purgação auto induzida, uso de drogas como anorexígenos, drogas específicas como tireoide ou diuréticos. A CID-10 também esclarece situações em que pessoas com diabetes podem negligenciar a terapia com insulina. Esses even- tos compensatórios ocorreram em média duas vezes por semana durante pelo menos três meses. A bulimia também é classificada em dois tipos pelo DSM-V, mas neste caso em purgativa e não purgativa. O purgativo é devido à autoindução de vômitos, uso indevido de diuréticos e laxantes. Já o sem purgação é pela prática de jejum pro- longado e intensos exercícios físicos. Tratamento psicológico A psicoterapia é considerada uma das etapas mais importantes, e é a base de sustentação da terapia, pois está inserida no controle dos sintomas. Esse tratamento vai além do paciente, incluindo sua família e amigos, pois a vida de um paciente com anorexia nervosa é muito limitada, por isso o terapeuta precisa buscar mais elementos para auxiliar o sujeito. O indivíduo tem fala limitada, relacionada à alimentação e peso, o que provoca mudanças em seu comportamento, pois quando come, está ocupado por um forte sentimento de frustração, sente culpa e medo de ganhar peso, ou seja, a pessoa anoréxica enxerga-se gorda, se vê de maneira distorcida. Diante dessa con- 30 fusão, busca compensar, através da restrição alimentar, ou ainda vômitos auto indu- zidos ou processos purgativos. Em seguida, ele será tomado por uma breve sensação de alívio (DALTROSO, 2018). Segundo Daltroso (2018), a principal tarefa do terapeuta é trabalhar com outros profissionais para ajustar as metas e objetivos da terapia para atingiro objetivo de reduzir os sintomas e estabilizar o indivíduo no menor tempo possível. Indivíduos com anorexia experimentam graus variados de fragilidade, comorbidades que podem estar relacionadas ao distúrbio, também as dificuldades no trabalho que o psicólogo desen- volverá, aumentando ainda mais esta dificuldade se houver o uso ou dependência de substâncias químicas ou psicoativas. Para cada situação, o psicólogo precisa fazer alguns ajustes, e a escolha da melhor abordagem teórica também é fundamental para o sucesso do tratamento. Deve-se ter cautela em pacientes com transtornos de per- sonalidade e/ou depressão, e atenção à ideação suicida, que é muito comum na fala de pacientes com anorexia. Por se tratar de uma clínica multidisciplinar, envolvendo vários profissionais de diferentes áreas no processo, a terapia familiar e de grupo também se faz necessária. As famílias, por desempenharem um papel central na terapia, estarão procurando conflitos nas interações, relacionamentos disfuncionais, dificuldades de comunicação, como cada pessoa expressa suas emoções, possíveis abusos físicos ou sexuais, en- fim, tudo o que envolve todo o relacionamento dentro do grupo familiar, que podem ser gatilhos para episódios de anorexia nervosa (DALTROSO, 2018). Na terapia de grupo, mais comumente na psicoeducação, por meio de sessões públicas, todos podem expor seus conflitos, ver e ser visto, ouvido e ouvido. Os me- diadores profissionais iniciam um fio que permite que aqueles que estão confortáveis com o processo interajam. Esse processo funciona bem para os pacientes e especi- almente para as famílias, por serem encontros benéficos ao acolhimento familiar e ocasionar a melhorar a compreensão dos transtornos alimentares. A terapia de grupo pode ajudar os pacientes a perceberem que não são os únicos com transtorno alimentar e facilita o compartilhamento do aprendizado tera- pêutico a partir de diferentes experiências. Existem muitas abordagens em grupo, as mais utilizadas são as seguintes: grupo de habilidades sociais, grupo de imagem cor- poral, eutonia, psicodrama, grupo de meditação, terapia ocupacional, terapia psicodi- 31 nâmica breve, arteterapia, grupos de culinária e nutrição, grupo de sexualidade, gru- pos de atividades físicas orientadas, grupos de reinserção profissional e grupos diver- sos (ARATANGY E BUONFIGLIO, 2017). 7 CIRURGIA BARIÁTRICA E FATORES PSICOLÓGICOS De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), a história da cirurgia bariátrica no Brasil começa na década de 1970, com os trabalhos iniciais do cirurgião da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) Salo- mão Chaib, utilizando técnicas de derivação jejuno-ileais do tipo Payne (1969), acom- panhando assim, as principais tendências internacionais da especialidade e percor- rendo um novo caminho que foi aberto na década de 1980, por Edward E. Mason, cirurgião americano considerado um dos pais da cirurgia bariátrica e um dos fundado- res da Sociedade Americana de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. Além disso, foi o primeiro a