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SEDATIVOS E HIPNÓTICOS Dr. Ricardo Ferreira Nunes SEDATIVOS E HIPNÓTICOS: INTRODUÇÃO - Hipnóticos e sedativos são depressores gerais do sistema nervoso central, empregados para reduzir a inquietação e tensão emocional e para induzir sono ou sedação. - insônia crônica: pode ser sintoma de alguma doença grave — tal como úlcera duodenal, angina, distúrbios cardiovasculares, artrite Tratar a causa do problema SEDATIVOS E HIPNÓTICOS: USOS SEDAÇÃO tensão emocional, tensão crônica, hipertensão, potenciação de analgésico, controle de convulsões, adjuvantes da anestesia, narcoanálise. HIPNÓTICOS combater casos de insônia de diversos tipos (em muitos casos, a insônia provém de problemas não-resolvidos) A diferença entre a ação hipnótica e a sedativa depende da dose: doses maiores causam efeitos hipnóticos, ao passo que doses menores produzem somente sedação. Em doses altas alguns destes fármacos são utilizados para induzir anestesia cirúrgica ou como anestésicos basais.doses maiores doses menores SEDATIVOS E HIPNÓTICOS: REAÇÕES ADVERSAS - sonolência, letargia e ressaca; - coma e morte: causadas pela depressão dos centros medulares vitais do cérebro (superdose); - o uso prolongado, mesmo em doses terapêuticas, pode causar dependência física e psíquica: a retirada abrupta desses fármacos pode resultar em grave síndrome de abstinência, caracterizada por convulsões e delírio, podendo ocorrer também coma e morte; - a intoxicação é tratada por lavagem estomacal e manutenção da respiração. CLASSES: A) Brometos: - sedativos inorgânicos; - NaBr, KBr, NH4Br, CaBr2.2H20 e SrBr2.6H20; - hoje são raramente usadas: cumulam- se no organismo e causam intoxicação grave chamada bromismo (dermatite, distúrbios gastrintestinais e distúrbios mentais). B) Álcoois: - diversos álcoois exercem ação hipnótica; - metanol: não é usado como hipnótico e sedativo porque causa cegueira; - etanol: cerveja, vinho, brandy, whisky → não é utilizado como hipnótico (dependência); - álcool t-pentílico (hidrato de amileno), bromometilpentinol, carbamato de meparfinol, Centalun, clorobutanol, etclorvinol, metilpentinol. CLASSES: C) Amidas: - são mais utilizadas como miorrelaxantes ou ansiolíticos: dietilbromacetamida, ibrotamida, novonal, sulpirida, tricetamida, valnoctamida. D) Sulfonas: - os principais fármacos desta classe são sulfonalona e trionalona; - hoje são considerados obsoletos por serem demasiadamente tóxicos e apresentarem graves efeitos adversos. CLASSES: E) Aldeídos e derivados: - betaína de cloral, hidrato de cloral, paraldeído, triclofos; - hidrato de cloral: é hipnótico e sedativo relativamente seguro, mas pode perder a eficácia já na segunda semana de uso; - paraldeído: seu uso limita-se grandemente a alcoólatras e psicóticos. F) Carbamatos: - carbamato de amila, carbocloral, emilcamato, etinamato, hexapropimato, hidroxifenamato, mebutamato, mepentamato, meprobamato, nisobamato. oxanamida, pentabamato, procimato, tibamato, triclorouretana; - são pouco usados: elevada toxicidade e fraca potência sedativa. Hidrato de cloral Paraldeído CLASSES: G) Barbíturicos: - são sólidos cristalinos incolores, com ponto de fusão entre 96 e 205°C; - possuem caráter ácido; - são levemente solúveis em água (muito solúveis em solventes orgânicos): são frequentemente convertidos em sais sódicos, que são hidrossolúveis; BARBITÚRICOS: - os efeitos hipnóticos e sedativos são geralmente atribuídos à sua ação ao nível do tálamo, ação esta que interfere com a transmissão dos impulsos nervosos para o córtex; - os barbitúricos são completamente absorvidos do trato gastrintestinal; - REA: diversos hipnóticos contêm carbono quaternário. 