introduzir o conceito de restrição gástrica, o que levou ao desenvolvimento de técnicas como by-pass gástrico, gastroplastia horizontal e gastroplastia vertical com anéis de polipropileno (DINIZ et al., 2012). A forma de avaliar se um paciente será submetido à cirurgia é pelo cálculo do índice de massa corporal (IMC). O IMC é uma medida do risco de morbidade e mor- talidade por obesidade conforme definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), por isso é dividido em cinco estágios: normal, sobrepeso e obesidade, I II e III. As indicações para cirurgia começam no Nível II, porém, outro problema de saúde, como problemas na coluna, diabetes, etc., deve ser demonstrado para que a cirurgia seja aprovada. O cálculo do resultado do IMC é obtido pela divisão do peso pela altura ao quadrado (CUNHA et al., 2020). A perspectiva multidisciplinar também ganhou maior relevância, pois a obesi- dade possui uma estrutura complexa, multifacetada e requer compreensão de dife- rentes áreas do conhecimento. A necessidade de um psicólogo e um psiquiatra na equipe de cirurgia bariátrica é formalmente determinada por resolução do Conselho Federal de Medicina n° 1.766/5, afirmando que, a equipe deve ter além do cirurgião 32 com a formação específica, a presença de clínico, nutrólogo ou nutricionista, psiquia- tria e ou psicólogo, fisioterapeuta, anestesiologista, enfermeiro e profissionais familia- rizados com condutas específicas em obesidade mórbida (CUNHA et al., 2020). O psicólogo ajudará a informar e orientar os pacientes, ajudar a entender a doença da obesidade, como ela se desenvolve, seus sintomas, ajudar a desenvolver novas habilidades, ajudá-lo a mudar sua mente, controlar suas emoções e promover mudanças efetivas em seu comportamento, resultando na promoção de saúde (LO- PES, 2017). Após a cirurgia bariátrica, o acompanhamento do tratamento torna-se relevante porque o estômago foi operado, mas, a mente não. Essa diferença é fundamental para os resultados tardios no tratamento multidisciplinar que os pacientes recebem. Além disso, a fonte de prazer que antes era comer começa a mudar de foco, direção e pode mudar para outras fontes de prazer, continuando assim a usar vários recursos para satisfazer sua ansiedade. 7.1 Os impactos psicológicos em indivíduos submetidos à cirurgia bariátrica Pesquisa realizada por Marchesine (2010) destacou que os pacientes subme- tidos à cirurgia bariátrica eram mais suscetíveis aos efeitos do uso de álcool, mos- trando também que 54,3% dos pacientes pesquisados foram operados por discrimi- nação social e estética. Considerando que 56,5% das pessoas substituíram a compul- são alimentar por outros comportamentos após a cirurgia, os autores recomendam a intervenção profissional, ressaltando que esse número elevado se deve à falta de acompanhamento psicológico após a cirurgia. Na perspectiva de Gordon et al., (2011), os pacientes submetidos à cirurgia bariátrica são mais propensos a usar e tornar-se dependentes de álcool e outras subs- tâncias aditivas em média 12 meses após a cirurgia, ressaltando em seu trabalho que os pacientes acabam substituindo a alimentação pelo álcool, a denominada Síndrome da Deficiência de Recompensa. Com base em Méa et al., (2017) e Marchesini (2010), parte dos submetidos à cirurgia bariátrica realizou essa intervenção por se sentirem compelidos a se adequa- rem aos padrões de beleza impostos pela sociedade. Fagundes et al., (2016) mostra- 33 ram que quando os pacientes começaram a perder peso, atividades cotidianas sim- ples, como: passar em uma catraca de ônibus, subir escadas entre outras atividades, acabam se tornando uma ação de vitória, que os pacientes trazem em seus relatos no pós-operatório. 7.2 Acompanhamento Psicológico no pré e pós-operatório Existem basicamente dois princípios fundamentais para a atuação do psicólogo antes e após a cirurgia bariátrica: o primeiro é avaliar, diagnosticar e orientar o trata- mento das doenças relacionadas, a fim de reduzir possíveis complicações e riscos cirúrgicos; o segundo é focar nos hábitos e mudanças de estilo de vida necessários para o preparo do paciente e orientação para os cuidados e tratamento pós-operató- rios (BRASIL, 2013). No entanto, também é preciso levar em consideração que nem todo paciente que passa por avaliação psicológica é automaticamente elegível para a cirurgia bari- átrica. Justamente porque durante a avaliação psicológica são levantadas todas as possibilidades que possam interferir em uma boa recuperação. Ou seja, doenças men- tais anteriores, como depressão, ansiedade, transtornos de personalidade, dependên- cia de drogas de qualquer tipo ou até mesmo excessos alimentares. Se constatado durante a