1. A duração do efeito depende principalmente dos substituintes na posição 5, que conferem lipossolubilidade; 2. Grupos alquílicos ligados nas posições 1 e 3 diminuem o efeito e dão origem a propriedades estimulantes; 3. A metilação de um átomo de N aumenta a afinidade por lipídios e tem tendência a diminuir o efeito; 4. O átomo de S na posição 2 encurta o tempo de latência em razão de sua passagem muito rápida para o sistema nervoso central e diminui a duração de ação devido à rápida redistribuição no tecido adiposo; BARBITÚRICOS: AMOBARBITAL FENOBARBITAL HEXOBARBITALBARBITAL É provável que a atividade farmacológica dos barbitúricos dependa das propriedades eletrônicas do sistema anelar barbitúrico, possivelmente devido a sua capacidade de formar pontes de hidrogênio com a adenina. A posição 5 pode ser responsável pelo transporte do fármaco ao seu sítio de ação CLASSES: H) Piperidinodionas - ação hipnótica ou sedativa: alonimida, biglumida, glutetimida, metiprilona, piperidiona. piritildiona, taglutimida e talidomida; - as mais usadas: são glutetimida e metiprilona; - talidomida (teratogênica): não é mais empregada como hipnótico; todavia, é usada para o tratamento da reação cutânea transitória em lepra. Alonimida Glutetimida R-(+)-Talidomida S-(-)-Talidomida CLASSES: I) Benzoadiazepinas - alprazolam, cetazolam, ciprazepam, clobazam, clordesmetildiazepam, clordiazepóxido, clozapina, diazepam, estazolam, flunidazepam, flunitrazepam, flurazepam, fosazepam, lorazepam, medazepam, nimetazepam, nitrazepam, nordazepam, oxazepam, prazepam, quazepam, sulazepam, temazepam e triazolam; - embora tenham ação hipnótica e sedativa: em sua maioria, são mais usados como ansiolíticos; - flurazepam, lorazepam, nitrazepam e temazepam: mais empregados como hipnóticos. BENZODIAZEPINAS: Síntese: 2-amino-5-nitrobenzofenona brometo de bromoacetila Bromoacetamido derivado Aminoacetamido derivado Nitrazepam BENZODIAZEPINAS: Alprazolam Midazolam Diazepam Lorazepam Nitrazepam BENZODIAZEPINAS: Clordiazepóxido ClozapinaNordazepam Nimetazepam Oxazepam CLASSES: J) Diversos - acetopirrol, ácido y-hidroxibutírico, alimemazina (trimeprazina), benzoctamina, bromobionato de cálcio (Calcibronat), captodiama, centazolona, clometiazol (pode causar graves problemas de dependência), damotepina, dexclamol, dolcental, etomidato (administrado por via intravenosa), fenadiazol, levotriptofano, mesoridazina (Lidanar), molindona, nabilona, oxipertina, perlapina, propiomazina, provalamida, roletamida, sufentanila, trimetozina, valtrato, zopiclona Acetopirrol Trimeprazina Clometiazol Etomidato MECANISMO DE AÇÃO: - Os hipnóticos e sedativos talvez sejam fármacos estruturalmente inespecíficos - Sua ação provavelmente não resulta da interação com receptores específicos, mas sim de suas propriedades físico-químicas - Há provas crescentes de que os barbitúricos, devido à sua semelhança estrutural com a timina, exercem seus efeitos interagindo seletivamente através de ponte de hidrogênio com a fração adenina de muitas macromoléculas, tais como FAD e NADH, compreendidas em importantes processos bioquímicos - Atualmente, aceita-se que os hipnóticos agem interagindo com as funções do sistema ativante reticular, quer estimulando o centro do sono, quer inibindo o centro do despertar Ligação dos barbitúricos no grupamento do FAD e NADH ANTICONVULSIVANTES Dr. Ricardo Ferreira Nunes ANTICONVULSIVANTES: INTRODUÇÃO - São fármacos que deprimem seletivamente o sistema nervoso central (SNC) - Sua principal aplicação está na supressão de crises, acessos ou ataques epilépticos sem causar dano ao SNC, nem depressão da respiração A epilepsia é conceituada como sendo uma disritmia cerebral paroxística e recorrente, que se caracteriza por uma descarga eletroencefalográfica (EEG) anormal e excessiva, ao lado do comprometimento ou perda de consciência. Ela pode estar ou não associada a movimentos corporais. A epilepsia é uma moléstia disseminada. Estima-se que cerca de 1% da população mundial esteja sujeito a crises epilépticas. Os acessos epilépticos são provocados por “descargas elétricas ocasionais, súbitas, excessivas, rápidas e localizadas da matéria cinzenta” ANTICONVULSIVANTES: INTRODUÇÃO - Classificaçãoda crise epilética: Ataques parciais (acessos focais, acessos de início local) Ataques parciais com sintomatologia elementar (geralmente não ocorre perda de consciência), também chamados ataques corticais focais. Ataques parciais com sintomatologia complexa (geralmente ocorre perda de consciência), também chamados epilepsia psicomotora ou do lobo temporal. Ataques parciais secundariamente generalizados. ANTICONVULSIVANTES: INTRODUÇÃO - Classificação da crise epilética: Ataques generalizados (bilaterais, simétricos) Mioclono epiléptico maciço bilateral (geralmente sem alteração da consciência). Espasmos infantis (com perda de consciência). Ataques clônicos (com perda de consciência) Ataques tônicos (com perda de consciência). Ataques tônico-clônicos (perda de consciência). Ataques atônicos (a consciência pode ser perdida). Abstrações (perda curta e abrupta de consciência), antigamente chamadas pequeno mal. Ataques acinéticos (com perda de consciência). Tônico-clônica compreende-se duas fases: na fase tônica há perda de consciência, o paciente cai, o corpo se contrai e enrijece. Já na fase clônica o paciente contrai e contorce as extremidades do corpo perdendo a consciência que após a crise é recobrada gradativamente. ETIOLOGIA DAS CONVULSÕES: - O que pode provocar/induzir uma crise convulsiva? 1) Defeitos congênitos 2) Traumatismos cerebrais 3) Hipóxia natal 4) Concussões ou fraturas cranianas 5) Abcessos ou neoplasmas: alterações inflamatórias vasculares subsequentes a diversas doenças infecciosas 6) Administração intratecal de alguns fármacos 7) Determinados psicotrópicos EFEITOS ADVERSOS DOS ANTICONVULSIVANTES: - Tratamento realizado por toda a vida: toxicidade dos fármacos; - Reações mais comuns: danos à medula óssea, fígado e rins, discrasias graves, distúrbios gastrintestinais, tonturas, alopecia e nefropatias; - Paradoxalmente, alguns anticonvulsivantes empregados em um tipo de epilepsia podem agravar ou precipitar acessos de outro tipo; - Interações farmacológicas: a potenciação de anticonvulsivantes é obtida com diversos fármacos: barbitúricos, por inibidores da amino oxidase; fenitoína, por dissulfiram, isoniazida e ácido aminossalicílico. HISTÓRICO NO USO DE ANTICONVULSIVANTES: 1857 Utilização de brometos: efeitos tóxicos 1903 Descoberta dos barbitúricos 1943 Síntese das hidantoínas: Nirvanol 1938 Fenitoína (sintetizada em 1908) 1958 e 1960 Mesuximida e Etosuximida 1963 Nitrazepam 1967 Ácido valproico CLASSES: A) Brometos - os brometos foram introduzidos na terapêutica como fármacos antiepilépticos com base em uma premissa falsa - brometo de sódio e o brometo de potássio (antigos) - bromidrolevulinato de cálcio, bromociclodipenteno (“novos”): indicados para excitações nervosas de