avaliação, é necessário realizar um processo psicoterapêutico prévio à ci- rurgiabariátrica, levando em consideração os problemas que podem surgir com a ci- rurgia. Segundo Guerra (2019), os transtornos psiquiátricos são frequentes e prolon- gados em pacientes pré-bariátricos, transtornos como ansiedade, transtornos do hu- mor e transtornos alimentares são características de alta morbidade em pacientes obesos que procuram tratamento. Isso requer uma avaliação criteriosa antes da pró- xima etapa, neste caso, a própria cirurgia. Portanto, os candidatos à cirurgia bariátrica são submetidos a diversas etapas durante a avaliação psicológica. Levando em con- sideração as recomendações do CFP, (2013) para realizar uma avaliação psicológica de forma correta, primeiro é preciso ter um objetivo (neste caso, a capacidade, de realizar a cirurgia bariátrica) para que a ferramenta psicológica mais adequada para a situação seja escolhida. 34 Uma vez estabelecido isso, é hora de coletar informações sobre a história pre- gressa do paciente, histórico médico, possíveis transtornos mentais, e para isso é im- portante utilizar mais de um instrumento, geralmente é realizada uma entrevista clínica e podem ser usadas dinâmicas e observações, assim como testes psicológicos. Além de todos esses aspectos do procedimento pré-operatório, há mais alguns aspectos a serem considerados. De acordo com Bordignon, Bertoletti e Trentini (2019), a psicoeducação dos pacientes e seus familiares é importante, pois formam uma rede de apoio aos pacientes. É importante explicar a todos as consequências da cirurgia a curto, médio e longo prazo, bem como promover o autoconhecimento sobre a forma de alimentação do paciente. Todo o processo é minucioso e discreto, levando em consideração todos os procedimentos éticos prescritos pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Conforme destacado por Joaquim et al., (2019) o objetivo primordial da avalia- ção psicológica deve ser indicar se a cirurgia bariátrica é realmente um procedimento que beneficia o paciente, garantindo a segurança do paciente. Ao realizar avaliações psicológicas, os psicólogos devem observar as respostas dos candidatos em relação ao estresse e à tensão e especialmente seus hábitos alimentares. O psicólogo tam- bém deve explicar ao paciente todas as mudanças que a cirurgia bariátrica trará, isso é necessário para atestar se o paciente está realmente preparado para lidar com todas as novas situações que surgirão. Se, por algum motivo, alguma condição de cirurgia bariátrica que possa ser prejudicial ao paciente for identificada por um profissional psicólogo por meio de ava- liação psicológica, se justifica o encaminhamento psiquiátrico, segundo Bordignon, Bertoletti e Trentini (2019). Principalmente quando há uma doença mental grave como: depressão, psicose, alimentação, abuso ou dependência de substâncias, e quando há alguma limitação intelectual que impeça o paciente de compreender ple- namente o procedimento a ser realizado. Em alguns casos, a psicoterapia também pode ser necessária. Para Gordon (2014), os sintomas depressivos ainda na fase pré-operatória in- dicam a necessidade de intervenção terapêutica, pois esses sintomas podem inferir um pior prognóstico geral e, portanto, também são necessários cuidados intensivos na fase pós-operatória para melhorar os resultados e garantir a qualidade de vida. 35 Pode-se supor erroneamente que o maior problema para os pacientes após a cirurgia é a recuperação, quando, na verdade, o maior obstáculo é muitas vezes os próprios pensamentos e comportamentos do paciente. A cirurgia bariátrica, por mais bem-sucedida que seja, produz mudanças puramente físicas, mas o psicológico e a maneira como a pessoa se relaciona com a comida, a maneira como ela se vê, pode permanecer o mesmo, isso sem contar em transtorno mentais, como depressão e an- siedade, já pré-estabelecidos, e por isso deve ser trabalhado por meio da psicoterapia com psicólogo e em alguns casos até mesmo com o psiquiatra. Além disso, muitos pacientes ainda precisam lidar com todas as mudanças físicas que ocorrem no corpo, a cirurgia traz saúde, porém, ela também pode trazer complicações (CASTELLO BRANCO, 2021). Para Camargo (2013), a cirurgia bariátrica pode causar efeitos fisiológicos du- radouros como engasgos, vômitos, desconforto, etc. Esses efeitos podem dificultar, mas não necessariamente impedir um bom ajuste psicossocial. Mas para que esse processo seja bem-sucedido, mudanças comportamentais devem ser feitas, principal- mente no que diz respeito aos hábitos alimentares. Além disso, fatores psicológicos também podem afetar a capacidade do paciente de se adaptar às condições neces- sárias para