diversas etiologias e também como anticonvulsivantes - intoxicação: bromismo CLASSES: B) Barbitúricos: CLASSES: B) Barbitúricos: Eterobarb Fenobarbital Metarbital Metilfenobarbital Pentobarbital CLASSES: B) Barbitúricos: - Doses sub-sedativas: previnem acessos epilépticos → sua atividade anticonvulsivante não é, portanto, consequência da sedação, mas como resultado de outro mecanismo - são usados no controle da maioria das formas de epilepsia, principalmente nos ataques tônico-clônicos generalizados e acessos focais CLASSES: C) Hidantoínas - Estes fármacos são ácidos livres, insolúveis em água: uma base forte converte-os em sais utilizáveis; - Emprego: tratamento de acessos tônico-clônicos generalizados e acessos focais (inclusive ataques do lobo temporal); - Efeito colateral comum: hiperplasia gengival; as vezes pode ocorrer hirsutismo. Fenitoína CLASSES: D) Oxazolidinodionas Trimetadiona Usada principalmente no controle de acessos de abstração, mas só em casos refratários, devido aos seus graves efeitos adversos, alguns fatais. Parametadiona Tem as mesmas aplicações da trimetadiona, embora seja menos tóxica e também menos eficaz. CLASSES: E) Succinimidas Fensuximida É a mais segura das succinimidas, empregada para controlar acessos de abstração; todavia, sua potência é reduzida, o que limita sua eficácia. Pode causar nefropatia, especialmente em crianças. Mesuximida É o fármaco de escolha para acessos de abstração. CLASSES: F) Acilureias CLASSES: G) Benzodiazepinas - Estes fármacos são usados principalmente como agentes ansiolíticos Diazepam Usado principalmente como agente ansiolítico, este fármaco mostra fortes propriedades anticonvulsivantes. Nitrazepam Tem o mesmo emprego do diazepam, sendo mais eficaz do que aquele em espasmos mioclônicos e ataques acinéticos. Clonazepam É eficaz em espasmos mioclônicos, acessos acinéticos e espasmos Infantis. CLASSES: H) Diversos V MECANISMO DE AÇÃO: 1) Interferência na transmissão colinérgica: - as evidências experimentais não confirmam a extrapolação desta teoria a todos os anticonvulsivantes (Ex: atropina não possui esse efeito) 2) Aumento na concentração de aminas biógenas: - teoria é baseada na capacidade de diversos anticonvulsivantes aumentarem os níveis de serotonina no cérebro por depressão inespecífica do SNC, e no fato de inibidores da amino oxidase possuírem atividade anticonvulsivante - esta teoria não se aplica, contudo, a todos os fármacos anticonvulsivantes MECANISMO DE AÇÃO: 3) Interferência com o ácido aminobutírico: - verificou-se o desaparecimento das convulsões após a administração de GABA - não há, contudo, evidência inquestionável de que os anticonvulsivantes atuem por interferirem de alguma forma com o metabolismo, concentração ou atividade do GABA. 4) Inibição da anidrase carbônica: - alguns inibidores da anidrase carbônica apresentam efeitos antiepilépticos - ação à redução da respiração cerebral e ao aumento da concentração de dióxido de carbono deprime a condução nervosa - é provável que a ação destes fármacos resulte dos efeitos acidóticos sistêmicos e não de inibição enzimática MECANISMO DE AÇÃO: 5) Estabilização de membrana: - diversos anticonvulsivantes, tais como fenitoína e carbamazepina exercem ação depressora ou estabilizante geral sobre membranas celulares excitáveis 6) Alterações conformacionais macromoleculares: - foi proposto que os anticonvulsivantes atuam por induzirem alterações conformacionais em sistemas oxidativos essenciais a respiração cerebral
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