manter o peso. Segundo Méa e Peccin (2017), sem um acompanhamento satisfatório do trata- mento, cerca de um ano ou mais após a cirurgia, o paciente pode começar a buscar novas formas de suprir suas necessidades, o que pode ser alcançado de duas formas: sentir-se vazio, perder o interesse pelo que antes era agradável, mau desempenho no trabalho e angústia. Por outro lado, existem compulsões, onde o indivíduo responde gradualmente ao desejo de buscar comida. Podendo haver um descuido e o indivíduo começa a avançar novamente. Isso reflete que pacientes com perda de peso não precisam apenas de apoio psicológico, mas também de um bom apoio psicológico. Na psicologia, existem várias abordagens, com níveis de evidência variados, sendo necessário que esse paciente obtenha um método que garanta maior chance de sucesso em pacientes obesos, ba- riátricos e com compulsão alimentar. Permitir que a condição do paciente encontre uma boa evolução e alcance uma qualidade de vida satisfatória. Méa e Peccin (2017) também identificaram dois caminhos adicionais que paci- entes com perda de peso podem seguir sem o devido apoio psicológico. Uma delas 36 são os transtornos de ansiedade, que podem até ser mais prevalentes nesses casos do que a depressão, já que pessoas com transtornos de ansiedade têm maior neces- sidade de se alimentar, o que afetará diretamente o ganho de peso. Outra via possível é o abuso de substâncias psicoativas, sendo o uso de álcool a substância com maior prevalência. No entanto, isso não significa que a cirurgia bariátrica seja a principal causa de distúrbios psicológicos graves. Longe disso, a cirurgia bariátrica é um procedimento que traz inúmeras melhorias para a saúde e a vida do paciente. Meghelli (2018) che- gou a observar em seu estudo que pacientes com perda de peso melhoraram a cog- nição, achado relacionado à cirurgia. Embora essa melhora não seja suficiente para atingir a média populacional. No estudo realizado por Méa e Peccin (2017), não foram encontrados altos ní- veis de ansiedade e depressão, embora a prevalência de consumo de álcool tenha sido maior. Por isso, a psicoterapia é necessária, pois o trabalho realizado deve ser preventivo. Além de evitar que esses sintomas apareçam, permite que o paciente te- nha uma maior aceitação do seu corpo, o que pode ajudar na manutenção do peso e mudanças no estilo de vida. No entanto, por um lado, se a ansiedade e a depressão não são altamente prevalentes em pacientes com perda de peso, considere que são mais comuns em pacientes que já apresentavam tais sintomas antes da cirurgia. Outras comorbidades, como a compulsão alimentar, têm alta incidência e, portanto, podem enviar sinais de alerta durante o pós-operatório. Em consonância com Venzon e Alchieri (2014), a presença de compulsão ali- mentar pós-operatória esteve diretamente associada ao ganho de peso. Novamente, a cirurgia bariátrica consiste em apenas uma fase do tratamento da obesidade, ou seja, o tratamento não termina após a cirurgia, ele continua, e continuará por muito tempo, tendo em vista que a manutenção do peso dependerá de vários fatores, a partir de então proceder à avaliação, que em longo prazo ajudará a desenvolver um plano de tratamento.Dada à natureza de longo prazo da obesidade, entende-se que o tra- tamento deve ser contínuo e deve envolver uma série de fatores, como: mudanças na alimentação e no comportamento, como o desenvolvimento do hábito de atividade física, prevenção e apoio psicológico durante o tratamento e durante o pós-operatório, 37 respeitando sempre as vicissitudes e idiossincrasias de cada paciente, levando em consideração a complexidade da pessoa. Dessa forma, a psicoterapia não é uma estratégia emergencial, mas preventiva, pois considerando todas as mudanças, e sabendo que o ser humano é um ser biopsi- cossocial, é fundamental que esse paciente pós-bariátrica tenha um acompanha- mento não apenas para lidar com todas as mudanças físicas, mas principalmente para lidar com as mudanças psicológicas que ele está exposto (CASTELLO BRANCO, 2021). 38 REFERÊNCIAS ALMEIDA, C.; FURTADO, C. Comer Intuitivo. UNILUS Ensino e Pesquisa, vol. 14, n. 37, 2017. ALVARENGA M. et. al. Nutrição Comportamental. 2ª ed. Barueri – SP. Editora Ma- nole, 2019. ALVARENGA, M. Contextos da Alimentação. Revista de comportamento, cultura e sociedade, vol. 5, n.1, 2016. ALVARENGA, M. et. al. Nutrição Comportamental. 1 ed. digital. São Paulo. Ed. Ma- nole, 2016. ALVARENGA, M.; SCAGLIUSI, F.; PHILIPPI, S. Comportamento de risco para transtorno alimentar em universitárias brasileiras. Revista de Psiquiatria Clínica, vol.38, n.1, pag. 03- 07, 2011. ARATANGY, E. 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